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e, em 1962 publica seu primeiro livro, “Para Entender Relações Públicas”, que foi o
primeiro na América Latina.
Em 1967 estava presente na criação do primeiro curso superior de Relações Públicas
na então Escola de Comunicações Culturais, hoje Escola de Comunicações e Artes
da Universidade de São Paulo. Em 1973, o professor Teobaldo “é o que poderíamos
chamar um dos cardeais de Relações Públicas no Brasil: é o único doutor em
Relações Públicas do continente americano – doutorou-se pela Universidade de São
Paulo” (TEOBALDO..., 1975).
Palavras e expressões, hoje comuns ao nosso cotidiano profissional, como
“compressão mútua”; via de “duas mãos”; “avaliação das ações de relacionamento”;
“equilíbrio de interesses” da organização e dos públicos; “melhor entendimento” da
empresa e seus “públicos de interesse”; “administração de conflitos”; “administração
de controvérsias”; “valorização dos públicos”, foram lançadas pela primeira vez pelo
professor Teobaldo, algumas delas há mais de 40 anos.
Este era o método de trabalho do professor Teobaldo, assim como de vários
estudiosos e pesquisadores em diversas áreas na época, porque o método científico
para eles não era tão corriqueiro, muito menos o financiamento de pesquisas para a
comprovação de hipóteses. Usava-se mais a intuição e muita discussão para se
concluir um estudo ou uma proposta.
Cada uma de suas obras ensejou outras tantas, envolvendo livros, artigos de jornais e
revistas, trabalhos acadêmicos de graduação e pós-graduação (mestrado, doutorado e
livre-docência). Cada novo conhecimento, nova expressão técnica ou nova idéia era
rapidamente assimilada, mesmo que fosse para combatê-lo, mas o tempo mostrava
que estava certo.
Foi um autêntico “pioneiro das Relações Públicas” – recebe este título
costumeiramente –, não por ter chegado primeiro, e não o foi, mas por ter
sistematizado a atividade de Relações Públicas em primeiro lugar.
Praticamente apresentava a cada ano um novo trabalho, fosse um livro, uma nova
edição de sua obra, além dos artigos em revistas e jornais, cursos e apostilas.
Professor Teobaldo, já comentávamos, foi uma “figura ímpar, merecedor do lugar
que ocupa entre aqueles que levam a profissão de Relações Públicas até as suas
últimas conseqüências” (FORTES, 1989, p. 19).
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profissionais da área, mesmo com algumas tentativas de atualizá-la, com uma divisão
mais aprimorada e mais detalhada, que conserva a divisão original.
Muito se poderia fazer em benefício próprio e de toda a coletividade se for realmente
estabelecida uma política de entendimento entre as empresas e seus concorrentes,
quer de uma localidade, de um país ou de outros países. Mas lembra o professor
Teobaldo que existe uma condição básica para que isto aconteça: “[...] essa
compreensão somente poderá ser mantida por meio de um amplo programa de
Relações Públicas” (ANDRADE, 1970, p. 126).
Um conteúdo que praticamente não mudou nas seis edições do livro é o capítulo
“Relações com os Poderes Públicos”, por preocupar-se com as bases deste tipo de
relacionamento (organizações em geral relacionando com os poderes públicos).
Deste modo, o capítulo trata, por exemplo, do correto sistema de relacionamento
entre as partes, de diálogo e tolerância, compreensão dos processos do governo e dos
regulamentos oficiais, dos conhecimentos específicos que se deve ter, dos contatos
pessoais, da defesa de direitos legítimos e do cumprimento das leis, e do direito de
defesa.
“Relações Públicas Internacionais” é um capítulo presente em todas as edições do
livro. Numa época em que não se falava de globalização, professor Teobaldo
recomendava a urgência de ações de Relações Públicas, pois “a maioria das empresas
de âmbito internacional vem sendo objeto de intensa crítica por não cuidar de uma
autêntica política de Relações Públicas” (ANDRADE, 1970, p. 155).
Atento ao tempo em corre, o autor introduz nas discussões de Relações Públicas o
termo Marketing, destaca sua importância, mas afirma, citando o conferencista
espanhol José Fernandez Gomes, que “o marketing necessita estar inspirado na
política e filosofia das Relações Públicas” (ANDRADE, 1994, p. 144).
Sabemos que o professor Teobaldo nos anos mais recentes, questionava a
oportunidade da legislação específica de Relações Públicas, as restrições que criou e
o tipo de profissional que foi afastado pela lei existente.
Apesar ter sido um dos membros da comissão que finalizou a proposta da
regulamentação, contribuiu decisivamente com o chamado o “Parlamento Nacional
de Relações Públicas”, o “esforço nacional do Conselho Federal de Profissionais de
Relações Públicas para que os profissionais da área tivessem a possibilidade de
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Em seu novo livro, com o título “Psico-Sociologia das Relações Públicas” (expressão
assim separada) (ANDRADE, 1975), professor Teobaldo afirma que “muitos
cientistas sociais, políticos e juristas afirmam ser impossível a definição precisa de
interesse público, embora reconheçam sua importância para a ordenação e solução
dos negócios humanos” (ANDRADE, 1989, p. 12), e é a esta tarefa hercúlea que se
propõe trabalhar, embora “talvez alguém possa dizer que nossa preocupação em
determinar o interesse público seja quase utópica ou irrelevante” (ANDRADE, 1989,
p. 12). Esse livro teve como fonte a sua tese de Doutorado, “Relações Públicas e o
Interesse Público” (ANDRADE, 1973a).
Logo no primeiro capítulo apresenta sua grande contribuição a esse estudo quando
propõe uma dinâmica própria ao interesse público em relação aos públicos existentes
e em formação.
Neste conceito, então, destacam-se algumas expressões que ajudam a entender
melhor o que significa o “interesse público”. A verdadeira opinião pública resulta da
ampla discussão de temas afetos a cada segmento do público formado. Mas o público
se forma quando são dadas condições ou oportunidades para que os grupos se
organizem, abandonem as suas irracionalidades e abracem as discussões racionais
sobre os assuntos de seu interesse ou que possam vir a afetá-los, isto é, as
controvérsias. Assim, “poder-se-á dizer que interesse público é o interesse do
público, expresso pela opinião pública” (ANDRADE, 1989, p. 15).
Tal conceituação parte do princípio da dinâmica social, ou seja, as questões
apresentadas sofrem modificações na velocidade dos acontecimentos sociais e a
opinião pública que resulta dessas discussões “é dinâmica, mutável e racional”
(ANDRADE, 1989, p. 15). Professor Teobaldo vai, então, desdobrando cada um dos
conceitos apresentados para chegar ao capítulo que trata de “Público em Relações
Públicas”.
Embora estas questões tivessem sido apresentadas desde os seus primeiros estudos,
especialmente no seu primeiro livro, professor Teobaldo aprofunda seus estudos,
dando-lhes relevância e cientificidade, ao buscar apoio em autores consagrados na
área de Sociologia e da Psicologia. O importante é sua visão de que a opinião pública
é “resultado das reações e interpretações dos membros componentes do público
diante das emergências (controvérsias verbalizadas)” (ANDRADE, 1989, p. 64). A
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partir daí, aborda os fundamentos psicossociológicos dos públicos sob o enforque das
Relações Públicas.
Dentre várias inovações trazidas pelo professor Teobaldo na sua obra, podemos
destacar a questão que aparece rotineiramente agora nas organizações, empresariais
ou não, a “responsabilidade social”.
Este livro do professor Teobaldo constitui-se na primeira tentativa de reunir os
conhecimentos existentes em uma única obra e de se criar uma teoria para Relações
Públicas.
Dicionário Profissional de Relações Públicas e Comunicação e Glossário de
Termos Anglo-Americanos (ANDRADE, 1978b, 1996).
A descrição pormenorizada da história, legislação e funções da profissão e dos
profissionais de Relações Públicas, sua profissiografia, precisava ser completada. Em
1978, professor Teobaldo lançou o “Dicionário Profissional de Relações Públicas e
Comunicação e Glossário de Termos Anglo-Americanos” (ANDRADE, 1978b), pois
faltava um dicionário específico da área, uma obra que abrigasse todos os termos
relacionados direta ou indiretamente com Relações Públicas e Comunicação. Devido
à grande influência da língua inglesa na profissão de Relações Públicas, a prática
profissional traz vários vocábulos em inglês presentes no dia-a-dia.
Com origem nas apostilas que vinha preparando para seus cursos, o Dicionário
cumpria uma resolução da Federação Interamericana de Associações de Relações
Públicas (FIARP), apresentada em 1971.
O livro permaneceu com a primeira edição até 1996 quando surge a segunda edição
(ANDRADE, 1996), totalmente revisada e ampliada. Durante os seus trabalhos,
perguntamos ao professor Teobaldo se não deveria retirar alguns termos que as novas
gerações não conhecem, por exemplo, “papel-carbono”. Respondeu-nos que um
dicionário é uma obra viva, não tem tempo de validade; então sua informação deve
ser a mais ampla possível, pois se recorrermos a um dicionário é porque temos
dúvidas e procuramos saná-las. Assim, a nova edição conservou os verbetes antigos e
também recebeu os verbetes sobre a então iniciante área de Informática e aqueles
decorrentes do avanço da profissão.
Administração de Relações Públicas no Governo (ANDRADE, 1982a).
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O tema desse novo livro do professor Teobaldo foi baseado em sua tese de Livre-
Docência, “Relações Públicas na Administração Direta e Indireta” (ANDRADE,
1978a). Redigido em formato de “versículos”, professor Teobaldo usou a sua
experiência como advogado em Direito Administrativo para preparar primeiro a sua
tese e depois esse livro. Teve como base a Constituição Brasileira de 1969,
explorando-a em todos os assuntos de interesse da matéria. Como de hábito recorre a
artigos e as apostilas já utilizadas nos seus cursos ministrados (ANDRADE, 1982a).
Na primeira parte, “Administração Pública”, explica detidamente o assunto
“administração pública” tendo em vista estudantes e profissionais que ainda não se
aprofundam neste tema, como os de Relações Públicas. Parte para os comentários
sobre “poderes e recursos administrativos”, demonstrando claramente a diferenças
existe entre poder político e poder do governo, independentemente do regime que se
está vivendo. Além disso, “os Poderes Administrativos, ainda que autoritários e às
vezes discriminatórios, não podem ultrapassar os limites da legalidade, sob pena de
se caracterizar o abuso os desvios de poder” (ANDRADE, 1982a, p. 23).
Chega ao centro da questão quando classifica os Poderes Administrativos,
classificação emprestada de Hely Lopes Meirelles: vinculado; discriminatório,
hierárquico, disciplinar, regulamentar e de polícia. Propõe o poder administrativo
controverso que seria o poder e a influência que a Opinião Pública tem sobre as
decisões governamentais. Depois disso, relata cada um dos poderes administrativos,
a descentralização administrativa, as incumbências das chefias dos poderes
executivos federal, estaduais e municipais, e termina esta primeira parte com um
capítulo que aborda a polícia administrativa e o interesse social (ANDRADE, 1982a,
p. 70).
A segunda parte, “Relações Públicas”, começa com os fundamentos de Relações
Públicas Governamentais, recorda os seus aspectos históricos e chega à parte
específica, quando descreve o que faz e como deveriam ser, à luz das Relações
Públicas, as ações de relacionamento de cada uma das esferas do Poder Executivo
Nacional – Governo Federal, Governo Estadual, Governo Municipal, Administração
Indireta, Forças Armadas e na Polícia Militar.
A conclusão mais importante já havia dado no capítulo sobre os fundamentos de
Relações Públicas Governamentais, quando diz que “compete ao administrador
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Referências