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TEXTO COMPLEMENTAR
Vida e obra
Paulo Reglus Neves Freire nasceu em 19 de setembro de 1921, em Recife,
capital pernambucana. Era filho de família de classe média, que, aos poucos,
foi empobrecendo devido à crise mundial de 1929 - esta crise também abalou o
Brasil. Quando tinha oito anos de idade, sua família se mudou para Jaboatão,
arredores de Recife. Aos 13 anos, perdeu seu pai e teve que parar com os
estudos. Aos 16 anos, voltou a estudar e ingressou no ginásio, graças a uma
bolsa de estudos que conquistou. Aos 20, entrou na faculdade de Direito de
Recife, sendo que, desde os 17 anos, já dava aulas de português. Foi casado
com Elza Maia Costa de Oliveira, com quem teve quatro filhos. Morreu em abril
de 1997.
Paulo Freire era cristão, e de seu cristianismo vinha parte de suas inspirações
e ações enquanto educador. Oriundas do cristianismo, mas embasadas em
uma teologia libertadora, suas práticas estavam constantemente preocupadas
com o contraste entre a pobreza e a riqueza no Brasil, riqueza esta que
resultava em privilégios sociais e desigualdades entre os mais pobres.
Entre suas obras, podemos dar destaque, ainda, às seguintes: Carta à Guiné
Bissau, Vivendo e aprendendo, A importância do ato de ler e À sombra desta
mangueira. Esta última apresenta a ótica política do autor com a abordagem de
temas polêmicos, a saber, a sua experiência no exílio e a sua visão sobre o
neoliberalismo e organismos internacionais, como o FMI e o Banco Mundial.
Como nos coloca Brandão (2001, p.15), “o „método‟ foi só a botina que
calçaram nos pés para caminhar”, pois Paulo Freire não propôs apenas um
método psicopedagogicamente diferente, entre tantos outros, mas, antes disso,
pensou sobretudo uma educação contra tantas já estabelecidas. A sua forma
de pensar a educação se colocava contra outras, e assim também o seu modo
de ver o mundo.
Pois bem: Freire pensava que a educação não poderia ser resultado do
depósito de conhecimento de quem supostamente possui todo o saber, sobre
aquele que foi obrigado a pensar que não possui nenhum saber. A partir do
exposto, acreditava ser necessário fazer o que ele chamava de levantamento
do universo vocabular, com o intuito de escolher palavras geradoras, as quais
variavam conforme o local ou a região. Por exemplo: numa região de
Pernambuco, as palavras escolhidas foram tijolo, voto, siri, palha, doença,
emprego, mangue... Já, em favelas do Rio de Janeiro, seriam chuva, terreno,
comida, batuque, trabalho, salário, governo... Então, a partir deste universo
vocabular pertencente à realidade do educando, dar-se-ia início a um processo
de alfabetização voltado à leitura não só das palavras, mas também do
entendimento delas dentro do seu mundo.