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Texto 2: Anthony Giddens - Capitalismo e moderna teoria social: uma análise das obras de
Marx, Durkheim e Weber (1972 - 1ª obra do autor)
Necessidade de rever e criticar a teoria social contemporânea; Marx é colocado por Giddens
em oposição a Durkheim e Weber, oposição entre sociologia marxista e sociologia
burguesa; Randall Collins pelo contrário, estabelece homologias entre Marx e Weber ao
formular a tradição do conflito*;
As obras de juventude de Marx: crítica de Marx ao dualismo kantiano entre ser e dever
ser, o mesmo vale para Fichte e sua oposição entre lógica e verdade; necessidade de uma
perspectiva que analise a evolução dos objetos, sem partir de divisões arbitrárias; Marx se
apropria da leitura que Hegel faz de Kant, ao reunir fragmentos da filosofia clássica alemã;
Marx não adota totalmente as ideias de Feuerbach (bem como as de Hegel), mas é
influenciado por sua filosofia, bem como de Bruno Bauer (posteriores objetos de crítica em A
ideologia alemã); mundo material como mundo real; a assimilação das ideias de Feuerbach
levou Marx a rever o pensamento de Hegel; busca de Marx por possibilidades de “realizar” a
filosofia, operando uma síntese entre análise e crítica; releitura da filosofia de Hegel a partir
de Feuerbach, preservação de aspectos históricos; proposta de reidentificar o sujeito na
perspectiva histórica de Hegel; a democracia formal se identifica com o princípio material; a
democracia parte do homem e torna o Estado um homem objetivado; crítica radical do
Estado, por em prática ideais revolucionários abstratos; teoria marxista do Estado,
possibilidade de abolição do mesmo; proximidade a Feuerbach ao pensar a necessidade de
uma reforma da consciência (relação com o conceito de alienação); momento histórico de
passagem da crítica do campo da religião para o campo da política; “exigência do abandono
de uma condição que necessita de ilusões”; a filosofia encontra no proletariado sua arma
material, o proletariado encontra na filosofia sua arma intelectual; a emancipação do
proletariado equivale à emancipação da sociedade; hipóteses econômicas criticadas por
Marx nos Manuscritos econômico-filosóficos: 1) ideia de que a forma de produção capitalista
poderia ser generalizada para todas as formas de economia, procura do lucro como
característica natural do homem; 2) ideia de que relações puramente econômicas podem ser
tratadas de forma abstrata; capital como uma abstração independente da realidade social; a
partir disso esconde-se a divisão de classes presente na sociedade, entre proletários e
burgueses; conflito endêmico no seio da produção industrial; todo fenômeno econômico é
social; alienação como parte de uma fato econômico contemporâneo; quanto mais progride
o capital mais pobres ficam os trabalhadores; no capitalismo os produtos produzidos pelos
trabalhadores são tratados do mesmo modo que os próprios trabalhadores, a
desvalorização do mundo humano é proporcional à valorização do mundo das coisas; a
objetivação assume significado de inferiorização (fetichização - aproximações com Durkheim
e Simmel)*, trabalhador como escravo do objeto; discussão sobre alienação: 1) o
trabalhador não controla a distribuição dos produtos de seu trabalho, o trabalhador não se
beneficia devido à apropriação por outros; 2) alienação do trabalhador em relação ao
trabalho, se o produto do trabalho é a alienação a própria produção é uma atividade de
alienação, frustração do desenvolvimento das energias mentais e físicas do trabalhador,
imposição externa; 3) ramificações sociais da alienação derivada do contexto de relações
econômicas, racionalização das relações sociais a partir do dinheiro, viabilidade de trocas
contraditórias entre qualidades e objetos; 4) o trabalho alienado reduz a atividade produtiva
do homem ao nível da adaptação a natureza, o indivíduo humano é desligado do “ser da
espécie”, do fator distintivo humano (antropocentrismo e idealismo humanista); o fato de o
homem ser membro de uma sociedade é que lhe confere humanidade, na sociedade
burguesa os homens são alienados de sua condição de humanidade; os efeitos da
alienação variam de acordo com a posição social do indivíduo (fragmentação da análise de
classes); o capitalista também é escravo do capital, depende da lei da propriedade privada,
exige-se dele qualidades de trabalhador; em seus Manuscritos Marx procura aplicar a noção
de alienação a um contexto histórico situado; o capitalismo cria possibilidades de
desenvolvimento econômico inéditas, mas a organização particular das relações sociais a
partir do capitalismo impede a realização dessas possibilidades; o caráter do trabalho
alienado expressa a tensão entre o potencial de uma forma específica de sociedade e a
realização frustrada desse potencial (descontinuidade ontológica entre perspectivas
humanistas e o capitalismo)*; concepção de comunismo e a possibilidade de superação da
alienação, necessidade de supressão da propriedade privada, não basta fundar uma
democracia, é preciso reorganizar a sociedade, erradicar a relação entre propriedade
privada e trabalho assalariado; relação entre o comunismo primário e um tipo de ascetismo;
destruição da propriedade privada como condição para transitar a outras formas de
sociedade; apropriação real da natureza humana, retorno consciente; o comunismo não
nega a individualidade, afirma o desenvolvimento de suas potencialidades;
O materialismo histórico: ideias iniciais retrabalhadas por Marx: 1) autocriação histórica e
progressiva do homem a partir do trabalho; 2) conceito de alienação, exposição sistemática
em A ideologia alemã, estudo da alienação como fenômeno histórico; 3) discussão sobre a
essência da teoria do Estado e de sua forma de superação; 4) materialismo histórico como
perspectiva de análise da evolução social, afastamento epistemológico em relação a Hegel
e Feuerbach, capitalismo e a relação dicotômica de classe; 5) teoria da práxis
revolucionária, mudanças sociais só podem ocorrer a partir da reunião entre teoria e prática,
compreensão teórica da atividade política prática, estudo de transformações históricas junto
a um programa de ações práticas; dialética entre o sujeito (homem em sociedade) e o objeto
(mundo material), subordinação progressiva do mundo material aos interesses humanos, o
surgimento constante de novos interesses sustenta esse processo historicamente; tese
materialista: a consciência humana é condicionada pela relação dialética entre sujeito e
objeto, na qual o homem dá forma ao mundo, sendo também formado por ele (bases
importantes da teoria decolonial)*;
Para Marx a história é um processo contínuo de criação, satisfação e recriação de
necessidades humanas, eis o fator de distinção humana*; motivo para o trabalho estar na
base da sociedade; cada tipo de sociedade identificado por Marx se caracteriza por uma
lógica de evolução própria, mas tal lógica só pode ser apreendida empiricamente; história
como uma sucessão de gerações, que exploram materiais, capitais e forças produtivas
herdadas, encontro entre atividades tradicionais e modificações graduais; em seus
Manuscritos Marx diz que a expansão da divisão do trabalho implica o progresso da
alienação e da propriedade privada; relação entre a constituição de uma sociedade de
classes e a especialização da divisão do trabalho, identificação entre os homens e sua
ocupação especializada e particular; negação da diversidade de capacidades de produção
do homem; o estágio da divisão do trabalho define as relações entre indivíduos; ideia de
sistemas em que não há classes; toda forma de sociedade pressupõe divisão do trabalho
(influência marxista em Durkheim?); o homem como ser comunitário; individualização como
produto histórico associado à divisão do trabalho complexa e especializada; auge da
individualização como condição da troca no regime capitalista; desenvolvimento de uma
economia monetária e de produção de bens; diferenciação da divisão do trabalho
influenciada pelo aumento da população, surgimento de conflitos sociais, e processos de
subjugação; discussão sobre o surgimento de um sistema escravista com bases étnicas
(hierarquia entre chefes de família, membros da tribo e escravos); contato entre sociedade,
estímulo da guerra sobre o comércio (como na discussão neocolonialista); urbanização
como principal índice de diferenciação na divisão do trabalho; as classes surgem quando os
excedentes de produção se tornam grandes o suficiente para um grupo exclusivista se
apropriar desse excedente para se destacar da massa dos produtores*; mundo antigo e o
surgimento da sociedade como resultado da união de tribos em forma de cidades, por
acordo ou conquista; diferente do oriente, em que as cidades são mais auto suficientes, no
ocidente as mesmas funcionam como unidades econômicas; propriedade privada da terra
como fundamento da divisão de classe desde Roma; a expansão populacional e aventuras
militaristas contribuem para o incremento da escravatura e para a concentração da
propriedade fundiária (germe da discussão sobre colonialismo)*; atrofias de
desenvolvimento comercial e industrial somados ao empobrecimento da maioria da
população levou os latifundiários a se tornarem antieconômicos; decadência comercial e sua
relação com o Estado, dissolução do escravismo e fragmentação fundiária, surgimento da
pequena agricultura; decadência de Roma, a composição interna da sociedade romana
impediu o avanço de seu desenvolvimento econômico; feudalismo e a origem do
desenvolvimento capitalista; ataque dos bárbaros a Roma como fator de precipitação da
queda do mundo antigo, as causas reais da queda de Roma estão em sua evolução social
interna; argumento em A origem da família, da propriedade privada e do Estado, de que os
bárbaros absorveram elementos do sistema de governo romano devido à necessidade de
administração dos territórios conquistados; séculos de guerra e desordem civil levaram ao
empobrecimento dos agricultores livres, reduzidos à servidão pelos nobres senhores de
terra; predomínio da servidão na Europa, por volta do século IX; a desintegração do
feudalismo e o desenvolvimento do capitalismo se relacionam com o crescimento das
cidades; senhores feudais desafiaram o rei e o parlamento da Inglaterra para retirar
camponeses de suas terras, conversão em terras de pastagem e diminuição do trabalho
exigido, expropriação e reforma fundiária, doação de terras da Igreja; camponeses tornam-
se uma massa de pedintes e vagabundos (germe marxista dos estudos foucaultianos sobre
disciplina), promulga-se uma legislação de repressão à vagabundagem, disciplina
necessária ao estabelecimento do sistema de trabalho assalariado, surgimento do
proletariado inglês como estrato de camponeses desapossados de suas terras, no início do
século XVI; um grupo flutuante no mercado de trabalho assalariado; a expansão rápida do
comércio ultramarino também impulsionou o desenvolvimento do capitalismo, a partir da
descoberta da América e do caminho marítimo para a Índia, comércio, navegação e
indústria; elementos revolucionários no interior da sociedade feudal decadente; adição de
atividades de produção às operações comerciais por parte de setores da classe de
mercadores; acúmulo de capital por produtores individuais resultante na expansão de
atividades comerciais; estágios de organização no período capitalista: predomínio da
manufatura, divisão dos ofícios em tarefas especializadas, a manufatura é mais eficiente
que o artesanato devido à viabilização de uma produção mais eficiente em horas/homem;
como resultado a revolução industrial; surgimento da mecanização como fator dominante da
produção, início do movimento de aperfeiçoamento tecnológico constante do capitalismo
(genealogia do capitalismo digital);
As relações de produção e a estrutura de classes: o progresso da sociedade resulta da
interação produtiva entre os homens e o mundo natural; na produção os homens atuam
sobre a natureza, mas também sobre os outros homens; a produção depende de
colaboração e troca de atividades, de determinadas relações sociais; toda forma de
sociedade se caracteriza por uma soma de forças produtivas criada na relação histórica
entre os indivíduos e a natureza; exemplo do Peru como uma economia avançada, mas que
não progrediu devido à ausência de um sistema monetário*; ausência atribuída à posição
geográfica do Peru, isolamento que não permitiu desenvolvimento comercial; domínio de
classe, surgimento das classes a partir da divisão diferenciada do trabalho, da acumulação
de excedentes de produção por uma minoria face à massa de produtores; a noção de classe
está para Marx como o conceito de racionalização está para Weber; classes como aspecto
das relações de produção; “as classes derivam da posição em que os vários grupos de
indivíduos se encontram frente a propriedade privada dos meios de produção; modelo
dicotômico de relações de classe; divisão entre classe dominante e classe dominada, a
divisão em classe implica uma relação conflitual; estrutura de classes e relações de
mercado; agrupamentos complexos na sociedade burguesa: 1) classes, papel político e
econômico importante, conjunto de relações de produção em vias de superação; 2) estratos,
relação de dependência com uma das classes, identificação política com tal classe; 3)
grupos heterogêneos de indivíduos no Lumpemproletariado, à margem do sistema de
classes por falta de integração na divisão do trabalho; no interior das classes há gradações
de subordinação; a implantação do capitalismo leva gradualmente à formação das classes,
que encontram no mercado sua oposição direta entre burguesia e proletariado; as classes
são o principal elo entre as relações de produção e o restante da sociedade (superestrutura
social); relações de classe como eixo de distribuição e organização do poder político; o
Estado moderno surge junto à luta da burguesia contra resquícios do feudalismo, exigências
da economia capitalista; ideologia e consciência, codificação do direito civil em Roma,
autoridade do direito civil baseada em normas racionalizadas; sistema legal e judicial
moderno como suporte ideológico do Estado burguês;enraizamento da consciência na
práxis humana; aspectos relacionais na concepção de ideologia em Marx: 1) as
circunstâncias sociais em que os indivíduos exercem suas atividades condicionam sua
percepção do mundo, nesse sentido a linguagem pode ser considerada como consciência
prática dos homens; 2) nas sociedades de classe as ideias dominantes de qualquer época
são as ideias da classe dominante, por conseguinte, a disseminação de ideias depende da
distribuição do poder econômico*; integração da ideologia na superestrutura, relação entre a
moral prevalente e os interesses da classe dominante;
A teoria do desenvolvimento capitalista: teoria da mais-valia, interesse pela dinâmica da
sociedade burguesa; dois aspectos de todos os bens: 1) valor de uso, se realiza no
processo de consumo, refere-se a necessidade que podem ser satisfeitas pelas propriedade
do bem como artefato físico, bens sempre apresentam valor de uso; 2) valor de troca, valor
que os produtos apresentam na troca com outros produtos, pressupõe uma relação
econômica definida, inseparabilidade do mercado; o trabalho abstrato está na base do valor
de troca, enquanto o trabalho útil está na base do valor de uso*; tudo que o trabalhador
produz além do custo de sua subsistência é mais-valia; se o trabalhador produz o
equivalente de seu valor em metade do tempo de trabalho, o tempo restante produz mais-
valia: razão entre o trabalho necessário e o trabalho excedente*; taxa de mais-valia ou taxa
de exploração (conceito de ordem social); contradições econômicas da produção capitalista,
a procura do lucro é intrínseca ao capitalismo; tendência estrutural de queda das taxas de
lucro (lei da descida tendencial da taxa de lucro); aprimoramento tecnológico como arma
capitalista para a preservação do mercado; o capitalismo seria, de algum modo, um sistema
anárquico, pois o mercado não é controlado por forças definidas de produção e consumo;
crises como momentos de expansão da produção para além do potencial de absorção do
mercado dentro de uma perspectiva satisfatória de lucro*; crise como parte do mecanismo
regulador das flutuações periódicas do capitalismo; restauração do equilíbrio como efeito da
crise; “a barreira real que se põe à produção capitalista é o próprio capital”; meios de
produção como meios de expansão; tese da “pauperização” ou miserabilidade, da
dissolução do capitalismo a partir de uma crise interna ao sistema*; em Manifesto
Comunista o perigo das crises sucessivas sobre a integridade do sistema capitalista é
anunciada, mas não é apontada a possibilidade de uma crise fatal ou definitiva; ideia de que
a crise é necessária, de que imperfeições são necessárias ao funcionamento do
capitalismo*; exemplo do exército industrial de reserva (excedente relativo populacional)*; a
partir da percepção de balanceamento das crises as condições de dissolução do capitalismo
em um futuro imprevistos passam a depender das circunstâncias históricas; exército de
reserva como alavanca de acúmulo e condição de existência do regime capitalista; tese da
pauperização ou miserabilismo, processo relacionado tanto ao aumento progressivo do
exército de reserva quanto ao aumento da diferença entre salários e rendimentos; relação
entre o aumento do exército de reserva e a pauperização crônica da classe trabalhadora (lei
geral absoluta da acumulação capitalista); pauperismo como “hospital do exército ativo do
trabalho e peso morto do exército de reserva da indústria”; o caráter contraditório do
capitalismo se manifesta na acumulação da riqueza em um pólo social e da pobreza e
miséria no outro pólo social*; relação da composição orgânica do capital com a tendência
para centralização e concentração do capital; concentração* (processo pelo qual capitalistas
aumentam a quantidade de capital sob seu controle à medida que o capital se acumula);
centralização* (fusão dos capitais existentes, alteração na distribuição do capital existente);
constituição de unidades produtivas cada vez maiores; em O capital Marx demonstra que o
capitalismo também é um sistema instável, devido a contradições derivadas do caráter de
classe do sistema capitalista; a operação do modo de produção capitalista leva
inevitavelmente à dissolução do sistema capitalista*; a tendência histórica à dissolução do
capitalismo não implica a abolição completa do regime capitalista, o socialismo não surgiria
do zero; questão da inevitabilidade da revolução, transformação da sociedade através da
práxis revolucionária; a transcendência do capitalismo; concepções da sociedade socialista;
Manuscritos econômico-filosóficos; 1º estágio do socialismo, período em que as
características latentes da sociedade burguesa se manifestam; 2º estágio do socialismo,
abolição da propriedade privada, tornada coletiva, fixação de regras para distribuição
salarial; a função de trabalhador não é abolida, mas estendida a todos os homens;
libertação da base do Estado; converter o Estado de um órgão sobreposto à sociedade para
um órgão subordinado a ela; ideia de um estágio intermediário (ditadura do proletariado)*;
concentração do poder político; o poder político só pode ser abolido após a realização da
ditadura do proletariado (será?)*; a abolição do Estado não implica inversão da organização
social, transformação dialética do Estado através de sua subordinação à sociedade;
estrutura optativa da Comuna de Paris como tipo de organização que viabiliza a realização
desse tipo de projeto; abolição do caráter de classe do Estado, abolição do Estado como
entidade separada da sociedade; distanciamento da teoria anarquista do Estado; apesar de
seu caráter coercitivo o Estado burguês é um elemento indispensável para a realização da
forma de sociedade transcendente ao capitalismo; comunismo como apropriação real da
natureza humana através do homem e para o homem, retorno do homem a si próprio como
um ser social; a base antagônica das relações de classe no capitalismo contem as forças
que podem levá-lo à destruição, bem como condições de possibilidade para superá-lo;
- Aproximação entre Durkheim e Marx no tocante à questão judaica (O caso Dreyfus e
Sobre a questão judaica - Marx seria imparcial quanto à identidade judaica, ele era
contra a religião em geral (tese da alienação), além disso a “vergonha” das origens
pode ser relacionada ao antisemitismo na europa, e o temor de represálias como a
que sofreu seu pai ao tentar exercer a profissão de advogado durante o domínio da
Prússia sobre a Renânia, que resulta em sua conversão ao cristianismo)*;
Aula em vídeo: obras de Marx e Engels, acerca do materialismo histórico; na aula seguinte,
visão de Marx sobre trabalho e alienação; crítica à economia política, à tradição da filosofia
alemã; Althusser pontuou assim como Giddens um jovem Marx e um Marx maduro (O
capital), esboços de O capital em Para crítica da economia política; discussão com os
socialistas franceses e os hegelianos de esquerda na fase inicial de sua obra; crítica da
divisão em jovem Marx/Marx maduro, há temas transversais sobre a natureza humana, a
natureza do trabalho; aprofundamento do estudo sobre o capitalismo e teoria do valor; não
necessariamente a discussão tardia é mais importante, revalorização do início de sua obra,
problema de leituras economicistas; armação de fundamentos na crítica da filosofia nos
primeiros textos; influência de Engels para realizar estudos empíricos; Situação da classe
operária na Inglaterra (etnografia realizada por Engels); O capital não implica uma leitura
economicista, mas pode implicar; [estudo das contradições sociais e produção de
subjetividade no capitalismo ao longo das primeiras obras; conexões com a expansão da
questão epistemológica trazida pela crítica da economia política]; evitar o esvaziamento do
sujeito a partir da visão estruturalista; duas referências importantes - 1) primeira parte sua
obra: acerto de contas com a filosofia alemã, o socialismo francês e a economia inglesa*; 2)
construção de um modelo explicativo sobre o funcionamento do regime capitalista e da
sociedade burguesa; primazia concedida às lutas de classe como motor histórico; Hegel não
é necessário para entender Marx (?); as ideias decorrem dos processos materiais,
Definição: materialismo histórico como encadeamento de demandas humanas sendo
criadas, satisfeitas, recriadas e herdadas pelas gerações seguintes*; posicionamento frente
a questões históricas que atravessam os grupos sociais; naturalização contemporânea do
raciocínio histórico, os mortos falam através de nós; localização histórica e trajetória
individual; estruturas materiais e simbólicas que nos são dadas, nos posicionam; oposição
entre uma concepção objetiva (mundo material, historicidade e transformação) e uma
concepção idealista (Hegel e a primazia do pensamento nas transformações do mundo
social), Marx inverte a dialética do espírito em Hegel (etnocentrismo e a centralidade do
espírito na filosofia alemã, enquanto realização mais acabada da ideia de universal,
vinculada ao Estado); na visão de Marx o Estado é um escritório de interesses capitalistas;
proximidade de Marx com o anarquismo, Estado como produto histórico modificável; autores
do pensamento socialista democrático pensam o Estado como um fardo, insolúvel a curto
prazo (Gramsci por exemplo); centralidade teórica dos modos de produção (momento
histórico em que elementos da organização social funcionam articulando economia,
sociedade, política e formas de subjetivação de determinado modo); modos de produção:
antigo, feudal, capitalista, socialista, asiático e primitivo*; ideia de que os modos de
produção se sucedem historicamente, crítica do evolucionismo, evolução não como
progresso moral mas como um processo de desenvolvimento acumulativo; os modos de
produção contém as contradições que levam à sua sucessão por outros modos de produção
(ideia de processo); há uma recusa em reconhecer a historicidade de outros povos*; mas
Marx reproduz isso ao se referir aos modos asiático e primitivo; mesmo que Marx esteja no
panteão de herança teórica do pensamento pós-colonial é preciso reforçar que Marx
também era etnocêntrico; apesar disso, autores do século XX conseguiram reler sua obra
em sentido crítico; materialismo histórico e a assunção de que a apreensão da realidade
social decorre da própria realidade social, a apreensão intelectual depende da percepção
material da realidade social; o mundo das ideias decorre de uma existência material
precedente; teoria do lugar de fala decorrente do materialismo histórico, influência dos
aspectos materiais da posição social de um indivíduo sobre suas possibilidades
comunicativas, de pensamento e de experiência; não há materialismo puro, não podemos
realizar a crítica de nossas próprias posições, nossas condições históricas de vida
emolduram nossa percepção simbólica da realidade social; discussão bourdieusiana sobre o
deslocamento hierárquico a partir da combinação de tipos de capital; visão de mundo e
crítica histórica (história individual e social); práxis revolucionária, mudanças de
posicionamento (do individual ao social); a concepção de história em Marx é condicionante
mas não é determinista; as circunstâncias fazem os homens e os homens fazem as
circunstâncias (A ideologia alemã); os homens fazem sua história dentro de suas condições
históricas (18 brumário); aspecto dialético da compreensão histórica da realidade social;
sincronia histórica dos agentes políticos (percepção sobre fatores históricos promissores
para determinada tomada de posição); Eu Pierre Rivière que degolei minha mãe minha irmã
e meu irmão* (livro de Foucault, proposta de eliminação da autoridade durante a Revolução
francesa, importância da percepção dos fenômenos sociais a partir de suas condições
históricas, revolucionários não foram considerados loucos por matar figuras de autoridade);
acerto de contas com a filosofia alemã, crítica aos fundamentos do grupo hegeliano,
idealismo vindo de Hegel, sociedade alemã contemporânea como a sociedade mais
desenvolvida e próxima do auge do espírito humano; Feuerbach já havia iniciado a crítica à
Hegel, em uma visão materialista, mas Marx procura ir além; tema da religião junto ao
surgimento do capitalismo (temas comuns aos “clássicos); debate a respeito do mundo
simbólico, das ideias vinculadas à sustentação dos regimes religiosos; papel das crenças na
discussão sobre religião; inversão de Feuerbach quanto ao papel da religião no pensamento
hegeliano; para Hegel o Estado está relacionado a Deus (formas mais complexas de
existência do espírito, Estado como materialização dessas formas); retórica ascética; a
ideologia seria um processo de reflexo invertido da realidade social, exemplo da religião
(ideia que Marx busca em Feuerbach)*; Marx avança do materialismo abstrato para o
materialismo histórico; inclusão da luta de classes na concepção histórica do materialismo;
ideologia como reflexo invertido da luta de classe; noção de que as ideias dominantes são
as ideias do grupo dominante*; mercadoria como forma universal, pressuposição de
universalidade do mercado, vínculo com interesses de classe; percepção de interesses de
classe e questionamento de particularismos impostos como universalismo; despertar da
crítica às relações sociais com a classe dominante (um passe além de Feuerbach - reflexo
ideológico da realidade social, centralidade das contradições de classe)*; Bauer e
Feuerbach (hegelianos de esquerda); para ser dominante uma classe deve exercer domínio
também no plano simbólico (superestrutura e sua posição no desenvolvimento da realidade
social, da dominação em particular); se não há dominação simbólica não há dominação
material (se os trabalhadores percebem os interesses de classe isso leva à crítica, por isso a
ideologia é importante); homologia entre representação e ideologia como espaço de disputa
contra-hegemônico, tanto Durkheim quanto Marx iniciam uma reflexão sobre o sentido de
dominação desses espaços, e posteriormente autores contemporâneos pensam o sentido
de resistência dos mesmos*; Contribuição à crítica da economia política (escola econômica
inglesa clássica); Adam Smith e David Ricardo; dimensão do mercado pensada a partir de
categorias universais da ciência econômica, articulada para compreender a realidade social
de modo a-histórico; questionamento do reflexo de interesses da classe dominante em
determinados conceitos (crítica epistemológica, sociologia da sociologia, pensamento meta-
teórico); conceitos não são universais nem a-históricos, historicização marxista das relações
de classe no capitalismo; desmistificação do processo que leva à formação do capitalismo;
imposição da forma-mercado; análise do roubo de lenha por parte dos camponeses,
denúncia e conflito, propriedade privada; Marx jornalista; filme Jovem Marx; centralidade
econômica da lenha, fundamento da reprodução da vida material; Robert Darnton - O
grande massacre de gatos (contos de fada e sua relação com a vida cotidiana),
transformação da propriedade comunal em propriedade privada; transformação legislativa
como fundamento da expropriação camponesa; uso histórico de determinadas áreas versus
demarcação de terras privadas; criminalização das formas de subsistência na vida social
camponesa; implicação de uma revolta civil decorrente da imposição da servidão como
condição para aquisição de meios de subsistência; demonstração da arbitrariedade das
categorias da ciência econômica inglesa frente à discussão histórica do capitalismo;
revolução burguesa dos meios de produção; a burguesia revoluciona tudo ao seu redor,
criando uma sociedade baseada em sua imagem; relações de mercado e a expropriação e
meios camponeses de subsistência; surgimento de intermediários na satisfação de
necessidades básicas de subsistência a partir do regime capitalista; sem a intermediação da
superestrutura a estrutura não se transformaria (mudança das relações de propriedade
baseada na mudança das leis de propriedade, facilitada pela mudança em curso das
relações materiais, etc.); relação entre A ideologia alemã (pensamentos dominantes são o
pensamento da classe dominante) e Contribuição para a crítica da economia política (a
economia política clássica expressa a idealização das relações capitalistas como forma
universal); não há mercado de bens sem o processo histórico de expropriação e de
surgimento da propriedade privada (aspectos históricos apagados); o processo histórico de
desconstrução do feudalismo cede espaço ao surgimento do capitalismo; ideologia como
transformação das ideias de um grupo particular que se torna revolucionário e assume o
poder, desempenhando a dominação para tornar suas ideias as ideias da sociedade como
um todo, levando seus interesses de classe a serem concebidos como modo de
pensamento universal; ideias de uma classe particular se tornam ideias universais
(ideologia)*; a burguesia superou os valores da aristocracia, e o proletariado terá de superar
os valores da burguesia; influência da corrente dos socialistas (Inglaterra, França,
Alemanha, Bélgica - Liga dos Justos); ideia de que o socialismo não seria apenas outro
modo de produção, expectativas de ruptura histórica, socialismo como fase emancipatória
mediada pela ciência, desideologização do pensamento; importância das disputas
epistemológicas; paralelo com os positivistas acerca do papel revolucionário da ciência na
sociedade; pensamento científico e saltos sociais de emancipação; uso da crítica filosófica
na construção social da realidade; semelhanças, continuidades entre o positivismo e o
marxismo: o pensamento científico fundaria um novo senso comum, no lugar de
pensamento ideológicos como forma dominante; superação da metafísica (positivismo) das
categorias ideológicas (marxismo); teoria do valor*; O capital, formação do valor e processo
dinâmico de construção da mercadoria; pesquisa empírica nas fábricas inglesas; a produção
do valor só existe no consumo da força de trabalho para produzir mercadoria ao longo do
tempo; formação da jornada de trabalho, estabelecimento de métricas de valor sobre o
trabalho; só o trabalho é criador de valor; a jornada de trabalho dividida em três partes (a)
produção que paga o custo do próprio trabalhador, (b) produção que paga o custo material
da produção, (c) produção que resulta em lucro (mais-valia);
O capitalismo se baseia no aumento da produção de mais-valia, pela redução do custo da
matéria-prima, da mão-de-obra (estratégia de extração de mais-valia absoluta) ou pela
mudança de padrão da produção, introdução de técnicas, tecnologias, métodos mais
eficientes, aceleração da produção (estratégia de extração de mais-valia relativa)*; teoria do
valor (composição da jornada de trabalho e aspectos da produção de valor a partir da
mercadoria-trabalho); a remuneração total da produção resulta exclusivamente do trabalho;
aumento da extração de mais-valia do artesanato para a manufatura, e da manufatura para
a mecanização; quanto mais se produz menos valiosa é a força de trabalho, pois será maior
a extração de mais-valia; demonstração concreta da teoria do valor na primeira parte de O
capital; o modo de produção leva à formação de padrões particulares nas relações sociais;
as relações de produção não são exclusivas, resultam em aspectos simbólicos do social;
Questões
Aproximação entre Durkheim e Marx no tocante à questão judaica (O caso Dreyfus e Sobre
a questão judaica - Marx seria imparcial quanto à identidade judaica, ele era contra a religião
em geral (tese da alienação), além disso a “vergonha” das origens pode ser relacionada ao
antisemitismo na europa, e o temor de represálias como a que sofreu seu pai ao tentar
exercer a profissão de advogado durante o domínio da Prússia sobre a Renânia, que resulta
em sua conversão ao cristianismo)*;