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Sumário

1. Dimensões da sexualidade humana.........................................................................1


2. Sexo biológico...........................................................................................................1
3. Sexo psicológico.......................................................................................................1
4. A "revolução" sexual.................................................................................................2
5. Família.......................................................................................................................4
6. Homossexualismo.....................................................................................................5
Referências bibliográficas.............................................................................................5
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SEXUALIDADE HUMANA
 
A sexualidade é uma das condições básicas nas quais se encontra instalada a
existência pessoal.  Causa, conseqüentemente, um âmbito peculiar de atuação no
qual se realiza o desígnio vocacional de cada pessoa.
 

1. Dimensões da sexualidade humana


 
A sexualidade humana possui diversas dimensões, tão complexas como a
própria pessoa humana. Provavelmente, a mais notável distorção da no que diz
respeito à compreensão e vivência da sexualidade, nos dias de hoje, seja o
reducionismo, isto é, a redução da sexualidade à uma única dimensão, qual seja, a
biológica. E, em muitos casos, a redução da redução: a concepção da sexualidade
na mera dimensão biológica-genital ou gonádica (órgãos sexuais).  Ora, tal
dimensão existe e é importante, mas não ocupa (se ocupa) todo o tempo da vida. É
necessário atentar e tomar consciência de todas as dimensões da sexualidade, que
são:
 

2. Sexo biológico

 cromossômico (determinação genética do sexo): A fórmula cromossômica


(celular) difere conforme o sexo. Homem: 44A+XY; Mulher: 44A+XX.

 gonádico: refere-se à formação das gônadas, das vias genitais e dos órgãos
genitais externos.

 hormonal: diz respeito à produção de hormônios e o conseqüente


aparecimento dos caracteres sexuais secundários (exercido pelas glândulas
endócrinas - supra-renal, epífisis e tireóide). Por exemplo, as formas
corporais, a barba, o pomo-de-adão e a musculatura no indivíduo
masculino, etc.

3. Sexo psicológico

O comportamento sexual humano é governado pelas regiões elevadas do


córtex cerebral. Desde a imagem da própria sexualidade até o comportamento
sexual é a mente que comanda. O órgão principal da sexualidade humana é o
cérebro (Marc Oraison). A sexualidade humana é, pois, um fenômeno psíquico.
 
Temos ainda a dimensão sócio-cultural, enquanto forma de expressão social
da masculinidade e feminilidade - duas formas de ser e de agir humanos, e a
dimensão existencial, na medida em que, pela sexualidade, se abre a porta de
comunicação interpessoal, é a forma pela qual percebemos o outro e é o lugar de
vivência da vida e da morte. É a expressão da própria vida e consciência da morte (a
necessária perpetuação da espécie, dada nossa mortalidade individual).
 
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Sexo é comunicação, é linguagem, é diálogo intersubjetivo, é o reconhecimento


do outro, é alteridade. É palavra (sinal) que diz verdade ou mentira, amor ou
apropriação do corpo, dominação e apropriação do outro ou doação mútua. A
sexualidade revela o homem como desejo do outro, criando a alegria de viver. E a
sexualidade não existe porque o ser humano possui órgãos genitais. Ele existe
porque o ser humano é um ser sexuado como um todo, tanto corpórea como
psiquicamente. A sexualidade é uma atmosfera dentro da qual os seres humanos
vivem e, por isso, possuem órgãos genitais. Nesse sentido ela é uma das maneiras
através da qual o ser humano se expressa, como ser racional consciente, livre e
corpóreo. Mas ela revela sobretudo a afetividade humana, mundo onde o ser
humano se realiza ou se frustra enquanto tal. Ela se situa na esfera do amor que é
sempre uma esfera sexuada.
 
Os três dinamismos básicos da sexualidade humana

- A sexualidade humana, enquanto força da pessoa, abre-se em três


dinamismos ou bases fundamentais. Um primeiro dinamismo orienta-se para
conseguir a maturidade e a integração pessoal; a sexualidade é uma força para a
construção do eu; é esta sua primeira base. O segundo dinamismo tende a realizar a
abertura da pessoa ao mundo do tu; a sexualidade é que possibilita a relação
interpessoal que culmina na construção de um projeto de vida; neste último sentido,
a sexualidade serve para levar a feliz resultado uma situação ou projeto vital:
celibato, matrimônio, virgindade ou viuvez. O terceiro dinamismo da sexualidade é a
abertura ao nós; trata-se do campo social da sexualidade que serve para construir o
nós dentro de um clima de relações interpessoais cruzadas.

- O comportamento sexual, enquanto agir moral deve conseguir essas três


orientações básicas. O positivo ou negativo da moral sexual concreta pode-se ver
dentro deste tríplice esquema:

 dever moral de integração do EU,


 dever moral de abertura ao TU,
 dever moral de construção de um NÓS.

Estas são as três ações do homem enquanto ser sexual. As falhas e os acertos
no campo da sexualidade devem ser avaliados dentro destes critérios.

O princípio fundamental de todo relacionamento humano (sexual também) é o


de SUJEITO para SUJEITO (O ser humano nunca deve ser tido e tratado como
OBJETO). Portanto, é imprescindível o respeito ao corpo e ao espírito (sentimentos).

 
4. A "revolução" sexual

O determinante mais significativo da chamada "revolução sexual" dos nossos


dias foi o advento dos contraceptivos. Sexo e procriação estavam necessariamente
associados. Com os contraceptivos, tornou-se possível "fazer sexo" sem procriar.
Este fato fundamental haveria de alterar profundamente a própria visão da
sexualidade, com inúmeras e imprevisíveis conseqüências, positivas e negativas em
termos de realização da sexualidade humana.
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Eis  alguns aspectos extremamente negativos daí advindos:

 a sexualidade ganhou extensão mas perdeu qualidade: a "sexualidade de


consumo" vai dirigida ao homem-massa;

 operou-se uma dissociação nos valores da sexualidade: éros x ágape


( sexo e amor - dissociados). Existe na configuração atual da sexualidade
uma hipergenitalização que não corresponde à evolução normal e que
denota uma regressão e fixação a uma etapa infantil ou pré-adolescente
(segundo o pensamento de Freud...);

 como o predominante na sexualidade massificada atual é o quantitativo,


segue-se a necessidade de um aumento contínuado nos estímulos
sensoriais. O umbral de excitabilidade variou; é preciso aumentar a
quantidade de estímulos para provocar a mesma reação. Este é o processo
necessário a que conduz uma sexualidade talhada no estilo de sexualidade-
consumo e baseada excessivamente no aspecto "signo", de cunho mais
sensorial  (na base do reflexo condicionado de Pavlov...);

 reduziu-se muito a sexualidade ao ANONIMATO: não interessa  tanto a


pessoa, mas as "coisas" da pessoa;

 através desta "onda de sexualidade" esconde-se a profunda problemática


humana que hoje afeta tantas pessoas: uma sexualidade reprimida ou
imatura e sobrecompensada na maior parte das vezes. Em muitas ocasiões
a sexualidade, em lugar de ser um serviço para a edificação da pessoa, é
empregada para realizar uma "alienação" pessoal. O homem
contemporâneo aliena-se de muitos modos: a sexualidade é uma das
formas mais generalizadas desta alienação;

 enfim, pela manipulação econômica da sexualidade, gerou-se um consumo


de bens supérfluos, de luxo, modas etc. nos moldes da mesma exploração
ocorrida através da repressão sexual, no passado (ver as origens da
repressão sexual a partir da instituição positiva propriedade privada e suas
conseqüências.

A EDUCAÇÃO SEXUAL, em que pesem as necessárias informações e


orientações sobre os mecanismos da sexualidade humana, deve ter como prioridade
maior a educação da afetividade, a busca do desenvolvimento e da maturidade
afetiva, que se dá através do relacionamento humano sadio e que começa já na
primeira infância ("a criança é pai do homem", dizia Freud).
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5. Família

A família é uma comunidade de amor, com base na união entre um homem e


uma mulher e seus filhos. O amor conjugal significa uma doação mútua, total e
exclusiva, em termos de dedicação, sacrifícios, conquistas e alegrias contínuas. O
primeiro direito que os filhos têm é que os pais se amem, criando uma cobertura
afetiva sobre os mesmos e tendo como resposta o amor filial e o amor fraterno.

Daí surge a segurança para os membros da família, através da afetividade, que


existencialmente é um dos elementos mais importantes para o equilíbrio da
personalidade. Tendo por base o amor e a segurança, surgem personalidades
fortes, marcantes, destemidas, sem serem agressivas ou rígidas.

Nesse clima, torna-se fácil a família ser um lugar ideal para o diálogo entre as
gerações, pois haverá o relacionamento afetivo, o mútuo respeito e a consideração
pelo outro como pessoa importante para a vida de todos.

Ao mesmo tempo na família ocorre a transmissão de valores materiais,


culturais, morais, religiosos e outros, não tanto pelo ensino, mas muito mais pela
vivência. Assim se intensifica o processo da educação para a liberdade e
responsabilidade, criando condições para escolhas dos melhores meios para a
realização da própria pessoa, e, finalmente, o indivíduo tem uma retaguarda mais
firme para introduzir-se nos vários setores da sociedade como escola, trabalho,
lazer, religião, etc.

Na família atual, está ocorrendo uma saudável evolução na forma de exercer a


autoridade. Antigamente era preceito (mandava-se), pressão (obrigava-se) e
punição (castigava-se). Hoje a chefia tende a se exercer mais através da
competência, da comunicabilidade e da capacidade de diálogo, despindo-se do
autoritarismo. Assim, na família, os pais não são mais donos absolutos da verdade
que é imposta rigidamente sobre os filhos, especialmente com ameaças. A
autoridade dos pais sobre os filhos se impõe por si, na medida em que procuram
criar um ambiente de respeito e de busca de autenticidade entre os membros da
família.
 
A necessidade de um planejamento familiar é inquestionável, principalmente
nos dias de hoje. Seus determinantes são de ordem econômico-financeira, enquanto
o casal tem dificuldades em sustentar uma prole numerosa, o alto custo de vida e os
baixos salários (quando não o desemprego) que a maioria da população recebe e
que não permitem dar condignamente moradia, alimentação, educação e lazer para
muitos filhos. Então a decisão é ter uma família pequena. Há também causas
sociais, de saúde (por exemplo, doenças que não aconselham à mãe uma nova
gestação) e até de ordem profissional dos cônjuges. Quanto à escolha de métodos
para o planejamento familiar, cabe ao casal e não a um só dos dois a decisão. É
necessária a consulta a pessoas competentes para obter as indicações mais
seguras. Seja qual for o método   empregado, devem ser respeitados os critérios de:
a) Não atentar contra uma vida já concebida; b) Manter a dignidade dos cônjuges; c)
Não ocasionar prejuízo grave à saúde e ao equilíbrio bio-psíquico dos cônjuges,
nem servir simplesmente ao egoísmo de algum deles.
 
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6. Homossexualismo
 
Parece, fundamentalmente, que ninguém escolhe o homo ou
heterossexualismo. A questão seria assumir-se ou não como homossexual. E esta é
uma questão que depende da consciência da pessoa como indivíduo concreto.
Numa cultura como a nossa, há muitos erros de julgamento, de juízos e de valor a
respeito. Muitos julgam que os homossexuais são maus porque escolheram este tipo
de comportamento. Há uma tendência geral à condenação, à danação, desde
piadas até a idéia de confinamento. É o produto de uma sociedade excessivamente
machista e sem educação. Numa sociedade séria, dever-se-ia estudar a questão,
procurando ver se se trata de um problema biológico ou psicológico. Não se deve
fazer piada com problemas humanos. Problemas humanos devem ser tratados entre
grupos interdisciplinares e resolvidos de modo consciente com a dignidade das
pessoas.

Quanto à conduta moral, os seres humanos só podem ser julgados moralmente


quando suas ações são livres e conscientes. Neste sentido, o comportamento dos
homossexuais (uma vez que a homo ou heterossexualidade não dependem da
liberdade) deve obedecer às normas comuns à heterossexualidade. E certamente
uma atitude de repulsa e desprezo em relação aos homossexuais é imoral. Mas se o
homossexualismo é fruto da liberdade, da escolha, o problema deve ser analisado
também a partir deste ponto de vista.
AIDS

O aidético tem que ser visto antes de tudo como pessoa humana,
independentemente de aspectos morais ou religiosos. Ainda mais, é um ser humano
que necessita de ajuda toda especial devido à característica de sua doença. Ele tem
que sentir a presença amiga de pessoas que o querem bem, não apesar e nem por
causa de sua doença, mas porque ele é gente como qualquer outra pessoa, porque
o que o faz sofrer mais, além de sua situação orgânica, é a solidão, o
distanciamento e o abandono dos outros. Esta solidariedade toca fundo no coração
e pode ser praticada por qualquer pessoa, principalmente pelos parentes e amigos
do paciente e pelos profissionais da saúde que cuidam dele.
 

Referências bibliográficas

- Marciano VIDAL - Moral de Atitudes - Vol.2 - Ética da Pessoa - Editora Santuário.


- Olírio Plínio COLOMBO - Pistas para Filosofar II - Editora Evangraf
- Marculino CAMARGO - Valores da Existência Humana e Ética, Vida e Saúde -
Editora Vozes

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