Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
para que possamos contemplar a Deus e nos tornar como Ele. Aqui
está o que as pessoas precisam de cada dom do ministério:
O DISCIPULADO COMEÇA
COM A CONTEMPLAÇÃO
A segunda carta de Paulo aos Coríntios resume a abordagem do
Novo Testamento ao discipulado:
2 Coríntios 3:18
CONTEMPLAR É CORPORATIVO
Somos transformados enquanto todos nós contemplamos o Se-
nhor. É importante contemplar o Senhor pessoalmente, mas
também devemos contemplá-Lo juntos. As igrejas devem consi-
derar como criar um ritmo contínuo e sustentável de observação
corporativa. A igreja deve se reunir regularmente para contemplar
a beleza de Jesus e responder a essa beleza de forma corporativa.
Na verdade, todo ministério corporativo deve levar à contempla-
ção.
Isso é fundamental para o discipulado porque a vida cristã é
uma experiência corporativa que deve ser vivida em comunidade.
Os cristãos não podem atingir a maturidade plena vivendo vidas
isoladas e individualistas. Como um amigo disse certa vez, Jesus não
é polígamo. Ele não está procurando por milhões de “noivas” que
O amam individualmente. Ele está procurando uma noiva solteira
corporativa, um povo que foi formado em conjunto para ser Seu
companheiro.
Porque Jesus está procurando um povo, e não apenas indivíduos,
o discipulado deve ser um processo corporativo onde amadurece-
mos juntos. Deus não dá tudo de Si mesmo a uma pessoa. Existem
aspectos de quem Ele é que você só encontrará por meio de outra
pessoa no corpo. Existem coisas que o Senhor só falará com você
por meio de outra pessoa no corpo. Não podemos ser completos
em Jesus por nós mesmos. Existem alguns aspectos do discipulado
que apenas venha quando O contemplarmos juntos e então come-
çarmos a viver juntos à imagem do que temos visto. A sua igreja ou
pequeno grupo se reúne para contemplá-lo corporativamente?
1 8 | Discipulado começa com a contemplação
O PADRÃO APOSTÓLICO
Paulo resumiu o coração do discipulado como transformação
através da contemplação corporativa porque sua própria transfor-
mação começou com a contemplação.
O Novo Testamento destaca de maneira única a vida e o pensa-
mento do apóstolo Paulo, mas se lermos o Novo Testamento princi-
palmente como um registro histórico de Paulo e da igreja primitiva,
perderemos a mensagem principal. O registro do Novo Testamento
da vida e do pensamento de Paulo não nos foi simplesmente dado
como registro histórico. Foi-nos dado para que possamos imitar a
sua resposta dele a Jesus.
Paulo é mais do que uma figura antiga. Ele é um protótipo, e de-
vemos modelar nossa busca por Jesus após sua busca por ele. Paulo
é o apóstolo mais proeminente do Novo Testamento, e isso permite
que ele sirva de protótipo por várias razões:
O ENCONTRO DE PAULO
Paulo era um zeloso inimigo do evangelho, mas foi subitamente
transformado ao contemplar a glória de Deus na face de Jesus:
Discipulado começa com a contemplação | 2 5
E ele disse: “Quem és tu, Senhor?” E ele disse: “Eu sou Jesus, a
quem você persegue”.
Atos 9:5
E, caindo por terra, ouviu uma voz que lhe dizia: Saulo, Sau-
lo, por que me persegues?
Atos 9:4
2 Coríntios 3:18
O AVISO DO SINAI
Após sua dramática conversão, Paulo acabou indo para a Arábia.
Não sabemos exatamente para onde Paulo foi, mas sabemos que o
Senhor revelou o evangelho a Paulo após sua conversão durante esse
período. Quando tudo é considerado, é muito possível que Paulo
tenha ido ao Monte Sinai para buscar o Senhor, assim como Elias
havia feito.
Por que Paulo iria ao Monte Sinai? A razão é simples - o Monte
Sinai foi o local do momento mais dramático de observação corpo-
rativa da história. Muitas vezes somos culpados de minimizar o que
aconteceu no Monte Sinai. A presença de Deus era gloriosa. Você
ficaria apavorado se estivesse lá. Foi incrível de se ver. As pessoas
experimentaram um incêndio violento, uma fumaça incrível, uma
nuvem enorme, relâmpagos, trovões e um terremoto combinados.
Quando Deus apareceu no Monte Sinai, Ele veio para o bem de
Israel, mas Ele veio como Deus, e Sua aparição foi espetacular:
Êxodo 19:18-21
Êxodo 20:18-21
A CRISE NO SINAI
O Monte Sinai foi glorioso, mas também trágico. O povo foi cha-
mado a contemplar e ser transformado, mas em vez disso acabou na
idolatria e no pecado. O encontro no Sinai apresenta um aviso de
que a transformação (discipulado) através da contemplação não é
3 2 | Discipulado começa com a contemplação
Moisés disse ao povo: “Não temais, porque Deus veio para vos
provar, para que o temor dele esteja diante de vós, para que
não pequeis”.
Êxodo 20:20
O Senhor quer que Seu povo veja, mas Ele advertiu os israelitas
a não se aproximarem do monte santo por curiosidade. Essa é uma
advertência contra uma abordagem casual da igreja que se aproxi-
ma de Deus para nossa própria diversão e entretenimento, mas não
busca a transformação à Sua imagem. Quando Deus se revela para
que um povo possa contemplá-lo, é uma coisa séria.
Deus se revela ao Seu povo no contexto da aliança, e Ele espera
que respondamos a Ele de maneira pactual.
Somos, de longe, a geração mais educada da história. Temos
muito mais acesso à Bíblia e à teologia do que qualquer outra gera-
ção. Nenhum dos autores bíblicos teve acesso a nada perto do que o
cristão médio tem no bolso em seu smartphone.
Também temos muito mais música de adoração do que qualquer
geração para despertar nossas afeições para a beleza e majestade de
Deus. No entanto, se estamos buscando uma “experiência de adora-
Discipulado começa com a contemplação | 3 9
2 Coríntios 3:7-11
O DISCIPULADO DEVE
COMEÇAR COM DEUS
Antes de olharmos para o padrão bíblico de contemplação, pre-
cisamos considerar por que o discipulado deve começar com a con-
templação.
O discipulado é um processo de construção – está construindo
pessoas. Sempre que você constrói algo, você precisa saber como é
o produto final. Por exemplo, arquitetos e engenheiros produzem
plantas do produto acabado para que os trabalhadores saibam o que
estão fazendo e como fazê-lo. Sem projetos, você não sabe o que está
construindo.
Deus quer formar pessoas que se tornem como Ele, e Deus na
pessoa de Jesus é o projeto – o produto final do discipulado.
O discipulado deve começar com a contemplação porque o dis-
cipulado deve começar com Deus – se você não contemplar Jesus
consistente e intencionalmente, você não sabe como Deus quer que
o homem se torne. E se você não sabe qual é o produto do discipu-
lado, então você não pode discipular corretamente.
4 4 | Discipulado começa com a contemplação
Para isso vos chamou pelo nosso evangelho, para que alcanceis
a glória de nosso Senhor Jesus Cristo.
2 Tessalonicenses 2:14
mesmo - um povo que é como Ele. Ele quer um povo que goste de
viver do jeito que Ele vive, não um povo que suporta certas discipli-
nas para ganhar um prêmio.
Muito mais está em jogo no discipulado do que chegar ao céu.
A questão central do discipulado é: você se tornará como Ele? Você
assumirá a Sua imagem? Quando ensinamos as pessoas a obedecer a
certas regras para escapar do inferno, não as estamos disciplinando.
Estamos enganando-os, convencendo-os de que ganharão a apro-
vação de Deus vivendo de uma certa maneira quando não estão
realmente alinhados com a agenda de Deus.
Se as pessoas não querem se tornar como Deus, não importa
quão “moral” sejam suas vidas e quão saudáveis sejam suas famílias.
Eles não são discipulados, e Deus não está interessado em suas rea-
lizações. O discipulado não é a personificação de Deus; é o processo
de tornar-se como Deus. Um papagaio pode se passar por você, mas
um papagaio não pode se tornar você.
Deus é incrivelmente longânimo. A Bíblia revela que Ele pode
suportar todo tipo de fracasso, pecado e imaturidade em uma pessoa
que realmente deseja se tornar como Ele. Ele não é irracional - Ele é
generoso. Deus também é muito paciente conosco e nos conduzirá
por um processo. Ele conhece nossa fraqueza, e isso não O desen-
coraja, mas Ele quer tudo, e não devemos dar outra impressão às
pessoas.
Mateus 13:44
nos chamou para negar a nós mesmos e abraçar nossa própria execu-
ção para segui-lo. Ele exigia a primeira prioridade em todas as áreas.
Seus requisitos para o discipulado eram incrivelmente altos, e Ele
disse às pessoas que calculassem cuidadosamente o custo de segui-lo
antes de segui-lo. Jesus tinha requisitos muito mais elevados para o
discipulado do que muitos de nós. A verdade é que muitos de nós
achamos os requisitos de Jesus muito exigentes e constantemente
procuramos reduzi-los.
É fácil ler os requisitos de Jesus e se perguntar como Ele esperava
que alguém O seguisse, mas Jesus nunca forçou as pessoas a segui-
-Lo. Na verdade, Ele voluntariamente deixou as pessoas irem. Jesus
nunca esperou que todos O seguissem. Ele procura aqueles que en-
contram alegria nEle. Ele é muito paciente conosco em nossas falhas
e falhas, mas Ele não quer que as pessoas O sigam por dever. Ele
quer ser objeto de deleite de Sua Noiva, como qualquer outro noivo
que se prepara para um casamento.
Jesus seguiu a ordem do Pai de ir para a Sua própria morte por
causa da alegria, e Ele está formando um povo que O seguirá por
causa da alegria e deleite.
Se as pessoas não virem Jesus como um belo tesouro – muito
mais desejável do que qualquer outro tesouro – elas não suportarão
o processo de discipulado. E certamente não venderão tudo com
alegria para obtê-Lo e tornar-se como Ele. É uma perda de tem-
po tentar continuamente discipular pessoas que não acham Jesus
bonito, mas tragicamente há muitos em nossas igrejas que ainda
não viram Jesus como verdadeiramente belo. Como resultado, eles
tentam servi-Lo, mas não vendem tudo com alegria.
5 0 | Discipulado começa com a contemplação
O OBJETIVO É DEUS
Quando pensamos no discipulado principalmente como um cami-
nho para as recompensas celestiais por meio da obediência (o que
não é totalmente errado), podemos facilmente sair do caminho. O
objetivo do discipulado não é o céu; é Deus.
Por exemplo, Paulo nunca desejou o céu. Ele ansiava por estar
com Deus:
O CAMPO DE BATALHA
DA BELEZA
A sede por beleza é uma das coisas que fazem os humanos se-
rem unicos. Nenhuma outra criatura é atraída por beleza como os
humanos são, o que indica que o desejo por beleza é o resultado de
ser feito à imagem de Deus. Nosso desejo por beleza reflete o Seu
desejo.
Um cachorro se contenta em viver em uma favela ou em uma
cobertura. Realmente não se importa. No entanto, os humanos an-
seiam por beleza em todas as áreas de nossas vidas. Quando algo
não é bonito, ou nos afastamos dele ou tentamos remodelá-lo para
torná-lo mais bonito. Somos atraídos por pessoas bonitas, lugares
bonitos e coisas bonitas. Qualquer coisa em nossas vidas que consi-
deramos valiosa, também queremos ser bonitas.
O coração humano anseia pela beleza e a procura. Nascemos
com “olhos gananciosos” que anseiam olhar para coisas que acha-
5 4 | Discipulado começa com a contemplação
Deus não nos repreende por fome e sede. Em vez disso, Ele nos
ordena a comer e beber. Deus não nos repreende por termos apeti-
tes. Ele nos repreende por consumir coisas que não satisfazem. Por
exemplo, se você está destruindo seu corpo comendo comida barata
e não saudável, você não deve parar de comer. Se você fizer isso, você
pode morrer. A resposta não é a abstinência total de alimentos; a
resposta é mudar o que você come — pare de comer comida ruim.
Seu apetite não é problema seu. Eles não precisam ser destruídos; eles
precisam ser redirecionados.
Deus ficou estarrecido que Seu povo não O desfrutasse e bebesse
profundamente do prazer de conhecê-Lo. Ele não conseguia enten-
der por que Seu povo não satisfaria seu apetite por prazer nEle:
Discipulado começa com a contemplação | 5 5
Porque Davi achou Deus lindo, Deus pôde trabalhar com Ele
e moldá-Lo à Sua própria imagem. E, embora pareça escandaloso,
Deus poderia chamar Davi de homem “segundo Seu próprio co-
ração”. Deus não se envergonhou de Seu compromisso com Davi
porque Davi era um homem fascinado. Davi era muito falho, mas
foi capturado pela beleza de Deus e queria se tornar como Deus.
Discipulado começa com a contemplação | 5 7
de nossas igrejas locais por não estarmos dispostos a nos separar das
pessoas que não veem Deus como a atração principal?
Sua beleza deve capturar nossos corações de tal maneira que encon-
tremos nossa satisfação primária nEle recebendo Suas promessas e
Suas recompensas, não em nós cumprindo nossos próprios propósi-
tos. Eu garanto, se você der sua vida para Jesus receber Sua recom-
pensa, Ele cuidará do seu chamado.
Quando um povo discipulado contempla a beleza de Jesus, ele se
liberta da tirania de seu próprio chamado e dá a vida com alegria para
ver Jesus receber Sua plena recompensa.
Deleite-se no senhor...
Salmo 37:4
desfrutem. Ele quer pessoas que encontrem prazer nEle, assim como
Ele encontra intenso prazer em Seu povo.
O discipulado deve produzir deleite.
Muitas pessoas são gratas a Deus pelo que Ele fez por elas, mas
não se deleitam nEle. Sou extremamente grato às pessoas que levam
meu lixo todas as semanas. No entanto, não me deleito com eles. Na
verdade, eu nem os conheço. Minha gratidão pelo povo lixo é muito
real e sincera, mas não é deleite.
Nós projetamos a igreja para que ela leve as pessoas a encontrarem
prazer em Deus? Ajudamos as pessoas a se deleitarem no Senhor ou
apenas servimos a Ele?
Deuteronômio 28:46–47
Você pode servir a Deus e obedecê-lo, mas Ele não está contente
até que você realmente O desfrute porque Ele quer que o desejo de
prazer que Ele lhe deu seja plenamente satisfeito no único lugar que
6 8 | Discipulado começa com a contemplação
pode ser: Nele. Se você ainda não O desfruta, não tema e não fique
desanimado. Nascemos em um mundo caído onde naturalmente
não nos deleitamos nEle, mas Ele nos perseguiu com alegria. O
relacionamento de Deus com você é baseado em Seu desejo, não em
seu desempenho, e é garantido pelo sangue de Seu Filho, não por
sua bondade intrínseca. Se você não se deleita em Deus, não desista.
Abrace o processo de discipulado. À medida que você se envolve
ativamente no discipulado, Deus o transformará e remodelará seus
apetites para que você se deleite nEle.
A ordem de Deus para se deleitar nEle não é outra ordem destinada
a expor como você fica aquém dos requisitos de Deus. É um convite para
uma vida de discipulado para que você comece a experimentar o prazer
inigualável de conhecer a Deus.
DELEITE NA DISCIPLINA
Há momentos em que devemos abraçar a disciplina mesmo quando
não sentimos prazer, mas a beleza de Deus e nosso deleite que o
acompanha em Sua beleza nos dá combustível para as disciplinas
espirituais, porque as disciplinas espirituais são práticas que melhor
nos posicionam para contemplar a Deus, deleitar-se nEle. , e tor-
nar-se como Ele.
Se o desejo de deleitar-se na beleza de Deus não for o combustível
de nossas disciplinas espirituais, elas acabarão falhando ou se tornarão
hábitos vazios.
Vivemos em uma época de “movimentos”, e dois dos maiores
movimentos de nosso tempo são o “movimento de oração” e o “mo-
vimento de adoração”. Se esses movimentos vão produzir o que
Deus quer, eles devem ser construídos sobre o conceito de deleite
Discipulado começa com a contemplação | 6 9
na beleza de Deus.
Há um mistério na oração. É um trabalho árduo, e muitas vezes
as respostas parecem atrasadas ou chegam de maneiras que não es-
peramos. Como resultado, muitas vezes as pessoas podem ficar de-
sanimadas e abandonar lentamente seu ritmo de oração se a oração
for reduzida a petições.
A disciplina da oração é valiosa, mas não é suficiente para alimentar
um movimento de oração.
A oração é muito mais do que promover a atividade do reino de
Deus. Deus nos deu a oração como um presente porque Ele quer
se relacionar conosco. A oração é um contexto de conversa que nos
leva a encontrar Sua beleza. Associamos oração com petições, mas
elas são um pequeno aspecto da oração. A oração é uma oportuni-
dade de buscar a beleza do Senhor e, como resultado, a oração existe
por causa da oração.
Também temos mais acesso ao culto musical do que qualquer
geração na história, e este é um dom profundo se nos leva a delei-
tar-nos em Deus. Quando a adoração se torna uma experiência para
medicar nossas emoções, aliviar nossas ansiedades e nos fazer sentir
melhor sobre nós mesmos, não é mais adoração. É terapia musical.
A adoração deve nos levar a nos deleitar em Deus, não em nós
mesmos, e a abordar nossos problemas mais profundos olhando
para a beleza de Deus. A adoração deve levar ao deleite em Deus,
não à felicidade em um momento. A felicidade é uma emoção pas-
sageira que muitas vezes é muito egocêntrica. Deleite é a experiência
de profundo prazer em uma Pessoa. A adoração deve produzir de-
leite em nossas almas.
7 0 | Discipulado começa com a contemplação
QUAL IMAGEM?
Os seres humanos foram criados para ser a imagem de Deus, então
naturalmente refletimos tudo o que contemplamos e adoramos. Se
não O contemplarmos, inevitavelmente refletiremos outra imagem,
mas através da obra do Espírito Santo podemos cumprir nosso cha-
mado para sermos transformados à imagem de Deus:
a ordem de Deus para adorar é a ordem mais gentil que Ele pode dar.
Existem várias razões pelas quais o mandamento de adorar de-
monstra a afeição de Deus por nós. Primeiro, o que quer que ado-
remos, nos tornaremos semelhantes. A adoração leva à imitação, e os
profissionais de marketing sabem disso talvez melhor do que nin-
guém. Como resultado, eles constantemente fazem com que cele-
bridades e atletas endossem produtos, sabendo que compraremos
produtos porque as celebridades os usam. Podemos não precisar dos
produtos e as celebridades podem não estar qualificadas para ava-
liar os produtos, mas isso é irrelevante porque queremos nos tornar
como objetos de nossa adoração.
Por exemplo, as empresas de calçados pagarão milhões de dólares
para que uma pessoa use seus sapatos porque milhões de pessoas
comprarão esses sapatos se um atleta que eles idolatram os usar. Es-
ses sapatos realmente não farão nada para as pessoas que os compra-
rem, e os compradores não se tornarão subitamente melhores nos
esportes porque usam o mesmo sapato que uma estrela do esporte.
No entanto, os profissionais de marketing sabem que a adoração de
estrelas do esporte alimenta a imitação e as pessoas comprarão sapa-
tos para imitar um atleta, mesmo que esses sapatos não produzam
nenhuma transformação real.
Nas sociedades afluentes, o consumismo é uma religião e uma
forma de culto. À medida que entramos nas lojas (ou compramos
online), encontramos imagens de celebridades e modelos que nos
são apresentadas como semideuses, pois são imagens quase perfei-
tas. Essas imagens são lindas e, como resultado, desejamos imitar
esses indivíduos e somos convidados a imitá-los através da compra.
O ato de comprar torna-se um ato de adoração porque contempla-
7 6 | Discipulado começa com a contemplação
Os humanos foram feitos com desejos sem fim. Tudo o que sa-
tisfaz dura apenas um momento e nunca nos deixa completamente
satisfeitos. Os desejos humanos mais básicos, como interações so-
ciais, descanso, comida ou sexo, podem ser satisfatórios em um mo-
mento, mas não satisfatórios em última instância. O desejo sempre
retornará para mais.
Não fomos feitos para experimentar algo e ficar satisfeitos por-
que nossa capacidade de prazer é infinita. Não somos máquinas que
precisam de manutenção periódica. Somos criaturas emocionais
com uma profunda capacidade de prazer contínuo, impelidos a
buscar e desfrutar continuamente de dimensões mais profundas de
prazer. Na verdade, as pessoas correrão riscos incríveis na vida para
buscar o prazer. Eles arriscarão tudo pela promessa de satisfação. O
desejo de prazer é uma expressão de um desejo projetado para ser
realizado em Deus.
Fomos feitos com desejo infinito, e somente um ser infinito pode
satisfazer o desejo infinito.
A adoração é uma jornada interminável de descoberta porque a
beleza de Deus é inesgotável. A ordem para adorar é um convite ao
prazer. Deus o fez para desfrutar de um prazer intenso, e a adoração
é o ponto de entrada para o prazer mais profundo que o coração
humano pode experimentar.
O PROJETO DIVINO
Deus projetou a história redentora para formar um povo que
contemple a Sua beleza juntos e seja subsequentemente transforma-
do à Sua imagem.
Deus está liderando a história para produzir uma noiva gloriosa
para Seu Filho. Esta noiva é um povo corporativo que será com-
patível com Jesus porque eles foram moldados e formados para se
tornarem como Ele. Jesus esperou milhares de anos por este povo,
e o Pai está ardendo de desejo de dar a Seu Filho esta magnífica
recompensa.
Com isso em mente, precisamos fazer uma pergunta-chave:
como podemos viver juntos para nos tornarmos as pessoas que Deus
quer que sejamos?
Conforme discutimos, a conversão de Paulo o levou a entender
que o discipulado começa com a contemplação. Após sua conver-
são, Paulo estabeleceu novas comunidades eclesiásticas sobre o mes-
mo fundamento da visão corporativa, mas esse padrão não foi uma
8 4 | Discipulado começa com a contemplação
do jardim.
• Vemos os primeiros sacerdotes porque Adão e Eva recebe-
ram uma designação sacerdotal. Eles tinham acesso à pre-
sença de Deus, ministravam a Ele e deveriam representá-Lo
para o resto do reino criado.
• Vemos os primeiros líderes de adoração porque Adão e Eva
foram comissionados para conduzir a criação à adoração.
• Vemos os primeiros missionários porque Adão e Eva foram
ordenados a expandir os limites do jardim para que o mun-
do fora do jardim pudesse se tornar parte do santuário do
templo.
templa. Por exemplo, a vida dos patriarcas era marcada pela prática
de construir altares em lugares sagrados onde encontravam a pre-
sença de Deus. Quando essas histórias são lidas na narrativa bíblica
mais ampla, elas apontam para um próximo santuário de adoração
e enfatizam o desejo de Deus de habitar entre Seu povo. G.K. Beale
sugere que isso indica que a missão de Deus é a expansão de Seu
tabernáculo por toda a terra.
Deus escolheu Abraão e os patriarcas subsequentes para serem
um meio de bênção para as nações, e não é por acaso que suas vidas
são marcadas por encontros com Deus em locais onde eles constro-
em altares. Os altares que construíram e a presença que experimen-
taram foram uma amostra do que Deus tinha em mente. Embora
o pecado tenha criado um grande problema, ele não interrompeu a
intenção de Deus. A missão que Ele começou no Éden continuaria.
Após a queda, Deus colocou em ação um plano para redimir o
homem e produzir a imagem humana que Ele já tinha em mente.
Esse plano nos leva a um evento espetacular em uma montanha.
Já consideramos brevemente esse evento, mas precisamos analisá-lo
novamente.
Deus nunca fez nada parecido com o que fez no Sinai, e foi o
início de Seu plano para um povo corporativo. As fundações lança-
das no Sinai não são relíquias a serem descartadas; eles são uma base
a ser construída. Enquanto a nova aliança torna obsoletos certos
aspectos da aliança mosaica e não devemos nos aproximar de Deus
com base na aliança mosaica, a nova aliança foi dada para expandir
o que aconteceu ao redor do Monte Sinai e permitir que ele tenha
uma expressão muito maior do que tinha no o início.
UM POVO MISSIONÁRIO
Muitas pessoas assumem que as “missões” começaram no Novo Tes-
tamento, mas o êxodo foi o início de um povo missionário. Deus
não libertou os israelitas apenas por causa deles; Ele trouxe o êxodo
para que Ele pudesse ser conhecido. Deus habitando entre um povo
que O contempla é o início das missões, e devemos ler a história
do êxodo como uma história missionária para lê-la corretamente.
Como escreve o estudioso W. Ross Blackburn, Deus formou Israel
com um propósito específico em mente:
A AFLIÇÃO DE UM REI
O encontro no Monte Sinai estabeleceu um povo corporativo, e
o próximo grande desenvolvimento ocorreu cerca de quatrocentos
anos depois. O rei Davi alterou profundamente a expressão de ado-
ração corporativa e o modo de vida de Israel. No processo, ele deu à
luz um incrível prenúncio de onde Deus está conduzindo a história
e preparou o cenário para o que veio no Novo Testamento. Não foi
uma aberração na história — é um fundamento crítico.
Para entender o que Davi fez, temos que começar com sua dor.
Davi era rei e líder do exército, mas vivia como um homem sa-
cerdotal:
Já vimos que Davi foi capturado pela beleza de Deus. Seu anseio
por mais da beleza de Deus produziu um desejo em Seu coração.
Esse desejo nascido de contemplar a beleza de Deus levou Davi a su-
portar dificuldades incríveis, buscando satisfazer esse desejo de que
Deus habitasse entre Seu povo. Davi também queria que seu povo
contemplasse a beleza divina que havia conquistado seu coração.
Davi olhou para o tabernáculo e não ficou satisfeito. Ele sabia
que era o começo do que Deus queria, mas não o fim. Como resul-
tado, Davi viveu com dor e desejo. Essa dor era tão profunda e tão
dolorosa que Davi jurou que não poderia descansar até que Deus
tivesse uma morada entre Seu povo. Ele entendeu que o tabernáculo
era uma morada para Deus, mas não a morada que Deus desejava.
A presença de Deus estava no tabernáculo, e Israel podia se apro-
ximar da presença de Deus, mas Davi sabia que Deus tinha algo
muito maior em mente. Deus queria uma morada entre o Seu povo
para que Ele pudesse desfrutar plenamente do Seu povo e eles pu-
dessem contemplá-Lo. Davi entendeu o desejo de Deus, e o desejo
de Deus se tornou seu desejo. Davi não podia descansar até que
Deus tivesse o que Ele queria.
Quase 3.000 anos depois, o desejo de Deus continua insatisfeito. Ele
ainda não tem a morada que Ele quer. Estamos em contato com o desejo
de Deus? Compartilhamos a aflição de Davi?
Davi não viu o desejo de Deus realizado, e ele viveu com dor e
desejo durante toda a sua vida porque Davi havia determinado que
ele não seria realizado e descansaria até que Deus estivesse. A dor de
Davi não era apenas uma emoção passageira. Ele construiu sua vida
em torno de sua dor e morreu incerto porque Deus ainda não estava
em repouso entre Seu povo.
1 0 4 | Discipulado começa com a contemplação
E ouvi uma grande voz vinda do trono, que dizia: “Eis que
a morada de Deus está com o homem. Ele habitará com
eles, e eles serão seu povo, e o próprio Deus estará com
eles como seu Deus”.
Apocalipse 21:3
CONTEMPLANDO ALIMENTADO
PELA DOR E DESEJO
A dor de Davi cruzou com seu desejo:
Davi. Era a Pessoa Divina que habitava na cidade acima da arca. Ele
era o verdadeiro Rei de Israel.
Davi então fez algo absolutamente chocante. Davi colocou a
arca em uma tenda aberta onde pudesse ser vista. Então ele finan-
ciou centenas de cantores e músicos para ficarem diante da arca e
cantarem noite e dia (possivelmente 24 horas por dia, 7 dias por
semana) sobre a beleza de Deus. Finalmente, ele até permitiu que
pelo menos um gentio, Obede-Edom, também viesse e ministrasse
à arca.
A maior conquista do maior rei de Israel não foi seu exército ou sua
capacidade administrativa. Era um santuário de adoração que incluía
cantar noite e dia a beleza de Deus.
Davi deixou o resto do tabernáculo em Gibeão, onde os sacer-
dotes continuaram a realizar o ministério sacrificial, embora não
tivessem mais a arca da presença de Deus. Foi um desenvolvimen-
to impressionante - o sistema mosaico de adoração estava em an-
damento, mas Deus estava agora abertamente visível no centro da
nação, e o rei e outros contemplaram a glória de Deus e lançaram
canções sobre Sua beleza e Seus propósitos. A presença de Deus não
estava mais restrito ao sumo sacerdote - por meio da liderança de
Davi, a nação estava se tornando um povo sacerdotal corporativo.
Para entender completamente o significado do que Davi fez,
considere o seguinte: Quando Davi moveu a arca sem obedecer aos
comandos precisos de Deus, Deus matou um homem, embora Davi
tenha movido a arca com grande celebração e honra. No entanto,
Davi então pegou a arca e a colocou em Jerusalém e a colocou em
um contexto que violou os mandamentos de Moisés sobre como a
arca deveria ser tratada, e Deus abençoou Davi e o chamou de homem
Discipulado começa com a contemplação | 1 1 1
ELE É DIGNO?
Como vimos quando Deus formou um povo pela primeira vez, Ele
os reuniu ao redor de Sua presença e lhes deu um santuário de ado-
ração chamado tabernáculo. Quando o maior rei de Israel assumiu
o trono, ele forneceu o próximo vislumbre do que Deus tinha em
mente. Ele mudou profundamente a compreensão de Israel sobre o
templo, e as gerações subsequentes consideraram seus mandamen-
tos uma parte obrigatória da adoração no templo.
Como Moisés, o maior rei de Israel organizou a nação em torno
de um santuário de adoração, mas desta vez a presença de Deus era
visível na cidade, além dos sacrifícios contínuos. Davi até permitiu
que os gentios se aproximassem. A mensagem era clara: o sumo sa-
cerdote era mais do que um símbolo da nação; ele era um protótipo
Discipulado começa com a contemplação | 1 1 9
para que toda a terra cante a Deus enquanto Ele habita pessoalmen-
te no santuário na terra. Isso vai ser extravagante além de qualquer
coisa que possamos imaginar, e a missão da igreja é fazer parceria
com Deus para proclamar a beleza de Deus em todos os lugares e ver
um povo enorme formado para permanecer no santuário vindouro.
O TABERNÁCULO EM ANTIOQUIA
A igreja em Antioquia era um templo, mas era algo mais específico
do que isso: a igreja em Antioquia era uma expressão do tabernáculo
de Davi.
Davi estabeleceu o canto como parte central do ministério do
templo, e isso permaneceu até o tempo dos apóstolos. De fato, todo
avivamento depois de Davi restaurou o lugar dos cantores e músicos
no templo. Se a igreja em Antioquia foi modelada a partir de um
templo e os líderes eram sacerdotes, é provável que eles estivessem
cantando sobre a beleza de Jesus em Atos 13:2.
Davi construiu seu tabernáculo sobre dois fundamentos:
esperava que ele fosse o rei escolhido. Além disso, Davi era um ho-
mem extremamente falho, com pecados graves e alguns grandes
fracassos. Mas Deus amou Davi e foi capaz de usá-lo por causa de
seu desejo e sua dor. De maneira semelhante, Paulo é o apóstolo
mais conhecido do Novo Testamento e não foi a escolha óbvia para
trabalhar entre os gentios. Ele havia perseguido a igreja primitiva e
era um judeu devoto.
Como Davi, os gentios foram por muito tempo considerados
párias e, como Davi, os gentios vieram de todos os tipos de origens
e se envolveram em todos os tipos de pecados. No entanto, como
Davi, Deus quer trazer gentios para sua família, e Ele está procuran-
do por gentios que tenham o desejo e a dor de Davi.
CAPÍTULO 11
vívida e pública: O templo está de volta. Deus habita entre Seu povo
novamente. O Espírito foi derramado perto do templo, mas o fogo
caiu sobre um povo corporativo e não sobre um edifício. Deus agora
podia habitar plenamente entre Seu povo sem a separação que existia
no tabernáculo e no templo.
Quando o fogo caiu, as pessoas de repente começaram a falar o
evangelho em muitas línguas gentias que não conheciam. O templo
não era mais um edifício; agora era uma comunidade corporativa,
e os diferentes idiomas indicavam que estava se tornando viral nas
nações. (No entanto, a mensagem foi dada primeiro a Israel e falada
por mensageiros judeus, mostrando que os “ramos naturais” conti-
nuam sendo uma prioridade.)
O tabernáculo e o templo subsequente criaram um contexto
para que doze tribos fossem unificadas em torno da presença de
Deus. Este templo vivo é um contexto para que todas as tribos da
terra se unam em torno da presença de Deus, tornem-se uma ima-
gem de “um novo homem” e vivam como um povo sob um Rei.
Como as doze tribos de Israel, nossas “tribos” têm distinções, mas
somos unificados em um único povo através da presença de Deus
em Seu santuário de adoração.
O conceito de igreja do Novo Testamento foi construído em
torno da ideia de que o templo se tornou viral nas nações. O templo
não estava mais limitado a Jerusalém, e o povo de Jesus tem uma
nova comissão: Vá construir templos em todos os lugares entre os gentios.
Êxodo 29:45
2 Coríntios 6:16
em casa, cuidar dos pobres e servir uns aos outros – devem fluir de um
contexto onde corporativamente encontramos a glória do Senhor juntos.
Ainda percebemos que somos um templo, ou nos desviamos
para um modelo de sinagoga? A sinagoga tornou-se uma forma vá-
lida de manter a identidade quando o templo foi perdido. Era bom,
mas também era um sinal de julgamento, um indicador de que algo
havia se perdido.
A percepção de que a igreja é um templo nos leva a reorientar
o propósito de nossas reuniões. A igreja não existe apenas para o
povo de Deus; a igreja existe para Deus. Nós nos reunimos para
ministrar a Ele, e então para ministrar uns aos outros. As igrejas são
rápidas em considerar como as pessoas desfrutam de seus cultos e
atividades, mas com que frequência os líderes da igreja se reúnem e
perguntam: Deus gosta de nossas reuniões? Ele gostou da adoração? Ele
se deleitou na Palavra?
Devemos considerar maneiras de tornar a igreja acessível às pes-
soas, mas essa é uma consideração importante e secundária. A igreja
é um templo e existe principalmente para Deus e secundariamente
para nós.
O tabernáculo foi construído para que Deus pudesse habitar en-
tre Seu povo, e a igreja é a expressão atual do mesmo desejo. Deus
diz a mesma coisa para cada igreja que Ele disse aos israelitas:
pensamento:
ção; ele revelou a sua justiça à vista das nações. Ele se lem-
brou de seu amor e fidelidade à casa de Israel. Todos os
confins da terra viram a salvação do nosso Deus. Celebrai
com júbilo ao Senhor, toda a terra; irrompe em alegres
cânticos e canta louvores! Cantem louvores ao Senhor
com a lira, com a lira e o som da melodia! Com trombetas
e o som da buzina, faça um barulho de alegria diante do
Rei, o Senhor! Deixe o mar rugir e tudo o que o enche; o
mundo e os que nele habitam! Que os rios batam palmas;
cantem de júbilo os montes diante do Senhor, porque ele
vem julgar a terra. Ele julgará o mundo com justiça e os
povos com eqüidade.
Salmo 98
Isaías 24:4–8, 10
Mais uma vez, Isaías ordena que o povo de Deus cante desde os
confins da terra e em todos os lugares. Isaías conecta essas canções
diretamente ao retorno de Jesus nos seguintes versículos:
A igreja que cantava no final dos tempos era tão importante para
Deus que Ele permitiu que Isaías ouvisse suas canções pelo menos
2.500 anos antes de serem cantadas. Paulo tinha zelo para ver as
profecias de Isaías se cumprirem, então ele deu sua força para lançar
as bases para um povo que canta entre os gentios.
Já se passaram 2.000 anos desde que Paulo entregou sua vida
para cumprir Isaías 24. Vivemos com o mesmo zelo?
CANTORES DO FIM
O homem mais perverso de toda a história não será capaz de que-
brar os cânticos da igreja. Mesmo que muitos sofram e suportem o
martírio, eles lançarão cânticos da grandeza de Deus. O terror desta
besta não obscurecerá sua revelação da beleza de Deus:
Apocalipse 15:1–4
FINALIZANDO A TAREFA
O movimento missionário foi lançado pela dor de Davi e deve ter-
minar assim.
A era terminará com uma multidão de pequenas comunidades
eclesiásticas, como a igreja em Antioquia, que estão adorando e je-
juando. Eles serão capturados pela beleza de Deus, e isso produzirá
uma dor – um profundo desejo – de que Deus esteja novamente na
terra, habitando entre Seu povo como Ele prometeu que fará. As
missões existem para produzir adoração, mas nesta era as missões
também existem para produzir a dor de Davi. Existe para produzir
um povo entre cada grupo de pessoas que, nas palavras de Jesus,
jejuará e chorará até que Ele volte.
Podemos agora resumir alguns pontos básicos que dão precisão
às missões e plantação de igrejas:
que ainda não aconteceu, e isso deve moldar a forma como vemos
as missões e o futuro da igreja. O movimento de missões apostóli-
cas descrito no livro de Atos foi apenas o começo. O movimento
missionário mais espetacular de toda a história ocorrerá no final dos
tempos, quando Deus terminar o que começou e levar a igreja à
maturidade e liberar uma glória sem precedentes.
O que vemos na vida de Paulo, Barnabé, Silas, Apolo, Timóteo,
Lucas, Priscila, Áquila e outros terá uma expressão ainda maior no
final dos tempos. O livro de Atos apresenta a igreja primitiva como
um protótipo de igreja que avança e vence em meio a um ambiente
hostil para nos dar uma imagem da igreja do fim dos tempos que
vencerá no momento mais difícil da história humana.
DISCIPULANDO MISSIONÁRIOS
Os missionários não levam apenas uma mensagem; eles são a mensagem.
Missionários são enviados para que as pessoas possam experi-
mentar uma demonstração em carne e osso da pessoa de Jesus. Não
é suficiente ensinar aos missionários a “mensagem” do evangelho;
eles devem ser discipulados para se tornarem demonstrações vivas
de Cristo. Os mensageiros devem se tornar a mensagem. Nosso trei-
namento tende a se concentrar em ensinar às pessoas o conteúdo da
mensagem, o que é bom, mas também devemos formar mensageiros
para se tornar a mensagem. Essa formação ocorre principalmente
no contexto da igreja, e é por isso que o Novo Testamento é tão
centrado na igreja. Assim, quando Paulo quis treinar jovens líderes,
ele os enviou para a igreja.
Todos os crentes, especialmente os missionários, são chamados a se
tornarem demonstrações imperfeitas, mas autênticas da pessoa de Jesus.
1 7 4 | Discipulado começa com a contemplação
Ore então assim: “Pai nosso que estás nos céus, santifi-
cado seja o teu nome. Venha o teu reino, seja feita a tua
vontade, assim na terra como no céu”.
Mateus 6:9–10
E ouvi uma grande voz vinda do trono, que dizia: “Eis que
a morada de Deus está com o homem. Ele habitará com
Discipulado começa com a contemplação | 1 7 9
está por vir. Portanto, a igreja deve refletir o que vemos no céu, e vis-
lumbres do céu na Bíblia revelam criaturas e santos contemplando a
beleza de Deus e respondendo ao que vêem.
Este é o padrão, e nossas missões devem ser planejadas de acordo com
o padrão.
CAPÍTULO 15
CONTEMPLAMOS A DEUS
NA PESSOA DE JESUS
O discipulado começa com a contemplação, e Deus nos é reve-
lado mais completamente na pessoa de Jesus:
2 Coríntios 4:4
no âmago de Seu ser. Quando você olha para a cruz, você vê Deus
como Ele realmente é o tempo todo – você vê o que estava escondido
nas eras passadas. Antes da cruz, aspectos da natureza de Deus esta-
vam ocultos por Sua glória. Na cruz, Ele foi totalmente exposto pela
primeira vez na eternidade.
Paulo intencionalmente fixou sua atenção neste único assunto, e esse
foco produziu a vida que ele levou.
Paulo descobriu quem era Deus e como ele deveria viver fixando
sua vida na pessoa de Jesus. Se você se sente distante de Deus, a
primeira pergunta a fazer é esta: você fez da pessoa de Jesus seu foco
principal em sua busca por Deus?
Paulo certamente não era perfeito, mas sua vida nos foi dada
como um padrão para nossas próprias vidas em Deus, e seu foco
levanta uma série de questões:
Deus quer nos fazer como Jesus, mas essa é uma imagem que a maio-
ria dos humanos não acha bonita.
Requer a obra do Espírito Santo no coração humano para des-
cobrir a beleza de Deus através da pessoa de Jesus. Jesus é a pessoa
mais bonita, mas Sua beleza não é bela para os padrões desta época,
e se olharmos para Jesus de acordo com as definições humanas de
beleza, não o acharemos bonito. Quando contemplamos Jesus, isso
transforma nossa definição de beleza. Ao contemplá-Lo, isso renova
nossa mente e transforma nosso coração.
Precisamos perguntar seriamente quanto da cultura em nossas
igrejas reflete a beleza de Jesus e quanto da cultura em nossas igrejas
continua a refletir as definições humanas de beleza e sucesso. Muitas
vezes apresentamos Jesus como uma maneira de nos tornarmos um
ser humano mais “belo” ou “bem-sucedido”, e isso é um indicador
de que não contemplamos Sua beleza juntos porque é totalmente
diferente do que os homens celebram naturalmente.
Quando não contemplamos a beleza de Jesus, fazemos Jesus à
nossa própria imagem de acordo com nossos próprios padrões de
beleza, e nossas igrejas se tornam comunidades que podem adotar
uma certa moralidade, mas, em última análise, seguem os mesmos
valores da cultura. Nossas definições de sucesso e beleza parecem as
mesmas da cultura quando não olhamos verdadeiramente para Jesus
e para Ele crucificado. Não apenas refazemos Jesus à nossa própria
imagem, mas o usamos para tentar nos tornar mais bem-sucedidos,
mais prósperos e mais “bonitos” de acordo com as definições erra-
das.
Quando definimos Jesus de acordo com a perspectiva errada de
beleza, então desenvolvemos as expectativas erradas de como deve
1 9 2 | Discipulado começa com a contemplação
CONTEMPLAMOS A DEUS
PELO ESPÍRITO
Quando nascemos de novo, recebemos o dom imensurável do
próprio Espírito de Deus. O Espírito que habita nos transforma em
uma “nova criação”, que é mais literalmente uma “nova espécie” ou
um “novo tipo de humano”. Por vivermos em corpos caídos e co-
nhecermos nossas fraquezas, facilmente ignoramos e minimizamos
o dom do Espírito. Ainda não experimentamos a plena realidade
do que nos foi dado, mas isso não muda o fato de que recebemos o
dom de Deus e que nos transformou no âmago do nosso ser.
Fé e confiança no poder do novo nascimento e na habitação do Es-
pírito são vitais para contemplar Jesus.
Se você é um cristão, Deus agora habita em você tão profun-
damente que você não pode mais separar quais partes de você são
humanas e quais são Deus. Você não se tornou Deus, mas você se
tornou um humano como Jesus. O processo contínuo de discipula-
1 9 8 | Discipulado começa com a contemplação
Jesus prometeu que o Espírito falaria as coisas que Ele ouve para
nós. Por meio do Espírito Santo, temos acesso direto à conversa
do Pai e do Filho para que possamos saber o que estão pensando
e sentindo. Jesus também prometeu duas vezes que o Espírito iria
glorificá-lo, fazendo-nos conhecer as coisas que pertencem a ele.
Na noite anterior à Sua morte, Jesus fez uma promessa de que o
Espírito nos capacitaria a contemplá-Lo e ter acesso à revelação divina.
Assim, Paulo enfatizou que nossa transformação e nossa visão
corporativa vêm do Espírito:
tiveram, então podemos ter certeza de que o Espírito nos levará a con-
templar Deus.
A NECESSIDADE DE CONFIANÇA
A habitação do Espírito nos foi dada para que possamos contemplar
a Deus e nos tornar como Ele. Portanto, se negligenciarmos a obra
do Espírito, não poderemos contemplar Jesus ou ser transformados
da maneira que Deus deseja. Muitas pessoas pensam que cooperar
com o Espírito acontece na maior parte no contexto de uma expe-
riência mística ou um encontro emocional, mas há muito mais na
vida no Espírito.
A principal maneira pela qual a maioria das pessoas negligencia a
obra do Espírito é não colocar sua confiança no que a Palavra de Deus
diz.
A confiança na habitação do Espírito e no sangue de Jesus são
a chave para contemplar Deus. Não contemplamos Deus com base
em quem somos em nós mesmos ou no que fizemos. Somos capazes
de contemplar Deus por causa do que Jesus fez e pelo dom do Es-
pírito, e devemos ter absoluta confiança no sangue de Jesus. Se você
tem o Espírito que habita em você, Jesus quer que você saiba que o
Pai o ama tanto quanto Ele ama a Jesus Se você quer conhecer esse
amor, deve confiar no que Jesus fez e permitir que o Espírito revele
o amor de Jesus. para você.
A habitação do Espírito nos foi dada para que possamos
contemplar a Deus e nos tornar como Ele. Portanto, se não
acreditarmos em tudo que a Bíblia diz sobre Sua presença interior,
não poderemos contemplar Jesus, nem seremos transformados.
Muitos de nós duvidamos do que a Escritura diz porque estamos
2 0 2 | Discipulado começa com a contemplação
CONTEMPLAMOS A DEUS
EM SUA PALAVRA
Deus se revelou em Sua Palavra para que possamos saber quem
Ele é:
No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o
Verbo era Deus.
João 1:1
Suas interações passadas com Seu povo e Seus inimigos nos levam a
descobrir como Ele quer se relacionar conosco.
A Bíblia não foi escrita para dar ao mundo um registro histórico.
É um registro das palavras e ações do Deus vivo compilado para que
você possa descobrir quem Ele é, como Ele quer se relacionar com
você, como você deve se relacionar com Ele, o que Ele gosta, o que
Ele odeia, o que Ele fez, o que Ele está fazendo e o que Ele fará.
Se você ama profundamente alguém e está separado dele, as
mensagens que você tem dessa pessoa se tornam incrivelmente
preciosas. Cartas e e-mails são lidos repetidamente porque são
ferramentas escritas para olhar para a pessoa que escreveu essas
palavras. Esses registros escritos podem ser compartilhados com
amigos para que eles possam conhecer a pessoa também através das
palavras. A Bíblia é muito semelhante; é uma rampa escrita para
contemplar Deus. Através das palavras de Deus, podemos encontrá-
lo.
João foi informado que o coração da profecia bíblica foi dado
como um testemunho de Jesus.
Jesus.
Deus nos deixou um registro escrito de Seus pensamentos,
emoções, ações e planos para que pudéssemos descobrir quem Ele é.
temos?
Não compreendemos totalmente as riquezas que nos foram entregues
gratuitamente. Agora mesmo Deus está inundando a terra com a
Palavra de Deus, e isso é totalmente sem precedentes.
A revolução digital produziu coisas boas e ruins, mas não há
dúvida de que Deus a está usando para saturar o mundo com Sua
Palavra. Poucos anos atrás, as Bíblias tiveram que ser impressas e
transportadas por todo o mundo. Agora, as Bíblias estão disponíveis
gratuitamente e instantaneamente em quase todos os lugares do
mundo em dispositivos que estão no bolso de todos. A revolução
digital é tão difundida que é fácil perder de vista como nosso mundo
mudou drasticamente em poucos anos.
A revolução digital não é sobre Netflix, Facebook e YouTube – é
sobre acesso gratuito à Palavra de Deus.
O desafio de nosso acesso inigualável à Bíblia é que as pessoas
tendem a não valorizar as coisas que são gratuitas e facilmente
disponíveis. Para usar uma expressão idiomática, “familiaridade
gera desprezo”. Por exemplo, um casal que está namorando valoriza
profundamente cada momento que podem ficar juntos porque
o tempo juntos é precioso e limitado. Quando eles são casados
e têm acesso constante um ao outro, porém, eles começam a se
desvalorizar ao longo do tempo. Você pode dizer honestamente que
valoriza a Bíblia em seu smartphone tanto quanto valoriza a Palavra
se houvesse apenas uma única cópia compartilhada em toda a sua
igreja?
Temos uma oportunidade sem precedentes de meditar profundamente
na Palavra de Deus, e devemos aproveitar a oportunidade.
Deus lidera a história, e Ele está inundando o mundo com a
2 0 8 | Discipulado começa com a contemplação
Atos 16:25
Observe com atenção então como você anda, não como insen-
sato, mas como sábio, aproveitando o tempo da melhor ma-
neira, porque os dias são maus... dirigindo-se uns aos outros
em salmos e hinos e cânticos espirituais, cantando e entoando
2 1 4 | Discipulado começa com a contemplação
CONTEMPLAMOS A DEUS
EM SEU POVO
Somos transformados ao contemplarmos Jesus juntos corpora-
tivamente, mas também somos transformados ao contemplarmos
Jesus na assembléia corporativa. Quando Paulo encontrou Jesus em
Atos 9, ele ficou completamente atordoado e teve apenas uma res-
posta para a majestade que encontrou: Quem és tu?
O Pai responde a cada oração que Jesus faz, o que significa que a
igreja deve se tornar tão parecida com Jesus que ela é uma testemu-
nha inegável de que Ele existe e que Ele é o Humano Divino que
desceu, ascendeu e descerá novamente. Se Jesus quer que o mundo
O veja em Seu povo, então Ele também espera que possamos con-
Discipulado começa com a contemplação | 2 2 3
O CABEÇA DE UM CORPO
Em todo o Novo Testamento, a igreja é referida como o “corpo” de
Jesus e esta analogia tem implicações significativas:
Deus criou tudo na criação para se dar a conhecer, mas Ele for-
mou a igreja para uma função única, e a revelação da glória de Jesus
2 2 4 | Discipulado começa com a contemplação
CONTEMPLAMOS A DEUS
EM ORAÇÃO
Se você quer conhecer alguém, você tem que falar com eles. Você
não pode esperar conhecer alguém profundamente se você apenas
ler sobre eles ou confiar em terceiros para descrevê-los para você.
Deus nos deu Sua Palavra como material de conversa com Ele. Falar
a Palavra de Deus de volta para Ele é uma das melhores maneiras de
se envolver em oração. Quando você dedica tempo à oração, pode
ou não sentir a presença de Deus de maneira forte, mas sabemos
que Deus nos deu Seu próprio Espírito, o que significa que Ele está
presente conosco mesmo quando não o sentimos.
Em muitos casos, estamos perdendo a visão de Deus porque não
reservamos consistentemente tempo para falar com Ele e nos relacionar
com Ele como pessoa.
Muitas pessoas pensam que você contempla Deus em oração pe-
dindo a Ele que se revele e depois esperando que algo espetacular
2 2 8 | Discipulado começa com a contemplação
CONTEMPLAMOS A DEUS
EM JEJUM
As pessoas normalmente recorrem ao jejum em situações extre-
mas, como quando precisam de uma resposta imediata ou liberta-
ção de uma situação grave. O jejum pode ser apropriado nessas situ-
ações, mas, como vimos, Jesus enfatizou outro motivo para o jejum:
Mateus 9:15
tretenimento sem fim. Muitas coisas que são “boas” ou “bem” estão
espremendo nossas vidas em Deus.
Há uma razão pela qual monges e outros ao longo da história
se retiraram da sociedade para descobrir Deus. Não precisamos nos
tornar eremitas, mas precisamos nos afastar de muitas coisas que
consideramos essenciais se quisermos descobrir o conhecimento de
Deus. Durante anos, temos dito aos crentes que eles podem “ter
tudo”, mas é simplesmente uma mentira. É hora de expor o engano
da vida “plena” e buscar a vida de jejum.
É hora de uma geração inteira abraçar um estilo de vida de jejum
para contemplar Deus.
CAPÍTULO 23
Todas as coisas foram feitas para Jesus para que o Deus invisível
pudesse ser conhecido:
Deus enche Sua criação, e Ele encherá sua vida. Ele o levará a
contemplá-Lo enquanto você se envolve com Ele e se afasta das
coisas que capturam sua atenção. Ele quer ser conhecido e quer ser
visto, mesmo nas menores áreas de sua vida.
CAPÍTULO 24
TRANSFORMADO PELA
CONTEMPLAÇÃO
À medida que nos engajamos nos “meios de graça” que Deus nos
deu, nós O contemplaremos. É fácil ser atraído por experiências in-
tensas – e Deus provavelmente lhe dará um punhado de momentos
dramáticos em sua vida, mas momentos dramáticos não são o ob-
jetivo do discipulado. Encontramos sucesso na transformação, não
em reuniões mais emocionantes.
O objetivo de contemplar Deus como um povo corporativo não é ter
experiências mais emocionantes, mas tornar-se como Deus.
Os humanos foram feitos para carregar a imagem de Deus, o que
significa que somos criaturas que refletem Sua natureza, Seu caráter
e Sua beleza. Jesus é o único Humano que é uma imagem perfeita e
completa de Deus:
Apocalipse 22:4
UMA COMUNIDADE
QUE CONTEMPLA
A igreja local foi projetada por Deus para ser uma comunidade que
contempla Deus junto.
Os seres humanos são feitos para viver em comunidade porque
o próprio Deus vive em comunidade, mas a comunidade nunca foi
feita para se tornar um objetivo em si mesma. Quando a comunida-
de se torna nosso objetivo, nos tornamos egocêntricos e a satisfação
se torna ilusória. Quando fazemos da comunidade o objetivo final,
podemos ter uma agenda social muito cheia, mas ser incrivelmente
solitários e insatisfeitos.
As pessoas encontram a experiência mais profunda de comu-
nidade quando se reúnem em torno de algo maior que elas mes-
mas. Quando as pessoas dedicam totalmente suas vidas a uma causa
maior do que elas mesmas, descobrem uma intimidade única entre
si e escolhem voluntariamente fazer sacrifícios significativos. Por
exemplo, as pessoas que defendem seu país juntas em uma guer-
2 4 8 | Discipulado começa com a contemplação
IMITAÇÃO
A aprendizagem e o desenvolvimento humano baseiam-se na imi-
tação. O exemplo mais óbvio disso é a maneira como as crianças
imitam seus pais, mas as pessoas em qualquer ambiente social imi-
tam umas às outras. Enquanto pensamos na educação como um
processo intencional, a grande maioria da aprendizagem humana
vem através da imitação. Estamos programados para aprender por
imitação em todas as áreas da vida, por isso somos transformados
principalmente ao contemplar a pessoa de Jesus e imitá-lo.
A aprendizagem não é apenas imitativa, é relacional. Ao con-
templarmos Jesus, também O experimentamos através do Espírito
e dos outros meios de graça que identificamos. Com o tempo, não
apenas descobrimos quem é Jesus, mas desenvolvemos um relacio-
Discipulado começa com a contemplação | 2 4 9
forme à semelhança de Jesus? Você quer amar como Ele amou? Você
está disposto a ser incompreendido do jeito que Ele foi? Você quer
ser paciente com seus inimigos e seus seguidores que são imaturos?
Você está disposto a abraçar o sofrimento? Você quer se tornar uma
manifestação de Jesus para um povo ou apenas ensinar princípios
sobre Jesus?
Jesus não é uma inspiração moral para nós; Ele é um padrão a ser
duplicado em nossos próprios corpos.
Simplesmente dar mensagens inspiradoras que apontam para
Jesus não é suficiente para a liderança bíblica. Saber muito sobre
Jesus também é insuficiente. A igreja não pode chegar à maturidade
usando os paradigmas de liderança do mundo porque uma corpo-
ração e uma igreja não são a mesma coisa. O cristianismo do Novo
Testamento requer um paradigma de liderança baseado na imitação
de Jesus.
As comunidades da igreja são transformadas pela imitação, e essa
imitação deve começar pela contemplação de Jesus. Paulo chamou
seus discípulos para imitá-lo para que aprendessem a Jesus. Se as
pessoas o imitassem, elas aprenderiam Jesus ou apenas aprenderiam
você? As pessoas podem imitá-lo ou apenas aprender com seus ensi-
namentos? As pessoas aprendem principalmente por imitação, por
isso não é suficiente para um líder ser bem educado. Esse líder deve
ser capaz de comunicar Jesus.
Quando procuramos líderes, normalmente procuramos os mais in-
formados e talentosos, mas precisamos de líderes que possamos imitar
com confiança à medida que seguem a Jesus.
2 5 4 | Discipulado começa com a contemplação
DISCIPULADO BÍBLICO
Contemplar a Deus deve ser o foco central do discipulado. Você
provavelmente adotará ritmos, hábitos ou disciplinas específicos
como auxílio ao discipulado, mas o que quer que você adote, deve
ser projetado para permitir que você e seus discípulos contemplem
Deus. Como uma comunidade da igreja, você deve desenvolver cui-
dadosamente seu ritmo de vida juntos para que leve à contempla-
ção. Cada aspecto do ministério na igreja deve fluir da contempla-
ção e deve levar as pessoas a contemplar.
A expressão da vida juntos como igreja pode variar bastante.
Serviços e reuniões podem ser estruturados de forma diferente em
diferentes contextos. Contemplar não é um modelo; é um valor. O
Novo Testamento nos dá muita liberdade na forma como estrutu-
ramos nossas reuniões e encontros, mas nossas atividades devem ser
projetadas para permitir a contemplação. As estruturas podem ser
úteis, mas não podem se tornar o objetivo. O objetivo é olhar para
o Humano Divino.
Israel recebeu uma estrutura ordenada por Deus para adoração,
mas tragicamente se desviou do valor da contemplação. A adoração
deles tornou-se uma tentativa tímida de garantir a bênção de Deus,
e essa abordagem era tão repulsiva para Deus que Ele desafiou Israel
a encerrar o ritmo de adoração que Ele havia ordenado. As estruturas
são úteis, mas os valores são a chave.
Comportamento e autodisciplina são muito importantes, mas
não são a medida do sucesso. O discipulado é bem sucedido quan-
do nos tornamos como Deus. Não podemos ficar satisfeitos com o
comportamento moral. O discipulado é um processo, e o Senhor
Discipulado começa com a contemplação | 2 5 5
UM RITMO DE VIDA
Precisamos examinar cuidadosamente nossos ritmos de vida como
indivíduos, famílias e comunidades da igreja e nos perguntar: Meu
modo de vida maximiza minhas oportunidades de contemplar Jesus e
me leva a me tornar como Ele?
As pessoas são mais transformadas pelo seu ritmo de vida e pela
sua comunidade. Por exemplo, uma criança aprende a se tornar
uma pessoa experimentando sua comunidade e imitando-a. Ao
contemplarem, eles são transformados. Este é o método humano
fundamental de desenvolvimento, e também se estende à vida
espiritual.
As pessoas não aprendem cultura; eles aprendem ao serem imersos
nele. Se você cresce em uma determinada cultura, você reflete essa
cultura em todas as áreas de sua vida. Você vai achar certas coisas
engraçadas, adotar certos maneirismos e formar certos valores, não
porque você foi ensinado, mas porque você esteve imerso em uma
cultura. Se você aprender informações sobre uma nova cultura, mas
não estiver imerso nessa cultura, quando tentar imitá-la, será muito
estranho. Se você quer que as pessoas aprendam uma nova cultura,
elas precisam estar imersas nela ao longo do tempo. Eles não vão
mudar de repente, mas com o tempo eles vão subconscientemente
assumir uma nova cultura, e seu comportamento e valores serão
transformados.
A informação não é suficiente para transformar as pessoas. A trans-
formação requer um contexto. Esse contexto é a igreja. É o lugar onde a
cultura bíblica é demonstrada. Quando estamos imersos nessa cultura,
somos transformados e, portanto, o discipulado bíblico deve ocorrer em
Discipulado começa com a contemplação | 2 5 7
uma comunidade.
Em muitos casos, nosso cristianismo é estranho porque
aprendemos informações, mas não as vivemos juntos em
comunidade. Sabemos o que a Bíblia diz, mas não deixamos a
Bíblia moldar nossas vidas de forma abrangente, e estamos tentando
viver os mandamentos da Bíblia sem o contexto que molda essa
obediência. Devemos adotar a cultura bíblica como nossa cultura
nativa. À medida que remodelamos nosso ritmo de vida juntos,
descobriremos que a cultura resultante acelera nossa transformação
e torna possível nos tornarmos mais semelhantes a Jesus.
Muitos aspectos de sua vida atual são reflexos dos contextos nos
quais você está imerso. Existem aspectos de sua vida que você não
pode escolher, mas se você quer ser transformado, você deve tomar
decisões com os aspectos de sua vida que você pode controlar. Seu
ritmo de vida agora determinará quem você será daqui a dez anos. Se
você moldar intencionalmente seu ritmo de vida individualmente e
em comunidade, será mais parecido com Deus em dez anos do que
é hoje e O conhecerá mais intimamente do que agora.
A coisa mais poderosa sobre ter um ritmo de vida é fazê-lo juntos
como uma comunidade:
CONTEMPLE JESUS
E SE TORNE COMO ELE
Contemplar afeta todas as áreas de sua vida: