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● Oitenta entrevistas no estilo ‘história de vida’, feitas com homens e mulheres heterossexuais de
20 a 45 anos de camadas médias e populares no Rio de Janeiro. O objetivo é compreender as
práticas e valores sexuais em diferentes contextos culturais e a relação entre a vida sexual e as
questões de gênero e subjetividade.
● Hipótese: na classe trabalhadora – média e popular – encontra-se uma visão de mundo holista,
coexistente com o individualismo da sociedade moderna. O sexo está englobado em uma
moralidade também relacionada a valores de família, gênero e reciprocidade, e não é parte
fundamental de uma política identitária ou da construção do sujeito.
Carreiras masculinas
1HEILBORN, Maria Luiza. “Construção de si, gênero e sexualidade”. 1999. In: Maria Luiza Heilborn
(Org.) Sexualidade: o olhar das ciências sociais. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Ed. P. 40-58.
Carreiras femininas
● Camadas médias:
○ São expostas ao ideário individualista, mas não representam totalmente o imaginário do
sujeito moderno, “que tem sua armadura em torno do psicológico e do ordenamento
pela ‘verdade do sexo’” (p. 9).
○ Têm vida sexual ativa, relatam um contexto de repressão sexual por parte da família,
que raramente informa sobre sexo.
○ Há uma rejeição dos papéis femininos tradicionais, em direção a uma vida mais
autônoma e independente do homem, mas também medos e vergonhas relativos às
percepções alheias sobre a sua iniciação sexual.
○ Há relatos de posições assertivas e de desamparo.
○ O amor é essencial e valida o sexo, que é melhor com o afeto.
○ O uso do preservativo é muito mais consciente e as mulheres demonstram-se
suficientemente informadas sobre a prevenção da Aids. Porém, para as mais velhas é
mais difícil convencer o parceiro a usá-lo, enquanto as mais jovens o usam
principalmente para impedir a gravidez, não as doenças sexualmente transmissíveis. A
gravidez também é normalmente a única preocupação dos homens nos relatos das
participantes.
● Camadas populares:
○ Vêem os papéis de gênero como diferentes. O homem aparece como provedor
financeiro e moral, e a mulher como administradora da casa, responsável por cuidar dos
filhos e realizar tarefas domésticas. O trabalho é secundário, para ampliar a renda
familiar.
○ Expressam preocupação em entender os prazeres do parceiro, já que não se conversa
com este sobre sexo.
○ A iniciação sexual é geralmente conduzida pelo homem, e a mulher cede com a
expectativa da contrapartida do casamento. Casar-se e ter sua própria casa representa
uma transição para a vida adulta. A iniciativa masculina da atividade sexual é mantida ao
longo do relacionamento.
○ A infidelidade dos homens é naturalizada, mas não se reflete na prevenção contra
doenças. Há uma noção de risco, porém a negociação do uso do preservativo não
acontece por constrangimento.
3DUARTE, Luiz Fernando Dias. “O império dos sentidos: sensibilidade, sensualidade e sexualidade na
cultura ocidental moderna”. 1999. In: Maria Luiza Heilborn (Org.) Sexualidade: o olhar das ciências
sociais. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Ed. P. 21-30.
4Formado em Direito pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (1972), obteve o mestrado em
Antropologia Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1978) e o doutorado em Ciências
Humanas pela mesma universidade (1985). Fez pós-doutorado na EHESS, Paris (1991). Atualmente é
Professor Titular do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social, do Museu Nacional, da
Universidade Federal do Rio de Janeiro. Tem experiência na área de Antropologia das Sociedades
Complexas, com ênfase em Construção Social da Pessoa, cobrindo temas tais como pessoa, identidade,
doença, família, religião, natureza e modernidade. (Fonte: Lattes)