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EDUCAÇÃO SEXUAL: PRINCÍPIOS PARA AÇÃO

SEX EDUCATION: PRINCIPLES FOR ACTION

Ana Cláudia Bortolozzi MAIA1


Paulo Rennes Marçal RIBEIRO2

Resumo Abstract
Este artigo, de natureza teórica, tem por obje- This article, theoretical in nature, aims to dis-
tivo discutir questões conceituais e princípios cuss conceptual issues and principles for action
para a ação em educação sexual. Consideramos in Sex Education. We consider the relevance of
a relevância do tema no cenário contemporâneo the theme in a contemporary setting and the
e a importância da efetivação de propostas importance of effective proposals and programs
e programas de educação sexual nas escolas, for sex education in schools, including initial
incluindo a formação inicial e continuada de training and continuing education in this area.
professores nessa área, ainda incipiente. De- We support the maintenance of the term sex
fendemos a manutenção do termo educação education, commonly used and more popular,
sexual, correntemente utilizado e popularizado, that in the current educational context is more
que no atual contexto educacional define de clearly defined and appropriated in this field of
forma mais clara e adequada este campo de knowledge, intervention and training.
saber, intervenção e formação.

Palavras-chave Keywords
Educação sexual. Conceitos em educação Sex Education. Concepts in Sex Education.
sexual. Intervenção em educação sexual. For- Intervention in Sex Education. Training of
mação de professores. teachers.

Introdução
A sexualidade é um conceito amplo e histórico. Ela faz parte de todo ser humano
e é representada de forma diversa dependendo da cultura e do momento histórico.
A sexualidade humana tem componentes biológicos, psicológicos e sociais e ela se
expressa em cada ser humano de modo particular, em sua subjetividade e, em modo

1
UNESP  – Universidade Estadual Paulista. Faculdade de Ciências  – Departamento de Psicologia.
Bauru – SP – Brasil. 17033-360 – aclaudia@fc.unesp.br
2
UNESP – Universidade Estadual Paulista. Faculdade de Ciências e Letras – Departamento de Psicologia
da Educação e Programa de Pós-Graduação em Educação Escolar. Araraquara – SP – Brasil. 14800-901 –
paulorennes@fclar.unesp.br

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coletivo, em padrões sociais, que são aprendidos e apreendidos durante a socialização. São Paulo (Matanó, 1990). Mais recentemente, Xavier Filha (2009, p.86) em seu
Assim, as atitudes e valores, comportamentos e manifestações ligados à sexualidade artigo intitulado Educação para a Sexualidade: carregar água na peneira?, propõe dis-
que acompanham cada indivíduo desde o seu nascimento constituem os elementos cutir e repensar tanto a nomenclatura a se usar, quanto os objetivos, as funções, os
básicos do processo que denominamos educação sexual. Tem um caráter não in- (des)propósitos da educação da sexualidade, mais comumente chamada de educação
tencional e existe desde o nascimento, ocorrendo inicialmente na família e depois sexual. E a autora destaca esta ideia muito apropriada:
em outros grupos sociais. É o modo pelo qual construímos nossos valores sexuais e
[...] os conceitos ou nomes que damos às coisas são [...] invenções culturais, fruto
morais, e se constitui de discursos religiosos, midiáticos, literários etc.
de redes de saber-poder que ligitimam certos enunciados como verdadeiros, espe-
No entanto, quando esta educação sexual deixa a esfera dos processos sócio- cialmente devido à chancela de várias ciências. Em muitos casos essa demarcação
-culturais amplos e abrangentes que fazem parte da história de vida dos indivíduos e lingüística é limitadora; em outros, possibilita que se tenham condições de enten-
da história geral da humanidade, e é transformada em objeto de ensino e orientação, der processos pelos quais nos constituímos como sujeitos sociais. (XAVIER FILHA,
2009, p.90).
com planejamento, organização, objetivos, temporalidade, metodologia e didática,
ela se afunila e restringe sua ação à escola, transfomando-se em uma educação sexual Este trecho explica o que está ocorrendo atualmente no campo da educação
escolar, que exige preparação e formação de profissionais para atuar nesta área. sexual com as tentativas de alguns estudiosos de se utilizar novos termos que subs-
A educação sexual, de processo cultural indistinto se torna um campo de co- tituam o já reconhecido educação sexual, que para esse grupo, é um termo oriundo
nhecimento e aplicação, com planejamento de ações, tempo e objetivos limitados, de uma visão médico-biológica e higienista que prioriza a profilaxia das Doenças
elaboração de programas e intencionalidade. Sexualmente Transmissíveis e o conhecimento dos métodos contraceptivos.
A relação entre estas duas formas de educação sexual é estreita, pois quando Nada mais equivocado! Se confunde a forma de abordagem, a concepção de
chega à escola, cada pessoa já carrega consigo os valores sexuais transmitidos pela sexualidade, a perspectiva da ação pedagógica com o termo em si. Não é trocando
cultura e sua concepção de sexualidade foi influenciada pela família e pelo grupo o termo empregado que será mudado o ponto de vista, os valores e muito menos a
social do qual faz parte. Assim, a educação sexual escolar precisa não apenas orientar, ideologia por trás da intervenção e da formação. Seja educação sexual, seja Educa-
ensinar, informar, mas também discutir, refletir e questionar esses valores e con- ção para a Sexualidade, se a ideologia dominante for normatizadora, a prática neste
cepções de maneira a possibilitar que cada indivíduo tenha uma compreensão dos campo também o será.
referenciais culturais, históricos e éticos que fundamentam sua visão de sexualidade Divergências à parte, já que dificilmente contribuem para o fortalecimento
e sua prática sexual. da educação sexual enquanto ciência da educação e campo de intervenção peda-
Na década de 1990, a intervenção na escola visando atuar com questões sexuais gógica, optamos por adotar educação sexual como o processo pedagógico que visa
era denominada Orientação Sexual, termo, aliás que acabou sendo adotado pelos uma formação específica e intencional sobre sexualidade, e o que dela é decorrente:
Parâmetros Curriculares Nacionais. Surgiu, porém, uma divergência de opinião comportamentos e atitudes, ética e valores, práticas e concepções.
acerca do termo mais adequado a ser utilizado: não havia unanimidade na aceita- Partimos, portanto, do princípio que a educação sexual na escola deve ser um
ção da Orientação Sexual, e muitos autores preferiam utilizar educação sexual. Na processo intencional, planejado e organizado que vise proporcionar ao aluno uma
década de 2010 surgiu um termo adicional, que é a Educação para a Sexualidade, formação que envolva conhecimento, reflexão e questionamento; mudança de ati-
que igualmente não encontrou a unanimidade desejada. tudes, concepções e valores; produção e desenvolvimento de uma cidadania ativa; e
Orientação Sexual era o termo utilizado por França (1984), Ribeiro (1989, instrumentalização para o combate à homofobia e à discriminação de gênero.
1990), Silva (1995), Sayão (1997), Egypto (2003), Maia (2004), enquanto que We- A intervenção sempre deverá ser feita por profissionais formados e capacitados
rebe (1977), Goldberg (1982), Figueiró (1997, 2001), Guimarães (1995) e Vitiello nessa área e o trabalho planejado e sistematizado, com tempo e objetivo limitados,
(1995) defendiam o uso de educação sexual. Projetos oficiais utilizavam o termo com ações que possibilitem informar, debater e refletir sobre questões da sexuali-
Orientação Sexual, como o desenvolvido pela Secretaria de Educação da cidade de dade com os educandos. Defendemos aqui uma iniciativa de educação sexual que
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vá além da informação, que ultrapasse o sentido biológico, orgânico e profilático, e sexuais e de valores a eles associados. É preciso considerar cada indivíduo em sua
que compreenda a sexualidade e a saúde sexual como uma questão inerentemente singularidade e inserção cultural, e partir da idéia que não há uma verdade absoluta
social e política. sobre as concepções, atitudes e práticas de como viver a sexualidade.
Embora a educação sexual possa ser realizada em diferentes instituições, como Seriam ideais os programas de educação sexual que proporcionassem uma
ambulatórios e postos de saúde, sindicatos, fábricas, universidades, consideramos que reflexão sobre a cultura sexual vigente e se guiassem pela busca da
a escola é o espaço mais propício para realizá-la, primeiro porque se começa a freqüen-
tar a escola já com seis anos de idade, e, idealmente, espera-se que o indivíduo nela [...] desmistificação dos estereótipos sexuais (por exemplo, o machismo e a pré-de-
terminação dos papéis sexuais em função de cada sexo; a dupla moral sexual; a dis-
permaneça até os dezoito anos, quando termina o Ensino Médio. Segundo porque a criminação social pelo fato de se ser mulher), através da procura do equilíbrio entre
escola tem por função social a transmissão do saber historicamente acumulado e de posições radicais de extrema moralidade ou vulgaridade. (RIBEIRO, 1990, p.20).
sua dimensão ético-política. É na escola que se espera que os educandos aprendam a
questionar, refletir e se posicionar sobre atitudes relacionadas à sociedade, à cidadania, Uma educação sexual adequada deveria fornecer informações e organizar um
aos direitos humanos, à preservação do meio ambiente; é na escola que se espera espaço onde se realizariam reflexões e questionamentos sobre a sexualidade. Deveria
que os indivíduos aprendam a adotar práticas preventivas visando à constituição de esclarecer sobre os mecanismos sutis de repressão sexual a que estamos submetidos
cidadãos críticos e autônomos, o que inclui uma educação sexual emancipatória. e sobre a condição histórico-social em que a sexualidade se desenvolve. Deveria
Desta forma, questões de relevância social (como a igualdade de gênero e o com- também ajudar as pessoas a ter uma visão positiva da sexualidade, a desenvolver uma
bate à homofobia) nela devem ser inseridas e tratadas de maneira crítica e reflexiva, comunicação mais clara nas relações interpessoais, a elaborar seus próprios valores a
constituindo elementos essenciais de um programa de educação sexual. partir de um pensamento crítico, a compreender melhor seus comportamentos e o
No Brasil, a educação sexual na escola já faz parte de pelo menos um docu- dos outros e a tomar decisões responsáveis a respeito de sua vida sexual. Acreditamos
mento nacional desde 1996: os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), que se que essa postura critica é fundamental para a formação de atitudes preventivas e
configuram por um conjunto de propostas educativas, publicadas pelo Ministério saudáveis sobre a sexualidade.
da Educação e do Desporto em 1997, que visam trabalhar temas sociais de modo Como expressa Figueiró (2009, p.163),
transversal nas disciplinas curriculares diversas. Os temas são: ética, saúde, meio-
-ambiente, orientação sexual e pluralidade cultural. A discussão sobre sexualidade [...] a educação sexual tem a ver com o direito de toda pessoa de receber informações
sobre o corpo, a sexualidade e o relacionamento sexual e, também, com o direito de
está prevista no volume 10 – Pluralidade Cultural e Orientação Sexual3 (Brasil, 2000).
ter várias oportunidades para expressar sentimentos, rever seus tabus, aprender, re-
Os PCN não são adotados obrigatoriamente em todos os estados brasileiros, mas é fletir e debater para formar sua própria opinião, seus próprios valores sobre tudo que
um grande avanço pensar que um plano nacional de educação reconhece o direito é ligado ao sexo. No entanto, ensinar sobre sexualidade no espaço da escola não se
à educação sexual de todos os alunos. limita a colocar em prática, estratégias de ensino. Envolve ensinar, através da atitude
do educador, que a sexualidade faz parte de cada um de nós e pode ser vivida com
alegria, liberdade e responsabilidade. Educar sexualmente é, também, possibilitar ao
indivíduo, o direito a vivenciar o prazer.
Princípios da educação sexual:
A educação sexual nas escolas deve fundamentar-se em uma concepção pluralista A educação sexual deveria dar ênfase ao aspecto social e cultural trabalhando
da sexualidade, ou seja, no reconhecimento da multiplicidade de comportamentos os indivíduos em suas particularidades sem perder de vista o coletivo, não tendo,
portanto, um caráter de aconselhamento individual ou psicoterapêutico isolado
do contexto histórico. Deveria fornecer informações e promover discussões acerca
3
Os Parâmetros Curriculares Nacionais adotam o termo Orientação Sexual, mas vários autores preferem de diferentes temáticas, considerando a sexualidade nas suas várias dimensões,
usar educação sexual, pois para eles orientação sexual se refere ao direcionamento do desejo sexual  –
homossexualidade, heterossexualidade ou bissexualidade (do inglês sexual orientation). Optamos, atualmente, articulando-se, portanto, a um projeto educativo que exerça uma ação ligada à
em também utilizar educação sexual, por verificarmos que este termo é o mais corrente. vida, à saúde e ao bem estar de cada indivíduo. A educação sexual na escola respeita
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e problematiza o direito de cada cidadão viver seus valores morais, sem perder de • O educador deve usar vários recursos, especialmente aqueles mais adequados
vista o cuidado e o respeito de si mesmo e dos demais. Uma educação sexual no à população dos educandos: vídeo, dramatizações, dinâmicas, recortes de
espaço escolar deveria, sobretudo, ir além da mera informação, atuando de forma jornal, projeção de slides, fantoches, massa de modelar, bonecos, etc. O
a garantir uma transformação no processo de educação de modo abrangente. grupo interessado deve sentir-se co-responsável pelo programa, o que favo-
Diante disso, a formação do educador é fundamental. Cada vez mais se torna rece uma maior interação, participação e apreensão dos temas abordados.
necessário que o professor receba formação para atuar em processos de educação
sexual seja na sua formação acadêmica ou em projetos de educação continuada. A educação sexual nas escolas deve abranger, portanto, além das temáticas pre-
Para que os professores possam compreender a manifestação da sexualidade de seus ventivas como saúde sexual e reprodutiva, discussões que incluam os relacionamentos
alunos e educá-los em relação a isso é preciso que tenham clareza tanto da aborda- sociais, a cidadania e os direitos humanos, incluindo o respeito à diversidade sexual.
gem histórica e cultural sobre a construção da sexualidade quanto da compreensão O direito à informação e à educação sexual é um dos Direitos sexuais que fazem
científica do desenvolvimento psicossexual. parte dos Direitos Humanos. A Assembléia Geral da WAS – World Association for
Esta formação deverá instrumentalizar criticamente o professor para que possa Sexology, aprovou as emendas para a Declaração de Direitos Sexuais, decidida em
lidar com as dificuldades naturais resultantes dos tabus e preconceitos inerentes ao Valência, no XIII Congresso Mundial de Sexologia, em 1997.
sexo, ao gênero e à orientação sexual. Os direitos sexuais podem ser resumidos nos seguintes pontos: direito à liberda-
Defendemos também que as propostas de educação sexual convirjam alguns de sexual, à autonomia sexual, integridade sexual e segurança do corpo, à privacidade
pontos centrais: sexual, à liberdade sexual, ao prazer sexual, à expressão sexual, à livre associação sexual,
a escolhas reprodutivas livres e responsáveis, à informação baseada no conheci-
• O planejamento de um programa de educação sexual deve obter, primei- mento científico, à educação sexual compreensiva e à saúde sexual (grifo nosso).
ramente, aceitação e colaboração de todos agentes educativos que atuam Baseados nesses direitos, defendemos a educação sexual na escola como uma
com o grupo que irá participar do programa; prerrogativa fundamental visando ao atendimento global e íntegro do ser humano
• No momento anterior à implementação de um programa de educação em formação.
sexual em uma escola, deve-se desenvolver debates e discussões com todos Além disso, a Carta de Aveiro, assinada no I Congresso Internacional de Sexu-
os envolvidos: diretores, professores, técnicos, funcionários etc. alidade e educação sexual, realizado na Universidade de Aveiro, Portugal em novem-
• Os pais dos jovens devem ser consultados e, se possível, participarem dos bro de 2010, declara que a sexualidade é uma dimensão intrínseca ao ser humano,
debates e discussões (integração família-escola); propondo que a educação sexual deve ser integral, abrangente, bem informada e
• Os objetivos do programa devem ser abrangentes, isto é, corresponder às cientificamente fundamentada, adequada à idade, culturalmente relevante, baseada
demandas da comunidade e não exclusivamente à vontade do educador; no respeito pelos direitos humanos. Além disso, dentre outras questões, propõe que
• Para que o educador possa lidar com as questões de forma ‘natural’, qual- a educação sexual deve integrar os currículos escolares em todos os níveis e setores
quer que seja a área de sua disciplina, ele precisa estar interessado no tema, de educação e ensino, da Educação de infância ao ensino superior, e que os profes-
sentir-se bem para falar de sexualidade e ter uma atitude positiva e sadia sores e professoras devem ter acesso a cursos de especialização, de pós-graduação e
em relação a ela; de extensão em sexualidade e educação sexual.
• O educador deve estar tecnicamente capacitado, isto é, provido de infor- Diante do exposto, as metas para garantir uma educação sexual crítica e eman-
mações científicas atualizadas provenientes de fontes fidedignas; quando o cipatoria nas escolas são:
assunto for polêmico ou muito específico o educador pode – e deve – re-
correr a um especialista (médico, biólogo, sexólogo) para falar do assunto; 1) a formação continuada de professores e professoras e agentes escolares
dispostos a trabalhar com educação sexual em suas disciplinas. Esses cursos
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de formação não devem ser pontuais, mas sim amplos, formativos e com Referências:
continuidade;
2) a parceria das escolas com a universidade e com os estudiosos em sexuali- BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental.
dade e educação sexual buscando a formação especializada e a cooperação Parâmetros Curriculares Nacionais: pluralidade cultural e orientação sexual. Rio
mútua das pesquisas com a extensão; de Janeiro: DP & A, 2000. v.10.
3) a incorporação e reconhecimento por parte das escolas de que a educação EGYPTO, A. C. (Org.). Orientação sexual na escola: um projeto apaixonante.
sexual integra-se ao projeto político e pedagógico reduzindo a vulnerabi- São Paulo: Cortez, 2003.
lidade de crianças e jovens e promovendo a saúde sexual e a convivência,
com respeito à diversidade sexual; FIGUEIRÓ, M. N. D. Educação sexual: como ensinar no espaço escolar. In:
4) a reflexão critica sobre os materiais pedagógicos utilizados nas escolas, FIGUEIRÓ, M. N. D. (Org.). Educação sexual: múltiplos temas, compromissos
como livros, cartilhas, figuras e textos de modo que esses instrumentos comuns. Londrina: Universidade Estadual de Londrina, 2009. p.141-171.
pedagógicos não reproduzam a discriminação, os preconceitos sexuais, e a
______. Educação sexual: retomando uma proposta, um desafio. Londrina: Ed.
imposição de valores morais conservadores
da UEL, 2001.
5) a garantia de que as escolas públicas são laicas e crenças religiosas não
devem ser atreladas ao trabalho educativo do professor e da professora; ao ______. Educação sexual: qual o profissional designado para essa tarefa? Revista
mesmo tempo, uma vez se trabalhando com a educação sexual intencional, Brasileira de Sexualidade Humana, São Paulo, v.8, n.2, p.270-276, 1997.
a garantia de respeito aos valores da família, religiosos e morais, ensinando
e promovendo a autonomia do aluno e da aluna no que se refere ao acesso FRANÇA, C. A. V. Orientação sexual: algumas considerações. Revista Prospectiva,
a informação reflexiva; Porto Alegre, v.2, n.13, p. 41-43, 1984.
6) ações pedagógicas que incentivem para que as escolas reconheçam a sexu- GOLDBERG, M. A. A. Educação sexual: uma proposta um desafio. São Paulo:
alidade como um aspecto essencial do ser humano e promovam o debate Aruanda, 1982.
constante entre os alunos e alunas, seus familiares, agentes escolares e a
comunidade. GUIMARÃES, I. Educação sexual: mito e realidade? Campinas: Mercado de
Letras, 1995.

Considerações finais: MAIA, A. C. B. Orientação sexual na escola: In: RIBEIRO, P. R. M. (Org.).


Sexualidade e educação: aproximações necessárias. São Paulo: Arte & Ciência,
Lembramos, ao finalizarmos este artigo, que a educação sexual ainda sofre 2004. p.153-179.
preconceitos e não é muito reconhecida tanto no meio acadêmico quanto na rede
escolar. Mas é uma área que tem recebido significativas contribuições de pesquisadores MATANÓ, M. S. C. Orientação sexual: projeto de ação pedagógica da rede
diligentes, sérios e dedicados para seu fortalecimento e consolidação, até porque, municipal de ensino de São Paulo (1978-1982). 1990. 265f. Dissertação (Mestrado
não é possível termos uma Educação inclusiva e integral, que abranja a formação em Educação) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 1990.
de alunos e professores também em questões de cidadania e direitos humanos, sem
RIBEIRO, P. R. M. Educação sexual além da informação. São Paulo: EPU, 1990.
que tenha entre seus pontos de debate e estudos, temas envolvendo sexualidade,
gênero e diversidade sexual. ______. Uma contribuição ao estudo da sexualidade e da educação sexual.
1989. 107f. Dissertação (Mestrado em Educação)  – Faculdade de Educação,
Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1989.
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Ana Cláudia Bortolozzi Maia e Paulo Rennes Marçal Ribeiro

SAYÃO, Y. Orientação sexual na escola: os territórios possíveis e necessários. In:


AQUINO, J. G. (Org.). Sexualidade na escola: alternativas teóricas e práticas. São
Paulo: Summus Editorial, 1997. p.107-117. PARTNERSHIPS BETWEEN TEACHERS AND THE
COMMUNITY:
SILVA, R. C. A orientação sexual vivida por educadores e alunos: possibilidades
de mudanças. 1995. 240f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Faculdade de IN-SERVICE TRAINING ON THE DEVELOPMENT
Educação, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1995. OF PARTICIPATORY AND ACTION-ORIENTED
SEXUAL EDUCATION IN SCHOOLS
VITIELLO, N. A educação sexual necessária. Revista Brasileira de Sexualidade
PARCERIAS ENTRE OS/AS PROFESSORES/AS E A COMUNIDADE:
Humana, São Paulo, v.6, n.1, p.15-28, 1995.
FORMAÇÃO CONTÍNUA DE PROFESSORES/AS PARA O
XAVIER FILHA, C. Educação para a sexualidade: carregar água na peneira? In: DESENVOLVIMENTO NAS ESCOLAS DA EDUCAÇÃO SEXUAL
RIBEIRO, P. R. C.; SILVA, M. R. S.; GOELLNER, S. V. (Org.). Corpo, gênero, PARTICIPATIVA E ORIENTADA PARA A AÇÃO
sexualidade: composições e desafios para a formação docente. Rio Grande: FURG,
2009. p.85-103.
Teresa VILAÇA1
WEREBE, M. J. A educação sexual na escola. Lisboa: Moraes Editores, 1977. Manuel SEQUEIRA2
Bjarne Bruun JENSEN3

Abstract Resumo
Participatory action-research constituted by Foi realizada uma investigação-ação partici-
teachers (N=86) from 16 schools was carried pativa envolvendo professores/as (N = 86) de
out. It was aimed at investigating how teachers’ 16 escolas. Esta investigação visou pesquisar
conceptions and practices change during in- como é que as concepções e práticas dos/as
-service teacher training so as to create adequate professores/as mudaram durante a formação
conditions in the school and implement a sexu- contínua, de modo a criar as condições ade-
al education project based on the Democratic quadas na escola para implementar um projeto
Health Education Paradigm with the use of de educação sexual baseado no paradigma de
information and communication technology. Educação para a Saúde Democrática, com o uso
The research techniques selected were aimed de tecnologias de informação e comunicação.
towards the triangulation of those techniques As técnicas de pesquisa selecionadas visaram a
and conclusions between the researcher and triangulação dessas técnicas e das conclusões
teachers. Considering its participative dimen- entre a pesquisadora e professores/as. Dada a
sion, the results of this investigation have im- sua dimensão participativa, os resultados desta
plications in terms of teacher training and the investigação têm implicações em termos da
organisation and management of the curricula. formação de professores/as e da organização e
gestão dos currículos.

1
IE – University of Minho. Institute of Education. Braga – Portugal. 4710-057 – tvilaca@ie.uminho.pt
2
IE – University of Minho. Institute of Education. Braga – Portugal. 4710-057 – manueljcsequeira@
gmail.com
3
STENO – Steno Health Promotion Centre. Gentofte – Denmark. 2820 – bjbj@steno.dk

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