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GEPERGES AUDRE LORDE E A EDUCAÇÃO DAS RELAÇÕES ÉTNICO-

RACIAIS: A ÁRVORE DAS PRÁTICAS POSSÍVEIS

Gessiane Aline Bezerra e Silva Ferreira


Daniele Maria de Soares Carvalho

“O acesso ao conhecimento une os seres humanos em uma


matrix quadrimensional, onde tudo é possível.”

Heliezer de Souza

INTRODUÇÃO

Historicamente, a universidade brasileira foi criada para atender as demandas de uma


pequena parcela da sociedade, as elites. Nesse processo, sua organização e desenvolvimento
priorizou os anseios e demandas desse grupo social, limitando ou até mesmo impedido que os
demais grupos pudessem se inserir nessa realidade.
No decorrer de quase dois séculos, desde a implementação da primeira universidade no
Brasil até os dias atuais, foi possível identificar as universidades como espaços que necessitam ser
desconstruídos, em sua lógica elitista.
A entrada dos Movimentos Socais, em especial o Movimento Negro, nos espaços
acadêmicos, como a salienta a pesquisadora Nilma Lino Gomes (2017), a partir da segunda
metade do século XX é compreendido como um dos mobilizadores para se questionar o modelo
de universidade estabelecido. Contudo, como afirma Eliane Cavalleiro (2010, p. 9), “convivemos
ainda com uma academia que facilmente sucumbe à letargia e ao continuísmo, desejando
permanecer na confortável autoavaliação de produtora do conhecimento ‘neutro’”.
Percebe-se, que no ambiente acadêmico ainda é insuficiente a diversidade de projetos,
estudos e docentes que valorizem conteúdos, saberes e conhecimentos mais plurais, que
abarquem as questões raciais, por exemplo. Há de se observar, que por muitos anos houve o não
investimento de programas e ações que abordassem as relações raciais e culturais negras no
Brasil, África e diásporas (CAVALLEIRO, 2010).
Entretanto, experiencias positivas e exitosas acerca da transformação da concepção
acadêmica, indicam uma fissura nessas instituições, revelando o rompimento do continuísmo
ideológico elitista e hegemônico, que fomentava e difundia um modelo equivocado da produção
do conhecimento. Essa fissura no modelo acadêmico, ainda é lenta e necessita do compromisso
político de trazer para o centro os saberes, bem como sujeitas/os que foram postas/os
forçosamente nas periferias, mas que por gerações continuam a produzir e compartilhar suas
ideias, práticas e conhecimentos.
Partindo dessa ideia, este estudo buscou compreender o papel político e teórico-prático
antirracista do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação, Raça, Gênero e Sexualidades Audre
Lorde – Geperges Audre Lorde, vinculado à Universidade Federal Rural de Pernambuco, pois
consideremos que nesse espaço é possível construir possibilidades outras que efetivem mudanças
sociais a partir do estabelecimento do compromisso em se pensar uma sociedade cujas as

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gênero e sexualidades
experiências sociais, históricas e políticas da população negra, e não apenas da população branca
possa ser pautada e valorizadas.
O referido estudo encontra suas bases teóricas nos escritos de Bell Hooks (2017); Denise
Botelho (2016); Eliane Cavalleiro (2010); Eliete Santiago; Delma Silva; Claudilene Gomes (2010);
Nilma Lino Gomes (2017), entre outras/os pesquisadoras/es que cuja as ideias nos possibilitam
analisar e compreender como a universidade ao abrir-se para uma ação política acadêmica plural,
trazendo, validando e também construído práticas diversificadas, que promovam uma análise
crítica da sociedade a partir das questões raciais, poderá contribuir com o rompimento da
manutenção das desigualdade na construção e socialização do conhecimento.
O texto reflete algumas experiencias formativas desenvolvidas nas reuniões do Geperges,
no decorrer do primeiro semestre de 2022, e foram realizadas com membras/os do grupo a partir
do estudo e debate da temática racial sua interface com a educação. A proposta desses estudos
era, a partir do diálogo e da formação permanente, cujas bases estão em Paulo Freire (2019,
2020a, 2020b), construir práticas possíveis para desenvolver uma Educação para as Relações
Étnico-raciais, que pudesse efetivar uma Educação antirracista no cotidiano escolar.

TRAJETÓRIA DO GEPERGES AUDRE LORDE

O Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação, Raça, Gênero e Sexualidades Audre


Lorde – GEPERGES Audre Lorde é um grupo vinculado a Universidade Federal Rural de
Pernambuco (UFRPE). Dentre suas ações, destaca-se o desenvolvimento de estudos e pesquisas
nas áreas da educação e das humanidades. Esses estudos de natureza interdisciplinar são
direcionados as reflexões sobre as abordagens educacionais e sociais que visam a
interseccionalidade das categorias raça, gênero e sexualidades.
Em relação ao perfil do grupo, destacamos como principal característica a diversidade de
pessoas que compõem essa rede de construção de conhecimentos, sentidos e afetos. Essa
diversidade pode ser notada, por exemplo, pelas dimensões de raça, identidade de gênero,
orientação sexual e religião.
Coordenado pela professora Doutora Denise Botelho, mulher negra, lésbica, sacerdotisa
de Candomblé, professora da Universidade Federal Rural de Pernambuco, o grupo é composto
majoritariamente por mulheres negras em sua maioria professoras da educação básica da rede
municipal de ensino. No entanto, o GEPERGES Audre Lorde encontra-se aberto a todas(os)
que desejam construir afetos e possibilidades de uma educação livre das opressões coloniais que
se materializam no racismo e no sexismo. É um grupo que através das expressões científicas,
culturais e artísticas inspira a potencialidade feminina na educação e nos demais espaços sociais.
Nesse sentido, nota-se que seus membros são agentes e militantes dos movimentos sociais,
representantes da sociedade civil, professoras/es da educação básica, lideranças religiosas e
docentes do ensino superior.
O GEPERGES Audre Lorde homenageia a pensadora, autora, poetisa, mulher negra,
lésbica, mãe e ativista norte-americana, de origem caribenha, Audre Lorde cujas ideias influenciou
o pensamento negro feminista, alicerçando assim as concepções teórico-prática do grupo, dentre
outras questões, por apresentar a possibilidade de estudos múltiplos e a potência que são as
construções, quando pensadas e materializadas nos movimentos, na coletividade.
Ao refletir a presença e atuação acadêmica do GEPERGES Audre Lorde enquanto um
grupo comprometido com a diversidade, o antirracismo e o antissexismo, relataremos algumas
práticas desenvolvidas por membros(as) do grupo, no que diz respeito ao combate ao racismo no
ambiente escolar em que atuam.

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gênero e sexualidades
Assim, partindo de uma comparação metafórica, situaremos o GEPERGES como uma
“Árvore das Práticas Possíveis”, por ter uma abrangência com os estudos e experiências de
professoras(es) com foco na Educação da Relações Étnico-raciais.

GEPERGES, EDUCAÇÃO DAS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS E ÁRVORE DE


PRÁTICAS POSSÍVEIS

Respeitar as diferenças, ainda é um tabu para os seres humanos e encontrar caminhos e


solução para esse problema vem sendo um desafio para a sociedade. Atualmente são discutidas
muitas formas de conscientização sobre o tema a respeito das relações étnico-raciais no ambiente
escolar e a temática tem sido abordada em instituições de ensino que buscam criar estratégias de
combate ao racismo.
Para combater o racismo é preciso entendê-lo. Assim, segundo a Organização das Nações
Unidas (ONU), racismo fica definido em qualquer distinção, exclusão, restrição ou preferência
baseada em raça, cor, descendência ou origens éticas ou nacionais que tenham o propósito ou
efeito de anular ou impedir o reconhecimento, gozo ou exercício, em condições iguais, de direitos
humanos e liberdades fundamentais nas áreas política, econômica, social, cultural ou qualquer
outra da vida pública.
Ao entendermos conceitualmente o racismo, temos como principal função buscar
caminhos para romper com essa ideologia, e um dos caminhos possíveis é pela educação.
Atualmente, o olhar da educação para a temática racial estrutura-se na efetivação de uma
educação antirracista, que promova uma formação social que não mais tolera a inercia ante a
desigualdade racial nos mais diversos setores e instâncias de nossa sociedade. Contudo, esse é um
dos principais desafios a serem superados na nossa contemporaneidade. A exigência de ações
dessa natureza há muito vem sendo pauta de luta dos movimentos sociais, sobretudo do
Movimento Social Negro que, durante toda sua trajetória, vem denunciando o racismo existente
na sociedade brasileira e cobrando do Estado ações e políticas públicas que promovam a
aniquilamento dele.
Tendo em vista essas discussões, as experiências vivenciadas pelas/os professoras/es ao
decorrer de suas trajetórias, se transforma em saberes vividos e/ou experienciados que se
expressam na ação coletiva de formação dos(as) estudantes. Na busca por garantias de acesso a
processos educativos que reconheçam e incluam todas/os que compõem o universo escolar,
especialmente, na mobilização por saberes que impulsionem a prática docente de enfrentamento
do racismo, temos espaços como exemplo, o Geperges Audre Lorde que se configura num lugar
possível para questionar e repensar o conhecimento.
Além disso, o grupo de estudos e pesquisa configura-se num importante espaço para a
formação da/o sujeita/o política/o, crítica/o e reflexiva/o, cuja ação favorece a luta por uma
educação antirracista que possa cooperar na reversão do cenário de intolerância, no que diz
respeito ao contexto étnico-racial vigente na sociedade, uma vez que pode favorecer o
entendimento de como o racismo estrutural estabeleceu as bases da sociedade brasileira - desde a
invasão portuguesa nessas terras até os dias atuais – e como este processo fomentou e impôs
ações e comportamentos sociais, políticos e administrativos que encontram na educação
institucional, organizada e desenvolvida nos espações escolares, possibilidades para se difundir.
A educação antirracista, que vem sendo proposta há décadas, e desde a sua origem vem
propondo a reorganização das estruturas das sociedades e sujeitas/os, negras e brancas para que

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possam compreender como a ideologia racista e da branquitude fornece privilégios a um grupo,
enquanto outros são desqualificados pelo critério da cor da pele.
Desse modo, entendemos que conhecer as práticas desenvolvidas por professoras
vinculadas ao Geperges Audre Lorde, permite-nos compreender o comprometimento das/os
membros desse grupo com a educação antirracista. Além disso, buscamos entender como esta
educação antirracista permite sistematizarmos reflexões quanto à contribuição de espaços
decoloniais para o enfrentamento do racismo em sala de aula.

FIGURAS DA ÁRVORE DE PRÁTICAS POSSÍVEIS

A professora e pesquisadora Claudilene Silva (2013, p. 26, 27), destaca que a intervenção
pedagógica da/o docente tem relação intrínseca com o seu processo de construção identitária,
uma vez que será a partir dessa construção que as/os sujeitos podem desconstruir e reconstruir
práticas curriculares que favorecem a manutenção do racismo no espaço escolar.
Partindo dessa ideia, ao observamos o desenvolvimento das ações desenvolvidas nos
encontros do Geperges, é possível perceber o elemento identitário como um dos pontos de
discussão, debate e ação do grupo. Sabe-se negra/o, branco/o, por exemplo, é para essas/es
sujeitos o caminho inicial para realização de uma leitura aprofundada do mundo, identificado
realidades segregadoras ou de privilégios, buscando possibilidades alcançáveis, como defende
Paulo Freire (2019, 2020a, 2020b), para pensar e desenvolver ações antirracistas.
Nesse sentido, ao pensarem individual e coletivamente, as/os membras/os do Geperges
buscam estratégias teórico-práticas que descolonizem currículos e saberes que possam ser
aplicáveis em seus cotidianos escolares, como destacamos no trecho a seguir:

Minha prática é diária e constante, como mulher preta, professora, mãe... sei
que sou espelho, e desta maneira tento sempre está atenta, desenvolvendo
ações educacionais antirracistas e combatendo o racismo. Promovendo ações
que fortaleçam a minha comunidade e a mim, ao mesmo tempo que
desenvolvo meu conhecimento pessoal e profissional, inclusive vigiando
minhas ações. Confesso que, por vezes, me sinto cansada de ser a mulher
guerreira, forte, batalhadora, mas logo penso na minha ancestralidade e de
todos que vieram antes de mim, e reconheço que diante da sociedade que ainda
vivemos, devo ser também portal para as minhas próximas gerações.
(Professora 1 e Membra do GEPERGES, 2022)

A partir do fragmento acima, foi possível observar que há uma prática constante por
parte da Professora 1, porém há também uma certa exaustão de se manter sempre forte, no
entanto quando ela recorda de sua ancestralidade, ela se propõe a continuar. O que pensamos ser
possível graças às reflexões que o grupo de estudos proporciona, reflexão essa que tem na esfera
do autocuidado e autoafirmação uma constante construção sobre si mesmo e sua prática em cada
encontro no coletivo.
Assim como a questão identitária é ponto basilar, quando pensamos essa “Árvore das
práticas possíveis” para o enfrentamento ao racismo e a construção de uma educação antirracista,
organizadas a partir do GEPERGES Audre Lorde, entender a presença Feminina Negra no

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gênero e sexualidades
grupo também possibilitará a reflexão e o diálogo ao pensamos o papel do grupo no
desenvolvimento de ações antirracistas. Nesse contexto, observemos a fragmento a seguir:

Estou num processo no qual minha prática pedagógica busca trazer a presença
negra feminina para e suas contribuições para a construção do saber. Por
exemplo, na escola em que trabalho toda a primeira unidade foi realizada a
partir do projeto "O universo". Busquei referências negras, como Katherine
Johnson, astronauta negra. Na segunda etapa, buscamos coletivamente
encontrar outras mulheres negras cujo trabalho nos fez entender e desenvolver
o projeto. Sempre parto da referência de mulheres negras, para trabalhar
qualquer conteúdo. (Professora 2 e Membra do GEPERGES, 2022.)

Nesse sentido, estar no GEPERGES é se descobrir e redescobrir, é conhecer e se


reconhecer em figuras femininas que pela tradição ocidental tradicional não estão colocadas
como referências epistemológicas relevantes. Para as/os membras/os do Geperge, fazer parte
do grupo é ser (co)movido (a) a cada descoberta que as leituras de mulheres como Audre Lorde,
bell hookes1, Conceição Evaristo, Suely Carneiro, Vilma Piedade possibilitam.
É se deixar tocar pelas intervenções artísticas e pessoais das/os componentes do grupo,
que com suas potentes energias advindas da ancestralidade, do conhecimento e das ações
práticas do ativismo social desestruturaram e bagunçam os alicerces construídos pelas
imposições machistas, heteronormativas, cristãs coloniais.
Desconhecer essas outras referências epistemológicas, para muitas/os professoras/es
acarreta num despreparo para lidar com a questão racial em sala de aula, desencadeando a
difusão da discriminação racial, que dificulta e até impossibilita a decodificação e a intervenção
da/o docente em situações que denotem sinais de preconceito. Por isso, trazemos a fala do
Professor 3 e Membro do GEPERGES, ao qual sinaliza ações possíveis de serem trabalhadas em
sala de aula:

Em minha prática cotidiana em sala de aula, busco atentamente me aproximar


da educação para as relações étnico-raciais. Estou constantemente trazendo as
questões indígenas e africanas, como também de gênero, para o eixo de
discussão de minhas aulas. Esse ano, por exemplo, já dialogamos sobre o
racismo e o enfrentamento do mesmo, através de práticas cotidianas
antirracista, refletimos sobre a relevância dos saberes locais e da manutenção da
cultura e religiosidade dos povos indígenas e negros. Durante os conteúdos de
geografia, fico atento para inserir as discussões e o fomento de práticas contra-
hegemônicas, ações que enfrentem o racismo, o machismo, a homofobia e o
eurocentrismo no dia a dia das e dos estudantes. (Professor 3 e Membro do
GEPERGES, 2022.)

As ações indicadas pelo Professor 3 conduzem a um processo de reflexão e avanços na


prática do combate ao racismo nas escolas, inserindo os conhecimentos durante os componentes
curriculares de forma que os estudantes possam repensar o seu meio social, num processo que

1 O pseudônimo da autora aparece em letras minúsculas para definir sua posição ideológica. Segundo a autora, a
maior importância não se encontra no que ela é, mas sim, nas ideias e conhecimentos que são transmitidos por seus
escritos, conforme pode ser observado em matéria intitulada “A pedagogia negra e feminista de bell hooks”,
disponível em: https:// www.geledes.org.br/a-pedagogia-negra-e-feminista-de-bell-hooks.

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gênero e sexualidades
lhes possibilita se sentir pertencentes ao espaço escolar, ajudando-os em sua autoestima, a partir
de um autoconhecimento individual ou cultural.
Fazem-se necessário mobilizar a comunidade escolar a respeito da conscientização e
polêmica do tema, fazendo com que a convivência com a diversificação racial, cultural e religiosa
seja contestadora, sem mais processos de exclusão. Nos processos sociais de reivindicação de
políticas de ação e luta contra o racismo, foram mobilizados inúmeros recursos de agência pela
população negra, nos contextos organizativos, ao demarcar a raça como categorias de luta política
foram mobilizadas táticas de enfrentamento ao racismo.
Nessa vertente, ao nos debruçamos nas falas de professoras/es e sua participação em
grupo de pesquisa, compreendemos o quanto estes espaços representam lugares que favorecem a
formação humana das/os sujeitas/os, que através da reflexão e do diálogo, criam estratégias
colaborativas para efetivação da prática docente antirracista em sala de aula.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante de uma sociedade cada vez mais dinâmica e plural, a universidade tem por dever ir
de encontro as ideologias racistas que ainda estruturam o Brasil, promovendo ações viáveis que
possam efetivamente construir e socializar saberes e conhecimentos que não mais difundam a
desigualdade racial.
Assim, identificar e compreender como a universidade vem realizando esse trabalho é
pensar na concretude da descolonização do currículo, das práticas pedagógicas e dos saberes.
Nesse contexto, trazer exemplos positivos que efetivam ações antirracistas permite-nos
compreender o movimento lento, mas possível que favorece uma mudança social.
Nesse estudo, nos propusemos observar e refletir sobre como o Grupo de Estudos e
Pesquisas em Educação, Raça, Gênero E Sexualidades Audre Lorde – Geperges Audre Lorde
vem contribuindo nesse movimento de reorganização e descolonização da academia, ao passo
que também se propõe a dialogar e possibilitar de descolonização da escola a partir da
intervenção pedagógica das/os professoras/es membros do grupo que atuam na educação básica.
Por intermédio do compartilhamento de sabes, do respeito ao outro, da integração e
constante reconstrução, a prática educativa carrega em si a possibilidade de ser transformadora,
com a matriz dessa formação, ancorada na compreensão do sujeito. Isto se torna possível por
meio da construção identitária fomentada pelo grupo; das discussões teóricas suscitadas através
dos estudos dirigidos de autoras/es que produzem epistemologias que ainda não estão difundidas
na academia, mas que são relevantes para se pensar em outros caminhos para enfrentar o
racismo; no conhecimento de pessoas que lutam e constroem práticas de enfrentamento contra
diferentes formas de opressão e formam, coletivamente e de forma intercultural, práticas
pedagógicas de possibilidades, tal como uma árvore ancestral.

REFERÊNCIAS

BOTELHO, Denise. Educar para a Igualdade Racial nas Escolas. In: BOTELHO, Denise (org).
Educar para a Igualdade Racial nas Escolas. Recife: MXM Gráfica & Editora, 2016.

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gênero e sexualidades
CAVALLEIRO, Eliane. Prefácio. In: SANTIAGO, Eliete; SILVA, Delma; SILVA, Claudilene
(Orgs.). Educação, escolarização e identidade negra: 10 anos de pesquisa sobre relações
raciais no PPGE/UFPE. Recife: Ed. Universitária da UFPE, 2010.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 24ª ed. São
Paulo: Paz e Terra, 2019.
________. Educação como prática da liberdade. 46º ed. Paz e Terra Rio de Janeiro, 2020a.
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GOMES, Nilma Lino. O movimento negro educador: saberes construídos nas lutas por
emancipação. Petrópolis: Vozes, 2017.
HOOKS, Bell. Ensinando a transgredir: a educação como prática da liberdade. São Paulo:
editora WMF Martins Fonseca, 2017.

SANTIAGO, Eliete; SILVA, Delma; SILVA, Claudilene (Orgs.). Educação, escolarização e


identidade negra: 10 anos de pesquisa sobre relações raciais no PPGE/UFPE. Recife: Ed.
Universitária da UFPE, 2010.

SILVA, Claudilene. Professoras negras: identidade e prática de enfrentamento do racismo no


espaço escolar. Recife: Ed. Universitária da UFPE, 2013.

Informações do(a)(s) autor(a)(es)


Gessiane Aline Bezerra e Silva Ferreira
Professora da Educação Básica de Salgueiro-PE
gessyline777@gmail.com
Lattes: http://lattes.cnpq.br/3321934385026427

Informações do(a)(s) autor(a)(es)


Daniele Maria Soares de Carvalho
Professora da Educação Básica de Recife-PE, Rede privada
danielecarvalho.msc@gmail.com
Lattes: https://lattes.cnpq.br/9029627965336913

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