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Teoria Sociológica I - resumos, comentários e anotações de aula

Profª Jacqueline Sinhoretto

Aula 4 - Marx e o materialismo histórico (Giddens - Capitalismo e moderna teoria social;


Marx e Engels - A Ideologia alemã, O capital; Contribuição à crítica da economia política)

Texto 1: Contribuição à crítica da economia política (principais elementos segundo


Raymond Aron em As etapas do pensamento sociológico);
Ideias fundamentais da interpretação econômica da história: 1) as relações humanas são
determinadas e necessárias, a compreensão das relações supra-individuais de caráter
econômico pode levar ao entendimento dos processos históricos; 2) ao analisar dada
sociedade podemos distinguir a estrutura e a superestrutura, de um lado, as forças e
relações de produção, do outro, as instituições políticas e jurídicas, onde se concentram os
elementos ideológicos; 3) o vetor principal do movimento histórico consiste nas contradições
estabelecidas entre as forças de produção e as relações de produção, por um lado, a
capacidade social de produzir, de outro as relações de propriedade e a distribuição de
renda; 4) dentro da lógica da contradição enquanto motor histórico se instala a luta de
classes, no sentido da cristalização de dois conjuntos de relações antagônicos atrelados ao
proletariado (relações progressivas) e à burguesia (relações antigas); 5) o movimento
dialético das contradições históricas sugere uma teoria das revoluções, enquanto expressão
do conjunto das necessidades históricas, revoluções enquanto marca de passagem entre
modos de produção, que produzem condições para passar à etapa seguinte; 6) distinção
entre realidade social e consciência, partindo de uma filosofia da práxis, ancorada na crítica
do idealismo hegeliano, a realidade enquanto relações sociais é que determina a
consciência, e não o contrário (base p/ sociologia do conhecimento); 7) Marx define algumas
das etapas do desenvolvimento histórico das relações humanas, vinculação entre etapas da
história e regimes econômicos: o asiático, o antigo, o feudal e o burguês; Ideia de um
materialismo dialético: 1) no pensamento dialético a lei do real é a lei da transformação, há
uma transformação contínua em curso, em todas as épocas; 2) mundo real como
progressão qualitativa da natureza orgânica aos regimes sociais humanos; 3) tais
transformações seriam determinadas por leis abstratas apreensíveis, gradação entre
mudanças quantitativas e qualitativas.
- Interessante notar o movimento dialético de retorno do marxismo contemporâneo a
reflexões em torno da importância do domínio do simbólico, cultural nas disputas
materiais (relação dialética com o idealismo mirado pela crítica de Marx)*; o mesmo
idealismo criticado em A ideologia alemã, em torno do idealismo dos jovens
hegelianos de esquerda, julgados como conservadores devido à estagnação política
derivada de seu idealismo; mais recentemente percebeu-se que o mesmo domínio
ideológico ou simbólico que estabeleceu a hegemonia do idealismo no âmbito da
filosofia alemã do século XIX foi rearticulado pelo marxismo ocidental para romper os
limites impostos por uma concepção estritamente materialista (economicista) da
história*, que faz sentido em oposição ao idealismo hegeliano, mas que exige
atualização frente ao avanço do domínio simbólico como ferramenta de
compreensão e transformação da realidade social contemporânea*; homologia entre
representação e ideologia como espaço de disputa contra-hegemônico, tanto
Durkheim quanto Marx iniciam uma reflexão sobre dominação no nível simbólico,
posteriormente desenvolvida na direção de pensar a resistência no nível simbólico;
Elementos de Para crítica da economia política: apontamentos econômicos de Marx entre
1857 e 1858, Marx queria publicar antes da irrupção política, sintomas de uma crise
econômica, duas partes (a mercadoria, o dinheiro ou a circulação simples); Das Kapital,
demonstrar que o desenvolvimento das formas de valor leva necessariamente ao dinheiro e
ao capital*; estrutura do texto de Para Crítica da Economia Política; Introdução, Prefácio,
três temas; 1) objeto da Economia Política, produção, vale ressaltar que a Economia Política
marxista é inseparável do materialismo histórico; 2) aspecto propriamente epistemológico da
metodologia, Marx apropria a dialética hegeliana e a articula a partir de um entendimento
materialista, para Marx o concreto real é o ponto de partido dos processos cognitivos; 3)
organização expositiva, exposição lógica do sistema explicativo, ordenação das categorias
de pensamento da análise deve ser lógica, e não histórica; Introdução, I - Produção,
consumo, distribuição, troca (circulação), produção material como objeto de estudo,
naturalismo na epistemologia marxiana, Smith e Ricardo, livre concorrência, disputa sobre a
definição do indivíduo do século XVIII, decomposição feudal, novas forças de produção,
indivíduo como resultado da história, “sociedade burguesa” como meio de realização dos
fins privados, zoon politikon, o indivíduo fora da sociedade é tão absurdo quanto o mesmo
fora da linguagem, Proudhon, produção em geral como abstração, importância das leis e
determinações comuns para fazer comparações e compreender as relações históricas entre
modos de produção (homologias entre a pesquisa econômica em Marx e a pesquisa
estatística em Durkheim - bases da sociologia quantitativa)*; humanidade enquanto sujeito
da produção, natureza enquanto objeto da produção, não há produção possível sem um tipo
de instrumento nem produção sem trabalho acumulado, o capital é instrumento de produção
e também é trabalho acumulado, história das relações de produção, relacionar as
determinações gerais da produção com as formas particulares de produção (aspectos
iniciais da sociologia do trabalho), a produção sempre depende de um corpo social,
indivíduos, caráter científico, estudo dos períodos de produtividade ao longo da história e
por diferentes povos, o apogeu de produção de um povo seria também seu apogeu
histórico; predisposições geográficas e biológicas da produção, relações burguesas são
dissimuladas como leis naturais, propriedade privada é apenas uma das formas de
propriedade, forma de produção, relações de direito e formas de governo, condições gerais
da produção não explicam a produção historicamente; 2 - A relação geral da produção com
a distribuição, produção como apropriação da natureza por membros da sociedade para
satisfazer necessidades humanas, distribuição segue leis sociais, a troca segue a
necessidade individual, e no consumo o produto se torna objeto da necessidade individual,
produção como ponto inicial, consumo como ponto final (circuito da cultura, Paul Du Gay e
estudos culturais; adição das dimensões de regulação, representação e identidade)*,
distribuição (determinada pela sociedade) e troca (determinada pelos indivíduos) como
meio-termo*, produção e leis naturais gerais, distribuição e contingência social, troca como
movimento social formal, consumo como finalidade, Produção e consumo, “a produção é
também imediatamente consumo”; “o consumo é também imediatamente produção”;
- O produtor se coisifica para que a coisa possa se personificar (Sociologia da Arte?
Quanta subjetividade!), resposta: a produção define o modo de consumo, objetiva e
subjetivamente; estudos etnográficos de Marx nas fábricas, acesso à experiência
social*; trecho no fim da introdução de Para crítica da economia política: a produção
artística, as artes estão ligadas a formas determinadas de desenvolvimento social,
prazer estético e valor de norma (Sociologia da Arte?)*;
A produção media o consumo, cujos materiais cria e sem os quais não teria objeto, o
consumo também media a produção ao criar para os produtos, o sujeito, sem necessidade
não há produção, e o consumo move a necessidade, sociedade enquanto diferentes
sujeitos, inseridos em processos sociais através do ato de exercício das atividades práticas,
do consumo à produção; Produção e distribuição, na produção há a terra, o trabalho, o
capital, enquanto agentes, juro e lucro são as formas pelas quais o capital aumenta, salário,
trabalho assalariado, modos de distribuição aparecem como o inverso dos agentes de
produção, Ricardo, centraliza a distribuição como forma mais acabada das relações de
produção, partindo da sociedade podemos considerar que a distribuição precede e
determina a produção, como um fato pré-econômico, Marx contraria Ricardo, para quem a
distribuição seria o cerne da Economia moderna, e não a produção, o entendimento
histórico deve se expandir da distribuição para a produção, relações de dominação e a
produção;
- Imposição de um modo de produção ao povo conquistado (protótipos de raciocínios
pós-coloniais); discussão sobre o surgimento de um sistema escravista com bases
étnicas; há uma recusa em reconhecer a historicidade de outros povos; mas Marx
reproduz isso ao se referir aos modos asiático e primitivo; expansão populacional e
aventuras militaristas contribuíram para o incremento da escravatura e para a
concentração da propriedade fundiária; a expansão rápida do comércio ultramarino,
descoberta da América e do caminho marítimo para a Índia; exemplo do Peru como
uma economia avançada, mas que não progrediu devido à ausência de um sistema
monetário; há uma recusa em reconhecer a historicidade de outros povos; mesmo
que Marx esteja no panteão de herança teórica do pensamento pós-colonial é
preciso reforçar que Marx também era etnocêntrico*;
Sínteses produtivas, Finalmente Troca e Circulação, circulação é a troca considerada em
totalidade, a troca media produção, distribuição e consumo, troca como um dos momentos
da produção, não existe troca sem divisão do trabalho, produção, distribuição, consumo e
troca são elementos de uma totalidade, engendrada socialmente; 3- O método da Economia
Política, começar pelo concreto e pelo real é a premissa, sujeito do ato social de produção
população é uma abstração se não considerarmos as divisões de classes, Hegel, posse
como a relação jurídica mais simples entre sujeitos, mas não há posse anterior à família, às
relações entre senhores e escravos, ideia da posse como relação jurídica (daí a importância
da superestrutura), o pensamento que segue do mais simples para o mais complexo
acompanha o processo histórico das transformações, Adam Smith, trabalho como meio de
produzir riqueza, sociedade burguesa moderna, Estados Unidos, mesmo as categorias
abstratas apontam para processos históricos, sociedade burguesa como organização
histórica mais desenvolvida da produção, as formas superiores fornecem os termos para o
entendimento das formas inferiores (evolucionismo)*, economistas projetando o modelo da
sociedade burguesa em todas as épocas anteriores de sociedade, não devemos
necessariamente começar das categorias mais simples, comparações entre as sociedades
rurais e a sociedade burguesa, capital como potência econômica da sociedade burguesa, as
categorias econômicas de análise não devem seguir sua própria historicidade, mas relações
lógicas; 4 - Produção, meios de produção e relações de produção, relações de produção e
relações comerciais, formas de Estado e de consciência em relação com as relações de
produção e de comércio, relações jurídicas e relações familiares, concepção dialética de
conceitos como força produtiva e relações de produção, relação desigual de
desenvolvimento da produção material em relação a outros segmentos, como a produção
artística, as artes estão ligadas a formas determinadas de desenvolvimento social, prazer
estético e valor de norma (Sociologia da Arte?)*; Prefácio: capital, propriedade fundiária,
trabalho assalariado, Estado, comércio exterior e mercado mundial, qualquer tipo de relação
social só pode ser compreendida a partir da materialidade (síntese da sociologia inspirada
no materialismo histórico), da vida da sociedade civil, relações de produção, estrutura
econômica da sociedade, base real sobre a qual se ergue uma superestrutura jurídica e
política, o modo de produção da vida material condiciona o processo da vida social em
geral, seu ser social que determina sua consciência, relações burguesas de produção como
última forma antagônica da produção (aspecto utópico ou especulativo da teoria marxista,
talvez até futurista);

Texto 2: Anthony Giddens - Capitalismo e moderna teoria social: uma análise das obras de
Marx, Durkheim e Weber (1972 - 1ª obra do autor)
Necessidade de rever e criticar a teoria social contemporânea; Marx é colocado por Giddens
em oposição a Durkheim e Weber, oposição entre sociologia marxista e sociologia
burguesa; Randall Collins pelo contrário, estabelece homologias entre Marx e Weber ao
formular a tradição do conflito*;
As obras de juventude de Marx: crítica de Marx ao dualismo kantiano entre ser e dever
ser, o mesmo vale para Fichte e sua oposição entre lógica e verdade; necessidade de uma
perspectiva que analise a evolução dos objetos, sem partir de divisões arbitrárias; Marx se
apropria da leitura que Hegel faz de Kant, ao reunir fragmentos da filosofia clássica alemã;
Marx não adota totalmente as ideias de Feuerbach (bem como as de Hegel), mas é
influenciado por sua filosofia, bem como de Bruno Bauer (posteriores objetos de crítica em A
ideologia alemã); mundo material como mundo real; a assimilação das ideias de Feuerbach
levou Marx a rever o pensamento de Hegel; busca de Marx por possibilidades de “realizar” a
filosofia, operando uma síntese entre análise e crítica; releitura da filosofia de Hegel a partir
de Feuerbach, preservação de aspectos históricos; proposta de reidentificar o sujeito na
perspectiva histórica de Hegel; a democracia formal se identifica com o princípio material; a
democracia parte do homem e torna o Estado um homem objetivado; crítica radical do
Estado, por em prática ideais revolucionários abstratos; teoria marxista do Estado,
possibilidade de abolição do mesmo; proximidade a Feuerbach ao pensar a necessidade de
uma reforma da consciência (relação com o conceito de alienação); momento histórico de
passagem da crítica do campo da religião para o campo da política; “exigência do abandono
de uma condição que necessita de ilusões”; a filosofia encontra no proletariado sua arma
material, o proletariado encontra na filosofia sua arma intelectual; a emancipação do
proletariado equivale à emancipação da sociedade; hipóteses econômicas criticadas por
Marx nos Manuscritos econômico-filosóficos: 1) ideia de que a forma de produção capitalista
poderia ser generalizada para todas as formas de economia, procura do lucro como
característica natural do homem; 2) ideia de que relações puramente econômicas podem ser
tratadas de forma abstrata; capital como uma abstração independente da realidade social; a
partir disso esconde-se a divisão de classes presente na sociedade, entre proletários e
burgueses; conflito endêmico no seio da produção industrial; todo fenômeno econômico é
social; alienação como parte de uma fato econômico contemporâneo; quanto mais progride
o capital mais pobres ficam os trabalhadores; no capitalismo os produtos produzidos pelos
trabalhadores são tratados do mesmo modo que os próprios trabalhadores, a
desvalorização do mundo humano é proporcional à valorização do mundo das coisas; a
objetivação assume significado de inferiorização (fetichização - aproximações com Durkheim
e Simmel)*, trabalhador como escravo do objeto; discussão sobre alienação: 1) o
trabalhador não controla a distribuição dos produtos de seu trabalho, o trabalhador não se
beneficia devido à apropriação por outros; 2) alienação do trabalhador em relação ao
trabalho, se o produto do trabalho é a alienação a própria produção é uma atividade de
alienação, frustração do desenvolvimento das energias mentais e físicas do trabalhador,
imposição externa; 3) ramificações sociais da alienação derivada do contexto de relações
econômicas, racionalização das relações sociais a partir do dinheiro, viabilidade de trocas
contraditórias entre qualidades e objetos; 4) o trabalho alienado reduz a atividade produtiva
do homem ao nível da adaptação a natureza, o indivíduo humano é desligado do “ser da
espécie”, do fator distintivo humano (antropocentrismo e idealismo humanista); o fato de o
homem ser membro de uma sociedade é que lhe confere humanidade, na sociedade
burguesa os homens são alienados de sua condição de humanidade; os efeitos da
alienação variam de acordo com a posição social do indivíduo (fragmentação da análise de
classes); o capitalista também é escravo do capital, depende da lei da propriedade privada,
exige-se dele qualidades de trabalhador; em seus Manuscritos Marx procura aplicar a noção
de alienação a um contexto histórico situado; o capitalismo cria possibilidades de
desenvolvimento econômico inéditas, mas a organização particular das relações sociais a
partir do capitalismo impede a realização dessas possibilidades; o caráter do trabalho
alienado expressa a tensão entre o potencial de uma forma específica de sociedade e a
realização frustrada desse potencial (descontinuidade ontológica entre perspectivas
humanistas e o capitalismo)*; concepção de comunismo e a possibilidade de superação da
alienação, necessidade de supressão da propriedade privada, não basta fundar uma
democracia, é preciso reorganizar a sociedade, erradicar a relação entre propriedade
privada e trabalho assalariado; relação entre o comunismo primário e um tipo de ascetismo;
destruição da propriedade privada como condição para transitar a outras formas de
sociedade; apropriação real da natureza humana, retorno consciente; o comunismo não
nega a individualidade, afirma o desenvolvimento de suas potencialidades;
O materialismo histórico: ideias iniciais retrabalhadas por Marx: 1) autocriação histórica e
progressiva do homem a partir do trabalho; 2) conceito de alienação, exposição sistemática
em A ideologia alemã, estudo da alienação como fenômeno histórico; 3) discussão sobre a
essência da teoria do Estado e de sua forma de superação; 4) materialismo histórico como
perspectiva de análise da evolução social, afastamento epistemológico em relação a Hegel
e Feuerbach, capitalismo e a relação dicotômica de classe; 5) teoria da práxis
revolucionária, mudanças sociais só podem ocorrer a partir da reunião entre teoria e prática,
compreensão teórica da atividade política prática, estudo de transformações históricas junto
a um programa de ações práticas; dialética entre o sujeito (homem em sociedade) e o objeto
(mundo material), subordinação progressiva do mundo material aos interesses humanos, o
surgimento constante de novos interesses sustenta esse processo historicamente; tese
materialista: a consciência humana é condicionada pela relação dialética entre sujeito e
objeto, na qual o homem dá forma ao mundo, sendo também formado por ele (bases
importantes da teoria decolonial)*;
Para Marx a história é um processo contínuo de criação, satisfação e recriação de
necessidades humanas, eis o fator de distinção humana*; motivo para o trabalho estar na
base da sociedade; cada tipo de sociedade identificado por Marx se caracteriza por uma
lógica de evolução própria, mas tal lógica só pode ser apreendida empiricamente; história
como uma sucessão de gerações, que exploram materiais, capitais e forças produtivas
herdadas, encontro entre atividades tradicionais e modificações graduais; em seus
Manuscritos Marx diz que a expansão da divisão do trabalho implica o progresso da
alienação e da propriedade privada; relação entre a constituição de uma sociedade de
classes e a especialização da divisão do trabalho, identificação entre os homens e sua
ocupação especializada e particular; negação da diversidade de capacidades de produção
do homem; o estágio da divisão do trabalho define as relações entre indivíduos; ideia de
sistemas em que não há classes; toda forma de sociedade pressupõe divisão do trabalho
(influência marxista em Durkheim?); o homem como ser comunitário; individualização como
produto histórico associado à divisão do trabalho complexa e especializada; auge da
individualização como condição da troca no regime capitalista; desenvolvimento de uma
economia monetária e de produção de bens; diferenciação da divisão do trabalho
influenciada pelo aumento da população, surgimento de conflitos sociais, e processos de
subjugação; discussão sobre o surgimento de um sistema escravista com bases étnicas
(hierarquia entre chefes de família, membros da tribo e escravos); contato entre sociedade,
estímulo da guerra sobre o comércio (como na discussão neocolonialista); urbanização
como principal índice de diferenciação na divisão do trabalho; as classes surgem quando os
excedentes de produção se tornam grandes o suficiente para um grupo exclusivista se
apropriar desse excedente para se destacar da massa dos produtores*; mundo antigo e o
surgimento da sociedade como resultado da união de tribos em forma de cidades, por
acordo ou conquista; diferente do oriente, em que as cidades são mais auto suficientes, no
ocidente as mesmas funcionam como unidades econômicas; propriedade privada da terra
como fundamento da divisão de classe desde Roma; a expansão populacional e aventuras
militaristas contribuem para o incremento da escravatura e para a concentração da
propriedade fundiária (germe da discussão sobre colonialismo)*; atrofias de
desenvolvimento comercial e industrial somados ao empobrecimento da maioria da
população levou os latifundiários a se tornarem antieconômicos; decadência comercial e sua
relação com o Estado, dissolução do escravismo e fragmentação fundiária, surgimento da
pequena agricultura; decadência de Roma, a composição interna da sociedade romana
impediu o avanço de seu desenvolvimento econômico; feudalismo e a origem do
desenvolvimento capitalista; ataque dos bárbaros a Roma como fator de precipitação da
queda do mundo antigo, as causas reais da queda de Roma estão em sua evolução social
interna; argumento em A origem da família, da propriedade privada e do Estado, de que os
bárbaros absorveram elementos do sistema de governo romano devido à necessidade de
administração dos territórios conquistados; séculos de guerra e desordem civil levaram ao
empobrecimento dos agricultores livres, reduzidos à servidão pelos nobres senhores de
terra; predomínio da servidão na Europa, por volta do século IX; a desintegração do
feudalismo e o desenvolvimento do capitalismo se relacionam com o crescimento das
cidades; senhores feudais desafiaram o rei e o parlamento da Inglaterra para retirar
camponeses de suas terras, conversão em terras de pastagem e diminuição do trabalho
exigido, expropriação e reforma fundiária, doação de terras da Igreja; camponeses tornam-
se uma massa de pedintes e vagabundos (germe marxista dos estudos foucaultianos sobre
disciplina), promulga-se uma legislação de repressão à vagabundagem, disciplina
necessária ao estabelecimento do sistema de trabalho assalariado, surgimento do
proletariado inglês como estrato de camponeses desapossados de suas terras, no início do
século XVI; um grupo flutuante no mercado de trabalho assalariado; a expansão rápida do
comércio ultramarino também impulsionou o desenvolvimento do capitalismo, a partir da
descoberta da América e do caminho marítimo para a Índia, comércio, navegação e
indústria; elementos revolucionários no interior da sociedade feudal decadente; adição de
atividades de produção às operações comerciais por parte de setores da classe de
mercadores; acúmulo de capital por produtores individuais resultante na expansão de
atividades comerciais; estágios de organização no período capitalista: predomínio da
manufatura, divisão dos ofícios em tarefas especializadas, a manufatura é mais eficiente
que o artesanato devido à viabilização de uma produção mais eficiente em horas/homem;
como resultado a revolução industrial; surgimento da mecanização como fator dominante da
produção, início do movimento de aperfeiçoamento tecnológico constante do capitalismo
(genealogia do capitalismo digital);
As relações de produção e a estrutura de classes: o progresso da sociedade resulta da
interação produtiva entre os homens e o mundo natural; na produção os homens atuam
sobre a natureza, mas também sobre os outros homens; a produção depende de
colaboração e troca de atividades, de determinadas relações sociais; toda forma de
sociedade se caracteriza por uma soma de forças produtivas criada na relação histórica
entre os indivíduos e a natureza; exemplo do Peru como uma economia avançada, mas que
não progrediu devido à ausência de um sistema monetário*; ausência atribuída à posição
geográfica do Peru, isolamento que não permitiu desenvolvimento comercial; domínio de
classe, surgimento das classes a partir da divisão diferenciada do trabalho, da acumulação
de excedentes de produção por uma minoria face à massa de produtores; a noção de classe
está para Marx como o conceito de racionalização está para Weber; classes como aspecto
das relações de produção; “as classes derivam da posição em que os vários grupos de
indivíduos se encontram frente a propriedade privada dos meios de produção; modelo
dicotômico de relações de classe; divisão entre classe dominante e classe dominada, a
divisão em classe implica uma relação conflitual; estrutura de classes e relações de
mercado; agrupamentos complexos na sociedade burguesa: 1) classes, papel político e
econômico importante, conjunto de relações de produção em vias de superação; 2) estratos,
relação de dependência com uma das classes, identificação política com tal classe; 3)
grupos heterogêneos de indivíduos no Lumpemproletariado, à margem do sistema de
classes por falta de integração na divisão do trabalho; no interior das classes há gradações
de subordinação; a implantação do capitalismo leva gradualmente à formação das classes,
que encontram no mercado sua oposição direta entre burguesia e proletariado; as classes
são o principal elo entre as relações de produção e o restante da sociedade (superestrutura
social); relações de classe como eixo de distribuição e organização do poder político; o
Estado moderno surge junto à luta da burguesia contra resquícios do feudalismo, exigências
da economia capitalista; ideologia e consciência, codificação do direito civil em Roma,
autoridade do direito civil baseada em normas racionalizadas; sistema legal e judicial
moderno como suporte ideológico do Estado burguês;enraizamento da consciência na
práxis humana; aspectos relacionais na concepção de ideologia em Marx: 1) as
circunstâncias sociais em que os indivíduos exercem suas atividades condicionam sua
percepção do mundo, nesse sentido a linguagem pode ser considerada como consciência
prática dos homens; 2) nas sociedades de classe as ideias dominantes de qualquer época
são as ideias da classe dominante, por conseguinte, a disseminação de ideias depende da
distribuição do poder econômico*; integração da ideologia na superestrutura, relação entre a
moral prevalente e os interesses da classe dominante;
A teoria do desenvolvimento capitalista: teoria da mais-valia, interesse pela dinâmica da
sociedade burguesa; dois aspectos de todos os bens: 1) valor de uso, se realiza no
processo de consumo, refere-se a necessidade que podem ser satisfeitas pelas propriedade
do bem como artefato físico, bens sempre apresentam valor de uso; 2) valor de troca, valor
que os produtos apresentam na troca com outros produtos, pressupõe uma relação
econômica definida, inseparabilidade do mercado; o trabalho abstrato está na base do valor
de troca, enquanto o trabalho útil está na base do valor de uso*; tudo que o trabalhador
produz além do custo de sua subsistência é mais-valia; se o trabalhador produz o
equivalente de seu valor em metade do tempo de trabalho, o tempo restante produz mais-
valia: razão entre o trabalho necessário e o trabalho excedente*; taxa de mais-valia ou taxa
de exploração (conceito de ordem social); contradições econômicas da produção capitalista,
a procura do lucro é intrínseca ao capitalismo; tendência estrutural de queda das taxas de
lucro (lei da descida tendencial da taxa de lucro); aprimoramento tecnológico como arma
capitalista para a preservação do mercado; o capitalismo seria, de algum modo, um sistema
anárquico, pois o mercado não é controlado por forças definidas de produção e consumo;
crises como momentos de expansão da produção para além do potencial de absorção do
mercado dentro de uma perspectiva satisfatória de lucro*; crise como parte do mecanismo
regulador das flutuações periódicas do capitalismo; restauração do equilíbrio como efeito da
crise; “a barreira real que se põe à produção capitalista é o próprio capital”; meios de
produção como meios de expansão; tese da “pauperização” ou miserabilidade, da
dissolução do capitalismo a partir de uma crise interna ao sistema*; em Manifesto
Comunista o perigo das crises sucessivas sobre a integridade do sistema capitalista é
anunciada, mas não é apontada a possibilidade de uma crise fatal ou definitiva; ideia de que
a crise é necessária, de que imperfeições são necessárias ao funcionamento do
capitalismo*; exemplo do exército industrial de reserva (excedente relativo populacional)*; a
partir da percepção de balanceamento das crises as condições de dissolução do capitalismo
em um futuro imprevistos passam a depender das circunstâncias históricas; exército de
reserva como alavanca de acúmulo e condição de existência do regime capitalista; tese da
pauperização ou miserabilismo, processo relacionado tanto ao aumento progressivo do
exército de reserva quanto ao aumento da diferença entre salários e rendimentos; relação
entre o aumento do exército de reserva e a pauperização crônica da classe trabalhadora (lei
geral absoluta da acumulação capitalista); pauperismo como “hospital do exército ativo do
trabalho e peso morto do exército de reserva da indústria”; o caráter contraditório do
capitalismo se manifesta na acumulação da riqueza em um pólo social e da pobreza e
miséria no outro pólo social*; relação da composição orgânica do capital com a tendência
para centralização e concentração do capital; concentração* (processo pelo qual capitalistas
aumentam a quantidade de capital sob seu controle à medida que o capital se acumula);
centralização* (fusão dos capitais existentes, alteração na distribuição do capital existente);
constituição de unidades produtivas cada vez maiores; em O capital Marx demonstra que o
capitalismo também é um sistema instável, devido a contradições derivadas do caráter de
classe do sistema capitalista; a operação do modo de produção capitalista leva
inevitavelmente à dissolução do sistema capitalista*; a tendência histórica à dissolução do
capitalismo não implica a abolição completa do regime capitalista, o socialismo não surgiria
do zero; questão da inevitabilidade da revolução, transformação da sociedade através da
práxis revolucionária; a transcendência do capitalismo; concepções da sociedade socialista;
Manuscritos econômico-filosóficos; 1º estágio do socialismo, período em que as
características latentes da sociedade burguesa se manifestam; 2º estágio do socialismo,
abolição da propriedade privada, tornada coletiva, fixação de regras para distribuição
salarial; a função de trabalhador não é abolida, mas estendida a todos os homens;
libertação da base do Estado; converter o Estado de um órgão sobreposto à sociedade para
um órgão subordinado a ela; ideia de um estágio intermediário (ditadura do proletariado)*;
concentração do poder político; o poder político só pode ser abolido após a realização da
ditadura do proletariado (será?)*; a abolição do Estado não implica inversão da organização
social, transformação dialética do Estado através de sua subordinação à sociedade;
estrutura optativa da Comuna de Paris como tipo de organização que viabiliza a realização
desse tipo de projeto; abolição do caráter de classe do Estado, abolição do Estado como
entidade separada da sociedade; distanciamento da teoria anarquista do Estado; apesar de
seu caráter coercitivo o Estado burguês é um elemento indispensável para a realização da
forma de sociedade transcendente ao capitalismo; comunismo como apropriação real da
natureza humana através do homem e para o homem, retorno do homem a si próprio como
um ser social; a base antagônica das relações de classe no capitalismo contem as forças
que podem levá-lo à destruição, bem como condições de possibilidade para superá-lo;
- Aproximação entre Durkheim e Marx no tocante à questão judaica (O caso Dreyfus e
Sobre a questão judaica - Marx seria imparcial quanto à identidade judaica, ele era
contra a religião em geral (tese da alienação), além disso a “vergonha” das origens
pode ser relacionada ao antisemitismo na europa, e o temor de represálias como a
que sofreu seu pai ao tentar exercer a profissão de advogado durante o domínio da
Prússia sobre a Renânia, que resulta em sua conversão ao cristianismo)*;
Aula em vídeo: obras de Marx e Engels, acerca do materialismo histórico; na aula seguinte,
visão de Marx sobre trabalho e alienação; crítica à economia política, à tradição da filosofia
alemã; Althusser pontuou assim como Giddens um jovem Marx e um Marx maduro (O
capital), esboços de O capital em Para crítica da economia política; discussão com os
socialistas franceses e os hegelianos de esquerda na fase inicial de sua obra; crítica da
divisão em jovem Marx/Marx maduro, há temas transversais sobre a natureza humana, a
natureza do trabalho; aprofundamento do estudo sobre o capitalismo e teoria do valor; não
necessariamente a discussão tardia é mais importante, revalorização do início de sua obra,
problema de leituras economicistas; armação de fundamentos na crítica da filosofia nos
primeiros textos; influência de Engels para realizar estudos empíricos; Situação da classe
operária na Inglaterra (etnografia realizada por Engels); O capital não implica uma leitura
economicista, mas pode implicar; [estudo das contradições sociais e produção de
subjetividade no capitalismo ao longo das primeiras obras; conexões com a expansão da
questão epistemológica trazida pela crítica da economia política]; evitar o esvaziamento do
sujeito a partir da visão estruturalista; duas referências importantes - 1) primeira parte sua
obra: acerto de contas com a filosofia alemã, o socialismo francês e a economia inglesa*; 2)
construção de um modelo explicativo sobre o funcionamento do regime capitalista e da
sociedade burguesa; primazia concedida às lutas de classe como motor histórico; Hegel não
é necessário para entender Marx (?); as ideias decorrem dos processos materiais,
Definição: materialismo histórico como encadeamento de demandas humanas sendo
criadas, satisfeitas, recriadas e herdadas pelas gerações seguintes*; posicionamento frente
a questões históricas que atravessam os grupos sociais; naturalização contemporânea do
raciocínio histórico, os mortos falam através de nós; localização histórica e trajetória
individual; estruturas materiais e simbólicas que nos são dadas, nos posicionam; oposição
entre uma concepção objetiva (mundo material, historicidade e transformação) e uma
concepção idealista (Hegel e a primazia do pensamento nas transformações do mundo
social), Marx inverte a dialética do espírito em Hegel (etnocentrismo e a centralidade do
espírito na filosofia alemã, enquanto realização mais acabada da ideia de universal,
vinculada ao Estado); na visão de Marx o Estado é um escritório de interesses capitalistas;
proximidade de Marx com o anarquismo, Estado como produto histórico modificável; autores
do pensamento socialista democrático pensam o Estado como um fardo, insolúvel a curto
prazo (Gramsci por exemplo); centralidade teórica dos modos de produção (momento
histórico em que elementos da organização social funcionam articulando economia,
sociedade, política e formas de subjetivação de determinado modo); modos de produção:
antigo, feudal, capitalista, socialista, asiático e primitivo*; ideia de que os modos de
produção se sucedem historicamente, crítica do evolucionismo, evolução não como
progresso moral mas como um processo de desenvolvimento acumulativo; os modos de
produção contém as contradições que levam à sua sucessão por outros modos de produção
(ideia de processo); há uma recusa em reconhecer a historicidade de outros povos*; mas
Marx reproduz isso ao se referir aos modos asiático e primitivo; mesmo que Marx esteja no
panteão de herança teórica do pensamento pós-colonial é preciso reforçar que Marx
também era etnocêntrico; apesar disso, autores do século XX conseguiram reler sua obra
em sentido crítico; materialismo histórico e a assunção de que a apreensão da realidade
social decorre da própria realidade social, a apreensão intelectual depende da percepção
material da realidade social; o mundo das ideias decorre de uma existência material
precedente; teoria do lugar de fala decorrente do materialismo histórico, influência dos
aspectos materiais da posição social de um indivíduo sobre suas possibilidades
comunicativas, de pensamento e de experiência; não há materialismo puro, não podemos
realizar a crítica de nossas próprias posições, nossas condições históricas de vida
emolduram nossa percepção simbólica da realidade social; discussão bourdieusiana sobre o
deslocamento hierárquico a partir da combinação de tipos de capital; visão de mundo e
crítica histórica (história individual e social); práxis revolucionária, mudanças de
posicionamento (do individual ao social); a concepção de história em Marx é condicionante
mas não é determinista; as circunstâncias fazem os homens e os homens fazem as
circunstâncias (A ideologia alemã); os homens fazem sua história dentro de suas condições
históricas (18 brumário); aspecto dialético da compreensão histórica da realidade social;
sincronia histórica dos agentes políticos (percepção sobre fatores históricos promissores
para determinada tomada de posição); Eu Pierre Rivière que degolei minha mãe minha irmã
e meu irmão* (livro de Foucault, proposta de eliminação da autoridade durante a Revolução
francesa, importância da percepção dos fenômenos sociais a partir de suas condições
históricas, revolucionários não foram considerados loucos por matar figuras de autoridade);
acerto de contas com a filosofia alemã, crítica aos fundamentos do grupo hegeliano,
idealismo vindo de Hegel, sociedade alemã contemporânea como a sociedade mais
desenvolvida e próxima do auge do espírito humano; Feuerbach já havia iniciado a crítica à
Hegel, em uma visão materialista, mas Marx procura ir além; tema da religião junto ao
surgimento do capitalismo (temas comuns aos “clássicos); debate a respeito do mundo
simbólico, das ideias vinculadas à sustentação dos regimes religiosos; papel das crenças na
discussão sobre religião; inversão de Feuerbach quanto ao papel da religião no pensamento
hegeliano; para Hegel o Estado está relacionado a Deus (formas mais complexas de
existência do espírito, Estado como materialização dessas formas); retórica ascética; a
ideologia seria um processo de reflexo invertido da realidade social, exemplo da religião
(ideia que Marx busca em Feuerbach)*; Marx avança do materialismo abstrato para o
materialismo histórico; inclusão da luta de classes na concepção histórica do materialismo;
ideologia como reflexo invertido da luta de classe; noção de que as ideias dominantes são
as ideias do grupo dominante*; mercadoria como forma universal, pressuposição de
universalidade do mercado, vínculo com interesses de classe; percepção de interesses de
classe e questionamento de particularismos impostos como universalismo; despertar da
crítica às relações sociais com a classe dominante (um passe além de Feuerbach - reflexo
ideológico da realidade social, centralidade das contradições de classe)*; Bauer e
Feuerbach (hegelianos de esquerda); para ser dominante uma classe deve exercer domínio
também no plano simbólico (superestrutura e sua posição no desenvolvimento da realidade
social, da dominação em particular); se não há dominação simbólica não há dominação
material (se os trabalhadores percebem os interesses de classe isso leva à crítica, por isso a
ideologia é importante); homologia entre representação e ideologia como espaço de disputa
contra-hegemônico, tanto Durkheim quanto Marx iniciam uma reflexão sobre o sentido de
dominação desses espaços, e posteriormente autores contemporâneos pensam o sentido
de resistência dos mesmos*; Contribuição à crítica da economia política (escola econômica
inglesa clássica); Adam Smith e David Ricardo; dimensão do mercado pensada a partir de
categorias universais da ciência econômica, articulada para compreender a realidade social
de modo a-histórico; questionamento do reflexo de interesses da classe dominante em
determinados conceitos (crítica epistemológica, sociologia da sociologia, pensamento meta-
teórico); conceitos não são universais nem a-históricos, historicização marxista das relações
de classe no capitalismo; desmistificação do processo que leva à formação do capitalismo;
imposição da forma-mercado; análise do roubo de lenha por parte dos camponeses,
denúncia e conflito, propriedade privada; Marx jornalista; filme Jovem Marx; centralidade
econômica da lenha, fundamento da reprodução da vida material; Robert Darnton - O
grande massacre de gatos (contos de fada e sua relação com a vida cotidiana),
transformação da propriedade comunal em propriedade privada; transformação legislativa
como fundamento da expropriação camponesa; uso histórico de determinadas áreas versus
demarcação de terras privadas; criminalização das formas de subsistência na vida social
camponesa; implicação de uma revolta civil decorrente da imposição da servidão como
condição para aquisição de meios de subsistência; demonstração da arbitrariedade das
categorias da ciência econômica inglesa frente à discussão histórica do capitalismo;
revolução burguesa dos meios de produção; a burguesia revoluciona tudo ao seu redor,
criando uma sociedade baseada em sua imagem; relações de mercado e a expropriação e
meios camponeses de subsistência; surgimento de intermediários na satisfação de
necessidades básicas de subsistência a partir do regime capitalista; sem a intermediação da
superestrutura a estrutura não se transformaria (mudança das relações de propriedade
baseada na mudança das leis de propriedade, facilitada pela mudança em curso das
relações materiais, etc.); relação entre A ideologia alemã (pensamentos dominantes são o
pensamento da classe dominante) e Contribuição para a crítica da economia política (a
economia política clássica expressa a idealização das relações capitalistas como forma
universal); não há mercado de bens sem o processo histórico de expropriação e de
surgimento da propriedade privada (aspectos históricos apagados); o processo histórico de
desconstrução do feudalismo cede espaço ao surgimento do capitalismo; ideologia como
transformação das ideias de um grupo particular que se torna revolucionário e assume o
poder, desempenhando a dominação para tornar suas ideias as ideias da sociedade como
um todo, levando seus interesses de classe a serem concebidos como modo de
pensamento universal; ideias de uma classe particular se tornam ideias universais
(ideologia)*; a burguesia superou os valores da aristocracia, e o proletariado terá de superar
os valores da burguesia; influência da corrente dos socialistas (Inglaterra, França,
Alemanha, Bélgica - Liga dos Justos); ideia de que o socialismo não seria apenas outro
modo de produção, expectativas de ruptura histórica, socialismo como fase emancipatória
mediada pela ciência, desideologização do pensamento; importância das disputas
epistemológicas; paralelo com os positivistas acerca do papel revolucionário da ciência na
sociedade; pensamento científico e saltos sociais de emancipação; uso da crítica filosófica
na construção social da realidade; semelhanças, continuidades entre o positivismo e o
marxismo: o pensamento científico fundaria um novo senso comum, no lugar de
pensamento ideológicos como forma dominante; superação da metafísica (positivismo) das
categorias ideológicas (marxismo); teoria do valor*; O capital, formação do valor e processo
dinâmico de construção da mercadoria; pesquisa empírica nas fábricas inglesas; a produção
do valor só existe no consumo da força de trabalho para produzir mercadoria ao longo do
tempo; formação da jornada de trabalho, estabelecimento de métricas de valor sobre o
trabalho; só o trabalho é criador de valor; a jornada de trabalho dividida em três partes (a)
produção que paga o custo do próprio trabalhador, (b) produção que paga o custo material
da produção, (c) produção que resulta em lucro (mais-valia);
O capitalismo se baseia no aumento da produção de mais-valia, pela redução do custo da
matéria-prima, da mão-de-obra (estratégia de extração de mais-valia absoluta) ou pela
mudança de padrão da produção, introdução de técnicas, tecnologias, métodos mais
eficientes, aceleração da produção (estratégia de extração de mais-valia relativa)*; teoria do
valor (composição da jornada de trabalho e aspectos da produção de valor a partir da
mercadoria-trabalho); a remuneração total da produção resulta exclusivamente do trabalho;
aumento da extração de mais-valia do artesanato para a manufatura, e da manufatura para
a mecanização; quanto mais se produz menos valiosa é a força de trabalho, pois será maior
a extração de mais-valia; demonstração concreta da teoria do valor na primeira parte de O
capital; o modo de produção leva à formação de padrões particulares nas relações sociais;
as relações de produção não são exclusivas, resultam em aspectos simbólicos do social;

Questões

(Segundas) leituras de rastreamento conceitual - diferentes genealogias teóricas;


Links de Marx tanto com a crítica do universalismo na teoria quanto com os estudos sobre a
formação de subjetividades políticas (feminismo, estudos da diáspora africana);

Sobre protótipos de raciocínios críticos ao colonialismo: expansão rápida do comércio


ultramarino, “descoberta” da América e do caminho marítimo para a Índia; expansão
populacional, imperialismo militar, e concentração da propriedade fundiária; debate sobre a
imposição de modos de produção ao povo conquistado, sobre o surgimento de um sistema
escravista com bases étnicas; Giddens: há uma recusa em reconhecer a historicidade de
outros povos, Marx reproduz isso ao se referir ao modo de produção asiático; exemplo do
Peru como uma economia avançada, mas que não progrediu devido à ausência de um
sistema monetário; mesmo que Marx esteja no panteão de herança teórica do pensamento
pós-colonial (revoluções africanas) é preciso reforçar que ele também era etnocêntrico*;
Conclusão: uso sempre crítico da teoria clássica;

Aproximação entre Durkheim e Marx no tocante à questão judaica (O caso Dreyfus e Sobre
a questão judaica - Marx seria imparcial quanto à identidade judaica, ele era contra a religião
em geral (tese da alienação), além disso a “vergonha” das origens pode ser relacionada ao
antisemitismo na europa, e o temor de represálias como a que sofreu seu pai ao tentar
exercer a profissão de advogado durante o domínio da Prússia sobre a Renânia, que resulta
em sua conversão ao cristianismo)*;

Relação da superestrutura com estudos sobre a subjetividade no capitalismo;


Sobre o movimento dialético de retorno do marxismo contemporâneo a reflexões em torno
do domínio simbólico (superestrutura) nas disputas materiais; percebeu-se que o domínio
ideológico ou simbólico em que se estabelece o idealismo no âmbito da filosofia alemã do
século XIX foi rearticulado pelo marxismo ocidental para romper os limites de uma
concepção estritamente materialista da história (economicismo); atualização, uso teórico do
domínio simbólico como ferramenta de compreensão e transformação da realidade social
contemporânea*; homologia entre representação e ideologia como espaço de disputa, tanto
Durkheim quanto Marx iniciam uma reflexão sobre dominação no nível simbólico, depois
estendida ao tema da resistência no nível simbólico;
Sobre ideias iniciais de uma Sociologia da arte: o produtor se coisifica para que a coisa
possa se personificar, estudo da formação de subjetividade; visão econômica sobre trabalho
artesanal; a produção define o modo de consumo, objetiva e subjetivamente; estudos
etnográficos de Marx, acesso à experiência; trecho no fim da introdução de Para crítica da
economia política: a produção artística e as artes estão ligadas a formas determinadas de
desenvolvimento social, prazer estético e valor de norma*;

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