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APOSTILA DE QUALIDADE
E PRODUTIVIDADE
Versão 1 – 2017
1
QUALIDADE – CONCEITOS BÁSICOS1
1.1 – FUNDAMENTOS
Há uma variedade de conceitos e definições de qualidade na literatura especializada
e em áreas afins. Segundo Garvin (2002:48) “existem cinco abordagens principais para a
definição de qualidade: transcendental, baseada no produto, baseada no usuário, baseada
na produção e baseada no valor”.
Transcendental
(...) uma condição de excelência que implica ótima qualidade, distinta de má
qualidade... Qualidade é atingir ou buscar o padrão mais alto em vez de se contentar com o
malfeito ou fraudulento (Tuchman, 1980:38).
Qualidade não é uma ideia ou uma coisa concreta, mas uma terceira entidade, sabe-
se o que ela é (Pirsig, 1974:185).
Baseada no produto
Diferenças de qualidade correspondem a diferenças de quantidade de algum
ingrediente ou atributo desejado (Abbott, 1955:126-7).
Qualidade refere-se às quantidades de atributos sem preço presentes em cada
unidade do atributo com preço (Leffler, 1982:956).
Baseada no usuário
Qualidade consiste na capacidade de satisfazer desejos (Edwards, 1968:37).
Na análise final de mercado, a qualidade de um produto depende de até que ponto
ele se ajusta aos padrões das preferências do consumidor (Kuehn & Day, 1962:101).
Qualidade é adequação ao uso (Juran, 1974:2).
Baseada na produção
Qualidade [quer dizer] conformidade com as exigências (Crosby, 1979:15).
Qualidade é o grau em que o produto específico está de acordo com o projeto ou
especificação (Gilmore, 1974:16)
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MARSHALL Jr., Isnard; CIERCO, A. Alves; ROCHA, A. Varanda; MOTA, E. Bacelar. Gestão da Qualidade. Rio de
Janeiro: Editora FGV, 2005.
Prof. J. Aurélio Vilas Boas, MSc. 2
Baseada no valor
Qualidade é o grau de excelência a um preço aceitável e o controle da variabilidade a
um custo aceitável (Broh, 1982:3);
Qualidade quer dizer o melhor para certas condições do cliente. Essas condições são:
a) O verdadeiro uso; b) O preço de venda do produto (Feigenbaum, 1961:1).
Outras definições podem ser enquadradas nas citadas, a partir de seus aspectos
preponderantes. Mas, eventualmente, é possível perceber algum conflito entre elas.
Dependendo da área considerada – marketing, vendas, produção –, uma ou outra definição
aplica-se melhor. O caminho mais seguro para se definir qualidade em uma empresa é
através de sua política da qualidade, que pode incluir mais de uma das abordagens
indicadas.
O conceito de qualidade pode ser desdobrado em elementos básicos, como os
elencados a seguir (Garvin, 2002:59-60):
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CAMPOS, Vicente Falconi. TQC – Controle da Qualidade Total no estilo japonês. Minas Gerais: INDG Tecnologia
e Serviços Ltda., 2004.
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2.2 – APRESENTAÇÃO DO “CONTROLE DA QUALIDADE TOTAL”
O Controle da Qualidade Total é um sistema administrativo aperfeiçoado no Japão, a
partir de ideias americanas ali introduzidas logo após a Segunda Guerra Mundial. Este
sistema é conhecido no Japão pela sigla TQC (Total Quality Control), sendo que em outros
países os japoneses preferem utilizar a sigla CWQC (Company Wide Quality Control) para
diferenciá-lo do sistema TQC pregado pelo Dr. Armand Feigenbaum. O TQC, como
praticado no Japão, é baseado na participação de todos os setores da empresa e de todos
os empregados no estudo e condução do controle da qualidade.
O TQC é baseado em elementos de várias fontes: emprega o método cartesiano,
aproveita muito o trabalho de Taylor, utiliza o controle estatístico de processos, cujos
fundamentos foram lançados por Shewhart, adota os conceitos sobre comportamento
humano lançados por Maslow e aproveita todo conhecimento ocidental sobre qualidade,
principalmente o trabalho de Juran. O TQC é um modelo administrativo montado pelo Grupo
de Pesquisa do Controle da Qualidade da JUSE (Union of Japanese Scientists and
Engineers).
b) Custo – o custo é aqui visto não só como custo final do produto ou serviço, mas
inclui também os custos intermediários. Qual o custo médio de compras? Qual o
custo de vendas? Qual o custo do recrutamento e seleção? O preço é também
importante, pois ele deve refletir a qualidade. Cobra-se pelo valor agregado.
c) Identificar o problema mais crítico e solucioná-lo pela mais alta prioridade (para
isto é necessário conhecer o método que permite estabelecer estas prioridades e
o método que permite solucionar os problemas).
d) Falar, raciocinar e decidir com dados e com base em fatos (tomar decisões em
cima de fatos e dados concretos e não com base em experiência, bom senso,
intuição ou coragem).
OUTPUT
𝑃𝑅𝑂𝐷𝑈𝑇𝐼𝑉𝐼𝐷𝐴𝐷𝐸 =
INPUT
VALOR PRODUZIDO
𝑃𝑅𝑂𝐷𝑈𝑇𝐼𝑉𝐼𝐷𝐴𝐷𝐸 = = 𝑇𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑒 𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑎𝑔𝑟𝑒𝑔𝑎𝑑𝑜
VALOR CONSUMIDO
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CAMPOS, Vicente Falconi. TQC – Controle da Qualidade Total no estilo japonês. Minas Gerais: INDG Tecnologia
e Serviços Ltda., 2004.
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Quanto maior a produtividade de uma empresa, mais útil ela é para a sociedade, pois
está atendendo às necessidades dos seus clientes a um baixo custo. O seu lucro decorrente
é um prêmio que a sociedade lhe paga pelo bom serviço prestado e um sinal de que deve
crescer e continuar a servir bem.
Os termos “valor produzido” e “valor consumido” podem ser substituídos por
“qualidade” e “Custos” respectivamente.
QUALIDADE
𝑃𝑅𝑂𝐷𝑈𝑇𝐼𝑉𝐼𝐷𝐴𝐷𝐸 =
CUSTOS
FATURAMENTO
𝑃𝑅𝑂𝐷𝑈𝑇𝐼𝑉𝐼𝐷𝐴𝐷𝐸 =
CUSTOS
Como então preparar estas organizações humanas para que tenham a máxima
produtividade? Uma resposta bem lógica seria: melhorando o hardware, o software e o
humanware.
Como melhorar o hardware? Para melhorar o hardware é necessário fazer APORTE
DE CAPITAL. Havendo capital, pode-se comprar qualquer equipamento ou matéria-prima
desejados e com isso inegavelmente melhorar a produtividade. O impedimento, neste caso,
é que nem sempre o capital é disponível.
Esta conclusão é válida para qualquer organização humana, desde uma pequena loja,
passando por grandes empresas, até mesmo para países. Qual seria um bom programa de
governo? Certamente criar condições para o aporte de capital à economia (poupança interna
e externa) e educação popular em massa. Não se pode economizar em educação. Estas
deveriam ser as grandes prioridades de qualquer organização, sejam empresas ou nações.
No entanto, o aporte de conhecimento e o aporte de capital têm características
distintas:
a) O aporte de capital tem retorno baixo, inseguro e variável (10-20% ao ano em
condições estáveis); o aporte de conhecimento tem retorno elevadíssimo mas de
difícil avaliação. Fizemos, junto com companheiros de duas empresas brasileiras,
uma avaliação do retorno sobre o aporte de conhecimento em um programa de
Qualidade Total e encontramos algo em torno de 30.000% ao ano! Mesmo que
tenhamos errado numa ordem de 10 ou 100, ainda assim a taxa de retorno sobre
investimento em educação é muito maior.
b) O aporte de capital pode ser feito em curto espaço de tempo. Havendo dinheiro
compra-se o que se desejar. No entanto, o aporte de conhecimento só pode ser
feito de forma lenta e gradual pois o ser humano é limitado na sua velocidade de
aprendizado. Se assim não fosse, não seriam necessários nove anos para cursar
o ensino fundamental, três anos para o ensino médio e cinco anos para o superior!
Uma reflexão sobre estas afirmações nos levaria à base conceitual de um programa
de aumento de produtividade:
a) Para aumentar a produtividade, como alto retorno sobre o investimento, é
necessário fazer aporte de conhecimento de tal maneira a aumentar o ATIVO DE
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CONHECIMENTO da empresa. este ativo está na cabeça das pessoas e com ele
é possível desenvolver a absorver software.
Ciclo PDCA
Act Definir
Plan
as metas
Agir
corretivamente ou
padronizar
Definir
os métodos
Educar
e treinar
Verificar os
resultados
da tarefa
executada Executar
a tarefa e
Check coletar dados Do
Passo 3 – Análise
Identificar e selecionar as causas mais prováveis do problema.
Passo 5 – Ação
Divulgar o plano de ação.
Treinar e capacitar as pessoas, buscando o comprometimento de todos.
Executar e acompanhar a ação, registrando os resultados.
Coletar dados.
Passo 6 – Verificação
Comparar os resultados com as metas esperadas, verificar a continuidade ou não do
problema. Se os resultados esperados não forem alcançados, voltar ao passo 2.
Listar os eventuais efeitos secundários.
Passo 7 – Padronização
Elaborar ou alterar o padrão.
Comunicar internamente as alterações.
Educar e treinar todos os envolvidos no novo padrão.
Passo 8 – Conclusão
Registrar os avanços obtidos pelo grupo.
Relacionar os problemas remanescentes.
Planejar a solução dos problemas remanescentes, voltando a executar o ciclo PDCA.
Refletir sobre o trabalho, visando à melhoria futura.
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VIEIRA, Sonia. Estatística para a qualidade: como avaliar com precisão a qualidade em produtos e serviços. Rio
de Janeiro: Elsevier, 1999.
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Peça(produto) Operação(processo)
Operador Máquina
Data Seção
Amostra
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Saliência
Aspereza
Risco
Mancha
Cor
Outro
Cima
LE Frente Atrás LD
X Risco
O Pintura
+ Acabamento
Baixo
Data Seção
Dia
Máquina Operador 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª
1 B
2 B
Contagem
Dimensão Total
1 2 3 4 5 6
Menos de 10,050
10,050
10,055
10,060
10,065
10,070
10,075
10,075 ou mais
Amostra
Dimensão
1 2 3 4 5 6 7 8 9
X1
X2
X3
X4
X
R
b) Especifique o aspecto de interesse do tipo de perda que você quer investigar. Por
exemplo, na produção de peças com defeito existem vários aspectos de interesse:
tipo de defeito, localização do defeito, máquinas que produzem o defeito;
c) Organize uma folha de verificação com as categorias do aspecto que você decidiu
investigar. Por exemplo, se você pretende investigar tipos de defeitos, escreva os
tipos conhecidos em uma folha de verificação.
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VIEIRA, Sonia. Estatística para qualidade: como avaliar com precisão a qualidade em produtos e serviços. Rio de
Janeiro: Elsevier, 1999.
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Para deixar claro que são poucas as causas que determinam a maioria das perdas, cunhou-se a expressão: “Poucas são
vitais, a maioria é trivial.”
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Esse diagrama também é usado para priorizar as causas de outros tipos de fracasso e para priorizar causas de sucesso
como, por exemplo, aumento de venda de determinado produto.
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e) Faça as contagens, organize as categorias por ordem decrescente de frequência,
agrupe aquelas que ocorrem com baixa frequência sob a denominação “Outros” e
calcule o total, como mostra a Tabela 2.1. Note que a categoria “Outros” fica
sempre na última linha, mesmo que tenha frequência maior do que as anteriores.
Tabela 2.1
Distribuição das peças segundo o tipo de defeitos
12 + 18 + 19 = 49,
Tabela 2.2
Distribuição de peças segundo o tipo de defeito
Frequência
Tipo de Frequência Frequência
Frequência relativa
defeito relativa acumulada
acumulada
Saliência 19 23,75 19 23,75
Asperezas 18 22,50 37 46,25
Riscos 12 15,00 49 61,25
Manchas 10 12,50 59 73,75
Cor 10 12,50 69 86,25
Outros 11 12,50 80 100,00
Total 80 100,00 - -
a) Trace um eixo horizontal. Divida esse eixo em tantas partes iguais quantas são as
categorias listadas na tabela;
b) Para cada categoria, marque um ponto com abscissa igual ao extremo direito da
base da categoria e ordenada igual à frequência acumulada (ou frequência relativa
acumulada da categoria);
c) Ligue os pontos. Veja a Figura 2.2. Note, por exemplo, que cerca de 60% dos
defeitos são saliências, asperezas e riscos.
b) Despesas extraordinárias;
Todas estas causas de perda podem ser estudadas pelo diagrama de Pareto. Mas
também devem ser feitos diagramas para investigar as seguintes causas eventuais de
problemas:
a) Mão-de-obra (experiência, treinamento, idade);
Tabela 2.3
Frequência e custo das reclamações
A ideia é sanar as poucas causas que determinam muitas perdas. As demais causas
devem ser relevadas. No entanto, se a causa de alguns poucos defeitos tem solução
simples, elimine-a de imediato: é uma experiência, e ajuda a manter o moral da equipe.
A quantidade de informação fornecida por uma amostra é tanto maior quanto maior é
a quantidade de dados. Fica, porém, difícil captar a informação contida em uma tabela muito
longa. Para dar visão rápida e objetiva da questão, existe uma ferramenta: é o histograma.
b) Marque os intervalos de classe nesse eixo, mas adote uma escala conveniente.
Por exemplo, se os intervalos de classe são iguais a 10, marque 10 mm para cada
intervalo. A razão desta recomendação é simples: quando existe intensão de
comparar diversos histogramas, todos devem ser construídos adotando a mesma
escala;
c) Trace um eixo vertical para apresentar as frequências, mas deixe – entre o eixo e
o extremo da primeira classe – uma distância igual a pelo menos um intervalo de
classe. Escolha a escala de maneira que a altura h da classe com maior
frequência e a distância d entre o extremo inferior da primeira classe e o extremo
superior da última classe tenham uma relação de 0,5 a 2, isto é:
ℎ
0,5 ≤ ≤ 2;
𝑑
d) Desenhe retângulos com bases iguais aos intervalos de classe e alturas iguais às
respectivas frequências;
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VIEIRA, Sonia. Estatística para qualidade: como avaliar com precisão a qualidade em produtos e serviços. Rio de
Janeiro: Elsevier, 1999.
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Tabela 4.1
Distribuição de frequências para o diâmetro interno de uma peça
Classe Ponto médio Frequência Frequência
Relativa (%)
10,050 – 10,055 11,0525 4 8,0
10,055 – 10,060 11,0575 8 16,0
10,060 – 10,065 11,0625 11 22,0
10,065 – 10,070 11,0675 13 26,0
10,070 – 10,075 11,0725 9 18,0
10,075 – 10,080 11,0775 5 10,0
Total 50 100,0
A Figura 4.3 apresenta um histograma como assimetria positiva. A média dos dados
está localizada à esquerda do centro da figura e a cauda à direita é alongada. Esta forma
ocorre quando o limite inferior é controlado ou quando não podem ocorrer valores abaixo de
determinado limite.
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Figura 4.3 Histograma com assimetria positiva
A Figura 4.4 apresenta um histograma com assimetria negativa. A média dos dados
está localizada à direita do centro da figura e a cauda à esquerda é alongada. Esta forma
ocorre quando o limite superior é controlado ou quando não podem ocorrer valores acima de
certo limite.
A Figura 4.5 mostra um histograma em plateau, isto é, com exceção das primeiras e
das últimas classes, todas as outras têm frequências quase iguais. Essa forma ocorre
quando se misturam várias distribuições com diferentes médias.
Veja agora a Figura 4.9. O começo e o fim do histograma estão sobre os limites de
especificação. Então, convém diminuir a variabilidade. Quando não existe folga, isto é, uma
margem de segurança, qualquer ação que aumente a variabilidade determina a ocorrência
de valores fora dos limites de especificação.
Existem casos em que o histograma não está no centro dos limites de especificação.
Veja a Figura 4.10. É preciso centralizar o processo, pois estão ocorrendo muitos refugos.
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VIEIRA, Sonia. Estatística para Qualidade: como avaliar com precisão a qualidade em produtos e serviços. Rio
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d) Identifique as “causas secundárias” dentro de cada causa primária. Escreva essas
causas ao redor da respectiva causa primária, como mostra o exemplo.
As “causas primárias” dos problemas que ocorrem na indústria são material, métodos,
máquinas e mão-de-obra. Todas essas palavras começam com a letra M. Então, o diagrama
de causa e efeito também é conhecido como 4M. Mais recentemente, foram identificadas
outras duas causas primárias: meio ambiente e medidas. Como essas duas palavras
também começam com a letra M, o diagrama de causa e efeito pode ser chamado, em tais
casos, de 6M. Em serviços, as “causas primárias” de problemas em geral são equipamentos,
políticas, procedimento e pesso
Feito o necessário reajuste, foram obtidos novos dados sobre tipo de defeitos e foi
construído novo diagrama de Pareto. Esse novo diagrama, colocado ao lado do anterior na
Figura 3.5, mostra que o reajuste da máquina levou a uma diminuição das perdas.
Tabela 1
MATRIZ GUT
Problemas G U T GxUxT
1. Concepção do imóvel em não-conformidade
5 4 1 20
com as expectativas do mercado
2. Demora na formação do grupo de investidores.
5 5 4 100
3. Retração dos investidores por tendências
4 3 3 36
macroeconômicas.
4. Desistência de 25% dos investidores durante a
5 5 2 50
execução da obra.
5. Esfriamento do mercado imobiliário.
4 3 3 36
6. Mão-de-obra adequada não disponível no
5 5 3 75
momento requisitado.
7. Planejamento de custos inconsistentes, como
4 3 3 36
incoerência em gastos não-orçados.
8. Planejamento de compras inconsistentes.
5 3 2 30
9. Aumento do preço de insumos básicos e de
5 5 4 100
acabamento.
10. Longos períodos de chuvas.
4 3 2 24
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MARSHALL Jr., Isnard; CIERCO, A. Alves; ROCHA, A. Varanda; MOTA, E. Bacelar. Gestão da Qualidade. Rio de
Janeiro: Editora FGV, 2005.
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PROGRAMA 5 “S”11
Os 5S constituem uma técnica utilizada para estabelecer e manter a qualidade
ambiental na organização, adotando-se procedimentos efetivos. Seu nome vem da
abreviação das palavras japonesas seiri, seiton, seison, seiketsu e shitsuke, cujos
significados apresentamos no quadro abaixo:
Termo em
Significado Exemplo
japonês
Seiri Arrumação Eliminar aquilo que não é usado
Organização
Seleção
Utilização
Seiton Classificação Rapidez para encontrar um documento
Ordenação ou informação
Sistematização
Seison Limpeza Responsabilidade individual pela limpeza
Zelo
Seiketsu Asseio Visibilidade e transparência do local
Higiene
Integridade
Saúde
Shitsuke Autodisciplina Executar os 5S a todo momento
Compromisso
Educação
A técnica dos 5S tem sido amplamente utilizada no Japão. Muitas pessoas a utilizam
não apenas para melhorar o local físico de trabalho, mas também para organizar melhor as
idéias. Isso faz sentido, uma vez que a prática dos 5S pode auxiliar a resolução dos
problemas do dia-a-dia. Sua utilização simplifica o ambiente de trabalho, elimina aspectos
desnecessários e atividades que não agregam valor, proporcionando melhor qualidade,
eficiência e segurança.
As atividades dos 5S tiveram início no Japão, logo após a Segunda Guerra Mundial,
com a finalidade de combater a sujeira das fábricas num esforço de reconstrução do país.
No Brasil, foi formalmente lançada no início da década de 1990.
A seguir, apresentaremos os elementos dos 5S e sua definição.
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Adaptado de BERTAGLIA, Paulo Roberto. Logística e gerenciamento da cadeia de abastecimento. São Paulo:
Saraiva, 2009.
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SEIRI – UTILIZAÇÃO
O primeiro S prioriza a identificação de materiais, equipamentos, ferramentas,
informações e dados necessários e desnecessários, descartando ou dando o devido destino
àquilo considerado desnecessário ao exercício das atividades.
O instinto natural das pessoas lhes orienta a guardar tudo, imaginando que em dado
momento necessitará daquele item. Dessa forma, a avaliação do que é útil ou não passa
pelo questionamento de por que se guarda tantos objetos ou informações. Medidas
preventivas devem ser tomadas para eliminar esses excessos.
SEITON – ORDENAÇÃO
O segundo S focaliza os métodos mais eficientes e efetivos para definir os locais
apropriados para guardar materiais, equipamentos ou informações. O princípio corresponde
a cada coisa no seu devido lugar.
Na definição dos locais apropriados, adota-se como critério a facilidade para
armazenagem, identificação, manuseio, reposição, retorno ao local de origem após o uso,
consumo dos itens mais velhos primeiro, dentre outros. Não são raras as vezes em que
ocorrem cenas de correria atrás de documentos, chaves do carro, talão de cheques etc. O
exemplo mais comum, principalmente na vida dos brasileiros, é a declaração do imposto de
renda. Empreende-se uma árdua luta em busca dos documentos, dos recibos e da
declaração do ano anterior.
Numa dimensão mais ampla, o sendo de ordenação visa distribuir adequadamente o
tempo dedicado ao trabalho, ao lazer, à família, aos amigos. É ainda não misturar as
atividades profissionais com as pessoas, ter postura coerente, serenidade nas decisões,
valorizar e elogiar os atos bons, incentivar as pessoas e não somente criticá-las.
No processo de ordenação, as seguintes questões podem ter muito valor:
O que realmente é necessário?
Onde deveria ser guardado ou armazenado?
Quantos serão necessários?
As estratégias para uma ordenação efetiva podem ser representadas por pinturas no
chão, definição das áreas e locais de trabalho, armários modulares, entre outros. Um
exemplo de ordenação são os recipientes de materiais recicláveis nos postos de trabalho.
SEISON – LIMPEZA
Uma vez definidos os itens que realmente são necessários ao trabalho, o próximo
passo será efetuar uma limpeza no local. O processo de limpeza deve ser efetuado por
todas as pessoas da empresa, englobando o diretor de nível elevado até o operário da
fábrica. No Japão, não existem varredores de ruas, pois cada família é responsável por
manter limpa a frente de sua casa. Os coletores apenas transportam o lixo varrido. Os
japoneses acreditam que enquanto limpam as ruas, também limpam a mente.
Ao realizar esse tipo de atividade, os trabalhadores começam a notar mudanças nos
equipamentos e no local de trabalho, como contaminações, vibrações, fadigas, quebras,
desalinhamentos. Se não forem repassadas, essas mudanças podem gerar falhas de
equipamentos e perdas de produção, produzindo impactos importantes no desempenho da
empresa.
SEIKETSU – SAÚDE
A partir do momento em que as três primeiras etapas estejam implementadas,
podemos nos concentrar na normalização das melhores práticas da área de trabalho. Os
funcionários devem participar do desenvolvimento desses padrões. Embora importantes,
nem sempre são seguidos com o rigor necessário. Empresas como Pizza Hut e McDonald’s
trabalham efetivamente na definição desses padrões.
Emprega-se a administração visual como uma forma efetiva de melhoria contínua e é
usada na produção, qualidade, serviço ao cliente e segurança. As empresas estão adotando
práticas visuais importantes, por exemplo, utilizando cores mais claras nas roupas. Esse
pormenor fornece rapidamente um indicador de quão limpo ou sujo se encontra o local de
trabalho.
SHITSUKE – AUTODISCIPLINA
Os japoneses são muito disciplinados: eles têm um dos menores índices criminais do
planeta e são muito conhecidos por serem turistas obedientes.
Possuir disciplina é desenvolver o hábito de observar e seguir normas, regras,
procedimentos, atender especificações, sejam elas escritas ou informais. Esse hábito é o
resultado do exercício da força mental, moral e física. Poderia ainda ser traduzido como
desenvolver o “querer de fato”, “ter vontade de”, “se predispor a”.
Não se trata simplesmente de uma obediência cega, submissa, “atitude de cordeiro”,
como pode parecer. É importante que seu desenvolvimento seja resultante do exercício da
disciplina inteligente que é a demonstração de respeito a si próprio e aos outros. Ter a
disciplina significa, ainda, desenvolver o autocontrole, ter paciência, ser persistente na busca
de seus sonhos, anseios e aspirações, respeitar o espaço e a vontade alheias.
Esse é o S mais difícil de ser implementado. A tendência é retornar à situação
anterior, já que é próprio do ser humano oferecer resistência às mudanças. No entanto, uma
vez totalmente implementado, o conceito dos 5S pode aumentar o moral e a motivação,
aumentando a impressão positiva dos clientes e a eficiência da organização. Os funcionários
se sentirão melhor em seus locais de trabalho, o que conduzirá a uma melhoria contínua
com a redução de perdas, melhor qualidade e agilidade, tornando a organização mais
lucrativa e competitiva no mercado.
10.1 – OS 5S E O DIA-A-DIA
A contratação temporária de uma faxineira pode transmitir a certeza de se ter a cada
sempre limpa e ordenada. Ela é capaz de dispor adequadamente todo o mobiliário e
utensílios da casa, limpar o chão, o teto, as gavetas, organizar os armários e as prateleiras.
Porém, é fato que algum tempo depois de executado seu trabalho, às vezes horas depois,
10.2 – IMPLEMENTANDO OS 5S
A implementação dos 5S requer comprometimento da alta gerência e de todas as
pessoas da organização. É importante ter um coordenador para liderar o projeto nos seus
detalhes. As etapas seguintes são uma sugestão para a implementação da técnica dos 5S:
Elaboração do programa
O primeiro passo para se promover o programa é estabelecer um cronograma.
Geralmente, o programa pode ser dividido nos seguintes pontos:
Obtenção do comprometimento da alta direção, análise da situação e
estabelecimento de plano de implementação;
Reunião de trabalho com os membros da equipe e os facilitadores do programa;
Definição das atividades diárias dos 5S, enfocando os seus elementos, ou seja,
organização, ordenação, limpeza, saúde e disciplina;
Apresentações sobre os resultados e premiação dos locais que apresentaram os
melhores resultados;
Planejamento do próximo ciclo do programa 5S.
Treinamento
As atividades dos 5S são direcionadas para a eliminação de perdas e a melhoria
contínua do local de trabalho. Conforme as atividades vão evoluindo, os problemas são
resolvidos e surgem novos problemas.
É importante que as pessoas sejam treinadas e que possam implantar suas próprias
idéias e soluções. Dessa forma, os problemas serão solucionados mais rapidamente devido
a um maior contingente de pessoas.
As pessoas podem, por exemplo, serem treinadas a usar o computador e produzir
gráficos e tabelas; devem estudar técnicas de manutenção. Quanto maior for a habilidade de
resolver problemas, mais problemas serão apontados e solucionados. As reuniões, nas
quais as pessoas possam trocar ideias, são fundamentais, uma vez que mantêm todos
alinhados.
Avaliação
As avaliações do local de trabalho devem ser efetuadas para manter as pessoas
informadas do que está acontecendo e para que os problemas sejam apontados antes que
alcancem consequências maiores. Inspecionar os locais de trabalho é uma técnica saudável.
Durante as visitas, os problemas nos locais são apontados para posterior discussão e
solução.
11.1 – HISTÓRICO
O processo de benchmarking remonta aos primórdios da civilização, quando os
exércitos da Antiguidade buscavam o maior número possível de informações sobre o estágio
de operação do exército inimigo, com o propósito de se aperfeiçoarem nos pontos
identificados como frágeis. Assim, num ambiente de caráter competitivo, torna-se propício o
emprego desse método. Vale registrar, no entanto, que benchmarking não é um processo de
espionagem militar ou industrial.
Aplicando-se esse método, observa-se a experiência de líderes de mercado e de
indústria bem-sucedida, com o fim de extrair dela algum aprendizado que venha a melhorar
os padrões de desempenho. Quando surgiu, o foco inicial do benchmarking era aprender
com o concorrente aquilo que o punha em dada vantagem. Nos anos 1960, a IBM obteve
significativa melhoria de desempenho no mercado por conseguir reduzir custos
padronizando suas práticas organizacionais, à luz das melhores existentes em outras
organizações. Na década seguinte, as empresas norte-americanas, ao perceberem que as
japonesas ganhavam na qualidade de seus produtos, passaram a analisar as práticas
gerenciais daquelas organizações, com o objetivo de recuperar a parcela perdida do
mercado.
Neste cenário, a partir da década de 1970, surgiu o termo benchmarking competitivo,
fruto do trabalho desenvolvido pela empresa Xerox, ao determinar pontos deficientes em seu
desempenho em relação à concorrência. O processo utilizado serviu, enfim, como parâmetro
para outras empresas.
Essa prática foi sistematizada a partir da colaboração de Robert Camp (Camp, 1996),
então na Xerox, e se tornou tão importante que empresas passaram a treinar seus gerentes
nessa atividade, algumas chegando até a criar gerências de benchmarking com o objetivo
de disseminar e capacitar o corpo gerencial na sua aplicação, como foi o caso da IBM. Daí
em diante começaram a surgir metodologias similares.
11.2 – CONCEITO
“Benchmarking é um processo contínuo e sistemático para avaliar produtos,
serviços e processos de trabalho de organizações que são reconhecidas como
representantes das melhores práticas, com a finalidade de melhoria organizacional”
(Spendolini, 1993:10). Na medida em que são realizadas comparações entre empresas, o
hiato constatado entre elas sinaliza uma oportunidade de melhoria a ser explorada. É
preciso identificar os referenciais de excelência (benchmarking) e realizar as devidas
comparações com esses referenciais (benchmarking). Assim, é possível saber como uma
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MARSHALL Jr., Isnard; CIERCO, A. Alves; ROCHA, A. Varanda; MOTA, E. Bacelar. Gestão da Qualidade. Rio de
Janeiro: Editora FGV, 2005.
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empresa se encontra em relação aos concorrentes diretos e aos de melhor desempenho em
atividades similares (Rodrigues, 1999:29).
É importante esclarecer desde já que o benchmarking, por ser um processo
sistemático, utiliza uma metodologia de trabalho. Benchmarking não é, simplesmente, fazer
uma visita a outra empresa a fim de trocar informações. Promover uma visita é
extremamente saudável e até faz parte, em dado momento, da metodologia, mas não basta.
Pode-se classificar o método benchmarking em três categorias – interna, competitiva
e genérica –, que utilizam a mesma estrutura de trabalho.
Benchmarking interno
Ocorre quando se comparam atividades semelhantes dentro da própria organização.
Muitas organizações têm mais de uma filial, departamento ou local, o que permite
comparações sobre desempenho e processos entre as unidades. Presume-se, nesse caso,
que a empresa irá buscar as suas melhores práticas, internamente, e compartilhá-las com as
demais unidades. Exemplo: comparar o processo de faturamento entre lojas de uma mesma
cadeia de supermercado.
Benchmarking competitivo
Neste caso, a comparação é realizada com empresas atuantes no mesmo segmento,
concorrentes diretas ou não. Presume-se, nesse caso, que a empresa irá buscar as
melhores práticas existentes, tentando igualar ou superar os melhores referenciais.
Exemplo: comparar o processo de faturamento de supermercados concorrentes.
Benchmarking genérico
Envolve a comparação de processos de empresas que podem ou não ser
concorrentes diretas, atuando em qualquer tipo de indústria ou setor. O objetivo, nesse caso,
é identificar as melhores práticas de gestão, em qualquer tipo de organização com reputação
estabelecida na área alvo de estudo. Existem excelentes organizações, empresas de classe
mundial, mas que nunca serão excelentes em todos os processos. Exemplo: comparar o
processo de faturamento de um supermercado com o de uma empresa de cartão de crédito.
Por ser a atividade de cobrança e emissão de guias de faturamento vital para as empresas
de cartão de crédito, pode-se supor que o pessoal de faturamento de um supermercado tem
o que aprender com a empresa de cartão de crédito.
11.4 – METODOLOGIA
Há uma variedade de metodologias de benchmarking, desenvolvidas por diferentes
autores e consultores organizacionais. Mas verifica-se entre elas uma linha comum, cujos
passos formam uma sequência similar. A seguir, os principais passos encontrados nas
metodologias:
Identificar o tema;
Identificar empresas comparáveis e parceiros;
Identificar o método de coleta de dados e coletar dados;
Determinar a defasagem de desempenho;
Projetar desempenho futuro;
Estudar as práticas utilizadas;
Estabelecer metas e planos de ação;
Implementar plano de ação;
Monitorar o desenvolvimento do trabalho;
Reavaliar todo o processo.
12.1 – HISTÓRICO
O termo reengenharia ficou conhecido a partir do lançamento do livro de Michael
Hammer e James Champy (edição em português de 1994), surgido após artigo de Hammer
na Harvard Business Review (1990), que, por ser um periódico de circulação restrita, não
teve muita repercussão.
12.2 – CONCEITO
Reengenharia é “começar do zero”. Não significa reformular o que existe ou fazer
mudanças tímidas que deixem as estruturas básicas intactas; significa abandonar
procedimentos consagrados e reexaminar o trabalho necessário para criar os bens e
serviços oferecendo aos clientes o que eles realmente desejam. “Trata-se do repensar
fundamental e da reestruturação radical dos processos que visam alcançar drásticas
melhorias em indicadores críticos e contemporâneos de desempenho tais como custos,
qualidade, atendimento e velocidade” (Hammer & Champy, 1994:21-2).
A reengenharia não parte dos processos existentes. Os planejadores do novo
processo devem perguntar a si mesmos: “Sem nos preocuparmos com a maneira pela qual
alcançamos esse objetivo no passado, qual a melhor maneira possível de consegui-lo
agora?” (Davenport, 1994:12).
Os esforços de reengenharia em geral têm quatro grandes ingredientes:
Grande foco nos clientes da organização (internos e externos);
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Fundamental – por que se faz isso? Por que se faz dessa forma?
Radical – não introduzir mudanças superficiais ou conviver com o que já existe,
mas jogar fora o antigo; desconsiderar todas as estruturas e procedimentos
existentes e inventar formas completamente novas de realizar o trabalho.
12.3 – OBJETIVO
A reengenharia pode ser vista como um conjunto de medidas que visam, quando bem
empregadas, à otimização dos métodos e processos organizacionais, reduzindo custos e
aumentando a produtividade de forma radical.
A reengenharia repensa a maneira de desenvolver o trabalho dentro das empresas e
não simplesmente a melhoria dos processos existentes. Muda o processo completamente,
para que fique lógico, eficiente e orientado pela vocação das organizações.
12.4 – METODOLOGIA
Considerando os aspectos apresentados, tem-se as seguintes etapas de
aperfeiçoamento dos negócios:
13.1 – HISTÓRICO
Resultado dos esforços das nações envolvidas na II Guerra Mundial, em especial os
EUA, a análise de valor surgiu ante a necessidade de se substituir componentes e matérias-
primas que, por causa da guerra, estavam escassos. Após o término da guerra verificou-se
que os produtos novos, ou seja, aqueles que haviam incorporado as novas soluções, tinham
desempenho superior aos originais. Por isso, apesar da disponibilidade de materiais e
matérias-primas no pós-guerra, já não se justificava retornar ao processo de fabricação
anterior.
No fim dos anos 1940, o engenheiro Lawrence Miles desenvolveu um conjunto de
técnicas apoiadas na observação das funções dos produtos. Sua concepção foi criar um
método de trabalho que, independentemente de causas externas – como a escassez de
produtos – levasse as empresas a pensar, de forma sistemática, no processo de fabricação
de seus produtos nos componentes existentes neles, nas funções desempenhadas,
procurando, em última análise, otimizar os resultados, mediante a redução dos custos de
fabricação, mas sem nunca deixar de atender às funções essenciais, ou, melhor dizendo,
sem perder a qualidade.
Em meados da década de 1950, o sucesso obtido com o método fez com que este
fosse incorporado a outras atividades. A filosofia de seu uso se expandiu para a área de
desenvolvimento de projetos, sendo essa aplicação normalmente denominada engenharia
de valor. Nos dias atuais, o processo assumiu novas e maiores dimensões, não se limitando
tão-somente à função do produto ou ao projeto do produto, mas também se estendendo à
reavaliação de atividades administrativas nas organizações, ao que se convencionou
chamar de gerenciamento de valor. Pela similaridade da metodologia, aqui será utilizado
apenas o termo genérico análise de valor, como referência às diferentes aplicações dessa
metodologia.
O marco do processo de difusão desse método nos EUA foi o esforço desencadeado
pela Associação das Indústrias Eletrônicas (EIA) no fim dos anos 1950, pois foi no âmbito
dessa associação que surgiu a base para a criação da Sociedade Americana de Análise de
Valor (Save) em 1959.
A aplicação mais sistemática desse método deveu-se, em boa medida, à busca de
melhores resultados por parte dos empresários. A análise de valor irradiou-se em variadas
direções, alcançando não só organizações privadas, como também governamentais e de
serviços. Essa expansão se deu a partir de seminários, cursos, artigos, além de compêndios
abordando especificamente o tema. Desde então ganhou o mundo, tendo o seu êxito em
cada país sido maior ou menor na razão direta do apoio governamental e do auxílio de
associações técnicas, paralelamente ao treinamento.
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13.2 – CONCEITO
O conjunto de técnicas denomina-se análise de valor quando aplicado a produtos
acabados, engenharia de valor quando empregado em novos projetos e gerenciamento de
valor quando conduzido em atividades administrativas. A engenharia de valor tem natureza
sobretudo preventiva, por minimizar custos previsíveis, que pesariam sobre o produto
durante seu ciclo de existência. Mas a utilização eficaz da engenharia de valor de modo
algum evita um trabalho posterior pautado na análise de valor.
Em suma, análise de valor constitui uma aplicação sistemática de técnicas com o
objetivo de identificar as funções do objeto em estudo, estabelecer o valor dessas funções e
provê-las ao menor custo possível, sempre garantindo nível de qualidade igual ou superior
ao do produto inicial.
13.3 – OBJETIVO
O método visa reduzir custos, principalmente os de produção, elevar os níveis de
qualidade do produto e, consequentemente, o grau de satisfação dos clientes, do Market-
share e dos resultados organizacionais. Visa também contribuir para a valorização e a
motivação dos colaboradores na elaboração de soluções inovadoras, e para a compreensão,
por todos, das funções que são importantes para os clientes do produto em estudo.
13.4 – METODOLOGIA
Inicialmente, é importante identificar algumas características e elementos do método
para que se entendam mais claramente a metodologia do trabalho e os passos para sua
implementação.
Quanto aos principais elementos, destacam-se: objeto, função, custo e valor, que
serão discriminados a seguir.
Funções de uso – relacionadas com o valor de uso, como “conduzir energia” (fio)
e “permitir assento” (cadeira);
Função secundária – relacionada com as funções que têm por objetivo auxiliar
ou expandir o desempenho da função principal. As funções secundárias podem
ser subdivididas em necessárias (que não podem ser suprimidas), desnecessárias
(que podem ser suprimidas por não alterarem a utilidade, nem a estima do objeto)
e acessórias (que se caracterizam por permitirem novos usos do objeto em
estudo). No exemplo do objeto cadeira, identificam-se as funções secundárias
“suportar peso” (necessária), “servir de escada” (desnecessária) e “pendurar
roupa” (acessória).
Valor de estima – relacionado com o poder que o objeto exerce sobre as pessoas
e que as leva a desejar possuí-lo; está associado à atratividade;
Valor de troca – soma dos valores de uso e de estima que permite a venda (troca
de espécie por objeto) pelo cliente.
F
== Adicionando mais funções e mantendo o custo inalterado.
C
F
== Mantendo o número de funções e reduzindo o custo
C
F
== Aumentando muito as funções e pouco o custo
C
F
== Aumentando as funções e reduzindo o custo
C
F
== Reduzindo as funções e muito o custo
C
Esta última maneira, entretanto, deve ser, em geral, evitada. O cliente não vê com
bons olhos a redução de funções, a não ser que sejam funções realmente desnecessárias.
Com relação à metodologia empregada na elaboração do projeto de análise de valor,
verifica-se uma multiplicidade de autores e modelos, mas todos pregam a elaboração de um
plano de trabalho e entendem ser o método um instrumento de planejamento. Um dos
motivos que justifica a necessidade desse planejamento é o fato de que propiciará, no
futuro, o acompanhamento e o controle de todo o processo. A disponibilidade de registros
suficiente aumenta a eficácia no desenvolvimento das atividades associadas a análise de
valor.
A seguir, de forma resumida, temos um roteiro das possíveis etapas de
desenvolvimento de um projeto de análise de valor. Cada uma dessas possui um objetivo
específico, não se devendo começar uma fase sem que a anterior tenha sido concluída.
Etapa preparatória:
− Escolher o objeto;
− Selecionar o grupo de trabalho;
− Determinar a meta de redução de custos;
− Planejar as atividades;
− Traçar o cronograma.
Prof. J. Aurélio Vilas Boas, MSc. 51
Etapa informativa:
− Colher informações sobre o objeto e suas partes;
− Determinar o custo e a função das partes;
− Traçar diagrama de árvore.
Etapa crítica:
− Selecionar as funções representativas do objeto;
− Estabelecer o custo real de cada função escolhida;
− Valorar cada função.
Etapa criativa:
− Gerar soluções alternativas.
Etapa analítica:
− Analisar e selecionar as soluções;
− Desenvolver estudo de viabilidade técnica e econômica.
Etapa de implantação:
− Desenvolver a sua solução e sua implantação;
− Implantar e medir os resultados;
− Realimentar o sistema com informações.
15
BERTAGLIA, Paulo Roberto. Logística e gerenciamento da cadeia de abastecimento. São Paulo: Saraiva, 2009.
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A necessidade de ultrapassar o planejamento da manutenção de acordo com a
recomendação dos fabricantes foi logo percebida pelas empresas que estavam
comprometidas com o programa TQM. A fim de obter produtividade e qualidade de produto e
ainda manter a aderência, algumas modificações foram efetuadas nos conceitos originais do
TQM. Com essas modificações, a manutenção passou para um patamar como parte integral
do escopo geral dos programas de qualidade.
A origem da expressão Total Productive Maintenance é disputada. Alguns dizem que
foi inicialmente usada pelos fabricantes americanos há mais de 40 anos. Outros alegam que
a origem se deu nos idos de 1960 na Nippondenso, um fabricante japonês de componentes
elétricos para a indústria automotiva.
Os créditos da definição dos conceitos do TPM são atribuídos a Seiichi Nakagina,
funcionário do Institute of Plant Maintenance, no Japão. Os primeiros livros sobre TPM,
incluindo alguns de Nakagima, começaram a surgir nos anos de 1980. A primeira
conferência sobre TPM aconteceu nos Estados Unidos em 1990.
A técnica a borda todo o ciclo produtivo e constrói um sistema de chão de fábrica voltado
para a prevenção de perdas por meio da eliminação de acidentes, defeitos e paradas de
máquinas.
2) Ativar o sistema para a prevenção de perdas para atingir o objetivo de “nível zero
de acidentes”, “nível zero de defeitos” e “nível zero de quebras” no processo
produtivo;
4) Obter “zero” perdas por meio dos resultados das atividades de pequenos grupos
de trabalho, integrados ao sistema produtivo;
16
Adaptado de BERTAGLIA, Paulo Roberto. Logística e gerenciamento da cadeia de abastecimento, São Paulo:
Saraiva, 2009.
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estoques e atender às necessidades do cliente. Trata-se de uma mudança de paradigma.
Enquanto no sistema convencional a produção mantém as máquinas funcionando,
principalmente quando elas estão bem, para aumentar o rendimento ou baixar o homem x
hora por tonelada, na produção, cujo agente gerador de atividade é a demanda, o conceito
se inverte. Naturalmente, devemos contar com o bom-senso na área de planejamento, a fim
de reduzir o número de preparações. Contudo, a formação astronômica de estoque para
aproveitar a corrida da máquina já não é mais uma realidade. Portanto, produzir acima do
planejado ou acima da demanda é sinônimo de perda.
Tempo de espera
Toda produção apresenta gargalos. A velocidade entre os vários recursos deve ser
balanceada para evitar longos tempos de espera e otimizar a utilização dos recursos.
Transporte desnecessário
Outra característica da produção é o excesso ou a duplicidade de transporte, muitas
vezes não necessário. Estudos devem ser efetuados para reduzir drasticamente a
quantidade de manuseio no processo. Uma das mais importantes características é a entrega
de material diretamente no ponto de consumo, sem necessidade de armazenamento
intermediário.
Nível de estoque
Quanto mais estoques intermediários existem no processo, mais alto será o estoque
de material. Outro aspecto é a produção cujo direcionador não seja a demanda. A empresa
pode estar produzindo o produto errado e a quantidade errada. O processo orientado para
demanda reduz o nível de estoques e atende melhor o cliente.
Processo
O processo muitas vezes não apresenta um fluxo claro e organizado, permitindo
perdas de material. O arranjo físico dos recursos pode otimizar a produção ou reduzir as
perdas existentes.
Movimentação
Também o arranjo insatisfatório dos recursos na área de trabalho pode provocar
movimentos desnecessários e improdutivos, gerando perda de tempo no processo.
Defeitos
Outro fator importante e diretamente relacionado às perdas são os defeitos de
produção. O JIT resolve esse problema com a aplicação do conceito de qualidade total por
meio da conscientização dos funcionários, melhorias do fluxo de processo e seleção
apropriada de fornecedores.
Zero Movimento
Movimentações desnecessárias de insumos não agregam valor ao processo e
somente aumentam os tempos inúteis na produção. Portanto, quanto mais automático for o
processo de alimentação e movimentação de insumos, melhor será o processo.
Zero defeitos
Grandes quantidades de defeitos levam a planta a produzir quantidades acima do
planejado para atender às necessidades demandadas. Essa prática é muito comum em
algumas manufaturas, que já aplicam no plano de produção um índice teórico de segurança
correspondente às possíveis falhas que serão geradas no processo. Esse índice de
segurança é baseado no histórico de controle de qualidade.
Essa forma de atuar conduz a uma condição de ineficiência no processo, uma vez
que a empresa passa a aceitar, nos seus próprios processos, as falhas que deveriam ser
entendidas para serem inteiramente eliminadas.
Fluxo de Processo
A organização do processo produtivo é fundamental para o perfeito funcionamento do
JIT. O arranjo físico da área de trabalho, a análise e o balanceamento de capacidades, a
estabilidade do plano de produção são alguns dos requisitos básicos de um fluxo perfeito de
processo. Vejamos alguns pontos fundamentais para que o JIT possa ser implantado e traga
os resultados buscados pela organização:
Qualidade total
O JIT está extremamente vinculado ao conceito de melhoria contínua dentro de um
contexto humanístico bastante forte, criado pelos japoneses. O conceito Kaizen, que
significa melhoria, envolve a participação das pessoas sejam elas gerentes ou operários. O
conceito de qualidade total foi levado por Deming para o Japão a aplicado com enorme
sucesso.
O just-in-time é um meio para reduzir as perdas no espaço de trabalho, sejam elas
relacionadas a tempos ou a recursos. Uma vez que esse conceito seja assimilado, as perdas
existentes na planta são eliminadas, porque o conceito de qualidade total está internalizado
no just-in-time.
As ideias convencionais, sem o uso dos conceitos de qualidade total, não são
aplicáveis quando se decide implantar o JIT, e podem levar a um completo fracasso.
Na verdade, os japoneses se baseiam em alguns pontos fundamentais para garantir a
qualidade do produto, conhecidos como as sete habilidades, e que são: