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2014
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Ficha catalográfica
i
Representações sociais e memória
14 coletiva: uma releitura
Martha de Alba
Universidad Autónoma Metropolitana
Iztapalapa - México
Traduzido por Juliana Harumi Chinatti,
do original em espanhol
Introdução
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torna-se parte do senso comum sem, necessariamente, contrapor-se
aos esquemas tradicionais de pensamento, tais como a religião ou a
política. As formas tradicionais de pensamento ajudam a “ancorar” o
novo conhecimento, como a psicanálise, em categorias socialmente
construídas que o tornam compreensível. O processo de ancoragem,
proposto pela primeira vez por Moscovici na TRS, em sua obra semi-
nal, destaca o papel da memória social nas construções simbólicas
que permitem ao homem contemporâneo compreender o mundo em
que vive.
A terceira razão tem a ver com o fato de que a TRS permitiu re-
cuperar a noção de sujeito como ator social, na medida em que este
é considerado um indivíduo ativo que constrói a sua realidade a par-
tir do contexto sociocultural em que está inserido. Sua ação está inti-
mamente relacionada ao sistema de representações que lhe é pró-
prio, tanto de maneira individual como social.
Finalmente, o dinamismo das representações sociais permite in-
tegrar uma dimensão temporal na análise dos processos psicosso-
ciais, o que se mostra em consonância com as rápidas mudanças
das sociedades contemporâneas e permite estudá-las tanto no pre-
sente, como no passado e no futuro. Por essas razões, e certamente
haverá outras que me escapam(2), a teoria das RS tem tido uma boa
acolhida nos meios acadêmicos latino-americanos.
Este capítulo focaliza a dimensão temporal do pensamento so-
cial abordada por duas teorias, RS e memória coletiva, que comparti-
_______________
(2) Jodelet (2000) desenvolve o tema da contribuição da TRS à investigação social na Amé-
rica Latina.
MARTHA DE ALBA
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profundamente marcados pela sociedade a que pertencem, eles têm
o benefício do livre-arbítrio, de escolher certas leituras, certas emis-
sões de televisão, gostos intelectuais ou artísticos. Constroem suas
representações com certa flexibilidade, combinando diferentes co-
nhecimentos a seu modo. As representações refletem também a ex-
pressão do sujeito, com toda sua experiência de vida, seu passado e
sua criatividade. É precisamente por meio da apropriação de uma sé-
rie de conhecimentos, eventos e discursos, aos quais o sujeito é con-
frontado, que se opera a transição do social para o individual e
vice-versa, pois, quando o sujeito toma como sua essa bagagem "ex-
terna", devolve-a à esfera pública sob a forma de conversas, opi-
niões ou ações. Trata-se de formar um quadro de interpretação coe-
rente do real que seja comunicável, que nos permita falar sobre o
que todo mundo fala: dos acontecimentos políticos, científicos, médi-
cos, sociais, econômicos que estão ocorrendo em nosso mundo cir-
cundante. Nisto consiste, principalmente, o trabalho de representa-
ção para Moscovici.
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sistema de valores, normas e princípios que regem a vida coletiva,
mas, ao mesmo tempo, vão modificando esse sistema.
CULTURA
LINGUAGEM
ESPAÇO
TEMPO
Discussão final