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1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 2
6 BIBLIOGRAFIA ......................................................................................... 44
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1 INTRODUÇÃO
Prezado aluno!
A Rede Futura de Ensino, esclarece que o material virtual é semelhante ao da
sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno
se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta,
para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse
aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No
espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser
direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil.
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora
que lhe convier para isso.
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser
seguida e prazos definidos para as atividades.
Bons estudos!
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2 TEORIAS DA COMUNICAÇÃO
Fonte: amenteemaravilhosa.com.br
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identificar quais são os procedimentos usados na construção de narrativas
explicativas dos fatos sociais.
3 PRIMEIRA FASE
Fonte: medium.com
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que se inicia no século XVII e ganha força com a ascensão das ciências sociais ao
final do século XIX (SOUSA, 2008, apud VARÃO, 2009, p. 2). Além disso, a teoria
hipodérmica nasce sob os signos de todo um contexto social novo, a sociedade
tecnológica, que exigia uma melhor compreensão dos fenômenos da comunicação de
massa, não só a título de investigação científica, mas como forma de controlar de
maneira mais eficaz a difusão de informações (em especial nos Estados Unidos).
Nesse sentido, a teoria hipodérmica vem na esteira das reflexões sobre a sociedade
de massa, na qual os meios de comunicação começavam a ter um papel considerável,
fato enfatizado por Mauro Wolf ao afirmar que “[...] A principal componente da teoria
hipodérmica é, de fato, a presença explícita de uma “teoria da sociedade de massa”
(Wolf, 2002, p.23, apud VARÃO, 2009, p. 2).
Não por acaso, portanto, se encontram nessas primeiras discussões nomes
como Alexis de Tocqueville, John Stuart Mill, Karl Marx, Ferdinand Tönnies, Gabriel
Tarde, Max Weber, e outros, todos eles autores voltados à compreensão das
características da organização social resultante da economia de produção e da
crescente industrialização.
Por outro lado, com o avançar desses estudos, a discussão sobre os meios de
comunicação (não mais somente a imprensa, mas todos os outros meios que se
seguiram) na sociedade de massa, começou a ser revestida de pressupostos e
análises mais próximas do método científico, dando início à conjugação
ciência/fenômeno comunicacional que passou pela teoria hipodérmica e culminou nas
pesquisas de Lazarsfeld e Katz sobre a influência pessoal na comunicação de massa,
em 1955. Tal posição foi resultado, sobretudo, da ascensão da Escola de Chicago,
nome que designa o mais forte grupo de pesquisas e cientistas sociais surgidos até
então nos Estados Unidos, cujas diretrizes foram dominantes entre, pelo menos, 1915
a 1940. A Escola de Chicago influenciou decisivamente as pesquisas em
comunicação, agregando aos estudos do campo que se formava um cabedal que
somava: a aproximação entre as ciências sociais e as naturais, que deveriam
funcionar segundo as mesmas diretrizes metodológicas; a observação do
comportamento baseada na psicologia behaviorista; o interacionismo simbólico; a
percepção de que a ciência deveria ter um fim prático.
A teoria hipodérmica entra em declínio a partir da ascensão das pesquisas de
Paul Lazarsfeld sobre a influência pessoal no processo de comunicação de massa,
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para muitos a primeira a dar um estatuto científico ao campo comunicacional. Sua
história, contada nesta introdução em linhas gerais, contudo, gera hoje uma série de
dúvidas e causa controvérsias. Não exatamente porque exista uma infinidade de
versões a seu respeito. Na verdade, as versões sobre a teoria hipodérmica costumam
ser pouco conflitantes e muito repetitivas, como em DeFleur (1993 apud VARÃO,
2009, p. 3) e Wolf (2002, apud VARÃO, 2009, p. 3). Para o estadunidense DeFleur,
que prefere chamar a teoria hipodérmica de teoria da bala mágica, o que a caracteriza
é a “[...] ideia fundamental [...] que as mensagens da mídia são recebidas de maneira
uniforme pelos membros da audiência e que respostas imediatas e diretas são
desencadeadas por tais estímulos” (1993, p. 182, apud VARÃO, 2009, p. 3).
Wolf corrobora a posição de DeFleur ao afirmar que: “A posição defendida por
este modelo pode sintetizar-se na afirmação segundo a qual cada elemento do público
é pessoal e diretamente 'atingido' pela mensagem” (WOLF, 2002, p.22, apud VARÃO,
2009, p. 3)
O grande problema da teoria hipodérmica não está, portanto, no choque entre
versões, mas se coloca na superficialidade com a qual sua especificidade teórica é
abordada. Há tão poucas fontes e tão mínima informação que hoje, inclusive, há quem
defenda (CHAFFEE e HOCHHEIMER, 1985; WARTELLA e REEVES, 1985, apud
VARÃO, 2009, p. 3) que a teoria hipodérmica foi apenas uma invenção de Lazarsfeld
e Katz, para justificar o fluxo de dois passos, que deveria surgir como uma
contraposição a “alguma” pesquisa anterior.
Este artigo procura, portanto, reavaliar a teoria hipodérmica, levando em
consideração seus antecedentes e suas características, se colocando em meio a duas
posições: a “pró-hipodérmica” (BINEHAM, 1988, apud VARÃO, 2009, p. 3), segundo
a qual a teoria hipodérmica foi, realmente, o primeiro momento da pesquisa científica
em Comunicação (cujo desenrolar foi sinteticamente descrito aqui), e a “anti-
hipodérmica” (Idem, ibidem) que defende que a teoria foi apenas um mito. O que
advogamos aqui é que apesar da teoria hipodérmica não poder ser entendida stricto
sensu como uma teoria – mesmo porque nunca foi pensada como tal –, colocá-la
como uma simples invenção é desconsiderar o que representam as pesquisas que se
aglutinam no período entre 1920 e 1940. Falamos aqui, desse modo, mais de um
período hipodérmico, que de uma teoria ou mito. Mas um período histórico relevante
que precisa ser conhecido mais a fundo e reconsiderado.
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Teoria hipodérmica aplicada à publicidade
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diferenciações sociais; deve ter presente a responsabilidade da cadeia de produção
junto ao consumidor; deve respeitar o princípio da leal concorrência; deve respeitar a
atividade publicitária e não desmerecer a confiança do público nos serviços que a
publicidade presta.
Segundo o site do CONAR a análise da campanha é feita da seguinte forma:
Fonte: app.emaze.com
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Não é de estranhar, com base nas preocupações políticas dos primeiros
estudos de mídia, que um dos principais teóricos da comunicação tenha sido um dos
cientistas políticos mais importantes da primeira metade do século nos Estados
Unidos. Um dos primeiros modelos para o estudo da comunicação foi proposto por
Harold D. Lasswell em 1948. Seu texto “ A estrutura e a função da comunicação da
sociedade” se mantem como um dos clássicos da Comunicação.
Lasswell procurou um modelo teórico, tomando como ponto de partida estudos
sobre mídia e política. Ele foi um dos primeiros a se interessar pelos potenciais da
comunicação na criação e/ou mudança de atitudes e opinião, percebendo que o
estudo da política passava pela mídia, e elementos da comunicação ganharam mais
e mais espaço em seus estudos.
O modelo de Lasswell
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Focos de estudo e tipos de análise:
O modelo de Lasswell se tornou a base para uma dezena de outros, seja apesar
de sua simplicidade ou por conta de sua simplicidade. Alguns parágrafos depois,
Lasswell especifica as funções da comunicação na sociedade. Ele entende que a
comunicação tem uma função, isto é, faz alguma coisa com sociedade. O princípio
geral das funções identificadas por Lasswell é uma concepção da mídia como o
agente articulador da sociedade. Na prática são três:
Desenvolvimentos posteriores
O modelo de Lasswell teve o mérito de ser o primeiro dirigido especificamente
para a comunicação, auxiliando no estabelecimento de um campo autônomo de
estudos. Os limites e as aplicações do modelo nos anos posteriores contribuíram para
a consolidação de uma área de estudos especifica, voltada para a compreensão da
mídia como uma instituição central na sociedade.
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3.3 Teoria da Persuasão
Fonte: prismagazineblog.wordpress.com
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Com as quais ele concordasse.
A partir dessa perspectiva, as características do destinatário da mensagem
passam a ser consideradas (promovendo-se a consequente segmentação do público
em grupos para a condução das pesquisas), além da preocupação em organizar a
mensagem. Isso, segundo Wolf (2009, p. 35, apud MARQUIONI, 2017, p. 32).
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apresentadas ao público, essa teoria passou a considerar a existência de efeitos
indiretos associados aos meios:
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3.4 O modelo do Agenda-Setting
Fonte: www.casadosfocas.com.br
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A seleção dos assuntos tratados pelos indivíduos em suas relações sociais está
vinculada a inúmeros critérios e variáveis. A cada dia é possível verificar sobre quais
assuntos falamos, e esses assuntos formam a nossa “agenda pessoal” de temas
discutidos. Quando se presta atenção a esse conjunto de temas, é possível notar que
a presença de assuntos vinculados à família ou ao trabalho tende a ser maior, em
termos individuais, do que qualquer assunto da mídia. No entanto, o modelo de
Agenda-Setting prevê que no meio dessa agenda temática pessoal é possível
encontrar assuntos que estão pautados pela mídia. Os temas da mídia ganham
importância em sua divulgação horizontal: não são as principais preocupações de
ninguém, mas estão nas preocupações de praticamente todo mundo.
Os temas presentes na agenda pessoal, bem como na agenda de mídia, por
exemplo, o tema das manchetes é mais importante, segundo critérios da mídia, do
que uma notícia publicada nas páginas finais de um suplemento trimestral em um
obscuro jornal de bairro do interior. Na agenda pessoal preocupações imediatas
ocupam um espaço maior e mais elaborado do que outros. Os temas de mídia,
presentes na agenda de temas de grande parte do público, adquirem uma visibilidade
social que nenhum tema da agenda particular deve ter. afinal, é esperado que poucas
pessoas estejam interessadas em pautar nossa vida particular, enquanto temas da
mídia são amplamente conhecidos e comentados.
Os temas da mídia não ocupam os lugares mais importantes da agenda de
ninguém, mas, como estão presentes nas posições intermediarias de um grupo
considerável de indivíduos, ganham em força por conta dessa presença numérica. Os
temas discutidos por um número alto de pessoas torna-se o principal tema da agenda
pública.
Agenda da Agenda da
mídia público
Tema 1 Tema 1
Tema 2
Tema 3
→ Tema 2
Tema 3
Tema N... Tema N...
McCOMBS, M. & Shaw, D. “The agenda-setting function of mass communication”. Public Opinion
Quarterly, 36, 1971, p.176, apud MARTINO, 2014, p. 208.
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Dessa maneira, a ideia do Agend-Setting mostra que os temas pautados pela
mídia tendem a ser discutidos pela agenda pública. Há uma dinâmica constante nas
transformações da agenda pública. Essas alterações estão ligadas à velocidade de
agendamento dos temas nos meios de comunicação, de maneira que os dois sistemas
– a mídia e o público – se ligam a partir da apropriação, pela agenda pública, dos
principais temas discutidos pelos meios de comunicação.
Um dos principais estudos de McCombs e Shaw foi conduzido em 1972. Eles
mediram a influência de um programa de televisão na definição dos temas discutidos
pelos indivíduos. Os pesquisadores tomaram como ponto central a exibição de The
day after, sobre as consequências de uma guerra nuclear, estudando a audiência
antes e depois do filme. Antes do filme, o tema “guerra nuclear” ocupava uma discreta
13ª posição nas preocupações do conjunto de sociedade. No dia seguinte a exibição,
o tema pulou para o primeiro lugar: em uma noite, a guerra atômica passou a ser a
principal preocupação da população da cidade. Dessa maneira McCombs e Shaw
mostraram a existência de um vínculo entre os assuntos trabalhados nos meios de
comunicação e a definição da agenda pública.
McCOMBS, M. & Shaw, D. “The agenda-setting function of mass communication”. Public Opinion
Quarterly, 36, 1971, p.176, apud MARTINO, 2014, p. 209.
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A especificação teórica dessa hipótese é sedutora por conta de sua aparente
comprovação de uma intuição sempre presente nos estudos; a comprovação empírica
tende a apresentar mais dificuldades. Essas dificuldades provêm geralmente dos
problemas em especificar diretamente uma relação de causa e efeito entre a presença
de um tema na mídia e sua relação nas conversas.
Há ainda outros aspectos desta teoria que têm sido, por vezes, interpretados
redutivamente, como se tratasse de pesquisas voltadas unicamente para o
problema dos efeitos, enquanto os trabalhos mais significativos, neste âmbito,
estudam na realidade fenómenos sociais mais amplos como, por exemplo, a
dinâmica dos processos de formação das atitudes políticas. (WOLF, 2003
p.40)
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características do contexto social em que eles se realizam”. (WOLF, 2003
p.33)
Fonte: www.capparelli.com.br
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Essa derivação implica que a hipótese do Cultivo Mediático sofre dos mesmos
problemas que abalaram a maioria das perspectivas de investigação no âmbito da
socialização: desenvolver meios de comprovar suas teses levando em consideração
tanto essas adaptações pelas quais os indivíduos passam quanto o aspecto contínuo
e previsível dos padrões sociais. Enquanto não se resolve esse impasse, a hipótese
do Cultivo Mediático continua uma mera hipótese.
O termo cultivo é empregado, normalmente, para se referir aos cuidados com
plantações – cultivo de hortaliças – ou terrenos, mas também está intimamente
relacionado ao termo cultura. Na realidade, ambos são sinônimos – sendo possível se
referir à cultura de hortaliças – o que permite aproximar a hipótese do Cultivo
Mediático a uma espécie de hipótese da Cultura Mediática. Estabelecer a relação
entre esses termos é importante porque no período em que a hipótese se
desenvolveu, final da década de 60, a TV representava com força visão predominante
do mundo através da sua capacidade de enculturação. Esse conceito, formulado pela
antropologia, se refere ao processo de assimilação de valores, linguagem e
julgamentos que permitem aos indivíduos a socialização.
Quando Gerbner afirma que a TV cultiva determinados efeitos nos
espectadores, o autor está chamando atenção para o processo dinâmico e contínuo
característico de todas as práticas de enculturação. Ele procura demonstrar que sua
hipótese está preocupada com os efeitos a longo prazo e não com os efeitos imediatos
dos media, o que distingue essa construção teórica das perspectivas que pensam a
ação dos meios como causadores de efeitos diretos para uma outra que os entende
como alteradores da estrutura cognitiva e de socialização das pessoas. Esse processo
de cultivo, no qual os indivíduos estão inseridos, tem como principal ator a televisão –
responsável pela maior parte dos referenciais partilhados pela sociedade
contemporânea.
Partindo da ideia de uma sociedade centrada nos media, Gerbner afirma que,
ao contrário de outros meios de comunicação de massa, como o rádio e o cinema, a
televisão não perdeu sua força, uma vez que é ela quem fornece grande parte das
informações sobre os assuntos que os indivíduos não experimentarão pessoalmente,
“a TV é um sistema centralizado de narrativas. Seus dramas, comerciais, notícias e
outros programas levam um sistema relativamente coerente de mensagens para o
interior de cada casa” (GERBNER et al, 2002, p. 44, apud CARDOSO FILHO, 2009,
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p. 4). Essas informações veiculadas pela televisão são usadas como atalhos para a
construção dos juízos relativos às mais diversas situações, o que reafirma a ideia da
TV como um dos agentes privilegiados do processo de cultivo.
A formulação básica da hipótese do Cultivo Mediático é que os espectadores
assíduos de TV tendem a perceber a realidade de acordo com o que é veiculado pelo
meio, não se tratando da noção de “janela para o mundo” – como considerou Walter
Lippman ao estudar os efeitos dos media, no capítulo de abertura de Public Opinion
(1922) – mas a noção de um mundo em si mesmo, um ambiente simbólico dominante.
O pesquisador L. J. Shrum explica que:
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Inicialmente formulada para compreender os modos como a exposição
frequente aos conteúdos de violência mediática influenciava a opinião dos indivíduos
sobre a possibilidade de serem vítimas de crime, a hipótese do Cultivo Mediático
ganhou elasticidade e passou a ser empregada para avaliar a influência exercida pela
TV sobre expectativas de casamento e de amor, sobre estatísticas de desigualdade
social ou mesmo sobre políticas públicas. Enquanto alguns autores insistem na ideia
de que cada gênero mediático vai cultivar respostas específicas nos espectadores
assíduos e que, portanto, é preciso distinguir entre os diferentes conteúdos televisivos
- “a exposição à ficção televisiva irá contribuir para percepções diferentes das que
seriam produzidas pela exposição aos esportes televisionados ou notícias televisivas”
(GANDY JR & BARON, 1998, p. 512, apud CARDOSO FILHO, 2009, p. 3) -, outros
pesquisadores afirmam que não se trata mais de identificar um efeito cultivado por
cada gênero mediático apenas, mas de compreender como o sistema narrativo
característico da televisão promove influência no processo de construção de
julgamentos e comportamentos. “Exposição ao padrão total ao invés de gêneros
específicos ou programas é, portanto, o que conta para as consequências
historicamente distintas de viver com a televisão: o cultivo de conceitos de realidade
partilhados por diferentes públicos” (GERBNER et al, 2002, p. 44, apud CARDOSO
FILHO, 2009, p. 6).
As pretensões da hipótese do Cultivo Mediático se voltam, então, para o
estabelecimento das relações entre o texto mestre televisivo e o efeito que ele cultiva
em espectadores assíduos. As pretensões também avançam no sentido de identificar
como os efeitos de nível perceptivo são capazes de proporcionar atitudes e
comportamentos que afetarão o “mundo real” – como se engajar numa campanha
contra o desarmamento, ou na luta pela preservação do meio ambiente. Nesse
sentido, os pesquisadores associados à hipótese do Cultivo Mediático distinguem dois
níveis de efeitos: os efeitos em primeira ordem, que atuam no âmbito perceptivo e
cognitivo, cultivando um “julgamento televisivo” no espectador assíduo, e os efeitos
em segunda ordem, que atuam no âmbito das atitudes e comportamento desse
espectador – podendo levá-lo a adotar medidas condizentes com o proposto pelo texto
mestre televisivo. Nabi e Sullivan (2001, apud CARDOSO FILHO, 2009, p. 7), por
exemplo, exploram os efeitos em segunda ordem da hipótese do Cultivo Mediático
numa pesquisa sobre os efeitos da TV no engajamento dos cidadãos em medidas
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preventivas contra o crime e apontam alguns caminhos metodológicos para o
refinamento da hipótese.
Entre os principais desdobramentos já propostos, se destacam: a concepção
da teoria da ação razoável que é usada a fim de complementar a análise de efeitos
cultivados. “Pesquisas na área têm demonstrado evidências que, sob circunstâncias
apropriadas, ‘visões de mundo’ podem de forma confiável prognosticar intenções de
comportamentos e, de fato, transformar comportamentos” (NABI & SULLIVAN, 2001,
p. 807, apud CARDOSO FILHO, 2009, p. 7). O efeito da linha central, que indica que
os espectadores assíduos sofrerão de maiores efeitos cultivados se não tiverem
qualquer tipo de experiência com o tema narrado pela TV, “especificamente, aqueles
cujas experiências são mais discrepantes do mundo da televisão são os mais
prováveis de serem influenciados por sua mensagem” (SHRUM & BISCHAK, 2001,
p.190, apud CARDOSO FILHO, 2009, p. 7). O efeito de ressonância, oposto ao efeito
da linha central, que afirma que espectadores assíduos que já tiveram experiência
direta com o tema apresentado sofrem uma dose dobrada do efeito cultivado, “aqueles
cujas experiências de vida são similares às experiências apresentadas pelo mundo
da TV serão os mais prováveis influenciados pela mensagem” (SHRUM & BISCHAK,
2001, p.191, apud CARDOSO FILHO, 2009, p. 7). E o efeito de impacto impessoal,
que aponta que a percepção do efeito cultivado ocorre, em primeiro lugar, no âmbito
social ou pessoal e, posteriormente na natureza direta ou indireta da experiência, na
qual o indivíduo avalia a proximidade do tema em relação a si mesmo, “isso sugere
que o efeito de ver televisão varia em função do tipo de julgamento” (SHRUM &
BISCHAK, 2001, p.193, apud CARDOSO FILHO, 2009, p. 8).
Tais desdobramentos indicam uma preocupação dos pesquisadores dessa
hipótese em identificar moderadores que atuem sobre a influência do cultivo dos
media, aumentado ou reduzindo seu efeito. Esses moderadores buscam conceder
maior importância às experiências individuais dos espectadores, ao relacionamento
estabelecido entre estes e o texto mestre televisivo e, finalmente, às demais fontes de
conhecimento além dos media.
Explorar os modelos teóricos contemporâneos da investigação em media
effects pode contribuir significativamente para a compreensão dos padrões de
julgamento, percepção e atitude de uma sociedade cada vez mais calcada nos meios
de comunicação massa. Explorar essa hipótese, em particular, implica conhecer seus
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pontos fortes e fracos, apontar caminhos que norteiem pesquisadores e reconhecer
seus limites.
Entre o final dos anos 1940 e os anos 1970, a teoria funcionalista significou
uma passagem das abordagens interessadas nos efeitos da mídia para uma
abordagem interessada nas funções. Inspira-se nos estudos sociais estrutural-
funcionalistas, que concebem a sociedade como conjunto de sistemas interligados
que dão suporte às estruturas sociais.
Do ponto de vista programático, a Teoria Funcionalista desloca o interesse dos
efeitos da comunicação de massa para as funções por eles exercidas. Concentra o
interesse, também, na existência “normal” da comunicação de massa na sociedade –
não mais nas ações da propaganda que permearam os estudos anteriores.
Interessa-se pela dinâmica do sistema social e o papel desempenhado pelas
comunicações de massa. Para a teoria estrutural-funcionalista, o equilíbrio do edifício
social depende das relações funcionais que indivíduos e subsistemas ativam no seu
conjunto.
A lógica regulamenta os fenômenos sociais é constituída por relações de
funcionalidade que presidem à solução de quatro problemas fundamentais, ou
imperativos funcionais, que todo o sistema social deve enfrentar:
a. A manutenção do modelo e o controle das tensões.
b. A adaptação ao ambiente.
c. A perseguição de objetivos (defesa de território, aumento da
produtividade, etc.)
d. A integração. (Deve existir fidelidade entre os elementos de um sistema
e fidelidade ao próprio sistema no seu conjunto).
Por exemplo, no que respeita ao problema da manutenção do esquema de
valores, o subsistema das comunicações de massa é funcional, na medida em que
desempenha parcialmente a tarefa de realçar e reforçar os modelos de
comportamento existentes no sistema social.
Os subsistemas podem ser disfuncionais na medida em que constituírem
obstáculos à satisfação de alguns dos imperativos funcionais.
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A função se diferencia do propósito:
Enquanto este implica um elemento subjetivo associado à intenção do
indivíduo que age, a função é entendida como consequência objetiva da
ação.
Em relação à sociedade, a difusão de informação desempenha duas funções:
Alerta aos cidadãos ante ameaças e perigos imprevistos.
Fornece instrumentos para certas atividades cotidianas
institucionalizadas na sociedade, como, as trocas econômicas, etc.
Em relação ao indivíduo, e no que diz respeito à “mera existência” dos meios
de comunicação de massa, ou seja, independentemente da sua ordem institucional e
organizativa, são observadas três outras funções:
Atribuição de posição social e de prestigio às pessoas e aos grupos que
são objetos de atenção por parte dos mass media. Legitimação de
pessoas, grupos e tendências sociais.
Reforço do prestigio daqueles que se identificaram com a necessidade,
e o valor socialmente difundido, de serem cidadãos bem informados.
Reforço das normas sociais e da ética vigente na sociedade. “É claro
que os meios de comunicação de massa servem para confirmar as
normas sociais, denunciando os seus desvios à opinião pública”.
(Lazarsfeld e Merton, 1948, apud SILVA, 2012, p. 11)
Disfunções
No nível da sociedade: Os fluxos informativos que circulam livremente podem
ameaçar a estrutura fundamental da própria sociedade.
No nível dos indivíduos: Difusão de notícias alarmantes (sobre perigos naturais
ou tensões sociais) pode provocar reações de pânico em vez de reações de vigilância
consciente. (Orson Wells)
No nível individual: O excesso de informações pode conduzir a um debruçar-se
para o mundo particular, para a esfera das experiências e relações próprias. Disfunção
narcotizante.
Se se passar da análise funcional dos mass media, avaliados
independentemente de serem parte da estrutura social e econômica,
para a análise da ordem institucional e proprietária dos próprios meios,
27
individualizam-se outras funções como, por exemplo, a de contribuírem
para o conformismo.
“O impulso para o conformismo exercido pelos meios de comunicação
de massa deriva não só de tudo o que neles é dito mas, mais ainda, de
tudo o que não dizem”.
Melvin de Fleur (1970, apud SILVA, 2012, p. 11) particulariza a capacidade de
resistência do sistema dos mass media aos ataques, às críticas e às tentativas de
elevar a baixa qualidade cultural e estética da produção e comunicações de massa.
Fonte:www.conceito.de
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Em decorrência da Segunda Guerra Mundial, e pelo posicionamento teórico
político da escola de base marxista formada por judeus, houve a necessidade de
transferência da Escola de Frankfurt para os Estados Unidos (EUA) em 1933.
Enquanto estavam nos EUA, Horkheimer, Adorno e Marcuse produziram seu melhor
trabalho, inspirado nas contradições entre a progressiva retórica americana da
igualdade e a realidade da discriminação racial e de classe presente na sociedade.
Em 1953, Horkheimer e Adorno retornaram à Alemanha e Herbert Marcuse
permaneceu nos Estados Unidos, pois encontrou aceitação para seu trabalho na
teoria social e foi reconhecido como o filósofo do movimento estudantil. Muitos
intelectuais nos anos de 1960 voltaram-se à Teoria Crítica, pois viram nessa teoria
uma forma de se opor, com seus trabalhos, àquelas formas de poder vigente.
Apropriando-se da abordagem humanística do ato de pesquisar, os teóricos
críticos opõem-se ao cientificismo da ‘objetificação’ que valoriza, acima de tudo, o
método. Para eles, o conhecimento da realidade é decorrente do processo histórico
sempre em transformação e sensível ao contexto e aos valores do pesquisador
(KINCHILOE; MCLAREN, 2006, apud GOES, 2018, p. 75). Nesse sentido, a Teoria
Crítica supera a teoria positivista, tradicional, propondo para a ciência uma perspectiva
crítica de emancipação humana. A esse respeito, Silva e Sánchez Gamboa (2014,
apud GOES, 2018, p. 75) complementam que:
Ainda que com forte base marxista, a Teoria Crítica não leva em conta de forma
tão radical a luta de classes e o determinismo da estrutura econômica. De acordo com
os teóricos críticos, “[...] a crítica à economia política é insuficiente para compreender
as possibilidades das transformações sociais, políticas e subjetivas” (MATOS, 1993,
p. 39, apud GOES, 2018, p. 76). Assumindo tal postura, esses teóricos dispõem-se a
realizar uma crítica radical ao tempo presente. Portanto, na perspectiva criticista,
pressupõe-se que vivemos em um mundo onde a instrumentalização das coisas
30
acaba causando, também, a instrumentalização dos indivíduos (consciência
coisificada).
Apesar da notável contribuição da Escola de Frankfurt para a ciência, Kincheloe
e McLaren (2006, p. 282, apud GOES, 2018, p. 76) indicam três motivos da dificuldade
em determinar o que é, precisamente, a Teoria Crítica: “a) há inúmeras teorias críticas,
e não apenas uma; b) uma tradição crítica está sempre mudando e evoluindo; e c) a
teoria crítica tende a evitar a especificidade excessiva, pois há espaço para
discordâncias entre teóricos críticos”.
No entanto, o ponto de convergência das diferentes vertentes da Teoria Crítica
encontra-se na aversão à racionalidade técnica instrumental Os criticistas advertem
que a racionalidade instrumental “[...] geralmente separa o fato do valor em sua
obsessão pelo método ‘apropriado’, perdendo, no processo, uma compreensão das
escolhas de valor sempre envolvidas na produção dos assim chamados fatos”
(KINCHELOE; MCLAREN, 2006, p. 284, grifo dos autores, apud GOES, 2018, p. 76).
Nessa perspectiva, Matos (1993) esclarece que:
31
Ou seja, a correção metodológica não é garantia da verdade (MELO, 2011, apud
GOES, 2018, p. 76).
A função ‘desmascaradora’ da teoria e a força propulsora dessa função
encontram-se na crítica imanente e no pensamento dialético. A crítica imanente “[...]
é a afirmação da diferença, a recusa em identificar aparência e essência, a disposição
de analisar o objeto social em função de suas possibilidades” (GIROUX, 1986, p. 33-
34, apud GOES, 2018, p. 76). O pensamento dialético, segundo esse mesmo autor,
refere-se à crítica e à reconstrução teórica. Como modo de crítica, revela valores que
são muitas vezes negados quando se analisa determinado objeto social. Nesse
sentido, a noção de dialética é importante porque revela a incompletude, o que é em
termos do que não é e das potencialidades ainda não realizadas. Como modo de
reconstrução teórica:
32
Considerando a complexidade inerente aos pressupostos da Teoria Crítica
evidenciada por seus precursores, Kincheloe e McLaren (2006, p. 292, apud GOES,
2018, p. 77) compreendem que o pesquisador fundamentado nessa teoria aceita
certas suposições básicas da abordagem crítica.
33
apud GOES, 2018, p. 84), a pesquisa e a pedagogia unem-se para que “[...] a geração
de conhecimento, a conscientização e a mobilização por mudança social se
juntassem”.
As pesquisas em educação desenvolvidas a partir da Teoria Crítica primam
tanto pela produção de conhecimento como pela promoção de intervenções críticas.
Elas precisam ser concebidas como provocadoras da autorreflexão, o que significa
que as pesquisas na área da educação podem fomentar experiências educativas que
incentivam a autonomia do sujeito e, ao mesmo tempo, podem possibilitar o
fortalecimento de posturas críticas e de resistência na sociedade atual tão marcada
pela desigualdade social.
Nesse sentido, a pesquisa qualitativa crítica não busca somente descrever a
realidade social; ela tem, também, por projeto, a conscientização e a exposição das
formas de conhecer e de julgar o conhecimento discursivo. Para Carspecken (2011,
p. 398, apud GOES, 2018, p. 85), a “[...] pesquisa qualitativa crítica é informada por
uma teoria epistemológica e social que esclarece a relação entre produção de
conhecimento, ação, identidade humana, poder, liberdade e mudança social”
(CARSPECKEN, 2011, p. 398, apud GOES, 2018, p. 85).
Para os criticistas, cabe à pesquisa levar em consideração o contexto sócio
histórico e cultural, para compreender como os intérpretes e os objetos de
interpretação são construídos, em determinado tempo e lugar, o que facilita o
entendimento de dinâmicas e certas estruturas ocultas presentes em significados
sociais e de valores. “A hermenêutica central de muitos trabalhos qualitativos críticos
envolve as interações entre pesquisa, sujeito (s) e essas estruturas sócio históricas
que tem a função de situar” (KINCHELOE; MCLAREN, 2006, p. 290, apud GOES,
2018, p. 85), e, assim, procura relacionar as questões cotidianas enfrentadas pelos
indivíduos com as questões públicas do poder, da justiça e da democracia. Portanto:
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Na acepção dos autores, os pesquisadores críticos desenvolvem suas
pesquisas, tendo como premissa a possibilidade de ações políticas para reparar as
injustiças encontradas no campo ou construídas no próprio ato da pesquisa. Conforme
Chizzotti (2001, apud GOES, 2018, p. 85), ao adotar essa orientação, os
pesquisadores partem de um fundamento teórico-epistemológico “[...] de que há uma
relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, uma interdependência viva entre o
sujeito e o objeto, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade
do sujeito” (CHIZOTTI, 2005, p. 79, apud GOES, 2018, p. 85).
Como a educação é uma prática social, que resulta de condicionantes políticos,
econômicos, sociais e culturais, a abordagem crítica em pesquisas educacionais
pressupõe uma concepção unitária, coerente e orgânica do mundo e faz da crítica seu
modelo paradigmático, de tal modo que não basta tentar compreender a realidade,
faz-se necessário intervir nela visando a emancipação dos sujeitos.
Considerando a possibilidade da adoção dos fundamentos da Teoria Crítica
para o desenvolvimento de estudos e de pesquisas no âmbito da educação e da
avaliação educacional, apoia-se nas proposições de Cappellett (2012, apud GOES,
2018, p. 86) quando ela afirma que se faz necessário dirigir esforços para que os
pressupostos teóricos que as fundamentam estejam bem definidos e claros. A autora
recomenda:
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Na perspectiva crítica, as pesquisas têm um caráter dialógico, dialético e
colaborativo. Há uma “[...] confluência de opiniões, valores, crenças e
comportamentos divergentes e não de alguma falsa homogeneização imposta de fora.
Além disso, as pessoas da comunidade absolutamente não são ‘objetos de
conhecimento’; são colaboradores ativos no esforço de pesquisa” (ANGROSINO,
2009, p. 28, grifo do autor, apud GOES, 2018, p. 86).
Cientes das múltiplas perspectivas teórico-epistemológicas que os
pesquisadores críticos podem optar, considera-se importante a contribuição dos
pressupostos da Teoria Crítica para a pesquisa em avaliação educacional. A opção
pelo fundamento dialético crítico em pesquisa prima pela produção de conhecimento
que visa a promoção, a autonomia e a emancipação humana, pressupondo, portanto,
uma visão dialética da realidade, associando a teoria e a e prática.
Para além do exposto, Cappelletti (2012, p. 214, apud GOES, 2018, p. 86)
indica que a pesquisa em avaliação educacional na perspectiva crítica “[...] busca a
compreensão do objeto em situação, no diálogo intersubjetivo com os envolvidos e
com a necessária teoria requerida”. Assim sendo, “[...] essa busca ocorre por
intermédio de uma investigação que não ignora o contexto da situação em pauta para
ressignificá-la e transformá-la”.
Convergindo com tais concepções de pesquisa em avaliação, Saul (2015, apud
GOES, 2018, p. 86) expõe dois objetivos da avaliação emancipatória: o primeiro é o
comprometimento com o futuro, as possíveis transformações, partindo do
autoconhecimento crítico que permite clareza do real; já o segundo, baseia-se na
crença de que o homem, por meio da consciência crítica, direcione ações no contexto
em que vive e os valores com os quais se comprometem. Embora não sejam novas
as discussões sobre avaliação e pesquisa em avaliação, elas reaparecerem com força
nos últimos anos no meio acadêmico e educacional. Segundo Afonso (2010, apud
GOES, 2018, p. 87), a problemática teórica e prática da avaliação educacional pode
ser analisada a partir de múltiplos olhares e abordagens, porque:
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A partir das evidências expostas no diálogo com os autores contemplados
neste estudo, conclui-se que as pesquisas qualitativas no âmbito educacional podem
se beneficiar da perspectiva crítica como abordagem de pesquisa, em particular para
estudos e pesquisas em avaliação educacional, tendo como categorias fundamentais
além da práxis, o poder, a emancipação, a cultura, a ideologia e a justiça social.
Os pesquisadores que elegem a Teoria Crítica para embasar suas pesquisas
estão cientes da possibilidade de descrever os processos sociais opressivos
relacionados à educação, bem como de conferir um caráter ideológico às pesquisas
na área. A principal ambição das pesquisas críticas em avaliação educacional
encontra-se na possibilidade de unir a práxis e a produção do conhecimento com a
luta política por mudanças na estrutura da sociedade, promovendo, assim, um
processo emancipatório.
4 SEGUNDA FASE
Fonte: eurohlfs.blogspot.com
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orientações e valores profissionais não é o público, mas o grupo de referência
constituído pelos colegas ou pelos superiores”.
A escolha do público alvo por meio dos meios de comunicação também é de
suma importância para o trabalho do gatekeeper, pois é através dos interesses dele
que são criados os critérios do que será ou não divulgado. D´Aiola (2010, apud SILVA,
2013, p. 5) defende esta ideia ao dizer que “há também que se despender uma
atenção especial com o público receptor dessas notícias, esta é seguramente mais
uma das preocupações do gatekeeper”.
Desta maneira cada meio de comunicação “destorce” ou formata de forma
involuntária a informação para que ele consiga chamar a atenção do seu público alvo.
Com isso pode-se definir o gatekeeper segundo D´Aiola (2010) como:
aquele que determina o que será notícia e o que não será. O que será
divulgado no mainframe dos meios de comunicação e o que não será. Essa
ideia, no entanto, pressupõe que o leitor não possa ter acesso à fonte do
próprio gatekeeper, que ele apenas conheça a informação do ponto de vista
do gatekeeper. (apud SILVA, 2013, p. 6)
4.2 Newsmaking
Fonte: www.benoliveira.com
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mídia para suprir suas próprias necessidades. Assim, vivemos em dois mundos – o
mundo real e o mundo da mídia. A fronteira entre eles não é fácil de identificar: a
maneira como a mídia apresenta um evento tende a torna-lo “real” para um grande
número de pessoas.
Os estudos de produção de notícias, o newsmaking, dedicam-se a identificar
os caminhos e regras usados pelos meios de comunicação para enquadrar, isto é,
organizar, um determinado evento. Em outras palavras, como a mídia conta uma
história. A maneira como uma história é relatada lhe dá um determinado sentido, e
fornece ao leitor/telespectador algumas direções como a mensagem deve ser
entendida.
As escolhas feitas pelo jornalista quando escreve uma notícia vão mudar, em
algum grau, o jeito como os leitores vão entendê-la. Para o leitor, a compreensão de
uma notícia depende em grande medida da forma como a informação é apresentada
e, além disso, como a informação a respeito do assunto ter sido previamente
organizada. Há uma óbvia assimetria entre o número infinito de eventos reais e o
espaço restrito de um jornal ou um programa de televisão. O profissional de
comunicação aplica a essa realidade seu olhar, treinado na prática, para decidir o que
vale a pena ser usado e o que dever ser deixado de lado.
Esse tipo de tomada de decisão acontece o tempo todo em qualquer empresa
de comunicação como parte da atividade profissional e não significa manipulação ou
distorção deliberada dos acontecimentos. Selecionando fatos, a mídia igualmente lhes
dá um novo significado na medida em que esse evento é recontextualizado e
transformado.
Vale a pena notar que os profissionais de comunicação não estão sempre
conscientes desse procedimento. Vários estudos mostram uma tendência dos
profissionais em diminuir a importância dessas escolhas, como se fossem
absolutamente obvias e inevitáveis. Negar esses aspectos arbitrários da escolha
ironicamente reforça o argumento de que as estruturas de conhecimento usadas por
uma pessoa são invisíveis para ela mesma, aparecendo como “natural”.
Na prática, esse procedimento é constantemente desafiado por questões de
tempo e espaço: nem sempre o jornalista consegue falar com a fonte diretamente; as
vezes só existem fontes de segunda mão, em particular assessores de imprensa e
press-releases. E o repórter tem que obedecer ao fechamento: a edição não pode
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atrasar. As redações têm cada vez menos repórteres, cada um com várias pautas. O
tempo é restrito e a apuração no local é reservada a eventos mais importantes. O
restante é feito por telefone ou e-mail, quando não via Google ou outro site de busca,
esses novos padroeiros do jornalismo.
Como resultado, o contato com as fontes de informação pode ser cisto como
uma mistura de talento, sorte e oportunidade. É o primeiro ponto de seleção de
notícias na medida em que tudo começa com a informação recolhida pelo jornalista.
O número de fontes entrevistadas não é garantia de uma notícia bem escrita, mas
quanto mais fontes, maior o número de versões que podem ser contrastadas. A
descrição dos entrevistados é o passo seguinte na construção do sentido. Afinal, a
autoridade de uma declaração não decorre unicamente do que é dito, mas também
de quem diz: a credibilidade da fonte é uma parte fundamental do processo de criação
de notícias. A descrição da fonte contribui igualmente como uma indicação implícita
de como ler a próxima informação.
Isso esconde o processo de edição realizado pelo profissional ao selecionar,
do montante de declarações dadas pela fonte, o que será utilizado no produto final –
seja uma notícia, um programa de TV ou um documentário. As várias vozes na notícia
são colocadas juntas – ou lideradas – pela voz do jornalista, responsável por dar o
lugar as outras vozes, reservando-lhes mais ou menos espaço, coordenando todos os
textos dentro da notícia para transformar isso em um todo coerente – em uma palavra,
significado.
Notícias são o resultado de várias escolhas e seleções feitas por jornalistas,
editores e empresas de comunicação a respeito de como um fato deve ser
transformado em um texto. Da mesma maneira, desconstruir o discurso jornalístico
pode ser entendido como um esforço para identificar as várias vozes dentro da notícia.
Quando um repórter dá espaço para outras vozes contarem a história, ele está
igualmente se protegendo de qualquer crítica sobre uma possível distorção da notícia
– foi a fonte quem disse, não o jornalista e, portanto, não há culpa nem
responsabilidade se a informação foi alterada. Não é necessário que o profissional
diga explicitamente o que ele pensa: é mais fácil e seguro dizer isso colocando as
palavras na boca da fonte. Sem inventar um único fato, ou sem alterar nada
explicitamente, é possível criar uma própria cadeia de significados que serão tomados
como “objetivos” pelo leitor. É o que Gaye Tuchman define como “ritual estratégico”
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que diminui a responsabilidade do jornalista, de um lado, e lhe dá permissão mínima
para mudar o que for necessário sob a capa da objetividade, criada pela contínua
menção às fontes ou os fatos me si. A análise dos processos de produção da notícia
provê vários métodos para desmantelar essa ação estratégica.
Finalmente, o último item pensado na desconstrução de notícias é também
provavelmente o mais rápido e influente no público, a manchete. A literatura
acadêmica e prática sobre jornalismo explica que o título de uma notícia deve mostrar
a principal informação de maneira rápida, curta e simples. A manchete deve
concentrar o máximo de dados em um mínimo de espaço, ressaltando o evento
principal. Para os profissionais, na pratica, o “evento principal” é tomado como um
dado natural, auto evidente.
O estudo da produção de notícias, no entanto, mostra como é possível
desmontar essa posição e observar que as manchetes sobre o tema, publicadas em
jornais diferentes, criam imagens completamente diferentes da mesma situação.
Qualquer tentativa de desconstruir a linguagem das notícias se depara, entre outras
questões, com a intrínseca polifonia – isto é, a existência de várias vozes – do discurso
jornalístico.
Escrever uma notícia significa, na maior parte do tempo, um reforço para
coordenar informações de várias fontes, as vezes contraditórias, em uma escrita
compreensível para o leitor. Isto é, reduzir a complexidade dos vários eventos em um
texto simples e legível, com limites claros de tamanho, tempo de criação e dificuldade.
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5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFIA
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VARÃO, R. A teoria hipodérmica reconsiderada. 2009. Disponível em
http://www.intercom.org.br/papers/nacionais/2009/resumos/R4-2152-1.pdf. Acesso
em 08/11/2018.
6 BIBLIOGRAFIA
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