Lia Seixas2
Objetivos do artigo
Este artigo sugere caminhos para a construção de um referencial teórico que seja capaz de
definir os gêneros jornalísticos digitais. O objetivo é analisar as dimensões chamadas interdiscursivas
(ou condições de êxito), que envolvem os produtos jornalísticos digitais, através da Análise do Discurso
(a princípio, trazemos Maingueneau) em relação às características imanentes às mídias digitais
(Manovich, Echevérria, Fidler, Palácios e Nora Paul e Christina Fiebich – na pesquisa Digital
Storytelling). A idéia, então, é, primeiramente, contrapor e analisar as características da mídia digital,
como no ‘Quadro de propriedades da mídia’ e, depois relacioná-las com condições de êxito, às quais
estão submetidos os ‘atos de linguagem’: finalidade reconhecida; estatuto de parceiros legítimos; o
lugar e o momento legítimos; suporte material; organização textual (Maingeneau, 1998)3; e, no mesmo
nível, o tempo (mais interessante do que falar de momento e onde incluo contexto) relacionado ao
estatuto, à noção de papéis (ativos/inativos, autoria) e o conceito de contrato de leitura4 (Verón,
1983).
Introdução
Desde 1850, a idéia de divisão dos produtos jornalísticos por gêneros começou a ser
problematizada. As teorias classificatórias de gêneros jornalísticos, desenvolvidas desde o final dos
anos 50, têm sido, até os dias atuais (mais de meio século), objeto de debate constante. São consideradas
incorretas ou, até mesmo, inválidas pela academia, embora, em grande medida, sejam utilizadas na
prática pedagógica, além de estarem em sintonia com os formatos impressos pelo mercado jornalístico.
A principal crítica, hoje, é que não acomoda a grande variedade produzida pela evolução da atividade
jornalística, da qual surgem gêneros ‘mistos’, influenciados pelas novas mídias (digitais).
Outra crítica é que os critérios de fundamentação destas teorias e classificações são frágeis
suportes e não atingem os pilares destas estruturas que são os gêneros, embora aponte, aqui e ali, alguns
nortes. Disposição psicológica do autor ou intencionalidade, estilo, modos de escrita ou morfologia,
natureza do tema ou topicalidade (conteúdo), objetividade/subjetividade não diagnosticam as
especificidades destas práticas sociais discursivas; embora as finalidades ou funções dos textos se
aproximem mais de fundamentos válidos, como são as condições de êxito.
Já que a intenção é definir critérios de análise dos gêneros discursivos estabelecidos na prática
jornalística, propomos comparações com diferentes tipos de produção jornalística, realizados no suporte
(e ambiente) digital. Nosso objeto, a princípio, deve ser constituído de um web site jornalístico (como,
Le Monde, New York Times, JBonline), os principais canais de um portal jornalístico (como, por
exemplo, UOL ou Estadao), uma agência de notícias (como a CNN, Reuters ou AFP) e um tipo de
produção de fonte aberta (como CMI-Brasil). O período de análise pode circunscrever acontecimentos
1
Este artigo se originou do projeto de doutorado que começo a desenvolver na FACOM, a partir deste ano de 2004. A
intenção é colocá-lo em discussão, na tentativa de também desenvolver um debate acerca do conceito de gêneros
jornalísticos e do jornalismo digital.
2
Lia da Fonseca Seixas. Doutorando do Programa de Pós-Graduação da Facom_UFBa. ( liaseixas@gmail.com)
3
Maingueneau, Dominique. Análise de textos de comunicação. 2ª ed., Rio de Janeiro, Cortez, 2002, pgs. 64-70.
4
O um dispositivo de enunciação adotado por um suporte a fim de estabelecer um vínculo com o seu público. No contrato
de leitura importa o laço que se constrói com o ‘leitor’, a imagem daquele que fala (enunciador); imagem daquele a quem o
discurso é dirigido (destinatário); e, a relação entre o enunciador e o destinatário proposta no e pelo discurso.
1
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mundiais, naturalmente tratados pelos diversos tipos de produção, cuja atividade é jornalística (ver
“metodologia”).
5
Parratt. Artigo citado.
6
Em entrevista a Boanerges Lopes e Luciana Gomes, da Universidade Gama Filho, Rio de Janeiro, José Marques de Melo
responde a pergunta sobre suas publicações: “Publiquei 20 livros e organizei 40 coletâneas. A lista dessas publicações está
no perfil bio-bliográfico incluído no meu livro "Teoria da Comunicação: paradigmas latino-americanos". Tenho orgulho de
todos eles, pois representam momentos singulares da minha trajetória intelectual. Contudo, os mais significativos do ponto
de vista bibliográfico na área do Jornalismo são: "Estudos de Jornalismo Comparado" (São Paulo, Pioneira, 1972),
"Sociologia da Imprensa Brasileira" (Petrópolis, Vozes, 1974) e "A Opinião no Jornalismo Brasileiro" (Petrópolis, Vozes,
1985).” (http://www.metodista.br/unesco/PCLA/revista3/entrevista3-2.htm)
7
Como exemplos, podemos citar a ECA-USP, a UFSC, UFBA, entre outros.
8
Luiz Beltrão defende a tese de uma concepção de liberdade associada a uma preparação do jornalista em nível universitário.
Congresso Nacional de Jornalista em Curitiba. Beltrão, L. Jornalismo Opinativo, Porto Alegre, Sulina, 1980.
9
Luis Beltrão tornou-se em 26 de junho de 1967 o primeiro Doutor em Comunicação Social no Brasil ao defender na
Universidade de Brasília a tese sobre Flokcomunicação. (http://www.metodista.br/unesco/PCLA/revista1/perfis2.htm)
10
Beltrão. Op. Cit.
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Sejam as espanholas, sejam as brasileiras, as classificações destes dois séculos, feitas por
pesquisadores de jornalismo, devem ainda uma explicação geral dos princípios dos gêneros, um
conceito de gênero jornalístico e como se constitui.
“Muito embora haja trabalhos sobre diversos gêneros do jornalismo (Vasconcelos e Cantiero,
1999), do jornal (van Dijk, 1990, Guimarães, 1992) e mesmo sobre componentes do texto de
jornal (Lonardoni, 1999), tradicionalmente, quando há referência à categoria gêneros
jornalísticos, cita-se uns poucos membros mais característicos, tais como a notícia, a reportagem
e o editorial. Há uma carência de trabalhos que tratem o todo, de modo que fenômenos de
textualização como as seções e as páginas de jornal permanecem praticamente uma incógnita
quanto ao tratamento genérico que devamos dar-lhes, pois se, por um lado, apresentam certos
comportamentos relativos à noção de gênero que detemos no momento, por outro, se distanciam
bastantes dos padrões próprios de membros como notícia e reportagem.” (Bonini, 2001)
As propostas de Martínez Albertos (1991), Luiz Beltrão (1980) e de José Marques de Melo
(1985), citado por todos os pesquisadores da área no Brasil, estão fundamentadas em critérios como: 1)
finalidade do texto ou disposição psicológica do autor, ou ainda intencionalidade; 2) estilo; 3) modos de
escrita, ou morfologia, ou natureza estrutural; 4) natureza do tema e topicalidade; e 5) articulações
interculturais (cultura).
A maioria dos autores que trabalhou na classificação de gêneros jornalísticos esteve baseada na
separação entre forma e conteúdo, o que gerou a divisão por temas, pela relação do texto com a
realidade (opinião e informação) e deu vazão ao critério de intencionalidade do autor, que realiza uma
função (opinar, informar, interpretar, entreter). A função, ao invés de ser vista como ‘intenção’ do autor,
deve ser trabalhada como cumprimento dos poderes, papéis e estatuto implicado no contrato de leitura
de determinada prática social discursiva (gênero).
Além da finalidade, estilo, estrutura (forma) e conteúdo, as tradicionais classificações (Albertos,
Beltrão) procuram estar sincronizadas com a geografia, com o contexto econômico, social, político e
cultural, com os modos de produção, com as correntes de pensamento e ainda com as noções de
objetividade e neutralidade. A finalidade, estrutura (organização textual), o contexto, os modos de
produção (modos do discurso) apontam para direções corretas, mas são tratados superficialmente, não
desenvolvidos enquanto critérios.
“Para Marcuschi (1996), “o desafio não está tanto na classificação e sim na proposição de
critérios dessa classificação”. Em seu trabalho, busca classificar os gêneros que vão da
modalidade oral à escrita, para desvendar os processos que permeiam esta passagem. A
classificação, então, via comparação dos gêneros, tem um objetivo inequívoco de discernir
estas modalidades, levantando critérios que as diferenciam e as aproximam.(...)” (Bonini,
2001)
O interessante é que estes elementos não satisfazem aos pares, que se vêem impulsionados a
novas divisões ainda hoje. Em texto produzido para o site Sala de Prensa, o professor boliviano Raul
Peñaranda U. elenca 13 classificações por autores: Maria Julia Sierra, John Honhenberg, Martin
Vivaldi, Jose Luis Martínez Albertos, Armando de Miguel, Esteban Moran, Johnson y Harris, Siegfrid
Mandel, Luiz Beltrão, Jose Benitez, Juan Gargurevich, Marques de Melo, Erick Torrico e John
Muller11. No final deste artigo, Peñaranda também não resiste em fechar uma classificação, a mesma:
gêneros informativos, opinativos, interpretativos e de “entretenimento” (aspas do autor). E, novamente,
não aprofunda a compreensão de critérios.
11
Peñaranda U. Artigo citado.
3
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12
Parratt, Sonia. Artigo citado.
13
Parratt, Sonia. Artigo citado.
4
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Uma comparação das propriedades da mídia, trabalhadas por Manovich, Echevérria, Fidler,
Palácios e Nora Paul e Christina Fiebich na pesquisa Digital Storytelling (University of Minnesota), e
entre elas e as condições de êxito às quais estão submetidos os ‘atos de linguagem’, pode ser um
primeiro passo para a identificação de critérios de gêneros jornalísticos digitais. Um “quadro de
propriedades da mídia”, como sugerido abaixo, põe em relação características intrínsecas a este
ambiente.
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imagens de 1950 a 2003, pode incluir nos seus kits produtos com vídeos (imagens em
movimento), cujo texto, simultaneamente ao correr das imagens, desça na tela do
computador em uma ou mais línguas, a depender do veículo jornalístico que demande a
compra. Uma imagem em movimento pode vir a ser estatizada com um clique ou um
apresentador pode estar na tela, não com sua imagem parada ou voz em off, mas indicando,
mostrando, explicando imagem e texto que podem se movimentar, aparecer ou desaparecer
com os comandos deste apresentador ou pelo clique do mouse. São vislumbramentos, mas
que indicam possibilidades de ‘organização textual’ a partir de contrato (estatuto),
finalidade e características do suporte.
A organização textual ganha, com a convergência/multimidialidade - diversas
tecnologias e formas de mídia convergem para um mesmo lugar, um mesmo meio
(multimídia), o que implica a convergência das indústrias e empresas, com uma mudança
estrutural do modo de produção e distribuição (Fidler) -, uma variabilidade tão grande, que
não é fácil identificar qual linguagem (texto, som, imagem ou imagem em movimento)
orienta os produtos jornalísticos digitais, e, por consequência, qual prática se firmará como
um gênero no meio digital e quais sofrerão mudanças nos meios ditos tradicionais.
“(...) Com a convergência, estas novidades [textos mais curtos e diretos, palavras
sublinhadas, hiperlink, enumerações, subtítulos informativos, uma idéia por
parágrafo, escrita semelhante a da TV] introduzidas pelo jornalismo multimídia
acabarão inevitavelmente por contaminar a linguagem dos outros meios. E difícil,
pois, prever o futuro dos gêneros num quadro marcado pela generalização de tais
práticas e linguagens, essencialmente porque este é um caminho ainda em pleno
experimentalismo, e que se fará ao andar”. 14
Se, para a televisão, a imagem em movimento e o áudio são a linguagem
característica, na mídia digital (Internet), não há ainda um consenso. Acredita-se que o
texto orienta o produto hipermidiático ou que este texto é semelhante ao televisivo.
“(...) Text on television is mere ornamantation; words appear most often to reinforce
the spoken message or to decorate the packages of products being advertised. (...) In
television, text is absorved into the image, but in hypermidia the televised image
becomes part of the text.” (Bolter: 1991: 26)
“Simultaneamente a escrita para a Web vai acompanhar estas mutações [nos
gêneros e linguagens], privilegiando textos ainda mais curtos e directos; palavras
sublinhadas ou destacadas com cores, e o hiperlink, para facilitar o varrimento;
enumerações; subtítulos eminentemente informativos; uma combinação dos aspectos
visuais da televisão com as características que tornam um texto scannable; a
possibilidade de deambular e ser surpreendido; uma idéia por parágrafo e o recurso a
uma ou várias pirâmides invertidas; uma escrita semelhante à de televisão e não
redundante relativamente aos restantes elementos que compõem a peça (links para
outros textos, fotos, áudio e vídeo). (...)” 15
Ou ainda, para Echeverría, há um predomínio do visual:
14
Gradim, Anabela. Os gêneros e a convergência: o jornalista multimédia do século XXI.
(www.labcom.ubi.pt/agoranet/pdfs2/gradim-anabela-generos-convergencia.pdf) Acesso em 13/11/02.
15
Gradim. Idem.
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19
Entrevista com Luis Angel Hermana in: Pauta Geral: revista de jornalismo, ano 9, nº 4, 2002, pg. 20.
20
“Estas diferentes dimensões sociais estão articuladas no jornalismo porque a noção de atualidade é um eixo
temático dotado de pelo menos três sentidos: num primeiro aspecto, a notícia jornalística imbricada na
atualidade possui um sentido de proximidade entre atores sociais, não limitado a um aspecto espacial, mas
de pertencimento a uma coletividade e de orientação sobre formas de agir socialmente; num segundo aspecto,
opera um sentido de imediaticidade entre o seu recorte discursivo e a ocorrência. Mas estes dois aspectos
não são suficientes para demarcar a atualidade jornalística, devendo-se destacar um terceiro: é atual no
jornalismo tanto o que ocorre no tempo presente quanto o que apresenta um sentido de relevância pública,
reconhecido pelo indivíduo como indispensável para participar da vida social.” Franciscato, Carlos Eduardo.
A atualidade no jornalismo. Texto apresentado na Compós 2000.
21
“Em primeiro lugar, a comunicação, através de seus novos objetos, como computador, acesso à internet,
telefones celulares. Hoje, o bem-estar está associado à mobilidade, ao acesso à informação e à rapidez. O que
seduz na comunicação passa, cada vez mais, por tudo que acelera as coisas, pelas possibilidades de estar
conectado com o externo, com os outros (...)” Entrevista de Gilles Lipovetsky. Revista Veja, 25 de setembro
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Entrevista concedida por Gilles Lipovetsky a revista Veja em 25 de setembro de 2002.