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O DECLÍNIO DOS MANDARINS ALEMÃES

A Comunidade Acadêmica Alemã, 1890-1933

FRITZ K.RINGER

Tradução
Dinah de Abriu Azevedo

edusP
POLÍTICA E TEORIA SOCIAL, }890-19}8

Sociologia: Tõiuúes, Sinlttte[ e Max Weber

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O DECLÍNIO DOS MANDARINS ALEMÃES

sociologia continuaram a ser veementementecontestadosda década de 1890 à de 1920e


mesmo depois dessa época.
Se pusermos de lado os antecedentes e desdobramentos indiretos em campos afins,
podemos dizer que Ferdinand Tõgnies'R)i o pai da moderna sociologia alemãs'. Foi Tõnnies
quem, em 1909, fundou a SociedadeAlemã de Sociologia (Z)ezl/sc/zeCase//sc/za@
jür
Sozío/agia), da qual participaram, numa época ou noutra, a maioria dos principais padri-
nhos alemães da nova disciplina. O estudo pioneiro de Tõnnies sobre Co/zztr/zidadee
Sociedade (Ge/zzeí/zsc/la!#u/zd Gele//sc/za@),publicado em 1887, estabelece todos os
temas importantes não só para seus próprios escritos subseqüentes mas também para a
obra de seus colegas e sucessores entre 1890 e 1933.Assim, praticamente tudo quanto se
pode dizer a respeito da sociologia alemã duranteo período que estamos estudando
encontra-se numa descrição da famosa antítese de Tónniesss
Para Tõnnies, de uma dicotomia fundamentalentre duas formas da vontade,
pese/lwi//e e Kiírwl//e, surgiram duas concepções opostas de direito, dois tipos de as-
ii;ciaêão'íiÚesmo dois estilos diferentes de pensamento.A palavra alemã Wêse/lsigni-
fica a "essência" ou "natureza" de algo; assim, pode-se traduzir o vocábulo composto
IVesenwi//epor "a vontade natural" ou "a vontade essencial". Precisamos retratar uma
situação em que a descrição da vontade de um homem com respeito a alguma questão
seja de fato equivalente a uma caracterização da personalidade desse homem: essa von-
tade expressa sua natureza; ele é essa vontade. NaTv99tadeiiãtúial qe Tõnnies há sem-
pre alguma sugestão do impulso primitivo, irrefletido; ainda assim, ele não pretendeu
conülnar o termo ao nível do puramente instintivo e irracional. Incluiu entre as fontes
comuns da vontade natural os hábitos e mesmo um certo tipo de práticas intelectuais.
Mais uma vez, precisamos imaginar um tipo de convicção que seja tão essencial ao caráter
de um homem que não se possa separa-la dele. Essa convicção teria, muito provavel- P

r;
mente, um conteúdo valorativo. Deve estar estreitamenterelacionada com os objetivos
d
primários do homem. Poderia basear-seem parte em deliberaçõesconscientes; mas

54 Bames, Hi.vroW (Z/Social(7gy,pp. 209-215. Para uma fascinante análise ]narxista da sociologia alemã como
e]
ideologia, ver Georg Lucacz, "Die deutscheSoziologie vor dem eisten Weltkrieg", Ále/brzü.Kü/íurpollfl.\f/le
Mo/laf.\.vc/irlP,2: 476-489, 1946; Georg Lucacz, "Die deutsche Soziologie zwischen dem elsten uud dem c(
zweitenWeltkrieg'', ibid., pp. 585-600.
55 Sobre o que vem a seguir, ver Ferdinand Tõnnies, Ger/zíl/z.\c/lq/}ll/zdGe.vet/.\(/iq/}.AÓ/la/id/tr/zg
de.\
Co//r/}ru/tl.vn .\ r/zd deó So( fala.\'/nli. al.\ e/npfrl.vc/ler Cu// d?)r/lre/z, Leipzig, 1887; Ferdinancl Tõnnies,
;Gemeinschaftund Gesellschaft", em Alfred Vierkandt(Hg.), Ha/ldwfir/erZ)rc/ider Sozlologíe, Suttgart, C8
1931, pp. 180-191; FerdinandTónnies, ''Stiindeund Klassen'', íb/d., pp. 617-638; RuclolfHeberle, ''The
SociologialSystem of Ferdinand Tõnnies: 'Community' and 'Society'", em Bai-nes,HI.\'fora(!/'Socio/ogy,
pp. 227-248. Ge/nel/z.\'r/iq/tíl/id Ge.\elZc/lq# foi escrito antes de 188 1. A primeira edição em 1887 chamou Cli
pouca atenção. Uma segunda edição só apareceu em 1912; mas as outras edições, cla terceira à sétima, ca
apareceram em sucessão rápida entre 1912 e 1926. Há uma traduçãopara o inglês: Co//z//zí/zi a/zdSocíeQ,
m(
trans. Charles P. Loomis, East Lansing, Michigan State University Press, 1957.

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POLÍTICA E TEORIA SOCIAL }890-19}8

deveria, com certeza, ter muito pouco em comum com o tipo de pensamentotécnico
que é totalmente independente do caráter do pensador.
Küre/z significa "escolher" e o termo composto "WI//kür", que Tõnnies usou com
muita frequência em lugar de Kürwl//e, sugere uma voluntariedade arbitrária. Mais es-
pecificamente,Tõnnies associou Kürwf//e com o que Max Weber chamou mais tarde
comportamento zweckrafio/zaZ,querendo dizer a ação que é racional com respeito a um
determinado fim. Um ato de KÜ/wiJ/e, ou dejvontade racional, na visão de Tõnnies, é
muito mais um ato calculado. Pressupõe uma distinção lógica entre meios e fins e uma
série de operações mentais em que as escolhas possíveis se localizam numa hierarquia
de relações de meios-fins. Quando descrevemos um exemplo específico de vontade ra-
cional, fazemos referência a um lugar particular num sistema desse tipo; não precisamos
caracterizar o indivíduo que faz a escolha. Nesse sentido, a vontade racional pode pare
cer relativamente arbitrária com i-elaçãoà personalidade em questão.Tõnnies volta mui-
tas vezes ao aspecto de cálculo, a base exclusivamente mental, e mesmo artificial, da
vontade racional. Na verdade, toda a sua descrição das duas formas de vontade dependia
do papel da reflexão consciente na determinação do comportamento. No caso da vontade
natural, o pensamento está intimamente relacionado com toda a personalidade e seus
objetivos fundamentais, ao passo que a vontade racional procede de acordo com modos
de análise mais ou menos "impessoais", emocional e moralmente neutros. Em síntese,
na antítese entre vontade natural e vontade racional estava implícita a distinção mandarim
entre conhecimento enquanto sabedoria e conhecimento enquanto "mera técnica
Todos os relacionamentos e agrupamentoshumanos, segundo Tõnnies, podem ser
classificados com inferência ao tipo de vontadeque os cria e os mantém unidos. Os
membros de uma comunidade estão unidos na e por meio da sua vontade natural; os
parceiros de uma sociFdadÊ®untaglJ! para rea]izar a]gum objeto específico dç.]lEnLade
racional. Os adjetivo! ge/neinscha#/íc/z(comunal) ,e geseZZscAa#ZiZIÀ'
(societário),,quan-
do aplicados a uma determinada :'entidade social" (Jazia/e Wesen/zeíf),descrevem o ca-
ráter do vínculo associativo que estáemjogo. Entre as entidades sociais de tipo predomi-
nantementecomunal, Tõnnies incluiu as relações familiares básicas, como a existente
entre mãe e filho ou entre irmãos, bem como amizades, clãs, relações de vizinhança,
comunidades de aldeia, corporações de cidades pequenas, guildas e associações religio-
sas. Por outro lado, o consenso temporário entre os parceiros de uma troca comercial, na
maioria das associações modernas de negócios, e em grupos de interesses, entram na
categoria de entidades societárias.
Tõnnies usou com muita frequência analogias orgânicas para descrever as asso-
ciações comunais e gostava de dizer que as relações societárias eram relações mecâni-
cas. Fazia isso de propósito, pois Ihe parecia que a linguagem da "natureza", do "cresci-
mento" e do "desenvolvimento" era particularmente adequada ao tema da comunidade
O DECLÍNIO DOS MANDARINS ALEMÃES

e da vontade natural, enquanto a sociedade e a vontade racional eram mais bem descri-
tas pelo vocabulário do racionalismo e conceitualismo mecanicistas. Esse aspecto da
teoria de Tõnnies é particularmente difícil dc formular; mas, da forma como o entendo,
ele queria sugerir que a distinção tradicional entre 4 modo "românüléo©e of'racionalista:
de análise social não era tanto uma diferença lógica quanto psicológica e social. Segun-
do seu ponto de vista, cada uma das duas tradições intelectuais divergentes expressava
legitimamenteum lado da antítese permanenteentre as duas grandes formas de vontade
e de associação, e Tõnnies estendia essa idéia também ao campo da teoria política e
legal. As ficções "contrato social" e "direito natunü" eram, a seu ver, excelentes descri-
ções típicas da legalidade societária, ao passo que o direito comunal cra genuína e ne-
cessariamente um produto da evolução orgânica, do costume e da tradição. No pi-efácio
a Clo/?ztf/iídade
e Sociedade, Tónnies reconheceu sua dívida para com sir Henry Maine,
cuja obra sobre história legal levara-o a distinguir entre "sra/lls" e ''contrato", e a Oito
Gierke, o historiador do direito corporativo alemão (Ge/zossensc/zaÚsmc/zf).Esses ho-
mens haviam causado nele uma impressão bastanteprofunda; mas Tõnnies também era
um grande estudioso de Hobbes e um leitor relativamenteentusiastade Comte e de
Spencei-.Nisso, destacou-se de seus colegas. Ao contrário de muitos daqueles quc mais
tarde adoraram sua distinção entre comunidade e sociedade, ele não foi, num sentido
óbvio ou simples, nem inimigo do direito natural, nem defensor das concepções orgâni-
cas e colporatlvas
Realmente, a antíteseentre comunidade e sociedade logo se tornou um instrumen
to muito popular na argumentação ortodoxa contra a sociedade moderna, o que não é
difícil de explicar. Para o próprio Tõnnies, a grande tragédia da história foi a substituição
gradual dos laços sociais comunais pelos societários. Ao relacional- o surgimento do
direito natui-alcom a queda de Romã e mostrar os efeitos destrutivos da industrialização
soba-ea comunidade, não escondeu sua repulsa pelos desdobnlmentos que, apesar de
tudo, Ihe pareciam inevitáveis. Ajudou a ressuscitar a distinção entre cultui-ae civiliza-
ção, que subseqüentelnenteinspirou mais de uma polêmica contra a tecnologia e a socie-
dade libe[-alsó.Seu modo de estudamas classes como entidades societárias e os estratos
sociais como seus congêneres comunais também estava destinado a encontrar muitos
imitadores na direita política
O mais notável de tudo isso é que o próprio Tõnnies nunca se sentiu atraído por
qualquer dos ai-gumentosreaclonários que outros derivaram de sua teoria. Apenas não
acreditava que a linguagem da ortodoxia mandarim pudesse restaurar as i-ealidadesda
comtmidade. Advertiu repetidas vezes contra a falsa impressão de que "uma ética ou

56. Tõnnies, Ge/?zel/z.\r/la#


lrnd Ge.\e//.\f/iq#,pp. 279-280,288

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luloos oç5nloAai uuanollpaiou oçN se!.içuolot?alsuls11t?inJ
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O DECLÍNIO DOS MANDARINSALEMÃES

em face dos ataques populares ao individualismo, anunciou sua "total simpatia pessoal"
pela "libertação do pensamento dos laços da superstição e da ilusão" e por "todos os
movimentos de libertação do feudalismo e da servidão''. Admitia que muitos ideais ro
mânticos e conservadores de reintegração social aos quais agora se opunha tinham suas
raízes originais na comunidade. A dificuldade era que há muito se haviam tornado "in-
telectual e espiritualmente vazios", "fundamentalmente mentirosos e hipócritas", de modo
que "um individua]ismo vital e a]s formas de] sociedade" eram agora, de fato, as únicas
a[ternativas à "força e [à] tirania"óo.Tõnnies nunca abandonou sua convicção de que
todo o curso da cultura moderna ei-aprofundamente trágico; mas resistiu à tentação de
fugir do pessimismo para o que Ihe parecia uma ilusão obscurantista.
Seu/programametodológic(:também era mais complexo do que parecia à primeira
vista'' . Nb seu entender, as "entidades sociais" (Mexe/z/leira/z)sobre as quais escreveu não
eram entidades empíricas. Pensava nelas mais como idéias ''puras" ou "essenciais". Sa-
bia que todos os grupos e associações existentes eram, na verdade, misturas dc elemen-
tos comunais e societários, e não o perturbou o fato de sua análise das várias articulações
sociais não se basear em qualquer observação sistemática. :Plstingull.entra.!ociologia
te(bica.', "aplicada" e "empírica". A sociologia teórica tinha como objetivo desvendar
entidades sociàK'puras'êomb acomunidade e a sociedade. A sociologia aplicada devia
usar essas idéias no estudo de culturas e circunstâncias histói-icesparticulares. A socio-
logia empírica ou "sociograüia'' cabia pesquisar as condições sociais do presente, talvez
com a ajuda da estatística. Tõnnies identificava explicitamente a sociologia aplicada com
a filosofia da histól'ia':. Enquanto o historiador destacao fato ou circunstância individual,
dizia ele, o sociólogo procura descobrir grandes regularidades na evolução da sociedade.
Como a tendênciaque levada comunidade à sociedade Ihe parecia, naturalmente,a mais
importante dessas regularidades, via talvez na sociologia aplicada do futuro essencial-
mente uma elaboração de sua própria teoria. Nesse aspecto, pode ser comparado a Comia.
Por outro lado, estava interessado primordialmente na sociologia teórica e, nesse campo,
sua postula metodológica pode ser considerada original. No caso,.$ya ê!!!!!%.ggmQ.dis
.$grDos,recaía Sobre Q processo de isolar as forças sociais. e psicológicas.q ue mantêm os
.homensjuntos. Tendia a dividir as motivações humanas em "sociais" e ''egoístas" e foi
sua preocupação predominante com as fontes da coesão social que definiu o foco e o tom
de sua obra

60. Tõnnies, ''Troeltsch und die Philosophie'',p. 189.


61. Sobre o que vem a seguir: Ferdinand Tõnnies, EI«/il/ir /zgí/z dle Sozío/agir, Stuttgart,1921; Ferdinand
Tõnnles, Dax Wesettder SozioEogie:Vortraggehíl!!etlin der Gele-StifELlng,vol. \V-.NeLleZeit- tuta
Srre14Píigen,
Dresden,1907,p. 3
62. Tõnnies, Z)a.vWe.\e/t
der Sozío/agir, vol. IV. p. 28.
S9{

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oliçuolounJ op cHaloo uunu '..opor,, op ioplAias uunu'lt?ap! nas opungas 'OPBUIJO)suuil
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O çuia]e apupaloos pp a]uaB]A OE5uoU11cnsa
B opcn]adiad i31]a]anb o 'apep
!unuloo ep aluoJ PilapepiaA B u'.[a e)sllpiauaPO clo iooinq E 'salap oupld ON elslTeuialud
cuiioJ ap uppiBa)u} oç5eu E t?it3delsljUJnld OE5cu up il8nJ cla sels11eaouusz/pgo/s suas
ap OA1laho oilapt3p-iaAO opelsEI op iapod op ol15cllduie cuan aluulpaui o1111od
a polui
guooa mpla uuiapoui t?psoAlldn.islp soloadsc se ..ieiadns,, leiam opouu ap uuequndoid 'ap
epÇunuiooap uut?Aclt31
saluuQJ. ap soxopolio saiopuzlie81nAse opus?nC)ossolied sleuu
o81e131Auquugquielanb suuu'elloA ap apt?plunuiooE uuelieil OEUsuuili8çl su anb ap sald
uns a oind Ojuauiloaquooai op alicd uia nollnsai ossl apcpluiapoui ç plsluoloupouuoou
ol5i3ai ep uzal1lns t?!içulpioui)xa ç zaA cllno sou-lida:fai g oluauut?tiodu.ioonas .tuo1ldxa
ap PA11cuia]]e
euuioJcolug y no]!p o anb ]elouassaapu]uoAcns !o1] B]!n]ei8 a]uauua]
ualosuoa cqloosa i3uinu 4ÉPZ/Oft/assimt?lad uicieldO ..plnllno,, cp a api3plun uoo t?p auuou
uia ..o]no]ço,, opor ouisaui uüau'apep11euolot?ic t?po]opeuopueqe uuala]olu ap o)E) ou
aplsai coodg uns ap saçuiale so8olgloos sailsnl! salino ap a saluuQ.Lap uzapuuig y
apcplunuloo pum t31Aq anb iazlp up1l
apod suliupuuuase 'suam)uolJluBlsaluaullpuolaouuaa leioul '..slelouassa,, st?!gp!saluuqt
.auuas 'uicAeql11ieduioa suauioq se sopo) a 'uieAt?8unuioo suauuoq cassa anb uua .iu'gnl
a[anbeN ia]ç]eo nas o opor B a s]p]pioualidst?]auisons t] supuS]]a]uauu]aAuoli)xau!oç]sa
SPlgp! scfno a t?!iopaqus g oluauuloaquoo ofno 'oEssaidxa-o)ne g apepllt?uoloei erro 'o)lno
ulauioq op olapoui ou as-wcAt?aseq slt?ap!sassa 'asllçue pui111tt
uigl saluug.L ap lplouassa
no leinleu apuluoA uu solliosap slBap! se uioo a leloos OE5ezljeuoloPI Puiapouu cp scuiioJ
sc fopoJ allua o)}Uuoo aluait?dp o uaoo uia leluauuepunJ oç5pdnaoaid pnS seuualqoid ap
lolpuuOlunfuoo uunap solaadsu ouus11ulldt?o
op scuiallp sou .teSiaxua B uiplpual 'iaqaM.
xelAi ap olduiaxa y oç5npoid a iolnpoid allua oç5t?lai cu E5uepnuli cuun ouioo OE5eua11c

cp ..elsllulialeuu,, oçslA uns lcllaoi? wulpod OEUspuutxicl/y uieAelladsatl lenitildsa uuialq


.oid uin ouauuguaJ assau .iaA 1?solsodslp tut3Aelsa'sulieput?ui opuaS euiapoua apupaloos
t?usuauioq sop oç5cua11ui? uioo sopupouuoouluie1luas as anb oiplo a ..OAlllsodui! aluaui
leloos,, op «OAljlsod,, aguas uln iapualuaqns lied ..leloos,, ciAeled t?uicAesn lpiaB usEI
oç5cuiio:fsuui] essap oluaweiqopsap uuneu.íapoui ..leloos oçlsanb,, uu uui3lAa slt?ossad
lalu} solnouJAsop apep11unb ap u5ut?pnuialuaiudu clad sopuulospJas-uni1luaSsu1lçu
oiopal sagsnlouoolul!] aluauu\?sopt3plno
uuuAU)!Aaanb uia oduiatouisaul ot?'scuiapouu
slein[]no a s]eloos sag51puoost?puo1]dgoo]ue] uln oçslA ulun uiuie)opu 'a]uauico!)s1]a]ou]
p:ysaluuQ.L iod sopé?!ouanUu!aluauac)lao uleioJ slt?nb se 'opoliad assap saçuialp so8ot !

gloos sledloulid sop i31lolt?uu


cp ollp las apod alueqlauias ollnui oSle 'apcpiaA UN

g16{-Q69í
'lVI)OS VIUOala V)llilOd
O DECLÍNIO DOS MANDARINS ALEMÃES

da comunidade, e não sua fonte potencial. Para eles, a burocracia era de longe a forma
mais perigosa de racionalização da vida moderna, porque asfixiava a criatividade indivi-
dual. De certa forma, tinham tanto interesse na vitalidade cultural e social quanto na
coerência comunal. Buscavam formas de associação que fossem livres e espontâneas,e
não ditadas pelas autoridades e moldadas pela burocracia. Tinham mais em comum com
Brentano do que com Schmoller c Wagncr. Representavam o lado humboldtianoda ten-
são entre intelectuais e burocratas que nunca desapareceu por completo da consciência
mandarim
O aspecto mais inusitado da teoria de Tónnies, no contexto da opinião mandarim
grtodgxa, foi sua sugestão de que, na vida social moderna, as associações de !rabalhado
res eram os elementos.mais promissores em termos de comunidade. Tõnnies não teria
chegado a essa conclusão se não tivesse separado conceitualmente as entidades sociais
:lbstratasdo testemunho empírico disponível sobre diversas sociedades históricas. Suas
escolhas metodológicas foram, portanto, de grande importância para as implicações po
líricas de suas conclusões. O contrasteentre comunidade e sociedade teria levado forço-
samente a uma linha conservadora de pensamento se o conceito de comunidade não
tivesse sido mais do que uma generalização dos fatos sociais do passado. O programa
.lcomodacionista requeria uma tradução seletiva dos valores mandarins para o cenário
moderno. Em sociologia, esse objetivo exigia um exame imparcial das formas associati-
vas, uma análise que fosse inspirada -- mas não indevidamente controlada pelos relatos
dos historiador-ese dos poetas das felicidades passadas. Também nesse aspecto, Tõnnies
estabeleceuum padrão que reapareceriana obra de vários dos principais sociólogos
alemãesdo final do século XIX e início do século XX. Jgda a conççpçaQ.quQesses
bgmeDê..gghamda nova disciplina refletia sua detqlmÓaçêQ.ê.!$Qlar"o vínculo social"
ou ' o reino interpessoal" enquanto capp(2.]pgígmo de pnÃBse-- e de abstração.
Assim, durante as duas décadas seguintesa i8941Georg Simmel desenvolveu sua

sW
sociologia "formal'' da ''interação"( Wec/zse/wírkE(/zg) humana';\Distinguiu eqBre.g "for-
ma" e.g.:>ontqúdgxmaterial39as relações.sociais. Sua idéia era que fenómenoscomo
dominação (ou supraorilénação) e subordinação, estrutui-ascomo as da associação vo-
luntária e padrões característicosda vida social como a polidez, a diferenciação e o
conflito de grupo podem ser descritos e analisadosde maneira puramenteformal, isto é,
sem referência aos propósitos e interessesparticulares dos i-elacionamentos.As associa-
ções voluntárias podem ser constituídas e mantidas por várias razões e podem participar

63. Ver Geolg Simmel, ''Das Problem der Sociologie'', Sc/z/zzo//er.ç


Ja/i/-Z)tlc/l,
18: 1301-1307, 1894; Rudolf
Hebelle, "The Sociology of Georg Simmel: The Forms of Social Interaction", em Bailes, HI.\roW (!/
Socio/ogy, pp. 249-273; Georg Simmel, ''Soziologie dei tlber- und Unterordnung'', .4/7/zív, 24: 477-546,
1907, esp. as definições concisos da p. 447.
8061 '16Z-Ç8Z :9Z 'rt/Z/JUb' .algolotloÁsd-lclzoS aap uasa/U scp iaqQ, 'lauluilS Bioag p9

odun30assau aql-iaoaia:fo assapnd ulgoloolsd ap alogdsa t?pol


anb sla)D saQlsa8ns ianbslenb iu31aot?t?iud opt3iedaid UAclsa 'aluauialuaiedy sleossad
lalu! selou?nUu! selad a leloos oç5uialu! elad ogolgloos op assaialu} o noz11pluaspuady
[eloos u a ]enplAlpu! u}8o]oolsd u al)ua t?ipso o]!nuu et4u11uuin lcõpl} oppinoo.id ]a] oçu

!oJ [auiuilS ap oo]is]ia[ot?.u?o o5ui) uun 'ui]ssy a]ucz]]p](2Lag.Q.pp uoluuçu]p sluuu lednJB
mpla ap OE5daouoo uuin ullaUai oll5do essa scuu :sag5cia)u! ap Opt?8aJ8e uan ouloo seus
sonpJÂÍpu!-ap i?usos tiüin ouuoo OEU '!s uua ..apupâT30s;;"e"FFulJaã suauuoq se allua sleat
sag5t?]aisu aiqos st3]aTduuoo
sleui sag5uo1ldxailiqoosap 'oldloulid uia 'laAJssod las paul
[paiot3 'sospo sassau uigquue] 'su]N se-ila]u! sodn.t8 aaqos suol8glod!) a st?ollsJ)Pisa saga
ezll13iaua8 sup apcplllln c ullluipy suoyloadsa ..sluossadaa]u} splougnL+u!,, su]]nui ap so]
npo id ouuoo souauuguaJ cassa lc]el] o1lçssaoau A qou sc]/y ol;plllnui uuln anb iiilauuua
i3uisaul up il8u oleJ ap uiaoa.n3d'olduaaxa iod 'ololuuoo uln ap salut?dloll-iudse anb t?loaqu
ooatl wapu'plA1laloo euun l? l?o]ug anblsd no apc]uoA l?uin ilnqli]e lou?puas 1?t?iluoo
UApluauun8iu lauiuilS '806T uia opt?ollqnd 'lt?!oos cl8oloolsd aiqos olt?sua UJnN
!oJ.+lpsleuu oonod uin ol1lsanb uuun g oolilduua aluauuleai ialç.iuo
uln nlaa]uooaq] uigquip] aS ept?z11uloadsa
a aluapuadapu!uu1ldloslpt?ulnouioo IPuu
ioJ no eind t318ololoosE naoalaqt?lsa 'uulssy e18olopolaui t?!idgid uns ap znl ç suauuoq
sassap sulioal su iluyapai E elpua} suuu :sala B t?li.tooaaopucnb uia zaA ap a saluuQJ. ap
a xiely ap otllpqci) o t?Auloaidt3lauuualS uuauioqop leinllno oç5nloAa cp le-ia8oll5a.ilp
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seo]]gso]!J sapupiaA sla] sle] uualaA E t?lougp
ua] u i31luool?11iaAp13
st?llN sluinlln9 no suoluuguooa 'seolillod saQlsanb scp leuolouaA
uoo slpuuopnlsa uin ap uil?!i18iauuaollu anb supullulll ..seoÇiglslq sÇal,,sl?llaoiliqoosap
u so8olgloos se iuAal t?!iapod uuuuunq apuplAlle up soduuco se copo) ula OE5Pia)u! ap
suuuio:f su -n?z11eluaanb n1luaS eliglslq cp cllosoly i? ul8ololoos uu t?!A anb olZ5daouoa
uB!)up cp saluuQ.L anb op sleui as-nolsEJi? lauuuilS 'sotuauunS.it?sassau asuq uuo=)
il?lnBu }s cilãÜeÚ êip oplnJlsuÕo oE51uB(55'ãp ÕÍ
arqo uun.,4eloosOÇ5UJa]ilj4p si3unoJ senil ulg] st?uu:salino a soBolgolsd 'si?lsluiouooa 'sal
opt31iolslq iod sopé?pnlÉa opôs uiuqua] çfanb sooli]duua slt?1la]euuuloo ieqleqei] 'euingle
t?plADP uvas 'uiaAap soBo]g]oos' se 'uilssy elougliadxa cp appp11u]o] B sollaouoo snas
wa aluauiuso5io:f a cuullJ8al !eilsqe uu1ldloslp epo} suu :opttaluoo nas ap supra-medas
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up11uaiuu uuaoaiede oçu sieloos suw-ioJ sl?'aluaulialuaplAEI sopiAloAua sleuiioJ sag-iped
se it?z111300J
ap uu!+E opgaluoo ap si35uaia;!p sessap uiglp it?qlo apod oSolgl30s o spuu:sps
ol81lai saglsanb suu no t?o1111od
t?u'eoluuguooa esaiduia uu ladpd uitl iequaduiasap uiap
.od sleloos oç5l?ulpioqns a oç5uuluuop ap souauHgua:f SO st?!içlunTOA sag5t?!oossP ouuoo
aluaullel1llsascl-çpnlsa [aAJssod opuas t?nu]]uoo st3uutsuossad ap sa]uaia:flp sod!] st3]ap

g{61- 069{ 'lV})OS VIUOa1 3 V)llllOd


O DECLÍNIO DOS MANDARINS ALEMÃES

Isso não significa que Simmel confiasse,realmenteem descobertas específicas dos


psicólogos contemporâneos. Na prática, sua('psicologia'iberana verdade um produto do
senso comum, uma questão de l/lslg/zfpessoal embora brilhante. Como também não con
seguiu empreender quaisquer estudos empíricos sistemáticos de comportamento ou opi-
nião de grupo, sua sociologia pura acabou por assemelhar-seao enfoque teórico de
Tõnnies. Na verdade, essa foi uma característicageral da sociologia alemã em nosso pe
ríodo. Pensou-sc que se podiam isolar certas formas persistentes de relação social e nem a
psicologia experimental nem o queTõnnies chamou de sociografla eram necessários para
esse propósito. As analogias extraídas da geometria foram usadas muitas vezes para suben
tender que os padrões sociais em questão, em sua natureza essencial ou "lógica interna:
podiam ser entendidos, talvez ''fenomenologicamente", como padrões. Poder-se-ia obser-
var que essas idéias não se mostraram inteiramente infrutíferas e não eram nada fáceis de
contestar.Além disso, nosso objetivo neste momento é apenas observar que Simmel e
Tónnies tinham muito em comum. Na prática, Simmel diferia de Tõnnies fundamental-
mente na maior variedade de interesses. Em vez de agrupar seus argumentos em torno de
um único tema, contentou-se em escrever várias ensaios desconectados entre si sobre vá
rias formas de interação social. Entre eles, os textos sobre a ütlosofia do dinheiro e sobre a
sociologia da dominação e da subordinação foram certamenteos mais interessantes.
A visão gg.SJWlnel sobre o papel do.dinheiroBa sociedade moderna era condicio-
nada não apenas nor sua própria interpretação dq Maré, como também pela concepção
geral do l(:ãj5italismo,corrente na comunidade mandarim desse período. Os principais
pontos de sua argumentação podem ser formulados nos seguintes termos. O uso do di-
nheiro aumenta a liberdade dos parceiros de muitos tipos de relações sociais. Os contra
tos e as trocas são despersonalizados,à medida que as compensaçõesem espécie se
tornam desnecessárias, ao passo que as noções tradicionais e morais de obrigação são
traduzidas para os termos mais precisos e limitados de uma equiparação financeira. Os
homens não precisam viver uns ao lado dos outros para fazer um negócio. Podem esco-
lher sua residência e seus parceiros com mais liberdade. Mesmo a propriedade torna-se
uma abstração, pois as pessoas não precisam sequer conhecer-sc para terem posse con-
junta de um mesmo bem. Qualquer indivíduo pode participar de uma associação volun
teria, mediante uma simples contribuição em dinheiro, sem amarrar toda a sua pessoa ao
grupo. Torna-se, assim, possível um sistema extremamente flexível e vai-ladode interações
sociais, sistema em que as relações pessoais não precisam desempenharum papel. Um
novo estilo de vida e de pensamento torna-se mais predominante ainda. A vida em grupo
é "t'acionalizada".E criada uma sociedaderelativamentelivre, mas tambémmais ou
menos "atomizada
Na discussão do fenómeno da dominação e da subordinação, Simmel começou
dizendo que a sociologia só podia tratar de situações em que ocorrem entre as pessoas
a a9a!/yl uõÀ'i)Íodoa'l eu1ldloslp t?Aouup alas ou ..IBuliio:f,,oç5t?lua!.io cp iopelio o ouuoo
oploat4uooai !oJ !uiale u18ololoos t?p folia)sod oluauulAloAuasap ou clougnUu} upunlo-td
ulclaolaxa el8olopolaul aiqos sclgp! sons 'osslp uugly soplAIA solduiaxa sollnui ap olaul
iod c111ulsuui]anb siz/glsu! salucql1lq sou a sag5u1lslp sons ap czalllns eu aplsai lauiuulS
ap apPp111?ul81io
y saluuQJ. ap o eiquial oilaqulp o a oç3cloossp B i ]eil ap opoui nas o
opoll souiapoui soduüa] sou co1111od
up laAçlnul ol1lsao uuoo suliepueuu sop OE5ednooaid
B alava.i oç5eulpioqns E a.iqos alt3qapO it?llluiuJ ap oBle uigl sulgp! sessap scllnly
opesst?d ou eio:f anb
op leossad oueld ou upui8a]u! souaui a a[Alt sleui t3.it?u]o] as leÇoos mpla t? anb aql-t?!o
.aacd'oloadsu assau uugquiu.Llcloua8ue] a]uaui A!] lai laAJU uinu aluauulaAulicAu}uioq
.uia 'sodnig a saQ5ela.i su)!nuu uua OB5edlo!].n3duns t? ouJapoui uiauuoq op co1lslialop-ipa
culn CApiaplsuoo 'opouüianblenb a(l slt?unuuoosleui st?uiioJ iod t?uiapouueo1111od
i3plA
t3pelmossit?ui cliylalaos ulnlnalsa up OE51nlllsqns euun aluulpauu opt:usEIou onpJAlpul
op leuoçoouuaoluauullsaAui o ieluauine ap uieliplsoB anb scEaloo se uuoo nopioouoa OEU
[auiuilS 'aluauualuaiudy ouiapouu ]euolouu opu)SH o ouuoo sag5t?loossesapuei8 ap osso
ou laAÇ)saa OAlsualou!sleui oluauilAloAuaap npi8 ouanbad uin opuas 'suossad st?poç5
edlo11icdap sopunbapu slaAJUse lliqoosap ula eollllodoloos OEsaooap st?uialqoid sled
}oulid sop uin anb ulia8nsulgp} essa sopuiapÇIse anb op apcp11cuosiad
pns ap loleuu
aln3d cuun uuoo ealua iapll o anb uua 'oç5cloossc t?uin ap sa]uedlo lied soluça sop saga
!nqliluoo st?u ..osad,, ap apuplen81 uuin ieulBuui} laAJssod UAcqo 't3uiioJ Essa(l iouaui
no volt?uuOEsualxa i3uunuun?ldaoialu! as anb solnoilo ouuoo 'elalduuoo souauu no slpui
e.llaucullap oç5elai no ol5uloossc wa uiuAellua seossad se anb eAclualsns 'lt?!oosOE5
-eialu! t3p \?lilauloa8 ap alogdsa t?ulnN sopeuiaAo8 cicd o]ucnb sa]ueuiaAoS u.ipd o)uiT]
t?liglc81iqoepuiaplsuoo}al uuln E no csol8}lai p5uaiouuin E '..OA1lafqo,,oldloulid uun
t? '..lt?ap},, apupliolne uuin B OE5eulpioqns ulad a lt?nloalalu} u5ueiap11clad leloadsa as
salalu} u!.ilnu 'ui1lepuuuu Olui?nbuE[ sussuuusi3pouiaAog op ]eossaduí! a]uauiielno!].n?d
la)çluo o noquÇlqns a oluauiulaAlu a ouls!)odsap allua OE5e8111euololpuil B naqaoiad
111aAplqot3lq
ap no saqqoH ap 'nalnbsa)uol,y ap sclloa} su pulsauat?!oaiudolulootopi nas
ap a[ipd ulanbup no u]sap sçi] iod 'sazaA sy sag5t?zllciaua8 sc uiasscolJ1lsnranb st?Aoid
iuiuasaidp t?ied seuade OEUa 'soplluas se Jaoalelosa assaslnb as ouuoo ulAaiosg euclp
1loofalou?!.iadxaup a uliglslq 13psopeill selopauc a solduliaxa ap apepalieA apucig pum
nozlllln lauiuilS 'ioliadns a iolialu! allua OE5elai i3pupuqlelap sleui OE5}iosapi3N
saioptngas snas iod o)uod o).iao glu soptnouanllu!
uiula sa.iapll se sopol asunb a ouuallxasleul ouistlodsap o qos ouusauusag5do ap anual
ollao uin a)uauuleia8 uut?qu!]solpssuA se anb 'iesuad eAuuinlsoo as anb op su-iei sleul
olmua uiela sag5cn)}s slp] anb .iuAiasqo B as-nossaidt?lauüuilS sulq pulldloslp Usou CP
ollqul! op eioJ 'oluuliod 'e1lelsa Ojarqo uunouioo seuadt?ioliadns nas iod opBJl?3uaasse:f
iolialu! uin anb wa osso uiO (t/aât//7z/alzaq/asz/iam) senltlui aluauu13ilapepiaA sag513lai

g16{-069{ '1VI)OS VIUOa1 3 V)ll1lOd


O DECLÍNIO DOS MANDARINSALEMÃES

outros sociólogos alemães da década de 1920 devem muito à distinção de Simmel entre
as formas e os conteúdosdos modelos sociais
O outro grande sociólogo alemão do período anterior à guerra foi, evid?!!!gmente,
nelas sociais ajudou a esclarecer alguns

8i;;'iEimógi) categorias analíticas usados porTõnnies, Simmel e seus discípulos. A Eflca


Professa/zfe de Max Weber e seus estudos sobre a sociologia da religião provocaram multas

discussões..Êl!!!ÍWue transpuseram as fronteiras das disciplinas estabelecidas Bo


entanto,oé três aspect(;;)mais interessantesdo p...... ndo a oerspec'
tivadestec;jiM;'Msu ;;:uas .. .
análises de classe e -
Jóia.rus,
da .."''"'.-- -..
!ggUmidaSjgE..ga.burQ!!êçlP
O moderno conceito de classe era um tanto impopular na comunidade académica
alemãdesse período. Implicava estratificação social de acordo com critérios económi-
cos. isto é, de acordo com a riqueza ou com o lugar e a hierarquia objetivos do homem no
sistema capitalista de produção. Por motivos óbvios, os mandarins não gostavam desse
conceito. Não queriam ver a sociedade organizada com base nas classes e, por isso, des-
confiavam da ideia de classe mesmo como instrumento de descrição Tinham suas razões,
é claro. Sobretudo no contexto alemão, os critérios não-económicos de estratificação social
eram óbvios demais para serem ignorados. Eram menos importantes do que haviam sido
outrora. mas ainda tinham importância, particularmentepara os mandarins.
Muitos acadêmicos alemães, entre 1890 e 1930,participaram de extensa crítica ao
conceito de classe. Alguns trabalharam com o tradicional "estado", usando-o como cate-
goria ocupacional. As teorias "estatistas" foram particularmente populares nos meios
ortodoxos no período de Weimar; mas também apareceram antes e em círculos menos
reacionáriosós.A contribuição de Max Weber para a discussão foi uma definição cuida-
dosa de sfafüs em termos de "estilo de vida" e de "prestígT social", que estabelecia uma
separação entre os acréscimos legítimos a uma visão puramente económica da estratifi-
cação e a moralização obscurantista ligada com tantafreqiiência à teoria estatista.Weber
reconheceu, sobretudo, que grande parte da tensão social e intelectual de seu próprio
ambiente decorria de um desequilíbrio repentino e provavelmente temporário entre as
pretensões a uma posição social com base nas condições económicas e as considerações
mais antigas de sfafüs

Quando as bases da aquisição e distribuição de bens süo relativamente estáveis, a estlatiülcação pela
.\ra/l{.çé favorecida. Toda repercussão tecnológica e transfonnação económica ameaça a estratificação pelo .'r/afia.\

65. Um exemploextremoé Olhmar Spann,"Klasse undStand", Handw/irfe/'óu(/lder Staff.\wi.\.\erz.v(/lq/ier!,


4.
Aufl.. Jena, 1923, vol. V, PP. 692-705 . S/ande.vc/zrwirk/ lng u/zdK/a.\.\r/Lól/dl ltg, Berlin. 1905, de Leopolcl
von Wiese, é mais soÊlsticado.

/70
p6 1-€161 dd '8ç61 'ssaid Álls.iaAluR piolho 'lio.\
naN 'sll11/y]qSliM. ') puc q].iag 'H 'H Áq 'pa put?'sut3i] 'í(5'o/o?ioS z//A'XoA's'7
.'iaq-ttl A.'o/y i//o.íy 'aaqaAA.xcIAI '99

leuolouonpa OB3uunoJ
ens ap a elgoloap! ens ap 'ouiapoui oa1lqgdonçuolounJ op oli:f aluauücuiallxa oipunb
uin no5eit 'eo1111odapupliolnc ep IBJaB OBssnoslptensuüaa sasaultlo soft?.ial11
se a.iqos
opnlsa nas uiH opuuuiiolai .ieluawclied uuualsls uan ap oipunb ou soolg-água s031111od

salapll uuassl8ins anb st?5uuiadsa uqu!] anl) olad 'sagsuaaide supunloid uloo ouluuiaqllnB
opoliad op polillod a [i31oost3p]A up OE5uz!)uiooinq p UAU.luouEt po1111oduu oç5uzlt
euoloel up oloadsc uln ouio7'êtoeiooinq elad aluauuiplnallipd as-nossalalu} iaqaAâ.
cuiapoui uia eu sosseosaaluauut?so81iaduit?!oaiedsoquip a lploos OEsaooa apepll
llA uu?Ac1losoquuy sosualu! slpossadialu! soluaLulAloAuaap sepuAliapslenllildsa st?!8
.iauauipla soquiy saluuQJ. ap ip.mlpuapeluoA ç as-pqlauiassp iaqaââ.ap Boas!-iroo 'opll
-uasassaN saç?snlu!si?Aousu1]çssaoauas-uiu.]uuio]soduia] uia soduua]ap anb opoui ap
elouç[sqns pns nlznpa.t uugquuc] 'el-çn]adiad a ul-çz11t3uco lied oplqaouoo 'luuolon]!)su!
oqlaiude O t31iglslqup apt?p11cllA
a oç5 Anual ap leul81io aluoJ E uluasaidatl oo})Jlod
ossaooid op pulnbçui t?panbuuiic ap .lolouu o !oJ iaqaAâ.ap uuus1luoo anb ap ollssaidul! e'
as-uua.LOE5t31uauung.ie
i? cpol ap aluuuloseJ sluuuo)oadsuo 'oluJ ap 'asse a soo11çuislieo
soluauualaap sag5afu!s\?Aoulaiiooo uueliapodoo1111od
tJuia)slsuin ap oç5nloAa
i3p se)uod soluça uua anb UAeqou iaqaA 'osslp ui?ly api3plui1118al ap sod11 SOluÇA sop
suin[sluuuuuioJ soolig]slq souiaAog se sopo] clougssa uuaanb 'oie]o g 'noAiasqo iaqaM.
OEzci up apuplio]nu B a [a]ç.ico o ililnbpt? B cgaqo }al c a !al uia as-puuiolsuci] OE5}pui]
e 'ezluaapoui as .iapod nas anb eplpaw y OE5}pei] ap OElsanb euin sleu zaA upco as-uat?u
ao] t?!ou?!paqo ç sopra.iSusse)}a.ilp sorna 'lua.l uia8ctlutl euin c5auuoo'olduuaxa uln uíoo
}uoy1ldulils lied '0311çuls!.iuo o-ilaiJanB alatio O oluluiop ap ..{euoloel,, a ..lt?Bal,, '..luuolo
}pi3i],,od110lad uplnlllsqns aluauulenluaAaa upuluauualduuoo
a Oluod ollao gle aluaul
el.lessa3au..as-ezlu110-i,,
no as-ezÇluuolonl1lsu}
'ellaupui ussap OB3unlad.iad
l?nsap os
saooid ou 'oluelua ON sool8yui slt?uls a scluguiaiao ap no i }lluie:fu5ucaaq ep olauü iod
[ossaons uun E pp111uisut?.i] ]as apor epi3inini]sasap a]uauieA11elai a lt?ossad g uo11çuus1]po
apupliolm? E 'iaqaAL opunSas 'aluauau3ldlJ. oploapaqo las ap filou?Blxa uns eoy1lsnf anb
.tapll ou' opi3]nduli!u5eiB up uiop o ouioa «l?wslieo,, nlulJa(l «euusliÊ3aap Ollaouoo o nÇZ
npoilu! -iaqalW's IJlod apl?pl.lolm?a apupluilil8al cp lalçluo o aiqos iliqo u'nsuig

.olcloos ol8Jlsaid op ladt3daluniodui! op oç51a.unssaic c.tt?d!nqliluoo a .\'n/Dirá'


ap sc.in:lni:lsascp oluaul
!AloAuasap oe 'odeia:i oplAap nas t.ua 'cAal st:oluiguooa saQ5coty11c.t:lsa stop c5ucpnul t3p oçõu.ialaocsap cpol a

st301uiguooaa scoluog] saQ5cui.io]sue.i] ap sopoliad .iod opucsscd lc.iaS uía oç]sa le)uauit3ptmJ t31ouç].iodut!uia]
salduilsa c.tnclasseioap oç51puooc anb uia sasluda seood3 out3ldOJlau]!ido t3.tt3cl
asst3loap oç5cn]!s t3ze]] a

8{61-069{ '1VI)OS VIUOa1 3 V)llllOd


O DECLÍNIO DOS MANDARINS ALEMÃES

A real posição social do funcionário público é normalmente a mais elevada naqueles lugares, como os
antigos países civilizados, em que prevalecem as seguintes condições: uma grande exigência de que a adminis-
tração seja entregue a especialistas treinados; uma diferenciação socia] intensa e estável. [-.] A posse de diplo-
mas educacionais [...] está ligada usualmente à qualificação pala o cargo. Naturalmente, esses diplomas ou
patentes aumentam o ''elemento .vafus'' na posição social clofuncionário do governo
Somente com a burocratização clo Estado e do direito em geral é que se pode perceber uma possibilida-
de real de separar nítida e conceitualmente uma ordem legal ''objetiva" dos ''direitos sulÜetivos" do indivíduo
que ela garante; de separar o direito ''público" do direito ''privado'
As instituições educacionais do continente europeu, principalmente as instituições de ensino superior
[...] são dominadas e influenciadas pela necessidade do tipo de "educação" que produziu um sistema de exa-
mes específicos e de especialistas treinados, o que está se tornando cada vez mais indispensável à burocracia
moderna
O prestígio social com base nas vantagenspropriamente ditas de uma educação e formação específicas
não é, de forma alguma, peca.aliarà burocracia. Ao contrários Mas o prestígio educacional em outras estruturas
de dominação repousa ein critérios substancialmente diferentes. Dito à moda dos .vogíz/z.ç,o ''homem culto'
mais do que o ''especialista'', tem sido o üm buscado pela educação efonnou a base do prestígio social em vários
sistemascomo a estruturade dominação feudal, a teocráticae a pauimonia]. [...] Por trás de todas as anuais
discussões das bases closistema educacional, a luta clo''especialista" contra o tipo mais antigo de ''homem culto'
está escondida em a]gum ponto decisivo. [...] Essa luta peimeia todas as questões culturais importantes
Por doze séculos, a hierarquia social da China foi determinada mais pelaqualificação para um cargo do
que pela riqueza. Essa qualificação,por sua vez, foi determinadapela educaçãoe, em especial, pelos exames.
A China fez da educação literária o padrão de medida do prestígio social da forma mais exclusiva de todas,
muito mais exclusiva do que aconteceu na Europa no período dos humanistas, ou do que fez a Alemanha.
O exame da China testava se a mente do candidato estava ou não totalmente impregnada cle literatura e

se ele possuía ou não as./};r//!a\ de raífoíúlfo adequadas a um homem culto e resultantes da intimidade com a
literatura. Essas qualiÊlcações foram muito mais características da China do que cloGy/zi/za.\lu/7z
dos humanistas
a[emães. [...] Tanto quanto se podejulgar a partir dos exercícios dados aos alunos dos cursos básicos na China,
eles se assemelhavaln bastante às dissertações pedidas aos alunos dos últimos anos de uin Gy/}z/ia.\ítz//l
alemão.
O dualismo do .ç/ze/le do kweí, dos espíritos bons e dos maus, clasul)stância celestialya/tg em contrapo-
sição à substância terrenayln, [.- sugeria que a taiefü da educação eramdesenvolver a substância Pane' na alma
clohomem. Pois o homem em quem a substância ya/!g predominou [-.] também tem poder sobre os espíritos;
isto é, segundo a idéia antiga, tem poderes mágicos''

Cabe notar queWeber via duas possibilidades ao mesmo tempo: a de um conflito entre o
ideal burocrático e o ideal "culto" de educação, e a de uma fusão parcial dos dois. Sabia
que um conflito era possível, porque ele se alinhava ao lado dos modernistas que haviam
passado a desconfiar da ala cameralista da tradição mandarim. Em todos os outros as-
pectos, os parágrafos deWeber podiam sei lidos como uma formulação da tese mandarim,
embora alguns deles pretendessemreferir-se basicamente às condições chinesas

67. Max Weber, E.ç.çay.çi/t Socio/ogy, pp. 200, 239, 240, 242-243, 416, 428, 436

/72
01 '6 dd 't, 16 1 'BlaqlaplaH 'f'/6/ J.ç'n8ny Z rnD 8rrn/urlíro\'aaH z/az/i.v?pl/p/dolo.t n»ir-ayhi»qu.rp
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