Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Comunicação de Governo
Comunicação
Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Conteudista/s
Rebeca Baltazar Chaves, 2022.
Enap, 2022
Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Diretoria de Desenvolvimento Profissional
SAIS - Área 2-A - 70610-900 — Brasília, DF
Sumário
Módulo 1 - Introdução à comunicação e conceitos básicos da comunicação
pública e organizacional.......................................................................................... 5
Unidade 1: O que é comunicação?.......................................................................... 5
1.1 Comunicar...................................................................................................................... 5
1.2 A comunicação pode ser verbal e não verbal........................................................... 7
1.3 Funções básicas da comunicação............................................................................... 8
1.4 Princípios da Comunicação Pública............................................................................ 8
Referências ........................................................................................................................ 11
1
Introdução à comunicação e conceitos
básicos da comunicação pública e
organizacional
A comunicação permeia as mais diversas relações humanas, possui diversos formatos
e é mediada por meios também distintos. Nos comunicamos de forma escrita,
falada, por meio de gestos e posturas. A comunicação é fundamento elementar da
administração pública, visto que a publicidade dos atos é um princípio constitucional.
Neste módulo, compreenderemos seu conceito, seus fluxos e funções.
1.1 Comunicar
Todas as relações humanas são mediadas pela comunicação. Por isso, comunicar
bem é essencial na nossa vida cotidiana e na profissional. A origem etimológica da
palavra comunicação é "tornar comum", ou seja, se uma pessoa consegue fazer sua
ideia ser captada e compreendida por outra(s) pessoa(s), ocorre, neste momento, o
fenômeno da comunicação.
MENSAGEM
Emissor Codificação Decodificação Receptor
Mídia
Ruído
Feedback
Observa-se, portanto, que o processo conta com um emissor, que envia uma mensagem
codificada (um texto, uma imagem, um áudio…) por meio de uma mídia (tecnológica
ou não). Essa mensagem é decodificada (compreendida) por um receptor, que dará
um feedback quanto ao conteúdo que chegou até ele. Se esse feedback não for
recepcionado, não temos uma comunicação efetiva. A comunicação busca diálogo e,
sem isso, não temos assertividade – pode ter ocorrido somente uma informação em
que não existe diálogo e, assim, o processo de comunicação não se completa.
Nesse sentido, é essencial ter consciência de que um ruído (uma falha) pode
acontecer durante esse processo e causar prejuízo na decodificação da mensagem
e, consequentemente, sua compreensão e feedback. O ruído pode acontecer por
falhas mecânicas ou humanas. Neto (2010, p. 56) considera que “ruído pode ser
qualquer interferência que se tem no processo de comunicação, seja uma mensagem
emitida de forma confusa, seja a dispersão que o próprio canal causa, ou o possível
desinteresse da audiência”.
Comunicação x Compreensão
Relevância de cada tipo de comunicação no
entendimento de uma mensagem:
Não Verbal
(gestos, expressão
facial, postura)
55%
Verbal
(conteúdo) 7%
38%
Vocal
(dicção, ritmo, volume
e entonação)
• homogeneidade de linguagem;
• sinergia;
A Comunicação Pública pressupõe o uso de meios plurais e linguagem simples, que garantam
pleno acesso e compreensão da informação pelos diferentes estratos da sociedade.
2. Fomentar o diálogo
5. Combater a desinformação
6. Ouvir a sociedade
7. Focar no cidadão
A comunicação do serviço público deve produzir conteúdo adaptado e acessível. Deve abrir espaço
à diversidade de pensamento, garantir a representatividade e o uso de linguagem inclusiva.
A Comunicação Pública tem como pressuposto que verdade e ética são responsabilidades de todos
os governos, comunicadores, dirigentes e atores públicos.
A Comunicação Pública busca eficácia comunicativa. Deve zelar pela utilidade e relevância
dos conteúdos veiculados e pela otimização dos recursos empregados. Gastos relativos à
publicidade da Administração Pública devem ser transparentes, baseados em princípios
técnicos e canalizados para a diversidade de mídias e públicos, sem favorecimentos
ou distorções. Devem ainda contar com indicadores de eficácia que possibilitem o seu
aperfeiçoamento e o acompanhamento pela sociedade.
Ao fim desta unidade, você será capaz de verificar a aplicabilidade de uma comunicação
integrada como elemento fundamental para o sucesso de uma comunicação pública
assertiva, eficiente e que cumpra com as diversas atividades que lhe são atribuídas.
2.1 Definição
Comunicação
Organizacional
Comunicação Comunicação
Institucional Institucional
Relações Públicas Marketing
Jornalismo Empresarial Propaganda
Assesoria de Imprensa Promoção de Vendas
Editoração Multimidia Feira e Exposições
Imagem corporativa Marketing Direto
Propaganda Institucional Merchandasing
Marketing Social Venda Pessoal
Marketing Cultural
O ideal é que uma corporação, por meio de sua estrutura oficial de comunicação interna,
trabalhe simultaneamente com essas duas diferentes naturezas de comunicação. Deve-
se, todavia, entender que cabe à empresa somente alimentar de fatos e informações
verdadeiras os canais de comunicação informal. Não há como exercer controle sobre
eles. Mas nem por isso as empresas devem temê-los, porque, segundo pesquisa
divulgada pelo The Wall Street Journal, em outubro de 2003, aproximadamente 50%
dos funcionários declaram utilizar os meios informais de comunicação para se manter
atualizados sobre a organização, porém apenas 17% confiam nesse canal como fonte
de informação.
a) Direção vertical
As mensagens – que incluem as dos tipos anteriores e outras – circulam entre os funcionários ou
grupos de um mesmo nível hierárquico. Quanto melhor a dinâmica e a organização desse fluxo,
melhor a coordenação dos processos. Uma das dificuldades acontece quando algum grupo retém
informações importantes para controlar os outros.
c) Transversal
Nas organizações mais modernas (descentralizadas e flexíveis) onde a gestão é mais participativa
e integrada, as pessoas interagem mais, o que permite o fluxo e a comunicação em todas as
direções, sem a distinção de níveis hierárquicos.
d) Circular
Esse fluxo de comunicação é mais presente nas empresas de pequeno porte e extremamente
informais, onde as informações circulam indistintamente entre todos os níveis da sua
estrutura funcional.
Para melhor compreensão, veja a imagem a seguir, que ilustra como esses fluxos
ocorrem em uma organização.
Alto Alto
Setor 1 Setor 1
Escalão Escalão
Setor 1......................
Setor 2......................
Setor 3......................
Setor 4......................
Funcionários Funcionários Setor 1 Setor 1
Cabe destacar que é comum que todos os fluxos ocorram dentro de uma organização,
e que, quanto maior é a trajetória da informação, maior a possibilidade de ruídos
serem gerados. Veja o que a professora Rebeca Baltazar aborda sobre a comunicação
e conceitos básicos da comunicação pública e organizacional.
2 Comunicação na Gestão
Ao final desta unidade, você será capaz de compreender o conceito e os processos que
envolvem a comunicação interna, além de identificar sua função estratégica na organização.
• a comunicação interdepartamental;
Chinem (2010) observa, ainda, que uma boa comunicação no ambiente de trabalho
contribui para:
Para Kunsch (2002, p. 159), “A comunicação interna deve contribuir para o exercício
da cidadania e para a valorização do homem”, e precisa ser reconhecida como
multiplicadora, uma vez que seu público o é. Os colaboradores de uma organização
levam informações do seu ambiente de trabalho – sejam elas positivas ou negativas
– para casa e para seu convívio social. Com isso, tornam-se embaixadores da
organização. Daí a necessidade manter esse colaborador motivado e contente. Para
isso, algumas técnicas são utilizadas, entre as quais o endomarketing, que veremos
no tópico a seguir.
Ruggiero (2002 apud FRANÇA, 2013, pp. 130-131) estabelece que a qualidade dessa
comunicação é derivada de alguns pontos considerados de suma importância:
Prioridade à comunicação:
Processo de busca:
proatividade de cada colaborador em buscar as informações de que precisa para realizar bem
o seu trabalho;
Foco em aprendizagem:
Individualização:
Competências de base:
Velocidade:
Adequação tecnológica:
1.2 Endomarketing
Não há como falar em comunicação interna sem que se enfoque o endomarketing. São
dois conceitos que compartilham dos mesmos “interesses” e caminham juntos, afinal,
não existe endomarketing sem comunicação interna e, por sua vez, a comunicação
ganha mais credibilidade a partir do momento em que o endomarketing realmente
é implantado e cumpre objetivos na organização. Lembrando que endomarketing
não é comunicação interna, mas a comunicação interna é uma ferramenta poderosa
para o sucesso do endomarketing (FRANÇA, 2013).
Considerando o exposto, estima-se por Pimenta (2010) que são requisitos para
implantação de um programa de endomarketing:
Para uma formação aprofundada no tema Endomarketing, leia a obra: BEKIN, Saul
Faingaus. Endomarketing: Como praticá-lo com sucesso. São Paulo: Prentice Hall, 2004.
AGUIAR, Fernanda R., D. et al. Comunicação interna. Porto Alegre: SAGAH, 2019.
BEKIN, Saul Faingaus. Endomarketing: Como praticá-lo com sucesso. São Paulo:
Prentice Hall, 2004.
Para o primeiro, uma boa estratégia de utilização das plataformas online como sites
e redes sociais poderá ter uma excelente efetividade; para o segundo não adianta
uma publicação no Facebook e nem um informativo impresso, será preciso intervir
por meio de áudio; já para o terceiro, talvez as redes sociais tenham impacto, mas
um material impresso também poderá ser utilizado.
Além disso, a comunicação pública deve primar pela transparência e pela participação
social, fomentando o diálogo e o exercício da cidadania, com o intuito de promover
a democracia e tornar a sociedade mais ativa e atuante. Muitas vezes, é preciso
que a comunicação seja responsável por demonstrar às pessoas quais são e de que
forma podem ter acesso aos seus direitos.
• ser imparcial;
• saber ouvir;
Ao final desta unidade, você será capaz de identificar o que é uma Assessoria de Comunicação
e elaborar um organograma que contemple os profissionais que a compõem, suas funções e
sua localização no organograma da sua organização.
3.1 Conceito
GABINETE DO PREFEITO
Assesoria Chefe de
Técnica Gabinete
Organograma institucional
É evidente que cada governo tem suas especificidades como inerentes à sua
localidade como: extensão territorial, demografia, demanda, orçamento e até
mesmo quantidade de profissionais qualificados e aptos para o desenvolvimento
das funções. Como consequência, isso impacta a construção de um departamento
de comunicação que pode ser mais amplo ou mais enxuto a depender desses e de
outros fatores. Uma cidade com 10 mil habitantes não precisa de uma estrutura tão
elaborada quanto uma cidade com 2 milhões, por exemplo. Entretanto, precisamos
compreender quem são os profissionais preferencialmente envolvidos e quais
atividades fazem parte da rotina de cada um deles. Idealmente não é interessante o
acúmulo de funções por parte de um profissional.
Designer Publicitário
Assesoria de
Comunicação
Relações Fotógrafo
Públicas
responsável pela produção de peças gráficas para serem divulgadas nas mí-
Designer dias online e offline.
Assessorado
Assessor de
Comunicação
3 Crises
Situações negativas que ganham repercussão na mídia e geram uma visibilidade ruim
da gestão podem acontecer a qualquer momento. Cabe à Administração Pública,
por meio de trabalho integrado com o departamento de comunicação, estar atenta
para prevenir e minimizar esse risco, bem como para agir de forma rápida e eficaz
caso uma intercorrência afete a gestão.
Ao final desta unidade, você terá capacidade de avaliar a dimensão de uma crise, bem como
produzir um Planejamento de Contingenciamento de Crise.
Existem conceituações distintas, mas bastantes similares do que vem a ser uma
crise. Algumas serão apresentadas a seguir:
Para John Birch (1993, p. 9), “crise é um evento imprevisível, que, potencialmente,
provoca prejuízo significativo a uma organização ou empresa e, logicamente, a seus
empregados, produtos, condições financeiras, serviços e à sua reputação”.
A crise pode ser vista também como um “desequilíbrio do sistema”, uma desordem,
um indicativo de que “as coisas estão fora do prumo”, de acordo com Torquato
(2012, p. 273).
Alguns autores consideram que a crise é composta por quatro fases. São elas:
• Revelação
• Divulgação
• Clímax
• Consequências
O clímax é a pressão causada pelas revelações leva a um desfecho que pode resultar
no fim das acusações e do escândalo propriamente dito. É nessa etapa que alguns
funcionários das organizações são demitidos ou afastados
Drennan e McConnell (2007) destacam alguns cenários da área pública que são
mais suscetíveis à crises, como: danos à vida ou à propriedade; colapso crítico na
infraestrutura (eletricidade, água, gás, telecomunicações); falha em políticas-chave
(distribuição de vacinas, assistência a populações carentes); destruição de ativos ou
perda grave de receita; danos à reputação do governo ou de organizações do setor
público; danos à legitimidade de setores do governo ou à política organizacional;
investigação pessoal de personalidades públicas, com danos à credibilidade e possível
dano à carreira (caso de autoridades demitidas e investigadas por denúncias).
Forni (2019) ressalta que notícias aparentemente positivas também podem gerar crises
e relembra de quando a Petrobras, nos anos 2000, encomendou e aprovou um estudo
de mudança da marca para Petrobrax. O anúncio foi feito em carta do presidente
aos empregados e seria lançado com ampla campanha publicitária. Embora tivesse
justificativas mercadológicas bastante sólidas, com base na internacionalização da
empresa, tão logo o anúncio foi feito, houve reação muito forte dos sindicatos, de
partidos da oposição e outros formadores de opinião. Além de condenar os gastos
resultantes da alteração, eles viam nessa mudança uma ação com vista à privatização
da empresa. Um fato que teve a intenção de ser positivo, preparado com muita
antecedência, acabou gerando uma crise para a empresa. A diretoria voltou atrás.
Planejar uma gestão de crises pode ser resumido nos seguintes passos: catalogar
potenciais situações de crise; conceber políticas para sua prevenção; formular
estratégias e táticas para conduzir cada crise potencial; identificar quem pode ser
afetado por elas; conceber efetivos canais de comunicação para os afetados pela
crise, como forma de minimizar o dano à reputação da organização; e, por último,
testar tudo (REGESTER; LARKIN, 2008).
Gestão da
Crise
Crise
Gestão da
Gestão de
Comunicação
Risco
de Crise
Plano
simples e
flexível
Ações de
Porta-voz
comunicação
CRISE
Resposta
rápida Liderança
(timing)
Stakeholders
(prioridade
pessoais)
Duarte (2018) destaca que outro aspecto a ser considerado nas crises é a velocidade
da comunicação. No passado, existia uma grande defasagem de tempo até o público
tomar conhecimento de um fato negativo e o mercado reagir. Isso acabou. Por isso,
pouco sabemos de crises que aconteceram antes que a mídia tradicional e a internet
trouxessem a informação rapidamente para dentro de nossas casas. O ambiente
de difusão das notícias mudou. Não existem mais crises locais. Todas as crises têm
potencial de se tornarem globais.
A estrutura desse comitê pode variar. Deve contemplar as áreas-chave para gerenciar
a situação e tentar manter a reputação e imagem da organização. A estrutura mais
recomendada é: coordenador do comitê; diretor jurídico; área de comunicação, pelo
titular ou o assessor de imprensa; recursos humanos; segurança e informação; e,
naturalmente, a diretoria envolvida diretamente no problema. A esse grupo pode-se
juntar a área de operações ou de marketing; o assessor parlamentar e um consultor
externo, quando necessário. O coordenador ou alguém indicado por ele será o
porta-voz para o caso de pronunciamentos ou entrevistas à imprensa.
Estima-se que a formação ideal do comitê contemple poucas pessoas (entre oito e
doze), conhecedoras da organização, corajosas, empreendedoras, arrojadas, com
poder de decisão em situações de pressão e estresse, e disposição para prestar
esclarecimentos rapidamente, com desenvoltura e clareza. O porta-voz precisa
ter treinamento em media training. O comitê sinaliza os pontos vulneráveis da
organização e, com isso, define objetivos, estratégias e táticas para enfrentar as
crises. A criação do comitê já sinaliza a sensibilidade da organização em relação
Além do jurídico, obrigatoriamente deve ter uma ou duas pessoas com domínio no
relacionamento com a mídia. Uma ação descoordenada por qualquer colaborador
durante uma crise pode agravar o problema.
Outro erro muito comum, principalmente no setor público, é criar comitê de crise
apenas para dar uma resposta à pressão da opinião pública. Anunciam um comitê de
crise sem objetivo definido, sem pressa em se reunir, que nada resolve. É só para criar
um factóide, uma notícia com repercussão. Muito apropriado para quem não quer
resolver a crise, mas apenas aparecer e dizer que está trabalhando (DUARTE, 2018).
Nas crises, as organizações precisam ter uma cara. Uma das primeiras funções de uma
equipe de comunicação de crises é selecionar um porta-voz oficial. O porta-voz será o
contato inicial para todos os questionamentos da mídia e deve passar credibilidade,
ser treinado para lidar com os jornalistas, ter conhecimento aprofundado da gestão,
um comportamento calmo e que saiba lidar com o estresse e com a pressão. A fonte
escolhida pela empresa participará de todas as entrevistas coletivas, e nela estará
concentrada a maioria das entrevistas. Alguns especialistas recomendam que toda
organização tenha dois porta-vozes preparados para situações de emergência. Por
que dois? Porque poderá haver impedimento de um, doença, férias, ausência, e,
dessa forma, a organização tem sempre um porta-voz disponível. Além disso, há
casos em que a demanda por informação poderá ocorrer durante 24 horas, nas crises
a) Diagnóstico
b) Mapeamento de procedimentos
• definir medidas para eliminação de fatores de risco (se isso for possível);
Se a crise chegar, Martinuzzo (2013) segue com as orientações em forma de passo a passo:
• definir um porta-voz único, que deve ser o expert no tema, mas não
pode se achar uma celebridade. Humildade, com segurança e confiança,
1.6 Mensagem-chave
Mas você não precisa, nos primeiros momentos, dar informações que não possam
ser fornecidas. Uma área de comunicação nunca pode aceitar a especulação, nem a
pressão. Na nota à imprensa, a empresa deve se limitar aos fatos que aconteceram
com as informações disponíveis até aquele momento. Jamais especular ou fazer
projeções, interpretações. Se a causa da crise ainda não foi apurada, não se acanhe
em dizer “a causa do incidente/acidente está ainda sob investigação”. Tão logo haja
mais informações, retome o contato com a mídia. Se a crise foi causada por erro ou
imperícia da organização, admita, sem meias palavras. Está mais do que provado
que o público pode esquecer ou, pelo menos, minimizar um fato negativo de uma
instituição se ela honestamente admite o erro cometido.
Vamos conhecer um pouco mais sobre as Crises com a professora Rebeca Baltazar.
Videoaula: Crises
BIRCH, John. Como sobreviver na crise. Sem crise. Revista Propaganda, São Paulo,
n. 486, p. 9-12, ago. 1993.
DRENNAN, Lynn T.; MCCONNELL, Allan. Risk and crisis management in the public
sector. New York: Routledge, 2007.
LOPES, Marilene. Quem tem medo de ser notícia? São Paulo: Makron Books, 2000.
4 Comunicação Pública:
especificidades e alertas na web
A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2019, realizada pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), demonstra que a população
brasileira está cada vez mais detectada. De acordo com o levantamento, 82,7%
dos domicílios nacionais possuem acesso à internet, um aumento de 3,6 pontos
percentuais em relação a 2018. Além disso, o Brasil é o terceiro país do mundo
que mais usa redes sociais. Consequentemente, essas plataformas englobam as
estratégias de comunicação das organizações e das administrações públicas. Porém,
algumas especificidades e alertas surgem nesse cenário relativamente novo.
Ao final desta unidade, você será capaz de reconhecer os principais aspectos e potencialidades
das redes sociais mais utilizadas no Brasil, bem como identificar e lidar com a desinformação
que se desenvolve na rede.
As redes sociais que serão tratadas neste módulo são as digitais e acontecem em
plataformas online. São sites que oferecem conexões entre pessoas, mediadas
pela internet. Musso (2006, p. 34) define rede social como “uma das formas de
representação dos relacionamentos afetivos, interações profissionais dos seres
humanos entre si ou entre seus agrupamentos de interesses mútuos”.
1. YouTube
2. Facebook
3. WhatsApp
4. Instagram
YouTube 96%
Facebook 90%
Whatsapp 88%
Instagram 79%
FB Messenger 66%
Twitter 48%
Pinterest 40%
96%
Linkedin 37%
Skype 30%
Snapchat 27%
Tumblr 19%
Twitch 18%
Reddit 16%
Wechat 15%
TikTok 14%
Viber 13%
Esses podem ou não ser consolidados como também podem sobreviver tendo um
papel um tanto periférico, mas, ainda assim, útil para certos segmentos. Com base
na tabela a seguir, podemos identificar algumas particularidades dos canais digitais
para relacionamento com a imprensa, consolidados neste momento. É claro que a
relevância vai variar a partir do interesse do usuário, mas a análise das características
principais ajuda a definir a melhor alternativa para cada caso.
Mediante o exposto, é possível compreender que cada rede social possui sua
particularidade, e a seleção e a produção de conteúdo para cada uma delas deve ser
analisado, planejado e organizado. Existem tendências de segmentação que também
podem ser interessantes para o reconhecimento do tipo de conteúdo que se deve
publicar, bem como qual a repercussão esperada. Discorreremos brevemente sobre
as redes sociais mais utilizadas pelos brasileiros que costumam ficar mais de três
horas por dia consumindo conteúdo nessas plataformas.
YouTube
Plataforma de vídeo e streaming mais acessada por smartphones. Ambos os sexos acessam a
rede, sendo a maioria com idade entre 16 e 49 anos com intenção majoritariamente de ‘aprender
algo’. No que tange à interação com os usuários, entre as possibilidades estão: comentários,
compartilhamentos e salvamento de vídeos. Também é uma plataforma que permite transmissões
ao vivo, que podem ser produtivas, por exemplo, para veiculação de audiências públicas. Um
cuidado essencial é quanto à qualidade dos vídeos a serem produzidos e disponibilizados nessa
plataforma. É necessário um rigor mínimo de produção e equipamento para uma comunicação
institucional coerente e bem-posicionada. O YouTube pode ser utilizado, por exemplo, como um
suporte para o release tradicional, sendo conhecido recentemente como vídeo release.
Facebook
Plataforma de compartilhamento de vídeos, fotos, links e textos em que os usuários são
‘amigos’ e interagem entre si. Para a Administração Pública, é válida a criação e alimentação da
chamada FanPage, um perfil institucional que serve para publicação de conteúdos nos formatos
supramencionados. Nela os ‘seguidores’ (quem curte essa FanPage) podem comentar, compartilhar,
curtir ou reagir às publicações, enviar mensagens privadas e marcar o Ente Federativo em
publicações. Quanto ao perfil dos usuários, tem-se observado um aumento de pessoas mais velhas
nas plataformas. Em 2021, os usuários com mais de 65 anos aumentaram cerca de 25% em relação a
2020. Essa rede também tem sido terreno fértil das conhecidas fake news principalmente em grupos
que devem ser constantemente monitorados pela Assessoria de Comunicação.
Aplicativo de envio de mensagens instantâneas que envolvem links, notícias, textos, vídeos e
fotos. Os usuários podem manter um diálogo privado com uma pessoa, ou criar grupos que
envolvam pessoas de segmentos ou interesses semelhantes. O WhatsApp tem sido uma forma de
disseminação de informação e desinformação. O aplicativo pode ser utilizado pela Administração
Pública como forma de Ouvidoria. Diversas defesas civis, por exemplo, também o utilizam para
recolherem demandas da população. Além disso, a Assessoria de Imprensa pode optar por enviar
os releases por meio do aplicativo. Muitas têm grupos com os jornalistas que compõem o mailing
e enviam as informações por ali, em vez de por e-mail. Quanto à idade, os dados são bastante
abrangentes, sendo que a plataforma não admite usuários menores de 13 anos.
Plataforma originalmente de compartilhamento de fotos que está valorizando cada vez mais a
produção e publicação de vídeos. Seu público é majoritariamente jovem. São dois os principais tipos
de conteúdos a serem produzidos para essa rede social. Conteúdos que ficam no ‘feed’ – que é o perfil
do usuário e fica ali exposto sempre e conteúdo para o formato de story, que, além de possuir uma
dimensão diferente, fica disponível somente por 24 horas. Na Administração Pública, é interessante
mostrar o dia a dia das ações nos stories e as notícias e informações mais completas no feed.
A utilização das redes sociais deve ser compreendida como uma forma de
interação da Administração Pública com a sociedade e como um ambiente para o
monitoramento de demandas da população.
As fake news (notícias falsas) são exatamente o que o termo sugere: notícias
falsificadas, infladas. Artigos, notas, posts nas redes sociais com informação não
confirmada ou deliberadamente falsa são publicados como se fossem notícias
verdadeiras. A maioria das histórias ou versões é criada para atrair cliques (e, assim,
inflar a receita de anúncios), muito na linha de notícias sensacionalistas de capas de
tabloides, nas quais o compromisso com a verdade muitas vezes fica comprometido
(FORNI, 2019).
Para Barbeiro (2020, p. 116), “a fake é a informação do vale tudo. Pode ser veiculada
em uma conta pessoal ou de uma corporação, ou ainda sob perfil falso”. Portanto,
todas as instituições atuais estão sujeitas a essa fake. Assim, precisam estar atentas
para rebater e restaurar a verdade, seja por publicações em todas as plataformas,
digitais ou não. Quando existe necessidade de um posicionamento por meio de
entrevista, o porta-voz da empresa, corporação ou entidade deve estar preparado
tanto no conteúdo quanto na forma como vai se comportar nas entrevistas.
Respostas vazias, atravessadas, gaguejantes, não sinceras só agravam os danos na
marca, atingem o capital intangível da empresa e a reputação de seus dirigentes.
1.5 Haters
Pense em apagar
quando as ofensas são oriundas de perfis falsos, simplesmente apagar
a mensagem e não as mensagens e bloquear o usuário pode dar por encerrado o assunto.
responder
Informação falsa pode acontecer de o hater divulgar informações falsas ou tentar manipular
exige resposta fatos. Nesse caso, o melhor é contra-atacar com a informação correta,
evitando que a informação falsa ou deturpada prevaleça.
imediata
BARBEIRO, Heródoto. Midia Training: como usar as mídias sociais a seu favor.
São Paulo: Actual, 2020.
JUSKI, Juliane do, R. et al. Crítica da Mídia. Porto Alegre: SAGAH, 2020.
THOMPSON, Marco A. Como ser influenciador digital. São Paulo: Érica, 2019.
WE ARE SOCIAL. DIGITAL 2021: THE LATEST INSIGHTS INTO THE ‘STATE OF DIGITAL’.
Disponível em <https://wearesocial.com/uk/blog/2021/01/digital-2021-the-latest-
insights-into-the-state-of-digital/> Acesso em 20 jan. 2022.
Objetivo de aprendizagem
Ao final desta unidade, você será capaz de compreender quais aspectos legais envolvem a
comunicação pública e, por consequência, reconhecer as possibilidades, as obrigações e as
vedações desse tipo de comunicação.
Duarte (2012) defende que a atuação da Comunicação Pública exige: (a) compromisso
em privilegiar o interesse público em relação ao interesse individual ou corporativo;
(b) centralizar o processo no cidadão; (c) tratar co- municação como um processo
mais amplo do que informação; (d) adaptação dos instrumentos às necessidades,
possibilidades e interesses dos públicos; (e) assumir a complexidade da comunicação,
tratando-a como um todo uno.
Com a Lei de Acesso à Informação, o setor público em geral tem sido cada vez mais
cobrado para disponibilizar informações de interesse público em seus portais e
canais de comunicação. As instituições perceberam a importância de disponibilizar
informações em tempo real, como é o caso recente da Universidade Estadual de
Campinas (Unicamp), que lançou seu Portal da Transparência para informar à
comunidade sobre o uso dos recursos públicos e ações associadas. A percepção
de que a informação é um bem público começa a se incorporar nas culturas
corporativas, uma vez que a sonegação de informações pode ser fatal para a
credibilidade institucional (CALDAS in DUARTE, 2018).
Além da LAI, outra lei que impacta a comunicação de governo é a Lei da Transparência,
que estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na
gestão fiscal e dá outras providências, a fim de determinar a disponibilização, em
tempo real, de informações pormenorizadas sobre a execução orçamentária e
financeira da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
Embora seja uma lei mais atrelada à parte fiscal, por essa disponibilização de
informações ser realizada no site do governo – que é alimentado pela Assessoria
de Comunicação – faz parte da rotina do departamento o acompanhamento e,
eventualmente, um auxílio.
Ao final desta unidade, você será capaz de reconhecer a função do media training, seus
formatos e sua função estratégica dentro do governo.
Atributos de um porta-voz
Cabe destacar que existem formatos distintos para propor essas atividades. Duarte
e Faria (2018) estabelecem alguns:
Quem lida cotidianamente com a imprensa sabe que a preparação exerce duplo
papel: ao jornalista, proporcionar atendimento de qualidade, e à fonte, oferecer
segurança e desempenhar bem o papel de informar à sociedade. Se o treinamento
for rotineiro, fortalece a habilidade de lidar com cada situação, mesmo as imprevistas
e problemáticas.
Duarte e Faria (2018) lembram que um media training começa bem antes do dia
previsto. Algumas das ações prévias para seu sucesso podem ser as seguintes:
Saber o motivo do treinamento e os objetivos a curto e médio prazo são o ponto de partida
para seu sucesso;
Pode ser feita pela própria assessoria ou por uma empresa contratada. Geralmente, são
feitas entrevistas com jornalistas para identificar como são percebidos seus principais erros,
pontos fortes e outras características. O resultado é apresentado no início do treinamento e
geralmente com bons resultados;
No caso de empresa terceirizada, uma discussão com a assessoria sobre perfil, características,
pontos fracos e fortes do treinando na percepção da assessoria, pode ser bastante útil para
a elaboração do projeto e direcionamento do treinamento. A empresa contratada deve ser
orientada para fazer observações ou enfatizar, por exemplo, questões em que a equipe da casa
não se sente à vontade;
4. análise de posicionamento
7. construção de mensagens-chave
BARBEIRO, Heródoto. Mídia training: como usar a imprensa a seu favor. São Paulo:
Saraiva, 2008.
DUARTE, J.; FARIA, A. M. Media training: capacitando fontes e porta-vozes. In: DUARTE, J.
(org.). Assessoria de imprensa e relacionamento com a mídia: teoria e técnica. 3. ed.
São Paulo: Atlas, 2010. p. 360-372.
Objetivo de aprendizagem
O empenho de criar e de manter uma imagem deve estar associado à ideia de sistema,
ou seja, uma prática constante, organizada e que envolve técnica. Para isso, a
Assessoria de Comunicação deve trabalhar de forma estratégica e com objetivos e
metas definidos mediante um planejamento prévio que envolve um plano de ação
para organizar as atividades que devem ser desempenhadas por cada profissional,
determinando sua forma, suas razões e prazos.
Martinuzzo (2013) assegura que o planejamento define o que uma organização é (pensa,
faz), onde e como ela caminha e aonde quer chegar, como avançará na sua trajetória e
com quem ela trabalha e estabelece um modelo básico que pode ser seguido:
Pense sempre nessa lógica: o que faremos, por que faremos? Onde isso será realizado,
qual é o prazo e quem é o responsável? Como isso será feito e quanto vai custar?