Universidade Federal da Paraíba
Centro de Ciências Humanas e Letras ❶ A explicação Intencional-Causal
Departamento de Ciências Sociais
Disciplina: Metodologia Aplicada à Ciência Política
Roteiro de apresentação
“Para ler Jon Elster: limites e possibilidades da explicação por
mecanismos nas Ciências Sociais”.
❷ O Individualismo Metodológico e Redução
I- Introdução
 O artigo se propõe a fazer um levantamento das principais
características da “metodologia da explicação” de Jon Elster, bem
como fazer uma discussão a respeito de seu enfoque teórico-
metodológico específico, investigando os seus limites, suas tensões
e suas lacunas.
❸ Mecanismos
II- O autor
 Filósofo norueguês das ciências sociais;
 Defensor ferrenho do individualismo metodológico;
 Utiliza as ferramentas da teoria da escolha racional para a
explicação e análise dos fenômenos sociais;
 Foco no papel de normas e valores na motivação e na restrição da
escolha individual  Teoria da motivação individual;
 Propõe uma agenda teórica para a investigação das emoções na
vida social.
III- Conceitos teóricos centrais
 Princípios explicativos em Ciências Sociais:
 Explicação intencional-causal é própria das ciências
sociais;
 As ciências sociais devem oferecer explicações
intencionais–causais: a explicação intencional das ações
individuais + a explicação causal da interação entre os
indivíduos;
 A explicação em ciências sociais deve ser capaz de reduzir
fenômenos complexos a seus elementos constitutivos: as
ações individuais.
 Individualismo metodológico = uma forma de
reducionismo explicativo;
 Ciências Sociais contemporâneas: ênfase nos mecanismos
como estratégia explanatória fundamental.
 A explicação fundada em mecanismos é proposta como
alternativa metodológica a quatro outras posições:
① Modelo dedutivista de inspiração popperiana/hempeliana,
que simplesmente generaliza os problemas;
② Relato compreensivo ou interpretativo (invocação da
Verstehen), que podem ser meras descrições em linguagem
ordinárias ou em termos de psicologia popular;
③ Teoria social contemporânea
④ Enfoque centrado nas relações entre variáveis
 Premissas da explicação por mecanismos
1) Invocação de um agente causal, que são os atores
individuais;
2) Precisão elucidativa;
3) Enfoque analítico;
4) Operação através de redução.
 Tipologias de mecanismos sociais
- Duas tipologias de mecanismos:
① Segundo Coleman (1998), três tipos de mecanismos
estariam em operação nas ciências sociais:
a) Mecanismos situacionais (macro/micro)
Ex.: mecanismos formadores de crenças e de preferências.
b) Mecanismos formadores de ação (micro/micro)
Ex.: mecanismos de natureza psicológica ou sociopsicológica
c) Mecanismos transformacionais (micro/macro)
Ex.: modelos derivados da teoria dos jogos
② Gambeta (1998) propõe uma análise que distingue
mecanismos individuais e os processos mediante os quais eles
são desencadeados por condições sociais (macro/micro),
gerando resultados sociais (micro/macro).
- Essas duas tipologias requerem três pressupostos
fundamentais:
a) A maior parte dos fenômenos sociais requer mais que um
mecanismo para fazer sentido.
b) Os efeitos produzidos pelos mecanismos no nível empírico
dependem de condições contingenciais;
c) Mecanismos apresentam-se sob a forma de famílias;
 Elster e os mecanismos
- Cinco distinções fundamentais do que não é uma explicação
por mecanismos:
1) Explicações causais devem ser distinguidas de proposições
causais verdadeiras; <Citar a causa não é suficiente, o
mecanismo causal deve ser indicado e elucidado.>
2) Explicações causais devem ser discernidas de afirmações
sobre correlações; <Há sempre outras possibilidades.>
3) Explicações causais devem ser distinguidas de afirmações
sobre necessitação; <Explicar um evento é fazer um relato de,
por que e como este aconteceu.>
4) Explicações causais devem ser isoladas do ato de contar
histórias; <Uma explicação genuína dá conta do que aconteceu
e como aconteceu.>
5) Explicações causais devem ser consideradas distintas de
predições. <Pode-se explicar sem predizer e predizer sem
explicar.>
- Para Elster, explicar é fornecer um mecanismo, que
relaciona-se a cadeias intencionais de um objetivo para uma
ação, como também cadeias causais de um evento para o seu
efeito;
- O antônimo de mecanismo é uma lei científica!
- Objetivo das Ciências Sociais: Não está na busca de
melhores teorias, mas sim, na identificação cada vez maior de
mecanismos.
IV- A explicação em Elster como problema
Referencial Teórico:

 A Dimensão Intencional-Causal como Problema
- Limitações do intencionalismo (Bhargava): não reconhecer fatores
causais e no caso da teoria de Elster, elaborar uma concepção de
linguagem atrelada a uma teoria do significado que levasse em conta o
caráter social;
RATTON JR., José L. A. e MORAIS, Jorge V. (2003). “Para ler
Jon Elster: limites e possibilidades da explicação por
mecanismos nas Ciências Sociais”. Dados – Revista de Ciências
Sociais, vol. 46, nº 2, pp. 385-410.

 O Individualismo Metodológico e o Reducionismo como

Problemas

- A negação de macroexplicações coloca em questão o próprio nível

de existência ontológica social. (Loyd, 1995);
- Não existe uma explicação reducionista, mas microfundamentos que
não devem ser confundidos com microredução. (Bhargava, 1992);

 A Dimensão Mecanísmica da Explicação como Problema

- Não há critérios relacionados à relevância indutiva de relações entre

entidades que possam ser úteis para a constituição de um repertório de
hipóteses causais.

V- Conclusão

 Para Ratton e Morais (2003), a metodologia da explicação de Jon

Elster apresenta um caráter original e dialoga com os temas
centrais das ciências sociais. No entanto, eles observam impasses e
limitações teóricas-metodológicas que impedem à realização do
projeto explicativo deste autor nos termos em que ele próprio
coloca.