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PAULO FREIRE NAS PRÁTICAS

EMANCIPADORAS DA
COMUNICAÇÃO: AINDA HOJE, UM
MÉTODO SUBUTILIZADO NO BRASIL
PAULO FREIRE IN THE EMANCIPATION PRACTICES OF
COMMUNICATION: SO FAR, AN UNDERUSED METHOD IN BRAZIL
PAULO FREIRE EN LAS PRÁTICAS EMANCIPATÓRIAS DE
COMUNICACIÓN: TODAVIA, UN MÉTODO SUBUTILIZADO EN BRASIL

Eduardo Meditsch
132 Professor da Universidade Federal de Santa Catarina e Pesquisador do CNPq. Doutor
pela Universidade Nova de Lisboa com estágio de pós-doutorado na University of Texas
at Austin. Principais obras: “Pedagogia e Pesquisa para o Jornalismo que está por vir”
(Florianópolis: Editora Insular, 2012); “O rádio na era da informação” (Florianópolis,
Editora da UFSC/ Insular, 2007).
E-mail: emeditsch@uol.com.br.
RESUMO
Este artigo discute a forma como as ideias de Paulo Freire foram apropriadas e muitas
vezes desprezadas pela área acadêmica da Comunicação, especialmente no Brasil. Atribui
à dicotomia entre teoria e prática que prevalece no campo a pouca utilização das ideias do
educador no desenvolvimento e na transformação das práticas comunicacionais. A partir de
uma exposição sobre o primado da prática como uma das bases fundamentais da filosofia
freireana, indica a aplicação de seu método no estudo das práticas midiáticas, a partir dos
conceitos de diálogo, problematização e compromisso, para o desenvolvimento de uma
comunicação emancipadora.
PALAVRAS-CHAVE: PAULO FREIRE; COMUNICAÇÃO EMANCIPADORA; PRIMADO DA PRÁTICA; CAMPO

ACADÊMICO DA COMUNICAÇÃO.

ABSTRACT
This article discusses how Paulo Freire’s ideas were appropriated and often despised by the
academic field of Communication, especially in Brazil. The dichotomy between theory
and practice, prevailing in the field, can explain the few uses of the educator’s ideas in the
development and transformation of communication practices. Grounded on an exposition
of the primacy of practice as one of the fundamental bases of Freire’s philosophy, it indicates
the application of his method in the study of media practices, using the concepts of dialogue, 133
questioning and commitment, for the development of an emancipatory communication.
KEYWORDS: PAULO FREIRE; EMANCIPATORY COMMUNICATION; PRIMACY OF PRACTICE; ACADEMIC FIELD

OF COMMUNICATION.

RESUMEN
En este artículo se analiza cómo las ideas de Paulo Freire eran apropriados y, a menudo
despreciadas por el campo académico de la comunicación, especialmente en Brasil. Asigna la
dicotomía entre la teoría y la práctica que prevalece en el campo por la poca utilización de las
ideas del educador en el desarrollo y la transformación de las prácticas de comunicación. A
partir de una exposición sobre la primacía de la práctica como una de las bases fundamentales
de la filosofía de Freire, indica la aplicación de su método en el estudio de las prácticas
de los medios de comunicación, a partir de los conceptos de diálogo, problematización y
compromiso, para el desarrollo de una comunicación emancipadora.
PALABRAS-CLAVE: PAULO FREIRE; COMUNICACIÓN EMANCIPADORA; PRIMACIA DE LA PRÁTICA; CAMPO
ACADÉMICO DE LA COMUNICACIÓN.
1. Introdução influência freireana. O estudo da obra de Freire,
Ao analisar a contribuição brasileira à área aca- no entanto, perdeu terreno nas escolas brasilei-
dêmica da comunicação social no continente, ras de comunicação, em parte porque os estudos
durante o XX Congresso da Intercom realizado sobre comunicação popular e alternativa foram
em Santos em 1997, o professor colombiano Jesus sendo deixados em segundo plano a partir da dé-
Martin-Barbero apontou o pedagogo Paulo Frei- cada de 1990, e a área acadêmica cada vez mais
re (ao lado do antropólogo Renato Ortiz) como tem se voltado para si mesma. Como consequên-
o autor brasileiro mais importante para o desen- cia disto, constata Denise Cogo, tem sido escassa
volvimento do pensamento latino-americano na a pouco aproveitada a leitura das últimas obras
área. Curiosamente, como apontou um estudo de do educador: são quase ignorados, em nossa área
Venício Lima (1981, p.60-1), a produção teórica acadêmica brasileira, os últimos desenvolvimen-
de Freire jamais se debruçou especificamente so- tos de seu pensamento.
bre a questão dos meios de comunicação de mas- A explicação para este fato deve ser buscada na
sa, e só referiu-se explicitamente à problemática lógica da vida acadêmica da Área da Comunica-
mais ampla da comunicação humana, propondo ção, onde nenhuma corrente ou contribuição te-
um novo conceito para defini-la, numa única órica conseguiu se enraizar de forma suficiente-
obra em que faz a crítica das práticas de exten- mente profunda para resistir às vagas de modismo
são rural (Freire, 1969). Posteriormente à aná- intelectual, importadas quase que acriticamente,
lise de Venício Lima, Freire e Guimarães (1984) provocando uma política de terra arrasada com
trataram do uso dos meios de comunicação na todo o acúmulo de conhecimento anterior. Por
educação, mas de forma um tanto superficial. De este caminho, as preocupações éticas, literárias e
fato, a mídia não era uma preocupação central na humanistas dos primeiros estudos de jornalismo
produção teórica do educador. no continente foram sepultadas pela chegada de
Apesar disto, levantamento de Denise Cogo McLuhan e da teoria da informação na vaga do
134 (1999) confirmou a percepção de Martin-Bar- funcionalismo norte-americano dos anos 1970;
bero: a autora registra a influência de Freire em estes foram renegados, em seguida, no período
diversas vertentes de estudos e pesquisas da área de hegemonia marxista na década de 1980; a crí-
de comunicação no continente: além do campo tica social também sucumbiu uma década depois
da comunicação rural, seu pensamento marcou com o endeusamento da psicanálise; e do próprio
a investigação sobre comunicação popular e al- Freud restou pouco na vaga pós-moderna, logo
ternativa, e influenciou os principais autores da substituída pela culturalista, e assim cada uma sai
área de comunicação e estudos culturais, tanto de cena abrindo lugar para o que quer que venha
na vertente dos estudos de recepção quanto na a fazer sucesso nas disneylândias intelectuais.
de educação para a comunicação. Teóricos da co- Ora, o pensamento de Paulo Freire adquiriu
municação popular como Mário Kaplún e Juan a sua força evoluindo de uma forma diametral-
Diaz Bordenave admitiam a presença da concep- mente oposta a esta, incorporando o que de me-
ção educativa de Freire na raiz deste conceito. Na lhor captava de todas as influências que recebeu,
medida mesmo em que os estudos culturalistas ao invés de burramente as renegar. Como todo
se deslocam dos meios às mediações, cresce o grande pensador, Freire não tirou apenas de sua
campo de aplicação das ideias do educador, e o própria cabeça o que viria a se tornar reconheci-
próprio Martin-Barbero, além de Nestor Garcia do internacionalmente como a sua contribuição
Canclini e Guilhermo Orozco Goméz assumem a original, mas de uma síntese genial de ideias que
chegaram a ele em diferentes momentos de sua postura: o compromisso com a práxis. O pensa-
vida. De fato, a simplicidade da linguagem do mento de Paulo Freire não era limitado por esta
educador expressa uma síntese bastante comple- ou aquela escola teórica em que, eventualmente,
xa, como têm constatado alguns autores: se apoiava: seu compromisso primeiro era com a
vida real, com a realidade humana que procurava
Os textos de Paulo Freire atingem, sem compreender para transformar ou, numa pala-
dúvida alguma, um público vasto. Mas o vra, com a prática.
pensamento que toma forma, necessita de
um determinado número de mediações 2. O primado da prática em Paulo Freire
para ser assimilado. Constitui uma síntese O voluntarismo cristão e o pragmatismo da
difícil de se apreender globalmente. Em con- Escola Nova norte-americana certamente fo-
sequência, cada leitor corre o risco de reter ram influências marcantes na formação de Paulo
apenas o que lhe concerne diretamente ou o Freire e do seu gosto pela ação concreta, sempre
que os seus próprios marcos de referência lhe reafirmado em sua obra. Mas é a concepção de
permitem captar. Se for latino-americano, prática que encontra na leitura de Karl Marx e de
compreenderá Freire em função de sua ex- seus intérpretes que vai fundamentar mais tarde
periência na luta política ou de prática de a sua proposta pedagógica, explicada ela mesmo
movimento social, tal como tenha ocorrido como “teoria de conhecimento posta em prática”.
dentro deste quadro socioeconômico. Se for Teoria do conhecimento que Freire vai buscar
católico, identificar-se-á com a orientação em filósofos marxistas como Karel Kosík, Adol-
humanista e se sentirá em terreno familiar fo Sánchez-Vásquez e Álvaro Vieira Pinto, assim
devido às influências manifestas dos filóso- como em obras do próprio Marx.
fos que marcaram o pensamento de Paulo Em vários momentos, Freire se refere às Teses
Freire. Se for marxista, reconhecerá a pro- sobre Feuerbach, destacando o fato do pensa-
blemática típica à qual se acostumou graças dor alemão haver escrito em apenas uma pá- 135
às correntes contemporâneas do pensamen- gina e meia “uma das mais importantes obras
to (Gramsci, Luckács, Marcuse). Se for pe- da filosofia ocidental”. Como destaca Sánchez
dagogo, encontrará ênfases de libertação que Vázquez:
caracterizam as tendências progressistas da
pedagogia contemporânea. Somente aqueles Marx formula em suas Teses sobre Feuer-
que são um pouco todas essas personagens bach uma concepção de objetividade, fun-
ao mesmo tempo, ou que tenham passado damentada na práxis, e define a sua filosofia
por essas diferentes ‘fases’ e sofrido essas di- como a filosofia de transformação do mun-
ferentes ‘influências’, podem realmente com- do. (...) Isto é, ao colocar no centro de toda
preender a intenção de Freire e a totalidade relação humana a atividade prática, trans-
de seu recurso intelectual (Oliveira; Domi- formadora do mundo, isso não pode deixar
nice, 1981, p.136). de ter consequências profundas no terreno
do conhecimento. A práxis aparecerá como
Esta síntese se tornaria possível não apenas por fundamento (Tese I), critério de verda-
uma postura de extraordinária abertura intelec- de (Tese III) e finalidade do conhecimento
tual, mas também por um princípio que sempre (Sánchez Vázquez, 1986, p.149).
norteou o trabalho de Freire e que exigia aquela
Com estes pressupostos, Freire começa por Para o educador, a Universidade não estava
distinguir o que seria um “contexto teórico mais ensinando a “pensar certo”, e sim treinando
verdadeiro”: os estudantes para uma postura epistemológica
equivocada:
Não há contexto teórico verdadeiro a não
ser em unidade dialética com o contexto ...um estudante universitário, com seu
concreto. Nesse contexto, onde os fatos se treinamento abstrato em linguagem abs-
dão, nos encontramos envolvidos pelo real, trata, em que a ênfase se faz na descrição
molhados nele, mas não necessariamente dos conceitos que devem mediar a compre-
percebendo a razão de ser dos mesmos fa- ensão do concreto. Em lugar de você usar
tos, de forma crítica. No contexto teórico, o conceito para mediar, como mediador
tomando distância do concreto, buscamos a da compreensão do concreto, você termina
razão de ser dos fatos. Em outras palavras, ficando na descrição do conceito. Este é o
procuramos superar a mera opinião que comportamento do nosso jovem dentro da
deles temos e que a tomada de consciência universidade (Freire; Betto, 1986, p.10).
dos mesmos nos proporciona, por um co-
nhecimento cabal, cada vez mais científico Para Paulo Freire, o trabalho teórico desenvol-
em torno deles. No contexto concreto somos vido à margem de qualquer prática tenderia a se
sujeitos e objetos em relação dialética com transformar em mero jogo:
o objeto; no contexto teórico assumimos o
papel de sujeitos cognoscentes da relação Nossa experiência na universidade tende
sujeito-objeto que se dá no contexto con- a nos formar à distância da realidade. Os
creto para, voltando a este, melhor atuar conceitos que estudamos na universidade
como sujeitos em relação ao objeto. (...) Daí podem trabalhar no sentido de nos separar
136 a necessidade que temos, de um lado, de ir da realidade concreta à qual, supostamen-
mais além da mera captação da presença te, se referem. Os próprios conceitos que
dos fatos, buscando assim, não só a interde- usamos em nossa formação intelectual e
pendência que há entre eles, mas também o em nosso trabalho estão fora da realidade,
que há entre as parcialidades constitutivas muito distantes da sociedade concreta. Em
da totalidade de cada um e, de outro lado, a última análise, tornamo-nos excelentes es-
necessidade de estabelecermos uma vigilân- pecialistas, num jogo intelectual muito inte-
cia constante sobre nossa própria atividade ressante – o jogo dos conceitos: é um balé de
pensante (Freire, 1976, p.135-6). conceitos (Freire; Shor, 1987, p.131).

Mais tarde, Freire se tornará ainda mais en- Por fim, Freire adverte que esta redução da ati-
fático em relação à necessidade desta vigilância vidade intelectual a um jogo acaba por desvalori-
do pensamento: “... pensar sempre a prática. De zá-la, inibindo a sua força transformadora:
fato, pensar a prática de hoje não é apenas um
caminho eficiente para melhorar a prática de ...quanto mais essa dicotomia entre ler pa-
amanhã, mas também a forma eficaz de apren- lavras e ler realidade se exerce na escola, mais
der a pensar certo” (Freire; Betto, 1986, p.9). nos convencemos de que nossa tarefa, na
escola ou na faculdade, é apenas trabalhar
com conceitos, apenas trabalhar com textos cepção até já faz parte de um certo senso comum
que falam de conceitos. Porém, na medida acadêmico. Difícil é explicar, por ela, porque esta
em que estamos sendo treinados numa vigo- teoria tão importante tem sido historicamente
rosa dicotomia entre o mundo das palavras tão descartável, e sequer se acumula. Se a intro-
e o mundo real, trabalhar com conceitos es- dução das ideias de Freire na área de Comunica-
critos num texto significa obrigatoriamente ção teria alguma perspectiva na fase que enfati-
dicotomizar o texto do contexto. E então nos zou a formação clássico-humanista, pelas raízes
tornamos, cada vez mais, especialistas em do humanismo e do personalismo cristão de
ler palavras, sem nos preocupar em vincular seu pensamento, logo este espaço seria fechado
a leitura com uma melhor compreensão do pelo cientificismo positivista que veio a seguir. A
mundo. Em última análise, distinguimos o obra de Freire só será incluída na bibliografia de
contexto teórico do contexto concreto. Uma Comunicação na etapa seguinte, quando o fun-
pedagogia dicotomizada como esta diminui cionalismo que dominou os cursos na década de
o poder do estudo intelectual de ajudar na 70 foi extirpado do currículo pela hegemonia do
transformação da realidade (Freire; Shor, marxismo, como registra Venício Lima:
1987, p.165).
Creio ter sido um dos primeiros a trazer
Apesar de todas estas advertências, o as ideias de Freire para o campo dos Estu-
próprio pensamento de Paulo Freire não esca- dos de Comunicação, ainda na década de
pou de ser aprisionado no jogo dos conceitos 1970. Fora do Brasil, além da Educação,
praticado no meio acadêmico da Comunicação ele já era amplamente estudado em outras
Social no Brasil. Durante um determinado pe- áreas – Filosofia, Serviço Social, Teologia,
ríodo, chegou a ser uma das estrelas do “balé Linguística – mas poucos haviam se dado
de conceitos” apresentado aos alunos de nossas conta do potencial teórico de suas ideias
faculdades, merecendo muitos aplausos, mas para o estudo da Comunicação e da Cultu- 137
caiu no esquecimento logo que uma nova moda ra (Lima, 2001, p.288).
musical substituiu o passo da dança. Nos pou-
cos livros e muitos artigos escritos sobre Freire Mas, também quase tudo o que o marxismo
em nosso campo acadêmico naquela época, adotou foi posto de lado na década seguinte, com
observa-se uma criteriosa descrição de seus con- o reinado da psicanálise e do simbólico. E estas
ceitos e a ausência de relação destes conceitos vertentes também já saíram de moda, substituí-
com as práticas que os cursos de Comunicação das pelas explicações pós-modernas da sociedade
se propunham a ensinar. Se por um lado é ver- e logo pelos estudos culturais que, embora reedi-
dade que Freire nunca se preocupou em estudar tassem agora o interesse por Freire na área, como
ele mesmo as práticas midiáticas, a ausência registraram Denise Cogo e Venício Lima, o fize-
desta relação nos textos dos comunicólogos que ram apenas como um objeto de estudo teórico, e
se debruçaram sobre sua obra só se explica pelo não como um guia para a prática. Ocorre que o
fato da dicotomia entre o mundo das palavras e menosprezo pela prática como objeto de estudo,
o mundo real ser particularmente dramática no por parte da hierarquia acadêmica da Comuni-
meio acadêmico da Comunicação. cação, dificulta o aproveitamento do legado de
Em nosso campo, a teoria tem sido considera- Freire como “pensamento praxiológico”: “Freire
da mais importante do que a prática, e esta con- propõe uma abordagem praxiológica para a edu-
cação, no sentido de uma ação criticamente refle- dução e distribuição simultânea e uniforme
xiva e de uma reflexão crítica baseada na prática de mensagens, que não podem ser alteradas,
(Gerhardt, 1996, p.169)”. para grandes leitores/audiências, é um dos
Na dicotomia existente em nossa área, poucos traços fundamentais. A própria noção de
“práticos” se deram conta do potencial da teoria massa, inicialmente herdada da sociologia
freireana para aperfeiçoar as suas práticas, e a europeia, de forma acrítica, referia-se à so-
grande maioria nem tomou conhecimento de ciedade recém saída da revolução industrial,
suas ideias, a não ser por orelhas de livro. Por homogênea e composta por indivíduos anô-
sua vez, os “teóricos” que leram além das ore- nimos, com pouca ou nenhuma interação
lhas, raramente se sentiram compromissados a entre si. As sociedades deste fim de século
aplicar as ideias de Freire nas práticas midiáti- XX, que já estão sendo chamadas de “socie-
cas, não apenas por viverem num mundo dis- dades interativas”, são, certamente, muito
tante destas práticas, mas também por não se diversas dessa sociedade de massas idealiza-
sentirem vocacionados a elas. Para estes, a prá- da no século XIX.. (...) Certamente, aqueles
tica de que falavam Marx e Freire é apenas mais que se interessam em compreender o homem
um conceito a enriquecer sua bagagem teórica, e seu lugar no transitório mundo contem-
ou uma prática tão idealizada que se recusa a porâneo, muito se beneficiariam se tomas-
admitir como legítima a realidade com que os sem como referência a definição dialógica de
práticos reais convivem. comunicação e cultura que Freire desenhou
Desta forma, as ideias de Freire, quando leva- nos idos dos anos 60. É nesse novo tempo
das em conta em nossa área, foram confinadas histórico que a contribuição de Paulo Freire
quase sempre ao “balé de conceitos” da comuni- se revela atual e suas ideias ainda criativas e
cologia e “domesticadas” pela lógica acadêmica desafiadoras” (Lima, 2001, p.290).
que o autor sempre criticou. A sua aplicação no
138 desenvolvimento das práticas da comunicação é A substituição da ideia de “massa” pela
ainda muito limitada em nosso campo no Brasil. de “gente” concreta e capaz de fazer uso de dis-
cernimento também abre as portas para a apli-
3. Diálogo e problematização cação da Filosofia de Educação de Freire aos
Diversas são as possibilidades práticas de apli- processos cognitivos envolvidos na comunicação
cação das ideias de Paulo Freire na comunicação midiática, tanto no pólo da criação e produção
social, principalmente com as novas tecnologias das mensagens quanto da recepção que, tal qual o
disponíveis. Como observa Venício Lima, o desa- aprendizado em sala de aula, não é passiva e nem
fio da interatividade trazido por uma nova con- acrítica como os teóricos de uma “comunicação
juntura tecnológica aparece como um campo bancária” antes supunham.
privilegiado para a aplicação na mídia da proposta O desenvolvimento recente das ciências cogni-
dialógica que embasa o seu método pedagógico: tivas - na esteira das descobertas sobre o cérebro e
a mente humana e as tentativas de criação de in-
“...a ausência dessa interação emissor-re- teligência artificial - confirmaram muitos insights
ceptor sempre foi um dos elementos defini- que Freire retirou de sua experiência pedagógica:
dores da comunicação social ou comunica- de fato não é possível transferir conhecimentos
ção de massa. Na imprensa, no rádio, na TV entre pessoas como entre máquinas inanimadas,
e no cinema, a unidirecionalidade da pro- como se supunha antes. Freire não apenas anteci-
pou a descoberta do caráter ostensivo-inferencial Em seu método pedagógico, tão importan-
da comunicação humana, que seria confirmada te quanto a problematização, é o diálogo, como
cientificamente depois (Sperber; Wilson, 1986), também o é nas práticas comunicacionais:
como ainda desenvolveu um sistema pedagógico
que desse conta de suas consequências práticas No ato de conhecimento não é possível ne-
na educação. A adaptação desse sistema às carac- gar a dimensão individual do sujeito que co-
terísticas da mídia e de suas novas possibilida- nhece. Mas acho que esta dimensão não basta
des tecnológicas é uma tarefa científica de que a para explicar o seu próprio ato de conhecer.
Comunicação, como ciência aplicada que é, não O ato de conhecimento, no fundo, é social
pode abrir mão. (...) a relação de conhecimento não termina
Paulo Freire estabeleceu seu conceito geral e no objeto, ou seja, a relação não é a do sujei-
mais objetivo de Comunicação em 1971: to cognoscente com o objeto cognoscível. Esta
relação se prolonga a outro sujeito, sendo, no
Comunicação [é] a coparticipação dos fundo, uma relação sujeito-objeto-sujeito, e
Sujeitos no ato de pensar (...) [ela] implica não sujeito-objeto (...) Eu me ponho diante
uma reciprocidade que não pode ser rompi- do diálogo como quem, pensando em torno
da (...) comunicação é diálogo na medida do pensar, percebe que o pensar não se dá na
em que não é transferência de saber, mas solidão do sujeito pensante, porque, inclusi-
um encontro de Sujeitos interlocutores que ve, o pensar se faz na medida em que ele se
buscam a significação dos significados (Frei- faz comunicante. Por isso mesmo é que, en-
re, 1971, p.67-9). tão, o pensar não acaba no pensamento, mas
se dá em torno de um objeto que mediatiza
Em suas demais obras, em especial nos últimos a extensão de um primeiro pensante a um
livros, é possível encontrar afirmações que, mes- segundo pensante (Freire; Guimarães, 1984,
mo em contextos diferentes, destacam a impor- p.102; p.131-132). 139
tância dos processos de comunicação na consti-
tuição do conhecimento. Num de seus últimos escritos, ao retomar a
No método freireano, a problematização tem questão do que seria “um pensar certo”, Freire
um papel central tanto na produção como na re- afirma que é uma questão dialógica: “....não há
produção do conhecimento através da educação, inteligibilidade que não seja comunicação” (Frei-
e isto sem dúvida é aplicável ao trabalho da co- re, 1996, p.42). Mais de duas décadas antes, o pe-
municação pela mídia: dagogo havia tratado da importância do diálogo,
matéria-prima da comunicação, na constituição
O que defendemos é precisamente isso: se o de uma educação autêntica:
conhecimento científico e a elaboração de um
pensamento rigoroso não podem prescindir Somente o diálogo, que implica num
de sua matriz problematizadora, a apreensão pensar crítico, é capaz, também, de gerá-lo.
deste conhecimento científico e do rigor des- Sem ele, não há comunicação e sem esta,
te pensamento filosófico não pode prescindir não há verdadeira educação (...) A educa-
igualmente da problematização que deve ser ção autêntica não se faz de A para B ou de
feita em torno do próprio saber que o educan- A sobre B, mas de A com B, mediatizados
do deve incorporar (Freire, 1969, p.83). pelo mundo (Freire, 1970, p.98).
A investigação sobre a forma como a proble- to, histórico, necessariamente o ser huma-
matização e o diálogo ocorrem nos processos no se faria um ser ético, um ser de opção,
cognitivos presentes também na comunicação de decisão. Um ser ligado a interesses e em
midiática de diversos gêneros, é um campo de relação aos quais tanto pode manter-se fiel
estudos pouco explorado e fascinante. A partir à eticidade quanto pode transgredi-la. (...)
dele, se poderá chegar a uma discussão mais pro- Para que a educação não fosse uma for-
dutiva sobre a ação da mídia e de seus efeitos. ma política de intervenção no mundo era
indispensável que o mundo em que ela se
4. O compromisso desse não fosse humano. Há uma incompa-
A relação dialética entre subjetividade e ob- tibilidade total entre o mundo humano da
jetividade é o substrato filosófico que embasa a fala, da percepção, da inteligibilidade, da
pedagogia freireana. Partindo, de um lado, do comunicabilidade, da ação, da observação,
pressuposto da inconclusão do ser humano no da comparação, da verificação, da busca,
devir histórico – de que “somos seres programa- da escolha, da decisão, da ruptura, da ética
dos, mas para aprender” (Freire, 1996, p.27) e, de e da possibilidade de sua transgressão e a
outro, da historicidade de todo o conhecimento neutralidade não importa de que (Freire,
(Passetti, 1996, p.120), o pedagogo propõe que o 1996, p.124-5).
sentido de aprender é o agir sobre o mundo:
Da mesma forma, a humanidade e os efeitos so-
O mundo não é. O mundo está sendo. ciais inerentes às práticas midiáticas representam
Como subjetividade curiosa, inteligente, in- um desafio à ação consciente de seus sujeitos que,
terferidora na objetividade com que dialeti- embora sujeitados objetivamente pelas circuns-
camente me relaciono, meu papel no mundo tâncias de atuação, não perdem sua condição de
não é só o de quem constata o que ocorre atores humanos. Neste sentido, a metodologia de
140 mas também o de quem intervém como su- Paulo Freire representa uma ferramenta poderosa
jeito das ocorrências. Não sou apenas ob- contra o fatalismo e a desesperança. Como obser-
jeto da história mas seu sujeito igualmente va Gerhardt, “a concepção educacional freireana
(Freire, 1996, p.85). centra-se no potencial humano para a criatividade
e a liberdade no interior de estruturas político-
A ação deste sujeito, no entanto, não tem senti- -econômico-culturais opressoras” Gerhardt (1996,
do se tomada individualmente. A transformação p.168). O estudo das ideias de Freire e de sua apli-
da realidade, tanto quanto a produção e reprodu- cação na prática da mídia pode ser caminho para
ção de conhecimento, é um processo social (Frei- a construção concreta de alternativas a um sistema
re; Shor, 1987, p.135). Por suas consequências midiático orientado somente pela lógica de mer-
sobre a realidade social, a pedagogia não pode ser cado, ainda mais quando parecem estar dadas as
considerada neutra: condições tecnológicas para tanto.
Entretanto, como demonstra o estudo de
A raiz mais profunda da politicidade da Venício Lima (1981), a produção teórica de
educação se acha na educabilidade mesma Freire referiu-se a problemas mais universais
do ser humano, que se funda na sua nature- da comunicação humana, propondo um
za inacabada e da qual se tornou consciente. novo conceito para defini-la, não tratando
Inacabado e consciente de seu inacabamen- especificamente da comunicação de massa.
Anos depois deste estudo, Freire exporia suas sentada na conferência Mídia e Democracia e
ideias a respeito deste tipo de comunicação posteriormente publicada no livro Pedagogia da
de maneira informal, mas não menos impor- Indignação (2000).
tante, em um de seus livros dialogados com
Sérgio Guimarães: (...) A questão fundamental que se coloca
a nós, qualquer que seja a inteligência da
...mesmo quando não venho tratando des- frase alfabetização em televisão não é lutar
ses chamados meios de comunicação em tra- contra a televisão, uma luta sem sentido,
balhos meus anteriores, mesmo quando não mas como estimular o desenvolvimento e o
falo diretamente sobre eles, eu os considero, pensar críticos. Como desocultar verdades
por exemplo, dentro do horizonte geral da escondidas, como desmitificar a farsa ideo-
teoria do conhecimento que venho desenvol- lógica, espécie de arapuca atraente em que
vendo nos meus trabalhos sobre educação. facilmente caímos. Como enfrentar o extra-
Não os trato diretamente, no sentido de que ordinário poder da mídia, da linguagem da
eles não são objeto de um estudo técnico, televisão, da sua ‘sintaxe’ que reduz a um
cientificamente válido (Freire; Guimarães, mesmo plano o passado e o presente e sugere
1984, p.40). que o que ainda não há já está feito. Mais
ainda, que diversifica temáticas no noticiá-
A crítica de Freire sobre a mídia relaciona-se rio sem que haja tempo para a reflexão sobre
mais às formas de utilização e transmissão de os variados assuntos. De uma notícia sobre
mensagens unidirecionais: Miss Brasil se passa a um terremoto na Chi-
na; de um escândalo envolvendo mais um
“Não sou contra a televisão. Acho, po- banco dilapidado por diretores inescrupulo-
rém, que é impossível pensar o problema dos sos temos cenas de um trem que descarrilou
meios sem pensar a questão do poder. O que em Zurich (Freire, 2000, p.109). 141
vale dizer: os meios de comunicação não são
bons nem ruins em si mesmos. Servindo-se É preciso ponderar que a crítica de Freire, em-
de técnicas, eles são o resultado do avanço bora atribua um papel decisivo e ideológico aos
da tecnologia, são expressões da criatividade emissores na construção da comunicação, não se
humana, da ciência desenvolvida pelo ser fundamenta nas teorias que delegam somente ao
humano. O problema é perguntar a serviço emissor a responsabilidade pelo sentido da infor-
de que e a serviço de quem os meios de co- mação transmitida. Pelo contrário, Freire ressalta
municação se acham” (Freire; Guimarães, a importância de o receptor – o público – ter uma
1984, p.14). visão crítica sobre as notícias que lhe chegam:

Em uma das poucas ocasiões em que se refe- Não podemos nos pôr diante de um apa-
re especificamente à questão da sintaxe do Jor- relho de televisão “entregues” ou “disponí-
nalismo televisivo, Freire (1996, p.157) atenta veis” ao que vier. Quanto mais nos sentamos
para a impressão que os telejornais passam para diante da televisão - há situações de exce-
o público – de que “o que ainda não há já está ção - como quem, de férias, se abre ao puro
feito”. Freire especificaria esta ideia no mesmo repouso e entretenimento tanto mais riscos
ano, em uma comunicação originalmente apre- corremos de tropeçar na compreensão de
fatos e de acontecimentos. A postura críti- obra, para demonstrar que, tanto em Educação
ca e desperta nos momentos necessários não como em Comunicação, é impossível ser total-
pode faltar.(...) Mas, se não é fácil estar per- mente neutro.
manentemente em estado de alerta é possí- No livro Educação e Mudança (Freire, 1981,
vel saber que, não sendo um demônio que p.15-25), Freire faz algumas considerações so-
nos espreita para nos esmagar, o televisor bre a ética nas profissões, colocando em cheque
diante do qual nos achamos não é tampouco a questão da neutralidade: para o pedagogo, o
um instrumento que nos salva. Talvez seja compromisso de trabalho é uma visão lúcida
melhor contar de um a dez antes de fazer e profunda que o profissional assume no plano
a afirmação categórica a que Wright Mills concreto e, para que o profissional possa se com-
se refere: “É verdade, ouvi no noticiário das prometer, é necessário agir e refletir. Esse “com-
vinte horas”. Como educadores e educadoras promisso com o mundo, que deve ser humaniza-
progressistas não apenas não podemos des- do para a humanização dos homens, e que “não
conhecer a televisão mas devemos usá-la, pode se realizar apenas através do palavrório, só
sobretudo, discuti-la (Freire, 2000, p.110). existe no engajamento com a realidade” (Freire,
1981, p.18-9). E ao experimentar esse compro-
Além da crítica aos meios, Freire também po- misso, “os homens já não se dizem neutros”. Para
sicionava-se perante os diversos veículos, consi- Freire, a neutralidade frente ao mundo revela o
derando o potencial que tinham e o que de fato medo deste compromisso. E a simples denúncia
realizavam. Conforme Sérgio Guimarães, o peda- também: pra Freire, a denúncia de uma situação
gogo fazia, antes de tudo, uma análise ideológica, requer sempre o anúncio do que pode ou deve
perguntando-se a quem serve determinado meio, substituí-la: o primeiro passo para transformar o
a quem interessa. Essa posição é comprovada em mundo é saber que ele pode ser transformado, e
uma de suas obras com Freire: “O problema é que é possível fazê-lo.
142 perguntar a serviço de que e a serviço de quem
os meios de comunicação se acham. E esta é uma 5. Concluindo
questão que tem a ver com o poder e que é políti- Neste sentido, o pensamento pedagógico de
ca, portanto” (Freire; Guimarães, 1984, p.14). Paulo Freire representa uma admirável sínte-
Pode-se perceber que esta mesma linha de pen- se de correntes filosóficas voltadas para a ação
samento – a do “a favor de quem e contra quem” transformadora da realidade a partir do reco-
– é utilizada por Freire em se tratando também nhecimento do potencial criativo do homem
da relação entre educação e política: “...tanto no como sujeito. Paradoxalmente, nos períodos em
caso do processo educativo quanto no do ato po- que mais se estudou e debateu as ideias de Frei-
lítico, uma das questões fundamentais é a clareza re, a dicotomia entre teoria e prática em nosso
em torno de a favor de quem e do que, portan- campo acadêmico impediu uma maior aplica-
to contra quem e contra o que, desenvolvemos a ção das mesmas nas práticas comunicacionais.
atividade política” (Freire, 1982, p.27). Ao mesmo tempo em que incorpora a contri-
Em uma de suas últimas obras, afirma que “a buição teórica freireana em alguns momentos,
raiva perante a injustiça nos impede de ser acin- o campo da Comunicação em vários outros a
zentadamente imparciais, sem perder a ética” abandona, e tanto nuns quanto noutros torna-
(Freire, 1996, p.15). Este é um dos muitos ar- -a pouco produtiva no sentido de aprimorar as
gumentos utilizados por Freire, ao longo de sua práticas midiáticas e comunicacionais a serviço
da emancipação dos povos latino-americanos. gias às práticas midiáticas, o aperfeiçoamento
A superação desta dicotomia, no entanto, torna- da atuação na mídia e à sua transformação. Re-
da possível a partir de seu reconhecimento e de estudar Freire é fundamental para revigorar a
sua crítica, abre a perspectiva de uma retomada perspectiva de uma comunicação emancipado-
do estudo da metodologia e da filosofia de Paulo ra: “A realidade não pode ser modificada, senão
Freire para aplicá-los às imensas possibilidades quando o homem descobre que é modificável e
comunicacionais abertas pelas novas tecnolo- que ele pode fazê-lo” (Freire, 1980, p.40).

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Recebido: 20/10/2016
Aceito: 17/11/2016

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