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Resumo
A diversidade étnica é uma das bases para o trabalho da educação infantil visto que
sua função sociopolítica se baseia no respeito, celebração e promoção das
diferenças. Nesse sentindo, questionou-se o trabalho docente com relação à
ausência ou reforço de preconceitos étnicos e estereótipos. Os objetivos foram
analisar as aproximações e distanciamentos de um Centro Municipal de Educação
Infantil (CMEI) com as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil
(DCNEI), para o trabalho com o tema diversidade étnica frente ao processo de
formação pessoal e social da criança e identificar a visão dos professores em
relação à importância do tema diversidade étnica para o processo de socialização
da criança pequena no espaço da pré-escola. A pesquisa foi de cunho qualitativo e
realizou-se um estudo de caso. Para análise dos dados utilizou-se o método de
análise de conteúdo, os instrumentos para a coleta de dados foram a observação
dirigida e a entrevista semiestruturada. Nos resultados, é evidente o reforço em sala
de aula dos estereótipos consolidados na sociedade e ausência do trabalho docente
a partir da temática, apesar da maioria confirmar sua importância para o
desenvolvimento da criança.
Palavras-chave: prática docente, educação infantil, DCNEI, etnia.
diversidades como a chave para uma educação Como fundamento desse estudo, procurou-
de qualidade. Especificamente na diversidade se não utilizar o termo raça pelo fato de,
étnica – que se reflete em todos os aspectos do historicamente, estar relacionado à ideia de
modo de vida dos brasileiros – torna-se inegável hierarquização e discriminação das características
o imenso pluralismo étnico, cultural e social dos grupos humanos. Em 18 de julho de 1950, a
existente nesse território, entretanto, as relações Organização das Nações Unidas para a
hierárquicas partidas de uma visão etnocêntrica Educação, a Ciência e a Cultura [UNESCO],
são uma triste realidade histórica, tanto em (1950) publicou a Declaração das Raças que
âmbito nacional quanto mundial. ratificou o uso do termo para apenas fins
Vários documentos oficiais foram biológicos.
elaborados acerca do tema. O Plano Nacional
para a Educação das Relações Étnico-Raciais, A palavra ‛raça‟ designa um grupo ou uma
que tem como objetivo direcionar as práticas população caracterizada por certas
docentes visando um ensino inclusivo sem concentrações, relativas quanto à
discriminações étnicas, é um dos que se frequência e à distribuição, de genes ou de
caracteres físicos que, no decorrer dos
destacam em contribuições efetivas para a sala
tempos, aparecem, variam e muitas vezes
de aula. Portanto, as instituições de educação até desaparecem sob a influência de
infantil se tornam um espaço privilegiado para o fatores de isolamento geográficos ou
rompimento de tratamentos hierárquicos e culturais (UNESCO, 1950, p. 01).
preconceituosos, visto que seus três princípios
norteadores têm como base a consideração e a Na busca de não limitar o ser humano, nessa
promoção do reconhecimento das diferenças de pesquisa considera-se que raça, mesmo em seu
si e dos outros. sentido antropológico, não deve ser considerada
O estudo, inicialmente, foi projetado objeto de estudo por si mesma, conforme
mediante trabalho de campo em Centros afirmam Poutignat e Streiff-Fenart (1998, p. 20),
Municipais de Educação Infantil (CMEI) na mas sim quando “[...] entra na explicação do
cidade de Manaus, AM, Brasil, de leituras de comportamento significativo dos homens uns
documentos oficiais para essas instituições, em relação aos outros [...]”, ou seja, são as
tendo como referência a persistência da relações humanas baseadas na influência
discriminação em nosso país e a contribuição existente das variações fenotípicas que são
que a educação infantil pode exercer na criação objetos de estudo das Ciências Sociais. Incluiu-se
de valores e hábitos. Dessa forma, surgiu o o termo etnia que, do ponto de vista da
questionamento acerca das ações dos Antropologia Cultural, abrange um conjunto de
professores de educação infantil: estão características inerentes aos seres humanos.
desenvolvendo um trabalho desprovido de Desse modo, dada a complexidade do termo, o
preconceitos sobre a diversidade étnica, conceito que se utiliza para embasamento é o de
promovendo a igualdade, ou estão Weber (1994), que reelaborou o conceito criado
colaborandona difusão de estereótipos? por Vancher de Lapouge no início do século
Por meio dessa pesquisa busca-se contribuir XIX. Definindo étnico como:
para a avaliação das aprendizagens e
metodologias acerca da diversidade étnica, além [...] grupos humanos que, em virtude de
de oferecer subsídios para a formulação, semelhanças nos hábitos externos ou nos
reformulação e implementação de políticas costumes, ou em ambos, ou em virtude de
públicas em solo brasileiro. Busca-se, também, lembranças de colonização e migração,
proporcionar aos educadores reflexões sobre nutrem mera crença subjetiva na
suas práticas relacionadas a esse objeto de procedência comum, de tal modo que essa
se torna importante para a propagação de
estudo, bem como fomentar as discussões sobre
relações comunitárias, sendo indiferente se
o referido tema para a elaboração de novas existe ou não uma comunidade de sangue
formas de ensino pautadas nas perspectivas efetiva (Weber, 1994, p. 270).
igualitárias e isenta de discriminações.
Ressalta-se como o Ministério da Educação
Considerações acerca do termo raça e o (MEC) conceitua o termo raça, pois, como esse
conceito de etnia órgão é responsável por estabelecer estratégias e
diretrizes na área de ensino em todo o país,
acaba por influenciar diretamente as ações na medida em que somos todos diferentes de
docentes em todas as etapas da educação. Há outras pessoas, somos todos étnicos [...]”
diversos documentos mostrando um (Poutignat & Streiff-Fenart, 1998, p. 23).
antagonismo por parte dos aportes teóricos das Oliveira (2011, p. 205) afirma:
políticas públicas na área da educação, visto que,
por vezes, nega-se a existência do preconceito Considerando-se a conceituação transcrita,
étnico no Brasil, na atualidade, mas, ao mesmo a mesma se aplica com mais frequência a
tempo, elaboram-se programas, leis, estatutos, determinadas comunidades indígenas e a
planos e diretrizes voltados à necessidade de algumas comunidades quilombolas, mas
este conceito não pode ser atribuído às
superação dessa discriminação. No documento
comunidades urbanas, as quais foram
Orientações e ações para educação das relações étnico- muito mais afetadas pela dupla
raciais, uma publicação do Ministério da mestiçagem, isto é, pela mestiçagem
Educação: biológica e cultural e, portanto, não
mantiveram as características atribuídas a
[...] se entende por raça a construção social um grupo étnico.
forjada nas tensas relações entre brancos e
negros, muitas vezes simuladas como Determinados documentos de órgãos
harmoniosas, nada tendo a ver com o governamentais da área educacional utilizam os
conceito biológico de raça cunhado no
termos „raça‟ e „etnia‟ juntos, gerando a
século XVIII e hoje sobejamente
superado. Cabe esclarecer que o termo expressão étnico-racial, com a finalidade de unir
raça é utilizado com frequência nas as semelhanças físicas e culturais de negros,
relações sociais brasileiras, para informar indígenas e demais povos que contribuíram para
como determinadas características físicas, a formação do Brasil. O intuito de se utilizar a
como cor de pele, tipo de cabelo, entre expressão étnico-racial é o de amenizar a
outras, influenciam, interferem e até conotação negativa da palavra raça – negada pelo
mesmo determinam o destino e o lugar documento citado anteriormente. Assim,
social dos sujeitos no interior da sociedade percebe-se que há incoerências teóricas por parte
brasileira (Brasil, 2006, p. 234). desses órgãos governamentais, levando-se em
consideração seus conceitos defasados de raça e
Embora neguem o uso do termo como etnia. É importante, porém, destacar que, neste
modo de classificação, os documentos afirmam estudo, tais documentos não foram
que raça é apenas uma construção das ações desconsiderados; pelo contrário, foram os mais
discriminatórias entre brancos e negros e que, utilizados no levantamento bibliográfico para se
basicamente, está relacionado às características compreender as ações docentes e também
físicas, reafirmando uma contradição teórica que realizar a distinção entre os equívocos e claros
desencadeia equívocos metodológicos nos apontamentos que conduzem as práticas
agentes educacionais que são direcionados a escolares e direcionam as perspectivas teóricas e
seguir as orientações de documentos oficiais. pedagógicas de cada educador.
Nessa citação, em particular, nota-se a exclusão
dos indígenas nas construções das “tensas Diversidade étnica na educação infantil
relações”; como povos originais do nosso país e
participantes do processo de formação do Brasil, O currículo da educação infantil é concebido
também foram dizimados, escravizados e de forma articulada com as diversidades
discriminados. existentes no contexto da instituição escolar. O
Em relação ao termo etnia, Oliveira (2011), artigo 8º, parágrafo 1º, das Diretrizes
concluiu que a visão de etnia do MEC se Curriculares Nacionais para a Educação Infantil
encaixava em conceito imutável e não aplicável à (DCNEI), destaca a importância da apropriação
sociedade urbana. Em contrapartida, Poutignat e pelas crianças de conhecimentos sobre as
Streiff-Fenart (1998), ao fazerem a retrospectiva contribuições dos povos que originaram o Brasil.
histórica do termo etnia, remetem ao exemplo A partir desse conceito de educação infantil, na
da Grécia Antiga em que etnos eram os bárbaros contemporaneidade, as DCNEI,
ou estrangeiros. Não negando as raízes da etnia, fundamentando-se na Lei n. 9394 (1996),
os autores consideram que na “[...] medida em estabelecem três princípios norteadores: éticos,
que o termo étnico sempre foi utilizado para políticos e estéticos. Todos eles se apoiam na
designar as pessoas „diferentes de nós mesmos‟ e
crianças não queriam fazê-la; os professores com sentindo. Sair das metodologias mecânicas
trouxeram os cartazes de suas próprias casas; e estabelecer o desafio do que deve ser ensinado
houve exposições longas e fadigosas; a pesquisa, e como junto à comunidade educativa colabora
o recorte e a colagem foram tarefas para casa. na elaboração de um currículo que atenda alunos
A atividade que chamou a atenção das e docentes para possibilitar uma melhor
crianças foi a apresentação de instrumentos aprendizagem e eficácia de ambas as partes, para
africanos e indígenas. Elas puderam manuseá-los assim, a educação tornar-se mais humanizadora.
e tocá-los. Foi formada uma bandinha para que O quarto ponto faz referência aos
elas pudessem tocar e trocar de instrumentos a preconceitos étnicos que se manifestam com
cada música, todavia não lhes foi dada a mais frequência na sala de aula. Em todas as
informação sobre quais instrumentos eram de salas, poucas reflexões foram percebidas sobre o
origem africana e quais eram de origem indígena. preconceito. Nos três meses em que realizamos
Esse fato fez com que as crianças não a coleta de dados por meio de observações em
entendessem a situação, embora o enfoque do sala de aula, geralmente, as crianças
planejamento institucional, naquela quinzena, permaneciam sentadas em suas mesas,
tenha sido o tema sobre os negros. Quando os levantando-se para irem ao banheiro, no
instrumentos foram apresentados aos alunos, momento do lanche e entrega de tarefas.
foram-lhes dadas as seguintes informações: “são Somente na hora da merenda, percebemos
instrumentos pouco usados porque são rejeições de algumas crianças em relação a
instrumentos criados pelos negros e pelos outras, portanto não foi possível verificar a
índios” (Professora 1). presença de preconceito étnico, já que poucos
A fala da professora, afirmando o pouco uso momentos de interação foram observados na
dos instrumentos feitos pelos africanos e sala de aula.
indígenas por parte da sociedade, mostra uma As rotinas padronizadas são criticadas nas
certa despreocupação em relação ao DCNEI por se caracterizar como um controle
conhecimento transmitido. O Projeto de social em que as instituições priorizam a
Cooperação Técnica MEC e UFRGS (Brasil, disciplina e a submissão, deixando à margem os
2009b, p. 109), criado para subsidiar as DCNEI, conhecimentos, saberes, aprendizagens e,
ratifica a imprescindibilidade da ética da principalmente, a participação e interação das
responsabilidade por parte do professor da crianças entre si, entre elas e o professor. Em
educação infantil, trazendo uma orientação no suma, essas atitudes adultocêntricas, acabam por
sentido de uma pedagogia em que se deve inibir o comportamento natural das crianças,
“sugerir, propor, analisar, assumir a prejudicando avaliações concretas e interações
complexidade dos processos de aprender as significativas. O documento faz referência à
regras e avaliar a coerência delas. Não é só julgar, necessidade de a criança se locomover e se
mas também qualificar e valorar esses movimentarde modo a contemplar as
julgamentos”. diversidades:
Dessa forma, observamos a ausência de
plano de aula e de metodologias que resultem A criança deve ter a possibilidade de fazer
em interações e criação de relações com o deslocamentos e movimentos amplos nos
cotidiano das crianças, bem como de avaliação e espaços internos e externos às salas de
de trabalho com conhecimentos significativos. referência das turmas e à instituição,
envolver-se em explorações e brincadeiras
Dessa forma, corre-se o risco de se perder o
com objetos e materiais diversificados que
sentido da aprendizagem e de se estabelecer a contemplem [...] as diversidades sociais,
atividade intelectual, pelo fato de as informações culturais, étnico-raciais e linguísticas das
serem descontextualizadas. crianças, famílias e comunidade regional
Incentivar a atividade intelectual nas escolas (Brasil, 2009a, p. 14).
significa buscar novas metodologias de ensino
para uma nova realidade perante a globalização, O quinto ponto diz respeito às estratégias
a fim de novos rumos para as aprendizagens. que os professores utilizam para contornar
Para Charlot (2013), significa abandonar as situações de preconceito étnico na sala de aula.
metodologias superficiais e buscar uma O sexto ponto refere-se ao interesse das crianças
formação integral para todos os indivíduos, em ao se trabalhar a diversidade étnica e as
que a escola se torne um prazer e uma atividade mudanças de comportamento no cotidiano do
se interessam pelo assunto, e que a cada orientações para o trabalho com a diversidade
atividade realizada, elas se mostram abertas à étnica são dadas, percebemos a orientação para a
aceitação da diversidade no contexto escolar. valorização da pluralidade, mas, ao mesmo
Movidas pela curiosidade e interesse, as tempo em que se trabalha essa valorização na
crianças percebem a diversidade presente em perspectiva de raça, a conotação arbitrária sobre
sala de aula; por isso, a diversidade étnica deve ela e a concepção do termo por parte dos
ser trabalhada no diaadia nas instituições de docentes traz a ideia de classificação de seres
educação infantil, para ensiná-las a conviver humanos.
entre si, valorizando e ampliando suas noções de Com as mudanças nos RCNEI para o
diversidade e alteridade. Consequentemente, as direcionamento das DCNEI, após a inserção do
mudanças de comportamentos no cotidiano da tema em todas as políticas públicas educacionais
instituição podem ser nítidas. “[...] Explorar essa para a minimização de desigualdades,
diversidade torna-se tarefa fácil no ambiente da pensávamos que o preconceito estava superado
educação infantil, visto a diversidade de recursos na prática escolar das instituições de educação
a serem utilizados e a espontaneidade das infantil. Ainda não é o que ocorre; vimos sua
crianças que frequentam a escola nessa fase [...]” presença conforme nos mostram os resultados
(Bastos, 2010, p. 34). do estudo realizado em torno dessa temática.
Nas entrevistas, todos os professores Por essa prática ainda existir, há necessidade de
disseram que as metodologias utilizadas têm um trabalho com a diversidade étnica em sala de
contribuído para o alcance dos objetivos aula, para que, aos poucos, vá mudando a
estabelecidos no RCNEI e nas DCNEI. No mentalidade, as posturas, os comportamentos e
Projeto de Cooperação Técnica MEC e UFRGS as atitudes preconceituosas acerca da diversidade
para construção de orientações curriculares para étnica existente na sociedade.
a Educação Infantilconsta que, ao se partir do O CMEI estudado tem o conhecimento dos
objetivo dessa etapa da educação básica, a documentos do MEC e os utilizam para seus
aprendizagem em parceria, o viver em conjunto planejamentos, mas as metodologias e estratégias
e aceitação da pluralidade na sociedade “[...] utilizadas, as concepções da prática docente na
torna-se importante escolher metodologias que educação infantil, a falta de base sólida para o
favoreçam – e ofereçam – experiências de desenvolvimento de minimizações
aprendizagem através da co-construção lúdica”. discriminatórias advindas da sociedade
Assim, observamos que, por vezes, as contemporânea – como por exemplo, o
observações apontam situações que divergem do preconceito étnico – demonstram que tais
que os professores manifestaram em suas documentos não estão sendo efetivados na
respostas. Os professores não exploram de instituição de modo que esta cumpra os
modo efetivo a diversidade étnica e, acabam por objetivos propostos para essa etapa da educação
não explorar os campos de aprendizagem das básica.
crianças da educação infantil, limitando-se ao Há mais distanciamento do que
ensino de letras e números dissociados da aproximação das DCNEI. A visão dos
realidade. A relação de pertencimento das professores quanto à diversidade étnica na
crianças é pouco desenvolvida no CMEI, o que instituição investigada remete-nos ao mito da
ocasiona menos garantias de favorecimento no democracia instaurado na sociedade brasileira,
coletivo de aprendizagens menos demonstrando que mesmo com políticas
preconceituosas. públicas educacionais voltadas para a
minimização de desigualdades, há a necessidade
Considerações finais de pôr em prática o que essas políticas
determinam, para que, assim, possamos
O desenvolvimento da pesquisa nos colaborar para a mudança de ações e visões
possibilitou as respostas das questões levantadas sobre a diversidade étnica.
durante o processo de investigação. Com os Sabemos que por si a educação infantil não
resultados, podemos considerar que os pode superar os preconceitos existentes nos
professores da educação infantil trabalham, CMEI, nas secretarias municipais e estaduais de
ainda, na perspectiva de raças, o que pode levá- educação, bem como no país, mas esse nível de
los a um equívoco teórico e, quiçá, prático. Nos ensino pode contribuir no que tange à
documentos oficiais do MEC em que as construção de hábitos e atitudes de futuros
adultos. Nesse sentido, lançamos como sugestão Arce, A. (2007). O Referencial Curricular
para contribuir na prática dos professores acerca Nacional para a Educação Infantil e o
do trabalho em sala de aula com a diversidade espontaneísmo: (Re)colocando o ensino
étnica, que sua formação como professor da como eixo norteador do trabalho
educação infantil seja permanente, contínua, e pedagógico com crianças de 4 a 6 anos. In
que se possa trabalhar nos currículos oficiais dos
cursos de Pedagogia, documentos oficiais
A. Arce, & L. M. Martins (Eds.). Quem tem
voltados para a diversidade étnica como as medo de ensinar na educação infantil? Em defesa do
Diretrizes Curriculares Nacionais para a ato de ensinar (pp. 13-36). Campinas, SP:
Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Alínea.
ensino de História e Cultura Afro-brasileira e
Africanas e o Plano de Ação de tal documento. Bardin, L. (2008). Análise de conteúdo. Lisboa,
Dessa forma, acreditamos que a práxis do Portugal: Edições 70.
profissional dessa etapa da educação estará
efetivamente contribuindo para a minimização Bastos, V. C. (2010). Espaço, tempo e
de estereótipos e preconceitos na sociedade. cultura: a construção do meio social. In
O exercício da prática pedagógica em sala de Faculdade Educacional da Lapa (Ed.).
aula na educação infantil tem sido, ainda,
Fundamentos teóricos e metodológicos de ciências
precário quanto ao reconhecimento do trabalho
em torno da temática diversidade étnica. Isso humanas e sociais na educação infantil (pp. 25-
tem colocado os professores diante de uma 36). Curitiba, PR: Fael.
diversidade de situações-problema que nos
suscitam interesse pela investigação, pela Constituição da República Federativa do Brasil de
compreensão e pelo desejo de ver mudanças 1988. (1998). Brasília. Recuperado em 15
acontecerem na mentalidade educativa acerca maio, 2017, de
dos vários estereótipos. Temos que voltar nossa http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/const
atenção para as diversidades étnico-culturais tão ituicao/constituicaocompilado.htm.
presentes em nossa cidade, Estado e País.
De um modo geral, as crianças são as mais Brasil. (1998). Referencial Curricular Nacional
atingidas pelos preconceitos presentes no
interior da escola. Por apresentar
para a Educação Infantil. Brasília, DF: SEF.
comportamentos diferenciados, são consideradas
as ‛mais difíceis‟ ou ‛indisciplinadas‟ e com Brasil. (2004). Diretrizes Curriculares Nacionais
menor índice de rendimento. Costumam fazer para a Educação das Relações Étnico-Raciais e
um julgamento pouco satisfatório de si mesmos para o Ensino de História e Cultura Afro-
como estudantes, dizendo-se incapazes de Brasileira e Africanas. Brasília, DF: CNE.
realizar determinadas atividades. Até tentam
realizá-las, mas, ao apresentarem dificuldades, Brasil. (2006). Orientações e Ações para Educação
desistem fácil; em outros casos, recusam-se em das Relações Étnico-Raciais. Brasília, DF:
tentar. SECAD.
Tal situação vivenciada na sala de aula
costuma resultar em uma distância maior ainda
Brasil. (2009a). Revisão das Diretrizes
entre as expectativas que a escola tem em relação
a essas crianças e o que elas, efetivamente, Curriculares Nacionais para a Educação Infantil.
alcançam em termos de desempenho e de Brasília, DF: CNE.
desenvolvimento das várias linguagens. Sabemos
o quanto elas precisam avançar na construção de Brasil. (2009b). Projeto de Cooperação Técnica
uma consciência crítica frente ao mundo MEC e UFRGS para a construção de orientações
circundante, criando uma autoimagem positiva curriculares para a Educação Infantil:Práticas
de si mesmas. cotidianas na Educação Infantil – Bases para a
reflexão sobre as orientações curriculares. Brasília,
Referências DF: SEF.