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EDUCAÇÃO E SEXUALIDADE

“O trabalho educativo é o ato de produzir, direta e


intencionalmente, em cada indivíduo singular, a
humanidade que é produzida histórica e coletivamente
pelo conjunto dos homens.” (Dermeval Saviani)

Especialização em
Fundamentos da Educação
SEXO E SEXUALIDADE:
UM PROCESSO EVOLUTIVO
A vivência da sexualidade passou por diferentes fases ao longo da
evolução cultural e biológica do ser humano: ora natural e
despercebida; ora sutil, secreta, reprimida e pecaminosa; ora aberta,
pública e amplamente divulgada.
O processo evolutivo que moldou comportamentos sexuais, até a
atualidade, ainda precisa ser compreendido de forma mais abrangente
e profunda.
É possível entender sexo como a marca biológica, a caracterização
genital e natural, constituída a partir da aquisição evolutiva da espécie
humana como animal. Já sexualidade é um conceito cultural, inerente
à espécie humana, constituído pela qualidade, pela significação do
sexo.
A sexualidade tem sido descrita, compreendida, explicada, regulada,
estudada, normatizada sob várias perspectivas e campos disciplinares.
SEXUALIDADE:
MUDANÇAS COMPORTAMENTAIS
DA PROCRIAÇÃO PARA A PRAZEROSIDADE:

Atualmente, vive-se a sexualidade e se expressa publicamente, em


razão de todo um processo cultural de globalização e de midiatização
que tudo publica e tudo dissemina.
Os fatores que determinam as mudanças comportamentais dos seres
humanos, em relação à sexualidade, são produtos de uma evolução
cultural/biológica.
Constantemente a sexualidade se depara submersa em um espectro de
valores morais, demarcados e demarcadores de condutas, usos e
hábitos sociais que se remetem a mais de um sujeito.
O ser humano vive num ambiente “sexualizado” e os discursos sobre
sexualidade tecem todos os domínios da vida cotidiana, de forma
ambígua, apelativa, problematizadora, mistificadora e condicionadora.
A Concepção de Sexualidade
Michel Foucault e Sigmund Freud
Para Foucault, a sexualidade é vista como um dispositivo histórico de poder jurídico-discursivo, um
operador de dominação normatizador, um elemento eficaz de controle sobre o sujeito e a
sociedade;

O corpo se torna objeto e alvo de poder: instrumento do desejo, do prazer, lugar privilegiado de
sensações, lócus do sexo anato-biológico, por isso deve ser controlado, disciplinado e vigiado;

A sexualidade, de origem capitalista burguesa, é estendida ao proletariado como forma de


obediência, sujeição de classe, em que a sociedade não obrigou o sexo a se calar ou a se
esconder, ao contrário, o incitou a confessar-se e a manifestar-se.

A compreensão do caráter social da sexualidade é definida pelas elaborações histórica, política e


contextual, explicadas pelas manifestações sociais e históricas, cujas formas e variações podem
ser identificadas no contexto em que se formaram.

A sexualidade é aprendida, construída pelo próprio sujeito e, em grande parte, condicionada por
sistemas de valores familiares, culturais e sociais vigentes, muitas vezes, reforçados, reprimidos e
normatizados por influências religiosas e morais, os quais submetem a criança a determinados
modelos ideológicos.
O Sexo nas Teorias Foucaultianas

Talvez se possa dizer que, efetivamente, muitos já admitem que as dicotomias


homem/mulher, heterossexual/homossexual não dão mais conta das muitas
possibilidades de viver os gêneros e as sexualidades. Embaralhamentos
desafiam classificações. Fronteiras são, constantemente, atravessadas. Novas
posições são nomeadas.
Na ‘ars erótica’, a verdade sobre o sexo é extraída do próprio prazer (o secreto),
e não instituída por uma lei prescrita entre o lícito e o ilícito, o permitido e o
não permitido. Já a ‘scientia sexualis’, controladora do corpo e dispositivo
da sexualidade humana, produziu uma verdade (saber-poder), um discurso
científico e uma tecnologia sobre o sexo.
A Sexualidade segundo Sigmund Freud

O pensamento psicanalítico busca compreender a natureza do


instinto sexual e de suas variações com relação ao objeto do
desejo. Baseia-se na sexualidade vinculada ao registro
reprodutivo, no campo da ética e do desejo.

Para Freud, a sexualidade se define como uma articulação com a


heterossexualidade pertinente a uma dimensão reprodutiva-
biológica e que nega toda e qualquer possibilidade de arranjo –
a sexualidade infantil e senil e os outros desvios –
homossexualismo e perversão.
A Sexualidade na Escola
De acordo com o RCNEI – formação pessoal e social, a sexualidade tem grande importância
no desenvolvimento da vida psíquica das pessoas, pois independentemente da
potencialidade reprodutiva, relaciona-se com o prazer, necessidade vital nos seres
humanos.

Nos PCNs está muito bem explicitado que trabalhar com sexualidade não se restringe a
questões biológicas, mas envolve também as áreas psicológica, social e cultural.

A partir da conceituação da sexualidade e do reconhecimento de sua importância no


desenvolvimento global - as possibilidades e os limites da atuação para os educadores.
Cabe à escola, abordar os diversos pontos de vista, valores e crenças existentes na
sociedade para auxiliar o aluno a encontrar um ponto de autorreferência. O trabalho
realizado pela escola não substitui nem concorre com a função da família, mas a
complementa. Constitui-se um processo formal e sistematizado da instituição escolar, que
exige planejamento e intervenção dos profissionais da educação.
A escola deve informar e discutir os diferentes tabus, preconceitos, crenças e atitudes
sociais, buscando isenção total, imparcialidade ou distanciamento por parte dos
professores para empreender essa tarefa.
A educação sexual deve ser encarada não como uma disciplina estanque, limitada ao
tempo cronológico da aula, mas como um processo ativo e dinâmico, presente na
escola, em casa e em todos os meios sociais, de caráter interdisciplinar e
permanente.
É preciso distinguir os conceitos de organismo e corpo: O 1º refere-se à infraestrutura
biológica dos seres humanos; já o 2º diz respeito aos significados e sentidos que
podemos atribuir a qualquer interação que se estabelece, seja consigo mesmo, com
os outros ou com objetos.
Para não se aterem à reprodução das desigualdades de gênero existentes na sociedade,
advindas de concepções equivocadas pautadas por crenças e convicções sobre o
que é ser masculino ou feminino, o professor é instado a pensar em atividades que
promovam aprendizagens em relação a corpo, gênero e sexualidade na educação.
Orientação Sexual X Educação Sexual
É imprescindível que, antes de qualquer coisa, diferencie-se
orientação sexual de educação sexual.
Educação sexual pressupõe que a escola mantenha uma
ingerência constante e duradoura contígua ao/à aluno/a,
colaborando diametralmente em sua “formação e
crescimento interior”. Um saber a respeito da sexualidade
que permite às pessoas transformar comportamentos.
Já Orientação sexual está ligada às acepções do desejo
sexual de um sujeito: se para pessoas do sexo oposto, do
mesmo sexo ou para ambos.
A orientação sexual deve ser formal, processual e sistemática, e não
episódica; realizada mediante palestras por profissionais
qualificados, feiras de ciências ou algo dessa natureza.
A educação sexual ocorre de maneira informal, mediante experiências,
atitudes e informações transmitidas. Incorpora valores, símbolos,
preconceitos e ideologias que vão sendo moldados. Não deve limitar-
se a transmissão de informações puramente biológicas ou
preventivas. Não deve ter como objetivo apenas o controle das DSTs,
gravidez e outros inconvenientes sociais mas, proporcionar reflexão
acerca do sexo e seus valores, seus aspectos preventivos para o
indivíduo como prática da cidadania.
Quem deve educar: A escola ou a família?

Questão básica para o ensino da educação sexual: Alguns acham que é


obrigação da família; outros, que é dever da escola.
Cabe à escola, como meio de informação e ambiente transmissor de padrões de
sociabilidade, regras de comportamento, valores, parâmetros morais e éticos,
as noções básicas ou gerais (ensinar as diferenças, as funções, a anatomia, a
procriação etc.).
Compete aos pais ou à família a partilha natural cotidiana que gera confiança e
respeito no desenvolvimento da sexualidade.
As normas, que não esclarecem, mas que se impõem por silêncios ou por
pronunciamentos punitivos, são apreendidas pelas crianças como
controladoras e disciplinadoras das expressões e comportamentos relativos
ao sexual.
Vantagens de Conversar
com os filhos sobre Sexo
 Aumentar a intimidade e a afetividade entre si (fortalece a confiança entre pais
e filhos);
 Abrir caminhos para que se possa conversar sobre tudo;
 Informar corretamente, reduzindo as fantasias e a ansiedade delas decorrente
(alertar, esclarecer e desmistificar o sexo e a sexualidade tornará adolescentes e
adultos conscientes para tomar as próprias decisões no que se refere ao tema);
 E, por fim, prevenir futura gravidez indesejável e contaminações por doenças
sexualmente transmissíveis.
Mensagem para reflexão: Dialogar acima de tudo é o principal. Mantenha
diálogos honestos com seus filhos, compreenda-os e eduque-os para torná-los
adultos que possam amar e viver sua sexualidade de forma saudável e
equilibrada.
Posturas dos Professores
Procedimentos a serem adotados pelo Orientador/ Professor:
Problematizar e facilitar o s debates entre os alunos, ao invés de impor suas ideias ao
grupo;
Não ditar regras de comportamento nem se colocar como modelo;
Evitar situações de autoritarismo;
Incentivar os alunos a buscar informações que enriqueçam a construção coletiva do
conhecimento;
Veicular as informações em um contexto mais amplo;
Utilizar jogos e dinâmicas de grupo que promovam a desinibição e a integração;
Oportunizar os alunos a se conhecerem e a confiarem uns nos outros;
Ter disponibilidade para aprofundar conhecimentos sobre o tema, entre outros.
Educação Sexual na Escola:
pedagógica e institucional
- entre o dito e os interditos
A sexualidade humana não está submetida ao condicionamento
animal, cingida ao mundo natural.
É um aspecto que vai além, tem a ver com a intencionalidade, no
sentido de consciência e de significado do sujeito humano. Está
inscrita na esfera existencial, original e inventiva em sua
expressão e vivência.
Esta esfera é dinâmica, paradoxal, processual. Não se pode,
portanto, restringir a sexualidade a um resíduo único e inerte.
A sexualidade está sempre aberta a novos sentidos e a novas formas
de experienciá-la.
O ‘ser homem’ e o ‘ser mulher’ são criações da vida social, é ela que
diferencia.
Educação da, em, para a Sexualidade
uma questão transversal ou disciplinar
(Qual o papel da escola?)
- Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), visando uma educação voltada
para a construção da cidadania, propõem, em forma de temas transversais, a
inclusão da orientação sexual no currículo escolar. Neles, a sexualidade é
considerada como algo inerente à vida e à saúde e deve ser entendida como
um processo de intervenção pedagógica, que tem como objetivo transmitir
informações e problematizar questões a ela relacionadas, incluindo posturas,
crenças, tabus e valores.
- Segundo os PCN, a orientação sexual deve fazer parte do Projeto Político
Pedagógico (PPP) da escola, sendo desenvolvida de forma continuada por
todas as disciplinas, não apenas com ações pontuais e/ou isoladas.
- Cabe a cada um, o aprofundamento, a compreensão e a disseminação desses
conhecimentos para que a vivência da sexualidade seja menos traumática
tanto para educadores quanto para educandos. A sexualidade está na escola,
faz parte dos sujeitos e não é algo que possa ser desligado, deletado ou algo
do qual alguém possa se “despir”.
Sexualidade = Educação Sexual
Falar de sexualidade remete a aspectos físicos, culturais, sociais, familiares e
individuais. O corpo, antes tido como fora das emoções, contribuiu para que
muitas das sensações por ele vivenciadas, ainda hoje sejam negligenciadas.
Não é o corpo o vínculo “pecaminoso” pouco falado e até subjugado, mas o
lugar que a ele foi atribuído.
Falar em sexualidade não é apenas discursar teorias anatômicas, fisiológicas,
mas principalmente relacionar esta aprendizagem às sensações, aproximando o
sujeito do seu todo alma/corpo.
É fundamental entender o funcionamento dessa surpreendente “máquina
corporal”, mas, de forma afetuosa e natural através de relações aprendidas pela
família, pela sociedade e principalmente pela cultura.
Viver a sexualidade não é aceitar todas as formas e atos sexuais; é, sobretudo,
entender que todas as partes anatômicas e as funções fisiológicas e psicológicas
compõem a “máquina” corporal humana, expressando sensações, sentimentos e
desejos. Enfim, é saber canalizar suas emoções libidinais.
Sexualidade humana, assunto complexo, cercado de mitos e tabus, aculturado e
biopsicossocialmente construído, parece carecer de explicações. Teorizaram-se
alguns aspectos, criaram-se dúvidas em outros.
A sexualidade humana, mais do que o ato sexual e a reprodução, abrange as
pessoas, seus sentimentos e relacionamentos. Não é apenas uma questão
pessoal, mas social e política, aprendida e construída ao longo da vida, de
muitas maneiras, por todos os sujeitos. Está relacionada a rituais, símbolos e
convenções, tornando-se, dessa forma, processos culturais e plurais.
A sexualidade, como um aspecto inerente ao ser humano, acompanha o
indivíduo em cada fase da vida e se manifesta sob formas multifacetadas, por
parte de crianças e adolescentes no âmbito escolar. É através de
comportamentos, que muitas vezes ignoramos, reprovamos, repreendemos,
criticamos que o estudante expresse seus anseios, suas angústias, seus medos,
suas necessidades e suas dúvidas sobre a sexualidade.
A escola deve apreender e compreender todas as manifestações do educando, a
fim de orientá-lo em suas buscas, de forma transversal, integral e imparcial,
ajudá-lo a sanar dúvidas e superar medos, incitá-lo a refletir, questionar e
descobrir o melhor caminho a ser trilhado. Pois a sexualidade na escola visa
principalmente levar aos alunos, a partir dos seus conceitos e vivências, as
informações, os conhecimentos e a compreensão das diferentes dimensões da
sexualidade, suscitando a reflexão e o desenvolvimento de atitudes de
responsabilidade individual, familiar e social.
Uma teoria e uma política pós-
identitária
“A teoria Queer”
As chamadas “minorias” sexuais (ou maiorias silenciosas) são, hoje, muito mais
visíveis;
As posições de gênero e sexuais se multiplicaram e escaparam dos esquemas
binários; as fronteiras vêm sendo constantemente atravessadas;
Agora as certezas escapam, os modelos mostram-se inúteis, as fórmulas são
inoperantes. É impossível estancar as questões. O anseio pelo cânone e pelas
metas confiáveis é abalado. A tradição pragmática leva a perguntar: o que fazer?
Uma nova dinâmica dos movimentos (e das teorias) sexuais e de gênero está em
ação - a teoria queer - uma política pós-identitária, inspirada no pós-
estruturalismo francês, que dirige sua crítica à oposição heterossexual/
homossexual, compreendida como a categoria central que organiza as práticas
sociais, o conhecimento e as relações entre os sujeitos;
Queer pode ser estranho, talvez ridículo, esquisito, excêntrico, raro, extraordinário,
o que está fora-do-centro. A expressão se constitui na forma pejorativa com que
são designados os homossexuais (insulto, xingamento).
O inconsciente freudiano, a construção discursiva da sexualidade de Foucault, a
desconstrução derridiana - principais proposições de sustentação da teoria.
Este termo inglês, com carga de estranheza e de deboche, caracteriza a perspectiva
de oposição e de contestação. Queer significa colocar-se contra a normalização
– a heteronormatividade compulsória da sociedade. Representa claramente a
diferença que não quer ser assimilada ou tolerada e, portanto, sua forma de
ação é muito mais transgressiva e perturbadora.
Conforme Foucault, vivemos numa sociedade que “fala prolixamente de seu
próprio silêncio, obstina-se em detalhar o que não diz, denuncia os poderes
que exerce e promete liberar-se das leis que a fazem funcionar”.
Judith Butler, teórica queer, autora da Teoria Performativa do Gênero e da
Sexualidade, reafirma o caráter discursivo da sexualidade, pois as sociedades
constroem normas que regulam e materializam o sexo dos sujeitos e essas
“normas regulatórias” precisam ser constantemente repetidas e reiteradas para
que se concretizem. Têm, portanto, um caráter performativo, um poder
continuado e repetido de produzir aquilo que nomeiam e, sendo assim, repetem
e reiteram, constantemente, as normas dos gêneros na ótica heterossexual.
A linguagem que se refere aos corpos ou ao sexo não faz apenas uma constatação
ou uma descrição desses corpos, mas, no instante mesmo da nomeação,
constrói, ‘faz’ aquilo que nomeia, isto é, produz os corpos e os sujeitos.
Uma pedagogia queer
Como uma teoria não propositiva que remete ao estranho e ao excêntrico pode se
articular com a Educação, um espaço tradicional da normalização e do ajustamento?
Qual o espaço, nesse campo (educacional) usualmente voltado ao disciplinamento e à
regra, para a transgressão e para a contestação? Como romper com binarismos e
pensar a sexualidade, os gêneros e os corpos de uma forma plural, múltipla e
cambiante? Como traduzir essa teoria para a prática pedagógica?

A diferença deixaria de estar ausente para estar presente: de estar lá fora, do outro lado,
alheia ao sujeito, para estar dentro, integrando e constituindo o eu, o próprio sujeito.
O currículo passaria a se dirigir para os processos que produzem as diferenças, ao
invés de meramente contemplar uma sociedade plural.

Questionar a polarização heterossexual/homossexual; colocar em xeque a naturalização e


a superioridade da heterossexualidade; denunciar a negação e o submetimento dos/as
homossexuais; desconstruir o processo que torna alguns sujeitos normalizados e
outros marginalizados; problematizar as estratégias normalizadoras que ditam e
restringem as formas de viver e de ser; pôr em questão as classificações e os
enquadramentos (rotulações e estigmas); apreciar a transgressão e o atravessamento
das fronteiras (de toda ordem); explorar a ambiguidade e a fluidez; reinventar e
reconstruir, como prática pedagógica, estratégias e procedimentos para “mostrar o
queer naquilo que é pensado como normal e o normal no queer”.
Linha do Tempo
Evolução da Educação Sexual no
Brasil
No século XVIII, 1ªs experiências de ensino e aprendizagem sobre a sexualidade
e a saúde reprodutiva, na França e Suécia;
No século XIX, novas propostas em vários países do mundo ocidental;
Início do século XX, 1ºs registros sobre a educação sexual nas escolas, no Brasil;
Em 1920, Berta Lutz, a pioneira do feminismo brasileiro, propôs a criação de um
programa de educação sexual para refletir a maternidade e a infância;
Em 1928, o Congresso Nacional de Educadores aprovou um programa de
Educação Sexual, nas escolas, para crianças acima de 11 anos de idade;
Em 1930, o Colégio Batista, instituição carioca só para meninos, inclui em seu
currículo a educação sexual e as ideias de Darwin sobre a evolução;
Em 1938, publica-se o livro Iniciação Sexual-Educacional (Leitura Reservada)
voltado especificamente para os rapazes;
Em 1964 - O golpe militar inicia um período de intensa repressão às liberdades
democráticas. Os livros do padre Charboneau, escritos em linguagem
filosófica e sob a ótica da moral católica cristã, serviram de referência para
muitas famílias e educadores.
Em 1968 - A deputada federal Julia Steimbruck apresenta projeto de Lei que
visava o ensino obrigatório da educação sexual em todas as escolas de nível
primário e secundário – não foi aprovado;
Década de 1970 - o Brasil vivendo ainda sob regime ditatorial, o movimento
feminista e os estudos sobre gênero fortaleceram os debates sobre sexualidade
e reprodução;
Em 1978, inicia-se a abertura política, realiza-se o 1º Congresso Nacional sobre
Educação Sexual nas escolas, em São Paulo;
Em 1979, a Fundação Carlos Chagas coordenou uma pesquisa com jovens de 15
a 17 anos para avaliar valores relacionados à sexualidade. Foram publicados,
também, os livros Sexo e Juventude e Educação Sexual, de Carmem Barroso
e Cristina Bruschini;
Década de 1980 - As revistas eróticas, até então proibidas, começaram a
publicar fotos de mulheres e homens nus. Os cinemas exibiam filmes
igualmente proibidos e os primeiros sex shops foram abertos. Enciclopédias e
fascículos vendidos em bancas de jornal respondiam questões relativas ao
sexo. A sexóloga Marta Suplicy apresenta um quadro, no programa TV
Mulher, falando claramente sobre o tema.
Em meados da década de 80, em função da pandemia de AIDS, a educação sexual no Brasil
assumiu um caráter preventivista, cujo cenário privilegiado é a escola;

Década de 1990 - a partir dessa década, observa-se um incremento nas políticas públicas
para jovens; o conceito de gênero começou a fazer parte da educação sexual brasileira; a
construção do masculino e do feminino a partir de uma visão sociocultural, e não como
um atributo exclusivo da natureza;

Em 1994, a Conferência Internacional de População e Desenvolvimento e, em 1995, a


Conferência Mundial sobre a Mulher, trouxeram novos conceitos e políticas no que tange
aos direitos sexuais e aos direitos reprodutivos;

Com a publicação dos PCN, em 1997, inicia-se uma nova era no ensino aprendizagem sobre
sexualidade e saúde reprodutiva. A Orientação Sexual torna-se um tema transversal,
abordado em todas as disciplinas, com os eixos conceituais Corpo – Matriz da
sexualidade; Relações de Gênero e Prevenção às DST/Aids;

Década de 2000 - em 2003, uma parceria entre os Ministérios da Educação e da Saúde e


agências das Nações Unidas – Unfpa, Unesco e Unicef –, dá origem ao Projeto Saúde e
Prevenção nas Escolas - SPE.

Em 2007, criado o Programa Saúde na Escola - PSE, para promover atenção integral à saúde
de crianças, adolescentes e jovens do ensino básico público; a publicação Gênero e
Diversidade Sexual na Escola.
Os Relacionamentos
ANTIGAMENTE ATUALMENTE

• Pintava um Clima; • Rola uma Química;


• A gente flertava; • A gente pega;
• depois paquerava; • agora fica;
• namorava; • já transa;
• noivava; • depois se junta;
• casava; • Se der certo casa;
• para poder transar; • depois descasa e
porque... descarta;
• eu sou a ‘norma’ da porque...
legitimação. • eu sou o avanço, o
avesso da ‘norma’.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
BRASIL. Secretaria da Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais
- Pluralidade Cultural. Brasília: MEC/SEF, 1998.
CARVALHO, M. E. P. Modos de Educação, gênero e relações escola-família.
Cadernos de Pesquisa, v. 34, n. 121, jan./abr. 2004. Disponível
em:<http://www.smec.salvador.ba.gov.br/site/documentos/espaco-rtual/espaco-
diversidade/RELA%C3%87%C3%95ES%20DE%20G%C3%8ANERO/
WEBARTIGOS/modos%20de%20educacao%20genero.pdf>. Acesso em 03 de jan.
de 2010.
FOUCAULT, Michel. A história da sexualidade 1: a vontade de saber. 11. ed. Rio
de Janeiro: Graal, 1993.
HELLMANN, Géssica. Sexualidade: ainda um tabu? Disponível em: Acessado em:
20/10/2006b.
LOURO, Guacira Lopes (org.). Pedagogias da Sexualidade In: LOURO, Guacira. O
Corpo Educado – Pedagogias da sexualidade. 2ª ed. Belo Horizonte: Autêntica,
2000a: pp. 7-34.
SAYÃO, Yara. BOCK, Silvio Duarte. A sexualidade nas épocas e culturas.
Disponível em: Acessado em: 20/10/2006.

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