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Caro aluno

Você está recebendo o terceiro livro da Unidade Técnica de Imersão (U.T.I.) do Hexag Vestibulares.
Este material tem o objetivo de retomar os conteúdos estudados nos livros 5 e 6, oferecendo um
resumo estruturado da teoria e uma seleção de questões que preparam o candidato para as provas
dos principais vestibulares. Além disso, as questões dissertativas permitem avaliar a capacidade de
análise, organização, síntese e aplicação do conhecimento adquirido. É também uma oportunidade
de o estudante demonstrar que está apto a expressar suas ideias de maneira sistematizada e com
linguagem adequada.
Aproveite este caderno para aprofundar o que foi visto em sala de aula, compreender assuntos que
tenham deixado dúvidas e relembrar os pontos que foram esquecidos.
Bons estudos!

Herlan Fellini

SUMÁRIO

ENTRE LETRAS
GRAMÁTICA 3
INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS 23
LITERATURA 41

ENTRE FRASES
REDAÇÃO 53

BETWEEN ENGLISH AND PORTUGUESE


INGLÊS 73

1
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Direitos desta edição: Hexag Sistema de Ensino, São Paulo, 2021
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Diretor-geral
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GRAMÁTICA
CONCORDÂNCIA VERBAL

Observe estas frases: Outras regras


O autor aprovou a biografia. 1. Sujeito formado pelo pronome relativo “que”: a con-
cordância em número e pessoa é feita com o antecedente
Os autores aprovaram as biografias.
do pronome.
No primeiro exemplo, o verbo “aprovar” encontra-se na
terceira pessoa do singular, concordando com o seu sujeito, Ex.: Fui eu que paguei e saí mais cedo.
“o autor”, também no singular. No segundo exemplo, o Fomos nós que compramos o carro.
sujeito “os autores” está concordando em número (plural) 2. Sujeito formado pela expressão “um dos que”: o verbo
com o verbo. Nesses dois exemplos, as flexões de pessoa e deve assumir a forma plural.
número correspondem-se.
Ex.: Se você é um dos que cantam em karaokê, certa-
A concordância verbal ocorre quando o verbo está mente terá seu repertório favorito.
flexionado para concordar com seu sujeito.
Regra geral Importante
O sujeito simples (com apenas um núcleo) concordará com Na linguagem corrente, a tendência é a concordância no
o verbo em número e pessoa. singular:
Ex.: promotora divulgou o evento. Ex.: Ele foi um dos deputados que mais lutou para a
aprovação da proposta.
As promotoras divulgaram o evento.
Ao comparar com um caso em que se use um adjetivo:
Oitenta e cinco por cento dos entrevistados não acei- Ex.: Ela é uma das alunas mais atenta da sala.
tam a alteração da lei.
A análise dessa construção mostra que a forma no singu-
* Se a expressão que indicar porcentagem não for seguida de lar é inadequada para a língua escrita.
substantivo, o verbo deve concordar com o número.
Portanto, as formas aceitáveis gramaticalmente são:
Ex.: Vinte e cinco por cento querem aumento de sa- Ex.: Das alunas mais atentas da sala, ela é uma.
lário.
Dos deputados que mais lutaram pela aprovação da pro-
Um por cento conhece bem a matéria. posta, ele é um.

CONCORDÂNCIA VERBAL II

1. A palavra ”se” Ex.:


Dentre as diversas funções exercidas pelo se, há duas de Precisa-se de vendedores com prática.
particular interesse para a concordância verbal. Confia-se demais em pesquisas de opinião.
§ o se como índice de indeterminação do sujeito;
Como pronome apassivador, o se acompanha verbos tran-
§ o se como partícula apassivadora.
sitivos diretos e transitivos diretos e indiretos na formação
Como índice de indeterminação do sujeito, o se acom- da voz passiva sintética. Nesse caso, o verbo deve concor-
panha os verbos intransitivos, transitivos indiretos e de dar com o sujeito da oração.
ligação, que obrigatoriamente são conjugados na ter-
ceira pessoa do singular.

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Ex.: Construiu-se um enorme edifício onde ficava a
velha casa. Importante
Construíram-se novos edifícios onde ficava a velha Na indicação de dia, o verbo ser admite as seguintes con-
casa. cordâncias:

Aluga-se quarto para estudantes. 1. No singular, concordando com a palavra explícita dia.
Exemplo: Hoje é dia quatro de junho
Alugam-se quartos para estudantes.
2. No plural, concordando com o numeral (sem a palavra
2. O verbo ser
dia).
A concordância verbal dá-se sempre entre o verbo e o su- Exemplo: Hoje são quatro de junho.
jeito da oração. No caso do verbo ser, essa concordância
pode ocorrer também entre o verbo e o predicativo do su-
jeito. O verbo ser concorda com o predicativo do sujeito: c) se o sujeito indicar peso, medida, quantidade e for
seguido de palavras ou expressões como pouco, muito,
a) se o sujeito for representado pelos pronomes isto,
menos de, mais de, etc., o verbo ser fica no singular.
isso, aquilo, tudo, o e o predicativo estiver no plural.
Ex.: Cinco quilos de arroz é mais do que suficiente.
Ex.: Isso são lembranças que devem ser esquecidas.
Três metros de tecido é pouco para fazer o vestido.
Aquilo eram problemas urgentes.
b) se empregado na indicação de horas, dias e distân- Duas semanas de férias é pouco para viajar.
cias, o verbo ser concorda com o numeral. d) se o sujeito for uma expressão de sentido partitivo
ou coletivo e o predicativo estiver no plural, o verbo
Ex.: É uma hora.
“ser” concorda com o predicativo.
São três da manhã.
Ex.: A grande maioria no protesto eram jovens.
Eram 13 de setembro quando partimos.
O resto foram atitudes impensadas.
Daqui até o shopping são dois quarteirões.

CONCORDÂNCIA NOMINAL

A concordância nominal baseia-se na relação entre um b) A criança está agitada. (concordância feita entre
substantivo e as palavras que a ele se referem para carac- o substantivo feminino criança, no singular, e seus
terizá-lo (artigos, adjetivos, pronomes adjetivos, numerais qualificadores a e agitada, também no singular e
adjetivos e particípios). Em suma, a concordância nominal feminino).
se ocupa basicamente da relação entre nomes. Observação: Em geral, o substantivo funciona como núcleo
a) Crianças barulhentas (concordância entre o de um termo da oração e o adjetivo, o artigo, o pronome ou
substantivo feminino crianças, no plural, e seu o numeral, como adjunto adnominal. Dessa forma, é o nú-
qualificador barulhentas também no plural e no cleo que determina se as palavras relacionadas a si devem
feminino). ficar no singular ou no plural, no feminino ou no masculino.

REGÊNCIA

Para compreender o conceito de regência é fundamen- Nas estruturas subordinadas, há sempre um termo que
tal entender que as palavras, ao ocuparem suas posi- subordina outro. O primeiro chama-se subordinante,
ções nas estruturas sintáticas da língua, podem esta- termo que determina e do qual depende o segundo, seu
belecer vínculos de subordinação com outras palavras. subordinado.

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Essa relação em que uma palavra funciona como comple-
mento da outra chama-se regência. Diz-se que as palavras
Regência verbal
que dependem de outras são por elas regidas. As palavras É a denominação dada à relação semântica que se es-
que regem as outras são chamadas de regentes. tabelece entre verbos e seus respectivos complementos
Esses vínculos de subordinação vêm, por vezes, marcados (objetos direto e indireto). No caso dos objetos indiretos,
por preposições, semanticamente escolhidas por determina- essa relação vem sempre marcada por uma preposição.
dos nomes e verbos para marcar a relação que eles estabe-
lecem com os complementos nominais e verbais que regem.
Atenção
Exemplos
a) Gosto de viajar. (O verbo gostar rege um objeto in- Para melhor compreender os principais aspectos envolvi-
direto, a ele subordinado no interior do predicado-ver- dos na questão da regência verbal, é fundamental relem-
bal. A preposição de marca a regência desse verbo). brarmos a noção de transitividade (argumentação) verbal.
b) Tenho medo de avião. (O substantivo medo rege
§ Quanto à predicação, os verbos podem ser classifica-
um complemento nominal, a ele subordinado. A pre-
posição de marca a regência desse substantivo). dos em intransitivos e transitivos.

Portanto, o estudo que segue refere-se às relações que se es- § Verbos intransitivos apresentam sentido completo e
tabelecem entre nomes e seus complementos (regência no- não necessitam de complemento (objeto direto ou
minal) e entre verbos e seus complementos (regência verbal). indireto).
§ Verbos transitivos necessitam de um complemento
Regência nominal de valor substantivo (objeto direto ou indireto) para
integrar-lhes o sentido. Nesse caso, a transição entre
É a denominação dada à relação semântica que se estabe-
o verbo e seu complemento pode ser direta (caso dos
lece entre substantivos, adjetivos e determinados advérbios
verbos transitivos diretos, que regem objetos diretos)
e seus respectivos complementos nominais. Essa relação
ou indireta (caso dos verbos transitivos indiretos, que
vem sempre marcada por preposição.
regem objetos indiretos).
Alguns nomes listados a seguir costumam vir acompanha-
Ex.:
dos de um complemento nominal e exigem o uso de de-
terminadas preposições para que o enunciado construído A garota comprou uma maçã. (verbo transitivo di-
tenha sentido enquanto estrutura do Português. reto rege um objeto direto).

§ impróprio para A garota gosta de maçã. (verbo transitivo indireto


rege um objeto indireto).
§ semelhante a
Observação: Para que seu sentido fique completo, al-
§ contrário a
guns verbos exigem um objeto direto e um objeto indireto,
§ indeciso em sequencialmente. A esses verbos chamamos bitransitivos.
§ sensível a A garota deu uma maçã de presente ao amigo. (uma
§ descontente com maçã é objeto direto do verbo dar e ao amigo é objeto
indireto do mesmo verbo, introduzido pela preposição a).
§ insensível a
Nesse exemplo, a preposição de, que aparece diante do
§ desejoso de
termo “presente”, não apresenta relação com a noção de
§ liberal com transitividade verbal, mas introduz um adjunto adnomi-
§ suspeito de nal do objeto direto, qualificando-o apenas. Assim, para
a discussão de regências nominal e verbal são relevantes
§ diferente de apenas aquelas preposições que ligam complementos a
§ natural de um verbo (objetos indiretos) ou a um nome (complemen-
tos nominais).
§ vazio de

Regência de alguns advérbios É transitivo direto no sentido de acariciar.


§ longe de Ex.: Sempre agrada a criança quando a vê. / Sempre a
§ perto de agrada quando a vê.

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É transitivo indireto no sentido de causar agrado a, satis- É transitivo indireto no sentido de desejar, ter como am-
fazer, ser agradável a. Rege complemento introduzido pela bição.
preposição a.
Ex.: Aspirávamos a uma viagem para a Europa. (Aspi-
Ex.: A peça de teatro não agradou aos espectadores. / rávamos a ela.)
A peça de teatro não lhes agradou.
Observação:
Aspirar
Como o objeto indireto do verbo aspirar não é pessoa,
É transitivo direto no sentido de sorver, inspirar (o ar), mas uma coisa, não são usadas as formas pronominais
inalar. átonas lhe e lhes, mas as formas tônicas a ele(s), a ela(s),
Ex.: Aspirava o suave aroma do perfume. (Aspirava-o.) conforme a gramática normativa (exemplo anterior).

CRASE

É o nome que se dá à junção de duas vogais idênticas. É de Nesse exemplo, há ocorrência da preposição a, exigida
grande importância a crase da preposição a com o artigo pelo verbo ir (ir a algum lugar) e a ocorrência do artigo a
feminino a(s); com o pronome demonstrativo a(s); e com que está determinando o substantivo feminino França. Se
o a inicial dos pronomes aquele(s), aquela(s), aquilo e ocorrer esse encontro e a fusão dessas duas vogais, essa
com o a do relativo a qual (as quais). fusão é indicada pelo acento grave.
Na escrita, a crase é indicada pelo acento grave ( ` ). Para o Ex.: Conheço a estudante.
entendimento da crase, é fundamental também dominar a Refiro-me (a + a) à estudante.
regência dos verbos e nomes que exigem a preposição a.
No primeiro exemplo, o verbo é transitivo direto (conhecer
Aprender a empregar a crase, portanto, consiste em apren-
algo ou alguém), logo, não exige preposição e não há ocor-
der a verificar a ocorrência simultânea de uma preposição
rência de crase. No segundo exemplo, o verbo é transitivo
e de um artigo ou pronome. indireto (referir-se a algo ou a alguém) e exige a preposição
Ex.: Vou a + a França. a. Portanto, a crase é possível, desde que o termo seguinte
seja feminino e admita o artigo feminino a ou um dos pro-
Vou à França. nomes já especificados.

REGRAS DE ACENTUAÇÃO

Monossílabas § o(s) – jiló; avô; carijós


§ em / ens – também; ninguém; armazéns
Levam acento agudo ou circunflexo as palavras monossíla-
bas terminadas em:
§ a(s) – já; lá; vás
Paroxítonas
§ e(s) – fé; lê; pés São as palavras que possuem a penúltima sílaba tônica. Le-
§ o(s) – pó, dó; pós vam acento agudo ou circunflexo as palavras paroxítonas
terminadas em:
Oxítonas § i(s) – júri; lápis; tênis
São as palavras que possuem a última sílaba tônica. Levam
§ us – vênus; vírus; ônus
acento agudo ou circunflexo as palavras oxítonas termina-
das em: § r – caráter; revólver; mártir
§ l – útil; amável; têxtil
§ a(s) – vatapá; carajás; cajás
§ e(s) – você; café; cafunés § x – tórax; fênix; ônix

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§ n – éden; hífen; líquen Serão acentuadas as vogais tônicas “i” e “u” das pala-
§ um/uns – álbum; álbuns; médium vras oxítonas quando, mesmo precedidas de ditongo de-
crescente, estão em posição final, sozinhas na sílaba, ou
§ ão(s) – órgão; órgãos; órfão
seguidas somente de “s”.
§ ã(s) – órfã; ímã; imãs
Ex.: Piauí; teiú; tuiuiús.
§ ps – bíceps; fórceps
§ on(s) – rádon; rádons A 3a pessoa de alguns verbos se grafa da seguinte maneira:
§ quando termina em “em” (monossílabas).
Proparoxítonas Ex.: tem / têm; vem / vêm.
São as palavras que possuem a antepenúltima sílaba tôni- § quando termina em “ém”.
ca. Todas as palavras proparoxítonas levam acento agudo Ex.: contém / contêm; convém / convêm
ou circunflexo.
§ quando termina em “ê” e derivados:
Ex.: crê / creem; revê / reveem
Casos especiais
Levam acento agudo ou circunflexo as palavras terminadas por
São sempre acentuadas as palavras oxítonas com os diton-
ditongo oral (que não é nasal) átono crescente ou decrescente.
gos abertos grafados “éis”, “éu(s)” ou “ói(s)”.
Ex.: ágeis; espontâneo; ignorância.
Ex.: anéis; herói; chapéu.
Leva acento agudo ou circunflexo a forma verbal termina-
Não são acentuadas as palavras paroxítonas com os diton-
da em “a”, “e” e “o” tônicos, seguidas de “la(s)” e “lo(s)”.
gos abertos “ei” e “oi”, uma vez que existe oscilação em
muitos casos entre a pronúncia aberta e fechada. Ex.: movê-lo; fá-los; sabê-lo-emos.

Ex.: assembleia; proteico; alcaloide. Leva acento agudo a vogal tônica “i” das formas verbais
oxítonas terminadas em “air” e “uir”, quando seguidas de
Não se acentuam os encontros vocálicos fechados.
“la(s)” e “lo(s)”, caso em que perdem o “r” final.
Ex.: pessoa; canoa; voo.
Ex.: atraí-los; possuí-lo.
Não levam acento os prefixos paroxítonos terminados em
Observação: “r” e “i”.
Se o verbo estiver no futuro (mesóclise), poderá haver Ex.: super-homem; semicírculo.
dois acentos: amá-lo-íeis.
Leva acento circunflexo diferencial a sílaba tônica da 3a
pessoa do singular do pretérito perfeito “pôde”, para dis-
Não levam acento gráfico as palavras paroxítonas que, ten- tinguir-se de “pode”, forma da mesma pessoa do presente
do respectivamente vogal tônica aberta ou fechada, são do indicativo.
homógrafas de artigos, contrações, preposições e conjun-
ções átonas.
Ex.: para (verbo e preposição); pelo (substantivo e pre-
posição)
Levam acento agudo o “i” e “u”, quando representam a se-
gunda vogal tônica de um hiato, desde que não formem sílaba
com “r”, “l”, “m”, “n” e “z” ou não estejam seguidos de “nh”.
Ex.: viúva; raízes (raiz); faísca.
Não leva acento a vogal tônica dos ditongos “iu” e “ui”.
Ex.: caiu; retribuiu; tafuis.
Não serão acentuadas as vogais tônicas “i” e “u” das pa-
lavras paroxítonas quando essas vogais estiverem precedi-
das de ditongo decrescente.
Ex.: maoista; baiuca; bocaiuva.

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Durante o curso, estudamos diversas categorias gramaticais operadas por termos que são semelhantes (por exemplo, usos
variados para o termo “que”). Agora, chega o momento de organizarmos esses elementos (e conhecermos alguns outros
novos) a fim de nos prepararmos de modo adequado, seguro e eficaz para os vestibulares

FUNÇÕES DE “A”, “QUE” E “SE”

Funções de “A” Ex.: Eu a vi no cinema na semana passada (o verbo


“ver” solicita como complemento o “a” que foi coloca-
do em posição anterior a esse verbo)
a) Artigo
Classe de palavras variável que determina substantivos Atenção:

§ Será encontrado sempre antecedendo substantivos de Como pronome oblíquo, o “a” pode ser colocado em
gênero feminino de modo que, ao pronunciá-los, seja posição anterior ou posterior ao verbo, dependendo de
possível notarmos seu contato morfológico com esse regras específicas de colocação pronominal (consultar li-
substantivo, especialmente em seu papel de particulari- vro 4). Em posição posterior, irá se conectar ao verbo por
zação/especificação (“a casa”, “a porta”, “a tristeza”, meio de hífen.
“a Cláudia”).
d) Pronome demonstrativo
b) Preposição
Classe de palavras variável que indica o lugar, a posição
Classe de palavras invariável que conecta termos, podendo ou a identidade dos seres em relação às três pessoas do
estabelecer entre eles algum sentido
discurso, podendo situá-los no espaço, no tempo ou no
§ A preposição “a” pode ser encontrada como resultado próprio texto.
de um processo de regência verbal ou regência nomi-
§ O termo “a” funcionará como pronome demonstrativo
nal. Vejamos
quando for substituível na sentença pelos pronomes
Ex.: Ela se referiu ao documento da casa (o verbo pro- “aquele”, “aquela” ou “aquilo”.
nominalizado “referir-se” solicita preposição “a”, que
será colocada diante do termo “documento”). Ex.: Leve a (= aquela) que está em cima da mesa

Ex.: Tenho horror a hospitais (o substantivo “horror” Atenção:


solicita preposição “a”, que será colocada diante do O termo “a” com função de pronome demonstrativo, cos-
termo “hospitais”)
tuma vir antecedido dos termos “que” e “do(a)”.
Atenção:
Em nenhum dos dois casos apresentados anteriormente, o Funções de “QUE”
“a” poderia ser classificado como artigo, pois ele antecede
as palavras “documento” e hospitais, que são masculinas. a) Substantivo
O “que” será substantivo quando vier antecedido de um
c) Pronome oblíquo artigo (definido ou indefinido), seguido de preposição “de”
Classe de palavras variável que ocupar o lugar de um subs-
tantivo que está em posição de complemento Ex.: Esse menino tem um quê de artista!

§ O termo “a” será pronome oblíquo quando funcionar Atenção:


como complementador de sentido de verbos transitivos O “que”, na função de substantivo, deverá receber acento
diretos, em processos de regência em que esses verbos circunflexo.
não sejam encerrados pelas consoantes “s”, “r” ou
“z”; ou sons nasais.
b) Pronome interrogativo
Ex.: Passe a palavra abaixo para o infinitivo e encontre-
É encontrado no início frases interrogativas.
-a no jogo de caça-palavras (o verbo “encontrar solicita
como complemento o pronome “a” logo a sua frente) Ex.: Que aconteceu com os vendedores ambulantes?

9
c) Pronome relativo § O “que” pode ser substituído pelo advérbio de inten-
sidade “tão”
Serve para recuperar termos que foram anteriormente
mencionados, fazendo-lhes referência. Ex.: Que enganados andam os homens! (Tão engana-
dos andam os homens!)
Ex.: O livro que você me emprestou é muito bom!
Atenção: g) Partícula expletiva
O “que”, na função de pronome relativo, pode ser subs- Não tem função na oração. Serve apenas para realçar de-
tituído pelas construções “o(s) qual(is)” ou “a(s) qual(is)” terminado termo.
Ex.: Há muito tempo que não vou visitar meus avós.
d) Preposição
O “Que” é utilizado aqui para substituir o “de” após o ver- h) Pronome adjetivo
bo “ter” Trata-se de um pronome “que” que irá acompanhar um
Ex.: Ele tem que sair no horário hoje. substantivo em situações interrogativas, exclamativas ou
indefinidas.
e) Conjunção Ex.: Que horas são? (interrogativo)
§ INTEGRANTE: introduz oração substantiva (substituível Ex.: Que bonita sua roupa! (exclamativo)
pelo pronome “isso”)
Ex.: É necessário que façamos algumas alterações no Funções de “SE”
sistema.
a) Conjunção
§ COMPARATIVA: trata-se de um “que” antecedido de
marca comparativa de superioridade ou inferioridade § Conjunção subordinativa integrante: introduz orações
subordinadas substantivas (o “se” pode ser substituído
Ex.: Não há maior prova de amor que doar a vida pelo
pelo pronome “isso”).
irmão.
Ex.: Quero saber se ela realmente me ama.
§ CAUSAL: trata-se de um “que” substituível por “pois”,
“porque” ou “já que” § Conjunção subordinativa condicional
Ex.: Tenho que tomar cuidado, que esse chão é muito Ex.: Alugue um veículo se precisar chegar mais cedo
escorregadio. ao local.
§ CONSECUTIVA: trata-se de um “que” antecedido de
elemento de intensidade (“tão”, “tanto”, “tal”, “ta-
b) Pronome reflexivo
manho”...) Sujeito pratica e sofre ação verbal
Ex.: É tão pequeno que não alcança a geladeira. Ex.: A garota cortou-se com a tesoura escolar.
§ EXPLICATIVA: trata-se de um “que” substituível por Atenção:
“pois”, “porque” ou “já que”, diante de verbos em Como pronome reflexivo, o “se” também funcionará como
condições de imperativo ou incerteza objeto direto, objeto indireto ou sujeito do infinitivo.
Ex.: Vocês precisam escutar, que é muito importante.
c) Partícula apassivadora
§ INTERJEIÇÃO: geralmente utilizado em expressão de
espanto Quando se liga a verbos transitivos diretos, constituindo
uma voz passiva sintética.
Ex: Quê! Não acredito que vai custar tudo isso!
Ex.: Entregaram-se as correspondências
f) Advérbio
d) Índice de indeterminação do sujeito
§ O “que” pode ser substituído pelo advérbio modal
O sujeito se tornará indeterminado quando se liga:
“como”.
§ verbos transitivos indiretos
Ex.: Que roupa mal costurada era aquela! (Como
aquela roupa era mal costurada!) § verbos intransitivos

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§ verbos de ligação f) Partícula integrante do verbo
Ex.: Discorda-se dos fatos apresentados no processo. Trata-se de um “se” que é parte integrante do verbo para
Atenção: que ele possa exercer suas relações de sentido.
O fenômeno do índice de indeterminação do sujeito obriga Ex: Ele se queixou com o departamento pessoal
o verbo a ficar sempre no singular.

e) Partícula expletiva
Não desempenha nenhuma função sintática ao se associar
a verbos.
Ex.: Ele acabou de se sentar

PONTUAÇÃO I

Os sinais de pontuação são recursos gráficos próprios da e) para destacar elementos intercalados como;
linguagem escrita. Embora não consigam reproduzir toda
a prosódia da linguagem oral, estruturam os textos e pro- § Uma conjunção;
curam estabelecer as pausas e as entonações da fala. Basi- Ex.: Viajaremos nas férias, logo, temos que nos orga-
camente, têm como finalidade: nizar.

1. assinalar as pausas e as entoações na leitura; § Um adjunto adverbial;


2. separar palavras, expressões e orações que devem ser Ex.: Estes relatórios, com certeza, foram bem feitos.
destacadas; e § Um vocativo;
3. esclarecer o sentido da frase, afastando qualquer am- Ex.: Diga-me, Ana, com quem andas, que te direis quem
biguidade. és.
Os principais sinais de pontuação são: § Um aposto;
Ex.: Matemática, uma das disciplinas mais exigentes,
Vírgula ( , ) deve ser estudada com afinco.
Indica uma pausa pequena e, geralmente, é usada: § Uma expressão explicativa (isto é, a saber, ou melhor etc.);
a) em datas, para separar o nome da localidade, Ex.: A prova consta de 20 questões dissertativas, isto é,
questões que devem ser redigidas.
Ex.: São Paulo, 29 de julho de 2015.
f) Para indicar a elipse de um termo;
b) após os advérbios sim ou não, usados como resposta
no início da frase; Ex.: Ana foi mais cedo; eu, mais tarde.

Ex.: Você gostou do presente? g) Para separar orações intercaladas;


Ex.: O importante, ressaltou o ator, é contracenar da
– Sim, adorei!
melhor forma possível.
c) após a saudação em correspondência (social e comercial);
h) para separar orações coordenadas assindéticas;
Ex.: Com carinho,
Ex.: Ela correu pela manhã, malhou à tarde, meditou
Atenciosamente, à noite.
d) para separar termos de uma mesma função sintática; i) para separar orações coordenadas adversativas, conclusi-
Ex.: O apartamento tem dois quartos, dois banheiros, vas, explicativas e algumas orações alternativas;
uma sala e um quintal. Ex.: Esforçou-se muito; porém, não conseguiu a apro-
vação.
Obs.: A conjunção e substitui a vírgula entre o último e o
penúltimo termo.

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Vá devagar, que a estrada é perigosa. a) para separar orações coordenadas não unidas por con-
Viaje muito, pois será recompensado com belas lem- junção e que guardem relação entre si;
branças. Ex.: O show está lotado; a plateia está animada.
As pessoas ora dançavam, ora cantavam. b) para separar orações coordenadas, desde que haja pelo
menos uma delas separando elementos por vírgula;
Importante! Ex.: O painel informava o seguinte: dez deputados vo-
Se a conjunção e assumir valor de adversidade, o uso da taram a favor do acordo; nove, contra.
vírgula é obrigatório, de acordo com a gramática normativa.
c) para separar itens de uma enumeração;
Exemplo: Nadou muito, e morreu na praia.
Ex.: Para a receita do bolo serão necessários: ovos; tri-
go; chocolate.
j) Para separar orações subordinadas adverbiais;
Ex.: Quando chegou, encontrou a carta em cima da d) para alongar a pausa de conjunções adversativas (mas,
mesa. porém, contudo, todavia, entretanto etc.), em substituição
à vírgula;
l) Para isolar as orações subordinadas adjetivas explicativas.
Ex.: Gostaria de partir hoje; todavia, o ônibus só sairá
Ex.: O grande prédio, que ainda estava em construção,
amanhã.
dominava toda a paisagem.
e) para separar orações coordenadas adversativas inseri-
Ponto e vírgula ( ; ) das no meio da oração.
Ex.: Esperava encontrar todos os amigos no reencontro;
Indicam uma pausa maior que a vírgula, uma entoação
revi, porém, apenas alguns.
descendente em relação à prosódia da frase, mas assina-
lam que o período não terminou. Empregam-se nos se-
guintes casos:

PONTUAÇÃO II

Reticências ( ... ) Aspas ( “ ” )


Marcam uma suspensão da frase, revelando elementos de Têm a função de destaque do texto. São empregadas:
natureza emocional. Empregam-se:
a) antes e depois de citações ou transcrições textuais;
a) para indicar continuidade de uma ação ou fato;
Exemplo: Como diz o ditado, “água mole, pedra dura;
Exemplos: O professor ficou falando...
tanto bate até que fura”.
b) para indicar suspensão ou interrupção do pensamento;
b) para assinalar gírias populares.
Exemplo: Foi até lá achando que...
Exemplo: A bola “beijou” o travessão.
c) para representar, na escrita, hesitações comuns na lín-
gua falada;
Observação:
Exemplo: Não comi chocolate... porque... porque es-
tou de regime. Se houver necessidade de usar aspas em trechos já en-
d) para deixar o sentido da frase em aberto, permitindo tre aspas, empregam-se aspas simples.
uma interpretação pessoal do leitor. Exemplo: “Tinha-me lembrado da definição que José
Exemplo: Se você soubesse a metade da história... Dias dera deles, ‘olhos de cigana oblíqua e dissimulada’.
Eu não sabia o que era oblíqua, mas dissimulada sabia, e
Observação: queria ver se podiam chamar assim. Capitu deixou-se fitar
e examinar.” (Machado de Assis)
Além do amplo valor sugestivo em matizes prosódicos, as
reticências e o ponto de exclamação são auxiliares da lin-
guagem afetiva e poética.

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U.T.I. - Sala b) No referido áudio, é possível perceber, no final da
locução da atriz, uma entonação especial, represen-
tada na transcrição por meio de reticências. Tendo em
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: vista que uma das funções desse sinal de pontuação
Leia o poema de Manuel Bandeira (1886-1968) para é sugerir uma ideia não expressa que cabe ao leitor
responder à(s) questão(ões) a seguir. inferir, identifique a ideia sugerida, neste caso.

Poema tirado de uma notícia de jornal 3. (UNICAMP) Por ocasião da comemoração do dia dos
professores, no mês de outubro de 2003, foi veiculada
João Gostoso era carregador de feira livre e morava no a seguinte propaganda, assinada por uma grande cor-
morro da Babilônia num barracão sem número. poração de ensino:
Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro Parabéns [Pl. de parabém] S. m. pl. 1. Felicitações, con-
Bebeu gratulações. 2. Oxítona terminada em “ens”, sempre
acentuada. Acentuam-se também as terminadas em
Cantou
“a”, “as”, “e”, “es”, “o”, “os”, e “em”.
Dançou
Para a homenagem ao Dia do Professor ser completa, a
Depois se atirou na Lagoa Rodrigo de Freitas e morreu gente precisava ensinar alguma coisa.
afogado.
a) Observe os itens 1 e 2 do verbete PARABÉNS. Há
(Libertinagem & Estrela da manhã, 1993.)
diferenças entre eles. Aponte-as.
1. (UNESP 2019) b) Levando em conta o enunciado que está abaixo do
a) Em que verso se verifica um desvio em relação à nor- verbete, a quem se dirige essa propaganda?
ma-padrão da língua escrita (mas recorrente na língua c) Diferentes imagens da educação escolar sustentam
oral)? Reescreva o verso, corrigindo esse desvio. essa propaganda. Indique pelo menos duas dessas
b) Cite duas características, uma de natureza temáti- imagens.
ca e outra de natureza formal, que afastam esse poe- TEXTOS PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
ma da tradição parnasiano-simbolista.
MAÍRA
2. (FUVEST) Considere a imagem abaixo, extraída da
apresentação do filme A Amazônia, que faz parte da
Maíra só descobriu todo o seu poder um dia quando
campanha “A natureza está falando”.
brincava com Micura na praia. Cada um deles tinha, le-
vantada, uma mão cheia de vaga-lumes para alumiar,
mas a luzinha era muito pouca. Maíra desenhou, assim
mesmo, ali na areia da praia, uma arraia com seu fer-
rão e tudo. Mas naquela penumbra se distraiu pisou na
arraia desenhada. Foi aquela ferroada! Compreendeu,
então, que podia fazer qualquer coisa:
- Sou Maíra - lembrou - sou o arroto de Deus-Pai. Ele,
ambir, agora tem nome: é Mairahú, meu pai. Meu filho
será Mairaíra. - Pegou então a conversar com o irmão,
Micura, sobre o que podiam fazer.
Maíra: - O mundo de Mairahú, meu pai, é feio e triste.
No áudio desse filme, a atriz Camila Pitanga interpreta
Não um mundo bom para a gente viver. Podemos me-
o seguinte texto:
lhorá-lo.
Eu sou a Amazônia, a maior floresta tropical do mun-
Micura: - Não vá o Velho se ofender!
do. Eu mando chuva quando vocês precisam. Eu man-
tenho seu clima estável. Em minhas florestas, existem Maíra: - Pode ser. É melhor não fazer nada.
plantas que curam suas doenças. Muitas delas vocês Micura: - Bobagem. Alguma coisinha podemos fazer.
ainda nem descobriram. Mas vocês estão tirando tudo Maíra: - Vamos, então, tomar dos que têm, o que eles
de mim. A cada segundo, vocês cortam uma das mi- têm, para dar aos que não têm.
nhas árvores, enchem de sujeira os meus rios, colocam Micura saltou alegre: - Sim, vamos, primeiro o fogo. Ando
fogo, e eu não posso mais proteger as pessoas que com frio e com muita vontade de comer um churrasco.
vivem aqui. Quanto mais vocês tiram, menos eu tenho
O fogo era do Urubu-rei que mandava na aldeia gran-
para oferecer. Menos água, menos curas, menos oxi-
de das gentes urubus. Eles só comiam corós de carniça
gênio. Se eu morrer, vocês também morrem, mas eu
tostados no borralho. Não precisavam tanto do fogo.
crescerei de novo...
Usavam mais era luz para ver bem a carniça e o calor
a) Por estar em primeira pessoa, o texto constitui para esquentar o corpo nu quando se desvestiam das
exemplo de uma determinada figura de linguagem. penas para brincar de gente.
Identifique essa figura e explique seu uso, tendo em O jeito que os gêmeos encontraram para roubar o fogo
vista o efeito que o filme visa alcançar. foi matar um veado grande, muito grande, deixá-lo apo-

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drecer para criar bastante bicho-coró e, então, mandar criar essa coragem; é grave negligenciar as ordens de
levar uma moqueca de corós para o Urubu-rei e con- meu pai. (...)
vidá-lo para vir à comilança. Assim fizeram. Maíra de- PODER. Basta! Para que te atardares em lástimas per-
senhou um cervo enorme, soprou para que vivesse e o didas? Por que não abominas o deus mais odioso aos
matou ali mesmo. Quando estava bem podre e bicha- deuses, que entregou aos mortais um privilégio teu?
do, mandaram o passarinho que fala mais línguas, um
HEFESTO. O parentesco e a amizade são forças formi-
papagaio, maracanã, atrás do Urubu-rei. Eles ficaram
dáveis.
escondidos debaixo da carniça para agarrar o reizão
bicéfalo quando ele pousasse. Assim fizeram. Quando o PODER. Concordo, mas como se podem transgredir as
Urubu-rei estava bem preso, Maíra gritou: ordens de teu pai? Isso não te infunde medo?
- Calma, meu rei. Não tenha medo. Só quero o fogo pro HEFESTO. Tu és sempre cruel e audacioso.
meu povinho. Todos andam com frio. Só comem o cru. PODER. Lamentos não curam os teus males; não te can-
Mas se armou a maior das confusões porque o Urubu- ses à toa em lástimas ineficazes.
-rei começou a responder com as duas cabeças, falando HEFESTO. Oh! que ofício detestável!
ao mesmo tempo, cada qual dizendo uma coisa. Maíra (...)
não entendia nada. Aí uma cabeça do Urubu-rei virou-se
HEFESTO. Podemos ir. Seus membros já estão amarrados.
para a outra e as duas caíram numa discussão cerrada.
O tempo ia passando sem que Maíra soubesse o que PODER. (a Prometeu) Abusa, agora! Furta aos deuses
fazer. Afinal, teve a ideia de mandar Micura agarrar o seus privilégios para entregá-los aos seres efêmeros!
rei-falador. Levantou, então, suas duas mãos e fez de Que alívio te podem dar deste suplício os mortais? Erra-
cada uma delas uma cabeça de urubu com bico e tudo dos andaram os deuses em te chamarem Prometeu; tu
e passou, assim, a conversar duro com as duas cabeças mesmo precisas de alguém que te prometa um meio de
do reizão. Só deste modo conseguiu que ele mandas- safar-te destes hábeis liames!
se trazer o fogo, mas o rei ainda quis enganar Maíra (Retiram-se Poder, Vigor e Hefesto.)
entregando fogos que queimavam pouco e não davam PROMETEU. Éter divino! Ventos de asas ligeiras! Fontes
luz. Felizmente ali estava Micura experimentando tudo. dos rios! Riso imensurável das vagas marinhas! Terra,
Provava um e dizia: mãe universal! Globo do sol, que tudo vês! Eu vos invo-
- Não, este não serve não; não é o fogo que precisamos. co. Vede o que eu, um deus, sofro da parte dos deuses!
Não, este também não é o fogo que precisamos. Não, Contemplai quão ignominiosamente estracinhado hei de
este também não é o fogo de verdade. - Afinal, conse- sofrer pelas miríades de anos do tempo em fora! Tal é a
guiram o fogo verdadeiro e fizeram o trato. prisão aviltante criada para mim pelo novo capitão dos
Maíra: - Vocês urubus vão comer carniça com fartura; o bem-aventurados! Ai! Ai! Lamento os sofrimentos atu-
chefão de duas cabeças vai ficar com uma só, para não ais e os vindouros, a conjeturar quando deverá despon-
tar enfim o termo deste suplício. Mas que digo? Tenho
enganar mais ninguém, mas nesta vai usar esse diade-
presciência exata de todo o porvir e nenhum sofrimento
ma vermelho e branco que eu lhe dou agora.
imprevisto me acontecerá. Cumpre-me suportar com a
Urubu-rei: - Fiquem com o fogo vocês, mairuns. Mas fa- maior resignação os decretos dos fados, sabendo inelu-
çam muita carniça pra nós. tável a força do Destino. Contudo, não posso calar nem
(Darcy Ribeiro. Maíra.) deixar de calar minha desdita. Por ter feito uma dádiva
aos mortais, estou jungido a esta fatalidade, pobre de
PROMETEU ACORRENTADO
mim! Sou quem roubou, caçada no oco duma cana, a fon-
Ésquilo te do fogo, que se revelou para a Humanidade mestra de
todas as artes e tesouro inestimável. Esse o pecado que
(A cena é o pico duma montanha deserta. Chegam Po-
resgato pregado nestas cadeias ao relento.
der e Vigor, que trazem preso Prometeu; segue-os, co-
(Teatro Grego. Seleção, introdução, notas e tradução direta
xeando, Hefesto, carregando correntes, cravos e malho.)
do grego por Jaime Bruna. São Paulo: Cultrix, 1964.)

PODER. Eis-nos chegados a um solo longínquo da terra, 4. (UNESP) Muitos verbos, como é o caso de “renun-
caminho da Cítia, deserto ínvio. Hefesto, é mister te de- ciar”, apresentam mais de uma regência, por vezes sem
sincumbas das ordens enviadas por teu pai, acorrentan- alteração relevante de significado, de modo que a rea-
do este celerado, com liames inquebráveis de cadeias lização da regência em cada frase se torna dependente
de aço, aos rochedos de escarpas abruptas. Ele roubou da escolha estilístico-expressiva do escritor. Com base
uma flor que era tua, o brilho do fogo, vital em todas nesse fato,
as artes, e deu-a de presente aos mortais; é preciso que a) considerando que na frase “e renunciar o mau vezo
pague aos deuses a pena desse crime, para aprender a de querer bem à Humanidade” o verbo “renunciar”
acatar o poder real de Zeus e renunciar o mau vezo de aparece como transitivo direto, escreva uma frase em
querer bem à Humanidade. que o mesmo verbo apareça como transitivo indireto
HEFESTO. Poder e Vigor, a incumbência de Zeus para vós e outra em que apareça como intransitivo;
está terminada; nada mais vos embarga. Eu, porém, não b) reescreva a seguinte frase de Micura tornando o
me animo a agrilhoar à força um deus meu parente a verbo “precisar” transitivo indireto: “Não, este tam-
um píncaro aberto às intempéries. Todavia, é imperioso bém não é o fogo que precisamos”.

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5. (UNICAMP) TEXTOS PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

Matte a vontade. Matte Leão. TEXTO 1


Este enunciado faz parte de uma propaganda afixada A REVOLUÇÃO DO CÉREBRO
em lugares nos quais se vende o chá Matte Leão. Obser-
ve as construções a seguir, feitas a partir do enunciado O seu cérebro é capaz de quase qualquer coisa. Ele con-
em questão: segue parar o tempo, ficar vários dias numa boa sem
Matte à vontade. dormir, ler pensamentos, mover objetos a distância e se
Mate a vontade. reconstruir de acordo com a necessidade. Parecem su-
Mate à vontade. perpoderes de histórias em quadrinhos, mas são apenas
algumas das descobertas que os neurocientistas fizeram
a) Complete cada uma das construções acima com ao longo da última década. Algumas dessas façanhas
palavras ou expressões que explicitem as leituras pos- sempre fizeram parte do seu cérebro e só agora conse-
síveis relacionadas à propaganda. guimos perceber. Outras são frutos da ciência: ao decifrar
b) Retome a propaganda e explique o seu funciona- alguns mecanismos da nossa mente, os pesquisadores
mento, explicitando as relações morfológicas, sintáti- estão encontrando maneiras de realizar coisas que antes
cas e semânticas envolvidas. pareciam impossíveis. O resultado é uma revolução como
nenhuma outra, capaz de mudar não só a maneira como

U.T.I. - E.O.
entendemos o cérebro, mas também a imagem que faze-
mos do mundo, da realidade e de quem somos nós. [...]
O seu corpo, ao que parece, é muito pequeno para con-
1. (UNICAMP) O texto abaixo é parte de uma campanha ter uma máquina tão poderosa quanto o cérebro. Prova
promovida pela ANER (Associação Nacional de Editores disso veio em julho, quando foram divulgadas as aven-
de Revistas). turas de Matthew Nagle, um americano que ficou pa-
ralítico em uma briga em 2001. Três anos depois, cien-
SURFAMOS A INTERNET, NADAMOS EM REVISTAS tistas da Universidade Brown, EUA, e de quatro outras
A Internet empolga. Revistas envolvem. instituições implantaram eletrodos na parte do cérebro
dele responsável pelos movimentos dos braços e regis-
A Internet agarra. Revistas abraçam.
traram os disparos de mais de 100 neurônios. Enviados
A Internet é passageira. Revistas são permanentes. a um computador, esses sinais permitiram que ele con-
E essas duas mídias estão crescendo. trolasse um cursor em uma tela, abrisse e-mails, jogasse
Um dado que passou quase despercebido em meio ao videogames e comandasse um braço robótico. Somente
barulho da Internet foi o fato de que a circulação de re- com o pensamento, Nagle conseguiu mover objetos. [...]
vistas aumentou nos últimos cinco anos. Mesmo na era Foi [...] uma prova de que o nosso cérebro é capaz de
da Internet, o apelo das revistas segue crescendo. Pense comandar objetos fora do corpo - uma ideia que pode
nisto: o Google existe há 12 anos. Durante esse período, mudar nossa relação com o mundo.
o número de títulos de revistas no Brasil cresceu 234%. Extraído da Revista Superinteressante, Editora
Isso demonstra que uma mídia nova não substitui uma Abril, agosto de 2006, pp.50-59.
mídia que já existe. Uma mídia estabelecida tem a ca-
pacidade de seguir prosperando, ao oferecer uma expe- TEXTO 2
riência única. É por isso que as pessoas não deixam de
nadar só porque gostam de surfar. O SÉCULO LOUCO

(Adaptado de Imprensa, n. 267, maio 2011, p. 17.) Do século XX, no futuro, se dirá que foi louco. Um século
que usou ao máximo o poder do cérebro para manipu-
a) O verbo surfar pode ser usado como transitivo ou
lar as coisas do mundo e não usou o coração para fazer
intransitivo. Exemplifique cada um desses usos com
isso com sentimento solidário.
enunciados que aparecem no texto da campanha.
Indique, justificando, em qual desses usos o verbo as- Um século no qual a palavra “inteligência” perdeu o
sume um sentido necessariamente figurado. seu sentido pleno, porque o raciocínio foi capaz de ma-
b) Que relação pode ser estabelecida entre o título nipular a natureza nos limites da curiosidade científica,
da campanha e o trecho reproduzido a seguir? Como mas não foi usado para fazer um mundo melhor e mais
essa relação é sustentada dentro da campanha? belo para todos. A inteligência do século XX foi burra.
Foi capaz de fabricar uma bomba atômica, liberar a
A Internet empolga. Revistas envolvem. energia escondida dentro dos átomos, mas incapaz de
A Internet agarra. Revistas abraçam. evitar que se usassem duas delas, matando centenas de
A Internet é passageira. Revistas são permanentes. milhares de pessoas.
O que se pode dizer da bomba atômica, como símbolo do
século XX, vale para o conjunto das técnicas usadas nes-
tes cem anos loucos: fomos capazes de tudo, menos de

15
fazer o mundo mais decente - como teria sido possível. TEXTO 4
Vivemos um tempo em que a inteligência humana con-
seguiu fazer robôs que substituem os trabalhadores, POESIA NA SALA DE AULA DE CIÊNCIAS?
mas no lugar de libertar o homem da necessidade do
trabalho, os robôs provocam a miséria do desemprego. A LITERATURA POÉTICA E POSSÍVEIS USOS DIDÁTICOS
Inventamos a maravilha do automóvel e aumentamos
o tempo perdido para ir de casa ao trabalho. Fizemos [...] Ciência e poesia pertencem à mesma busca imagi-
armas inteligentes, que acertam os alvos sem necessi- nativa humana, embora ligadas a domínios diferentes
dade de arriscar a vida de pilotos, mas põem em risco a de conhecimento e valor. A visão poética cresce da in-
paz entre os povos.[...] tuição criativa, da experiência humana singular e do co-
nhecimento do poeta. A Ciência gira em torno do fazer
BUARQUE, Cristovam. Os instrangeiros. A aventura concreto, da construção de imagens comuns, da experi-
da opinião na fronteira dos séculos. Rio de Janeiro:
ência compartilhada e da edificação do conhecimento
Editora Garamond, 2002, pp. 113-115.
coletivo sobre o mundo circundante. Tem como vínculo
TEXTO 3 restritivo, ao contrário da poesia, o representar adequa-
damente o comportamento material; tem, mais profun-
A BOMBA ATÔMICA damente que a leitura poética do mundo, a capacidade
de permitir a previsão e a transformação direta do en-
(fragmento) torno material. As aproximações entre Ciência e poesia
A bomba atômica é triste revelam-se, no entanto, muito ricas, se olhadas dentro
Coisa mais triste não há de um mesmo sentimento do mundo. A criatividade e a
Quando cai, cai sem vontade imaginação são o húmus comum de que se nutrem. [...]
Vem caindo devagar Nos tempos atuais, em que a Ciência e a tecnologia
Tão devagar vem caindo impregnam profundamente nossa cultura e permeiam
Que dá tempo a um passarinho nosso cotidiano, com seus benefícios extraordinários
De pousar nela e voar... mas também com suas mazelas, a poesia poderia pa-
recer um anacronismo. Mas, talvez, as muitas pequenas
Coitada da bomba atômica
verdades científicas constituam apenas uma aborda-
Que não gosta de matar!
gem incompleta e limitada do mundo. Relembremos
Coitada da bomba atômica
Einstein: Não superestimem a ciência e seus métodos
Que não gosta de matar
quando se trata de problemas humanos! A poesia e a
Mas que ao matar mata tudo
arte, que parecem constituir necessidades urgentes de
Animal e vegetal
afirmação da experiência individual, uma visão com-
Que mata a vida da terra
plementar e indispensável da experiência humana, não
E mata a vida do ar
podem ficar de fora das atividades interdisciplinares
Mas que também mata a guerra...
com os jovens nas escolas, mesmo aquelas ligadas ao
Bomba atômica que aterra!
aprendizado de Ciências. [...]
Pomba atônita da paz!
MOREIRA, Ildeu de Castro. Poesia na sala de aula de
Pomba tonta, bomba atômica ciências? Física na Escola, v. 3, nº 1, 2002.

Tristeza, consolação
Flor puríssima do urânio 2. (PUC-RJ)
Desabrochada no chão a) Retire, do Texto 1, uma expressão que tem um ca-
Da cor pálida do hélium ráter excessivamente informal em relação ao restante
E odor de rádium fatal do mesmo.
Loelia mineral carnívora b) Fazendo todas as modificações necessárias, rees-
Radiosa rosa radical. creva o período a seguir sem empregar a conjunção
integrante “QUE”.
Nunca mais oh bomba atômica “Enviados a um computador, esses sinais permitiram
Nunca em tempo algum, jamais que ele controlasse um cursor em uma tela, abrisse
Seja preciso que mates e-mails, jogasse videogame e comandasse um braço
Onde houve morte demais: robótico.”
Fique apenas tua imagem
c) Reescreva o período a seguir, utilizando a conjun-
Aterradora miragem
ção “embora” para marcar a relação estabelecida
Sobre as grandes catedrais:
entre as duas orações.
Guarda de uma nova era
“Inventamos a maravilha do automóvel e aumenta-
Arcanjo insigne da paz!
mos o tempo perdido para ir de casa ao trabalho.”
MORAES, Vinicius de. Antologia Poética. Rio de
Janeiro: José Olympio, 1976, pp. 147-8.
*Loelia - Nome que designa uma família de orquídeas

16
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: 2
Mais do que nunca, sentiu José Maria naquela noite
a solidão da casa. Não tinha amigos, não tinha mulher
A China detonou uma bomba e pouca gente percebeu o nem amante. E já lera todos os jornais. Havia o tele-
estrago que ela causou. Assim que abriu as portas para fone, é verdade. Mas ninguém chamava. Lembrava-se
as multinacionais oferecendo mão de obra e custos mui- que certa vez, há uns quinze anos, aquela fria coisa,
to baratos, o país enfraqueceu as relações de trabalho pendurada e morta, se aquecera à voz de uma mulher
no mundo. Em uma recente análise, a revista inglesa The desconhecida. A máquina que apenas servia para re-
Economist mostra que a entrada da China, da Índia e da cados ao armazém e informações do Ministério trans-
ex-União Soviética na economia mundial dobrou a força formara-se então em instrumento de música: adquirira
de trabalho. Com isso, o poder de barganha de sindicatos alma, cantava quase. De repente, sem motivo, a voz
do mundo inteiro teria se esfacelado. Provavelmente por emudecera. E o aparelho voltou a ser na parede do
isso, diz a revista, salários e benefícios tenham crescido corredor a aranha de metal, 3sempre calada. O sussur-
apenas 11% desde 2001 nas empresas privadas dos Esta- ro da vida, o sangue de suas paixões passavam longe
dos Unidos, ante 17% nos cinco anos anteriores. do telefone de Zé Maria...
(Você s/a, setembro de 2005) Como vencer a noite que mal começava?
(...)
3. (FGV)
O telefone toca. Quem será? (...)
a) Transcreva uma oração do texto introduzida pelo
pronome relativo “que”. Era engano! Antes não o fosse. A quem estaria destina-
da aquela voz carregada de ternura? Preferia que dis-
b) Qual é o antecedente desse pronome, isto é, a pa-
sesse desaforos, que o xingasse.
lavra a que ele se refere?
c) Qual é a função sintática desse pronome na oração (...)
em que se encontra? Atirou-se de bruços na cama. E sonhou. Sonhou que
conversava ao telefone e era a voz da mulher de há
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: quinze anos... Foi andando para o passado... Abriu-se-
-lhe uma cidade de montanha, pontilhada de igrejas. E
1
Durante mais de trinta anos, o bondezinho das dez e sempre para trás – tinha então dezesseis anos –, ressur-
quinze, que descia do Silvestre, parava como burro ensi- giu-lhe a cidadezinha onde encontrara Duília. Aí parou.
nado em frente à casinha de José Maria, e ali encontra- E Duília lhe repetiu calmamente aquele gesto, o mais
va, almoçado e pontual, o velho funcionário. louco e gratuito, com que uma moça pode iluminar para
Um dia, porém, José Maria faltou. O motorneiro batia a sempre a vida de um homem tímido.
sirene. Os passageiros se impacientavam. Floripes cor- Acordou com raiva de ter acordado, fechou os olhos
reu aflita a avisar o patrão. Achou-o de pijama, estirado para dormir de novo e reatar o fio de sonho que trouxe
na poltrona, querendo rir. Duília. Mas a imagem esquiva lhe escapou, Duília desa-
– Seu José Maria, o senhor hoje perdeu a hora! Há mui- pareceu no tempo.
to tempo o motorneiro está a dar sinal. (...)
– Diga-lhe que não preciso mais. Toda vez que pensava nela, o longo e inexpressivo inter-
A velha portuguesa não compreendeu. regno* do Ministério que chegava a confundir-se com a
– Vá, diga que não vou... Que de hoje em diante não duração definitiva de sua própria vida apagava-se-lhe
irei mais. de repente da memória. O tempo contraía-se.
A criada chegou à janela, gritou o recado. E o bondezi- Duília!
nho desceu sem o seu mais antigo passageiro. Reviu-se na cidade natal com apenas dezesseis anos de
Floripes voltou ao patrão. Interroga-o com o olhar. idade, a acompanhar a procissão que ela seguia can-
tando. Foi nessa festa da Igreja, num fim de tarde, que
– Não sabes que estou aposentado?
tivera a grande revelação.
(...)
Passou a praticar com mais assiduidade a janela. Quan-
Interrompera da noite para o dia o hábito de esperar to mais o fazia, mais as colinas da outra margem lhe
o bondezinho, comprar o jornal da manhã, bebericar o recordavam a presença corporal da moça. Às vezes che-
café na Avenida, e instalar-se à mesa do Ministério, si- gava a dormir com a sensação de ter deixado a cabeça
sudo e calado, até às dezessete horas. pousada no colo dela. As colinas se transformavam em
Que fazer agora? seios de Duília. Espantava-se da metamorfose, mas se
Não mais informar processos, não mais preocupar-se comprazia na evocação.
com o nome e a cara do futuro Ministro. (...)
Pela primeira vez fartava a vista no cenário de águas e Era o afloramento súbito da namorada (...).
montanhas que a bruma fundia.
ANÍBAL MACHADO A morte da porta-estandarte e Tati, a
(...) garota e outras histórias. Rio de Janeiro: José
Olympio, 1976.
4
Floripes serviu-lhe o jantar, deixou tudo arrumado, e
retirou-se para dormir no barraco da filha. * Interregno: intervalo

17
4. (UERJ) No trecho transcrito a seguir há quatro ora- TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
ções, cujos limites estão assinalados por uma barra:
O artista Juan Diego Miguel apresenta a exposição
Floripes serviu-lhe o jantar, / deixou tudo arrumado, / e Arte e Sensibilidade, no Museu Brasileiro da Escultura
retirou-se / para dormir no barraco da filha. (ref. 4) (MUBE) de suas obras que acabam de chegar no país.
Seu sentido de inovação tanto em temas como em ma-
Reescreva esse trecho, passando a primeira oração para teriais que elege é sempre de uma sensação extraordi-
a voz passiva e convertendo a segunda em oração adje- nária para o espectador.
tiva introduzida por pronome.
Juan Diego sensibiliza-se com os materiais que nos ro-
Em seguida, indique a classificação sintática e semânti- deam e lhes dá vida com uma naturalidade impressio-
ca da última oração. nante, encontrando liberdade para buscar elementos
no fauvismo de Henri Matisse, no cubismo de Pablo Pi-
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
casso e do contemporâneo de Juan Gris. Uma arte que
Havia já quatro anos que Eugênio se achava no semi- está reservada para poucos.
nário sem visitar sua família. Seu pai já por vezes tinha Exposição: de 03 de agosto à 02 de setembro das 10
escrito aos padres pedindo-lhes que permitissem que às 19h.
o menino viesse passar as férias em casa. Estes porém,
já de posse dos segredos da consciência de Eugênio, 7. (FGV) Comente o emprego do sinal indicativo de cra-
receando que as seduções do mundo o arredassem do se no trecho - Exposição: de 03 de agosto à 02 de se-
santo propósito em que ia tão bem encaminhado, opu- tembro das 10 às 19 h.
seram-se formalmente, e responderam-lhe, fazendo ver
que aquela interrupção na idade em que se achava o 8. (UEMA) Leia o poema “Quadrilha”, de Carlos Drum-
menino era extremamente perigosa, e podia ter pés- mond de Andrade.
simas consequências, desviando-o para sempre de sua
natural vocação. QUADRILHA
Uma ausência, porém de quatro anos já era excessiva João amava Teresa que amava Raimundo
para um coração de mãe, e a de Eugênio, principalmen- que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
te depois que seu filho andava mofino e adoentado, que não amava ninguém.
não pôde mais por modo nenhum conformar-se com a João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
vontade dos padres. Estes portanto, muito de seu mau Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
grado, não tiveram remédio senão deixá-lo partir. Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
(Bernardo Guimarães. O Seminarista, 1995) que não tinha entrado na história.
5. (FGV) Observe as reescritas do texto e responda con- Fonte: ANDRADE, Carlos Drummond de. Alguma
forme solicitado entre parênteses. poesia. São Paulo: Companhia das Letras, 2013.

a) Seu pai já por vezes tinha escrito aos padres pedin- A tira reescreve o poema “Quadrilha”. Nela, é reconta-
do-lhes à permissão para que o menino viesse passar
da a segunda parte do referido poema.
as férias em casa. / ... opuseram-se formalmente à
ideia, e responderam de forma negativa inicialmente.
(Justifique se os usos do acento indicativo da crase
estão ou não de acordo com a norma-padrão.)
b) Para um coração de mãe porém uma ausência de
quatro anos já era excessiva... (Pontue o texto e justi-
fique a pontuação realizada.)

6. (UFF)

A prática da gramática não deve estar desvinculada da


percepção das diferenças na produção de sentido, en-
caminhadas pela língua no processo de comunicação.
Explique as diferentes regências do verbo “combater”
e as decorrentes produções de sentido no contexto em
que se inserem:
“Combateremos a sombra. Com crase e sem crase.” www.tirasnao.blogspot.com

18
Responda às seguintes questões: que levam para casa. Já estão esperando o produto que
a) No último quadro da tira, como se pode interpretar vai sair. É ninfomania consumista. Jovens relataram que
“(...) um poema terrivelmente trágico, e que parece nunca usaram, nem mesmo uma vez, roupas que adqui-
de humor”, considerando o poema. riram. Aposentam aparelhos eletrodomésticos compra-
b) No terceiro quadro: “Raimundo morreu num desas- dos recentemente porque já estariam defasados.
tre, depois de beber muito a fim de esquecer Maria, Psicólogos suspeitam que essa atitude seja uma fuga
que não lhe amava”, ocorre um desvio da norma culta para aplacar a ansiedade e a carência, provocadas,
em relação à regência verbal. Reescreva esse período, em parte, pela falta de limite. Imaginando-se moder-
adequando-o às regras da sintaxe do padrão culto. nos, pais tentam ser amigos de seus filhos e, assim,
desfaz-se a obrigação de dizer não e enfrentar o con-
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: flito. O resultado é, no final, uma desconfiança, explici-
tada pelos entrevistados, ainda maior em relação aos
Geração Canguru adultos.
Gilberto Dimenstein Outro estudo, desta vez patrocinado pela MTV, detectou
um início de tendência entre os jovens de insatisfação
Ao mapear novas tendências de consumo no Brasil, pu-
diante de pais extremamente permissivos. Estão deman-
blicitários acreditam ter detectado a “Geração Cangu-
dando adultos mais pais do que amigos. Para complicar
ru”. São jovens bem-sucedidos profissionalmente, têm
ainda mais a insegurança das crianças e dos adolescen-
entre 25 e 30 anos de idade e vivem na casa dos pais. O
tes, a violência nas grandes cidades leva os pais, com-
interesse neles é óbvio: compõem um nicho de consumi-
preensivelmente, a pilotar os filhos pelas madrugadas,
dores com alto poder aquisitivo.
para saber se não sofreram uma violência. Brincar nas
Ainda na “bolsa” da mãe, eles mostram que mudaram ruas está desaparecendo da paisagem urbana, ajudando
as fronteiras entre o jovem e o adulto. Até pouquíssi- a formar seres obesos, presos ao computador.
mo tempo atrás, um marmanjão de 30 anos, enfiado na
Há pencas de estudo mostrando como a brincadeira,
casa dos pais, seria visto como uma anomalia, suspei-
dessas em que nos sujamos, ralamos o joelho na árvore,
to de algum desequilíbrio emocional que retardou seu
ajuda a desenvolver a criatividade, o senso de autonomia
crescimento. e de cooperação. É um espaço de estímulo à imaginação.
O efeito “canguru” revela que pais e filhos estão mu- Todos sabemos como é difícil alguém prosperar, com
tuamente mais compreensivos e tolerantes, capazes autonomia, se não souber lidar com a frustração. Muito
de lidar com suas diferenças. Para quem se lembra dos se estuda sobre a importância da resiliência – a capa-
conflitos familiares do passado, marcados pelo choque cidade de levar tombos e levantar como um elemento
de gerações, os “cangurus” até sugerem um grau de ci- educativo fundamental.
vilidade. Não é tão simples assim.
Professores contam, cada vez mais, como os alunos não
Estudos de publicitários divulgados nas últimas sema- têm paciência de construir o conhecimento e desistem
nas indicam um lado tumultuado – e nem um pouco logo quando as tarefas se complicam um pouco. Por
saudável – dessa relação familiar. Por trás das frias es- isso, entre outras razões, os alunos decepcionam-se ra-
tatísticas sobre tendência do mercado, a pergunta que pidamente na faculdade que exige mais foco em pou-
aparece é a seguinte: até que ponto os brasileiros mais cos assuntos.
ricos estão paparicando a tal ponto seus filhos que pro-
Os educadores alertam que muitos jovens têm dificul-
duzem indivíduos com baixa autonomia?
dade de postergar o prazer e buscam a realização ime-
Ao investigar uma amostra de 1.500 mães e filhos, no diata dos desejos; respondem exatamente ao bombar-
Rio e em São Paulo, a TNS InterScience concluiu que deamento publicitário, inclusive na ingestão de álcool,
82% das crianças e dos adolescentes influenciam for- como vamos testemunhar, mais uma vez, nas propa-
temente as compras das famílias. A pressão é especial- gandas de cerveja neste verão. Daí o risco de termos
mente intensa nas classes A e B, cujas crianças, segundo “cangurus” que fiquem cada vez mais na bolsa (e no
os pesquisadores, empregam cada vez mais a estraté- bolso) dos pais.
gia das birras públicas para ganhar, na marra, o objeto
P.S. – Em todos esses anos lidando com educação co-
de desejo.
munitária, posso assegurar que uma das melhores coi-
Com medo das birras, as mães tentam, segundo a pes- sas que as escolas de elite podem fazer por seus alu-
quisa, driblar os filhos e não levá-los às compras, espe- nos é estimulá-los ao empreendedorismo social. É um
cialmente nos supermercados, mas, muitas vezes, aca- notável treino para enfrentar desafios. Enfrentam-se
bam cedendo. Os responsáveis pelo levantamento da em asilos, creches e favelas os limites e as carências.
InterScience atribuem parte do problema ao sentimen- Conheci casos e mais casos de alunos problemáticos
to de culpa. Isso porque, devido ao excesso de traba- que mudaram sua cabeça ao desenvolver uma ação
lho, os pais ficam muito tempo longe de casa e querem comunitária e passaram, até mesmo, a valorizar o
compensar a ausência com presentes. aprendizado curricular.
Uma pesquisa encomendada pelo Núcleo Jovem da Abril
http://www1.folha.uol.com.br/folha/dimenstein/colunas/gd121205.htm
detectou que muitos dos novos consumidores vivem
uma ansiedade tamanha que nem sequer usufruem o

19
9. (UFJF) Leia novamente: dantes ou que geram renda insuficiente para que os in-
“Todos sabemos como é difícil alguém prosperar, com divíduos e suas famílias superem situações de pobreza.
autonomia, se não souber lidar com a frustração.” Tal conceito de trabalho afirma a necessidade de que o
emprego esteja também associado à proteção social e
a) Explique a concordância entre o sujeito e o verbo à noção de direitos do trabalho, entre eles os de repre-
na parte acima destacada. sentação, associação, organização sindical e negociação
b) Compare a concordância acima (Todos sabemos) coletiva.
com: “Todos sabem como é difícil...”. Qual é a prin-
A noção de Trabalho Decente é uma tentativa de ex-
cipal diferença no impacto discursivo produzido pelas
pressar, numa linguagem cotidiana, a integração de ob-
duas formas? Justifique sua resposta.
jetivos sociais e econômicos, reunindo as dimensões do
10. (ITA) Leia o texto seguinte: emprego, dos direitos no trabalho, da segurança e da
representação, em uma unidade com sentido e coerên-
Antes de começar a aula - matéria e exercícios no qua-
cia interna quando considerada na sua totalidade.
dro, como muita gente entende -, o mestre sempre
declamava um poema e fazia vibrar sua alma de tanta Qual é a diferença entre o conceito de Trabalho Decente
empolgação e os alunos ficavam admirados. Com a suti- e conceitos mais tradicionais, como o de trabalho de
leza de um sábio foi nos ensinando a linguagem poética qualidade? Sua principal novidade é ser multidimen-
mesclada ao ritmo, à melodia e a própria sensibilidade sional, ou seja, acrescentar à dimensão econômica, re-
artística. Um verdadeiro deleite para o espírito, uma presentada pelo conceito de um emprego de qualidade,
sensação de paz, harmonia. (Osório, T. Meu querido pro- novas dimensões de caráter normativo, de segurança e
fessor. “Jornal Vale Paraibano”, 15/10/1999.) de participação/representação (MARTINEZ, 2005).
É importante assinalar que essa diferença conceitual
a) Qual a interpretação que pode ser dada à ausência
determina diferentes políticas, ou melhor, uma dife-
da crase no trecho “a própria sensibilidade artística”?
rente articulação de políticas em termos de emprego
b) Qual seria a interpretação caso houvesse a crase? e mercado de trabalho e destas com as políticas eco-
TEXTOS PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: nômicas e sociais. A integração e a coerência entre a
política sociolaboral e a política econômica são essen-
TEXTO 1 ciais para a geração de Trabalho Decente. Enquanto a
política econômica cria condições para o crescimento e
O conceito de Trabalho Decente a geração de empregos, a política sociolaboral, integra-
Trabalho Decente, para a OIT (Organização Internacio- da com a política econômica, cria as condições para que
nal do Trabalho), é um trabalho produtivo e adequada- o emprego gerado incorpore as distintas dimensões do
mente remunerado, exercido em condições de liberda- conceito de Trabalho Decente (LEVAGGI, 2006).
de, equidade e segurança, e que seja capaz de garantir Ao definir a promoção do Trabalho Decente como o as-
uma vida digna a todas as pessoas que dependem do pecto central e integrador de toda a sua estratégia, a
seu trabalho para viver. Trata-se, portanto, do trabalho OIT reafirma o seu compromisso com o conjunto dos
que permite satisfazer às necessidades pessoais e fa- trabalhadores e trabalhadoras e não apenas com aque-
miliares de alimentação, educação, moradia, saúde e les que têm um emprego regular, estável, protegido
segurança. É também o trabalho que garante proteção – no setor formal ou estruturado da economia. A pro-
social nos impedimentos ao exercício do trabalho (de- moção do Trabalho Decente (ou a redução dos déficits
semprego, doença, acidentes, entre outros) e assegura de Trabalho Decente) é um objetivo que deve ser per-
renda ao chegar à época da aposentadoria (Conferencia seguido também em relação ao conjunto das pessoas
Internacional del Trabajo, 1999). – homens, mulheres e jovens – que trabalha à margem
É um trabalho no qual as relações entre cada trabalha- do mercado de trabalho estruturado: assalariados não
dor ou trabalhadora e seus empregadores ou empre- regulamentados, tradutores por conta própria, tercei-
gadoras estão devidamente regulamentadas por lei, rizados ou subcontratados, trabalhadores a domicílio,
especialmente no que se refere aos direitos fundamen- etc. Todas as pessoas que trabalham têm direitos – as-
tais no trabalho, e autorreguladas através de acordos sim como níveis mínimos de remuneração, proteção e
negociados em um processo de diálogo social em di- condições de trabalho –, que devem ser respeitados.
versos níveis, o que implica o pleno exercício do direito Essa noção, portanto, inclui o emprego assalariado, o
da liberdade sindical, assim como o fortalecimento das trabalho autônomo ou por conta própria, o trabalho a
diferentes instituições da administração do trabalho e domicílio, assim como a ampla gama de atividades rea-
das formas de representação e organização dos atores lizadas na economia informal e na economia de cuidado
sociais (MARTINEZ, 2005). (RODGERS, 2002).
A noção de Trabalho Decente integra, portanto, as di- Existe uma forte relação entre o conceito de Trabalho
mensões quantitativa e qualitativa do emprego. Ela Decente e a noção da dignidade humana. Com efeito,
propõe não só medidas de geração de postos de traba- tal como discutido por Rodgers (2002), o trabalho é o
lho e de enfrentamento do desemprego, mas também âmbito para o qual confluem os objetivos econômicos
de superação de formas de trabalho que se baseiam em e sociais das pessoas. O trabalho supõe produção e
atividades insalubres, perigosas, inseguras e/ou degra- rendimentos. Mas significa, também, integração social,

20
identidade e dignidade pessoal. O vocábulo decente para trás não existia família. Cortar mandacaru, ense-
expressa algo que é ao mesmo tempo suficiente e de- bar látegos - aquilo estava no sangue. Conformava-se,
sejável. Um Trabalho Decente significa um trabalho no não pretendia mais nada. Se lhe dessem o que era dele,
qual o seu rendimento e as condições em que este se estava certo. Não davam. Era um desgraçado, era como
exerce estão de acordo com as nossas expectativas e as um cachorro, só recebia ossos. Por que seria que os ho-
da comunidade, mas não são exageradas, estão dentro mens ricos ainda lhe tomavam uma parte dos ossos?
das aspirações razoáveis de pessoas razoáveis. [...] Fazia até nojo pessoas importantes se ocuparem com
Trata-se do trabalho exercido atualmente e de suas semelhantes porcarias.
expectativas de futuro; das condições em que este se Na palma da mão as notas estavam úmidas de suor.
exerce; do equilíbrio entre a vida doméstica e a vida Desejava saber o tamanho da extorsão. Da última vez
familiar; de um trabalho que permita manter os filhos que fizera contas com o amo o prejuízo parecia menor.
na escola, evitando que eles sejam levados ao trabalho Alarmou-se. Ouvira falar em juros e em prazos. Isto lhe
infantil. Trata-se da igualdade de gênero e raça/etnia, dera uma impressão bastante penosa: sempre que os
da igualdade de reconhecimento e da possibilidade de homens sabidos lhe diziam palavras difíceis, ele saía lo-
que as mulheres, os negros e outros grupos discrimina- grado. Sobressaltava-se escutando-as. Evidentemente
dos possam optar e assumir o controle sobre as suas só serviam para encobrir ladroeiras. Mas eram bonitas.
próprias vidas. Trata-se das capacidades pessoais para Às vezes decorava algumas e empregava-as fora de
competir no mercado, manter-se em dia com as novas propósito. Depois esquecia-as. Para que um pobre da
tecnologias e preservar a saúde – física e mental. Tra- laia dele usar conversa de gente rica? Sinhá Terta é que
ta-se de desenvolver as qualificações empresariais, de tinha uma ponta de língua terrível. Era: falava quase
receber uma parte equitativa da riqueza que se ajuda a tão bem como as pessoas da cidade. Se ele soubesse fa-
criar e de não ser objeto de discriminação. Trata-se de lar como Sinhá Terta, procuraria serviço noutra fazenda,
poder expressar-se e ser ouvido no lugar de trabalho e haveria de arranjar-se. Não sabia. Nas horas de aperto
na comunidade. dava para gaguejar, embaraçava-se como um menino,
Adaptado de ABRAMO, Laís. Trabalho Decente, informalidade
coçava os cotovelos, aperreado. Por isso esfolavam-no.
e precarização do trabalho. IN: DAL ROSSO, Sadi e FORTES, Safados. Tomar as coisas de um infeliz que não tinha
José Augusto Abreu Sá (org.). Condições de trabalho no onde cair morto! Não viam que isso não estava certo?
limiar do século XXI. Brasília: Épocca, 2008. p. 40-41. Que iam ganhar com semelhante procedimento? Hem?
Que iam ganhar?
TEXTO 2
RAMOS, Graciliano. Vidas secas.
Rio de Janeiro: Record, 1986. p.95-97.
Olhou as cédulas arrumadas na palma, os níqueis e as
pratas, suspirou, mordeu os beiços. Nem lhe restava o 11. (PUC-RJ)
direito de protestar. Baixava a crista. Se não baixasse,
a) Explique a diferença de sentido entre as frases abaixo:
desocuparia a terra, largar-se-ia com a mulher, os filhos
pequenos e os cacarecos. Para onde? Hem? Tinha para i) Os homens sabidos diziam palavras difíceis a Fabiano.
onde levar a mulher e os meninos? Tinha nada! ii) Os homens, sabidos, diziam palavras difíceis a Fabiano.
Espalhou a vista pelos quatro cantos. Além dos telha- b) Destaque, do último parágrafo do Texto 1, a frase que,
dos, que lhe reduziam o horizonte, a campina se esten- considerando a noção de Trabalho Decente, atenderia às
dia, seca e dura. Lembrou-se da marcha penosa que inquietações de Fabiano na seguinte passagem:
fizera através dela, com a família, todos esmolamba- “Se ele soubesse falar como Sinhá Terta, procuraria servi-
dos e famintos. Haviam escapado, e isto lhe parecia um ço noutra fazenda, haveria de arranjar-se. Não sabia. Nas
milagre. Nem sabia como tinham escapado. horas de aperto dava para gaguejar, embaraçava-se como
um menino, coçava os cotovelos, aperreado. Por isso esfo-
Se pudesse mudar-se, gritaria bem alto que o rouba-
lavam-no. Safados.” (último parágrafo do Texto 2)
vam. Aparentemente resignado, sentia um ódio imenso
a qualquer coisa que era ao mesmo tempo a campina c) Identifique o referente do pronome demonstrativo isso
seca, o patrão, os soldados e os agentes da Prefeitu- em “Não viam que isso não estava certo?”, no último
ra. Tudo na verdade era contra ele. Estava acostumado, parágrafo do Texto 2.
tinha a casca muito grossa, mas às vezes se arreliava. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Não havia paciência que suportasse tanta coisa.
Um dia um homem faz besteira e se desgraça. O dia abriu seu para-sol bordado
Pois não estavam vendo que ele era de carne e osso? O dia abriu seu para-sol bordado
Tinha obrigação de trabalhar para os outros, natural- De nuvens e de verde ramaria.
mente, conhecia o seu lugar. Bem. Nascera com esse E estava até um fumo, que subia,
destino, ninguém tinha culpa de ele haver nascido com Mi-nu-ci-o-sa-men-te desenhado.
um destino ruim. Que fazer? Podia mudar a sorte? Se
lhe dissessem que era possível melhorar de situação es- Depois surgiu, no céu azul arqueado,
pantar-se-ia. Tinha vindo ao mundo para amansar bra- A Lua – a Lua! – em pleno meio-dia.
bo, curar feridas com rezas, consertar cercas de Inverno Na rua, um menininho que seguia
a Verão. Era sina. O pai vivera assim, o avô também. E Parou, ficou a olhá-la admirado...

21
Pus meus sapatos na janela alta, TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Sobre o rebordo... Céu é que lhes falta
Pra suportarem a existência rude!
E eles sonham, imóveis, deslumbrados,
Que são dois velhos barcos, encalhados
Sobre a margem tranquila de um açude..
MARIO QUINTANA. Prosa e verso. Porto Alegre: Globo, 1978.

12. (UERJ) Há no poema de Mario Quintana um mesmo


sinal de pontuação – o ponto de exclamação – que apa-
rece em versos diferentes e com sentidos distintos.
Explicite o valor semântico atribuído a esse sinal em
cada um dos versos.

13. (PUC-RJ)
a) Reescreva duas vezes a segunda oração do período
a seguir, substituindo o verbo “VIVER” por cada um
dos seguintes verbos: 15. (UEG) As manchetes jornalísticas caracterizam-se
pela objetividade, evitando comentários avaliativos e/
I) lidar
ou explicações causais e descrições. Reescreva o texto
II) depender
em um período, explicitando informações avaliativas e
“Ele é nossa principal tecnologia social, por meio da descritivas subentendidas na manchete.
qual vivemos hoje.”
b) Pontue o período a seguir, empregando apenas um
sinal de vírgula e um de dois pontos.
É aquela velha história se você coloca coisas caras em
casa vai precisar pôr trancas nas portas e grades nas
janelas.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

Leia o poema de Manuel Bandeira (1886-1968) para


responder à(s) questão(ões) a seguir.

Poema só para Jaime Ovalle1

Quando hoje acordei, ainda fazia escuro


(Embora a manhã já estivesse avançada).
Chovia.
Chovia uma triste chuva de resignação
Como contraste e consolo ao calor tempestuoso da noite.
Então me levantei,
Bebi o café que eu mesmo preparei,
Depois me deitei novamente, acendi um cigarro e fiquei
pensando...
– Humildemente pensando na vida e nas mulheres que
amei.
(Estrela da vida inteira, 1993.)
1
Jaime Ovalle (1894-1955): compositor e instrumentista. Aproxi-
mou-se do meio intelectual carioca e se tornou amigo íntimo de
Villa-Lobos, Di Cavalcanti, Sérgio Buarque de Hollanda e Manuel
Bandeira. Sua música mais famosa é “Azulão”, em parceria com
o poeta Manuel Bandeira. (Dicionário Cravo Albin da música po-
pular brasileira)

14. (UNESP) O verso inicial do poema (“Quando hoje


acordei, ainda fazia escuro”) pode ser visto como uma
espécie de abertura narrativa, já que nele se observam
dados indicadores de tempo (“quando”) e espaço (“fazia
escuro”). Identifique no poema dois outros termos que
também indicam circunstância temporal e acabam por
reforçar seu caráter narrativo. Justifique sua resposta.

22
INTERPRETAÇÃO
DE TEXTOS

23
LEITURA DE IMAGENS I (DA ARTE ANTIGA À ARTE MEDIEVAL)

Arte rupestre papiros), esculturas, arquitetura, cerâmicas e outros ele-


mentos. Nesse período não havia ainda a distinção entre
É necessário que entendamos que os registros rupestres “arte” e “artesanato”, que surge no Renascimento.
nos revelam dados materiais da vivência de povos muito
antigos, especialmente de suas relações, como a caça, a As obras egípcias retratavam doutrinas políticas, sociais e
pesca e outros tipos de contatos com animais. espirituais, com função dinástica, religiosa e cultural. Ape-
sar de existirem alguns sistemas de regras para produção
artística, nota-se grande criatividade no desenvolvimen-
to de certas obras. A arte egípicia alinha-se, portanto, a
um ideal simbólico, com função, também, comunicativa
(hieróglifos).

Arte grega
A arte grega, em seus primórdios, recebeu forte influência
da produção artística egípcia. Destacam-se as produções
escultóricas e a arquitetura do período. Também encontra-
mos pinturas, que, em geral, possuem como suporte vasos
e ânforas.
Artista desconhecido – Pintura rupestre de Altamira (c.15000 a.C.) Os gregos criaram várias obras de arte que enfeitavam
templos e prédios públicos, celebrando vitórias em bata-
As pinturas rupestres também foram encontradas no Bra-
lhas e retratando pessoas famosas já mortas. Foi uma arte
sil, especialmente na região de São Raimundo Nonato, no
que idealizou um forte projeto realista de reprodução dos
Piauí e também nas regiões da Chapada Diamantina e
corpos, que em momento posterior influenciaria a arte do
Gruta do Sol, na Bahia. Elas apresentam motivos natura-
Renascimento.
listas (humanos e animais em cenas de caça) ou motivos
geométricos (círculos, cruzes e espirais). Já na arquitetura, destacam-se o rápido desenvolvimento
artístico na produção de elementos geométricos e simétri-
cos, e a preocupação com a ornamentação que compunha
as colunas dos templos gregos, destacando-se as ordens
dóricas e jônicas.

Arte românica
Denomina-se arte românica o período de produção artísti-
ca que ocorreu durante os anos de decadência do Império
Romano depois das primeiras décadas do século III (o que
também demarca o início da Era Medieval). Esse período
ficou fortemente marcado por alterações na arquitetura,
Artista desconhecido – Pintura rupestre da especialmente a dos templos religiosos.
Gruta do Sol (c.40000 a.C.)
As características mais significativas da arquitetura ro-
mânica são a utilização da abóbada, dos pilares ma-
Arte dos povos antigos ciços que a sustentam e das paredes espessas com
aberturas estreitas usadas como janelas. A partir disso,
Arte egípcia temos construções bastante grandes e sólidas, chama-
das “fortalezas de Deus”.
Engloba o período que vai de 2649 a.C. a 1070 a.C, abran-
gendo uma notável variedade de pinturas (em afrescos e

24
LEITURA DE IMAGENS II (ARTES DA ERA MODERNA)

Renascimento consistia na elaboração de técnicas de projeção e entra-


da de luz em relação a espaços mais escurecidos da obra,
Possivelmente, o Renascimento é um dos períodos mais criando um contraste que foi usado até como elemento de
profícuos da história da arte. A consolidação da burgue- diálogo com o tema religioso em voga.
sia instituiu na sociedade a figura do mecenas, que seria o
grande financiador de pesquisas científicas (a fim de que
a sociedade avançasse do ponto de vista da exploração Rococó e Neoclássico
socioeconômica) e culturais (as artes como consolidação O Rococó e o Neoclássico nasceram em Paris por volta de
da imagem do burguês na sociedade) do período. 1720 e perduraram até aproximadamente 1770. Foram
Além disso, a valorização da razão, advinda da recuperação movimentos que operaram uma reação da aristocracia
dos valores da Antiguidade Clássica, fez com que diminuísse francesa contra o Barroco suntuoso, palaciano e solene
a influência dos valores medievais, vinculados a uma visão de praticado no período de Luís XIV. O Neoclássico, em par-
mundo católico-cristã. ticular, foi um movimento artístico que seguiu a tendência
Do ponto de vista estético, o investimento do mecenato fez de aproximação com a retomada de um pensamento mais
com que houvesse grandes inovações artísticas no perío- racional (marcada por uma nova retomada de certos valo-
do. Os estudos aprofundados em geometria, perspectiva, res da antiguidade clássica). Os valores iluministas também
anatomia humana e tridimensionalidade fizeram com que interferiram no modo como a arte foi encarada no período
as obras artísticas ganhassem uma dimensão de perfeição (especialmente no apego à natureza como representação
nunca antes vista. de uma materialidade mais racional).
Devemos lembrar ainda que houve, nos países europeus,
expressões distintas desses ideais, sendo comum a divisão Romantismo
entre renascimento italiano e renascimento alemão e dos
O movimento romântico enfatizou a exasperação das emo-
países baixos.
ções, a turbulência da psicologia humana e a força terrível
da natureza, muito maior do que a própria força humana
Barroco (lembremos que, nos movimentos Rococó e Neoclássico,
O contexto do Barroco está relacionado às grandes mu- a natureza era vista como sinônimo de equilíbrio, base do
danças ocorridas na Europa da Idade Moderna, especial- sistema racional). Além disso, passava-se a viver um perío-
mente aos eventos relacionados, em um primeiro momen- do histórico em que os indivíduos cada vez mais se afasta-
to, à Reforma Protestante, movimento que se sucedeu aos vam da noção de coletividade, entrando em um processo
questionamentos feitos por Martinho Lutero a respeito das de individualismo cada vez mais incisivo.
leituras bíblicas realizadas pela igreja católica.
Num segundo momento, temos uma agressiva reação por Impressionismo
parte da igreja católica, que, aproveitando-se de incertezas
que permeavam a mente das pessoas no período, reativou O Impressionismo foi um importante movimento que re-
o Tribunal do Santo Ofício, além de ter dado origem ao Ín- volucionou a pintura e abriu as portas para a chegada das
dex (o índice de livros proibidos) e à Companhia de Jesus. tendências da arte do século XX. Os artistas impressionis-
Toda essa pressão católica que recai sobre os indivíduos tas buscavam observar os efeitos da luz solar sobre obje-
se torna visível na arte barroca, que volta a explorar com tos em vários momentos do dia para poder registrar em
maior incidência os temas religiosos. suas obras as variações de cores da natureza. A pintura
No que diz respeito à parte estética, como resquício do Re- não apresentava dimensões realistas, mas sugeria (dava a
nascimento, há o aprofundamento do realismo das formas impressão ao espectador) a figuração de algo. Os artistas
corporais, com um trabalho mais frequente de arredonda- do Impressionismo não chegaram propriamente a formar
mento das figuras, o que ofereceu uma sensação maior uma escola ou movimento, apenas compartilharam algu-
de movimento às figuras que compunham a obra. Por fim, mas técnicas e procedimentos gerais. Os principais artistas
intensifica-se o trabalho com a técnica do Chiaroscuro, que do período foram Claude Monet e Pierre Auguste Renoir.

25
O Barroco e o Rococó no Brasil Segunda metade do
O Barroco no Brasil se desenvolveu do século XVII ao iní- século XIX no Brasil
cio do século XIX (quando já havia sido abandonado na
Europa). Sua maior expressão ocorreu na arquitetura e na Pintura acadêmica no Brasil
escultura, com predominância da temática religiosa. Já a e modernização da arte
pintura, em geral, foi realizada em afrescos dentro das igre-
jas, seguindo, evidentemente, o tema religioso. Em meados do século XIX, com a presença da família real
no Brasil, o país passou por um período de crescimento
No que diz respeito ao Rococó, algumas linhas desse estilo
econômico, estabilidade social e de incentivo às artes, cons-
foram absorvidas pelos arquitetos do período (uma maior
truído pelo governo do imperador Dom Pedro II. A presença
preocupação com o trabalho geométrico), mas sem que se
da Academia Imperial de Belas Artes fez com que o Brasil
bloqueassem por completo as influências barrocas. Nesse
passasse a ter produções de grandes pintores brasileiros.
sentido, o Rococó no Brasil não apresentou muitas diferen-
No entanto, como a pintura era estudada a partir de uma
ças em relação ao Barroco.
base acadêmica europeia, ela refletia ainda muitos dados
conservadores dessa escola, especialmente a preocupação
Primeira metade do século XIX no Brasil excessiva com o realismo

A influência estrangeira da missão francesa Superação do academicismo no Brasil


O início do século XIX no Brasil é marcado pela vinda da Os artistas que frequentavam a Academia Imperial se-
família real portuguesa. Dom João e sua comitiva desembar-
guiam padrões trazidos pela Missão Artística Francesa.
cam em território brasileiro, na Bahia, em 1808. No mesmo
O principal desses padrões consistia não numa simples
ano, se transferiram para o Rio de Janeiro. Oito anos depois,
imitação da realidade, mas em criar uma beleza ideal
em 1816, chegou ao Brasil, a pedido do rei, a Missão Artísti-
realística baseada na imitação dos modelos clássico,
ca Francesa, que consistia num conjunto de pintores que viria
a fazer importantes registros de paisagens muito variadas do notadamente dos gregos. Nesse sentido, o caráter rea-
Brasil. Dentre esses pintores, destacaram-se Nicolas-Antoine lista das obras era inspirado tanto no realismo europeu,
Taunay e Jean-Baptiste Debret. quanto nos parâmetros renascentistas. No entanto, em
finais do século XIX, muitos importantes artistas saíram
Esse mesmo grupo, no próprio ano de 1816, criou a Escola do país e, ao retornarem, trouxeram a influência de ou-
Real das Ciências, Artes e Ofícios. Mais tarde, no ano de
tras experiências artísticas, especialmente o Impressio-
1826, ela seria transformada na Academia Imperial de Be-
nismo e o Pontilhismo. Merecem destaque as obras dos
las-Artes, que traria para o Brasil, na segunda metade do
pintores Belmiro Barbosa de Almeida e de Eliseu D´An-
século XIX, as influências do Romantismo, do Realismo e
gelo Visconti, que incorporaram a técnica de sensações
até do Impressionismo.
a suas obras.

LEITURA DE IMAGENS III (A ARTE MODERNA)

Expressionismo
Movimento que surgiu entre os anos de 1904 e 1905 na Alemanha, inspirado na obra O grito (1893), de Edward Munch.
Surge especificamente como um movimento de reação ao Impressionismo pois, enquanto este último se preocupava prio-
ritariamente com as sensações provocadas pela luz, o Expressionismo desejava retratar as inquietações psicológicas do ser
humano no agitado início do século XX.

Cubismo
Movimento que surgiu a partir de Cézanne. A ideia dos cubistas era que os objetos se apresentassem a partir da ideia de um
cubo desdobrado / aberto, com todos os seus lados no plano frontal em relação ao observador. Esse gesto faz com que se
abandone a perspectiva e os dados tridimensionais.

26
Fauvismo A influência da arte moderna no Brasil
Foi um movimento pontual que surgiu na França em 1905. Lasar Segall foi o primeiro artista a colocar o Brasil em con-
O nome do movimento surge da palavra “fauves” (feras), tato com as experiências artísticas europeias, ainda antes
e foi dado pelo crítico de arte francês Louis Vauxcelles, por do início do movimento modernista. Na obra em destaque
conta do modo agressivo e intenso com que os artistas é possível notar a influência das vanguardas na arte bra-
usavam as cores puras, sem misturas ou matizes. sileira, especialmente as formas angulosas do cubismo e a
variação de cores do fauvismo.
Além do uso intenso de cores puras, os artistas do Fauvis-
mo operaram uma simplificação das formas apresentadas.
Todo esse trabalho com cores intensas e formas mais atí-
picas opera um deslocamento em relação a qualquer dado
que fosse mais realístico.

Abstracionismo
Talvez seja o movimento que operou o afastamento mais
radical da realidade. Caracteriza-se pela ausência de rela-
ção imediata entre as formas e as cores reais. Uma tela
abstrata não narra uma história, nem oferece dados plena-
mente reconhecíveis.
Foi um movimento que cresceu bastante durante o período
Anita Malfatti – O homem amarelo (1915)
relacionado a era moderna da pintura, ganhando até algu-
mas distinções, como o abstracionismo geométrico que, ao Anita Malfatti sofreu severas críticas de artistas mais con-
invés de dispersar formas, traços e cores, passava a organi- servadores quando da exposição de seu trabalho no Brasil,
zá-las de modo geométrico. no ano de 1917. Posteriormente, recebeu apoio de diversos
artistas que passavam a seguir as linhas de influência eu-
ropeia, sendo reconhecida hoje como uma das artistas que
Surrealismo mais chamou a atenção para os novos modelos de produção
O Surrealismo foi um movimento que esteve presente não do período, especialmente os trabalhos que envolviam o uso
só nas artes plásticas, mas também na literatura. Teve iní- das cores, como podemos ver em O homem amarelo.
cio sob a liderança do escritor André Breton e tinha como
Outro importante autor do movimento modernista brasilei-
objetivo provar que a arte não poderia ser resultado de
ro foi Vicente do Rego Monteiro. O autor viveu na Europa
operações racionais e lógicas, mas sim de pensamentos ab-
até 1917, quando retornou ao Brasil e participou da Sema-
surdos e ilógicos. Nesse sentido, a instância do sonho, por
na de Arte Moderna de 1922. As influências vanguardistas
exemplo, com suas imagens desconexas, passa a ser um
em sua obra são bastante notáveis, especialmente o traba-
ponto central para a estética surrealista. Além do sonho,
lho com as formas geométricas circulares.
os autores criavam “mecanismos” que os afastassem da
realidade no momento da criação (o artista surrealista Joan
Miró, por exemplo, costumava entrar em longos ciclos de
jejum, a fim de que as alucinações da fome orientassem as
imagens que surgiam em sua obra).

Futurismo
Como o próprio nome sugere, os futuristas valorizavam o fu-
turo e as modernizações que o acompanhavam. A velocidade
e os processos de mecanização passavam a fazer parte inte-
grante da sociedade, e os artistas desse movimento deseja-
vam incorporam as sensações e percepções que essa moder-
nidade trazia. As linhas retas que eram incorporadas a suas
telas tentavam reproduzir o movimento veloz das máquinas. Tarsila do Amaral – O mamoeiro (1925)

27
Tarsila também produziu uma obra que expressava a jun- Portinari foi outro importante pintor do período modernis-
ção das experiências vanguardistas – como os sólidos ta. Suas obras retratam com frequência as relações de tra-
modelos cubistas que usava em seus quadros – com a balho brasileiras (especialmente na terra) e o quanto elas
materialidade das vidas brasileiras, muitas vezes colocan- parecem ser duras com os indivíduos, que nos seus quadros
do temáticas que expressavam pontos de vista críticos em denotam sua força física por meio dos membros grandes e
relação aos problemas sociais do brasileiro, especialmente corpos volumosos, como vemos na imagem acima.
em suas relações de trabalho.

Monumento às bandeiras - Victor Brecheret (1936 – 1953)

Na escultura, o maior destaque do modernismo brasileiro


ficou por conta de Victor Brecheret, cujas obras afastaram-
-se da mera imitação da realidade e ganharam expressão
Candido Portinari – Café (1934) por meio de formas geométricas de linhas simples.

LEITURA DE IMAGENS IV (A ARTE CONTEMPORÂNEA)

A ampliação das bases artísticas Instalações


A arte contemporânea, para atingir o objetivo de criar ca- A palavra instalação entra em uso no fim da década de
minhos para que o espectador passe a integrar de alguma 1960, mas sua origem é em geral atribuída aos ready-ma-
maneira a obra artística, irá trabalhar com matrizes varia- des de Marcel Duchamp. Trata-se de montagens muitas
das que vão para além da pintura e da escultura tradicio- vezes tridimensionais que transformam o espaço de ex-
nais, passando a trabalhar com instalações em espaços, posição em um ambiente imersivo (que faça o espectador
performances corporais e fazendo uso da natureza. interagir ou tomar parte na obra).
A princípio, as instalações eram consideradas obras lo-
Pop Art calizadas, criadas muitas vezes para o espaço específico
O movimento tem seu início na década de 1960, e vale-se de uma galeria ou exposição. Com o passar dos anos,
de criações da civilização industrial a fim de constituir uma foram se estendendo para fora dos espaços dos museus e
crítica irônica da cultura comercial de massa contemporâ- passaram a ganhar as ruas ou mesmo as residências dos
próprios artistas, transformadas em instalações abertas
nea. As obras artísticas irão absorver:
à visitação.
§ as imagens dessa cultura consumista
Esse gesto de criar montagens amplas em espaços varia-
§ os dados do ambiente nacionalista americano dos tinha como objetivo zombar da ideia de que a arte era
§ os produtos de consumo em si comerciável e colecionável, consolidando uma nova ideia
de arte pela arte. É evidente que, com o passar dos anos,
§ os ícones da televisão, do rádio, dos quadrinhos e do muitos museus se modernizaram e passaram a constituir
cinema espaços que acolhessem melhor as instalações, e no que
Os artistas da Pop Art também se valem dessa estética do diz respeito à comercialização, quando não se vendia a
consumo para questionar os valores da arte, criando obras montagem em si, o mercado de arte negociava os estudos
que seriam mais despretensiosas justamente por operar preparatórios e as colagens que deram origem ao projeto,
uma linguagem mais popular. a fim de financiar os custos do projeto.

28
Novo realismo e arte performática Embora esse gesto remeta ao trabalho com os ready-ma-
des, que alguns anos antes havia sido incorporado pela
O novo realismo foi uma estética que surgiu em meados Pop Art, os artistas da arte povera julgavam a crítica ao
dos anos 1960, numa tentativa de se afastar de modo mais consumismo feita pela Pop Art muito esvaziada. Nesse sen-
rígido do expressionismo abstrato que dominava o fim da tido, o uso de materiais comuns ou de elementos da natu-
década de 1950. reza passava a ser uma maneira de desafiar as tradições e
Trata-se de uma estética que surge em um contexto de estruturas clássicas da arte.
pós-guerra, com crescentes avanços tecnológicos e grandes
mudanças políticas que exigiam uma postura da arte que Op art
voltasse a promover uma aproximação com a realidade.
Outra importante tendência contemporânea foi a Op art (o
Era comum aos novos realistas a incorporação em suas nome é uma abreviação para Optical Art). Seu objetivo era
obras de objetos que foram descartados no cotidiano, a criar uma interação com o espectador a partir de tentativas
fim de estabelecer uma crítica mais precisa às relações de de manipulação de sua percepção visual. Os artistas usa-
consumo, ao desperdício, ou a tudo aquilo que a guerra vam ilusões e efeitos ópticos nas obras para promover um
representa de negativo. efeito psicofisiológico sobre o observador.
Os artistas também se pautavam por uma ideia de “des-
truição criativa”, que resultava em ações ou performances Land art
em que os indivíduos passavam a ser, efetivamente, parte
A Land art surge em finais dos anos 1960 buscando no-
integrante da obra artística.
vos materiais, temas e lugares para a prática artística. Os
artistas desse movimento irão explorar o potencial da
Minimalismo paisagem e do meio ambiente tanto por seus materiais
Outro projeto contemporâneo importante foi o Minimalis- quanto por sua localização. A principal ideia era: a na-
mo. O movimento visava, por meio de traços e formatos tureza agora faria parte da obra, ao invés de apenas ser
bastante simplificados, criar sugestões para que o espec- representada por ela.
tador constituísse as figurações e ideias em torno da obra.
Os primeiros artistas da Land art foram americanos. Pos-
Foi um movimento que inspirou muitos trabalhos que pos-
teriormente, esse modelo estético se difundiu por outros
teriormente forma realizados no Brasil. O movimento ca-
países da Europa. As obras realizadas consistiam em escul-
racteriza-se por trabalhar com peças simples, com formas
turas de monumentos feitas com a própria natureza.
geométricas quadradas ou retangulares que, embora se
afastem de qualquer figuração mais precisa da realidade,
podem, em alguns casos, sugerir algo. Urban / Street art
A arte urbana se originou no fim da década de 1960 e
Arte conceitual início da década de 1970, na Filadélfia, com alguns gra-
A arte conceitual também surge em meados dos anos fiteiros pioneiros da região, e alguns anos depois ganha
1960 como um desafio às classificações impostas à arte notoriedade em Nova York. A princípio o grafite se con-
por museus e galerias, que costumavam afirmar ao público centrava na produção de “marcas”, que consistiam em
“isto é arte”. Nesse sentido, a arte conceitual vem como um pseudônimo resumido inscrito em qualquer superfície
um movimento que insere a pergunta: o que é arte? pública disponível.
As raízes da arte conceitual remontam ao Dadaísmo, e têm Em momento posterior, as marcas evoluíram para “peças”,
como objetivo colocar um conceito à frente da obra de arte que eram ilustrações caligráficas grandes e extremamente
em si. Nesse sentido, promove-se uma reflexão não sobre o complexas, feitas com o uso de latas de tinta spray e cuja
objeto, mas sobre a ideia que está sobre esse objeto. Ela foi principal mídia, se não única, era o sistema de transporte
operada por meio de pinturas, esculturas e até performances. público, principalmente o metrô de Nova York.

Arte povera Arte contemporânea no Brasil


A Arte povera, cuja tradução mais direta do italiano seria No Brasil, a arte contemporânea também seguiu as ten-
“arte pobre”, consistiu em um movimento que se afirma- dências que vimos nas escolas anteriores. Encontramos,
va como antielitista, e por esse motivo suas composições às vezes, estéticas mais definidas (vinculadas a um estilo
eram realizadas sempre com materiais muito simples, vin- determinado) e em outros momentos encontramos cruza-
dos da natureza ou mesmo do lixo. mentos estéticos.

29
Arte concreta (1950 – 1960) O Manifesto Neoconcreto, apoiando-se na filosofia de
Merleau-Ponty, recuperava o humano, reabilitando o
Entre os anos 1950 e 1960, durante o governo de Jusceli- sensível, procurando-o fazer fundamento de um conhe-
no Kubitschek, o Brasil começa a apresentar grande cresci- cimento real. Tinha a intenção de revitalizar o relaciona-
mento econômico e avanços no campo da industrialização
mento do sujeito com seu trabalho. Nesse período, desta-
(que geraram aspirações em relação ao trabalho) e tam-
cam-se as obras de Hélio Oiticica e Lygia Clark.
bém no da comunicação. A partir desses avanços, a arte
concreta busca uma maior integração do trabalho de arte
com a ideia de produção e avanço industrial.
Outras experiências
contemporâneas (pós-1970)
As obras apresentam maior crença na tecnologia, grande
rigor geométrico, e na matemática, estruturando ritmos e As produções artísticas mais recentes do Brasil preservam
relações. O desenho das obras é preciso, feito com régua a integração entre o espectador e a obra. Para isso, os ar-
e compasso, e utiliza, tanto no suporte, quanto na maté- tistas se valem do acúmulo das várias experiências que
ria prima, materiais industrializados produzidos em série, ocorreram fora do país.
como ferro, alumínio, tinta esmalte, entre outras. Entre as várias bases estéticas, vemos a apropriação de
materiais do cotidiano, com proposta de releitura de ob-
Arte neoconcreta (1960 – 1970) jetos utilizados e ruptura com os suportes tradicionais
A arte neoconcreta surge em meio ao início da tensão políti- (destacando-se, mais uma vez, a escultura e a arquitetura).
ca e cultural que toma o país, além do início do regime militar Outro ponto importante é a exteriorização da obra de arte
no país. Seu projeto estético visava denunciar o excesso de (ela não se encontra apenas em museus, mas busca ou-
dogmatismo da estética anterior (concretismo), fazendo arte tros espaços). Também temos uma resistência ao excesso
segundo “receitas preestabelecidas”, e que terminavam - ao de racionalismo visto no concretismo. Mais recentemente,
invés de integrar a arte na vida - submetendo-a a um esque- ela também passa a se apropriar de discursos identitários
ma de produção de potencial crítico e artístico zero. (minorias e margens).

LEITURA DE IMAGENS V (A FOTOGRAFIA)

A fotografia surge no ano de 1839, a partir de uma pa- c) Instantaneidade e efeito


tente mecânica criada por Louis Jacques Daguere (o da-
guerreótipo). A partir daí, o aparelho fotográfico o apare- Uma das grandes dimensões estéticas do início da fotogra-
lho fotográfico evoluiu e permitiu a criação de diferentes fia consistia em tentar, dentro das limitações do aparelho,
momentos e escolas de fotografia. criar imagens de tons mais naturalistas, que dessem uma
real dimensão de registros da natureza, especialmente no
que diz respeito aos usos de luz.
Fotografia no século XIX
d) Ruas e sociedade
a) Imagens no daguerreótipo
A partir do momento em que começam a se tornar mais
As primeiras imagens no daguerreótipo, embora simples, “portáteis”, as câmeras fotográficas passam a ser utiliza-
muitas vezes eram manipuladas de modo a conseguir pers- das pelos artistas para registrar as mazelas sociais, resulta-
pectivas estéticas mais profundas. do da intensificação das desigualdades sociais na Europa
da segunda metade do século XIX.
b) Primeiros testemunhos fotográficos
Já na segunda metade do século XIX, encontram-se re- e) Fotografia e ciência
gistros fotográficos que testemunhavam grandes eventos Entre meados e fins do século XIX, um número cada vez
como encontros, batalhas ou descobertas científicas. maior de cientistas se voltou para a fotografia a fim de do-
cumentar fenômenos e eventos naturais, assim como ob-
servar humanos e animais e suas relações de movimento.

30
Fotografia da primeira e) Fotografias de rua
metade do século XX As fotografias de rua colocavam em prática a ideia do “ins-
tantâneo”, que consistiam em fotografias que registravam
A fotografia da era moderna esteve muitas vezes próxima
momentos muito particulares do cotidiano em enquadra-
das estéticas estudadas na pintura. A fotografia da primeira
mentos muitas vezes específicos ou inusitados.
metade do século XX nos mostra as primeiras tentativas de
amadurecimento estético do gênero.
Fotografia da segunda metade
a) Trabalho mais cuidadoso com a imagem do século XX até os dias atuais
Na segunda metade do século XX, até nossos dias, a fo-
tografia apresenta grandes avanços. Em alguns momen-
tos, seguirá mais próxima das perspectivas que vemos
na pintura e, em outros, apresentará características mais
particulares.

a) Performance e participação
A fotografia também explorou, assim como a pintura, pers-
pectivas relacionadas ao espectador participante em rela-
ções que envolviam performances.

b) Documentário
A fotografia também explorou as relações que documen-
tam grandes problemas sociais. Em geral, são fotografias
marcas por forte intencionalidade, com objetivo de cons-
cientizar por meio do choque.
Herbert Ponting – Gruta num iceberg, o Terra nova à distancia (1911)

Vemos que a imagem de Herbert Ponting já explora re- c) Paisagem alterada pelo homem
lações de forma e profundidade, além de uma atenção
A fotografia também atendeu a demandas relacionadas a
bem específica para a questão da entrada de luz no espa-
denúncias sobre degradação do meio ambiente; denúncias
ço. Também o cuidado “temporal” de fazer o registro no
essas que, muitas vezes, geraram fotografias memoráveis.
exato momento em que um barco passa ao fundo.

b) Registro de guerra d) Fotografia e globalização


Muitos artistas também discutiram as consequências (positi-
O trabalho fotográfico passa a fazer parte do registro de
vas e negativas) da globalização no mundo contemporâneo.
guerras na primeira metade do século XX. Os registros, até
hoje marcantes, nos dão uma dimensão do absurdo e da
violência que envolveram tais acontecimentos.

c) Experimentação e abstração
As perspectivas do abstracionismo também alcançaram
a fotografia. Na tentativa de amadurecer o gênero este-
ticamente, surgiram registros fotográficos que distorciam
a figuração.
Wang Qingsong – Siga-me (2003)
d) Surrealismo
O surrealismo também teve parte de sua atuação vincula- e) Rebelião e conflito
da à fotografia. A mesma perspectiva do sonho e do ab- Também foram realizados importantes registros a respeito
surdo que víamos na pintura também pode ser encontrada de rebeliões e conflitos (e suas consequências) que abala-
na fotografia. ram o mundo na segunda metade do século XIX.

31
QUADRINHOS, TIRINHAS, CHARGES E CARTUNS

Quadrinhos Tirinhas

Trata-se de um gênero textual que mais comumente apre-


senta temática humorística, mas também encontraremos
(especialmente no vestibular) tirinhas de cunho social ou
político, satíricas ou metafísicas (que propõem reflexões
existenciais).

Charges
Trata-se de um gênero que, trabalhando com as lin-
guagens verbal e não verbal, precisa estar em conso-
nância com os conhecimentos de mundo do interlo-
cutor, uma vez que o entendimento da mensagem só
será efetivado se houver compreensão de contextos
determinados.

As histórias em quadrinhos são, em geral, publicadas no


formato de revistas, livros ou em tiras veiculadas em re-
Cartuns
vistas e jornais. Aliás, tendo em vista as dimensões do Trata-se, portanto, de um gênero que, trabalhando com as
vestibular (elaborado com provas que não possuem gran- linguagens verbal e não verbal, não depende de conheci-
de espaço), o tipo mais comum de quadrinho que encon- mento de mundo mais específico, pois aborda situações
tramos são as “tiras”. mais amplas.

O GÊNERO PUBLICITÁRIO

Entende-se por gênero publicitário aquele que tem como objetivo principal fazer com que o interlocutor/ouvinte tome parte
em alguma causa, seja ela comprar um produto ou aderir a uma ideia. São textos de cunho persuasivo, por isso estão com-
pletamente ligados à função apelativa/conativa da linguagem.
Os textos publicitários estão fortemente inseridos na sociedade contemporânea e, por esse motivo, estão presentes em mui-
tos vestibulares. Ao lado do gênero jornalístico, é dos que apresenta maior número de questões registradas.
A respeito do texto publicitário é sempre importante pensar a sua circulação e sua recepção.
A linguagem dos textos publicitários é marcada por uma maior flexibilidade em relação à gramática normativa. Como o
objetivo básico desses textos é atingir rapidamente o interlocutor, é necessário que se opte, em alguns momentos, por uma
linguagem mais coloquial/informal. Portanto, encontraremos muito frequentemente anúncios publicitários cujos textos
apresentam “desvios” em relação à norma padrão.

32
TEXTO JORNALÍSTICO

Dos vários tipos de gêneros existentes, o jornalístico é um


dos mais amplos, pois envolve características pertencentes
Artigo de opinião e editorial
a vários tipos de composição textual. Por esse motivo é Os artigos de opinião e editoriais também são parte do
também um dos gêneros mais trabalhados em provas de gênero jornalístico e têm como característica serem textos
vestibulares e no ENEM. que articulam notícias a partir de elementos argu-
mentativos. Existem algumas pequenas diferenças entre
A notícia os dois estilos de texto. O artigo expressa um ponto de
vista da pessoa que o assina, e geralmente aborda ques-
A notícia é um dos elementos que compõem o gênero jor- tões sociais, políticas e culturais. Sua condução é feita com
nalístico. Está espalhada pelos mais diversos meios de co- elementos argumentativos que tentam persuadir o leitor
municação (jornais, revistas, rádio, internet). Tecnicamente, da opinião que está sendo apresentada.
podemos dizer que a notícia se caracteriza pelo puro
registro de fatos, sem que haja a emissão de opi- Já o editorial manifesta a opinião não de um indivíduo, mas
nião da pessoa que a escreve. O objetivo básico de de um órgão de imprensa como um todo, por esse moti-
uma notícia é transmitir informações a um leitor de ma- vo não é assinado por um particular (não expressa ponto
neira objetiva e precisa. A partir dessa definição, podemos de vista particular). Costumam abordar temas de grande
inferir que a notícia trabalha pelos mesmos termos da fun- projeção nacional ou internacional, também sobre temas
ção referencial da linguagem (buscar informações de um sociais, políticos ou culturais. Embora sua condução tam-
referente no mundo, e transmiti-las objetivamente). bém apresente elementos argumentativos de persuasão, o
editorial costuma ser mais equilibrado e informativo do que
o artigo de opinião.
Reportagem
A reportagem também é um tipo de gênero jornalístico que
costuma apresentar textos mais longos e bastante detalha-
dos. A reportagem costuma retratar a observação direta de
um repórter sobre acontecimentos e situações específicas.

TEXTOS TÉCNICOS E CIENTÍFICOS

Também conhecidos como injuntivos, os textos técnicos são utilizados não apenas como elemento informativo, mas princi-
palmente como elemento instrucional (que ensina alguém a fazer algo a respeito de algum assunto). É um tipo de texto que
muitos confundem com o texto de divulgação científica, uma vez que ambos são escritos por um especialista da área. Mas
há uma diferença essencial: no texto técnico há a preferência por uma linguagem mais especializada (complexa), enquanto
os textos de divulgação científica têm como objetivo apresentar para o grande público uma pesquisa científica/técnica em
linguagem mais acessível. Essa diferença na abordagem se dá justamente por conta dos objetivos finais desses textos: cien-
tífico informa e divulga; técnico informa e ensina.

33
U.T.I. - Sala 3. (UNESP 2018) Examine a tira do cartunista argentino
Quino (1932-) para responder à questão a seguir
1. (UNICAMP) Ao analisar A primeira missa no Brasil,
obra de 1860, feita por Victor Meirelles e exposta atu-
almente no Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de
Janeiro, o historiador Rafael Cardoso inseriu o quadro
no gênero da pintura histórica. Para o autor, tal gênero
“deveria partir de um grande e elevado tema e mostrar
o domínio do pintor de um amplo leque de informações
não pictóricas. Ou seja, em meados do século XIX, tanto
a correção da indumentária representada quanto o es-
pírito cívico da obra eram sujeitos a exame detalhado.
O quadro teria grandes formatos, composições comple-
xas e perfeito acabamento. A realização de uma pintura
assim poderia levar anos e geralmente correspondia a
um atestado de amadurecimento do pintor.”
Adaptado de Rafael Cardoso, A arte brasileira em 25 quadros
(1790-1930). Rio de Janeiro/São Paulo: Record, 2008, p. 54-55.

a) Na tira, o que cada um dos dois grupos de pessoas


representa?
b) Em português, empregamos a seguinte expressão:
“o tiro saiu pela culatra”. Explicite o sentido dessa ex-
pressão e a relacione com a crítica veiculada pela tira.

4. (UNICAMP)

TEXTO I
Entre 1995 e 2008, 12,8 milhões de pessoas saíram da
condição de pobreza absoluta (rendimento médio do-
miciliar per capita até meio salário mínimo mensal),
permitindo que a taxa nacional dessa categoria de po-
breza caísse 33,6%, passando de 43,4% para 28,8%.
a) Explique as razões pelas quais podemos considerar No caso da taxa de pobreza extrema (rendimento médio
que a obra em questão é baseada em uma noção de domiciliar per capita de até um quarto de salário míni-
história oficial e heroica. mo mensal), observa-se um contingente de 13,1 milhões
b) Qual era a visão predominante dos integrantes da de brasileiros a superar essa condição, o que possibilitou
Semana de Arte Moderna de 1922 em relação à arte reduzir em 49,8% a taxa nacional dessa categoria de po-
acadêmica? Justifique sua resposta. breza, de 20,9%, em 1995, para 10,5%, em 2008.
(Dimensão, evolução e projeção da pobreza por região e por
2. (FUVEST) Examine estas imagens, que reproduzem, estado noBrasil, Comunicados do IPEA, 13/07/2010, p. 3.)
em preto e branco, dois quadros da pintura brasileira.
TEXTO II

a) Podemos relacionar os termos miséria e pobreza,


a) Identifique o movimento artístico a que elas per- presentes no TEXTO II, a dois conceitos que são abor-
tencem e aponte uma característica de sua proposta dados no TEXTO I. Identifique esses conceitos e expli-
estética. que por que eles podem ser relacionados às noções de
b) Cite e caracterize um evento brasileiro importante miséria e pobreza.
relacionado a esse movimento. b) Que crítica é apresentada no TEXTO II? Mostre
como a charge constrói essa crítica.

34
5. (FUVEST) Examine a seguinte matéria jornalística:

Sem-teto usa topo de pontos de ônibus em SP como cama

Às 9h desta segunda (17), ninguém dormia no ponto de ônibus da rua Augusta com a Caio Prado. Ninguém a não ser
João Paulo Silva, 42, que chegava à oitava hora de sono em cima da parada de coletivos.

“Eu sempre durmo em cima desses pontos novos. É gostoso. O teto tem um vidro e uma tela embaixo, então não dá
medo de que quebre. É só colocar um cobertor embaixo, pra ficar menos duro, e ninguém te incomoda”, disse Silva
depois de acordar e descer da estrutura. No dia, entretanto, ele estava sem a coberta, “por causa do calor de matar”.
Por não ter trabalho em local fixo (“Cato lata, ajudo numa empresa de carreto. Faço o que dá”), ele varia o local de
pouso. “Às vezes é aqui no centro, já dormi em Pinheiros e até em Santana. Mas é sempre nos pontos, porque eu não
vou dormir na rua”.
www1.folha.uol.com.br, 19/03/2014. Adaptado.

a) Qual é o efeito de sentido produzido pela associação dos elementos visuais e verbais presentes na imagem acima? Explique.
b) O vocábulo “pra”, presente nas declarações atribuídas a João Paulo Silva, é próprio da língua falada corrente e informal.
Cite mais dois exemplos de elementos linguísticos com essa mesma característica, também presentes nessas declarações.

U.T.I. - E.O.
1. (UNICAMP 2019) O texto a seguir, publicado junto com a charge abaixo, foi escrito em homenagem a Marielle
Franco, mulher negra, da favela, socióloga, vereadora do Rio de Janeiro. Defensora dos Direitos Humanos, Marielle foi
morta a tiros no dia 14 de março de 2018, no Estácio, região central da cidade.

O luto por Marielle me conduz ao poema A flor e a náusea de Carlos Drummond, cada dia mais atual, nos lembrando
que “o tempo não chegou de completa justiça. O tempo é ainda de fezes, maus poemas, alucinações e espera”. Ele
pergunta: “Posso, sem armas, revoltar-me?”. O inimigo está com a faca, o queijo, os fuzis e as balas na mão, o que
aumenta nosso sentimento de impotência. Drummond me mostra a flor furando “o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio”
e, dessa forma, “me salvo e dou a poucos uma esperança mínima”. A poesia, território onde os assassinos não entram,
tem esse poder milagroso de colocar ao nosso alcance a arma da razão com muita munição de esperança.
(Adaptado de José Ribamar Bessa Freire, “Uma toada para Marielle: a flor que fura o asfalto”. A charge
de Quinho foi encontrada na internet pelo autor da crônica. Disponível em http://www.taquiprati.com.br/
cronica/1387-uma-toada-para-marielle-a-flor-que-fura-o-asfalto. Acessado em 03/09/2018.)

a) Segundo o dicionário Michaelis, “estar com a faca e o queijo na mão” significa “ter poder amplo e irrestrito”. Como
isso aparece no trecho da crônica e na charge?
b) Como a ideia de “munição de esperança” está expressa na charge e no poema citado?

35
2. (FUVEST 2019) Examine o anúncio e leia o texto.
I.

II. Art. 149 Reduzir alguém a condição análoga à de escravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados ou a jornada
exaustiva, quer sujeitando-o a condições degradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer meio, sua locomoção
em razão de dívida contraída com o empregador ou preposto: Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa, além da pena
correspondente à violência.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2003/L10.803.htm

a) Explique a relação de sentido entre os trechos (I) “Escravidão no Brasil não é analogia” e (II) “Reduzir alguém a con-
dição análoga à de escravo”.
b) Qual a relação entre o uso da imagem sobre um fundo escuro e o texto do anúncio?

3. (UNESP 2018) Examine as tiras do cartunista americano Bill Watterson (1958 - ).

a) Na tira 1, como o garoto Calvin interpreta o choro da mãe? Reescreva a última fala de Calvin, substituindo o verbo
“antropomorfiza” por outro de sentido equivalente.
b) Na tira 2, a pergunta do tigre Haroldo poderia ser considerada uma resposta para a pergunta de Calvin? Justifique.

4. (UNICAMP 2018) Canção é tudo aquilo que se canta com inflexão melódica (ou entoativa) e letra. Há um “artesana-
to” específico para privilegiar ora a força entoativa da palavra ora a forma musical; nem só poesia nem só música. Um
dos equívocos dos nossos dias é justamente dizer que a canção tende a acabar porque vem perdendo terreno para
o rap! Ora, nada é mais radical como canção do que uma fala que conserva a entoação crua. A fala no rap é entoada
com certa regularidade rítmica, o que a torna diferente de uma fala usual. Apesar de convivermos hoje “com uma
diversidade cancional jamais vista”, prevalece na mídia, nos meios cultural e musical “a opinião uniforme de que es-
tamos mergulhados num ‘lixo’ de produção viciada e desinteressante”. Vivemos uma descentralização, com eventos

36
musicais ricos e variados, “e a força do talento desses a censurar”. E acrescenta que o sistema educacional
novos cancionistas também não diminuiu”. moldava o pensamento dos alunos com “a ideia de que
O rap serve-se da entoação quase pura, para transmitir só existe uma resposta correta.”
informações verbais, normalmente intensas, sem per- Abordando o sentido crítico da escolha desse formato
der os traços musicais da linguagem da canção. Seu for- para a narrativa, o autor explica à Cult que, tendo sido
mato, menos música mais fala, é ideal para se fazer pro- criado nesse sistema, interessava-lhe mais a autocríti-
nunciamentos, manifestações, revelações, denúncias, ca. Escrevendo uma espécie de novela, lembrou-se da
etc., sem que se abandone a seara cancional. Podemos
prova e começou a brincar com esse formato. “No co-
dizer que o trabalho musical, no rap, é para restabelecer
meço foi divertido, como imitar as vozes das pessoas,
as balizas sonoras do canto, mas nunca para perder a
concretude da linguagem oral ou conter a crueza e o mas logo me dei conta de que também imitava minha
peso de seus significados pessoais e sociais. Atenuar a própria voz, até que de repente entendi que esse era o
musicalização é reconhecer que as melodias cantadas livro. A paródia e a autoparódia, a crítica e a autocrítica,
comportam figuras entoativas (modos de dizer) que o humor e a dor...” O formato de prova oferece diversas
precisam ser reveladas por suas letras. opções para completar e interpretar cada resposta, mas
(Adaptado de Luiz Tatit. Artigos disponíveis em http://www.luiztatit.
pede ao leitor um movimento duplo de leitura: testar
com.br/artigos/artigo?id=29/Cancionistas- Invis%C3%ADveis. possibilidades de respostas e erigir uma opção única e
html e http://www.scielo.br/pdf/rieb/n59/0020-3874- arbitrária. Zambra esclarece: “me interessam todos es-
rieb-59-00369.pdf. Acessados em 11/12/2017.) ses movimentos da autoridade. A ilusão de uma respos-
ta, por exemplo. Creio que este é um livro sobre a ilusão
A partir da leitura dos textos acima,
de uma resposta. Nos ensinaram isso, que havia uma
a) aponte dois argumentos de Luiz Tatit que defen- resposta única, e logo descobrimos que havia muitas
dem a ideia de que o rap é um tipo de canção. e isso às vezes foi libertador e outras vezes foi terrível.
b) cite duas características, apresentadas nos textos, Quem sabe algumas vezes nós também quisemos que
que corroboram que o rap é uma forma ideal de “can- houvesse uma resposta única.”
ção de protesto”.
(Adaptado de entrevistas de Alejandro Zambra concedidas ao
jornal Folha de São Paulo e à revista Cult em maio de 2017.
5. (UNICAMP 2018) Leia a seguir trechos das entrevistas
Disponíveis em https://revistacult.uol.com.br/home/alejandro-
concedidas pelo escritor chileno Alejandro Zambra ao zambra-multipla-escolha/ e em http://www1.folha.uol.com.br/
jornal Folha de São Paulo e à revista Cult sobre seu livro ilustrada/2017/05/1885551 -literatura-esta-ligada-a-desordem-diz-
Múltipla Escolha, lançado no Brasil em 2017. A obra imita escritor-chileno-alejandro-zambra.shtml. Acessados em 11/12/2017.)
o formato da Prova de Aptidão Verbal aplicada de 1966 a
2002 aos candidatos a vagas em universidades no Chile. a) Cite dois fatores que levaram Zambra a adotar a
forma narrativa empregada em Múltipla Escolha.
Falando à Folha, Zambra afirma que havia na prova de
múltipla escolha “uma grande sintonia com a ditadura b) Por que Múltipla Escolha não funciona como a Pro-
chilena. Para entrar na universidade, teríamos que saber va de Aptidão Verbal chilena? Justifique sua resposta
eliminar as orações. Havia censura, e nos aconselhavam com base no tipo de leitor solicitado pela obra.

6. (UNESP) Examine a tira do cartunista argentino Quino (1932- ).

Pelo conteúdo de sua redação, depreende-se que o personagem Manuel Goreiro (o “Manolito”), além de estudar,
exerce outra atividade. Transcreva o trecho em que esta outra atividade se mostra mais evidente.
No trecho “As lojas fecham mais tarde por quê não escurese mais tamcedo”, verificam-se alguns desvios em relação
à norma-padrão da língua. Reescreva este trecho, fazendo as correções necessárias.
Por fim, reescreva o trecho final da redação (“nós ficamos muito mais contentes com a primavera com a chegada
dela”), desfazendo a redundância nele contida.

37
7. (UNICAMP) Leia o excerto abaixo, adaptado do ensaio “Para que servem as humanidades?”, de Leyla Perrone-Moisés.
As humanidades servem para pensar a finalidade e a qualidade da existência humana, para além do simples alon-
gamento de sua duração ou do bem-estar baseado no consumo. Servem para estudar os problemas de nosso país
e do mundo, para humanizar a globalização. Tendo por objeto e objetivo o homem, a capacidade que este tem de
entender, de imaginar e de criar, esses estudos servem à vida tanto quanto a pesquisa sobre o genoma. Num mundo
informatizado, servem para preservar, de forma articulada, o saber acumulado por nossa cultura e por outras, estilha-
çado no imediatismo da mídia e das redes. Em tempos de informação excessiva e superficial, servem para produzir
conhecimento; para “agregar valor”, como se diz no jargão mercadológico. Os cursos de humanidades são um es-
paço de pensamento livre, de busca desinteressada do saber, de cultivo de valores, sem os quais a própria ideia de
universidade perde sentido. Por isso merecem o apoio firme das autoridades universitárias e da sociedade, que eles
estudam e à qual servem.
Adaptado de Leyla Perrone-Moisés, Para que servem as humanidades? Folha de São Paulo, São Paulo, 30 jun. 2002, Caderno Mais!.

a) As expressões “agregar valor” e “cultivo de valores”, embora aparentemente próximas pelo uso da mesma palavra,
produzem efeitos de sentido distintos. Explique-os.
b) Na última oração do texto, são utilizados dois elementos coesivos: “eles” e “à qual”. Aponte a que se refere, respecti-
vamente, cada um desses elementos.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

Examine este anúncio de uma instituição financeira, cujo nome foi substituído por X, para responder às questões a
seguir.

8. (FUVEST) Compare os diversos elementos que compõem o anúncio e atenda ao que se pede.
a) Considerando o contexto do anúncio, existe alguma relação de sentido entre a imagem e o slogan “É DIFERENTE
QUANDO VOCÊ CONHECE”? Explique.
b) A inclusão, no anúncio, dos ícones e algarismos que precedem o texto escrito tem alguma finalidade comunicativa?
Explique.

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9. (FUVEST) a) Aponte dois recursos expressivos empregados pelo
poeta na expressão “terrível prenda”.
Limite inferior b) Reescreva a resposta de Tom Jobim, eliminando as
marcas de coloquialidade que ela apresenta e fazen-
Aprendi muito com o economista-filósofo Roberto de
do as alterações necessárias.
Oliveira Campos, particularmente quando tive a honra
e a oportunidade de conviver com ele durante anos na 11. (UNICAMP) TENHO PENA DOS ASTRÔNOMOS.
Câmara dos Deputados. Sentávamos juntos e assistía- Eles podem ver os objetos de sua afeição – estrelas,
mos aos mesmos discursos, alguns muito bons e sábios. galáxias, quasares – apenas remotamente: na forma de
Frequentemente, diante de alguns incontroláveis cole- imagens e telas de computador ou como ondas lumino-
gas que exerciam uma oratória de alta visibilidade, com sas projetadas de espectrógrafos antipáticos.
os dois braços agitados tentando encontrar uma ideia, Mas, muitos de nós, que estudam planetas e asteroi-
Roberto me surpreendia com a afirmação: “Delfim, aca- des, podem acariciar blocos de nossos amados corpos
bo de demonstrar um teorema”. E sacava uma mordaz celestes e induzi-los a revelar seus mais íntimos segre-
conclusão crítica contra o incauto orador. dos. Quando eu era aluno de graduação em astronomia,
Um belo dia, um falante e conhecido deputado ensurde- passei muitas noites geladas observando por telescópios
ceu o plenário com uma gritaria que entupiu os ouvidos aglomerados de estrelas e nebulosas e posso garantir
dos colegas. A quantidade de sandices ditas no longo que tocar um fragmento de asteroide é mais gratificante
discurso com o ar de quem estava inventando o mundo emocionalmente: eles oferecem uma conexão tangível
fez Roberto reagir com incontida indignação. Soltou de com o que, de outra forma, pareceria distante e abstrato.
supetão: “Delfim, construí um axioma, uma afirmação Os fragmentos de asteroides que mais me fascinam são
preliminar que deve ser aceita pela fé, sem exigir prova: os condritos. Esses meteoritos, que compõem mais de
a ignorância não tem limite inferior”. E completou, com 80% dos que se precipitam do espaço, derivam seu nome
a perversidade de sua imensa inteligência: “Com ele dos côndrulos que praticamente todos contêm - minús-
poderemos construir mundos maravilhosos”. culas esferas de material fundido, muitas vezes menores
NETTO, Antonio Delfim, Folha de S. Paulo, 17/09/2014. Adaptado. do que um grão de arroz. (...) Quando examinamos finas
fatias de condritos sob um microscópio, ficamos sensibi-
a) Explique por que o axioma formulado por Roberto lizados da mesma maneira como quando contemplamos
de Oliveira Campos tornaria possível “construir mun-
pinturas de Wassily Kandinsky e outros artistas abstratos.
dos maravilhosos”.
b) Identifique o trecho do texto que explica o empre- (Alan E. Rubin*, Segredos dos meteoritos primitivos.
Scientific American Brasil. março 2013, p. 49.)
go da expressão “oratória de alta visibilidade”.
* Alan E. Rubin é geofísico e leciona na Universidade da Califórnia.
10. (FUVEST) Entrevistado por Clarice Lispector, para a
pergunta “Como você encara o problema da maturi- a) Esse trecho, que introduz um artigo científico sobre
dade?”, Tom Jobim deu a seguinte resposta: “Tem um meteoritos primitivos, apresenta um estilo pouco usual
verso do Drummond que diz: ‘A madureza, esta horrível nessa espécie de texto. Indique duas expressões no-
prenda...’ Não sei, Clarice, a gente fica mais capaz, mas minais ou verbais do texto que identificam esse estilo.
também mais exigente”. b) Nesse trecho, ocorre uma alternância entre o uso
Nota: O verso citado por Tom Jobim é o início do poema da primeira pessoa do singular e o da primeira pessoa
“A ingaia ciência”, de Carlos Drummond de Andrade, e do plural. Dê uma justificativa para o uso dessa alter-
sua versão correta é: “A madureza, essa terrível prenda”. nância na passagem.

12. (UNICAMP)

a) Os infográficos apresentam informações de forma sintética, utilizando imagens, cores, organização gráfica, etc. Indique
dois exemplos, do infográfico reproduzido acima, em que a informação é apresentada por meio de linguagem não verbal.
b) Considerando o veículo em que foi publicado, a revista Planeta Sustentável, qual é a finalidade desse infográfico?

39
13. (UNICAMP) 15. (UNICAMP) Leia a propaganda (adaptada) da Funda-
ção SOS Mata Atlântica reproduzida abaixo e responda
às questões propostas.

A intervenção urbana acima reproduzida foi criada pelo


Coletivo Transverso, um grupo envolvido com arte urba-
na e poesia, que afixou cartazes como esses em muros
de uma grande cidade.
a) Que outro texto está referido em “SEGURO MOR-
REU DE TÉDIO”?
a) Há no texto uma expressão de duplo sentido sobre
b) A relação entre os dois textos – o do cartaz e aquele
a qual o apelo da propaganda é construído. Transcre-
a que ele remete - é importante para a interpretação
va tal expressão e explique os dois sentidos que ela
dessa intervenção urbana? Justifique sua resposta.
pode ter.
14. (FUVEST) Leia este texto: b) Há também uma ironia no texto da propaganda,
Entre 1808, com a abertura dos portos, e 1850, no auge que contribui para o seu efeito reivindicativo, expres-
da centralização imperial, modificara-se a pacata, fecha- sa no enunciado: “Aproveita enquanto tem água.”
da e obsoleta sociedade. O país europeizava-se, para Explique a ironia contida no enunciado e a maneira
escândalo de muitos, iniciando um período de progres- como ele se relaciona aos elementos visuais presen-
so rápido, progresso conscientemente provocado, sob tes no cartaz.
moldes ingleses. O vestuário, a alimentação, a mobília
mostram, no ingênuo deslumbramento, a subversão dos
hábitos lusos, vagarosamente rompidos com os valores
culturais que a presença europeia infiltrava, justamente
com as mercadorias importadas. O contato litorâneo das
duas culturas, uma dominante já no período final da se-
gregação colonial, articula-se no ajustamento das econo-
mias. Ao Estado, a realidade mais ativa da estrutura so-
cial, coube o papel de intermediar o impacto estrangeiro,
reduzindo-o à temperatura e à velocidade nativas.
Raymundo Faoro, Os donos do poder.
a) Considerado o contexto, é inteiramente adequado
o emprego, no texto, das expressões “europeizava-
-se” e “presença europeia”? Explique sucintamente.
b) As palavras “litorâneo” e “temperatura” foram
usadas, ambas, no texto, em seu sentido literal? Jus-
tifique sua resposta.

40
LITERATURA

41
SEGUNDA FASE DO MODERNISMO: PROSA

Características do romance regionalista dos anos 1930


Um Realismo crítico
Graciliano Ramos, José Lins do Rego, Jorge Amado, José Américo de Almeida, Rachel de Queiroz e Erico Verissimo formam o
elenco de escritores que inaugurou, no século XX, a linha do Realismo crítico, representando problemas gerais do Brasil e outros
específicos de determinadas regiões.
O movimento em questão em nada se relacionava ao mero pitoresco regional ou às situações folclóricas particulares de cada
local. Trata-se de uma literatura que traz para a reflexão problemas sociais marcantes do momento em que as obras foram escritas.
Destinado a provocar a conscientização, o romance regionalista tem como proposta criticar para denunciar uma questão social,
contribuindo, assim, para sua solução.

Os regionalismos
Para uma melhor compreensão da literatura regionalista crítica que se desenvolveu a partir dos anos 1930, é possível dividir a
produção ficcional em vários aspectos regionalistas.

Romances da seca nordestina


São aqueles cuja temática centrou-se na grande tragédia cíclica nordestina: a seca. O principal enfoque dos romancistas
nordestinos volta-se para a figura do vaqueiro e de sua família, flagelados no tempo da seca, expostos à inclemência da
fome e da falta de trabalho.
Um quadro comum aos romances regionalistas da seca é o retirante, andando com seus familiares em busca de abrigo e de
comida, cena que aparece tanto em O quinze, de Rachel de Queiroz, como em A bagaceira, de José Américo de Almeida, e,
sobretudo, no eixo do já clássico Vidas secas, de Graciliano Ramos.
Quadro geral do regionalismo dos anos 1930

autores obra principal região/assunto


José Américo de Almeida A bagaceira Sertão nordestino/seca
Rachel de Queiroz O quinze Sertão nordestino/seca
Graciliano Ramos Vidas secas Sertão nordestino/seca
José Lins do Rego Fogo morto Sertão nordestino/engenho e cangaço
Jorge Amado Gabriela, cravo e canela Sertão nordestino/cacau, religião e amor
Érico Veríssimo O tempo e o vento Pampa gaúcho e cidade/colonização, história e dramas urbanos

TERCEIRA FASE MODERNISTA

Ficção experimental Três anos mais tarde, em 1946, Guimarães Rosa publicou o
livro de contos Sagarana, no qual as regiões brasileiras dos
As experimentações que acrescentaram direções novas ao sertões indefinidos transcendiam o âmbito da realidade
cursor literário no Brasil ganharam corpo com a publica- histórica e transformavam-se em espaços de seres míticos.
ção, em 1943, do romance Perto do coração selvagem, de Clarice Lispector aproximou da palavra escrita o ato de
Clarice Lispector. Nessa obra, a escritora esmiúça o interior pensar e de narrar com grande criatividade, e Guimarães
do ser humano, dando à luz a grandeza da vida e do signi- Rosa realizou uma verdadeira alquimia verbal ao fundir
ficado das experiências dos seres. na palavra sua experiência pessoal à experiência coletiva.

42
Os escritos de Clarice revelam uma ficcionista de aguda Da consciência para o inconsciente
sensibilidade, o que levaria a crítica literária ao espanto
diante de sua obra. Perplexos também ficaram os críticos A consciência de um ou mais personagens é flagrada e re-
com as obras de Guimarães Rosa, cujas ousadias mórficas latada numa época qualquer em lugar qualquer. Assim se
estabeleceram uma completa transformação linguística na dá também nos romances e contos de Clarice Lispector: um
literatura ao recriar o mundo sertanejo. acontecimento pode liberar ideais que vão até o inconsciente
da personagem.
Características de ficção do Narrativas em primeira pessoa
terceiro tempo modernista A narração em primeira pessoa não é um mero acaso na
ficção desse tempo. Ela proporciona ao relato um intimis-
Narrativas interiorizadas: mo inigualável, assim como lhe outorga verossimilhança.
fluxo da consciência O narrador funciona como uma pessoa que confessa e o
leitor ou ouvinte, como confidente.
Uma das marcas mais flagrantes da ficção experimental é
a interiorização da narrativa – o chamado fluxo da consci-
ência. Geralmente, as narrativas são centradas em momen- Na Poesia
tos de vivência interior dos personagens. Acontecimentos
exteriores provocam a interiorização. É assim em Grande João Cabral de Melo Neto
sertão: veredas, de Guimarães Rosa, em que Riobaldo – Ficou conhecido por ser o “poeta engenheiro”; Sua obra
personagem central – vê-se impelido a “lembrar” os acon- apresenta certo formalismo e rigor poético na mesma me-
tecimentos que viveu, em um longo monólogo, a partir de dida em que toca temas do cotidiano com simplicidade e
um evento cotidiano rotineiro, que é o ato de praticar tiro didática. Tenta construir uma obra que eduque. É o autor de
ao alvo no terreiro. Morte e Vida Severina (1966) e O cão sem plumas (1950).

POESIA NO BRASIL: 1960 - 1980


A geração de 1945 foi fortemente marcada pela questão es- apresentar o mesmo despojamento que se vê nas formas
tética. A aventura da linguagem, a preocupação com a forma da arquitetura de Brasília.
e com o rigor do texto tornaram-se o objetivo básico dessa Em fevereiro de 1957, a mesma exposição foi transferida
geração, cujos nomes são de grande expressão poética. para o saguão do Ministério da Educação e Cultura, no Rio
Depois de 1950, os poetas do primeiro momento do pós- de Janeiro.
-guerra dividiram-se, partindo para experimentações dife- O Concretismo era visto por alguns como um fenômeno,
rentes. Alguns permaneceram no esteticismo formalista, um produto desorientado, sem rumos, a exemplo do que
outros se encaminharam para uma poesia participante, acontecia na música, com o rock’n roll, e no Cinema Novo,
como Thiago de Melo e Ferreira Gullar – um dos poetas com Glauber Rocha. Outros, entretanto, viram no Concre-
mais importantes do terceiro tempo modernista. Os po- tismo a mesma disciplina da então iniciante Bossa Nova,
etas José Paulo Paes, Afonso Ávila, Affonso Romano de capitaneada pelo músico e compositor João Gilberto.
Sant’Anna, Adélia Prado e Ilka Laurito voltaram-se para as
tensões sociais do mundo contemporâneo. O Concretismo deu origem a outras manifestações poéticas.

Vanguarda concretista Características do


Em 1956, no Museu de Arte Moderna de São Paulo, foi
lançado oficialmente o Movimento da Poesia Concreta, na
Concretismo
Exposição Nacional de Arte Concreta. A poesia concreta
logo ganhou adesões e apoios, mas também comentários Desintegração do verso
espantados e repúdios em face da desintegração total do Como unidade do poema, o verso deu lugar à palavra,
verso tradicional e da nova adaptação da palavra ao es- que passou a ser manifestada, simultaneamente, em três
paço visual – no que competia com as artes plásticas, ao
dimensões:

43
§ verbal (aspecto sintático e semântico); ao sistema estabelecido. É, portanto, uma exclusão voluntária.
§ oral (aspecto sonoro); e
Explorando todas as possibilidades do papel – folhetos,
§ visual (aspecto gráfico).
jornais – os artistas desse movimento foram às praças,
A palavra libertou-se da distribuição linear da linguagem ver- aliaram-se à música e organizaram exposições.
bal e aproximou-se do imediatismo da comunicação visual; o
espaço de papel passou a integrar o significado do poema. Poesia mutante
Incorporação de técnicas visuais A poesia que floresceu nos anos 1970 é inquieta, anárquica:
não se filia a nenhuma estética literária em particular, embo-
A proximidade com as artes plásticas e visuais provocou ra se possam encontrar nela traços de algumas vanguardas
um “diálogo” entre poetas e pintores concretistas que, nos que a precederam, como o Concretismo dos anos 1950 a
anos 1950, pontificaram no Brasil e fora dele. Técnicas pró- 1960 e o poema-processo.
prias de outras artes passaram a ser utilizadas para compor Os jovens poetas posicionaram-se contra as portas
o poema: colagens, desenhos, grafismos, fotografias. fechadas da ditadura, contra o discurso organizado,
contra o discurso culto, contra a poesia tradicional e/
Pós-vanguarda e ou universal.
A poesia saiu da página impressa do livro e ganhou as
poesia marginal ruas, os muros, os sanitários públicos, as margens de ou-
Nos tristes e repressivos anos 1970, a poesia rompeu o tros textos em forma de carona literária. Estava em folhetos
compromisso com a realidade, com o intelectualismo e mimeografados, distribuídos de mão em mão, em bares,
com o hermetismo modernista e partiu para ser marginal, praias, feiras, em qualquer parte.
diluidora, anticultural, pós-modernista.
Sem constituir um movimento unificado, poetas jovens de- Poesia de domínio público
clararam-se marginais e surgiram de norte a sul do País, A opção por ser marginal, por estar fora dos circuitos co-
espalhando que a poesia perdera a pompa e a solenidade merciais do livro, circular de mão em mão, estar pichada
e decretando o fim da modernidade – e o início da pós-mo- nos muros, impressa em folhetos jogados do alto de edifí-
dernidade, nome empregado, inicialmente, para denominar cios, fez dessa poesia um trabalho coloquial e lúdico, que
uma literatura, cuja marca traz a resistência à ditadura mi- se voltou para a realidade mais imediata.
litar como emblema.
A descontração foi sua marca registrada. Com ela houve
certa alegria, uma forma de enfrentar a dureza dos dias
Características da poesia marginal em que “falar de flores é quase um crime”, como diz Ber-
Cumpre ressaltar, de início, que o adjetivo “marginal” refere- told Brecht.
-se exclusivamente à opção dos poetas de não se integrarem

PROSA NO BRASIL: 1960 - 1980


Vale destacar que a década de 60 é marcada pelo Golpe Mi- Assim, o estudo das produções do período pode ser seg-
litar de 64, questão que, sem sombra de dúvida, influencia, mentado a partir de seu gênero. Dessa forma, no tocante à
em forma, conteúdo e distribuição, o trabalho literário. Desse prosa, pode-se estabelecer três frentes de análise: contos,
modo, pode-se pensar que a Literatura produzida entre as crônicas e romances. Destacamos, a seguir, os principais
décadas de 60 e 80 acontece sob os seguintes eventos: representantes de cada gênero e as características que en-
§ Desdobramentos do governo de Juscelino Kubitschek; volvem as suas obras.
§ Efervescência cultural (bossa nova, cinema, teatro de
arena); Contos Crônicas Romances
§ Golpe militar de 64; Luís Fernando
§ Nacionalismo capitalizado pelo tricampeonato mundial Caio Fernando de Abreu Fernando Sabino
Veríssimo
da Seleção Brasileira; Murilo Rubião Lygia Fagundes Telles
§ Lei da Anistia (1979);
Dalton Trevisan
§ Os anos 80 iniciam as mobilizações populares pelas
eleições direta;

44
LITERATURA LUSÓFONA CONTEMPORÂNEA:
PERCEPÇÕES CRÍTICAS SOBRE A LUSOFONIA
A aparição de uma literatura africana dentro de uma lista § Isabela Figueiredo
de vestibular pode ser lida sob diversas luzes. Uma delas § Luandino Vieira
é a da lusofonia, isto é, o fato de a língua oficial desses
países ser também o português. Tal aspecto, nos coloca em § Paulina Chiziane
face da questão colonial. Ler essas literaturas, assim como
ler a literatura dita brasileira, é estar próximo do pensa- Características
mento sobre de que forma, portanto, países como Brasil, Costumam abordar conflitos existenciais ligados a busca
Moçambique, Angola, entre outros, subverteram a lógica de uma ancestralidade que fora censurada pelo mundo
colonial por meio da linguagem. ocidental durante os anos em que os países foram colô-
Destacam-se autores como: nias, bem como, os processo de luta e independência de
cada uma das nações. O natural e místico é oposto, muitas
§ Mia Couto
vezes, ao lógico e humano, elementos que, na história, cul-
§ Pepetela minaram em guerra.

LITERATURA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA

Contexto tempo em que se vive, mas considera a relação entre


a produção artística e a percepção crítica do mo-
Pode-se configurar como principal evento da década de 80, mento presente – e, consequentemente, futuro. Assim,
no Brasil, a luta pela instauração das eleições diretas. Algo a compreende entender a maneira como o tempo pre-
que daria início a um período republicano no Brasil muito sente preserva e reconstrói a história, em paralelo à
próximo do que se vê hoje em dia.
maneira como, também, a literatura preserva e reconstrói a
No mundo, houve a queda do muro de Berlim, que fun- tradição, isto é, como o novo emerge mesmo em (ou por-
cionou como um divisor de águas no que diz respeito à que em) contextos de crise, muitas vezes.
Guerra Fria.
Autores
Contemporâneo Hilda Hilst
Conceição Evaristo
Pensar a literatura contemporânea não diz respeito a Milton Hatoum
pensar somente aquilo que é textualmente produzido no Chico Buarque

O TEATRO NO BRASIL

Século XIX: comédia Pode-se tomar como ponto inicial o encontro do ator João
Caetano com a peça de Gonçalves de Magalhães Antônio
Em paralelo à proclamação da independência do Brasil em José ou o poeta e a inquisição, em 13 de março de 1838.
1822, o teatro brasileiro emerge em meio ao mesmo es- José Veríssimo marcaria que desse encontro, que fez muito
pírito que abraça os demais gêneros literários durante o sucesso com o público, nascia o teatro nacional.
século XIX: a tentativa de tingir com o verde e amarelo o
Comédia de Costumes Comédia Moralizante
campo artístico. Assim, João Roberto Faria, em introdução
Martins Pena Machado de Assis
a uma antologia teatral do século XIX, ressalta sobretudo
dois momentos distintos, mas que, sem sombra de dúvidas, Joaquim Manuel de Macedo José de Alencar
são norteados pela subdivisão do gênero dramático cha-
mada de comédia.

45
Século XX: divismo tropical, § Teatro Moderno: foi somente com o espetáculo “Ves-
tido de Noiva”, de 1943, de Nelson Rodrigues, que teve
teatro moderno e ditadura início o teatro moderno, de acordo com os críticos.
§ Divismo tropical: uma espécie de motor alheio às § Ditadura: Durante a Ditadura Militar no Brasil, o teatro
correntes estéticas e aos dramaturgos, mas uma rela- funcionou como forma de resistência, ganhando desta-
ção passional em que, nas palavras de Tânia Brandão, que os grupos do Teatro de Arena e do Teatro Oficina.
pesquisadora do assunto, “este sistema teatral brasilei-
ro, cujos alicerces remontavam ao século XIX, e o motor § Nomes como Plínio Marcos e Ariano Suassuna também
era a força bruta do ator em sintonia com as paixões ganham destaque durante o século XX.
da plateia”.

LITERATURA DE CORDEL
Estudar a literatura de Cordel é ampliar as fronteiras do Aspectos Gerais do Cordel
que se entende por literatura. É aprofundar-se na nossa
§ Linguagem coloquial (informal);
língua e naquilo que ela tem de igual e de diferente em
todo território nacional. § Humor, ironia e sarcasmo;
§ Pluralidade temática: folclore brasileiro, religião, políti-
A literatura cordelista tem uma origem portuguesa, para a
ca, história, sociedade etc.
grande maioria da crítica literária, já que remonta o traba-
lho dos trovadores. Considera-se, assim, que o cordel tenha § Rimas e métrica, considerando a oralidade.
se fundamentado no Brasil, em plena maturidade, no sécu-
lo XIX, ainda que não seja possível precisar exatamente o
seu início.

A ARTE LITERÁRIA HOJE


O século XXI sem dúvida traz uma nova forma de pensar
o espaço literário no Brasil. Em um momento em que se
caracteriza pela ampla produção editorial, pela profissio-
nalização do escritor, pela pluralidade das feiras literárias
e clubes de leitura. Nessa direção, o novo século traz a
consolidação de importantes ideias dos filósofos e pensa-
dores do século XX, bem como configura um mundo devi-
damente tecnológico e globalizado. Assim, a diversidade,
a metaliteratura, a ética e a alteridade ganham des-
taque no espaço artístico.

Autores
Prosa Poesia
Geovani Martins Alice Sant'Anna
Aline Bei Ana Martins Marques
Julián Fuks Natasha Felix
Ricardo Lísias Angélica Freitas

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U.T.I. - Sala 4
Com esse mesmo papel
Era na Espanha vendido
1. (UNESPAR 2015) Como “pliegos suetos”
Assim era oferecido
Em tabuleiro ambulante
Ao pescoço prendido
5
O cordel introduzido
No Brasil foi gradual
Maior parte dos folhetos
Como patrimônio oral
Ingressou principalmente
Como histórias de Sarau
6
Foi no Nordeste o local
Que lhe brasileirizou
As gravuras talhadas em madeira (imburana, cedro ou Nos serões familiares
pinho) possibilitaram aos artistas populares o domínio Dos sertões aonde chegou
de todo o processo de edição dos folhetos. Os desenhos Levando alegria ao povo
acompanham o conteúdo do folheto. A simplicidade das Pela voz do cantador
formas, as cores chapadas, a presença de motivos, paisa-
gens e personagens nordestinas, transportam os leitores 7
para o mundo da fantasia, imprimindo aos reis e rainhas, Conduzia o rumor
criaturas fantásticas e sobrenaturais, características que De histórias da redondeza
se aproximam do universo de experiências dos leitores. Noticiadas em versos
Dadas com toda clareza
MARINHO, Ana Cristina; PINHEIRO, Hélder. O Cordel no
cotidiano escolar. São Paulo: Cortez. 2012, 47-47. A uma população
Que se tornava freguesa
Associando a Xilogravura, isto é, gravura talhada em
madeira, ao processo do Cordel explique de que manei- 8
ra ela compõe o conjunto literário do que se denomina Dos peregrinos romeiros
literatura de cordel. Da mocinha apaixonada
Dos ciganos que viviam
2. Leia o Cordel a seguir A procura de estrada
Dos sinais vindos do céu
A HISTÓRIA DA LITERATURA DE CORDEL Anunciando a invernada
Abdias Campos
9
1
Sempre em versão cantada
Para lhes deixar a par
Assim o Cordel viveu
Sobre esta literatura
Antes de 1900
Que é a mais popular
Primeira edição se deu
E ainda hoje perdura
Se lá para cá permanece
Vamos direto ao começo
Mantendo o legado seu
Donde vem esta cultura
2 a) de acordo com o texto e os seus conhecimentos
Sua primeira feitura sobre o gênero, comente sobre a origem do nome
Na Europa aconteceu cordel.
Tipógrafos do anonimato b) o cordel lido dá uma pista dos assuntos tratados
Botaram o folheto seu nesse gênero literário. Comente alguns:
Pra ser vendido na feira
E assim se sucedeu 3. (UEL 2020 – ADAPTADA) Leia o texto a seguir.
3
Foi Portugal que lhe deu À medida que as obras de arte se emancipam do seu
Este nome de cordel uso cultual, aumentam as ocasiões para que elas sejam
Por ser vendido na feira expostas. A exponibilidade de um busto [...] é maior
Em cordões a pleno céu que de uma estátua divina, que tem sua sede fixa no
Histórias comuns, romances interior do templo. [...] a preponderância absoluta con-
Produzidos a granel ferida hoje a seu valor de exposição atribui-lhe funções
inteiramente novas, entre as quais a “artística”, a única

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de que temos consciência, talvez se revele mais tarde
como rudimentar. U.T.I. - E.O.
BENJAMIN, Walter. “A obra de arte na era da sua reprodutibilidade
técnica (Primeira versão)”. In: Obras escolhidas I. Trad. Sérgio
1. (ENEM PPL) TEXTO I
Paulo Rouanet, 8ª ed. São Paulo: Brasiliense, 2012. p. 187-188. Quem sabe, devido às atividades culinárias da esposa,
nesses idílios Vadinho dizia-lhe “Meu manuê de milho
A mudança do valor de culto para o valor da exposição verde, meu acarajé cheiroso, minha franguinha gorda”,
da obra de arte revela transformações nas quais esta e tais comparações gastronômicas davam justa ideia de
passa a ser concebida a partir da esfera pública. Em ou- certo encanto sensual e caseiro de dona Flor a esconder-
tras palavras, a ideia de uma arte performática ganha -se sob uma natureza tranquila e dócil. Vadinho conhe-
espaço — ou necessidade — para se manifestar. Levan- cia-lhe as fraquezas e as expunha ao sol, aquela ânsia
do em consideração os seus conhecimentos e o mundo controlada de tímida, aquele recatado desejo fazendo-se
em que vivemos, que técnicas, literárias, teatrais, musi- violência e mesmo incontinência ao libertar-se na cama.
cais, entre outros tipos de arte, podem exemplificar o
AMADO, J. Dona Flor e seus dois maridos. São Paulo: Martins, 1966.
conceito do “valor da exposição da obra” colocado por
Benjamin. Escreva um parágrafo a respeito. TEXTO II
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO As suas mãos trabalham na braguilha das calças do fa-
lecido. Dulcineusa me confessou mais tarde: era assim
Contar é muito dificultoso. Não pelos anos que já se que o marido gostava de começar as intimidades. Um
passaram. Mas pela astúcia que têm certas coisas pas- fazer de conta que era outra coisa, a exemplo do gato
sadas de fazer balancê, de se remexerem dos lugares. que distrai o olhar enquanto segura a presa nas patas.
A lembrança da vida da gente se guarda em trechos Esse o acordo silencioso que tinham: ele chegava em
diversos; uns com outros acho que nem se misturam (...) casa e se queixava que tinha um botão a cair. Calada,
Contar seguido, alinhavado, só mesmo sendo coisas de Dulcineusa se armava dos apetrechos da costura e se
rasa importância. Tem horas antigas que ficaram mui- posicionava a jeito dos prazeres e dos afazeres.
to mais perto da gente do que outras de recente data.
Toda saudade é uma espécie de velhice. Talvez, então, a COUTO, M. Um rio chamado tempo, uma casa chamada
terra. São Paulo: Cia. das Letras, 2002.
melhor coisa seria contar a infância não como um filme
em que a vida acontece no tempo, uma coisa depois da Tema recorrente na obra de Jorge amara, a figura femi-
outra, na ordem certa, sendo essa conexão que lhe dá nina aparece, no fragmento, retratada de forma seme-
sentido, meio e fim, mas como um álbum de retratos, lhante à que se vê no texto do moçambicano Mia Couto.
cada um completo em si mesmo, cada um contendo o Nesses dois textos, com relação ao universo feminino
sentido inteiro. Talvez esse seja o jeito de escrever so- em seu contexto doméstico, observa-se que
bre a alma em cuja memória se encontram as coisas a) desejo sexual é entendido como uma fraqueza mo-
eternas, que permanecem... ral, incompatível com a mulher casada.
(Guimarães Rosa, Grande sertão: veredas.) b) a mulher tem um comportamento marcado por
convenções de papéis sexuais.
4. (Unifesp) No texto de Guimarães Rosa, como é fre- c) à mulher cabe o poder da sedução, expresso pelos
quente nos textos do autor, nota-se o emprego de fra- gestos, olhares e silêncios que ensaiam.
ses de aspecto proverbial.
d) a mulher incorpora o sentimento de culpa e age
a) Transcreva uma dessas frases e explique seu sentido. com apatia, como no mito bíblico da serpente.
b) Como se pode entender esse recurso, tendo como e) a dissimulação e a malícia fazem parte do repertó-
referência o projeto literário do autor? rio feminino nos espaços público e íntimo.
5. (UFMG) Leia estes poemas: 2. (UFES) A peça teatral Dois perdidos numa noite suja,
de Plínio Marcos; o conto “Famigerado”, presente em
POEMA 1 Primeiras estórias, de Guimarães Rosa; e o romance Ter-
Lar doce lar ra sonâmbula, de Mia Couto, apresentam a temática da
violência como eixo norteador.
Minha pátria é minha infância
Por isso vivo no exílio. Leia atentamente os fragmentos abaixo:
CACASO. Beijo na boca e outros poemas. São
PACO: — Boa, Tonho! Assim é que é. Homem macho não
Paulo: Brasiliense, 1985. p. 63. tem medo de homem. O negrão é grande, mas não é
dois. (Pausa)
POEMA 2
Você vai encarar ele?
Recuperação da adolescência TONHO: — Sei lá! Ele não me fez nada. Nem eu pra ele.
é sempre mais difícil
PACO: — Poxa, ele disse que você é fresco. Vai lá e briga.
ancorar um navio no espaço
Ele é que quer.
CESAR, Ana Cristina. A teus pés. São Paulo: Brasiliense, 1987. p. 57.
TONHO: — Você só pensa em briga.
Relacione os dois poemas, analisando a concepção, ex- (MARCOS, Plínio. Dois perdidos numa noite
pressa em cada um, sobre diferentes fases da vida. suja. São Paulo: Parma, 1984. p. 26).

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Aquele homem, para proceder da forma, só podia ser deformada pelo espelho ordinário, o nariz tornado enor-
um brabo sertanejo, jagunço até na escuma do bofe. me como o de um palhaço de nariz de papelão. Olhou-se
Senti que não me ficava útil dar cara amena, mostras e levemente pensou: tão jovem e já com ferrugem.
de temeroso. Eu não tinha arma ao alcance. Tivesse,
a) Neste trecho, o fato de parecer, a Macabéa, não
também, não adiantava. Com um pingo no i, ele me
se ver refletida no espelho liga-se imediatamente ao
dissolvia. O medo é a extrema ignorância em momento
aviso de que seria despedida. Projetando essa ausên-
muito agudo. O medo O. O medo me miava. Convidei-o
cia de reflexo no contexto mais geral da obra, como
a desmontar, a entrar.
você a interpreta?
(ROSA, João Guimarães. Primeiras estórias. Rio de
b) Também no contexto da obra, explique por que o
Janeiro: Nova Fronteira, 1988. p. 55-56).
narrador diz que Macabéa pensou “levemente
De manhã, nossa mãe nos chamou. Nos sentamos, gra-
ves. Meu pai tinha o rosto no peito. Ainda dormia? Fi- TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
cou assim um tempo como se esperasse a chegada das
palavras. Quando finalmente nos encarou quase não A educação pela pedra
reconhecemos sua voz:
Uma educação pela pedra: por lições;
— Alguém de nós vai morrer.
para aprender da pedra, frequentá-la;
E logo adiantou razões: nossa família ainda não deixara captar sua voz inenfática, impessoal
cair nenhum sangue na guerra. Agora, a nossa vez se (pela de dicção ela começa as aulas).
aproximava. A morte vai pousar daqui, tenho a máxima A lição de moral, sua resistência fria
certeza, sentenciou o velho Taímo. Quem vai receber ao que flui e a fluir, a ser maleada;
esse apagamento é um de vocês, meus filhos. E rodou a de poética, sua carnadura concreta;
os olhos vermelhos sobre nossos ombros encolhidos. a de economia, seu adensar-se compacta:
(COUTO, Mia. Terra sonâmbula. São Paulo: lições da pedra (de fora para dentro,
Companhia das Letras, 2007. p. 18). cartilha muda), para quem soletrá-la.

Selecione um dos trechos acima e explique como o tema Outra educação pela pedra: no Sertão
da violência compõe o desenrolar da obra de onde foi (de dentro para fora, e pré-didática).
extraído o trecho escolhido. No Sertão a pedra não sabe lecionar,
e se lecionasse, não ensinaria nada;
3. (UNICAMP) Leia a seguinte passagem do conto “A lá não se aprende a pedra: lá a pedra,
sociedade”: uma pedra de nascença, entranha a alma.
O esperado grito do cláxon fechou o livro de Henri Ar- MELO NETO, João Cabral de. Poesias completas.
del e trouxe Teresa Rita do escritório para o terraço. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1975, p.11.
O Lancia passou como quem não quer. Quase parando.
5. (PUC-RJ) João Cabral de Melo Neto é considerado um
A mão enluvada cumprimentou com o chapéu Borsalino. dos mais importantes poetas da geração de escritores
Uiiiiia-uiiiiia! Adriano Melli calcou o acelerador. Na pri- que surgiu a partir de 1945. Indique duas características
meira esquina fez a curva. Veio voltando. Passou de novo. do modernismo brasileiro presentes no poema “A edu-
Continuou. Mais duzentos metros. Outra curva. Sempre cação pela pedra”
na mesma rua. Gostava dela. Era a Rua da Liberdade.
Pouco antes do número 259-C já sabe: uiiiiiauiiiiia! TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Antônio de Alcântara Machado,”Brás, Bexiga e Barra Funda”, em Desencontrários
“Novelas Paulistanas”. Rio de Janeiro: José Olympio, 1959, p. 25).

No trecho acima, a linguagem e as imagens apontam Mandei a palavra rimar,


para a influência das vanguardas no primeiro momento ela não me obedeceu.
modernista. Selecione dois exemplos e comente-os. Falou em mar, em céu, em rosa,
em grego, em silêncio, em prosa.
4. (FUVEST) Leia este trecho de “A hora da estrela”, de Parecia fora de si,
Clarice Lispector, no qual Macabéa, depois de receber a sílaba silenciosa.
o aviso de que seria despedida do emprego, olha-se ao
Mandei a frase sonhar,
espelho:
e ela se foi num labirinto.
Depois de receber o aviso foi ao banheiro para ficar sozi- Fazer poesia, eu sinto, apenas isso.
nha porque estava toda atordoada. Olhou-se maquinal- Dar ordens a um exército,
mente ao espelho que encimava a pia imunda e rachada, para conquistar um império extinto.
cheia de cabelos, o que tanto combinava com sua vida.
PAULO LEMINSKI GÓES, F. e MARINS, A. (orgs.).
Pareceu-lhe que o espelho baço e escurecido não refletia Melhores poemas de Paulo Leminski. São Paulo: Global, 2001.
imagem alguma. Sumira por acaso a sua existência físi-
ca? Logo depois passou a ilusão e enxergou a cara toda

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6. (UERJ) Mandei a palavra rimar, 8. (UEL 2019) Leia os fragmentos a seguir, do romance
ela não me obedeceu. O filho eterno, de Cristovão Tezza.
Falou em mar, em céu, em rosa, Já viu na enciclopédia que o nome da síndrome se deve
em grego, em silêncio, em prosa. (v. 1-4) a John Langdon Haydon Down (1828-1896), médico in-
glês. À maneira da melhor ciência do império britânico,
No fragmento acima, o emprego da palavra “prosa”
descreveu pela primeira vez a síndrome frisando a se-
possibilita duas interpretações distintas do verso subli-
melhança da vítima com a expressão facial dos mongó-
nhado: uma que reafirma o que ele expressa e outra
is, lá nos confins da Ásia; daí “mongolóides”. Que tipo
que se opõe a ele.
de mentalidade define uma síndrome pela semelhança
Apresente essas duas possibilidades de interpretação. com os traços de uma etnia? O homem britânico como
medida de todas as coisas.
7. (UNICAMP 2021) Leia abaixo alguns excertos do po-
ema Menimelímetros, de Luz Ribeiro, poeta do Slam das [...]
Minas de São Paulo. Esse poema foi apresentado per- O problema da normalidade. Talvez ele mesmo escreva
formaticamente em alguns slams de que ela participou um pequeno roteiro com o texto certo para as pessoas
no Brasil. recitarem no momento da confissão da tragédia. Algo
como “Não me diga! Mas imagino que hoje em dia já
os menino passam liso
há muitos recursos, não? Olha, precisando de alguma
pelos becos e vielas
coisa, conte comigo” – e então ele diria, obrigado, vai
os menino passam liso
tudo bem. Mudariam de assunto e pronto. Bem, em
pelos becos e vielas
grande número de encontros, não precisaria dizer nada:
os menino passam liso
são bilhões de pessoas que não o conhecem, contra
pelos becos e vielas
apenas umas dez ou doze que o conhecem. Essas já
você que fala em becos e vielas sabem; não preciso acrescentar nada. Na maior parte
sabe quantos centímetros cabem em um menino? dos casos, basta dizer: Sim, a criança vai bem. Felipe,
sabe de quantos metros ele despenca o nome dele. Obrigado. E nada mais foi perguntado e
quando uma bala perdida o encontra? nada mais se respondeu, dando-se por encerrado o as-
Sabe quantos nãos ele já perdeu a conta? (...) sunto e prosseguindo a vida em seus trâmites normais.
esses menino tudo sem educação Ele respira aliviado.
que dão bom dia, abrem até o portão TEZZA, C. O filho eterno. 7. ed. Rio de
tão tudo fora das grades escolares Janeiro: Record, 2009. p. 42-43.
nunca tiveram reforço – de ninguém
Os fragmentos transcritos do romance O filho eterno
mas reforçam a força e a tática
mostram reações do pai, ao saber que seu filho nasceu
do tráfico, mais um refém (...)
com Síndrome de Down. Suas impressões sobre a nova
que esses meninos sem nem carinho situação, neste excerto, revelam perspectivas diferen-
não tem carrinho no barbante tes para lidar com o problema.
pensa que bonito se fosse peixinho fora d’água Cite e explique duas perspectivas que são depreendidas
a desbicar no céu desses fragmentos.
mas é réu na favela
lhe fizeram pensar voos altos 9. (UNICAMP 2019) (...) Recordo-lhe que os revisores
voa, voa, voa...aviãozinho são gente sóbria, já viram muito de literatura e vida, O
e os menino corre, corre, corre meu livro recordo-lhe eu, é de história, Assim realmente
faz seus corres, corres, corres (...) o designariam segundo a classificação tradicional dos
géneros, porém, não sendo propósito meu apontar ou-
“ceis” já pararam pra ouvir alguma vez os sonhos
tras contradições, em minha discreta opinião, senhor
dos meninos?
doutor, tudo quanto não for vida, é literatura, A história
é tudo coisa de centímetros:
também, A história sobretudo, sem querer ofender,
um pirulito, um picolé
um pai, uma mãe (José Saramago, História do Cerco de Lisboa.
um chinelo que lhe caiba nos pés Rio de Janeiro: O Globo; São Paulo: Folha de São Paulo, 2003, p.12.)

um aviso: quanto mais retinto o menino (...) O que você quer dizer, por outras palavras, é que
mais fácil de ser extinto a literatura já existia antes de ter nascido, Sim senhor,
seus centímetros não suportam 9 milímetros como o homem, por outras palavras, antes de o ser já
porque esses meninos o era. Parece-me um ponto de vista bastante original,
esses meninos sentem metros Não o creia, senhor doutor, o rei Salomão, que há muito
a) O título Menimelímetros é um neologismo que fun- tempo viveu, já então afirmava que não havia nada de
de ao menos duas palavras. Quais são essas palavras? novo debaixo da rosa do sol.
Transcreva os versos que sintetizam o título do poema. (Idem, p.13.)
b) Na terceira estrofe, há um jogo de palavras. Iden-
tifique esse jogo de palavras e explique a relação de (...) Então o senhor doutor acha que a história e a vida
causa e consequência estabelecida por ele. real, Acho, sim, Que a história foi vida, real, quero dizer,

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Não tenho a menor dúvida, Que seria de nós se não
existisse o deleatur, suspirou o revisor.
(Idem, p.14.)
a) Nos excertos acima, revisor e autor discutem uma
questão decisiva para a escrita do romance de José
Saramago. Identifique essa questão, presente no di-
álogo entre as duas personagens, e explique sua im-
portância para o conjunto da narrativa.
b) No terceiro excerto, o revisor utiliza a palavra de-
leatur. O que significa essa expressão e por que ela é
tão importante para o revisor?

10. (UFU 2018)

TEXTO I
Enciclopédia

Hécate ou Hécata, em gr. Hekáté. Mit gr.


Divindade lunar e marinha, de tríplice
forma (muitas vezes com três cabeças e
três corpos). Era uma deusa órfica,
parece que originária da Trácia. Enviava
aos homens os terrores noturnos, os fantasmas
e os espectros. Os romanos a veneravam
como deusa da magia infernal.
CESAR, Ana Cristina. Enciclopédia. In: Destino: poesia. Organização
de Italo Moriconi. Rio de Janeiro: Ed. José Olympio, 2016. p.35.

TEXTO II
I
Enquanto leio meus seios estão a descoberto. É difícil
concentrar-me ao ver seus bicos. Então rabisco as folhas
deste álbum. Poética quebrada pelo meio.
II
Enquanto leio meus textos se fazem descobertos. É di-
fícil escondê-los no meio dessas letras. Então me nutro
das tetas dos poetas pensados no meu seio.
CESAR, Ana Cristina. Sem título. In: Destino: poesia. Organização
de Italo Moriconi. Rio de Janeiro: Ed. José Olympio, 2016. p.39.

a) Explique, em um parágrafo, de que maneira a fun-


ção metalinguística se presentifica no texto I.
b) A respeito do texto II, explique, em um parágrafo, a
relação que se estabelece entre seios e textos.

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REDAÇÃO
REPERTÓRIO I: ORGANIZAÇÃO

1) Como aprimorar o repertório pessoal?


a) Aproveite suas aulas para conhecer teorias e estabelecer relações;
As diferentes aulas a que você assiste durante a semana podem ser uma ótima fonte de conhecimento legitimado. Com
frequência, os professores de diferentes áreas citam autores, teorias, conceitos, livros e até sugestões de filmes e séries re-
lacionados a alguma temática importante para o vestibular. Portanto, sempre anote essas ideias. Aproveite o fato de elas já
terem sido discutidas por um professor e terem passado por um critério mínimo de seleção.

b) Procure acompanhar filmes e livros sugeridos nos material didático;


Em quase todas as aulas, sobretudo nas disciplinas voltadas às humanidades, você encontra sugestões de obras sobre o
tema abordado pelo professor. Eventualmente, algumas dessas produções podem se tornar ótima fonte para repertório
cultural na sua redação. Portanto, sempre que possível, assista ou leia as sugestões, procurando estabelecer relações entre a
situação apresentada nessas obras e os contextos históricos ou atuais da nossa sociedade .

c) Siga as páginas de periódicos de grande relevância;


Outra forma de aprimorar o repertório é acompanhar as notícias e reportagens de periódicos de grande relevância dentro do
meio jornalístico. Como grande parte dos vestibulares compõem suas coletâneas a partir de publicações desses veículos, é
fundamental atentar-se a esses conteúdos para se estar mais preparado para o debate de diferentes temas.

d) Fique ligado em PODCASTs;

2) Como organizar meu repertório pessoal


Para facilitar a anotação de qualquer informação que componha seu repertório pessoal, recomendados a categorização
dos conteúdos a partir dos seguintes eixos temáticos: consumo, política, aparência, comunicação, educação, informação/
ciência, tecnologia, ética, trabalho, saúde, família, preconceito, racismo, espaço urbano, arte, meio ambiente , poder/domi-
nação, cultura, desigualdade, saúde emocional, inclusão/preconceito.

a) Adote um caderno de repertório:


Adquira um caderno, não muito grande, que possa ser facilmente consultado e anotado. Divida esse caderno a partir dos
eixos temáticos sugeridos e deixe algumas folhas para cada um deles. Sempre que você obtiver uma informação relevante
para seu repertório, anote-a imediatamente no caderno, pois, assim, a informação não fica perdida em outras anotações e
ela poderá ser facilmente consultada na hora de se fazer a redação. Trata-se uma estratégia positiva para se criar memória
visual a respeito das reflexões que fazemos.

b) Crie mapas mentais em fichas (Use frente e verso para cada eixo):
A partir dos mesmos eixos temáticos descritos acima, crie um mapa mental no qual você anote suas referências sobre aquele
assunto.

c) Crie registros digitais de a partir tabelas


Se você preferir, crie seus próprios registros digitais com as referências aprendidas ao longo do ano para cada um dos eixos
temáticos discutidos.

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REPERTÓRIO II: INTERDISCIPLINARIDADE

A interdisciplinaridade costuma ser definida como a tentativa do homem de propor a interação entre dois ou mais campos
do conhecimento, por meio da relação entre saberes que podem ser aproximados. Nesse sentido, ao pensarmos na interdis-
ciplinaridade na prova de redação, tratamos de referências a outros campos do conhecimento, que podem ser utilizadas para
fortalecer argumentos ou introduzir o tema.
Portanto, procure sempre estabelecer relações entre os temas que você discute nas aulas de redação e seu conhecimento
teórico ou repertório cultural, verificando se esses cruzamentos podem reforçar os argumentos que você quer defender.

1. Qual é o critério para selecionar as referências?


a) Observe se a relação estabelecida, de fato, possui semelhanças com o tema ou argumento discutido;
b) Dê preferência a autores com maior visibilidade em suas áreas;
c) Tenha certeza do nome do autor, da obra ou do conceito que será utilizado;
d) Fuja de citações “guarda-chuva”.

2. Como utilizar as referências?


É sempre preciso lembrar que os conhecimentos das outras áreas – embora importantes para atingir a pontuação máxima
nos exames – não devem determinar quais argumentos você discutirá em seu texto. Em outras palavras: é o argumento que
seleciona a referência e não a referência que seleciona o argumento. Você incluirá uma citação ou uma analogia na redação
apenas se elas estiverem relacionadas aos argumentos discutidos ou à temática proposta (uso de referências na introdução).

3. Áreas do saber comuns nas redações de vestibular


1. Literatura
Não é preciso mostrar ao corretor que você leu os romances ou poesias aos quais você faz referência. Mencione apenas
aquilo que é necessário para tecer a comparação. E cuidado: deixe claro que se trata de uma obra de ficção.

2. Sociologia/Filosofia
Ao sustentar seus argumentos por meio de um repertório sociológico ou filosófico, não se esqueça de relacioná-los ao contexto
que você está estabelecendo. Não deixe a informação solta e cuide para que as relações estabelecidas estejam próximas da
temática abordada.

3. História
Ao se valer de dados históricos na redação, procure estabelecer relações temporais próximas. Evite temporalidades muito
distantes, ou ainda contextos muito diferentes, como comparar a pré-história com a atualidade. Sempre busque relações
possíveis em que, realmente, haja uma semelhança com o contexto ou argumento discutido.

4. Estratégias para o emprego das citações


Citação direta
Trata-se da reprodução exata do trecho de uma obra. Ao empregá-la, é fundamental usar aspas para marcar a abertura e
o fechamento dessa citação, além de mencionar – antes ou depois da referência – o nome do autor e, se possível, outro
detalhe sobre o contexto, como o nome do conceito, da obra ou o ano de publicação.

Citação Indireta
A citação indireta é caraterizada pela paráfrase de conceitos, ideias ou frases. Nesse caso, esses conceitos devem ser men-
cionados a partir das próprias palavras do aluno, e, portanto, a citação não requer o uso de aspas.

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INADEQUAÇÕES DA LINGUAGEM I

1. Linguagem coloquial
Durante a escrita da redação, seja pelo nervosismo ou pela falta de vocabulário, muitos alunos constroem sentenças reche-
adas de coloquialismos, isto é, uso de termos da modalidade informal, geralmente associados à língua falada.
Para evitar essas construções, é preciso aprender a reconhecer o uso da coloquialidade dentro do texto e possuir bom reper-
tório lexical capaz de substituir tais inadequações.
Observe os usos empregados abaixo e suas respectivas possibilidades de correção.

INADEQUADO ADEQUADO
Muitos alunos se deixam levar pelas propagandas... Muitos alunos são induzidos pelas ...
Essa situação acaba acontecendo... Essa situação ocorre...

2. Clichês
O clichê é a expressão de um senso comum. Nas redações de vestibular, tais construções surgem com o intuito de impressio-
nar o corretor e causar um efeito positivo na leitura do texto. No entanto, elas apenas o depreciam, já que o uso constante
e cristalizado não surpreende e nem inova a ideia construída ao longo da redação.
Exemplos de clichês comuns no vestibular:
É fundamental que a sociedade reúna todas as suas forças e combata a desigualdade...
Só assim, a sociedade poderá viver cheia de esperanças...

3. Adjetivo inadequados
Muitas vezes, no momento da construção das opiniões dentro de uma redação, alguns alunos empregam adjetivos inade-
quados ao texto dissertativo-argumentativo exigido nos exames. Essas palavras denotam apenas a emoção do autor, sem
cumprir sua função de atribuir uma avaliação, a ser comprovada pelos argumentos apresentados.

A seguir, apresentam-se adjetivos úteis e adequados ao texto dissertativo-argumentativo


Boa parte do Estado é negligente ao negar o direito...
Isso ocorre em virtude de políticas públicas ineficazes...
Parte da sociedade é conivente com as ações...
As ações vinculadas à cultura são inexpressivas...
A adoção de uma postura crítica é essencial aos sujeitos...
Há uma publicidade abusiva que leva milhares de consumidores a...

4. Generalizações
Sabe-se que a generalização é uma ferramenta problemática para construir ideias em diferentes âmbitos da vida social. Isso
porque, ao generalizar, apagam-se as heterogeneidades existentes nos sujeitos, nos grupos sociais e nos conceitos. No entanto,
ao escrever a redação, muitos alunos tendem a se valer dessas construções para expor seu posicionamento e seus argumentos.
Assim, fique atento às formas de generalização mais comuns nas redações e supervisione seu texto sempre, evitando que
elas apareçam.

EVITAR USAR COM MUITA CAUTELA


Todos os alunos são... Boa parte dos alunos...
Nenhum político é capaz de... Poucos políticos...
As pessoas sempre excluem... Muitas vezes, as pessoas...

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5. Excesso de verbos
Nos textos de redação, é fundamental prezar pela objetividade e pela clareza das ideias. Essas diretrizes também são ob-
servadas pelos avaliadores no emprego que os alunos fazem dos verbos. Muitas vezes, o uso de locuções verbais, ou de
construções verbais acompanhadas de substantivos poderiam ser substituídas por apenas um verbo, deixando o texto mais
objetivo e preciso.
Portanto, sempre que possível, prefira as formas simples. Deixe as locuções apenas para os momentos em que elas forem
essenciais.

A decisão estará prejudicando... A decisão prejudicará...


Cabe ao governo realizar uma avaliação... Cabe ao governo avaliar...
Parte da população tem desconfiança das medidas... Parte da população desconfia...

6. Excesso de palavras negativas


Para garantir a objetividade e clareza em seu texto, também é essencial prezar pelas formas positivas ao redigir alguns ver-
bos. Em outras palavras, trata-se de evitar o uso do advérbio “não” vinculado a alguns verbos.
Veja os exemplos abaixo e observe como a supressão da partícula negativa aprimora a compreensão do período:

Boa parte das verbas não chegam na hora nos institutos... Boa parte das verbas chegam atrasadas aos institutos...
Muitos professores dizem que não são responsáveis... Muitos professores negam a responsabilidade...
As políticas públicas não são eficazes... As políticas públicas são ineficazes...

INADEQUAÇÕES DA LINGUAGEM II

1. Queísmo
O vocábulo “que”, na língua portuguesa, assume diferentes classes gramaticais. Ele pode funcionar como pronome relativo
(Alunos que trabalham...), conjunção coordenativa (Onde está, que não a vejo), conjunção integrante (É fundamental que a
população...),substantivo (Ela apresenta um quê de intelectual ), e ainda está presente em uma série de locuções conjuntivas
muito usadas nas redações de vestibular(já que, para que, ainda que, tão...que). Esse leque de funções torna frequente o uso
da palavra “que”. Tal uso, entretanto, não deve ser banalizado, por poder levar a um texto confuso.

Diante disso, é fundamental aprender formas de evitá-lo em sua redação. Os tópicos abaixo apresentam exemplos de como
reconhecê-lo e suprimi-lo.
a) Trocar orações adjetivas por adjetivos:

Há pessoas que não sabem ler nem escrever... Há pessoas analfabetas...

b) Trocar oração adjetiva por um aposto:

Pedro Gouveia, que é coordenador do projeto em Brasí-


Pedro Gouveia, coordenador do projeto em Brasília, afirma...
lia, afirma...

c) Substituir uma oração inteira por um termo nominal correspondente:

É fundamental que medidas sejam criadas... É fundamental a criação de medidas...


d) Reduzir as orações (INFINITIVO ou PARTICÍPIO)

É fundamental que o crescimento do desemprego seja É fundamental acompanhar o crescimento do desemprego


acompanhado mensalmente. mensalmente.

57
2. Desvios de concordância verbal e nominal
Outra dificuldade muito presente nas redações é a concordância de nomes e verbos. É comum encontrar esses desvios
gramaticais mesmo em redações avaliadas com nota máxima, já que muitos deles são dificilmente perceptíveis. Portanto,
é preciso atenção. Sempre releia o rascunho de seu texto procurando por quaisquer problemas de construção gramatical.

Como consequência, surge as difi- Como consequência, surgem as


SUJEITO POSPOSTO AO VERBO culdades de se relacionar em dife- dificuldades de se relacionar em
rentes âmbitos da vida social. diferentes âmbitos da vida social.
As dificuldades surgidas durantes As dificuldades surgidas durantes
NÚCLEO DO SUJEITO DISTANTE DO VERBO os primeiros meses de gestação os primeiros meses de gestação
Embora o sujeito seja extenso, ele sempre deverá – sobretudo quando se trata de – sobretudo quando se trata de
concordar com o verbo em pessoa e número. uma gravidez de risco – revela o uma gravidez de risco – revelam
quanto... o quanto...

3. Uso inadequado de Advérbios


Embora os advérbios sejam importantes em muitas situações na escrita da redação – seja para marcar o tempo, o espaço ou
o modo dos verbos – seu emprego precisa ser comedido. O excesso ou mau uso de advérbios torna o texto poluído e prolixo.
A dica é usar apenas quando houver necessidade.

Felizmente, há pessoas que pensam diferente. Há pessoas que pensam diferente.

5. Desvios de regência verbal e nominal


Ao se valer do uso de verbos transitivos indiretos e de alguns nomes, o aluno precisa estar atento à regência. Assim como
os desvios de concordância, as inadequações referentes à regência são por vezes imperceptíveis. Logo, vale a pena apostar
em bastante treino e em muita atenção.
Observe abaixo um exemplo de desvio:
VERBO REFERIR-SE A proposta refere-se as instituições privadas, A proposta refere-se às instituições privadas, aos
Exige preposição “a” bancos públicos e terceiro setor. bancos públicos e ao terceiro setor. *

6. Uso inadequado dos pronomes relativos


Para garantir a coesão e a coerência, os candidatos devem utilizar pronomes relativos. No entanto, é fundamental estar
atento aos usos e funções de cada um deles. Abaixo, selecionamos as inadequações mais comuns.

ONDE – Refere-se apenas a lugares físicos. Em outros casos, pode ser substituído por “no qual/na qual/em que”
A população desalentada vive uma situação onde a esperança de conseguir um emprego não existe mais.
A população desalentada vive uma situação na qual a esperança de conseguir um emprego não existe mais.
Essa produção começou numa época onde as pessoas não tinham tanta escolaridade.
Essa produção começou numa época em que as pessoas não tinham tanta escolaridade.

CUJO – Estabelece relação de posse. A concordância em gênero e número é feita com a palavra posterior
ao pronome.
Os problemas que a responsabilidade pertence ao governo deixam de ser mencionados.
Os problemas cuja responsabilidade pertence ao governo deixam de ser mencionados.
Os projetos que os textos foram reprovados estão em análise.
Os projetos cujos textos foram alterados estão em análise.

58
7. Períodos longos
Muitas vezes, os alunos se esquecem de encerrar seus períodos com pontos finais, e, portanto, passam a subordinar as
orações, tornando a leitura da redação confusa. Portanto, lembre-se da dica: é melhor um texto coeso e coerente construído
com períodos curtos, que um texto recheado de períodos longos de difícil compreensão. Além do mais, os períodos curtos
diminuem consideravelmente o risco de possíveis problemas com conjunções, vírgulas e concordâncias.

A POLARIZAÇÃO DE POSICIONAMENTOS
NOS TEMAS DE REDAÇÃO
1. A importância da compreensão temática e da coletânea em propostas polêmicas
Em muitos vestibulares, é comum que os alunos sejam apresentados a discussões vinculadas a polêmicas dos mais variados
gêneros. São comuns recortes temáticos que envolvam a legalização das drogas, a adoção da pena de morte, a descrimi-
nalização do aborto, os limites do humor, entre outras abordagens que com frequência geram debates acirrados diante da
opinião pública.

A grande questão que paira para nossa conduta no vestibular é a forma como devemos encarar tais propostas. Às vezes, par-
te dos alunos afirma ter uma opinião pronta e definitiva para o assunto e, assim, resolve dissertar na prova de redação sem
fazer considerações importantes sobre o tema, começando por ignorar termos fundamentais do recorte temático abordado
e negligenciar uma leitura atenta e profunda da coletânea.

Muitas vezes, os recortes temáticos elaborados por essas bancas – como a VUNESP, em São Paulo – podem são semelhan-
tes, mas não são iguais. Eles contêm especificidades que não devem ser desprezadas pelos estudantes. Observe os recortes
temáticos abaixo:

Vestibular da
Eutanásia: entre a liberdade de escolha e a preservação da vida
UNIFESP 2019
Vestibular da
Eutanásia: é direito do paciente decidir a hora de morrer?
FACULDADE DE MEDICINA DE JUNDIAÍ 2019

Embora as duas propostas apresentem uma temática comum ( a eutanásia) a abordagem sugerida propõe dimensões dife-
rentes. No primeiro caso, pede-se a discussão sobre a eutanásia, considerando dois pontos de vista divergentes (liberdade x
preservação), porém, não há uma pergunta categórica a ser respondida. No segundo caso, o recorte propõe uma pergunta
ao aluno sobre o direito do paciente de optar pela eutanásia, o que pressupõe uma resposta – ainda que indireta – como
sim ou não.

Eis aí uma primeira questão chave para lidar com as temáticas polêmicas. Em outras palavras, devemos compreender exata-
mente qual é a polêmica proposta para que, a partir dela, possamos reunir nossos argumentos. Uma leitura desatenta dessa
questão pode facilmente levar o aluno a tangenciar o tema.

2. A importância da decisão e da clareza no posicionamento


Outra questão deve ser considerada ao refletirmos sobre essas propostas. É importante sempre adotar um posicionamento
claro diante do tema, evitando ao máximo ficar “em cima do muro” e, eventualmente, criar contradições em nossos textos.
Esse tipo de desvio pode render a perda de muitos pontos na composição de sua nota final.

Diante disso, devemos procurar observar os posicionamentos e tentar entender qual deles nos parece ser mais válido para
compor a argumentação. Precisamos perceber qual dessas visões tem melhor sustentação, qual delas possui maior diálogo
com a realidade em que vivemos e também qual delas realiza uma leitura mais profunda sobre a temática em questão. Tudo
isso nos levará a uma decisão coerente com a proposta abordada.

59
3. Construindo teses para diferentes recortes temáticos
a) Propostas com perguntas “sim × não “:

A abordagens desses temas deve levar em consideração uma resposta à pergunta realizada. Não há a necessidade de essa
resposta ser completamente direta e objetiva. No entanto, é importante que o posicionamento do autor esteja claro em
relação à pergunta feita e não deixe dúvidas para o corretor a respeito desse ponto de vista.

Ex.:

TEMA: O CARRO SERÁ O NOVO CIGARRO?

Com as crescentes mobilizações ambientais de ONG’s, ONU e pessoas influentes, não demorará para
TESE
que o carro como conhecemos hoje passe a assumir, tal como o cigarro nos dias de hoje, um valor
(INTRODUÇÃO):
também negativo, ultrapassado e repudiado.
Diante dessa perspectiva, podemos analisar a ressignificação simbólica do carro para a sociedade do
RETOMADA DA TESE
(CONCLUSÃO):
século XXI, que vem perdendo seu valor positivo de sucesso para um valor negativo de poluição e
negligência para com o meio ambiente.
(Trechos extraídos de redação nota máxima do UNESP 2020 –
Estatísticas dos aprovados no curso de medicina da UNESP de 2020 – Disponível em @desempenhosmed)

A REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL PODE COLABORAR PARA A DIMINUIÇÃO DA VIOLÊNCIA


TEMA:
NO BRASIL?
Entretanto, esta medida (a redução) não só não colabora para a diminuição da violência como tende
TESE
a intensificá-la, por não tratar as origens do problema, além de enterrar uma parte da juventude
(INTRODUÇÃO):
brasileira na cadeia ao invés de desenvolver seu potencial.
RETOMADA DA TESE Portanto, fica evidente que a diminuição da violência não depende de uma maior abrangência etária
(CONCLUSÃO): do cárcere.
(Trecho extraído de redação nota máxima do FAMEMA 2020 –
Estatísticas dos aprovados no curso de medicina da FAMEMA em 2020 - Disponível em @desempenhosmed.)

b) Propostas com perguntas “X ou Y”

Essas propostas são semelhantes às anteriores. É importante que o aluno assuma um posicionamento claro em relação à
temática, ainda que ele tenha ressalvas em relação à sua escolha.
Ex.:

VESTIMENTAS RELIGIOSAS NO ESPORTE: LEGITIMAÇÃO DA OPRESSÃO OU LIBERDADE DE


TEMA:
MANIFESTAÇÃO RELIGIOSA?
TESE Impedir o uso dessa e de outras vestimentas religiosas no esporte fere a liberdade de manifestação
(INTRODUÇÃO): de religião, além de ir contra os princípios da prática esportiva.
RETOMADA DA TESE O uso de vestimentas religiosas no esporte é, portanto, uma forma de se garantir a liberdade de
(CONCLUSÃO): manifestação religiosa de cada atleta.
(Trechos extraídos de redação nota máxima do UNIFESP 2020 –

Estatísticas dos aprovados no curso de medicina na Escola Paulista de Medicina / Universidade Federal de São Paulo
no processo seletivo Vunesp – sistema de seleção misto 2020 – Disponível em @desempenhosmed)

c) Propostas com afirmação “entre X e Y”


Nessas propostas, é importante que o aluno tenha um pouco mais de cuidado. Embora essas temáticas pressuponham uma
oposição (os termos X e Y geralmente mostram ideias contrárias), é necessário que o aluno mecione as duas questões em
sua redação.

60
Ex.:
TEMA: EUTANÁSIA: ENTRE A LIBERDADE DE ESCOLHA E A PRESERVAÇÃO DA VIDA
Assim, a escolha pela eutanásia deve ser livre da ação do Estado, garantindo os direitos individuais
TESE
e limitando a ação estatal à preservação da vida no que diz respeito à garantia de acesso aos trata-
(INTRODUÇÃO):
mentos.
Por se tratar de uma escolha, a legalização da eutanásia não tem poder coercitivo, res-
Arg 1: peitando o direito de quem, dentro de suas convicções, prefere suportar o sofrimento e aguardar
a morte natural e, também, o direito de quem busca acabar com seu sofrimento.
Além disso, o papel do Estado, objetivando preservar a vida das pessoas, deve ser,
Arg 2: somente, o de proporcionar um ambiente propício para que a pessoa tome uma decisão
consciente
Em síntese, a eutanásia deve ser uma escolha livre de cada pessoa dentro de suas crenças pesso-
RETOMADA DA TESE
(CONCLUSÃO)
ais e da sua capacidade de suportar uma dor física ou psicológica, sendo a interferência de outros
nessa escolha uma ação indevida
(Trechos extraídos de redação nota máxima do UNESP 2020 –
Estatísticas dos aprovados no curso de medicina da UNESP 2020 - @desempenhosmed)

FATOS DA VIDA DAS PESSOAS NOTICIADOS NA INTERNET: ENTRE O DIREITO AO ESQUECIMENTO


TEMA:
E O INTERESSE PÚBLICO DE ACESSO À INFORMAÇÃO” – FAMEMA 2021
A Constituição Federal de 1988, também conhecida como “Constituição Cidadã”, prevê a todos
o direito à privacidade. No entanto, com a internet, alguns episódios tendem a ser perpetuados
entre os usuários. Nesse contexto, emerge um debate acerca de fatos das pessoas noticiadas na
TESE internet: essas vítimas merecem o direito ao esquecimento ou o acesso a tais informa-
(INTRODUÇÃO): ções é de interesse público? De fato, sabe-se que o passado é importante para a construção
do presente. Contudo, os indivíduos mudam ao longo dos anos e, por isso, a decisão de ter seu
passado exposto ao público deve ser uma escolha individual. Certamente, o direito à pri-
vacidade e a possibilidade de prejudicar a vida atual são os motivos para optar pelo esquecimento.
Torna-se evidente, portanto, que deve ser garantido o direito ao esquecimento a quem teve fatos
RETOMADA DA TESE
(CONCLUSÃO):
noticiados na internet. Não se pode permitir que o passado comprometa a honra do indivíduo no
presente.
(Trecho extraído de redação nota máxima do FAMEMA 2021 –
Estatísticas dos aprovados no curso de medicina da FAMEMA em 2020 - Disponível em @desempenhosmed.)

IMPRECISÕES COMUNS EM REDAÇÕES DE VESTIBULAR:


PROPOSTA TEMÁTICA E COLETÂNEA
1. Leitura do recorte temático
Uma das falhas mais graves e mais comuns das redações é a má interpretação do recorte temático proposto, o que leva à
fuga ou ao tangenciamento do tema. Isso ocorre, muitas vezes, pela inexperiência do candidato ou por sua falta de atenção
quanto à importância da leitura nessa etapa na prova.
O recorte temático, somado aos textos da coletânea, tem a função de delimitar quais são as diretrizes escolhidas pela banca
para abordar o assunto. Dentre várias possibilidades de discussão, escolhe-se uma vertente, geralmente restrita, que deter-
mina as principais relações a serem estabelecidas pelos candidatos. Prova dessa delimitação pode ser vista nas redações
nota mil do ENEM, nas quais boa parte dos autores escolhe argumentos muito parecidos e próximos produzidos a partir da
leitura atenta do recorte temático e da coletânea.
Quando essa leitura atenta não é realizada, os alunos podem fugir ou tangenciar o tema. A fuga total do tema, que anula
as redações em praticamente todos os exames, ocorre quando o candidato desenvolve uma ideia que não foi proposta pela
banca, isto é, aborda um viés que não está proposto nem pelo recorte nem pela coletânea. A fuga parcial ocorre quando uma
parte do recorte está contemplada, mas o texto ainda traz argumentos que sustentem outra direção de análise. Embora ela
não anule a redação, o candidato tem sua nota seriamente comprometida.

61
Como resolver?

Para não fugir ao recorte temático proposto nos exames, é possível criar algumas estratégias:
1) Transformar a proposta em uma ou mais perguntas;
2) Identificar as palavras-chave do recorte temático e trabalhar sobre elas

2. Leitura da coletânea
Outro erro comum cometido pelos alunos é deixar de ler a coletânea. Não se deve esquecer que a prova de redação pressu-
põe a leitura e a compreensão dos textos, o que torna essa etapa obrigatória.

Além disso, erram também aqueles que optam apenas por trabalhar as ideias presentes em um dos textos, sem atentar às
discussões abordadas pelos outros. Geralmente, as bancas separam os textos em mais ou menos fáceis de serem compreen-
didos, e, portanto, passam a avaliar melhor o candidato que conseguiu abordar as problemáticas desenvolvidas na maioria
desses textos.

Como resolver?
1) Partindo da leitura do recorte temático, procure ler a coletânea respondendo às perguntas propostas;
2) Destaque as informações mais relevantes (dados, exemplos, posicionamentos, leis, etc.)
3) Procure estabelecer relações entre eles, comparando-os. Se possível, escreva algumas orações para
organizar essa comparação.

3. Citação da coletânea (paráfrase)


Ao se valer da coletânea para compor seus argumentos, os alunos precisam estar atentos ao modo como as informações
ali presentes devem ser inseridas na redação. A maior parte das bancas examinadoras repudia a cópia integral dos textos, já
que ela não apresenta uma compreensão e apropriação autoral das informações oferecidas.

Convém ressaltar que não se deve fazer referências diretas à forma de exposição da coletânea, e sim citar o texto como se
ele fosse uma informação proveniente do repertório de informações do próprio candidato. Cabe ao aluno compreender e
interpretar os dados, inserindo-os em seu texto, caso julgue necessário. Uma boa dica é o emprego de paráfrases.

Veja os exemplos:

PROBLEMAS REFERÊNCIAS INADEQUADAS REFERÊNCIAS ADEQUADAS


REFERÊNCIA INCORRETA Segundo o texto 2... De acordo com reportagem publicada no Jornal O Globo, ...

4. Interpretações de dados estatísticos


Outro deslize comum nas redações do vestibular é a interpretação equivocada de gráficos e dados estatísticos. Às vezes, os
alunos extrapolam as inferências possíveis de serem feitas e constroem informações inadequadas dos textos apresentados.
Portanto, é preciso cuidado ao analisar os dados disponíveis, cuidando em reproduzir apenas os elementos prováveis dentro
de uma estatística.

Obs: Jamais invente dados estatísticos! Esse recurso – além de impertinente, dada a sua falsa natureza – é malvisto.

PROBLEMAS COLETÂNEA INTERPRETAÇÃO INADEQUADA INTERPRETAÇÃO ADEQUADA


Aproximadamente um terço dos
35 % dos eleitores admi- 65% não admiram a ação do pre-
EXTRAPOLAÇÃO eleitores admiram a ação do pre-
ram a ação do prefeito feito...
feito.

62
IMPRECISÕES COMUNS EM REDAÇÕES DE VESTIBULAR:
ESTRUTURA

1. Parágrafo expositivo
A presença do parágrafo expositivo nas redações do vestibular é um dos entraves mais comuns e mais difíceis de serem
solucionados. Esse fator ocorre em função da pouco experiência de muitos alunos em dissertar de modo argumentativo, isto
é, evidenciado seu posicionamento a partir de opiniões.
Para evitar esse deslize, é fundamental compreender e revisar a estrutura dissertativo-argumentativa. Vale lembrar que esse
texto pressupõe um conjunto de posicionamentos, opiniões (ligados a persuasão), sustentado por dados, fatos e informações
(ligados à exposição/comprovação das opiniões e posicionamentos).
Assim, o fundamental é garantir o equilíbrio entre essas duas esferas em seu parágrafo, conforme os exemplos abaixo.

PARÁGRAFO EXPOSITIVO PARÁGRAFO ARGUMENTATIVO


A princípio, a falta de profissionais qualificados dificulta o
contato do portador de surdez com a base educacional ne-
Países de todo o mundo estão vivendo o crescimento do en-
cessária para a inserção social. O Estado e a sociedade moderna
velhecimento populacional. Nas próximas décadas, a popula-
têm negligenciado os direitos da comunidade surda, pois a falta de
ção mundial com mais de 60 anos vai passar de 841 milhões
intérpretes capacitados para a tradução educativa e a inexistência de
em 2014 para 2 bilhões até 2050, segundo a Organização
vagas em escolas inclusivas perpetuam a disparidade entre surdos e
Mundial da Saúde (OMS).
ouvintes, condenando os detentores da surdez aos menores cargos da
hierarquia social.
https://jornal.usp.br (Trecho retirado da redação de Beatriz Albino Servilha –
Redação nota mil – ENEM 2017)

2. Ausência de coesão
Ao construir orações, períodos e parágrafos do texto, o aluno precisa estar ciente da necessidade de conectar cada uma
dessas estruturas. Os pontos descontados em razão da coesão costumam ser altos e, portanto, extremamente prejudiciais
na somatória final da avaliação.

É fundamental fiscalizar a todo o tempo a manutenção da conexão entre os trechos. É possível se valer de conectivos e ver-
bos para cumprir tal função (coesão sequencial) e também de pronomes, sinônimos, hiperônimos, termos genéricos a fim
de retomar termos já expressos, mantendo uma coesão lógica dos fatos apresentados (coesão referencial). Convém lembrar
que os alunos são avaliados pela presença ou ausência dessas estruturas, conforme mostra o comentário da banca do INEP
a respeito de uma das redações nota mil do ano de 2017:
Há também um uso diversificado de recursos coesivos que garantem a fluidez de sua argu-
mentação por todo o texto, com a presença de articuladores tanto entre os parágrafos (“A
princípio”, “Além disso”, “portanto”) quanto entre as ideias dentro de um mesmo parágrafo
(“Também”, “Desse modo”, “pois”, “haja vista que”, “Ademais”; entre outros).
Redação no Enem 2018 - Cartilha do participante

3. Ausência de coerência
A coerência nas redações do vestibular avalia a capacidade do texto em garantir a sequência lógica e o encadeamento
correto das ideias. No entanto, a ausência de planejamento e de delimitação da tese e dos argumentos levam os alunos
a construírem parágrafos incoerentes, com informações contraditórias e impertinentes.

É comum encontrar casos em que os candidatos resolvem escrever um argumento para cada texto da coletânea, numa clara
tentativa de recriar as informações apresentadas sem o menor objetivo argumentativo. Como resultado, cria-se um texto
sem relação lógica, sem direcionamento, que coloca numa sequência linear informações contraditórias, ou sem relação direta
entre si.

63
Para evitar problemas de coerência em seu texto, lembre-se das estratégias abaixo:
§ SEMPRE faça um planejamento de texto;
§ Deixe sua tese muito clara para o leitor;
§ Observe se os argumentos apresentados realmente contribuem para a defesa dessa tese;
§ Verifique se os posicionamentos trabalhados em seu texto não estão em contradição;
§ Cuide para que seu título também esteja coerente em relação ao conjunto do texto.

4. Presença de lacunas
Um dos problemas que leva parte dos alunos a não atingirem a nota máxima em muitas avaliações é a presença de lacunas.
Lacunas são ausências criadas ao longo do texto, a partir de ideias que foram apresentadas, mas não comprovadas ou
discutidas. Para se ter uma ideia, a VUNESP estabelece a nota máxima no critério GÊNERO/TIPO DE TEXTO E COERÊNCIA
a partir da capacidade do candidato de não deixar lacunas em seu texto: “Bom desenvolvimento dos argumentos: ainda
que haja rara lacuna ou quebra, os argumentos são justificados/desenvolvidos de modo a convergir para o ponto de vista
defendido e há progressão argumentativa (texto estratégico)”.

5. Inexistência da tese/tese
A inexistência da tese no texto dissertativo-argumentativo é um erro bastante grave para o gênero. Isso porque ele com-
promete toda a estrutura de desenvolvimento do texto, ao não apresentar um fio condutor que oriente a apresentação das
ideias. A maior parte dos vestibulares exige tal elemento e o avalia como fundamental para a construção da redação. A
análise do próprio INEP feita para os textos nota mil revela essa preocupação:

Nota-se também um pleno domínio do texto dissertativo-argumentativo, uma vez que a par-
ticipante estrutura adequadamente sua redação, apresentando sua tese, argumentos que a
corroboram e conclusão que encerra a discussão.
Redação no Enem 2018 - Cartilha do participante

Em síntese, não caprichar na tese é comprometer a estrutura macro de todo o texto e ainda correr o risco de perder pontos
pelo não cumprimento do gênero.

Recomendações para a elaboração de uma tese


A tese é um posicionamento a respeito de um determinado tema e, portanto, pressupõe a explicitação de julgamentos ou
juízos, o que a caracteriza como um período argumentativo. Portanto, convém empregar palavras que não sejam meramente
descritivas, mas que carreguem em si um aspecto parcial acerca do tema desenvolvido.

Para facilitar a composição de sua tese, recomendamos algumas estratégias:

1) Empregue verbos no presente que exprimam juízos A elite brasileira ignora a noção de cidadania e, assim, submete
de fato a respeito de uma situação. os outros a uma relação de hierarquia.
2) Use substantivos abstratos que apontem a ocorrên- É importante analisar a forte influência política no setor e a im-
cia de processos/eventos que ocorre, na sociedade. punidade das empresas que desrespeitam a legislação.
3) Use adjetivos para julgar e avaliar processos/ atitu-
As ações vinculadas à cultura são inexpressivas...
des/comportamentos
Diante disso, nota-se que o racismo continua presente no coti-
4) Empregue verbos de ligação para avaliar e criticar: diano brasileiro, ainda que parte da sociedade civil negue sua
existência.

64
SUGESTÃO DE ESTILO I

Ampliação do vocabulário
Sabemos que a composição do léxico de uma pessoa – isto é, o conjunto de vocábulos de que dispõe para uso da língua – é
uma construção feita ao longo de toda a vida. Ela ocorre em diferentes processos de contato com a língua, seja através da
compreensão oral ou de nossa compreensão escrita.
Ao nos dedicarmos à escrita de redações para o vestibular – tendo como foco o texto dissertativo-argumentativo – é
comum que empreguemos com frequência as mesmas palavras, até mesmo porque, ao longo do tempo, observamos que
algumas delas são capazes de precisar exatamente as ideias que queremos defender. No entanto, não podemos nos esque-
cer de que a ampliação do léxico é um processo contínuo, que deve ser estimulado e valorizado. Portanto, evite o apego a
fórmulas únicas de construção textual e aproveite as sugestões e análises abaixo para aumentar ainda mais suas formas de
construção textual.

a) Uso de substantivos abstratos

Pelo fato das dissertações-argumentativas serem pautadas pela apresentação e defesa de ideias, é natural que boa parte do
léxico dessa unidade textual seja composto por substantivos abstratos. Estes são responsáveis por nomear ações, processos,
ideias, sentimentos, sensações, experiências entre outras convenções dentro de uma língua.

Leia os conjuntos de substantivos abaixo e procure empregá-los. O ideal, ainda, é criar uma lista própria de termos em seu
caderno de anotações para sempre consultá-la quando necessário.

FUNÇÃO TERMOS EMPREGO


despreparo, equívoco, engano, infantilidade, negligência, Ao notar a série histórica de equívocos
brutalidade, displicência, inação, irregularidade, comedi- por parte das autoridades brasileiras, nota-
Ações/ Comportamentos
mento, descuido, desatenção, despreparo, ilusão, impre- -se o quanto o despreparo e conivên-
possivelmente inadequados:
visibilidade, conivência, permissividade, desgaste, insta- cia foram a tônica das condutas políticas
bilidade, fuga, incapacidade, mascaramento em diferentes regimes.
Engajamento, interesse, maturidade, coerência, inte- O atual interesse e engajamento dos
Ações/ Comportamentos ração, flexibilidade, coragem, clareza, aprimoramento, jovens face aos problemas ambientais re-
possivelmente notáveis: gentileza, cordialidade, aproximação, conciliação, ama- velam o real amadurecimento político
durecimento, simplificação, ousadia, concentração. das novas gerações.

PALAVRAS USUAIS SINÔNIMOS


Vontade Desejo, ambição, busca, procura
Trabalho Atuação, desempenho, conduta, tarefa, obrigação
Objetivo Finalidade, intuito, intenção, meta, alvo
Administração Gestão, atuação, operação
Aumento Acréscimo, ampliação, crescimento
Visão Percepção, perspectiva, entendimento, compreensão
Desprezo Aversão, preterição, repulsa
Manutenção Conservação, permanência, continuidade
Contribuição Colaboração, aporte, auxílio
Construção Criação, composição, elaboração
Ligação Aliança, associação, acordo

65
b) Adjetivos

Os adjetivos também são itens lexicais importantes para a construção da opinião do autor dentro do texto. No entanto,
como vimos na aula 20, é preciso comedimento e atenção para empregar adjetivos adequados à norma padrão da escrita e
ao texto dissertativo-argumentativo. A lista abaixo pode te auxiliar a obter novos termos para aprimorar a criticidade de seu
texto nas provas de redação.

PALAVRAS USUAIS SINÔNIMOS EMPREGO


Prejudicial Nocivo, pernicioso, danoso É nociva a forma como tais indivíduos são tratados.
Apropriado, adequado, pertinente, propício, ideal, O momento não poderia ser mais propício: a cidade, atu-
Válido
procedente almente, passa pelo grave processo de financeirização.
Nesse sentido, as incoerências a respeito do problema
Notável Evidente, perceptível, visível
tornam-se visíveis.
A austera vigilância sobre os alunos impõe-se parte na-
Rigoroso Austero, severo, rígido, intransigente, autoritária
tural do processo educativo
Assim, amplia-se a ideia falaciosa de que todo o siste-
Mentiroso Leviano, inverídico, enganoso, falacioso
ma público de saúde está corrompido.
Com efeito, tais ideias ainda precisam ser difundidas
Disseminado Difundido, compartilhado, divulgado
entre as autoridades brasileiras.
É justificável o argumento defendido por boa parte da
Legítimo Lícito, aceitável, justificável – verdadeiro, genuíno
população.

c) Construções verbais

Conhecer e saber manipular as construções verbais da língua é algo que certamente rende maior precisão vocabular aos
candidatos na hora do vestibular. Veja a lista abaixo e observe como alguns deles podem ser empregados num texto disser-
tativo-argumentativo:

PALAVRAS USUAIS SINÔNIMOS EMPREGO


Parte dos cidadãos abstêm-se da responsabilidade co-
Recusar Abster-se de, isentar-se de
letiva com a luta antirracista.
E assim, a sociedade perpetua a ideia de que parte
Continuar Permanecer, manter, conservar, preservar, perpetuar
dos cidadãos não são dignos de direitos.
Outros alegam que esses adolescentes já teriam res-
Defender Alegar, argumentar ponsabilidade suficiente para responder criminalmen-
te por seus próprios atos.
Parte dos professores fazem objeções ao emprego do
Questionar Contestar, fazer objeção a,
celular em sala de aula.
Ao reproduzir esse senso comum, mina-se qualquer
Prejudicar Danificar, minar, comprometer,
possibilidade de engajamento por parte da população.
Aos poucos, o grupo deixa entrever uma série de
Mostrar Revelar, expor, deixar entrever, preconceitos presentes no discurso, nas ações e nas
escolhas realizadas.
Prosseguir Levar adiante, avançar Poucos levam adiante a lição aprendida com o passado.
Esse espaço é reivindicado justamente quanto as eli-
Querer Reivindicar, exigir, requerer
tes tem seu privilégio questionado.
Ao passo que os direitos são negados, privilegia-se
Favorecer Beneficiar, possibilitar, privilegiar
apenas um grupo social.

66
SUGESTÃO DE ESTILO II

1. Deslocamento e inversões sintáticas


Sabemos que a clareza de um texto é fundamental para a obtenção de uma boa nota. Sabemos também que o uso recor-
rente da ordem direta do português (sujeito-verbo-complemento) é uma ferramenta excelente para que o aluno não perca
o raciocínio durante a escrita e evite desvios de concordância, regência e pontuação.
No entanto, devido à forma com que as informações são apresentadas, muitas vezes, pode ser mais interessante recorrer
a deslocamentos ou inversões sintáticas no momento da escrita. Embora, muitas vezes, já façamos uso dessas estruturas,
mesmo sem nos darmos conta, é recomendável sabermos manipular as orações a fim de aprimorarmos ainda mais a orga-
nização de nosso texto.

a) Deslocamento da oração adverbial

De acordo com a ordem canônica de apresentação sintática da língua portuguesa, advérbios, locuções ou orações adverbiais
devem aparecer sempre após a estrutura sujeito-verbo-complemento, como ocorre na sentença “Os deputados aprovaram
a sentença na última sexta-feira”. Entretanto, em algumas situações na escrita da redação, convém que essa informação
trazida pelo advérbio/locução adverbial/oração adverbial seja antecipada para o leitor.
Observe os períodos abaixo:
Ao longo do processo de formação da sociedade, o pensamento
Deslocamento de locução adverbial de tempo
cinematográfico consolidou-se em diversas comunidades.
Embora a Constituição Federal de 1988 assegure o acesso à cultura
Deslocamento de oração adverbial concessiva e de oração adverbial
como direito de todos os cidadãos, percebe-se que, na atual realida-
temporal
de brasileira, não há o cumprimento dessa garantia.
Assim como retratado no longa-metragem, não há, ainda, a plena
Deslocamento de oração adverbial comparativa
democratização do acesso ao cinema no Brasil.
(Trechos extraídos de redações nota máxima do ENEM 2019 , disponíveis na Cartilha Redação a mil 2.0.)

Em todas as situações, os termos adverbiais foram deslocados para o início ou para o meio da oração com objetivo de adian-
tar algumas informações para o leitor. O grande desafio, ao empregar tais estruturas, é estar atento para o uso da vírgula:
ela sempre será necessária para marcar esses deslocamentos.
Em outros casos, o uso do deslocamento pode tornar o texto ainda mais autoral. Veja os exemplos abaixo:
Ainda que haja forte pressão de parte dos cidadãos, as autoridades não devem abrir mão dos programas de
TESE
vacinação.
TÓPICO FRASAL Ao vincularmos nossas ações ao olhar do outro, perdemos nossa própria identidade.
RETOMADA DA TESE Portanto, seja em função do alto custo dos ingressos, seja devido à pouca oferta de espaços para espetáculo,
(CONCLUSÃO) o teatro continua a ser uma arte relegada apenas às camadas mais altas.
FECHAMENTO Se pertence ao homem o direito de escolher sua própria orientação religiosa, não cabe a nenhum Estado
ESPECIAL
(CONCLUSÃO) legislar sobre essa decisão.
FECHAMENTO Enquanto o individualismo for a regra da atualidade, a solidariedade continuará a ser um discurso incapaz
ESPECIAL
(CONCLUSÃO) de se transformar em ações e em práticas efetivas.

b) Inversão sintática

Eventualmente, a inversão da estrutura sujeito-verbo-complemento pode ser usada para melhorar a conexão com a oração
anterior, para dar mais ênfase a determinados elementos ou para tornar a redação mais autoral. Todavia, é preciso usar esse
recurso com comedimento, tendo atenção para não cometer equívocos nas concordâncias verbal e nominal das sentenças.

67
Observe abaixo a diferença entre a posição de sujeitos, verbos e complementos nas orações destacadas:
PERÍODO INVERTIDO PERÍODO NA ORDEM CANÔNICA
Diferentemente disso, no Brasil, são raras as políticas públicas na Diferentemente disso, no Brasil, as políticas públicas na área de
área de moradia e inexistem meios efetivos para a contenção da moradia são raras e meios efetivos para a contenção da especula-
especulação imobiliária. ção imobiliária inexistem.
Foram, justamente, os jovens os principais responsáveis pelas Jor- Os jovens, justamente, foram os principais responsáveis pelas Jor-
nadas de Junho, em 2013, no Brasil. nadas de Junho, em 2013, no Brasil.
Desse grande mal-entendido científico, surgiram diversas notícias Diversas notícias falsas surgiram desse grande mal-entendido
falsas. científico.

2. Redução de orações
Outro recurso que pode aprimorar a escrita dos alunos é a ação de reduzir orações subordinadas ou ainda de transformá-las
adjetivos, substantivos ou advérbios/locuções adverbiais dentro de um período simples. Esses empregos, além de deixarem o
texto mais curto e objetivo, podem melhorar a clareza nas ideias e conferir mais autoria à produção.

ORAÇÕES SUBSTANTIVAS
ORAÇÃO DESENVOLVIDA ORAÇÃO REDUZIDA
É preciso que as ofertas de trabalho nessa área sejam ampliadas É preciso ampliar as ofertas de trabalho e dirigi-las, sobretudo, à
e que elas sejam dirigidas, sobretudo, à população desalentada. população desalentada.
ORAÇÃO DESENVOLVIDA ORAÇÃO TRANSFORMADA EM SUBSTANTIVO
É notório que esses movimentos conquistaram sua liberdade. É notória a conquista da liberdade feita por esses movimentos.
ORAÇÕES ADVERBIAIS
ORAÇÃO DESENVOLVIDA ORAÇÃO REDUZIDA
Quando se considera a situação brasileira, nota-se... Ao se considerar a situação brasileira, nota-se...
ORAÇÃO DESENVOLVIDA ORAÇÃO TRANSFORMADA EM LOCUÇÃO ADVERBIAL
Embora haja críticas à medida, ela é fundamental... Apesar das críticas à medida, ela é fundamental

3. Uso de repertório
Ao longo do curso, você foi apresentado a diferentes recursos para usar seu repertório nas redações. Aqui, são apresentadas
apenas outras sugestões para você se inspirar e fazer paráfrases criativas de teorias ou conceitos de dos autores selecionados.

TEORIA/CONCEITO EMPREGO

Num sistema de direitos de cidadania assim baseado na imunida- Diante desse exemplo, é possível dizer que James Holston
de de alguns e na incapacidade de outros, os direitos se tornam acertara ao descrever a cidadania no Brasil: direitos tornam-
relações de privilégio que atuam sem a obrigatoriedade do dever. -se privilégios sem a obrigação dos deveres, o que apenas reforça
esse sentimento de hierarquia e distinção social tão presentes en-
James Holston, antropólogo norte-americano.
tre as camadas mais abastadas do país.

A escolha dos homens, que irão exercer funções públicas, é feita Nesse contexto, o interesse de parte da elite em promover pesso-
de acordo com a confiança pessoal que mereçam os candidatos, as próximas para altos cargos – sejam eles públicos ou privados –
não de acordo com as suas capacidades próprias. Falta a tudo a em nada se distancia da cordialidade descrita por Sérgio
ordenação impessoal que caracteriza a vida no Estado burocrático. Buarque de Hollanda: trata-se de uma seleção que despreza
as capacidades próprias dos candidatos e, em vez disso, seleciona
Sergio Buarque de Hollanda, sociólogo e historiador brasileiro.
aqueles com quem mantém relações de interesse e de confiança.
A racionalidade neoliberal tem como característica principal a ge- A busca desenfreada pelo sucesso e pelo desempenho em dife-
neralização da concorrência como norma de conduta. (...) O neoli- rentes instâncias da vida social é parte de uma nova racionalidade
beralismo pode ser definido como o conjunto de discursos, práticas em operação no momento contemporâneo: a concorrência. Tal
e dispositivos que determinam um novo modo de governo dos como descrevem Pierre Dardot e Christian Laval, os in-
homens segundo o princípio universal da concorrência. divíduos extraem a competição da esfera econômica e passam a
Pierre Dardot e Christian Laval, filósofos franceses contemporâneos. empregá-la em nas demais relações que estabelecem.

68
Proposta Enem
TEXTO 1
A história, como um campo do saber, é parte central dos embates políticos e sociais desde sua origem, pois ela faz parte da constituição das
nossas sociedades, ao fornecer representações formadoras de imaginários coletivos que instituem e dão legitimidade à comunidade. Ela é
fundamental para estruturar as identidades de diferentes grupos sociais, sejam nações, classes, grupos religiosos ou movimentos sociais, e, ao
mesmo tempo, pode oferecer inspiração para as escolhas políticas de tais grupos. Aí estão as razões pelas quais a história ocupa lugar central
nas batalhas políticas presentes, sendo objeto de tantas disputas e manipulações por parte de quem pretende justificar seus projetos de poder.
Rodrigo Patto Sá Motta “Desafios para uma história do tempo presente no Brasil” https://ufmg.br (06.06.2020) Adaptado.

TEXTO 2
A falta de interesse pela preservação da memória no Brasil, explícita no incêndio que atingiu o Museu Nacional na noite o dia 02 de setembro
de 2018, é uma característica histórica e cultural da sociedade brasileira. A análise é da historiadora, pesquisadora e professora Mary del Priore,
que lista, entre tantos motivos, a falta de investimentos das autoridades públicas na manutenção e valorização do patrimônio, os profes­sores de
história que não transmitem a paixão sobre o passado para seus alunos, os pais que preferem levar seus filhos ao shopping e não a um museu.
A responsabilidade, diz a professora, é de toda a sociedade, que agora se sensibiliza ao ver um patrimônio depredado. “Todos nós temos que
jogar as cinzas do Museu na nossa cabeça. Foi culpa nossa”, disse em entrevista à Carta Capital.
“Nunca foi valorizado no Brasil o nosso passado, a nossa memória, a disciplina histórica. As faculdades de história, por exemplo, só começam
no país no século XX. A falta de prestígio da história é histórica”, afirma.
‘A falta de prestígio da História é histórica no Brasil’ https://www.cartacapital.com.br/ (03.09.2018 )

TEXTO 3
Nos últimos anos, o mundo tem vivenciado uma crescente negação de fatos históricos. Frases como “o Holocausto nunca existiu”, “o nazismo é
de esquerda”, “a ditadura militar foi branda” e “não houve genocídio indígena” estão se tornando comuns em conversas diárias, seja em redes
sociais ou em uma mesa de bar numa sexta à noite.
Inúmeros fatores contribuem para o aumento deste fenômeno no Brasil e no mundo. A revista Aventuras na História teve acesso à abertura do
evento “Negacionismos e Revisionismos: o conhecimento histórico sob ameaça”, organizado por docentes da Universidade de São Paulo (USP),
onde o tema aparece como um desafio que deve ser enfrentado através do diálogo.
Segundo a professora e historiadora da USP Mary Anne Junqueira, “o negacionismo está vinculado ao fortalecimento de grupos conservadores
em várias partes do ocidente e também em regiões do oriente . Negar a violência de temas do passado e do presente é uma ameaça ao conhe-
cimento histórico e à democracia, e deve ser visto como arma política usada por determinados setores”.
Independentemente de posições políticas, o debate sobre esses conteúdos deve ser mantido por todos os cidadãos dentro de termos racionais,
e construído com base em argumentos sólidos – afinal, a História é uma ciência como todas as outras.
“Negacionismo histórico: por que estamos negando os fatos?” www.aventurasnahistoria.uol.com.br (08.05.2019)

TEXTO 4

https://tirasarmandinho.tumblr.com/post/150815257424/tirinha-original (Acesso em 02.09.2021)


A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um texto disserta-
tivo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema , apresentando proposta de intervenção que respei-
te os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.
OS PERIGOS DO DESPREZO À HISTÓRIA NA SOCIEDADE BRASILEIRA

69
Proposta vestibular
TEXTO 1
Novelas, filmes e séries são obras de ficção, certo? Mas quando essas obras retratam figuras e acontecimentos históricos, a maioria das pessoas
espera que aquilo que estão vendo seja o que realmente aconteceu ou que, pelo menos, se aproxime da realidade dos fatos e das pessoas retratados.
Isso não é o que vemos em Nos Tempos do Imperador, a atual novela das 18h da Globo.
Nos Tempos do Imperador se passa na época do Segundo Reinado, com recursos parecidos aos da novela anterior: um casal romântico fictício
protagoniza a história, com figuras históricas como pano de fundo — dessa vez, o romance entre Dom Pedro II e a Condessa de Barral. Porém, o
resultado está sendo bem diferente: a audiência está mais baixa do que nunca, e o público está criticando os vários erros históricos da produção.
Vejamos o primeiro casal protagonista romântico da novela: Pilar é uma moça rica que quer ser médica, em uma época na qual apenas homens
estudavam, e se apaixona por Jorge, um escravo que foge de seu dono e muda de identidade. Várias das sequências que mais geram críticas na
novela envolvem ambos.
O casal birracial anda pela rua, trocando carícias livremente — isso em uma época em que muitos negros ainda eram escravizados e nem eram
considerados humanos por parte dos brasileiros. É factível a existência do casal, porém demonstrar o amor à luz do dia, sem sofrer represálias, não
é algo que seria possível.
A cena mais incômoda foi quando Pilar acabou sendo impedida de morar na Pequena África, reduto dos negros libertos, e Jorge faz um comentário
comparando o que houve com a moça ao racismo. Afinal, ter de buscar outro lugar para dormir não é nada perto de séculos de escravidão e da falta
de direitos básicos.
“Dramas históricos precisam ter compromisso com a realidade?” https://www.megacurioso.com.br/ (02.09.2021)

TEXTO 2
A história, como um campo do saber, é parte central dos embates políticos e sociais desde sua origem, pois ela faz parte da constituição das nossas
sociedades, ao fornecer representações formadoras de imaginários coletivos que instituem e dão legitimidade à comunidade. Ela é fundamental
para estruturar as identidades de diferentes grupos sociais, sejam nações, classes, grupos religiosos ou movimentos sociais, e, ao mesmo tempo,
pode oferecer inspiração para as escolhas políticas de tais grupos. Aí estão as razões pelas quais a história ocupa lugar central nas batalhas políticas
presentes, sendo objeto de tantas disputas e manipulações por parte de quem pretende justificar seus projetos de poder.

Há iniciativas sistemáticas de alguns grupos sociais para construir representações da história que recuperam perspectivas tradicionais de inspiração
conservadora. Não se trata apenas da história presente, mas também de temas clássicos como a colonização do Brasil e a escravidão, fenômenos
que as lideranças e os intelectuais mais conservadores pretendem mostrar como processos sem conflito e violência.
Rodrigo Patto Sá Motta “Desafios para uma história do tempo presente no Brasil” https://ufmg.br (06.06.2020) Adaptado.

TEXTO 3
Poucos se dão conta de que, quando se vai montar uma peça, um filme, uma novela, no início está escrito “Baseado em...” Uma produção audio-
visual é uma nova produção que nasce em cima do livro, em cima da história, em cima de um episódio real. Trata-se de uma nova obra, uma nova
releitura, uma livre adaptação.
As linguagens artísticas existem justamente para não ter compromisso com a realidade. A ficção é uma narrativa imaginária, irreal, ou para redefinir
obras (de arte) criadas a partir da imaginação. Obras ficcionais podem ser parcialmente baseadas em fatos, mas sempre contêm algum conteúdo
imaginário. É o que chamo das transgressões artísticas. A arte cria ilusões de realidades, espaços e pessoas inexistentes para contar histórias que
nunca aconteceram. Que não se encontram na natureza, de forma a materializar visualmente as ideias que temos na cabeça. O ser humano é o único
animal que produz ficção, criando uma aparência de realidade para enganar a si próprio ou a seus similares. Assim, o nosso dia a dia, nossas tarefas
são a realidade que vivemos. Quem quiser viver alguns momentos de fantasia, abra um livro, assista a um filme, ouça uma música.
Ou, como eu digo, o papel do historiador é contar o fato como realmente aconteceu. O papel do escritor é imaginar, contar, fantasiar como o fato
poderia ter acontecido.
Emílio Figueira “A ficção não tem compromisso com a realidade” https://www.emiliofigueira.com.br/ (09.05.2020) Adaptado.

TEXTO 4
Por trazer a história para o cotidiano, as novelas e minisséries são um gênero televisivo que chama a atenção da população. As obras de época
possibilitam uma volta ao passado. As tramas históricas possibilitam um conhecimento sobre um determinado período ou figura histórica por meio
do entretenimento que a TV oferece. Muitas pessoas, ao assistirem as tramas, despertam seu interesse em pesquisar e se aprofundar sobre os fatos
históricos e a vida dos personagens, por meio de livros, internet, entre outros. Há uma relação de identidade, curiosidade e empatia que se constrói
entre o personagem e o telespectador.

70
Diante de um cenário como esse, até entendemos que as produções audiovisuais sejam um produto de ficção e que, portanto, não tenham um com-
promisso com o registro da história em si. No entanto, tais produções criam uma visão sobre aquilo que abordam, ao fornecerem uma interpretação
sobre episódios que efetivamente ocorreram. Ou seja, mesmo que a ficcção não tenha essa intenção, ela também constrói uma visão sobre a história.
Samanta Fernandes “As representações históricas como produto midiático”: Um estudo sobre a minissérie “Amazônia – de Galvez
a Chico Mendes”. Dissertação de Comunicação Contemporânea da Universidade Anhembi Morumbi, 2016. (Adaptado)

Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva um texto dissertativo-argumentativo, empregando a
norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema:

A REPRESENTAÇÃO DA HISTÓRIA NAS ARTES: ENTRE A LIBERDADE


DE CRIAÇÃO E O COMPROMISSO COM A REALIDADE

71
72
INGLÊS

73
ESTUDO DA LÍNGUA INGLESA

U.T.I. - Sala 2. (UEL) Leia os textos a seguir.

TEXTO I
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
Language carries culture, and culture carries, partic-
Emily Carr (1871-1945) ularly through orature and literature, the entire body
of values by which we come to perceive ourselves and
Emily Carr was born on December 13, 1871, in Victoria, our place in the world. How people perceive themselves
British Columbia, to Richard and Emily Saunders Carr, the
affects how they look at their culture, at their politics
fifth child in a family of five girls. A brother, Dick, was
and at the social production of wealth, at their entire
born in 1875. Carr began her training as an artist in her
relationship to nature and to other beings. Language
late teens. After the death of both parents, rather than be
is thus inseparable from ourselves as a community of
subjected to the demands of her overbearing sister Edith,
human beings with a specific form and character, a spe-
Carr approached her legal guardian to secure funds to
cific history, a specific relationship to the world.
attend the California School of Design. Little of her work
survives from this period, but she seems to have received (Ngugi Wa Thiong’o)
basic instruction in oil painting and watercolour and was (GREENBLATT, S. et al. The Norton Anthology.
able, upon her return to Victoria in 1893, to make a living English literature. 8.ed., v.2. 2005. p.2538.)
as an art teacher. In 1907, she began documenting the
TEXTO II
First Nations cultures of British Columbia.
Carr continued to draw and paint throughout the 1930s Listen Mr. Oxford Don
until a heart attack in 1937 left her bedridden and un-
able to paint. She began to devote all of her creative en- Me not no Oxford don
ergy to writing. Ira Dilworth, teacher and CBC executive, Me a simple immigrant
became her confidant and literary advisor. Dilworth’s From Clapham Common
I didn’t graduate
support of her autobiographical sketches gave her both
I immigrate
the confidence and the means to secure publication for
But listen Mr. Oxford don
her work. Her writing, initially broadcast on CBC Radio,
I’m a man on de run
gathered popular appeal and endeared her to a public
And a man on de run
that for years had been hostile to her art.
Is a dangerous one
Klee Wyck, first published in 1941, was a huge popular
success and a critical success as well: Carr was awarded I ent have no gun
the Governor General’s Literary Award for non-fiction in I ent have no knife
1941. Some of her other titles were The Book Of Small but mugging de Queen’s English
(1942), The House Of All Sorts (1944), Growing Pains In the story of my life
(1946) and The Heart Of A Peacock (1953). I dont need no axe
Growing Pains tells the story of Carr’s life, beginning (Jhon Agard) (Disponível em:<http://year11protestpoetry.wikispaces.
with her girlhood in pioneer Victoria and going on to her co/Listen+Mr+Oxford+don>. Acesso em: 23 set. 2013.)

training as an artist in San Francisco, England and France.


Also here is the frustration she felt at the rejection of Com base na leitura do texto I, explique a relação entre
her art by Canadians, of the years of despair when she o eu lírico e a língua inglesa no poema.
stopped painting. Justifique com exemplos do texto II.
Carr is a natural storyteller whose writing is vivid and
vital, informed by wit, nostalgic charm, an artist’s eye for Leia o texto para responder, em português, à questão.
description, a deep feeling for creatures and the idiosyn-
crasies of humanity. Land in Brazil: Farmers vs Amerindians
June 15th 2013
Emily Carr died in Victoria on May 2, 1945, with no idea
that she would ultimately become a Canadian icon. When Brazil’s constitution was adopted in 1988, five years
Adaptado de: museevirtuel-virtualmuseum.ca. was meant to be enough to decide which areas should
be declared Amerindian tribal lands. Nearly 25 years later,
1. (UERJ) O gênero de um texto pode ser reconhecido
the country has 557 indigenous territories covering 13%
tanto por seu propósito comunicativo quanto por suas
of its area, most of them in the Amazon. But more than
características de uso de linguagem.
100 others are still being considered. The delay is causing
Identifique o gênero do texto e seu propósito. Indique, conflict in long-farmed regions farther south.
também, duas dessas características.

74
4. (FUVEST)

School
By Daniel J. Langton

I was sent home the first day


with a note: Danny needs a ruler.
My father nodded, nothing seemed so apt.
School is for rules, countries need rulers,
graphs need graphing, the world is straight ahead

It had metrics one side, inches the other.


You could see where it started
and why it stopped, a foot along,
how it ruled the flighty pen,
which petered out sideways when you dreamt.

I could have learned a lot,


understood latitude, or the border with Canada,
so stern compared to the South
In the past month several Terena Indians have been in- and its unruly river with two names.
jured and one killed in confrontations with police and But that first day, meandering home, I dropped it.
farmers in Sidrolândia in Mato Grosso do Sul (see map).
http://www.poetryfoundation.org/poem/244284. Acesso em: 23/8/2012.
Funai started studying the region the Terena tribe claims
as its ancestral home in 1993. In 2001 it proposed an
Com base no poema “School”, responda em português:
indigenous territory of 17,200 hectares (42,500 acres).
Landowners whose farms fell within it challenged the de- a) Após o primeiro dia na escola, o menino voltou
cision in court; some have titles dating from 1928, when para casa com um bilhete que dizia: “Danny precisa
the government ceded 2,090 hectares to the tribe and de uma régua”. Por que a exigência de uma régua
encouraged settlers to farm neighbouring land. Since pareceu apropriada?
then Funai, the justice ministry, the public prosecutor’s b) O que aconteceu no caminho de volta para casa
office and various judges have argued over the territory’s e qual a consequência desse acontecimento para o
status. Last year owners of some of the 33 affected farms aprendizado do menino?
won a ruling granting them continued possession.
The Terena, supported by Funai, continue to lay claim 5. (UEL) Leia o poema a seguir.
to the land. Last month they invaded several disputed 40-Love
farms. During a failed attempt by police to evict them
from one owned by a former state politician, an Indian middle aged
was killed. On June 4th another was shot in the back on couple playing
a neighbouring property. He is unlikely to walk again. ten- nis
The evictions have now been suspended and the occu-
pations continue. The justice ministry is trying to gather when the
together local and federal politicians and tribal leaders game ends
to negotiate an end to the impasse. and they
Brazil’s powerful farm lobby is now trying to change the go home
constitution to give Congress the final say over future
the net
demarcations. That would probably mean few or no
more indigenous territories. The government wants the will still
power to demarcate territories to remain with the jus- be bet
tice minister and the presidency. But in states where Fu- ween them.
nai’s rulings are fiercely contested, such as Mato Grosso
do Sul, it plans to start seeking second opinions from (McGOUGH, R. Disponível em: <http://home.planet.nl/
agencies seen as friendlier to farmers. brui1713/litbite/40love.html>. Acesso em: 14 ago. 2012.)

(www.economist.com. Adaptado.) a) Este poema mostra uma relação entre a forma do


texto e sua mensagem. Qual é essa relação?
3. (UNESP) De acordo com o texto, por que a Funai é b) Explique a relação entre o jogo de tênis e o casa-
questionada em estados fortemente agrícolas? mento, implícita no poema.

75
U.T.I. - E.O.
1. (FUVEST)

Com base na tirinha cômica “Dry Bones”, responda em português:


a) O que o personagem de boné considera uma boa notícia?
b) Por que a última fala do diálogo tem efeito humorístico? Justifique sua resposta.

2. (FUVEST)

Is this the
South Sea Bubble 2.0?
I saw her on
Wilt thou be my ThouTube...
Visagebook friend? How goeth ye
American Spring?
Twas GHASTLY! I hear Tom Paine’s all a-Twitter

THERE IS A great historical irony at the heart of the current transformation of news. The industry is being reshaped by
technology – but by undermining the mass media’s business models, that technology is in many ways returning the
industry to the more vibrant, freewheeling and discursive ways of the preindustrial era. Until the early 19th century
there was no technology for disseminating news to large numbers of people in a short space of time. It travelled
as people chatted in marketplaces and taverns or exchanged letters with their friends. The invention of the steam
press in the early 19th century, and the emergence of mass-market newspapers, marked a profound shift in news
distribution. The new technologies of mass dissemination could reach large numbers of people with unprecedented
speed and efficiency, but put control of the flow of information into the hands of a select few. In the past decade
the internet has disrupted this model and enabled the social aspect of media to reassert itself. In many ways news
is going back to its pre-industrial form, but supercharged by the internet. Camera-phones and social media such as
blogs, Facebook and Twitter may seem entirely new, but they echo the ways in which people used to collect, share
and exchange information in the past.
The Economist, July 9th 2011. Adaptado.

Com base no texto, responda em português:


a) Que mudanças ocorreram no início do século XIX, na indústria de notícias?
b) Explicite a ironia histórica, provocada pelo advento da internet, no modo de distribuição atual das notícias.

76
3. (UNICAMP) The World Without Us by Alan Weisman – a book review

Imagining the consequences of a single thought expe-


rience – what would happen if the human species were
suddenly extinguished – Weisman has written a sort of
pop-science ghost story, in which the whole earth is
the haunted house. Among the highlights: with pumps
not working, the New York City subways would fill with
water within days, while weeds and then trees would
retake the streets. Texas’s unattended petrochemical
complexes might ignite, scattering hydrogen cyanide
to the winds – a “mini chemical nuclear winter.” After
thousands of years, rubber tires, and more than a bil-
lion tons of plastic might remain, and eventually a poly-
mer-eating microbe could evolve, and, with the spectac-
ular return of fish and bird populations, the earth might
The March on Washington revert to Eden.
(Adaptado de: http://www.amazon.com/exec/obidos/ASIN/031234729/
sc /sciencedaily-20. Acessado em: 10/10/2011.)
When the architects of our republic wrote the magnif-
icent words of the Constitution and the Declaration of a) O que, segundo o texto, aconteceria em Nova Ior-
Independence, they were signing a promissory note to que, caso ocorresse uma repentina extinção da espé-
which every American was to fall heir. This note was a cie humana?
promise that all men, yes, black men as well as white
b) Segundo o texto, quais poderiam ser as consequ-
men, would be guaranteed the unalienable rights of
ências da permanência de pneus e plásticos na Terra,
life, liberty, and the pursuit of happiness.
milhares de anos após o desaparecimento dos seres
It is obvious today that America has defaulted on this humanos?
promissory note insofar as her citizens of color are
concerned. Instead of honouring this sacred obliga-
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 3 QUESTÕES
tion, America has given the Negro people a bad check,
a check which has come back marked “insufficient
Globalization and Multiliteracies
funds.” But we refuse to believe that the bank of justice
is bankrupt. We refuse to believe that there are insuffi-
“Every reading of the word is preceded by a reading
cient funds in the great depositories of opportunity of
of the world. Starting from the reading of the world
this nation. So we have come to our nation’s capital to
that the reader brings lo literacy programs (a social-and
cash this check.
class-determined reading), the reading of the word
(Adaptado de: http://www.mlkonline.net/dream. sends the reader back lo the previous reading of the
html. Acessado em: 28/09/2011.) world, which is, in fact, a rereading.”
a) Na linguagem metafórica do texto, um trecho do
Paulo Freire
discurso proferido por Martin Luther King em 1963,
a que se refere a “nota promissória” emitida pelos Unesco has worked to examine the idea of varied usag-
Estados Unidos da América? es of literacy on a global basis. Globally, multiliteracies
b) Que crenças levaram os negros estadunidenses a can be perceived and applied very differently depend-
irem a Washington “sacar o cheque” que a América ing on the nation and its culture. The table below pro-
lhes deu? vides a few excellent examples of this.
4. (UNICAMP) Brazil Israel
The Brazilian Geographical Literacy is defined as the
and Statistics Institute defines ability to ‘acquire the
as ‘functionally literate’ those essential knowledge and
individuals who have completed skills that enable [individuals]
four grades of schooling, and as to actively participate in all
‘functionally ilIiterate’ the activities for
those who have not. which reading and
writing are needed’.
Disponível em: http://multiliteracy.wetpaint.com/page/
Globalization+and+Multiliteracies. Acesso em: 2 set. 2011. (Adaptado).

5. (UEG) Compare the concept of literacy in Brazil and


in Israel. Which country takes into account its quanti-
tative aspects and which one considers its qualitative
aspects?

77
6. (UEG) According to Paulo Freire, what is the effect TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
of the reading of the world – literacy – on the reader’s
Can science fiction still predict the future?
view of the world?
In the novel 2001: A Space Odyssey, Arthur C. Clarke
7. (UEG) shows us Dr. Heywood Floyd reading his “newspad”,
a) Change the following sentence from the passive where he can consult any newspaper he wishes. How
voice to the active voice. many future computer engineers read this science fic-
Every reading of the word is preceded by a reading tion classic – or saw the motion picture – and thought:
of the world. “I want one of those!”? As science fiction fans know,
finding examples in earlier fiction that resemble new
b) Change the following sentence into the present
technology brings a glow of satisfaction at seeing
perfect continuous tense.
our world foretold. But how has rapid technological
UNESCO has worked to examine the idea of varied development affected such forecasts?
usages of literacy.
Wondering how scientific advances would shape the future
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES is not a new preoccupation – indeed, rocket propulsion
may first have been suggested in a 1657 work by Cyrano
Personal Marketing: Selling yourself de Bergerac, who shoots his hero to the moon with fire-
crackers. But few have been so enthralled by imaginings
Before you begin a job search campaign you must have of the future as John Claudius Loudon. In the March 1828
a personal marketing strategy. A personal marketing issue of Gardener’s Magazine, Loudon ran a review of Jane
strategy provides you with a game plan for your job Webb’s The Mummy!, a novel about an Egyptian mummy
search campaign. resurrected in the 22nd century. So impressed was Loudon
by Webb’s steam-powered agricultural machines, air beds,
You should look at the job search as a marketing cam- milking machines and smokeless fuel that he arranged an
paign, with you, the job seeker, as the product. Every introduction to the young writer. They were later married.
product, even the best ones, won’t succeed without a
strong marketing strategy. This begins with a comprehen- Enthusiasm about such speculation hasn’t been uni-
versal. For example, Jules Verne’s 1863 novel Paris in
sive, yet flexible plan. First you must know to whom you
the Twentieth Century depicted a 1960s world of sky-
are marketing. You must identify the types of employers
scrapers, fax machines and even a proto-internet. It was
who would be looking for an employee with your quali-
turned down by his publisher as “unbelievable”, and
fications. Are they all within a certain industry? Are there
only finally published in 1994.
many industries that hire employees with your back-
ground? In the 20th century, emerging technologies made such
ideas more believable. In 1926, the first issue of the
You already know that personal marketing skills are im- science fiction magazine Amazing Stories enthused:
portant to your career and perhaps to find a better job, “Extravagant Fiction Today… Cold Fact Tomorrow”. In
but the only problem is that the art of self marketing is 1928, the British newspaper Daily Mail published an is-
difficult for a lot of people. sue forecasting the year 2000 – with giant flat-screen
Selling yourself well doesn’t mean talking just about tvs in public places -, which caused little surprise. As
yourself or arrogantly telling others how great you are. time goes by, though, it becomes increasingly difficult
By selling yourself, in an interview or an informal net- to distinguish between science fiction and reality.
working meeting, I mean thinking first about the em- Of course, some have argued that projecting a plausible
ployer’s needs and expectations and figuring out how future is more science than art. Robert Heinlein was one
you can create value for their organization. What does of many authors credited with “inventing” the cellphone,
the potential employer really need from a new employ- which appears in his 1948 novel Space Cadet. Those with
ee? What specific technical skills, workplace competen- an ache to foretell the future may want to take a page
cies and personal qualities is the employer looking for? out of his book: he maintained that his “prophecies” –
Now if you can ask those questions dispassionately, you which included atomic weapons and remote controls –
should be able to identify your own strengths that match were not born solely of his imagination, but rooted in
and gently weave them into every conversation you have his science education and knowledge of current research.
in the world of good jobs and prospective careers.
ANDY SAWYER. http://proxcool.com
(Adaptado de: http://careerplanning.about.
com e www.your-career-change.com) 10. (UERJ) No texto, observa-se a utilização de dois re-
cursos de coesão lexical: o emprego de palavras sinô-
8. (UNESP) Qual o significado da oração …if you can ask nimas e, também, o uso de palavras pertencentes a um
those questions dispassionately… no texto? A quais mesmo campo semântico.
perguntas se faz referência nessa oração? Retire do texto, em inglês:
§ dois verbos distintos que têm sentido equivalente
9. (UNESP) Liste quatro aspectos importantes a serem
a predict;
considerados, segundo o texto, para se realizar uma
§ dois substantivos que exemplifiquem tipos de publi-
propaganda de si mesmo com a finalidade de conseguir
cação que veiculam textos de ficção científica.
um emprego.

78
Caro aluno

Você está recebendo o terceiro livro da Unidade Técnica de Imersão (U.T.I.) do Hexag Vestibulares.
Este material tem o objetivo de retomar os conteúdos estudados nos livros 5 e 6, oferecendo um
resumo estruturado da teoria e uma seleção de questões que preparam o candidato para as provas
dos principais vestibulares. Além disso, as questões dissertativas permitem avaliar a capacidade de
análise, organização, síntese e aplicação do conhecimento adquirido. É também uma oportunidade
de o estudante demonstrar que está apto a expressar suas ideias de maneira sistematizada e com
linguagem adequada.
Aproveite este caderno para aprofundar o que foi visto em sala de aula, compreender assuntos que
tenham deixado dúvidas e relembrar os pontos que foram esquecidos.
Bons estudos!

Herlan Felini

SUMÁRIO

HISTÓRIA
HISTÓRIA GERAL 81
HISTÓRIA DO BRASIL 111

ENTRE PENSAMENTOS e ENTRE SOCIEDADES


FILOSOFIA 143
SOCIOLOGIA 159

GEOGRAFIA
GEOGRAFIA 1 175
GEOGRAFIA 2 191

79
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Direitos desta edição: Hexag Sistema de Ensino, São Paulo, 2021
Todos os direitos reservados.

Autores
Eduardo Antôno Dimas
Tiago Rozante
Alessandra Alves
Vinicius Gruppo Hilário
Márcio Cavalcanti de Andrade

Diretor-geral
Herlan Fellini

Diretor editorial
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Coordenador-geral
Raphael de Souza Motta

Responsabilidade editorial, programação visual, revisão e pesquisa iconográfica


Hexag Sistema de Ensino

Editoração eletrônica
Felipe Lopes Santos
Leticia de Brito Ferreira
Matheus Franco da Silveira

Projeto gráfico e capa


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Imagens
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Todas as citações de textos contidas neste livro didático estão de acordo com a legis-
lação, tendo por fim único e exclusivo o ensino. Caso exista algum texto a respeito do
qual seja necessária a inclusão de informação adicional, ficamos à disposição para o
contato pertinente. Do mesmo modo, fizemos todos os esforços para identificar e loca-
lizar os titulares dos direitos sobre as imagens publicadas e estamos à disposição para
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HISTÓRIA GERAL

81
ESTADOS UNIDOS NO SÉCULO XIX

O século XIX marcou o desenvolvimento capitalista dos tude norte-americana em relação àqueles povos que não
Estados Unidos e o início da expansão do território em di- são reconhecidos como seus iguais.
reção ao Oeste. Na expansão ao Oeste, os pioneiros dessa conquista
Desde a colonização inglesa (século XVII), havia uma – criadores de gado, agricultores sem terra, granjeiros e
série de diferenças entre as colônias do Norte e do Sul. caçadores – eram imigrantes europeus e americanos sem
Aquelas formavam a Nova Inglaterra e suas atividades condições de sobrevivência na costa Leste. Com cavalos ou
econômicas estavam voltadas para a pesca, pecuária, em barcos pelos rios, punham-se em marcha para o Oeste.
atividades comerciais e produção manufatureira. Em vir- Expulsavam ou dizimavam as tribos indígenas, conquista-
tude da forte presença dos imigrantes puritanos ingleses, vam e povoavam as terras do interior e nelas desenvolviam
a região caracterizou-se pela vida disciplinada e ética do a agricultura, a pecuária e a mineração.
trabalho como forma de obtenção da prosperidade eco- A marcha para o Oeste era, em grande parte, justificada
nômica, sinal da salvação divina. A região foi marcada pela Doutrina do Destino Manifesto, segundo a qual os
pela tolerância religiosa e um estilo de vida voltado para norte-americanos tinham sido predestinados por Deus à
o isolamento. conquista dos territórios situados entre os oceanos Atlân-
As colônias centrais eram socialmente mais abertas e re- tico e Pacífico.
ceptivas aos grupos sociais que professassem diferentes Em 1862, o presidente Abraham Lincoln criou o Homeste-
crenças religiosas. Recebiam imigrantes de outras regiões ad Act (Lei da propriedade rural), que concedia terra aos
da Europa como suecos, holandeses e escoses, os quais imigrantes que nela se fixassem e produzissem qualquer
professavam diferentes credos. Tornaram-se importante gênero, acelerando ainda mais a ocupação territorial em
centro econômico e mantinham fortes laços com as colô- direção ao Pacífico.
nias do Norte. Ambas conseguiram um desenvolvimento
Os novos territórios incorporados pelos Estados Unidos ao
econômico autônomo da Inglaterra, o que sustentou as
longo da expansão para o Oeste foram adquiridos pela
revoltas quando a Inglaterra quis fazer valer as regras do
compra, pela diplomacia ou pela guerra.
colonialismo mercantilista, o que explica, de modo geral, a
precoce independência norte-americana. A Luisiana foi comprada da França por 15 milhões de
dólares; a Flórida, da Espanha por cinco milhões de dó-
As colônias do Sul organizaram-se nos limites da clássica
lares; e o Alasca, da Rússia por sete milhões de dólares.
exploração econômica mercantilista colonial, a plantation
Mediante tratado diplomático negociado com a Inglater-
– exploração agrícola monocultora e exploração do tra- ra, o Oregon, na costa Norte do Pacífico, foi anexado aos
balho escravo, com produção de tabaco, algodão, arroz e EUA. Em 1848, metade do território mexicano, formado
índigo (anil), exportados para a Europa. pelas atuais regiões de Nevada, Califórnia, Utah, Arizona,
Durante o século XIX, o território norte-americano assu- Texas e Novo México, foi anexado pela guerra. Não foi
miu dimensões próximas das atuais em virtude de uma à toa que o presidente mexicano Porfírio Diaz declarou:
série de fatores, dentre os quais a Doutrina do Destino “Pobre México, tão longe de Deus e tão perto dos Esta-
Manifesto, que ocupou uma posição de suporte da ati- dos Unidos”.

GUERRA DE SECESSÃO (1861-1865)

Após a conquista do Oeste, entre os anos 1861 e 1865, (Confederados). Como fora dito acima, a formação econô-
os Estados Unidos foram envolvidos pela guerra civil, co- mica das duas regiões foi muito distinta. Enquanto o Norte
nhecida como Guerra de Secessão, consequência dos an- pregava a liberdade individual e econômica, o Sul era es-
tagonismos entre os estados do Norte (União) e os do Sul cravista e praticava a plantation.

82
grafo facilitou a transmissão de notícias. As tropas desloca-
vam-se rapidamente em direção às regiões onde estavam
sendo travados os combates.

Bandeira que simboliza os estados do Sul dos EUA

As contradições entre o Norte e o Sul aprofundaram-se com


a abolição da escravidão. Em franca expansão territorial e
capitalista, os Estados Unidos precisavam de uma identidade
adequada a essa realidade. A escravidão tornou-se central
no debate político do país que se pretendia democrático,
bem como pela necessidade de liberar os capitais investidos
em escravos. No Acordo de Mississipi, de 1820, decidiu-
-se que a escravidão seria aceita somente abaixo do paralelo
36º40’; posteriormente, a Califórnia decidiu-se contrária à
escravidão. Com o Compromisso de Clay, de 1850, cada
Abraham Lincoln
Estado optaria pela abolição ou não da escravidão após con-
sulta a seus cidadãos. Em 1854, foi criado o Partido Republi- A derrota dos exércitos confederados, em 1863, na Batalha
cano que abraçou a causa do abolicionismo. de Gettysburg, foi decisiva. As tropas da União continua-
ram avançando até a assinatura da capitulação em Appo-
A questão do protecionismo também foi um dos princi-
matox. Em 9 de abril de 1865, o general sulista rendeu-se
pais motivos da Guerra Civil Norte-Americana. As indús-
e a guerra chegou ao fim. Alguns dias depois, no dia 14,
trias do Norte, menos produtivas que as inglesas, neces-
Lincoln foi assassinado em um teatro por John Wilkes Boo-
sitavam de proteção alfandegária. Exigiam a adoção de
th, ator e simpatizante confederado.
uma política tarifária protecionista que lhes assegurasse
o controle do mercado interno e eliminasse a concorrên- A Guerra de Secessão deixou 600 mil mortos e consoli-
cia das mercadorias importadas da Inglaterra. Essa prote- dou a supremacia política e econômica do Norte burguês
ção não interessava aos grandes produtores do Sul, uma e industrializado sobre o Sul agrário e aristocrático, que foi
vez que, além de os produtos do Norte serem mais caros devastado.
que os dos ingleses, eles corriam o risco de sofrer repre- O resultado imediato da guerra civil foi o fim da escravidão, a
sálias por parte dos importadores da Inglaterra, grandes liberação de capitais antes investidos na compra de escravos
compradores dos seus produtos, como do algodão. que, agora, passaram a ser aplicados no capitalismo indus-
O estopim da guerra, entretanto, foi a vitória de Abraham trial. A vitória dos republicanos (Norte), defensores do fede-
Lincoln, candidato do Partido Republicano e representan- ralismo, fortaleceu a União, permitiu o atendimento dos inte-
te dos industriais nortistas, nas eleições presidenciais de resses das diferentes frações e facções de classe e deu feição
1860. A aristocracia sulista reagiu à eleição de Lincoln e, à moderna nação norte-americana. Se, em 1860, os Estados
em 1861, onze estados escravistas do Sul separaram-se do Unidos ocupavam a posição de quarta potência mundial, em
governo da União e fundaram os Estados Confederados da 1890 já haviam ultrapassado a Inglaterra, a Alemanha e a
América. Jefferson Davis foi escolhido presidente, a capital França e se transformado na primeira potência econômica
foi estabelecida em Richmond, na Virgínia, e o general Ro- mundial.
bert Lee, nomeado comandante das tropas confederadas. A política isolacionista norte-americana tinha por objetivo
Esse conflito inaugurou uma nova tecnologia militar, um evitar o envolvimento e a participação dos Estados Uni-
novo tipo de guerra. O velho fuzil de carga pela boca foi dos nas guerras e conflitos travados na Europa. O supor-
substituído pelo fuzil raiado, de precisão, de recarga pela te teórico desse isolacionismo foi a Doutrina Monroe,
culatra, cujos tiros saiam em repetição, ampliando a capa- formulada, em 1823, pelo presidente James Monroe, cujo
cidade ofensiva dos soldados da União. Os trens também princípio básico era a oposição dos Estados Unidos a qual-
foram bastante úteis para o transporte das tropas e o telé- quer intervenção política ou militar dos países europeus

83
nos assuntos internos do continente americano, sintetiza- Unidos tomaram posse de Porto Rico, Guam e Filipinas.
do no lema “a América para os americanos”. Cuba passou a ser uma nação independente, mas sob a
influência dos Estados Unidos.
O intervencionismo norte-americano no Caribe atinge o
seu ponto máximo na virada do século XIX com a políti-
ca do presidente Theodore Roosevelt, denominada de Big
Stick (Grande Porrete). Roosevelt instiga a separação do
Panamá da Colômbia com a intenção de construir o ca-
nal do Panamá, em 1903, procurando satisfazer interesses
norte-americanos. Durante a administração de Roosevelt,
deu-se também a intervenção armada em Cuba e em São
Domingos. A determinação de “falar suavemente e carre-
gar um porrete” apresentava, assim, resultados convincen-
tes para os Estados Unidos.

Caricatura da Doutrina Monroe

Já em 1890, o sistema industrial norte-americano se en-


contra plenamente desenvolvido. Há uma preocupação
com a expansão dos mercados em virtude das necessida-
des de reprodução do capital, o que mostra a inserção dos
EUA no movimento de expansão imperialista do final do
século XIX, sendo o principal objetivo dos Estados Unidos o
domínio de mercados e a reserva da matéria-prima.
Após a guerra com a Espanha (Guerra Hispano-Americana
Política do Big Stick
– 1898) em favor da Independência de Cuba, os Estados

UNIFICAÇÕES TARDIAS: ITÁLIA E ALEMANHA

Unificação italiana (1870) mesmo poder político e militar, de crescimento da mão de


obra, do mercado consumidor e do crescimento da oferta
O Congresso de Viena (1815) dividiu a Itália em sete de matéria-prima.
regiões: o reino do Piemonte-Sardenha, liderado pela
O Reino do Piemonte, no Norte da Península Itálica, pas-
dinastia de Savoia; o reino Lombardo-Veneziano, ane-
sou por um processo de modernização que o transformou
xado ao Império Austríaco; os Estados Pontifícios, sob
no mais poderoso dos pequenos Estados italianos. Mesmo
a direção do Papa, mas ligado aos Habsburgos; o reino
das duas Sicílias ao Sul, governado pela dinastia dos após a derrota da Revolução de 1848, na Itália, e da res-
Bourbon; e três ducados, Parma, Modena e Toscana, tauração das condições próximas à política do absolutismo
submetidos à influência austríaca. em todos os estados da Península, o Piemonte conservou a
Monarquia Constitucional como regime político.
A família real do Piemonte mantinha laços estreitos com
a burguesia, o que a fez conscientizar-se do seu cresci- Um surto de industrialização propiciou o fortalecimento
mento, atrelado à unificação política da Península Itálica, da burguesia piemontesa cujos interesses econômicos tor-
fundamental para o desenvolvimento do capitalismo. Se- navam necessária a unidade política do país. A burguesia
riam criadas as condições, sob a mesma legislação, de um desejava a unificação, que garantiria a continuidade do de-

84
senvolvimento interno e lhe daria possibilidades de concor- gamento os condados da Savoia e de Nice, pertencentes
rência no mercado exterior, liberando a circulação de mer- ao Piemonte; este receberia a Lombardia-Veneza, perten-
cadorias dentro da Península, favorecendo as exportações cente à Áustria.
e impedindo as importações dos produtos concorrentes. O
Baseado nesse acordo, Cavour provocou a guerra contra a
nacionalismo desse reino, portanto, estava enraizado nas
Áustria no início de 1859. Franceses e sardo-piemonteses
necessidades específicas da expansão do capitalismo, que
obtiveram vitórias em Magenta e Solferino (Lombardia), mas
trilhou caminhos semelhantes aos da Prússia.
a ameaça de intervenção militar da Prússia levou a França a
No Sul da Itália, outra força poderosa era a dos Camisas se retirar da guerra, obrigando os piemonteses a firmar com
Vermelhas, liderada por Giuseppe Garibaldi, que defendia a a Áustria o Tratado de Zurique: a Áustria conservaria a região
criação da República com voto universal, pois acreditava que de Veneza e cederia a Lombardia ao Piemonte, que, por sua
somente a unificação poderia retirar a população humilde da vez, cederia à França as regiões de Nice e Savoia.
miséria. A Unificação Italiana contou com dois grupos cujo
Paralelamente à guerra contra a Áustria, Garibaldi promove-
objetivo da unificação eram convergentes; divergiam, porém,
ra várias insurreições de caráter nacionalista na Itália central.
no tocante à estrutura ideológica: o Norte (Risorgimento) era
As tropas garibaldinas conquistaram os ducados de Toscana,
elitista burguês e Garibaldi, popular e radical.
Parma e Modena, assim como a região da Romanha perten-
cente aos Estados Pontifícios. Em 1860, após a realização de
plebiscito, esses territórios foram incorporados ao Piemonte,
dos quais formou-se o Reino da Alta Itália.
Em 1860, Garibaldi atacou o Reino das Duas Sicílias, co-
mandando a Expedição dos Mil Camisas Vermelhas, que
culminou com a conquista de Nápoles, capital do Reino.
Nessa mesma época, as tropas piemontesas ocuparam a
parte Oriental dos Estados Pontifícios e estabeleceram a
ligação terrestre entre o Norte e o Sul da Itália. No ano
seguinte, esses territórios conquistados foram incorporados
à Alta Itália, que formaram o Reino da Itália, do qual Vitor
Emanuel II foi proclamado rei.
Com a unificação concluída, o rei Vitor Emanuel fez de
Roma a capital italiana. O Papa manteve o não reconheci-
mento e enclausurou-se na Basílica de São Pedro. Esse di-
lema, conhecido como a Questão Romana, foi resolvido
somente em 1929 com o Tratado de Latrão, acordo no qual
o governo fascista de Benito Mussolini indenizava a Igreja
pelos prejuízos sofridos com a perda de Roma e concedia-
Giuseppe Garibaldi
-lhe a soberania sobre a Praça de São Pedro, oportunidade
Já os Estados Pontifícios, que constituíam o centro da Pe- em que foi criado o atual Estado do Vaticano.
nínsula Italiana, eram contra a unificação, visto que o Papa A Itália concluíra tardiamente sua unificação política, já na
perderia o poder político para o chefe de Estado, caso a segunda metade do século XIX, em 1870, o que contribuiu
unificação constituísse uma política republicana ou uma muito para retardar seu desenvolvimento capitalista. O Sul
Monarquia Constitucional. do país permaneceu agrário e não desenvolvido, dominado
Após a tentativa frustrada de unificação em 1848, Cavour pelo latifúndio e pela aristocracia rural. O Norte conseguiu
tornou-se primeiro-ministro do Piemonte-Sardenha, em um relativo desenvolvimento industrial, mas a falta de mer-
1852. Contando com o apoio de partidários da unificação, cados e de matérias-primas impediu que a industrialização
estimulou a luta pela unidade italiana. Em 1858, Cavour alcançasse grandes proporções. A Itália chegou atrasada
firmou com Napoleão III da França uma aliança franco-pie- à corrida colonial, quando a divisão do mundo já estava
montesa, que resultou na organização de um pacto militar praticamente concluída e os mercados já dominados pela
antiaustríaco, o que favoreceu o Piemonte para iniciar em Inglaterra e pela França. A impossibilidade de formar um
1859 a luta pela Unificação Italiana. Napoleão III apoiaria império colonial contribuiu para retardar ainda mais o de-
o Piemonte numa luta contra a Áustria e receberia em pa- senvolvimento do capitalismo italiano.

85
Unificação alemã (1871)
No início do século XVI, quando a Europa Ocidental firma-
va o processo de formação das monarquias nacionais, a
região da atual Alemanha ainda estava dividida em reinos,
principados, ducados e cidades autônomas. Um desses
reinos era a Prússia, localizado na região norte. Foi nesse
período que se levantou pela primeira vez a possibilidade
de unidade nacional. No entanto, nenhum grupo revolu-
cionário da época – burguesia em formação, campesinato
e pequena nobreza – era suficientemente forte para liderar
Otto von Bismarck
sozinho tal intento. Como não se uniram, lançando-se de
modo independente na luta contra a nobreza, o fracasso O sonho da unificação alemã só foi possível graças ao de-
foi inevitável. Os príncipes foram os grandes beneficiários senvolvimento econômico e social dos Estados, particular-
dessas “revoluções” e a região firmou-se como um mo- mente o da Prússia. A Áustria, que impedira a unificação
saico de pequenos Estados soberanos, que tratavam de alemã, tentada pela Prússia em 1850, não conseguiu im-
defender sua soberania e impedir a unidade nacional. pedir o desenvolvimento econômico de seus Estados, al-
cançado graças ao Zollverein – liga aduaneira adotada
Embora não estivesse sob o mesmo poder político, a popula- em 1834, que aboliu as tarifas alfandegárias no comércio
ção mantinha forte elo cultural com as narrativas mitológicas entre os Estados germânicos, o que propiciou o início da
que alimentaram um militarismo nobiliárquico apropriado sua unidade econômica.
pelos junkers – aristocracia prussiana que controlava a ad-
Após sucessivas guerras – Guerra dos Ducados (1864),
ministração e o exército. Outro fato que sustentava o orgulho
Guerra Austro-Prussiana (1866) e Guerra Franco-Prussiana
dos alemães era o I Reich É o Sacro Império):
(1870) – a Prússia, então liderada pelo ministro junker Otto
a existência do Sacro Império Romano-Germânico, unida-
von Bismarck, garantiu a unificação alemã. Cabe ressaltar
de política sob a qual estava a maior parte dos estados a Batalha de Sedan, que selou a vitória da Prússia sobre
alemães. Entretanto, os alemães foram humilhados por Na- a França e consolidou a anexação dos Estados do Sul da
poleão, que os submeteu à Confederação do Reno e, mes- Alemanha, em 1871. Na Sala dos Espelhos do Palácio de
mo depois do Congresso de Viena, em 1815, seu território Versalhes, Guilherme I, rei da Prússia, foi coroado impe-
continuava fragmentado, com 35 Estados independentes rador da Alemanha. Com a fundação do II Reich alemão,
e quatro cidades livres, dominados pela Áustria graças à estava concluída a unificação política do país.
Confederação Germânica.

86
O Império Alemão destruiu o equilíbrio de poder estabele- ricas em jazidas de ferro e carvão, além de receber da Fran-
cido na Europa desde 1815 pelo Congresso de Viena. No ça uma pesada indenização de guerra. Tudo isso contribuiu
prazo de algumas décadas, a Alemanha se transformaria na para o desenvolvimento do revanchismo francês, que se
maior potência econômica e militar da Europa. O Tratado de transformou numa das principais causas da Primeira Guerra
Frankfurt, assinado em 1871 com a França, permitiu à Ale- Mundial.
manha anexar as províncias francesas da Alsácia-Lorena,

IMPERIALISMO E NEOCOLONIALISMO

A segunda metade do século XIX foi marcada por um novo racista acabou sendo utilizada para legitimar as invasões eu-
e vigoroso movimento do capitalismo, caracterizado pelo ropeias em outros continentes.
imperialismo, que submeteu a maior parte dos territórios da
Nesse contexto de violenta expansão imperialista, podemos
África e da Ásia à condição de colônia das potências eu-
destacar a Conferência de Berlim (1884–1885) como um
ropeias, principalmente as que haviam passado pela trans-
episódio fundamental. Dela participaram todos os países co-
formação industrial. Países como Inglaterra, Bélgica, França,
lonialistas, que estipularam entre si os princípios reguladores
Alemanha e Itália deram início a uma verdadeira corrida
do que se convencionou chamar “partilha da África”. A Con-
colonial. O novo colonialismo – neocolonialismo – pode ser
ferência impunha às potências colonizadoras a necessidade
entendido como fruto da política industrial e da expansão
de ocupação efetiva, demarcação e notificação de suas pos-
do capital financeiro, sem desprezar, contudo, as rivalidades
ses aos participantes da partilha. Depois da Conferência de
políticas europeias, que aguçaram o nacionalismo e transfor-
Berlim ocorreu a ocupação e exploração do imenso território
maram a conquista colonial em prestígio político.
africano, que foi palco de uma das mais sangrentas páginas
A propaganda a favor dos interesses imperialistas, vitais da história do colonialismo europeu.
para o desenvolvimento do capitalismo, deu origem a uma
Na medida em que representou a ocidentalização do mun-
série de teorias pseudocientíficas, muito populares a partir
do, a colonização destruiu estruturas sociais tradicionais –
da segunda metade do século XIX. Essas teorias buscavam
que muitas vezes não puderam ser recompostas. No Sudeste
justificar a conquista e a colonização de outros povos pelos
asiático, milhares de alqueires, antes dedicados à plantação
europeus. Em geral, elas tendiam a estabelecer uma hie-
de arroz para a autossuficiência dos povos locais, foram
rarquia rígida entre os diferentes povos, classificados como
transformados em imensas fazendas produtoras de borra-
“mais” ou “menos” civilizados ou evoluídos. Nessa hierar-
cha para exportação. Na Índia, o artesanato foi destruído.
quia, o primeiro lugar era ocupado pela sociedade europeia,
Pela primeira vez na história, o mundo encontrava-se intei-
cujo funcionamento deveria servir de modelo ideal para o
ramente partilhado, direta ou indiretamente, e submisso às
resto do mundo. Essa concepção é denominada eurocentris-
grandes potências europeias e aos Estados Unidos. As gran-
mo. Outra influente teoria da época foi o darwinismo social,
des potências passaram a viver uma situação de choque
que explica, à luz dos estudos de Charles Darwin sobre a
permanente entre si na tentativa de expandir suas áreas de
evolução das espécies, as conquistas dos homens de acordo
dominação econômica e política. Esse choque de imperia-
com seus ganhos econômicos e sociais como resultado da
lismos terminaria por deflagrar a Primeira Guerra Mundial.
“sobrevivência do mais apto”. Tal teoria pseudocientífica e

A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL (1914-1918)

O estado de espírito predominante na Europa, no período mo. Esse período de euforia e otimismo que vai da segun-
anterior a 1914, era de orgulho pelas realizações da civili- da metade do século XIX até a eclosão da Primeira Guerra
zação Ocidental e de confiança em seu progresso futuro. Os Mundial, em 1914, foi denominado de Belle Époque.
avanços na ciência e na tecnologia, a elevação do padrão de
Porém, paradoxalmente, o período que abrange o final da
vida, a difusão das instituições democráticas, o incremento
Guerra Franco-Prussiana até o início da Primeira Guerra
da alfabetização das massas, a posição de poder da Europa
Mundial (1871-1914) ficou conhecido como “paz armada”.
no mundo, tudo contribuía para um sentimento de otimis-

87
Um período caracterizado pelas fortes rivalidades políticas continente, como no caso do nacionalismo sérvio e no
(nacionalistas), econômicas (disputa por mercados e por expansionismo do chamado paneslavismo russo.
matérias-primas industriais) e imperialistas (concorrência
Logo, para o início da Grande Guerra, bastava um estopim,
colonial). A imprensa dos principais países europeus discutia
que foi aceso nos Balcãs, região conhecida como o “bar-
e propagandeava a guerra e todos garantiam que seu país
ril de pólvora da Europa”. Num domingo, o arquiduque
sairia vencedor. Esse militarismo criou um clima de tensão.
herdeiro do trono austro-húngaro, que estava em Sarajevo,
Um dos principais fatores da Primeira Guerra Mundial – cha- capital da Bósnia – região anexada pela Áustria –, sofreu
mada à época de Grande Guerra –, em 1914, foi o choque um atentado enquanto passeava de automóvel com a
de imperialismos, que possuía raízes econômicas – dis- esposa. Francisco Ferdinando e sua esposa foram assassi-
puta por novos mercados consumidores e matérias- nados pelo estudante bósnio, Gavrilo Princip, membro da
-primas industriais, expressando-se de modo político e organização terrorista secreta chamada Mão Negra, que
militar. Além disso, a Conferência de Berlim (1885) buscou a
lutava para livrar a Bósnia do domínio austríaco.
inserção do II Reich germânico e da Itália no neocolonialis-
mo através de uma série de negociações; no entanto, essa Acreditando que o atentado fora preparado pela Sérvia, o
estratégia fracassou, pois a Inglaterra e a França confirma- Império Austro-húngaro enviou-lhe um ultimato. Pelo teor
ram o controle sobre as regiões africanas alimentando o res- do pedido, os austríacos sinalizaram que desejavam a guerra
sentimento alemão, propiciando o aumento da militarização e que certamente contariam com o apoio da Alemanha. A
e a busca de mercados consumidores por meio da guerra. Sérvia, apoiada pela Rússia, recusou o ultimato. No dia 28
de julho, o Império Austro-húngaro invadiu a Sérvia, ao lado
de quem a Rússia tomou posição em 1º de agosto. A partir
de então, houve um verdadeiro efeito dominó: a Alemanha,
cumprindo seus compromissos com a Áustria, declarou guer-
ra à Rússia; a França, em socorro aos russos, declarou guerra
à Alemanha e, pouco depois, os ingleses aliaram-se aos fran-
ceses. Começava então a Primeira Guerra Mundial.
A Guerra estabeleceu-se em torno de dois grandes polos:
a Tríplice Entente e a Tríplice Aliança.
Soldados em uma metralhadora usando máscaras de gás
A Tríplice Aliança foi o acordo militar entre a Alemanha,
O boicote surgiu pela decadência da hegemonia econômi- a Áustria-Hungria e a Itália, feito em 1882, em que cada
ca e militar inglesa, inclusive perdendo seu histórico status uma garantia apoio às demais no caso de algum ataque de
de "rainha dos mares". Houve, por exemplo, grande de- duas ou mais potências sobre uma das partes. A Alemanha
senvolvimento da marinha alemã, fato comprovado pelo e a Itália ainda garantiam apoio entre si no caso de um
lançamento, em 1912, pela Alemanha, do maior navio do ataque vindo da França. A Itália, no entanto, especificava
mundo, o Imperator. que seu apoio não se estenderia contra o Reino Unido.
Além da corrida imperialista, vários movimentos naciona- A Tríplice Entente foi uma aliança feita entre a Inglaterra,
listas estavam presentes na Europa e promoviam o aumen- França e o Império Russo para lutarem na Primeira Guerra
to do ódio entre as nações. Um elemento desse naciona- Mundial contra o pangermanismo e as expansões alemãs
lismo foi o pangermanismo, que se caracterizou pela e austro-húngaras pela Europa. Foi feito após a criação da
defesa da ideologia segundo a qual era um direito do povo Entente anglo-russa.
alemão, devido ao seu passado mitológico e pureza racial,
controlar a Europa central, bem como interferir nos Bálcãs.
Na França, as novas gerações nasciam e educavam-se
sob o signo da revanche: vingar a humilhação militar e
política sofrida na Guerra Franco-Prussiana e recuperar
Alsácia-Lorena. Em 1906, França e Alemanha ampliariam
suas diferenças na luta pela dominação do Marrocos, con-
tribuindo para aumentar a tensão internacional e acelerar
a marcha rumo à guerra.
Além desse embate entre as três principais potências
europeias – Alemanha, França e Inglaterra –, questões
nacionalistas floresciam em diversas outras regiões do Aviões de guerra alemães

88
A primeira fase do conflito caracterizou-se pela guerra de centrais da Tríplice Aliança. Diante das sucessivas derrotas
movimento, rápido deslocamento de tropas, com o objetivo do exército alemão, revoltas internas derrubaram o II Reich
de destruir o inimigo em batalhas sucessivas. O principal e o novo governo republicano assinou o armistício em 11
país a deslocar seus contingentes militares foi a Alema- de novembro de 1918, pondo fim à guerra.
nha. Usando uma tática chamada de Plano Schliefen, os
Com o fim da guerra, o presidente dos Estados Unidos,
alemães pretendiam primeiro vencer a França para depois
Woodrow Wilson, propôs um acordo de paz chamado
atacar a Rússia. Na invasão da França, violou o território
14 Pontos. Em linhas gerais, tratava da criação de uma
belga para evitar as fortificações da futuramente famosa
sociedade internacional que teria por finalidade manter a
linha Maginot, o que serviu de pretexto para a Inglaterra
paz mundial, eliminar a diplomacia secreta e promover a
declarar guerra à Alemanha.
liberdade total dos mares. Tratava, ainda, do fim da guerra
Os movimentos em massa tentados pelos exércitos tiveram sem anexações nem indenizações por parte dos países beli-
poucos resultados positivos. Cada avanço de alguns quilô- gerantes. Wilson insistia na ideia de que deveria haver uma
metros custava uma longa preparação e milhares de vidas. paz “sem vencedores nem vencidos”.
Durante três anos a frente imobilizou-se. Numa extensão de
França e Inglaterra não aceitaram todos os pontos apresen-
640 km, dos Alpes ao mar do Norte, os lados em confronto
tados pelo presidente estadunidense. A França exigia repa-
construíram uma vasta rede de trincheiras, que tinham abri-
rações de guerra em dinheiro, pressionada pelos vultosos
gos subterrâneos e eram cercadas de arame farpado. Atrás
prejuízos que tivera. A Inglaterra era contra a liberdade total
da frente de trincheiras havia outras linhas para as quais os
dos mares, uma vez que neles mantinha sua hegemonia.
soldados podiam se retirar e as quais podiam ser usadas
para o envio de auxílio. Entre os exércitos oponentes ficava Em junho de 1919, o Tratado de Versalhes fixava as
a “terra de ninguém”, uma vasta superfície de lama, árvo- penas a serem aplicadas aos vencidos. A Alemanha, consi-
res despedaçadas e troncos partidos. A guerra de trincheiras derada a “grande culpada” pelo conflito, foi despojada de
era uma batalha de nervos, resistência e coragem, travada um sétimo de seu território, um décimo de sua população,
ao som estrondoso da artilharia pesada. Era inevitavelmen- perdeu suas colônias, viu-se privada do território do Sarre
te uma carnificina. (rico em carvão), foi obrigada a desmilitarizar a região da
Em 1915, os italianos, apesar de aliados à Áustria e à Ale- Renânia (fronteira com a França) e a restituir o território da
manha, entraram na guerra ao lado da Entente, o que se Alsácia-Lorena à França, teve seus exércitos reduzidos para
justifica graças aos tratados secretos, segundo os quais a 100 mil homens, seu território foi separado em duas partes
França e a Inglaterra prometiam à Itália as regiões do Tren- por um “corredor” de terras (“corredor polonês”), que dava
to, Tirol e Ístria, então sob domínio austríaco. acesso para o mar à Polônia, a cidade alemã de Dantzig foi
transformada em porto livre e arcou com o pagamento de
Em novembro de 1917, a revolução socialista saiu vitoriosa uma indenização de 33 bilhões de dólares. Ainda pelo trata-
na Rússia. Em março de 1918, em Brest-Litovsk, o governo do, criou-se oficialmente a Liga das Nações, encarregada
da Rússia soviética assinou a paz com a Alemanha, aceitan- de preservar a paz mundial, desde que Alemanha e a re-
do suas condições que incluíam a entrega da Polônia, da cém-União Soviética fossem excluídas de sua composição.
Ucrânia e da Finlândia, e se retirava da guerra.
No mesmo período da revolução russa, a Alemanha de-
clarou guerra submarina, sem restrições, a todos os países
da Entente. Seriam afundados quaisquer navios de países
neutros ou não que se dirigissem aos países da Entente.
Os EUA romperam relações com a Alemanha. Em março do
mesmo ano, alguns navios norte-americanos em comércio
com a Inglaterra foram afundados por submarinos alemães.
Em 6 de abril, o Congresso norte-americano votou favora-
velmente à declaração de guerra à Alemanha.
Na primavera de 1918, a superioridade alemã era incontes-
Delegação alemã em Versalles
te a Oeste. A Entente estava ameaçada de perder a guerra
e os EUA, seus capitais. Os EUA enviaram mais soldados Um balanço da Primeira Guerra Mundial assinala o des-
para a França, que chegou a quase dois milhões de homens. locamento da supremacia econômica, financeira, política
Essa participação foi decisiva para a derrota dos impérios e militar da Europa para os Estados Unidos. No plano

89
econômico, a guerra destruiu 40% do potencial industrial
europeu e 30% de sua agricultura. No plano financeiro, de
credora, a Europa transformou-se em devedora dos Esta-
dos Unidos.
Houve também uma mudança radical no mapa político
europeu. Surgiram os Estados independentes da Hungria,
Tchecoslováquia, Iugoslávia, Polônia, Letônia, Lituânia, Es-
tônia e Finlândia. Vários países tiveram seu território am-
pliado ou diminuído.
A Grande Guerra assinalou também o declínio do capita- Soldado canadense com sequelas dos gases tóxicos
lismo liberal baseado na livre concorrência, cedendo lugar, No plano demográfico, a guerra deixou um saldo de apro-
pouco a pouco, ao Estado intervencionista, com a econo- ximadamente oito milhões de mortos e 20 milhões de
mia passando a ser parcialmente regulada pelo poder go- mutilados.
vernamental.

REVOLUÇÃO RUSSA (1917)

No fim do século XIX, a Rússia possuía 22 milhões de qui- nários e defendiam a instauração do socialismo na Rússia
lômetros quadrados e mais de 150 milhões de habitantes. com base numa aliança entre operários e camponeses; e os
Sua principal característica era o gigante atraso econômi- mencheviques (de menschenstvo, minoria), liderados por
co em relação aos países da Europa Ocidental. Enquanto Martov, eram revolucionários que defendiam a aliança com
Inglaterra, França e Alemanha passavam por um processo a burguesia e a passagem gradual ao socialismo através de
acelerado de desenvolvimento urbano e industrial, adota- uma política de reformas progressivas.
vam regimes constitucionais e avançavam técnica e cienti-
ficamente, a Rússia permanecia atrasada econômica, social
e politicamente.
Como país predominantemente agrário e semifeudal, a
aristocracia rural e o clero ortodoxo detinham o controle da
terra. Cerca de 40% das terras aráveis pertenciam à nobre-
za. O processo de industrialização tivera início apenas no
final do século XIX, caracterizando-se por sua extrema con-
centração em algumas grandes cidades, como Kiev, Moscou
e São Petersburgo, então capital do país.
Essa industrialização tardia, dependente e concentrada pro-
duziu, por um lado, uma burguesia fraca e incipiente e, por
Cartaz bolchevique de 1920
outro, um proletariado forte, organizado e combativo, que,
dadas as suas origens rurais, mantinha estreitos vínculos Na virada ao século XX e com a construção da ferrovia tran-
com os camponeses. As péssimas condições de vida do pro- siberiana, os russos acabaram por se chocar com o imperia-
letariado expressavam-se nos baixos salários, nas jornadas lismo japonês, na Manchúria e na Coreia. Essa rivalidade em
de 11 ou 12 horas de trabalho e nas habitações miseráveis. torno dos mercados asiáticos acabou por provocar a eclosão
Inspirados por ideais iluministas e socialistas, surgiram no da Guerra Russo-Japonesa (1904-1905), na qual os rus-
país vários partidos clandestinos de oposição à autocracia sos foram fragorosamente derrotados. Pelo Tratado de Port-
czarista. Entre eles estava o Partido Social-Democrata Rus- smouth, o Japão ficou com o Sul da ilha de Sacalina, Port
so, baseado no socialismo marxista. Em 1903, a social-de- Arthur e o protetorado sobre a Coreia e a Manchúria. A der-
mocracia dividiu-se em duas facções: os bolcheviques (de rota frente ao Japão deixou clara e pública toda a crise que
bolchenstvo, maioria), liderados por Lenin, eram revolucio- se escondia sob o manto da autocracia do czar Nicolau II.

90
Trabalhadores organizaram greves e manifestações em to- Apesar dos inquestionáveis avanços oriundos da Revo-
das as cidades importantes. Liderados pelo padre Gapon, lução de 1905, as diferenças entre as facções socialistas
um grupo de mais de três mil trabalhadores e suas famílias bolchevique e menchevique tornaram-se mais agudas, pois
reuniram-se para protestar pacificamente diante do palácio os bolcheviques, liderados por Lenin, passaram a defender
de inverno do czar, em São Petersburgo, a 22 de janeiro de o partido comunista, mesmo pequeno, formado por revo-
1905. Os manifestantes queriam entregar um abaixo-assi- lucionários profissionais que propagariam o conceito de
nado pedindo melhores condições de vida, direito de greve, uma revolução socialista capaz de destruir o czarismo e o
reforma agrária e convocação de uma assembleia nacional. capitalismo simultaneamente. Já os mencheviques propu-
Essa manifestação pacífica culminou com o massacre dos nham uma revolução por etapas: primeiro, a destruição do
manifestantes, recebidos a tiros pelas tropas da guarda (cos- czarismo; posteriormente, mediante uma nova revolução,
sacos), fazendo com que essa data ficasse conhecida como implantar o socialismo.
Domingo Sangrento. Em meio ao cenário de forte agitação política, eclodiu a
Primeira Guerra Mundial. A Rússia, participante da Entente,
fez parte da frente Oriental da guerra, lutando contra o Rei-
ch alemão. Contudo, em condições precárias e arcaicas de
combate, a guerra custou três milhões de mortos, destruíra
25% da indústria e 9% da agricultura do país e não trou-
xera nenhuma compensação. A inflação violenta desvalo-
rizava os salários; as empresas nacionais iam à falência,
acentuando ainda mais os descontentamentos sociais.
No início de 1917, a burguesia, apoiada pela esquerda
moderada, pressionava o governo do Czar, provocando
manifestações de trabalhadores nas ruas; uma greve ge-
ral paralisou os transportes na cidade de Petrogrado, novo
nome de São Petersburgo. Os gritos por “pão” e “abaixo
a guerra” transformaram-se em gritos de “abaixo a auto-
Cena do filme Devyatoe yanvarya, de 1925,
retratando o domingo sangrento
cracia”. A polícia era insuficiente para deter o movimento;
o exército foi mobilizado, mas no dia 12 de março, 27 de
O massacre de São Petersburgo criou uma onda de indig- fevereiro, pelo calendário russo, os soldados recusaram-se
nação pelo país seguida de greves e protestos. Os mari- a marchar contra o povo amotinado. No dia seguinte, sem
nheiros do Encouraçado Potemkin, ancorado em Odes- o apoio do exército, o poder imperial desapareceu com a
sa, e a guarnição de Kronstadt amotinaram-se. Os diversos abdicação do czar.
povos de nacionalidade não russa começaram a se movi-
mentar, tornando a situação bastante grave. A burguesia O Comitê da Duma transformou-se em Governo Provi-
sório após a abdicação oficial do Imperador, presidido por
apoiava a insurreição popular, procurando capitalizá-la
Lvov. Esse governo proclamava as liberdades fundamentais,
com o objetivo de instaurar no país um regime constitu-
deu anistia aos presos políticos e exilados – permitindo a
cional e parlamentar. Os sovietes (conselhos de operários,
volta de líderes bolcheviques que estavam no exílio, entre
camponeses e soldados) encabeçavam a luta contra o cza-
eles Trotsky e Lenin. A timidez da política social do novo
rismo. Nesses órgãos, os trabalhadores exerciam um poder
governo propiciou o avanço dos bolcheviques. A Rússia ia
ao mesmo tempo executivo e legislativo, elegendo seus re-
mal na guerra, e os fracassos provocaram reações inter-
presentantes a partir dos locais de trabalho e quartéis, des-
nas, como as manifestações de julho em Petrogrado, logo
tacando-se o soviete de Petrogrado, liderado por Trotsky.
reprimidas. Sob forte pressão, Lvov cede lugar a Kerenski,
Diante da grande onda revolucionária, o czar Nicolau II lan- apoiado pelos mencheviques. Os bolcheviques foram no-
çou um manifesto, em outubro de 1905, fazendo algumas vamente perseguidos e Lenin refugiou-se na Finlândia, en-
concessões, entre as quais a promessa de uma Constituição quanto Trotsky, presidente do soviete de Petrogrado, criou
que estabeleceria a eleição para o Parlamento (Duma). Tal uma milícia popular, a Guarda Vermelha.
foi a chamada Revolução de 1905.
O Governo Provisório de Kerenski perdia terreno, pois
Em 1906, reuniu-se a Duma, parlamento controlado pela insistia em continuar na Primeira Guerra Mundial, ne-
burguesia e pelos latifundiários, com o objetivo de redigir gava-se a distribuir terras aos camponeses e adiava as
uma Constituição para o país. eleições para a futura Assembleia Constituinte. Lenin pre-

91
parou o povo para uma revolução armada. Na noite de para poder dar dois passos à frente”. Do ponto de vista
6 de novembro, 24 de outubro no calendário russo, os econômico, a NEP foi um sucesso; fez crescer a produção
bolcheviques ocuparam os pontos estratégicos de Petro- agrícola e industrial e impulsionou o comércio. Em 1924,
grado. O encouraçado Aurora bombardeou o Palácio de a produção industrial atingiu 50% e a produção agrícola
Inverno, sede do governo. Abandonado por suas tropas, equiparou-se aos índices de 1913.
Kerenski foi obrigado a fugir. Rapidamente, os bolchevi- Anos mais tarde, em 1924, Lenin teve uma morte preco-
ques ganharam terreno e assumiram o poder, consolidan- ce. Josef Stalin, secretário-geral do Partido Comunista, e
do a Revolução Russa de 1917. Leon Trotsky, comissário do povo para a guerra, passaram
Sem saída, o recém-formado governo soviético, a 3 de a travar uma luta ferrenha pelo poder, que resultou anos
março de 1918, assinou o Tratado de Brest-Litovsky mais tarde no assassinato de Trotsky e numa ditadura lide-
com a Alemanha: a Rússia perdia a Polônia, Finlândia, Es- rada por Stalin.
tônia, Lituânia e Letônia. Diversos setores apoiaram uma A ascensão de Stalin assinalou o início de uma nova polí-
contraofensiva contra o governo de Lenin, fazendo com tica econômica. A NEP foi abandonada e foram adotados
que eclodissse uma guerra civil no país entre o Exército os planos quinquenais. A Gosplan – comissão estatal de
Branco, formado pelos setores interessados na restauração planejamento econômico – passou a se encarregar da pla-
do Antigo Regime, comandado por militares ligados ao nificação da economia.
czarismo, e o Exército Vermelho, que chegou a contar com
Os dois primeiros planos quinquenais estabeleceram dois
três milhões de soldados e foi organizado por Trotsky para
objetivos básicos: criação de uma indústria pesada e co-
lutar pela preservação da nova ordem socialista.
letivização forçada da agricultura, através da qual a pro-
Lenin, então, criou o comunismo de guerra, política priedade privada da terra foi substituída por cooperativas
que implicou na completa estatização dos bancos, do agrícolas, proprietárias da produção, mas não da terra
comércio exterior e da indústria fabril, assim como a re- (kolkhozes), e por fazendas estatais cujas terras, máquinas
quisição compulsória da produção agrícola, o estabeleci- e produção eram do Estado (sovkhozes).
mento da igualdade de salários e o trabalho obrigatório.
Num processo de industrialização acelerado, os planos
Finalmente, em 1921, a guerra civil chegava ao fim com a
quinquenais desenvolveram a indústria pesada com a ex-
vitória do Exército Vermelho e um saldo de nove milhões
ploração de petróleo e de carvão e minério de ferro, nos
de mortos.
Urais, na Ásia Central e na Sibéria. Em 1940, a eletrificação
cresceu cerca de 80% em relação a 1928 e a produção de
aço cresceu cerca de 450%, no mesmo período.
Em termos políticos, Stalin implantou um governo centrali-
zado no Partido Comunista. As pessoas do Comitê Central
eram controladas por ele, para o que se criou uma buro-
cracia distante do cotidiano da população humilde. Esses
burocratas formaram uma elite chamada de nomenklatura.
Críticos da URSS chamavam-na burocracia de Estado. Para
esmagar a resistência e moldar um novo tipo de cidadão,
devidamente motivado e disciplinado, Stalin implantou um
estado totalitário na Rússia. A revolução do totalitarismo
englobou toda a atividade cultural: meios de comunica-
ções, literatura, artes, música, teatro passaram a ser força-
Lenin e Trotsky em comício
dos a se submeterem à ideologia soviética.
Os resultados econômicos do “comunismo de guerra” fo- O Estado soviético exerceu os “grandes expurgos” entre
ram desastrosos: a produção declinou, pois os trabalhado- os anos de 1936 e 1938, quando a oposição interna, bem
res não estavam habituados a gerir as empresas; a moeda como membros do próprio Partido Comunista foram afas-
foi inflacionada e o comércio, paralisado. Percebendo o pro- tados, expulsos, eliminados ou presos nos gulags – espécie
blema, Lenin iniciou, em março de 1921, a Nova Política de campos de concentração na Sibéria. Stalin permanece-
Econômica, NEP. Como ela continha alguns aspectos do ria a frente do Partido Comunista da União Soviética até
capitalismo, no Ocidente pensou-se que a Rússia voltava 1953, ano de sua morte.
à antiga ordem do capital. Na realidade, nas palavras de
Lenin, tratava-se de uma tática de “dar um passo atrás,

92
CRISE CAPITALISTA DE 1929

O crescimento econômico norte-americano em alguns se- Como a economia estadunidense era o carro chefe do
tores estratégicos foi impressionante. A produção industrial capitalismo mundial, logo a crise fez-se sentir em todo o
cresceu 50% entre 1922 e 1929. Foram produzidos 600 mundo. Os Estados Unidos detinham 45% do ouro mun-
mil automóveis em 1928, o que correspondeu a 75% da dial e eram o grande centro econômico; deles dependiam
produção automobilística mundial. Os rádios, cuja produ- para importações e exportações quase todas as nações ca-
ção era mínima em 1920, atingiram 13 milhões de unida- pitalistas. Somente em 1929, os norte-americanos haviam
des em 1929. Essa intensificação do ritmo de crescimento emprestado a vários países sete bilhões e 400 milhões de
da produção norte-americana deveu-se a dois fatores: dólares, que reverteram em importações de produtos nor-
aceleração do progresso técnico decorrente da racionaliza- te-americanos. Com a crise, os capitais foram repatriados,
reduzindo as importações dos países estrangeiros a 32%
ção da utilização da mão de obra (taylorismo e fordismo)
do que tinham sido.
e processo de concentração industrial, que aumentava a
capacidade produtiva das empresas pela melhor utilização O número de desempregados em todo o mundo variou
dos seus recursos. Por outro lado, os investimentos maciços entre 25 e 30 milhões de pessoas, de 1929 a 1933. Na In-
ampliavam enormemente a produção, permitindo a redu- glaterra, onde a exportação diminuiu 70% nesse período, o
ção dos preços, bem como os investimentos crescentes dos número de desempregados atingiu 2,7 milhões, em 1931.
capitalistas norte-americanos no exterior. No plano político, as consequências não foram menos sig-
Por todas essas razões, os Estados Unidos concentravam, nificativas. O desemprego tinha profundas repercussões
em 1929, 44% da produção industrial do mundo. sociais e as manifestações contra os governos sucediam-se
por toda parte. Os movimentos políticos pregavam solu-
Entretanto, o poder aquisitivo da população não acompa- ções radicais e encontravam numerosos adeptos entre os
nhava esse crescimento industrial. Enquanto o valor dos descontentes. Os partidos socialistas viram crescer rapida-
produtos industriais subiu cerca de 10 bilhões de dólares mente suas fileiras. Contra eles surgiram os partidos fascis-
entre 1923 e 1929, o aumento global dos salários não foi tas – antiliberais e antidemocráticos –, que defendiam a
além de 600 milhões. Nessa situação, com o crescimento formação de governos autoritários para reprimir as agita-
dos salários menor que o aumento da produção, não havia ções das massas desempregadas.
quem consumisse boa parte do que se produzia. Embora
se comprasse mais que antes, essa demanda não acom-
panhava, na mesma proporção, o aumento da produção.
Além disso, os produtores agrícolas, que não encontravam
compradores para seus excedentes, também diminuíam o
consumo de produtos industrializados.
De 1920 a 1929, incentivados pela aparente prosperidade,
os estadunidenses compraram desenfreadamente ações
das mais diversas empresas, ações essas que atingiram em
pouco tempo cotações altíssimas, muito maiores que o cres- Bolsa de valores de Nova Iorque, em 1929
cimento real das empresas. No momento em que algumas
delas faliram, os proprietários delas deram-se conta de terem Em tal contexto, o candidato do Partido Democrata à pre-
pagado muito mais por elas do que realmente valiam. Em sidência, Franklin Delano Roosevelt, ganhou as eleições de
1932 com a promessa de restaurar a confiança na econo-
pânico, todos os investidores passaram a querer vender suas
mia e na sociedade. Como faziam os políticos do mundo
ações, provocando uma vertiginosa baixa no seu valor.
inteiro na época, fossem os social-democratas da Europa,
No dia 24 de outubro de 1929, conhecido como Quin- os stalinistas da Rússia ou os populistas da América Latina,
ta-feira Negra, a Bolsa de Valores de Nova Iorque sofreu Roosevelt reconheceu que a intervenção estatal massiva
a maior baixa de sua história. Mais de 16 milhões de ações era necessária para salvar o sistema econômico e aliviar o
não encontraram compradores. Esse episódio foi o estopim conflito social.
para a grande crise e ficou conhecido como o crack da Bol-
Ao tomar posse em 1933, Roosevelt lançou o New Deal, um
sa de Nova Iorque.
pacote de reformas – baseado nas ideias do economista in-

93
glês John Maynard Keynes (keynesianismo) – para promover § criação do seguro-desemprego;
a recuperação industrial e agrícola, regular o sistema finan- § limitação da jornada de trabalho;
ceiro e providenciar mais assistência social e obras públicas. § aumento dos salários dos operários;
Dentre as principais medidas implementadas com o New § fixação de um salário mínimo;
Deal, são consideráveis: § ampliação do sistema de previdência social;
§ concessão de créditos aos bancos para frear as falên- § proibição do trabalho infantil.
cias no setor;
Os resultados decorrentes da aplicação do New Deal não
§ criação de um fundo para resguardar os depósitos po- tardaram. O número de desempregados foi reduzido de 14
pulares nos bancos; para 7,5 milhões, entre 1933 e 1937; os preços subiram
§ criação de um banco para financiar as exportações; 31%; a produção industrial, 64%; a renda nacional, 70%;
§ concessão de crédito aos fazendeiros endividados; e as exportações, 30%.
§ lançamento de um programa de grandes obras públi-
cas – estradas, casas, sistemas de irrigação, barragens
hidroelétricas – para absorção dos desempregados;

O FASCISMO ITALIANO
A palavra Fascismo tem suas origens no termo latino fasci, origens germânicas (Alemanha e Áustria), latinas (Itália),
feixe. Na Roma Antiga representava um símbolo e um prin- hispânicas (Espanha), lusitanas (Portugal) etc.; o racismo
cípio de autoridade. O feixe de varas paralelas, entrecorta- alimenta-se do nacionalismo e vice-versa;
das por um machado era um símbolo da autoridade dos § expansionismo – necessidade básica para os “povos
magistrados romanos. O movimento fascista nascido na vigorosos e dotados de vontade”, plenamente justifi-
Itália, no período entre guerras valeu-se dessa simbologia cado como forma de restabelecer o poderio do Império
e acrescentou-lhe novos significados. Romano;
§ militarismo essencial à expansão e à afirmação do
elemento nacional e racial. A vida militar é sinônimo de
cooperação do grupo, inerente aos “povos vigorosos”
na marcha para subjugar os “fracos e degenerados”;
reforça os laços entre poder econômico e poder militar
e desdobra-se necessariamente no expansionismo;
§ totalitarismo, submissão de todos aos interesses do
Estado forte e inquestionável, catalisador da vontade
nacional, elemento de preservação da identidade da
nação; o que conta são os deveres do indivíduo para
com o Estado;
§ culto à personalidade do líder, guia infalível, en-
carnação da vontade nacional, zelador da preservação
Benito Mussolini
da vontade nacional, graças à pureza da raça, à inte-
Dentre os princípios da ideologia fascista, a despeito de gridade do Estado e do partido-Estado; o fanatismo
suas vertentes nacionais, destacam-se: transforma o culto ao líder em uma apoteose mística,
§ nacionalismo exacerbado – para os fascistas, a na- uma vez que o “Duce é infalível”;
ção é o bem supremo; em nome dela qualquer tipo de § unipartidarismo, uma vez que o pluripartidarismo,
sacrifício deve ser exigido dos indivíduos; há de ser cul- a democracia e o parlamentarismo são causadores de
tuada, mistificada, preservada suas origens e mantida dissensão e conduzem à divisão da sociedade; o parti-
a “pureza” do povo; do único encarna e preserva a vontade da nação, con-
§ racismo – com vistas a “purificar” o elemento nacional funde-se com o próprio Estado e, por extensão, com a
de qualquer tipo de “contaminação”, há de se cultuar as própria vontade nacional;

94
§ corporativismo à moda sindical baseavam em cor- dou Mussolini para ocupar o cargo de primeiro-ministro.
porações, no interior das quais patrões, empregados e Em 1923, Duce, como era conhecido, criou o Grande Con-
representantes do Estado encarregam-se de planejar a selho Fascista, composto pelos principais chefes do partido.
produção e decidir sobre os conflitos entre capital e tra- Ao lado do exército regular, transformou a milícia fascista
balho; típico da Itália, o corporativismo assumiu outras (camisas negras) em órgão de segurança nacional, sob o
características na Alemanha; comando do chefe de governo. Um longo período de re-
§ anticomunismo, na medida em que se deve preco- pressão e arbitrariedades se iniciou na Itália.
nizar a união e a harmonia das classes em prol do de-
senvolvimento da nação e não a luta de classes como
defendiam os comunistas.
Na Itália, diante da agitação social e política e da conse-
quente ameaça de uma revolução socialista, o Fascismo
fortaleceu-se com o apoio da classe média e o financia-
mento de grandes banqueiros, industriais e latifundiários.
Nas eleições de 1921, o Partido Fascista conseguiu eleger
35 deputados. Os camisas negras, como eram conhecidos
os militantes fascistas, invadiam e destruíam sindicatos,
assassinavam líderes socialistas, dissolviam manifestações Marcha sobre Roma

espancando os participantes e arrasavam as instalações No âmbito econômico, durante a década de 1930, cres-
dos jornais que os criticassem. ceu a intervenção estatal na economia, que incrementou
Aproveitando a total desorganização do regime parlamen- a indústria bélica italiana. O país militarizou-se, iniciando
tar, o líder fascista Benito Mussolini ordenou aos camisas a escalada expansionista. Em 1935, a Etiópia foi ocupada
negras a Marcha sobre Roma, em outubro de 1922. pelas forças italianas e, em 1939, foi a vez da Albânia. O
Cerca de 30 mil fascistas desfilaram pela capital e exigiram país aproximou-se da Alemanha nazista, assinando, em
a entrega do poder. O rei Vitor Emanuel III, pressionado por 1939, com Hitler, o Pacto de Aço, caminho traçado para a
militares, pela alta burguesia e pelos latifundiários, convi- Segunda Guerra Mundial.

NAZISMO

Nos últimos dias da Primeira Guerra Mundial, uma revolu- Prova-se que Weimar nasceria sob o signo da instabilidade.
ção derrubou o governo imperial alemão e levou à criação
Embora contivesse uma Constituição em moldes liberais, a
de uma república democrática. O novo governo, chefiado
qual organizava a República em duas câmaras – o Reichs-
pelo chanceler Friedrich Ebert, um social-democrata, assi-
tag, formado por deputados eleitos, e o Reichsrat, formado
nou em 11 de novembro de 1918 o armistício que pôs
pelos representantes dos estados federados –, a realidade
fim à guerra. Pouco depois, o humilhante Tratado de Ver-
econômica do país não permitia acordo político estável.
salhes impunha à Alemanha cláusulas que reduziram sua
área territorial e arrasaram sua economia. Comparada com
1913, a produção industrial diminuíra 57% e a agrícola,
50%. Tal situação de crise propiciava a instauração do caos
político e social.
O setor mais radical do Partido Social-Democrata, a Liga
Espartaquista, rompeu com o setor moderado e fundou o
Partido Comunista. Em janeiro de 1919, ocorreu o primei-
ro levante armado contra a recém-instaurada República
Weimar (1918-1933). A repressão foi imediata e brutal. O
Exército e setores voluntários monarquistas nacionalistas
lideraram a repressão. Oficiais de direita assassinaram Rosa
Luxemburgo e Karl Liebknecht, deixando seus corpos nos
esgotos da cidade. Rosa Luxemburgo

95
Terminada a Primeira Guerra Mundial, a economia alemã Nas eleições de 1930, os nazistas elegeram 107 deputados
estava arruinada. Durante a guerra, sem poder aumentar para o Reichstag (Parlamento), com 6,5 milhões de votos.
os impostos sobre os ganhos de capital, as finanças fo- Em 1932, conquistaram 280 cadeiras, com 13,5 milhões de
ram equilibradas através da emissão monetária. O grande votos, seguidos do Partido Social-Democrata, com oito mi-
volume de dinheiro em circulação provocou a desvaloriza- lhões de votos. Assim fortalecido, o partido com um milhão
ção do marco (moeda alemã): em 1914, um dólar valia de membros passou a atacar o adversário com as SA (tropas
4,2 marcos e, no início de 1922, 182 marcos. O número de choque) e as SS (tropas de elite), que somavam 400 mil
de desempregados chegou a cinco milhões de pessoas; a homens e compunham um exército particular nazista. Hitler
inflação desvalorizou ainda mais o marco a ponto de um exigiu e recebeu o cargo de chanceler em 30 de janeiro de
dólar valer oito bilhões de marcos! A confusão instalou-se. 1933. Consumava-se assim a ascensão do nazismo ao poder.
O salário variava no decurso do mesmo dia, enquanto os
camponeses recusavam-se a ceder a produção em troca
de papel-moeda, fazendo ressurgir o sistema de escambo.
Nessa situação de ruína econômica, foi fundado em uma
cervejaria de Munique um partido semelhante ao fascista
da Itália. Um ano depois, ele assumia o nome de Partido
Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães ou
Partido Nazista. Em setembro de 1919, o ex-cabo do Exér-
cito alemão, Adolf Hitler, aderiu ao então minúsculo Partido
Nazista. Mostrando uma fantástica energia e uma extraordi-
nária capacidade como orador demagógico, propagandista
e organizador, tornou-se rapidamente o líder do partido. Lí-
der, Hitler insistiu na autoridade absoluta e total fidelidade,
exigência que coincidia com o anseio de pós-guerra de um Adolf Hitler
líder forte que consertasse a nação em ruínas. Em 27 de fevereiro de 1933, em meio a eleições parla-
Em 1923, aproveitando-se do clima geral de insegurança mentares, os nazistas incendiaram o Parlamento alemão
e crise que dominava a República de Weimar, Hitler liderou e culparam os comunistas, que foram presos junto com os
uma tentativa de golpe na Baviera, o Putsch de Munique, socialistas e os liberais hostis ao nazismo. Restabeleceu-se
apoiado por Ludendorff. O golpe fracassou, Hitler foi preso a pena de morte e foram suspensas as garantias individu-
e condenado a cinco anos de prisão. Mas foi libertado oito ais e civis. A pretensa conspiração comunista tinha a fina-
meses depois. Na prisão, aproveitou o tempo para escrever lidade de levar os eleitores a votar no Partido Nazista. Os
a primeira parte de seu livro Mein Kampf "Minha Luta", nazistas tiveram 44% dos votos e os comunistas eleitos
obra que contém os fundamentos da ideologia nazista: (81 deputados) foram excluídos do Parlamento, o que deu
repúdio ao Tratado de Versalhes, antissemitismo, antico- aos nazistas maioria absoluta. A 23 de março, Hitler con-
munismo, nacionalismo exacerbado, Estado totalitário, seguiu do Parlamento o voto que lhe dava plenos poderes.
unipartidarismo, superioridade da raça alemã (raça ariana),
Começou a aplicar alguns pontos do programa nazista: to-
expansionismo (“espaço vital”) e militarismo.
dos os partidos políticos foram suspensos (exceto o nazis-
ta), os sindicatos foram extintos, os privilégios dos Estados
foram diminuídos em favor do poder central, o direito de
greve foi cassado, os jornais da oposição foram fechados, a
censura à imprensa foi estabelecida e as primeiras medidas
antissemitas foram postas em prática.

Os primeiros anos do Partido Nazista

A incapacidade de o governo parlamentar solucionar a


crise econômica contribuiu para a polarização das forças
políticas e para o fortalecimento dos partidos comunista e
nazista – financiado por industriais e banqueiros, temero-
Suástica nazista
sos com o crescimento do comunismo.

96
Com a morte do presidente Hindenburg, Hitler assumiu o tí- ministração pública e a política reduziu-se às manifestações
tulo de Führer (guia), acumulando as funções de chanceler anuais do partido, os congressos realizados em Nuremberg.
e presidente. Nessas condições, anunciou ao mundo a funda- O Parlamento, composto somente pelo partido nazista, reu-
ção do Terceiro Reich (Terceiro Império) alemão. Os mem- nia-se intermitentemente, dependendo da vontade de Hitler
bros do Partido Nazista ocuparam todos os cargos da ad- de convocá-lo. Foi a consolidação do totalitarismo alemão.

GUERRA CIVIL ESPANHOLA (1936-1939)

Um fato colaborou com as tensas relações que antecede-


ram a Segunda Guerra Mundial: a guerra civil deflagrada
entre fascistas e republicanos na Espanha. Como toda a
Península Ibérica, esse país era atrasado e predominan-
temente agrário até o início do século XX, quando teve
início seu processo de industrialização. Nos primeiro anos
da década de 1930, a Espanha já possuía nas cidades uma
parcela de sua população vinculada ao desenvolvimento
industrial, que exigia mudanças no Antigo Regime.
General Franco, já nos anos 1960
Em 1931, o rei Afonso XIII, pressionado pelas camadas
urbanas que exigiam a República, abdicou. Estabeleceu- Os falangistas, por sua vez, comandados por Francisco
-se então um governo comandado pela burguesia liberal. Franco, contaram com amplo apoio da Alemanha e da Itá-
O crescimento das reivindicações populares, o anticleri- lia. Fascistas e nazistas auxiliaram as forças nacionalistas
calismo, a autonomia das regiões economicamente mais – como ficaram conhecidos os comandados por Franco –,
adiantadas (Catalunha e Províncias Bascas), a reação dos através de homens e de ajuda material e bélica.
antigos setores dominantes na sociedade espanhola leva-
A partir de fevereiro de 1937, o avanço das tropas naciona-
ram o país a um impasse. Surgiu nessa época um pequeno
listas, auxiliadas pelos nazistas e fascistas, foi mais violento.
partido de características fascistas, denominado Falange.
Tropas italianas tomaram Málaga. Em março de 1937, a
Para as eleições gerais de 1936, anarquistas, comunistas, aviação alemã, a famosa Legião Condor, bombardeou a
socialistas radicais, socialistas moderados, empresários pequena cidade de Guernica, na região Basca. A interven-
liberais e minorias nacionais da Catalunha e Províncias ção da Itália e da Alemanha foi decisiva, alterando a corre-
Bascas formaram a Frente Popular. Vitoriosos nas eleições, lação de forças da luta e transformando a Espanha em um
os partidos da Frente procuraram efetivar várias reformas campo de testes dos novos armamentos.
sociais prometidas em campanha. O presidente eleito, Ma-
nuel Azaña, anistiou 30 mil presos políticos, retomou a re- A guerra civil terminou em 1939, quando os rebeldes con-
forma agrária, deu autonomia à Catalunha e implementou quistaram Madri, restabeleceram a Monarquia e impuseram
a reforma da educação. um governo de tendências fascistas liderado por Franco. Em
três anos de guerra civil, o saldo de morte chegou a um mi-
Em 18 de julho de 1936, o general Francisco Franco lhão. Surgia assim mais um país totalitário na Europa.
deu início a um levante contra o governo republicano.
Recebeu a adesão da Falange, de latifundiários, dos ban-
queiros, dos industriais, da maior parte da classe média e
de amplos setores da Igreja, à exceção do clero catalão e
basco. Do lado do governo republicano legalista estavam
operários, camponeses, catalães, bascos, pequenos indus-
triais, enfim, todos que acreditavam na democracia. Como
tentativa de se defender, em outubro de 1936 o governo
republicano decretou a formação de um exército popular.
Começava assim a Guerra Civil Espanhola.
Combatentes republicanas

97
Como a ditadura de Franco era extremamente centraliza- as fronteira da Europa, tendo como pano de fundo a con-
dora, catalães e bascos passaram a utilizar o esporte como corrência imperialista entre o capitalismo industrial mo-
trincheira nacionalista – clube do Atlético de Bilbao, onde nopolista inglês e francês em contraposição ao alemão,
só jogam atletas bascos ou de ascendência basca; parte da japonês e italiano, acrescido da óbvia divergência entre o
torcida do Barcelona (Catalunha) considera seu clube um capitalismo e o socialismo da recém-criada URSS. O im-
símbolo do ideal da autonomia catalã. perialismo permite afirmar que a Segunda Guerra Mun-
Durante a Segunda Guerra Mundial, o governo fascista de dial é uma continuação da Primeira, pois as disputas por
Franco não aderiu oficialmente ao Eixo, nem às pretensões mercado consumidor entre a burguesia da antiga Entente
da Alemanha, mas apenas como simpatizante, bem como contra a burguesia do extinto II Reich alemão não foram
durante a Guerra Fria, associou-se aos Estados Unidos na solucionadas com o término do conflito militar em 1918.
luta contra o socialismo soviético. Esse governo manteve- Em 1939, os blocos militares eram os Aliados, formados
-se no poder até a década de 1970. pela Inglaterra e a França, acrescidos pelos Estados Unidos
e pela União Soviética, em 1941: e o outro bloco bélico era
Entre os anos de 1939 e 1945, o mundo foi envolvido
por um conflito de grandes proporções, que ultrapassou o Eixo, formado pela Alemanha, Itália e Japão.

A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL (1939-1945)

Na década de 1930, Hitler aproveitava-se das questões Foi nesse contexto que o parlamento britânico elaborou
internacionais para ampliar seu sistema de alianças. Apro- um plano diplomático chamado de Política de Apazigua-
ximou-se da Itália em 1935, prestando-lhe ajuda econômi- mento, que se caracterizava pela “permissão” de um re-
ca durante o embargo econômico aplicado pela Liga das lativo crescimento bélico alemão que teria o intuito de
Nações por causa da invasão da Etiópia. Juntamente com barrar um possível avanço do socialismo soviético, ou seja,
Mussolini, apoiou Francisco Franco na Guerra Civil Espa- o Estado inglês queria que o nazismo defendesse a civiliza-
nhola, de 1936 a 1939, aproveitando para testar a eficiên- ção Ocidental da “barbárie” comunista. Como resultado,
cia de seus tanques e aviões. Assinou com o Japão o Pacto Hitler conseguiu fortalecer-se e passou a buscar o controle
Anti-Komintern, em novembro de 1936, destinado a conter territorial de parte da Europa Central que ele chamava de
a União Soviética e a ação da Internacional Comunista. A “espaço vital”, apoiado veladamente pela Inglaterra e pela
Itália, a Hungria e a Espanha aderiram ao pacto. Ao mesmo França na formação do III Reich. Antes da Segunda Guerra
tempo, Hitler aproximava-se da Itália e Mussolini procla- Mundial começar, a Alemanha já tinha anexado a Áustria
mava o Eixo Roma-Berlim. (Anschluss) e a Tchecoslováquia, cuja invasão foi legalizada
pela Conferência de Munique, em setembro de 1938.
O III Reich germânico não aceitava as imposições do Tra-
tado de Versalhes e passou a mostrar sinais de ambicionar Para posterior desespero dos Aliados, Hitler e Stalin resol-
um crescimento bélico e territorial, principalmente sobre o veram criar o Pacto de não agressão Germano-Soviético.
corredor polonês, embora o próprio Tratado de Versalhes Esse acordo permitiria que, no futuro, a Alemanha pudesse
proibisse o militarismo alemão. invadir seus inimigos europeus Ocidentais (a Oeste) sem
dividir seu exército, pois estaria em “harmonia” com sua
inimiga URSS (a Leste). Também conhecido como Ribben-
trop-Molotov, esse pacto ajudaria o governo de Stalin, pois
a União Soviética não tinha estrutura militar que pudesse
protegê-la de um ataque nazista.
Na década de 30, já era nítido que outra guerra de grandes
proporções se aproximava. As causas da Segunda Guerra
podem ser resumidas em tais pontos:
§ O comportamento revanchista das nações vencedo-
ras da Primeira Guerra Mundial, especialmente da
França em relação à Alemanha, contou com vencidos
Hitler e Mussolini desgastados pela guerra e sobrecarregados com seus

98
compromissos financeiros para com os vencedores
(indenizações e reparações). Cresciam seus problemas
econômicos e sociais. Na Itália e na Alemanha, o des-
contentamento da população deu oportunidade ao
surgimento de partidos totalitários – fascista e nazista
–, culminando com a implantação de Estados militaris-
tas e expansionistas, com forte apelo nacionalista.
§ A crise de 1929 e suas graves consequências políticas
e sociais em quase todos os países da Europa: em ra-
zão de sua amplitude internacional, reduziu o mercado
consumidor de todas as nações capitalistas. Os países
atingidos pela Grande Depressão procuraram defender
seu mercado interno da concorrência estrangeira atra-
vés da elevação das tarifas alfandegárias. Esse nacio-
Pacto de não agressão Germano-Soviético
nalismo econômico intensificou as lutas pelo domínio
dos mercados entre as várias potências imperialistas. A França foi dividida em duas áreas, o Sul continuou, su-
postamente, independente com a República de Vichy li-
§ O surgimento de governos totalitários, militaristas e
derada pelo general francês Pétain, que não demonstrou
expansionistas: a partir de 1930, quando os efeitos da
resistência à ascensão de Hitler, por isso mesmo foi consi-
recessão econômica repercutiram em todo o mundo,
derado seu colaborador; já o Norte foi completamente ocu-
iniciou-se o expansionismo de alguns países imperia-
pado pelas tropas nazistas, que passaram a administrá-lo.
listas. A Itália ocupou a Etiópia, em 1935, situada no
As tropas francesas fixadas em solo inglês foram lideradas
Nordeste da África. A Alemanha, desrespeitando o Tra-
pelo general Charles de Gaulle. É importante salientar que
tado de Versalhes, remilitarizou a região da Renânia,
De Gaulle também utilizava emissoras inglesas de rádio de
em 1936, e anexou a Áustria e a Tchecoslováquia, em
ondas curtas para ser ouvido, reservadamente, por mem-
1938. O Japão, no segundo semestre de 1931, partiu
bros da Resistência e, com isso, articular ações contra o
para a conquista da Manchúria – que pertencia à Chi-
domínio germânico.
na –, começando assim a penetração naquele país do-
minado pelo governo de Chiang Kai-shek. Paralelamente se agravavam as tensões entre os Estados
Unidos e o Japão, na Ásia e no Pacífico. Em 1941, prosse-
§ O fracasso da Liga das Nações: ao longo da década de
guia a Guerra Sino-Japonesa. Com a queda da França, o
1930, o mundo contava com a Liga das Nações, órgão
Japão promoveu a ocupação da Indochina Francesa. Em
internacional que tinha por objetivo manter a paz e a
novembro, o governo norte-americano decretou o embar-
ordem entre os diversos países. No entanto, Inglaterra
go comercial ao Japão e exigiu a imediata evacuação da
e França dominaram o organismo, direcionando as de-
China e da Indochina. Em 7 de dezembro de 1941, en-
cisões em conformidade com seus interesses. Quando
quanto prosseguiam as negociações diplomáticas entre os
algum país menos importante era agredido, as decisões
dois países, o Japão atacou sem prévia declaração de guer-
da Liga das Nações eram quase sempre brandas em re-
ra a base naval norte-americana de Pearl Harbor, no Havaí.
lação aos agressores. França e Inglaterra temiam gerar
Logo depois, a Alemanha e a Itália declaravam guerra aos
conflitos com as potências expansionistas. Dessa forma,
Estados Unidos.
inúmeras vezes as pequenas nações foram sacrificadas.
Nesse contexto, o cenário da guerra já estava criado e, em 1º
de setembro de 1939, as forças bélicas de Hitler invadiram
o corredor polonês da cidade de Dantzig, hoje Gdansk. Em
resposta, o governo inglês, mais bem preparado, decretou
guerra à Alemanha; em 1940, com a blitzkrieg (guerra re-
lâmpago), a Alemanha invadiu a Dinamarca, a Noruega, a
Holanda, a Bélgica e a França. Diante dessa inusitada reali-
dade, os exércitos francês e inglês foram obrigados a retirar
seus combatentes do território francês em direção à Inglater-
ra, evento conhecido como Retirada de Dunquerque. Pearl Harbor

99
O ano de 1941 marcou a mudança do curso da guerra.
O Eixo, até então imbatível, tomou duas decisões nefastas
para a continuidade do seu domínio: invadir a União Sovi-
ética e atacar a base norte-americana de Pearl Harbor, no
Pacífico, pelo Japão.
Após o fracasso na Batalha da Inglaterra, a Alemanha re-
solveu ocupar a URSS em busca de reservas de matéria-pri-
ma e de petróleo, no Cáucaso, e aniquilar o que os nazistas
consideravam a suposta raça inferior dos eslavos. Em razão
disso, a invasão foi chamada de Operação Barbarossa (Barba
Ruiva). Pretendia também destruir o comunismo represen-
tado pelo governo de Stalin. Hitler acreditava que venceria
a União Soviética em semanas ou meses, mas experientes
generais alemães, como Rommel, sabiam que seu exército
possivelmente seria derrotado. Hitler estava cometendo os
mesmos erros de Napoleão Bonaparte. Foi o que realmente O Holocausto
ocorreu, uma vez que, utilizando a tática da terra arrasada Quando já era iminente a derrota do III Reich, Inglaterra, EUA
e o extremo frio, o Exército Vermelho aniquilou as forças e URSS reuniram-se em Ialta, na Crimeia, às margens do mar
alemãs em 1943 e passou a atacar a Alemanha. Por isso a Negro. Nesse encontro foi fixada oficialmente a Linha Cur-
Batalha de Stalingrado foi “o começo do fim da Alemanha”. zon como fronteira entre a União Soviética e a Polônia, e
Após a Batalha de Stalingrado, a Alemanha foi perdendo foram cedidas aos soviéticos as regiões ocupadas quando da
grande contingente de tropas no Leste em razão do incisi- partilha, em 1939; em compensação, a Polônia receberia a
vo avanço soviético, que fez diminuir o poder germânico no Leste os territórios alemães até as margens do rio Oder. De-
canal da Mancha. Consequência: o alto comando aliado cidiu-se também que Estados Unidos, a União Soviética e a
europeu Ocidental, nas mãos do general norte-americano Inglaterra manteriam controle sobre os países libertados da
Eisenhower, reuniu tropas norte-americanas, inglesas e Europa Oriental e que a Alemanha seria dividida em zonas
francesas e invadiu o território dominado pelos nazistas, de ocupação sob a direção de um Conselho Aliado.
libertando a França no episódio que se tornou conhecido
Outra decisão importante, com a anuência do presidente
como o Dia D, 6 de junho de 1944, quando as tropas alia-
Roosevelt, foi transformar os países da Europa Oriental em
das desembarcaram na Normandia.
área de influência da União Soviética. Finalmente se estabe-
leceu a intervenção da União Soviética na guerra contra o
Japão em troca de Port Arthur, ao Sul de Sacalina e das ilhas
Kurilas. Pela relevância de suas decisões e pelas consequên-
cias que produziu no pós-guerra, a Conferência de Alta foi
considerada a mais importante da Segunda Guerra Mundial.

A Batalha de Stalingrado

Enquanto isso, em janeiro de 1945, a Polônia fora liberta-


da pelos russos, que logo depois realizaram a junção de
suas tropas com as norte-americanas às margens do rio
Elba. Com o suicídio de Hitler, a conquista de Berlim pelo
Exército Vermelho e a queda do III Reich, em maio de 1945
terminava a guerra na Europa. Stálin

100
A Guerra não havia acabado. No Pacífico, apesar do inequí- e em Nagazaki (9 de agosto de 1945). À época, argumenta-
voco recuo, o Japão relutava em se render, pois acreditava va-se que o lançamento das bombas seria a única maneira
que a derrota seria um martírio religioso, já que o Imperador de findar com as esperanças japonesas. Contudo, muitos
Hirohito era considerado Deus. Em razão disso, muitos pi- historiadores acreditam que a real causa das detonações es-
lotos japoneses transformaram-se em kamikazes e pratica- teja relacionada à antecipação da Guerra Fria, já que os EUA
ram o suicídio bélico, utilizando seus aviões como mísseis queriam anular a ascensão das forças socialistas soviéticas.
para melhor se chocar contra os navios norte-americanos. Com a rendição japonesa, em 2 de setembro de 1945, a
Foi nesse contexto que o presidente norte-americano Harry Segunda Guerra Mundial terminava e com ela a hegemonia
Truman autorizou o bombardeio atômico em Hiroshima (6 europeia sobre o mundo, que assistiu ao surgimento de uma
de agosto de 1945), cuja bomba foi intitulada de Little boy, nova ordem mundial dominada pela Guerra Fria.

ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU)

Com o término da Segunda Guerra Mundial, a Europa Oci- Já no início dessa nova era, a ONU (Organização das Nações
dental perdeu o poder hegemônico sobre as relações inter- Unidas) foi criada em 1945 com o objetivo de reorganizar
nacionais. Sua política imperialista entrou em decadência e as relações internacionais de modo a superar os acordos mi-
o mundo foi submetido a uma nova ordem mundial base- litares secretos entre os países para instaurar reuniões que
ada na expansão e na disputa pela hegemonia econômica, abrangessem os interesses das nações e fossem discutidos
militar e política das novas superpotências: Estados Unidos livremente entre todos os Estados membros. Com isso, as
e União Soviética, chamada Guerra Fria. Contudo, esse soluções de caráter pacífico nasceriam democraticamente e
novo modelo de relacionamento internacional se diferen- com mais viabilidade. Em abril de 1945, vários representan-
ciava dos anteriores, pois o embate não se dava somente tes de países reuniram-se na cidade norte-americana de São
por controle de territórios e riqueza, mas também pela con- Francisco e, evitando os erros da antiga Liga das Nações,
firmação ideológica entre capitalismo e socialismo, acresci- resolveram criar uma instituição que viabilizasse a paz mun-
da por uma monstruosa construção de arsenais nucleares dial e ao mesmo tempo se preocupasse com os problemas
que colocaria em risco a existência da humanidade. sociais e de cidadania. A partir dessa Conferência, a ONU
passou a contar com 192 países membros, da qual o Vatica-
no participaria apenas como observador, que se reúnem em
Assembleia Geral.
Apesar do suposto aspecto democrático da ONU, uma vez
que ela representa quase todos os países do mundo, trans-
mitindo a impressão de que é comandada segundo os inte-
resses dessas nações, na realidade o poder de decisão está
concentrado nas mãos dos cinco Estados fixos do Conselho
de Segurança. Esse conselho constitui-se de fato na autori-
dade máxima, pois, ao ter o poder de veto, possibilita que a
decisão de um único país tenha o poder de anular as deci-
sões da Assembleia Geral. Os cinco países fixos do Conselho
ONU em 1948 são EUA, Rússia (antiga URSS), Inglaterra, França e China.

GUERRA FRIA
Guerra Fria é a designação atribuída ao período históri- Temendo a presença soviética no Mediterrâneo Oriental e
co de disputas políticas, econômicas, ideológicas, tecnoló- ciente da fragilidade da Inglaterra nessa região, em março
gicas, estratégicas e conflitos indiretos entre os Estados de 1947 o presidente Harry Truman promulgou a Doutri-
Unidos e a União Soviética, compreendido entre o final na Truman: “Os Estados Unidos devem ter como política
da Segunda Guerra Mundial (1945) e a extinção da União apoiar os povos livres que estejam resistindo às tentativas de
Soviética (1991). subjugação por parte de minorias armadas ou de pressões

101
externas”. Essa doutrina foi a peça central da nova política que se estruturou através de planos estatais quinquenais,
de contenção – de manter o poder soviético dentro de suas foi integrado à economia dos Estados socialistas e serviu
fronteiras. Os Estados Unidos logo forneceram apoio militar como máquina política para perseguir oposicionistas den-
e econômico à Grécia e à Turquia, e a política externa nor- tro do Leste europeu; entretanto, como a Segunda Guerra
te-americana sofreu uma profunda inversão: o isolamento Mundial destruiu a infraestrutura soviética, o Comecon não
anterior à Grande Guerra deu lugar a uma vigilância mundial suplantou o dinamismo do Plano Marshall.
contra qualquer esforço soviético de expansão.
A Doutrina Truman tornou-se real quando, em junho de
1950, eclodiu uma guerra entre as duas Coreias. O Norte,
socialista e governada por Kim II Sung, apoiado pela URSS
e pela China maoísta, não aceitou a divisão da Península
e atacou a Coreia do Sul, que foi defendida pelas tropas
norte-americanas lideradas pelo general McArthur.

Stálin e Mao Tsé-Tung

Nos aspectos relacionados à inteligência, à espionagem, os


Estados Unidos e a União Soviética dinamizaram respecti-
vamente a CIA (Agência de Inteligência dos EUA) e a KGB
(Comitê de Segurança do Estado Soviético) a ponto de se
criar um clima de “caça às bruxas” tanto nos assuntos ex-
ternos como internos.
Nos Estados Unidos, essa caça às bruxas deu ori-
gem ao macarthismo, cujo autor, o senador Joseph
McCarthy, disseminou perseguições sem provas de su-
postos inimigos internos dos EUA. Inúmeros cidadãos
Truman e seu gabinete
passaram a ser considerados espiões, principalmente
artistas de Hollywood, como Charles Chaplin, entre ou-
Para evitar que o conflito desembocasse numa Terceira tros. Na União Soviética, a “caça às bruxas” consolidou
Guerra Mundial, em 1953 foi declarado o cessar-fogo de o stalinismo, a estrutura estatal burocrática e policialesca
Panmunjon, mantendo o paralelo 38 como linha divisória através dos gulags, campos de trabalho forçados, criados
dos dois países. Seul tornou-se capital de um Tigre Asiático, após a Revolução Bolchevique de 1917 para abrigar cri-
e Pyongyang tornou-se uma ditadura de economia pobre, minosos e “inimigos” do Estado.
governada por Kim Jong un, colocando em risco a frágil
Durante a Guerra Fria, a corrida espacial foi um campo fértil
paz da região através de um belicismo atômico.
de disputa entre os dois países. Os projetos de viagem ao
No âmbito econômico, os Estados Unidos deram um impor- cosmo representavam a real disputa ideológica de que a
tante passo rumo ao fortalecimento e poder sobre o Oci- tecnologia de uma superpotência era superior à da outra,
dente. O secretário de Estado George Marshall anunciou além do fato de que o foguete que se desloca ao espaço
um formidável programa de auxílio econômico à Europa, aperfeiçoa a tecnologia usada nos mísseis balísticos que
cujo nome formal era Programa de Recuperação Europeia, transportam ogivas nucleares de um continente a outro.
mundialmente conhecido como Plano Marshall.
O Plano Marshall surgiu para proteger os interesses do ca-
pitalismo, principalmente na Europa Ocidental e no Japão,
pois essas áreas estavam com seus parques produtivos
destruídos devido à Segunda Guerra Mundial; consequen-
temente, o desemprego era muito grande ao lado de todos
os problemas gerados por essa situação, criando, assim,
condições para que movimentos dissidentes surgissem,
particularmente para a difusão dos de esquerda.
Para revitalizar os países socialistas, a URSS criou o CO-
MECON – Conselho de Assistência Econômica Mútua,

102
de negros ao lado dos brancos em algumas escolas, o que
revoltou agremiações racistas como a Ku Klux Klan.
O próximo presidente eleito foi o democrata John Kenne-
dy (1961-1963), que derrotou o republicano Nixon e iniciou
um governo marcado pela exploração do imaginário popular.
Aperfeiçoou o marketing político, promoveu um personalis-
mo festivo em torno do casal presidencial, particularmente
em torno da primeira-dama, Jacqueline Kennedy, incentivou
a corrida espacial, enfim, investiu no nacionalismo norte-a-
mericano. Entretanto, foi figura central de fatos que mostram
Yuri Gagarin e Neil Armstrong prepotência e autoritarismo, como a tentativa fracassada de
No primeiro momento, a corrida espacial foi vencida pela invadir a baía dos Porcos, em Cuba, em 1961, provocando um
URSS, pioneira ao lançar com sucesso o primeiro satélite dos momentos mais tensos da Guerra Fria: a crise dos mísseis
artificial chamado Sputnik, em 1957, enviar a cadela Lai- atômicos. O mundo ficou muito próximo de uma guerra nu-
ka como primeiro ser vivo a viajar pelo espaço e, princi- clear. Também pesa sobre os ombros desse governo o início
palmente, por promover a primeira viagem sideral de um do acirramento dos atritos que geraram a Guerra do Vietnã.
cosmonauta, Yuri Gagarin, em 1961, na nave Vostok I. Em
1963 levou ao espaço a primeira mulher, a cosmonauta
Valentina Tereshkova.
Os Estados Unidos somente conseguiram melhorar sua
performance quando a NASA passou a ser assessorada
por Wernher Von Braun, ex-chefe do órgão militar alemão
criador de bombas V-2 que destruíram grande parte de
Londres na Segunda Guerra Mundial. Von Braun liderou
a criação dos foguetes Saturno e, em 1969, à frente da
Apollo 11, o astronauta norte-americano Neil Armstrong
foi o primeiro homem a pisar na Lua. Krushchev e Kennedy

Os Estados Unidos
O vice-presidente Lyndon Johnson (1963-1969) assumiu
o governo em 1963 após o assassinato de Kennedy. Duran-

durante a Guerra Fria


te seu governo, o envolvimento norte-americano na Guerra
do Vietnã atingiu o ponto culminante: dos 55 mil soldados
Após a Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos tive- em 1965 passou a 550 mil em 1968. Mesmo assim se tor-
ram um surto de desenvolvimento em várias áreas, como nou evidente a impossibilidade de uma vitória militar deci-
o baby boom populacional; entretanto, vários problemas siva dos norte-americanos no conflito do Sudeste Asiático.
afloraram e foram exaustivamente discutidos, principal-
O próximo Presidente da República foi o republicano Ri-
mente na década de 1960. Os presidentes continuavam a
chard Nixon (1969-1974), que manteve a inimizade
ser livremente eleitos, sejam do partido Democrata ou do
política com a URSS. Entretanto, iniciou uma série de con-
Republicano, mas todos sempre administravam numa óti-
versações, promovendo a détente, uma distensão militar
ca imperialista de confirmação do poderio estadunidense
que foi amenizando as relações da Guerra Fria e gerou um
como grande nação capitalista do mundo.
tímido sinal verde à busca pela paz. Em seu governo teve
Ainda no final da Guerra e após a morte de Roosevelt, o início a retirada gradual das tropas norte-americanas do
vice-presidente Harry Truman (1945-1953) assumiu a faixa Vietnã, houve o reconhecimento diplomático da China e a
presidencial e esboçou a Guerra Fria, ao autorizar o bom- busca de um entendimento global com a União Soviética.
bardeio de bombas atômicas sobre o Japão e ao aumentar Contudo, a trajetória do presidente Nixon ficou irremedia-
o militarismo ao formular a Doutrina Truman. O próximo pre- velmente manchada devido ao escândalo Watergate, que
sidente eleito foi o republicano general Dwight Eisenhower provocou sua renúncia em 1974. O escândalo, investigado
(1953-1961), que manteve o conservadorismo de Truman, por jornalistas do jornal Washigton Post consistiu numa
a Guerra Fria; entretanto, iniciou timidamente o questiona- operação secreta e ilegal promovida pelo presidente, que
mento acerca da severa segregação racial nos estados do usou a máquina de inteligência governamental para espio-
Sul, se bem existisse em todos os EUA, ao autorizar o estudo nar as reuniões do partido democrata durante a campanha

103
para a Presidência da República. Após a renúncia de Ni- que colocou o governo norte-americano de Kennedy em
xon, a presidência foi entregue ao parlamentar republica- dificuldades. É interessante notar que essa crise foi solucio-
no Gerald Ford (1974-1977) numa espécie de mandato nada com a retirada dos mísseis soviéticos da ilha cubana
tampão, pois Ford foi derrotado na eleição presidencial se- e, em contrapartida, com a retirada, pelos Estados Unidos,
guinte pelo democrata Jimmy Carter (1977-1981), que de seus mísseis nucleares da Turquia. Essa solução foi vista
praticou uma política externa voltada para o não financia- pelo Politburo soviético como um fracasso, que, somado
mento de algumas ditaduras na América Latina. à oposição da nomenklatura e dos militares, provocou a
queda de Kruschev num golpe branco em 1964.
O ex-ator de Hollywood Ronald Reagan foi eleito para
o mandato de 1981 a 1989. Anticomunista feroz, Reagan O secretário-geral escolhido Leonid Brejnev (1964-1982),
ocupou a Casa Branca com intenção de acelerar a con- que revitalizou muitos aspectos do stalinismo, manteve
tenção do comunismo mundial e posicionou-se contrário a coexistência pacífica implantando a détente, que abriu
à política de desarmamento nuclear que governos norte- caminho para a salutar negociação sobre armas nuclea-
-americanos haviam negociado nos anos 1970. Propôs um res com a criação do Plano Salt (Tratado de Limitação de
ambicioso programa chamado “Guerra nas Estrelas” – uso Armas Estratégicas) junto aos EUA.
de lasers e satélites para proteger os Estados Unidos de
mísseis soviéticos. A oposição massiva de europeus e nor-
te-americanos ao acirramento das relações entre os dois
superpoderes resultou na retomada de negociações em
1983. Reagan administrou os Estados Unidos no momento
em que a Guerra Fria chegava ao fim com a desagregação
da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas.
Na política interna, Reagan introduziu uma política neo-
liberal. Impostos foram cortados em 25% e regulamen-
Brejnev e Nixon
tações da economia, do meio ambiente e do direito do
consumidor foram desmanteladas. Cortes sucessivos nos Em 1982, Brejnev faleceu e foi sucedido por Yuri Andropov
programas sociais voltados apara a população carente ca- (1982-1984), dirigente da KGB. Naquele momento, a eco-
minharam ao lado de acordos de livre comércio negociados nomia soviética estava em declínio devido à burocratização
em nível internacional para abolir restrições à expansão de dos planos quinquenais, aos privilégios da nomenklatura e
mercados internacionais. ao militarismo exagerado da Guerra Fria, à defasagem na
criação de novas tecnologias do parque industrial e do cam-

A União Soviética po. Nem Andropov resolveu esses problemas estruturais nem
seu sucessor Konstantin Chernenko (1984-1985). Mikhail
durante a Guerra Fria Gorbachev (1985-1991) governou a União Soviética tentan-
do revitalizar sua estrutura econômica através da Perestroika
Stalin morreu em 1953, depois de uma sangrenta ditadura (reconstrução), utilizando-se de elementos de caráter liberal
de 25 anos. Após um período de incerteza política, o poder com a gradativa diminuição do poder estatal sobre a econo-
foi assumido por Nikita Krushchev, que, em 1956, no XX mia, permitindo a implantação de empresas privadas, e da
Congresso do Partido Comunista da União Soviética, fez Glasnost (transparência), aceitando uma relativa liberdade
uma estarrecedora denúncia dos crimes de Stalin e do culto de imprensa e partidária. Gorbachev passou a sofrer a opo-
à personalidade praticado pelo ditador falecido. sição da nomenklatura e dos altos oficiais das Forças Arma-
Krushchev deu então início a um processo de “desesta- das, que tentaram promover um golpe branco, mantendo-o
linização” que pôs fim ao terror de Stalin: as execuções numa prisão domiciliar; entretanto, a população russa reagiu
sumárias e os campos de trabalho forçado foram suprimi- a essa tentativa de golpe.
dos e a ação da polícia política tornou-se menos opressiva.
Não obstante, a estrutura totalitária do poder foi mantida,
assim como o controle sobre os países satélites da URSS.
Nesse contexto, uma tentativa dos húngaros em se libertar
do jugo soviético foi afogada em sangue, em 1956. No go-
verno de Kurshchev, a Guerra Fria foi levada ao seu limite
crítico com a Crise dos Mísseis de Cuba, em 1962.
Apesar de incentivar a coexistência pacífica, Kruschev teve
papel marcante na crise dos mísseis atômicos em Cuba em
Gorbachev

104
Bóris Yeltsin não apoiou a queda de Gorbachev, pois tinha
interesses pessoais de poder, usando a solidariedade à par-
cela da população que era contrária à queda de Gorbachev
em seu próprio benefício. Com sucesso isolou politicamente
a nomenklatura e os generais. Yeltsin considerava a Perestroi-
ka e a Glasnost muito lentas e não aceitou a autoridade do
secretário-geral Gorbachev, passando a tomar decisões go-
vernamentais na Rússia, tornando-a independente da URSS
e aproximando-se do ideal de separação das Repúblicas Bál-
ticas da Letônia, Estônia e Lituânia. Quando Gorbachev per-
cebeu que não possuía mais nenhum poder, restou somente
a tarefa de assinar o documento que selou o fim da União
das Repúblicas Socialistas Soviéticas, em dezembro de 1991.

Yeltsin durante a tentativa de golpe que acelerou o fim da URSS

105
U.T.I. - Sala
1. (FUVEST) Franklin D. Roosevelt assumiu a presidência dos Estados Unidos, no ano de 1933, em meio a uma grave
crise econômica, iniciada em 1929; também Barack Obama se deparou com um problema similar ao se tornar presi-
dente do mesmo país, em 2009.
a) Com relação ao governo Roosevelt, indique as medidas adotadas por ele para fazer frente à crise de 1929.
b) Com relação à crise de 2008, enfrentada pelo presidente Obama, indique os principais fatores que a desencadearam
e como ela se manifestou.

2. (UNESP) Quando da criação do Estado de Israel pela ONU, estava prevista a criação de dois estados, um judeu e
outro árabe, no território do antigo mandato britânico. Apenas o primeiro viabilizou-se.
Explique o contexto em que se deu a criação do Estado de Israel.

3. (UNICAMP)

O painel pintado por Pablo Picasso em 1937, Guernica, é uma referência ao bombardeio da área de mesmo nome,
durante a Guerra Civil Espanhola (1936-1939).
a) Apresente os principais aspectos visuais dessa obra de Picasso.
b) De que forma a imagem pode ser compreendida como uma crítica ao franquismo?

4. (UEL) Leia os textos a seguir. horrores não mecanizados, é o destino daqueles que
O reino recém-unido da Grã-Bretanha estava emergin- aumentam seus números sem passar por uma revo-
do como uma potência europeia, intelectual, militar e lução industrial.
comercial. Newton era reconhecido como o gênio su- (ASHTON, T. S. The Industrial Revolution, 1760-1830.
premo da época, enquanto a Royal Society de Londres London: Oxford University Press, 1948. p.161.)
era vista como seu árbitro científico supremo. Locke
estava fundando a Filosofia empírica e promulgando Com base nos textos e nos conhecimentos sobre o
as ideias políticas liberais que, na altura do fim do sé- tema, responda aos itens a seguir.
culo, seriam corporificadas na constituição americana.
a) Explique o contexto histórico da Revolução In-
Enquanto isso, Robinson Crusoé, de Defoe, e As Via-
dustrial.
gens de Gúliver, de Swift, satisfaziam, cada um à sua
maneira, a fome de aventuras estrangeiras do público. b) Situe o posicionamento dos autores desses textos
Essa era uma nação autoconfiante, experimentando quanto a esse evento histórico.
os primeiros rebuliços do que viria a ser a Revolução
5. (UNESP) A Revolução Russa é o acontecimento mais
Industrial – a máquina a vapor já estava sendo usada
importante da Guerra Mundial.
nas minas da Cornualha.
(LUXEMBURGO, Rosa. A revolução russa. Lisboa: Ulmeiro, 1975.)
(STRATHERN, P. Uma Breve História da Economia.
Rio de Janeiro: Zahar, 2003. p.62.)
A frase de Rosa Luxemburgo, polonesa então radicada
Há hoje, nas planícies da Índia e da China, homens e na Alemanha, associa diretamente a ocorrência da Re-
mulheres, infestados por pragas e famintos, vivendo volução Russa com a Primeira Guerra Mundial.
pouco melhor, aparentemente, do que o gado que Indique e analise possíveis vínculos entre os dois pro-
trabalha com eles de dia e que compartilha seu lo- cessos, destacando os efeitos da Guerra na vida interna
cal de dormir à noite. Esse padrão asiático, e esses da Rússia.

106
6. (FGV) Observe atentamente as imagens abaixo:

a) Por quais motivos a Revista Time elegeu o manifestante (protestador) como o homem do ano de 2011?
b) Aponte as semelhanças ideológicas entre a imagem reproduzida pela Time e a imagem elaborada pelo artista Banksy.
c) Diversos protestos desde 2011 vêm sendo denominados como “primaveras”, numa alusão à Primavera de Praga de
1968. Apresente as principais características desse movimento ocorrido na antiga Tchecoslováquia.

7. (UFSCAR) Se vendemos nossa terra a vós, deveis con- ção de guerras. Dê dois exemplos de conflitos ocorri-
servá-la à parte, como sagrada, como um lugar onde dos no século XX, que cada um desses organismos não
mesmo um homem branco possa ir sorver a brisa aro- conseguiu evitar. Justifique a relativa fragilidade desses
matizada pelas flores dos bosques. organismos internacionais.
Assim consideraremos vossa proposta de comprar nos-
sa terra. Se nos decidirmos a aceitá-la, farei uma condi- 9. (UNICAMP) Observe o gráfico e responda.
ção: o homem branco terá que tratar os animais desta
terra como se fossem seus irmãos.
Sou um selvagem e não compreendo outro modo. Te-
nho visto milhares de búfalos apodrecerem nas prada-
rias, deixados pelo homem branco que neles atira de
um trem em movimento. Sou um selvagem e não com-
preendo como o fumegante cavalo de ferro possa ser
mais importante que o búfalo, que nós caçamos apenas
para nos mantermos vivos.
(Carta do chefe índio Seattle ao presidente dos Estados Unidos,
que pretendia comprar as terras de sua tribo em 1855.)

a) Identifique uma diferença na maneira do chefe ín-


dio e dos brancos entenderem a relação entre o ho- a) Qual a relação existente entre as duas linhas apre-
mem e a natureza.
sentadas no gráfico?
b) Explique as consequências, para a população indí-
b) Apresente dois motivos para a crise financeira de
gena dos Estados Unidos, do contato com os brancos.
1929.
8. (UNESP) Violências e guerras entre povos caracte-
rizam a história da humanidade, assim como projetos 10. (UFRJ) “Corações e Mentes [documentário reali-
e tentativas de evitá-las. No século XX, foram criados zado pelo cineasta norte-americano Peter Davies, nos
organismos internacionais com a finalidade de pacificar anos 70, sobre a guerra do Vietnã] tem esse nome de-
as relações entre nações e países: a Liga das Nações vido ao slogan do governo norte-americano na época,
em 1919 e a Organização das Nações Unidas (ONU) em de que nós tínhamos que ganhar os corações e mentes
1945. Apesar de suas declarações favoráveis à solução do povo vietnamita. Pois estive no Iraque e os ameri-
negociada dos conflitos, nem a Liga das Nações nem a canos estão utilizando a mesma frase. E lá vi as mes-
ONU conseguiram impedir, completamente, a deflagra- mas atitudes, a mesma arrogância. Achei que o Vietnã

107
tinha nos ensinado a lição: não ir para a guerra com qualquer momento, e devastar a humanidade. [...] Não
países que não estão nos ameaçando. É assustador ver aconteceu, mas por cerca de quarenta anos pareceu
o quão rápido a lição foi esquecida.” uma possibilidade diária.
Fonte: adaptado de entrevista de Peter Davies ao jornal “O (Eric Hobsbawm. Era dos extremos, 1995.)
Globo” de 01 de outubro de 2004, segundo caderno, p.2.
Identifique o conflito a que o texto se refere e caracte-
Apesar das diferenças no tempo e no espaço, as guerras rize as forças em confronto.
do Vietnã e do Iraque – a última iniciada em 2003 e ain-
da em curso – têm em comum resultarem de interven- 4. (FUVEST) “De puramente defensiva, tal qual era, em
ções militares norte-americanas ao redor do planeta. sua origem, a doutrina Monroe, graças à extensão do
poder norte-americano e às transformações sucessivas
a) Identifique um elemento da conjuntura internacional
do espírito nacional, converteu-se em verdadeira arma
que contribuiu para a eclosão da Guerra do Vietnã.
de combate sob a liderança de Theodore Roosevelt”
b) Explique um dos princípios da chamada Doutrina
Bush, adotada pelo governo norte-americano após os Barral-Montferrat, 1909.
atentados de 11 de setembro de 2001, que tenha ser- a) Qual a proposta da doutrina Monroe?
vido como justificativa para a invasão do Iraque. b) Explique a razão pela qual a doutrina se “conver-
teu em arma de combate sob a liderança de Theodore
Roosevelt”. Exemplifique.
U.T.I. - E.O. 5. (UNESP) Nunca houve um ano como 1968 e é impro-
1. (UNICAMP) A Primeira Guerra Mundial abalou pro- vável que volte a haver. Numa ocasião em que nações
fundamente todos os povos envolvidos, e as revoluções e culturas ainda eram separadas e muito diferentes —
de 1917-1918 foram, acima de tudo, revoltas contra e, em 1968, Polônia, França, Estados Unidos e México
aquele holocausto sem precedentes, principalmente eram muito mais diferentes um do outro do que são
nos países do lado que estava perdendo. Mas em cer- hoje — ocorreu uma combustão espontânea de espíri-
tas áreas da Europa, e em nenhuma outra mais que na tos rebeldes no mundo inteiro.
Rússia, foram mais que isso: foram revoluções sociais, (Mark Kurlansky. 1968 – O ano que abalou o mundo, 2005.)
rejeições populares do Estado, das classes dominantes
e do status quo. Indique dois movimentos de “espíritos rebeldes” ocor-
ridos em 1968 e identifique, em cada um deles, o cará-
(Adaptado de Eric Hobsbawm, Sobre História. São Paulo:
Companhia das Letras, 1998, p. 262-263.) ter “espontâneo” mencionado no texto.
a) Relacione a Primeira Guerra Mundial e a situação 6. (UNESP) Discorra sobre a experiência socialista inicia-
da Rússia na época. da na Europa no período entre as duas Guerras Mundiais.
b) Cite e explique um princípio da Revolução Russa
de 1917. 7. (FGV) A Primeira Guerra Mundial envolveu todas as
grandes potências, e na verdade todos os Estados euro-
2. (UNICAMP) Existem épocas em que os acontecimen- peus, com exceção da Espanha, os Países Baixos, os três
tos concentrados num curto período de tempo são países da Escandinávia e a Suíça. E mais: tropas do ul-
imediatamente vistos como históricos. A Revolução tramar foram, muitas vezes pela primeira vez, enviadas
Francesa e 1917 foram ocasiões desse tipo, e também para lutar e operar fora das suas regiões (...).
1989. Aqueles que acreditavam que a Revolução Rus-
sa havia sido a porta para o futuro da história mundial HOBSBAWM, E. Era dos extremos. O breve século XX (1914-
estavam errados. E quando sua hora chegou, todos se 1991). Trad., São Paulo: Companhia das Letras, 1995, p. 31.
deram conta disso. Nem mesmo os mais frios ideólogos a) Quais foram as motivações econômicas do conflito
da Guerra Fria esperavam a desintegração quase sem citado no texto?
resistência verificada em 1989. b) Como a guerra influenciou e dividiu os movimentos
(Adaptado de Eric Hobsbawm, “1989 – O que sobrou para os e partidos socialistas do período?
vitoriosos”. Folha de São Paulo, 12/11/1990, p. A-2.) c) Apresente duas transformações decorrentes direta-
a) No contexto entre as duas guerras mundiais, quais mente do conflito.
seriam as razões para a Revolução Russa ter simboli- 8. (UFF) “É intolerável e estranho ao espírito do mar-
zado uma porta para o futuro? xismo-leninismo exaltar uma pessoa e dela fazer um
b) Identifique dois fatores que levaram à derrocada super-homem dotado de qualidades sobrenaturais, se-
dos regimes socialistas da Europa após 1989. melhantes às de um deus. Esse sentimento a respeito
de Stalin existiu durante muitos anos (...). Tudo ele deci-
3. (UNESP) A Segunda Guerra Mundial mal terminara
dia, sozinho, sem consideração por qualquer um ou por
quando a humanidade mergulhou no que se pode en-
quem quer que fosse”.
carar, razoavelmente, como uma Terceira Guerra Mun-
dial, embora uma guerra muito peculiar. [...] Gerações (“Discurso de Kruschev, no XX Congresso do
inteiras se criaram à sombra de batalhas nucleares glo- Partido Comunista em 1956”. In: VVAA, L’époque
contemporaine, Paris, Bordas, 1971, p. 244.)
bais que, acreditava-se firmemente, podiam estourar a

108
Em janeiro de 1953 morreu Josef Stalin. Logo depois,
com a subida ao poder de Kruschev, a União Soviética
deu início a um período conhecido como a época do
degelo, baseada em um intenso processo de desesta-
linização.
a) Destaque duas características políticas do mencio-
nado processo.
b) Analise a política externa da Era Kruschev, no con-
texto da Guerra Fria.

9. (UFSCAR) Se nem todas as grandes crises econômicas,


como a atual, que, periodicamente acometem o capi-
talismo, levam a uma transformação no seu funciona-
mento, todas as grandes transformações pelas quais ele
passou foram desencadeadas por uma grande crise.
Situe historicamente e explique as crises que levaram
ao chamado capitalismo.
a) com participação estatal (keynesiano).
b) desregulado (neoliberal).

109
110
HISTÓRIA DO BRASIL

111
A DITADURA DO ESTADO NOVO (1937-1945)

O Golpe de 1937 gestou a quarta Constituição brasileira, mediante a avaliação da capacidade em concursos públi-
redigida pelo jurista Francisco Campos, ficou conhecida cos e provas de habilitação.
como “Polaca”; baseava-se em modelos fascistas euro- Outra marca importante do Estado Novo foi a intensifi-
peus, destacadamente a Constituição polonesa. Outorgada cação da legislação trabalhista, que publicou a Conso-
por Getúlio Vargas em novembro de 1937, a Constituição lidação das Leis do Trabalho, CLT, inspirada na Car-
trazia como principais dispositivos: ta del Lavoro (Carta do Trabalho), implantada na Itália
§ ampliação dos poderes do presidente da República pelo ditador Benito Mussolini. Foram incorporadas à CLT
graças a uma rígida centralização governamental; as leis trabalhistas que vinham sendo promulgadas no
Brasil ao longo da década de 1930, como a jornada de
§ governo do presidente da República mediante decre- oito horas diárias, o descanso semanal obrigatório e as
tos-leis, suspensão de imunidades e Estado de Sítio; férias remuneradas. Foram regulamentados também os
§ mandato presidencial ampliado para seis anos; contratos entre patrões e empregados, que deveriam ser
registrados na Carteira de Trabalho. O funcionamento dos
§ perda da autonomia dos estados que passaram a ser
sindicatos foi permitido, desde que subordinados ao Esta-
governados por interventores nomeados pelo presi-
do, que os utilizava como instrumento de manipulação da
dente da República;
classe trabalhadora.
§ dissolução dos partidos políticos;
Em julho de 1940 foi criado o imposto sindical – instru-
§ censura da imprensa e dos meios de comunicação em mento básico de financiamento do sindicato e de sua su-
geral; bordinação ao Estado. Consistia de uma contribuição anu-
al obrigatória, correspondente a um dia de trabalho, paga
§ instituição do estado de emergência e permissão ao
por todo empregado sindicalizado ou não.
presidente de suspender imunidades parlamentares,
prender, exilar e invadir domicílios; Antes apoiadores do Estado Novo, os integralistas passa-
ram a promover duras críticas a Vargas. Para dar o Golpe
§ proibição das greves;
de 1937, Getúlio contou com o apoio dos integralistas.
§ pena de morte para os crimes contra a segurança na- Plínio Salgado e seus adeptos mostravam-se eufóricos,
cional. uma vez que também no Brasil o fascismo era o destino
Essa deveria ter sido submetida a um plebiscito, como de- do mundo. No entanto, consolidado no poder, Vargas tra-
terminava seu próprio texto, mas o ditador fez com que tou de descartar os integralistas. Em 2 de dezembro de
essa determinação não fosse cumprida. 1937, foram surpreendidos pela lei que punha fim aos
partidos políticos, sem excluir a AIB (Ação Integralista
A repressão recrudesceu. Por meio do Departamento Brasileira), bem como pela falta de oferta de algum cargo
de Imprensa e Propaganda, DIP, o governo controlava a eles pelo novo governo. Ignorados, passaram a conspi-
os meios de comunicação sob rígida censura, bem como rar contra o governo.
servia-se de jornais, cartilhas e, principalmente, rádio para
enaltecer a figura de Vargas e suas realizações. Com esse Em março de 1938 fizeram uma primeira tentativa de
objetivo, já em 1934, foi criado o programa radiofônico golpe, duramente reprimida. Logo depois, unidos a ou-
“Hora do Brasil”. tros oposicionistas, tentaram a queda de Vargas me-
diante um ataque ao Palácio da Guanabara, residência
A polícia política, principal organismo de repressão do do presidente. Assim fizeram na manhã do dia 10 de
Estado e comandada por Filinto Müller, encarregava-se de maio, obrigando Vargas e seus familiares a defenderem-
perseguir, prender e torturar opositores. -se de armas na mão. A ajuda militar ao presidente só
O Departamento Administrativo do Serviço Públi- chegou depois de quatro horas de tiroteio. Mas essa
co, Dasp, foi criado em 1938 com a finalidade de dar ao tentativa de golpe, conhecida por intentona integra-
Estado um aparato burocrático racional e modernizador da lista, também falhou, com inúmeros golpistas presos
administração pública. Com ele, generalizou-se o sistema e fuzilados no próprio palácio. Plínio Salgado, líder do
de mérito: o recrutamento de candidatos passou a ser feito movimento, foi exilado em Portugal.

112
1941, para evitar esse acordo e exigir o compromisso do
governo brasileiro, o governo norte-americano ofereceu ao
Brasil recursos para a construção da Companhia Siderúrgi-
ca Nacional, CSN.
Em contrapartida, o governo brasileiro cedeu bases milita-
res na região Nordeste para norte-americanos e ingleses,
e enviou tropas aos campos de batalha europeus. A Força
Expedicionária Brasileira, FEB, continha 25 mil homens e
foram comandados pelo general Mascarenhas de Mora-
es. A FEB foi incorporada ao IV Exército norte-americano
e lutou nos campos italianos contra o fascismo, de forma
surpreendentemente bem-sucedida.

Propaganda varguista direcionada ao trabalhador

Economicamente, o Estado Novo foi marcado ainda pelo Vargas e Roosevelt


nacionalismo econômico, que visava limitar a atua- A participação brasileira na Segunda Guerra Mundial ao
ção do capital estrangeiro na economia nacional, ao mes- lado das democracias liberais e contra os regimes totali-
mo tempo em que incentivava a industrialização do Brasil tários de extrema direta revelaram a contradição do país
por meio da implantação de uma indústria de base, governado por uma ditadura. A partir de então cresceu a
que o levou à criação da Companhia Vale do Rio Doce, pressão interna pela redemocratização do Brasil. Em janei-
em Minas Gerais, e da Companhia Siderúrgica Nacional, ro de 1945, antes do final da guerra, foi realizado em São
CSN, no Rio de Janeiro. Paulo o Primeiro Congresso Brasileiro de Escritores, com
Em 1938 foi criado o Conselho Nacional do Petróleo, a participação de Graciliano Ramos, Caio Prado Júnior,
CNP, que se encarregou de prospectar poços petrolíferos Monteiro Lobato e Carlos Drummond de Andrade. Eram
e dar início ao desenvolvimento desse setor no Brasil. No escritores e intelectuais que defendiam a realização de elei-
ano seguinte foram encontrados indícios de petróleo na ções diretas para os diversos cargos públicos, a reabertura
Bahia, onde foi perfurado o primeiro poço do Brasil, na democrática, o fim da censura aos meios de comunicação.
cidade de Lobato. Vargas aparentemente cedeu às pressões e surpreendeu o
Quando eclodiu a Segunda Guerra Mundial, em 1939, país: iniciou um processo de abertura política anunciando a
o Brasil manteve-se neutro, embora Getúlio simpatizasse convocação de eleições presidenciais para o final de 1945;
com o Eixo. Paralelamente, no entanto, pressões externas reduziu a censura à imprensa e concedeu anistia política,
e internas pela entrada do país na guerra do lado Aliado que beneficiou Luís Carlos Prestes, preso desde 1936, e
fizeram-se valer. A aproximação ideológica entre o Estado permitiu-lhe voltar à cena política nacional.
Novo e o fascismo europeu era evidente. Ministros de Var-
Com a concessão da liberdade partidária, foram fundados
gas, como Francisco Campos, da Educação e Saúde, e Eu-
vários partidos políticos: União Democrática Nacional, UDN,
rico Gaspar Dutra, da Guerra, defendiam a entrada do país
composta por conservadores, burgueses e latifundiários, re-
na guerra ao lado do Eixo. Oswaldo Aranha, das Relações
presentantes dos interesses das elites nacionais em oposição
Exteriores, defendia o apoio brasileiro aos Aliados.
a Vargas; Partido Social Progressista, PSP, em São Paulo, com
Getúlio Vargas manteve-se neutro enquanto procurava ob- grande poder local e liderado por Adhemar de Barros; Parti-
ter vantagens econômicas de ambos os lados em troca do do Comunista Brasileiro, PCB, devidamente legalizado e atu-
apoio do Brasil. Em meados de 1940, chegou a anunciar ante; Partido Social Democrático, PSD, que congregava uma
a intenção do governo alemão investir na siderurgia bra- facção das elites nacionalistas ligadas ao setor industrial que
sileira com a fundação de uma indústria siderúrgica. Em apoiavam Vargas; e Partido Trabalhista Brasileiro, PTB, ligado

113
aos sindicatos, trabalhadores e camadas médias urbanas. uma nova Constituição e convocaria eleições para a esco-
Getúlio atuou diretamente na fundação desses dois partidos lha de um novo presidente.
políticos, PSD e PTB, que lhe serviam de base de apoio. O apoio maciço ao Queremismo suscitou desconfian-
Enquanto o processo eleitoral desenvolvia-se, Vargas ça geral de que Getúlio preparava um golpe, visando à
apoiava e estimulava discretamente um movimento em permanência no poder. Para evitar que isso ocorresse, os
prol de sua continuidade na presidência da República: o generais Góes Monteiro, Eurico Gaspar Dutra e Otávio
Queremismo. Sob o slogan “Queremos Getúlio”, os que- Cordeiro de Farias lideraram as Forças Armadas na depo-
remistas defendiam a continuidade de Vargas na presidên- sição de Getúlio Vargas da presidência da República, no
cia até que fossem realizadas eleições para a formação dia 29 de outubro de 1945, pondo fim ao Estado Novo
de uma Assembleia Nacional Constituinte, que elaboraria e à Era Vargas.

GOVERNO EURICO GASPAR DUTRA (1946-1951)

O período democrático situado entre as ditaduras do Es- legislativos – senadores, deputados e vereadores – dos co-
tado Novo (1937-1945) e o Regime Militar (1964-1985) munistas foram cassados.
é chamado, por alguns historiadores de República Liberal
Em 1947 o presidente norte-americano Harry Truman
Populista. Nesse período, o país viveu uma relativa liberda- visitou o Brasil, quando foi realizada na cidade fluminense
de democrática, com grande atuação de partidos políticos, de Petrópolis a Conferência Interamericana de Manuten-
imprensa e movimentos sociais. ção da Paz e Segurança. Encerrando a Conferência, foi as-
Eleito pela coligação PSD/PTB, Partido Social Democrático sinado o Tratado Interamericano de Assistência Recíproca,
e Partido Trabalhista Brasileiro, com o apoio de políticos Tiar, mediante o qual os países das Américas estabeleciam
varguistas, logo que assumiu a presidência da República um pacto para defesa mútua, permitindo a intervenção dos
em janeiro de 1946, Dutra iniciou um processo de apro- EUA em qualquer área do continente para preservar a paz
ximação política com as elites nacionais, particularmente, e a segurança, o que deve ser entendido como combate ao
representadas pela UDN, União Democrática Nacional. comunismo no continente.
No cenário internacional marcado pela Guerra Fria, o
novo presidente definiu o posicionamento brasileiro pró-
-EUA, o que provocou uma série de problemas internos.
No governo Dutra foi promulgada a nova Constituição
brasileira, em 1946.
A Constituição de 1946 previa a intervenção nos sin-
dicatos e a censura a algumas manifestações artísticas e
culturais notadamente de caráter comunista. Foi mantido
o voto secreto para maiores de 18 anos, exceto para anal-
fabetos, cabos e soldados, e eleições diretas em todos os
níveis. O mandato presidencial foi fixado em cinco anos
sem possibilidade de reeleição e o cargo de vice-presidente
foi recriado. Além disso, os direitos trabalhistas do período
Dutra e Truman
getulista foram incorporados ao texto constitucional.
Em virtude do alinhamento do governo brasileiro à política
As consequências do alinhamento do governo brasileiro
norte-americana, Eurico Gaspar Dutra adotou uma política
com os EUA no contexto da Guerra Fria podem ser cons-
econômica liberal, caracterizada pela abertura ao capital
tatadas na política interna. Houve restrição ao direito de
estrangeiro e pela importação de vários produtos, princi-
greve pelo decreto-lei 9.070, de março de 1946. Baseada
palmente os supérfluos.
em justificativas fúteis, a maioria governista da Câmara vo-
tou pelo fechamento do Partido Comunista Brasileiro, PCB, Em 1948 foi lançado o Plano SALTE, que previa investi-
em maio de 1947 e, no ano seguinte, todos os mandatos mentos nas áreas de Saúde, Alimentação, Transportes e

114
Energia. “Em linhas gerais, o Plano SALTE visava estimular por Adhemar de Barros e seu PSP, que indicaram o candi-
e suprir a iniciativa privada através da ação do Estado na dato a vice-presidente, Café Filho. O acordo previa ainda
economia. O Estado, sem substituir as empresas particu- que Vargas apoiaria Adhemar nas próximas eleições pre-
lares, deveria investir para sanar as deficiências daqueles sidenciais. O PSD lançou o candidato Cristiano Machado,
setores identificados como ’pontos de estrangulamento do mas grande parte dos filiados do partido deu apoio a Var-
desenvolvimento nacional’”. gas, especialmente nos estados. A UDN lançou novamente
(CACERES, Florival. História do Brasil. o brigadeiro Eduardo Gomes.
São Paulo: Moderna, 1993, p. 303).
Getúlio Vargas venceu a eleição com 49% dos votos váli-
A sucessão presidencial ocorreria no final de 1950 e Getú- dos e pôde voltar ao Palácio do Catete, sede da presidên-
lio Vargas decidiu disputar a presidência pelo PTB, apoiado cia, “nos braços do povo”.

SEGUNDO GOVERNO VARGAS (1951-1954)

A candidatura de Vargas à presidência da República pro- dades, Vargas ainda fundou a Eletrobrás e iniciou a cons-
vocou a oposição sistemática e ruidosa da UDN, deter- trução da Usina Hidrelétrica de Paulo Afonso. Todavia, a
minada a evitar sua volta ao Catete a todo custo, como maior obra do segundo governo de Vargas foi a criação
podemos constatar na afirmação de Carlos Lacerda: “O da Petrobras, em 1953.
senhor Getúlio Vargas, senador, não deve ser candidato
Para proteger as riquezas petrolíferas nacionais de inte-
à presidência. Candidato, não deve ser eleito. Eleito não
resses estrangeiros, em 1953, um projeto de lei foi apro-
deve tomar posse. Empossado, devemos recorrer à revolu-
vado, garantindo com que a recém criada Petrobras, em-
ção para impedi-lo de governar”. A afirmação de Lacerda é
presa de capital misto controlada pelo governo brasileiro,
uma síntese da atitude dos udenistas durante a campanha
teria o monopólio de pesquisa, exploração e refino do pe-
presidencial e o governo Vargas até o seu trágico fim.
tróleo brasileiro, frustrando os interesses internacionais.
A polarização do sistema político deu-se em torno de Na- O monopólio não se estendia à distribuição de derivados
cionalistas e Entreguistas. do petróleo no Brasil, que poderia ser feita por grupos
O grupo dos nacionalistas era composto por intelectuais, privados e estrangeiros.
militares, burguesia nacional, estudantes e membros das ca- Em termos trabalhistas, Vargas, mesmo sob imensa
madas urbanas, que defendiam mais autonomia do Brasil pressão, aprovou, em 1º de maio de 1954, um reajuste
em relação ao capital estrangeiro, bem como a exploração de 100% no salário mínimo, o que lhe rendeu profun-
das riquezas nacionais por empresas brasileiras e a industria- das críticas das elites econômicas e de sua porta-voz a
lização baseada em capitais nacionais. imprensa.
Já os setores liberais eram compostos por políticos conser-
vadores, elites agrárias e membros da burguesia, militares
e parte da classe média na sua maioria congregados na
UDN. Eram chamados de “entreguistas”, por defende-
rem o desenvolvimento econômico nacional baseado na
abertura da economia brasileira ao capital estrangeiro,
particularmente norte-americano, através da montagem
de empresas multinacionais no Brasil, para utilizarem sua
tecnologia na exploração das riquezas nacionais.
Em seu mandato democrático, Vargas criou o BNDE (Ban-
co Nacional de Desenvolvimento Econômico) para inves-
timentos de longo prazo. Em 1952 foi aprovada a Lei de
Vargas com a mão suja de petróleo
Remessa de Lucros ao Exterior, que obrigava as empresas
estrangeiras a reinvestir no Brasil pelo menos 10% dos O principal veículo de crítica a Getúlio era o jornal Tribuna
lucros obtidos em território nacional. Apesar das dificul- da Imprensa, do jornalista Carlos Lacerda, correligionário da

115
UDN, que diariamente lançava ataques e graves acusações valores do trabalho. Os lucros das empresas estrangeiras
ao presidente. alcançaram até 500% ao ano. Nas declarações de valo-
res do que importávamos existiam fraudes constatadas
No dia 5 de agosto de 1954, Carlos Lacerda sofreu um de mais de 100 milhões de dólares por ano. Veio a crise
atentado próximo à sua residência, na rua Tonelero, do café, valorizou-se o nosso principal produto. Tenta-
no bairro de Copacabana, no Rio de Janeiro. O jornalista mos defender seu preço e a resposta foi uma violenta
foi atingido no pé e o major da Aeronáutica, Rubens pressão sobre a nossa economia, a ponto de sermos
obrigados a ceder.
Florentino Vaz, que o acompanhava, foi morto com um
tiro no peito. Tenho lutado mês a mês, dia a dia, hora a hora, resis-
tindo a uma pressão constante, incessante, tudo su-
portando em silêncio, tudo esquecendo, renunciando a
mim mesmo, para defender o povo, que agora se queda
desamparado. Nada mais vos posso dar, a não ser meu
sangue. Se as aves de rapina querem o sangue de al-
guém, querem continuar sugando o povo brasileiro, eu
ofereço em holocausto a minha vida.
Escolho este meio de estar sempre convosco. Quando
vos humilharem, sentireis minha alma sofrendo ao vosso
lado. Quando a fome bater à vossa porta, sentireis em
vosso peito a energia para a luta por vós e vossos filhos.
Quando vos vilipendiarem, sentireis no pensamento a
força para a reação. Meu sacrifício vos manterá unidos e
meu nome será a vossa bandeira de luta. Cada gota de
meu sangue será uma chamada imortal na vossa cons-
ciência e manterá a vibração sagrada para a resistência.
Carlos Lacerda logo após sofrer um atentado Ao ódio respondo com o perdão.
E aos que pensam que me derrotam respondo com a
No mesmo dia, Lacerda acusou o presidente pelo atentado.
minha vitória. Era escravo do povo e hoje me liberto
Vargas declarou-se inocente, mas as investigações aponta- para a vida eterna. Mas esse povo de quem fui escra-
ram como mandante do atentado o chefe da guarda pes- vo não mais será escravo de ninguém. Meu sacrifício
soal do presidente, Gregório Fortunato, o “Anjo Negro”, ficará para sempre em sua alma e meu sangue será
que foi acusado pelo pistoleiro que efetuou os disparos, o preço do seu resgate. Lutei contra a espoliação do
Alcino do Nascimento. Mesmo declarando-se inocente e Brasil. Lutei contra a espoliação do povo. Tenho luta-
como a grande vítima do atentado, Vargas perdeu o apoio do de peito aberto. O ódio, as infâmias, a calúnia não
abateram meu ânimo. Eu vos dei minha vida. Agora vos
da Aeronáutica, influenciada pelo Brigadeiro Eduardo Go-
ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamente dou
mes. Oficiais do Exército e da Marinha solidarizaram-se o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da
com a Aeronáutica e parte das Forças Armadas passou a vida para entrar na História”
exigir a renúncia do presidente. (Carta-testamento deixada pelo presidente
Getúlio Vargas. 24 ago. 1954).
Os militares enviaram ultimatum a Vargas exigindo sua
renúncia, o que deixava claro que um golpe de Estado
estava sendo preparado. Na noite do dia 23 de agosto
realizou-se uma reunião ministerial no Palácio do Cate-
te. Nela, foi cogitada uma licença do presidente, mas as
negociações não avançaram. Já de madrugada, Getúlio
retirou-se para seus aposentos.
Na manhã do dia 24 de agosto de 1954, o presidente Ge-
túlio Vargas foi encontrado morto sobre sua cama, com um
tiro no coração. Na cabeceira da cama havia uma carta-tes-
tamento, cuja divulgação comoveu a população.
“Não querem que o povo seja independente. Assumi o
Governo dentro da espiral inflacionária que destruía os Vargas em seu caixão

116
GOVERNO CAFÉ FILHO (1954-1955)

Em virtude do suicídio do presidente Getúlio Vargas (1954),


a Presidência da República foi assumida pelo vice-presi-
dente João Café Filho, que pertencia ao PSP (Partido Social
Progressista) e havia sido indicado à chapa por Adhemar
de Barros.
No exercício da presidência, Café Filho aproximou-se de
políticos conservadores, especialmente da UDN (União
Democrática Nacional) e de militares contrários a Getúlio,
nomeando-os para as principais pastas ministeriais.
No ano de 1955 tiveram início as movimentações de can-
didatos a presidente e vice, sendo lançados, respectiva- Carlos Lacerda, da UDN
mente, Juscelino Kubitschek (JK) e João Goulart (Jango).
Realizadas as eleições, Juscelino Kubitschek obteve 36%
Aliada a partidos de menor expressão, a UDN lançou a
dos votos e Juarez Távora, 30%, enquanto João Goulart foi
candidatura de Juarez Távora, um dos militares que ha- eleito vice-presidente. Inconformados com a vitória de JK e
viam conspirado contra Vargas. Plínio Salgado candida- Jango, Carlos Lacerda e políticos da UDN tentaram tumul-
tou-se pelo PRP (Partido da Representação Popular) e tuar ainda mais o ambiente político nacional, inicialmente
Adhemar de Barros pelo PSP. justificando que os vitoriosos não poderiam assumir por
Na área econômica, uma importante medida foi a Instru- não terem obtido mais da metade dos votos, mesmo que
ção 113 (17 jan. 1955) da Superintendência da Moeda e isso não estivesse presente na Constituição de 1946.
do Crédito (Sumoc), pela qual empresas estrangeiras po- O presidente Carlos Luz também não era favorável à pos-
diam importar máquinas e equipamentos do exterior sem se de JK e Jango, demonstrando simpatia pelo golpe que
cobertura cambial, contanto que se associassem a empre- se processava junto a políticos da UDN para impedir suas
sas nacionais. Para os empresários nacionais independen- posses. Para favorecer o golpe que estava sendo prepara-
tes persistiam as restrições cambiais nas importações, de do, Luz precisava afastar do cargo de ministro da Guerra,
modo a forçá-los a uma associação com os capitais estran- general Henrique Teixeira Lott, que era legalista e a favor
geiros. Iniciava-se um rápido processo de desnacionaliza- do respeito à Constituição e ao resultado das eleições, à
ção econômica que tenderia a se intensificar. posse de JK e Jango, portanto.
O presidente Café Filho afastou-se do cargo em novembro Incentivado por outros militares legalistas, Lott resistiu e de-
de 1955, alegando problemas de saúde e foi substituído pôs o presidente Carlos Luz, cercando o Rio de Janeiro com
pelo presidente do Congresso Nacional, Carlos Luz, que era aproximadamente 2,5 mil homens. Com isso, a posse de Jus-
filiado ao PSD, mas mantinha estreitas relações com a UDN. celino e Goulart foi garantida no dia 31 de janeiro de 1956.

GOVERNO JUSCELINO KUBITSCHEK (1956-1961)

Logo que assumiu a presidência da República, o mineiro ao capital estrangeiro e estimulando a industrialização e o
Juscelino Kubitschek começou a pôr em prática seu plano crescimento econômico nacional.
de governo, chamado Plano de Metas. Utilizando o slo-
O termo “Plano de Metas” foi usado como referência ao
gan “50 anos em 5”, o presidente pretendia estimular o
Plano Nacional de Desenvolvimento, composto por 31
desenvolvimento nacional através de uma aliança entre o
Estado e a iniciativa privada, promovendo grande abertura metas, das quais a última sintetizava as demais: construir

117
a nova capital na região do Planalto Central, que deveria conseguiu o empréstimo, o que o levou ao rompimento de
ser inaugurada no dia 21 de abril de 1960. O plano con- relações do Brasil com o FMI.
templava ainda os setores de transporte, energia, saúde,
Os resultados do Plano de Metas foram impressionantes,
educação, indústria e agricultura.
sobretudo no setor industrial. Entre 1955 e 1961, o valor
Quanto à industrialização, houve grande desenvolvimento, da produção industrial cresceu em 80%, com altas porcen-
destacando-se o setor de bens de consumo duráveis, que tagens nas indústrias do aço (100%), mecânicas (125%),
recebeu volumosos investimentos externos atraídos por de eletricidade, de comunicações (380%) e de material de
facilidades concedidas pelo governo ao capital estrangei- transporte (600%).
ro. As diretrizes para uma efetiva implantação da indústria
De 1957 a 1961, o PIB, Produto Interno Bruto, cresceu a
automobilística partiram do Grupo Executivo da Indústria
uma taxa anual de 7%, correspondendo a uma taxa per
Automobilística (Geia), criado pelo decreto 39.412 e assi-
capita de quase 4%. Se considerarmos toda a década
nado por Juscelino em 16 de junho de 1956.
de 1950, o crescimento do PIB brasileiro per capita foi
Conforme o previsto, a capital foi transferida para Bra- aproximadamente três vezes maior que o do resto da
sília inaugurada em 21 de abril de 1960 –, bem como América Latina.
ministérios, tribunais, órgãos administradores e repartições No entanto, os gastos governamentais para sustentar o
públicas. Ainda em 1960, Juscelino indicou Darcy Ribeiro programa de industrialização, a construção de Brasília e
para planejar a Universidade de Brasília, com auxílio de um forte saldo negativo na balança comercial resultaram
Niemeyer, Ciro dos Anjos e Anísio Teixeira. A construção de em crescentes deficit do orçamento federal. O governo
Brasília criou na região Centro-Oeste um polo de desenvol- gastava mais do que arrecadava. Esse déficit passou de
vimento demográfico e econômico. Porém, a transferência menos de 1% do PIB em 1954 e 1955 para 2% em 1956
da capital federal para o Planalto Central brasileiro gerou e 4% em 1957.
certo distanciamento entre o centro das decisões do gover-
no e eventuais pressões políticas e sociais regionais. Além Esse quadro foi acompanhado do avanço da inflação. Em
disso, considera-se que esse isolamento proporcionou às 1956, a inflação estava em 19%; ao final do governo JK,
a inflação atingiu 30% ao ano. Houve também aumento
autoridades mais segurança institucional.
espetacular da dependência em relação ao capital exter-
no. Em setores como a indústria automobilística, cigarros,
eletricidade, material elétrico, produtos químicos e farma-
cêuticos, o domínio do capital estrangeiro passou a ser
de 80% a 90%.
Some-se a todos esses problemas um aumento significa-
tivo da dívida externa. Quando da posse de JK, a dívida
externa brasileira era de 1,5 bilhão de dólares; no final de
seu governo, saltara para 3,8 bilhões de dólares.
Quando da sucessão de Juscelino, nas eleições de 1960,
PSP, Partido Social Progressista, indicou Adhemar de Bar-
Juscelino Kubitschek e o Palácio do Planalto ros e o minúsculo PTN, Partido Trabalhista Nacional, com
o apoio da UDN, União Democrático Nacional, lançou a
A necessidade de grandes volumes de capital para a execu-
candidatura de Jânio Quadros, ex-vereador, ex-deputado,
ção do Plano de Metas forçava o governo a recorrer intensa-
ex-prefeito e ex-governador sempre por São Paulo.
mente a empréstimos externos. JK tentou obter um emprésti-
mo de 300 milhões de dólares junto ao Fundo Monetário Dotado de uma oratória envolvente e utilizando discur-
Internacional, que impôs condições severas ao Brasil para sos fortes e uma imagem que o aproximava das cama-
liberar os recursos, como corte de gastos públicos, contenção das populares, Jânio Quadros venceu as eleições com
de salários e redução de subsídios agrícolas. O governo bra- a maior votação já obtida até então por um candidato à
sileiro não aceitou as condições impostas, mas também não presidência.

118
GOVERNO JÂNIO QUADROS (1961)

Carismático, excêntrico, conservador, grande orador e aci- imprensa e da população dos reais problemas brasileiros e
ma de tudo populista, Jânio Quadros baseava suas cam- das medidas impopulares do governo, Jânio Quadros ado-
panhas na sua imagem e na sua personalidade, não se tou medidas polêmicas que o mantinham constantemente
ligando a partidos ou a correntes políticas. Isso fica claro na mídia, como proibições do uso de biquínis em desfiles,
nas constantes trocas de partido que fazia a cada eleição brigas de galo, corridas de cavalo em dias úteis e de lança-
e na vitória na campanha presidencial pela coligação de -perfumes em bailes de carnaval.
pequenos partidos, apesar do apoio da UDN, União Demo-
Mais uma vez, o ambiente político nacional foi agitado por
crática Nacional, encabeçada pelo PTN, Partido Trabalhista
Carlos Lacerda da UDN. Revoltado com as condecorações
Nacional, partido de pouca expressão política.
de Che Guevara, o então governador do estado da Gua-
nabara denunciou em 24 de agosto de 1961, aniversário
de morte de Getúlio Vargas, que Jânio Quadros preparava
um golpe de Estado. Contrariado, o presidente reuniu seus
ministros militares e exigiu que fosse mantida a ordem no
país. No dia seguinte, 25 de agosto, Jânio Quadros parti-
cipou pela manhã, em Brasília, de uma solenidade em ho-
menagem ao dia do soldado. No início da tarde enviou um
bilhete ao Congresso Nacional comunicando sua renúncia
à presidência da República.
Jânio Quadros e a “vassourinha”
A situação era tensa e o vice-presidente João Goulart es-
Desde o início de seu curto governo, Jânio Quadros definiu tava fora do país em visita oficial à China. Com medo da
que a política externa brasileira seria independente, não ascensão política do trabalhista Jango, o Congresso e os
alinhada automaticamente pelos interesses estrangeiros, militares aceitaram prontamente a renúncia do presiden-
especialmente os norte-americanos. O ponto crítico de te e a presidência da República foi ocupada por Ranieri
sua política ocorreu quando recusou-se a apoiar a inva- Mazzilli, presidente do Congresso Nacional. O Brasil viveria
são norte-americana à Baía dos Porcos, em represália à uma crise política sem precedentes.
Revolução Cubana, e condecorou o ex-guerrilheiro e um
dos líderes da Revolução ao lado de Fidel Castro, Ernesto
“Che” Guevara. Tais medidas não satisfizeram os setores
conservadores ligados ao capital estrangeiro, perdendo sua
base parlamentar com o afastamento da UDN do governo.
Para enfrentar a crise econômica, a moeda foi desvalori-
zada, foram cortados gastos públicos e reduzidos os sub-
sídios para a importação de trigo e petróleo, medidas que
geraram oposição ao presidente da República, pois provo-
caram recessão e inflação. Tentando desviar a atenção da João Goulart e Mao Tsé-Tung

GOVERNO JOÃO GOULART (1961-1964)

A renúncia de Jânio Quadros mergulhou o país em uma Logo que soube da renúncia, Jango voltou ao Brasil, mas
séria crise política, pois militares e setores conservadores foi impedido de entrar no país pelos ministros militares bri-
opunham-se à posse do vice-presidente João Goulart, con- gadeiro Gabriel Grün Moss (Aeronáutica), almirantes Síl-
siderado herdeiro político de Getúlio Vargas e comunista. vio Heck (Marinha) e general Odílio Denys (Exército). Eles

119
contavam com o apoio da UDN e de Carlos Lacerda, que Diante da crise, o governo elaborou um plano para ser
defendiam o impedimento de Jango, uma reforma consti- aplicado entre os anos de 1963 e 1965, chamado Plano
tucional e a realização de novas eleições presidenciais. Trienal, que contemplava prioridades como combate à
inflação, retomada do crescimento econômico e renego-
João Goulart seguiu para o Uruguai e entrou no Brasil pelo
ciação da dívida externa, bem como Reformas de Base,
Rio Grande do Sul, de onde o governador Leonel Brizola
consideradas fundamentais para solucionar os problemas
organizava um movimento em prol do respeito à Consti-
sociais do país.
tuição e da posse de Jango. O movimento foi batizado de
“Campanha da Legalidade”. As Reformas de Base compreendiam reformas político-
-eleitorais – direito de voto aos analfabetos – e partidárias;
tributária – limitação da remessa de lucros ao exterior e
regulamentação de impostos de acordo com a renda; uni-
versitária – de acordo com exigências estudantis; constitu-
cional e agrária – baseadas na desapropriação de terras às
margens de rodovias e ferrovias federais.
O presidente recebia apoio de segmentos nacionalistas
e progressistas, como sindicatos, trabalhadores em geral,
Comando Geral dos Trabalhadores, CGT; União Nacional
dos Estudantes, UNE; Ligas Camponesas, Ação Popular –
católicos de esquerda –, Pacto de Unidade, Frente de Mo-
Goulart e Brizola bilização Popular, FMP, liderada por Leonel Brizola, políticos
O governador Leonel Brizola ameaçava distribuir armas do PTB e PSB; comunistas e intelectuais ligados ao Instituto
à população e o país estava à beira de uma guerra civil, Superior de Estudos Brasileiros, ISEB; e segmentos popu-
quando foi selado um acordo para resolver o impasse: o lares.
Congresso Nacional aprovou uma emenda à Constituição A oposição a Jango e às Reformas de Base congregava po-
de 1946, que estava em vigor, instituindo o parlamenta- líticos conservadores, especialmente da UDN, empresários,
rismo no Brasil durante um período, quando, através de militares, imprensa – com destaque para Carlos Lacerda e o
um plebiscito a ser realizado em 1965, coincidiria com o jornal O Globo –, parte da Igreja Católica, Instituto de Pes-
término do mandato de Jango. A população decidiria se quisas e Estudos Sociais, Ipes – composto por empresários –,
mantinha o sistema ou se o Brasil deveria retornar ao pre- Campanha da Mulher pela Democracia, Cade – financiada
sidencialismo. pelos Ipes –, Movimento Anticomunista, MAC, Frente da Ju-
ventude Democrática – formada por estudantes de classe
Ciente das dificuldades do país e da oposição dos meios
média e alta –, e setores de classe média assustados com a
elitistas, conservadores e militares, João Goulart iniciou a
amplitude das Reformas de Base, que poderiam, segundo a
primeira fase de seu governo procurando alternativas para imprensa conservadora, atingir seus bens.
restaurar o presidencialismo, o que lhe garantiria poderes
para tentar realizar as reformas necessárias ao Brasil. Para Diante da crise, João Goulart tentou implantar o Estado
tanto deveria conquistar o apoio ou quebrar a resistência de Sítio, mas o Congresso não aprovou tal medida. Jango
dos militares e acalmar a oposição conservadora sem per- decidiu então aproximar-se das massas e implantar as Re-
der o apoio popular e de setores progressistas de esquerda. formas de Base. No dia 13 de março de 1964 aconteceu
um comício no Rio de Janeiro, em frente à estação Central
Nessa fase, o país era governado de fato por um primei- do Brasil, organizado por sindicatos e entidades estudan-
ro-ministro, cargo ocupado respectivamente por Tancredo tis, com o objetivo de pressionar o Congresso Nacional a
Neves (PSD), Brochado da Rocha (PSD) e Hermes Lima aprovar as Reformas de Base. O comício reuniu cerca de
(PSB). Durante esses governos, não houve melhoria na 200 mil pessoas e contou com a participação do presidente
situação do país, o que fazia aumentar a crença de que João Goulart, que assinou dois importantes decretos: a de-
somente Jango poderia resolver os problemas nacionais. sapropriação e a nacionalização das refinarias de petróleo
O resultado do plebiscito provocou a restauração do presi- particulares e estrangeiras; a criação da Superintendência
dencialismo no Brasil. No dia 24 de janeiro de 1963 foi em- da Reforma Agrária, Supra, que desapropriaria latifúndios
possado o novo ministério montado pelo presidente João situados às margens de ferrovias e rodovias federais.
Goulart, com destaque para Almino Afonso (Trabalho), As medidas provocaram reações nos meios oposicionistas,
Celso Furtado (Planejamento e Coordenação Econômica) assustados com a amplitude das reformas. As críticas avolu-
e San Tiago Dantas (Fazenda). mavam-se na imprensa e, em São Paulo, foi organizado um

120
protesto por entidades femininas ligadas à Igreja Católica, navais designados para reprimir os amotinados aderiram
que ocupou as ruas do centro da cidade, no dia 19 de março: ao movimento e o Ministro da Marinha demitiu-se do car-
a Marcha da Família com Deus pela Liberdade. go. Tentando contornar a situação, o presidente interveio
anunciando que os revoltosos não seriam punidos, o que
foi visto pelos oficiais como quebra de hierarquia, pois o
presidente posicionava-se ao lado de marinheiros que ha-
viam desrespeitado o comando.
No dia 31 de março de 1964, os generais Olympio Mourão
Filho e Carlos Guedes iniciaram o movimento militar em
Minas Gerais, sob a chefia do general Castelo Branco, che-
fe do Estado-Maior das Forças Armadas, com o apoio dos
governadores Adhemar de Barros, Carlos Lacerda e Maga-
lhães Pinto, respectivamente de São Paulo, Guanabara e
Marcha da Família com Deus pela Liberdade Minas Gerais.

No Rio de Janeiro ocorreu um motim de marinheiros lide- Já no dia 1º de abril de 1964, o cargo de Presidente da
rados pelo Cabo José Anselmo dos Santos, presidente da República foi declarado vago e ocupado por Ranieri Maz-
Associação dos Marinheiros e Fuzileiros Navais, exigindo zilli, presidente da Câmara dos Deputados. Consumava-se
a demissão do ministro da Marinha, Silvio Mota. Fuzileiros o Golpe Civil-Militar de 1964.

DITADURA MILITAR: GOVERNO CASTELLO BRANCO

Após a deposição do presidente João Goulart, a presidên- concluir o mandato do presidente deposto, João Goulart,
cia da República foi assumida por Ranieri Mazzili, presiden- que se estenderia até janeiro de 1966.
te da Câmara dos Deputados. Imediatamente foi formado
o Comando Supremo da “revolução”, como se denomi-
nava o Golpe de Estado, formado pelos ministros militares
almirante Augusto Rademaker, da Marinha; general Arthur
da Costa e Silva, da Guerra; e brigadeiro Corrêa de Melo,
da Aeronáutica.
O comando foi responsável pela publicação do Ato Insti-
tucional nº 1 (Al-1, de 9 de abril de 1964), que suspen-
deu as garantias constitucionais por sessenta dias, durante
os quais poderiam ser cassados mandatos e suspensos os
direitos políticos de qualquer cidadão. Além disso, o pre-
sidente, que seria eleito indiretamente, poderia propor Tanques nas ruas do Rio de Janeiro durante o Golpe de 1964
emendas à Constituição e decretar Estado de Sítio. O AI-1
Controlando o Congresso Nacional, composto basicamen-
atingiu, ainda, segundo Meira, “cerca de 122 oficiais que te por parlamentares que apoiavam o Regime Militar, já
passaram para a reserva e mais de 1.000 pessoas que fo- que seus principais opositores tiveram os mandatos cas-
ram afastadas de seus cargos; 50 parlamentares tiveram sados e os direitos políticos suspensos em virtude do AI-
seu mandato cassado; e 49 juízes foram atingidos pela 1, Castello Branco conseguiu a aprovação de importantes
medida de exceção” medidas para o Regime. Entre elas destaquem-se a aprova-
(MEIRA, Antônio Carlos. Brasil: recuperando a nossa História. ção da Lei de Greve, que tornava ilegais as greves, e da Lei
São Paulo: FTD, 1998, p.241). Suplicy, proposta pelo Ministro da Educação Flávio Suplicy
No dia 15 de março de 1964, a junta militar indicou o de Lacerda, que extinguia a UNE e todas as entidades estu-
marechal Humberto de Alencar Castello Branco dantis, bem como determinava o fechamento dos centros
para ocupar o cargo de presidente da República, devendo acadêmicos das universidades.

121
Também foi criado o Serviço Nacional de Informação, O AI-2 determinava que o presidente pudesse intervir nos
SNI, principal órgão de informação do governo, que teve estados e municípios “para prevenir ou reprimir a subver-
importante atuação na repressão aos opositores do Regi- são”; permitia ainda a decretação de recesso no Legislati-
me. Idealizado pelo general Golbery do Couto e Silva, o vo, podendo o presidente legislar através de decretos-lei;
SNI coletava, processava e fornecia informações úteis ao foram estabelecidas eleições indiretas para presiden-
combate à subversão interna, transformando-se em um te da República e vice; e o presidente poderia determi-
dos principais órgãos do Regime Militar no Brasil. nar a suspensão de direitos políticos por dez anos. O Al-2
determinava ainda a extinção de todos os partidos
A primeira grande preocupação do novo governo foi ado-
políticos no Brasil. No entanto, um decreto complemen-
tar uma rígida intervenção na economia, com o objetivo
tar estabeleceu o bipartidarismo e os políticos foram
de controlar a inflação. Foi criado o Plano de Ação Eco-
obrigados a se vincular a duas novas legendas criadas: a
nômica do Governo, Paeg, que estabeleceu o corte nos
Aliança Renovadora Nacional, Arena, e o Movimen-
gastos públicos (menos verbas para saúde, educação, salá-
to Democrático Brasileiro, MDB.
rios de funcionários) e o aumento de impostos. No mesmo
período foi criado o Banco Central (Lei 4.595, de 31 de Em outubro de 1966, o candidato imposto pela “linha
dezembro de 1964), tendo como principal função controlar dura”, Arthur da Costa e Silva, foi eleito presidente, tendo
a emissão monetária e o sistema bancário e foi introduzida como vice o civil Pedro Aleixo, ex-ministro da Educação do
uma nova moeda, o Cruzeiro Novo (NCr$). governo Castello Branco. Antes de concluir seu mandato,
Castello Branco publicou os atos institucionais 3, de 5
Castelo Branco limitou os reajustes salariais e facilitou as
fevereiro de 1966, e o 4, de 7 de dezembro de 1966. O
demissões e a rotatividade de mão de obra, ao substituir as
primeiro determinou a realização de eleições indiretas
garantias de estabilidade no emprego pelo FGTS, Fundo
para a escolha de governantes estaduais, prefeitos
de Garantia por Tempo de Serviço. Foi criado o Ban-
das capitais e de áreas consideradas de Segurança
co Nacional da Habitação, BNH, que deveria utilizar o
Nacional.
dinheiro dos depósitos do FGTS para financiar a construção
de casas populares. O AI-4 estabelecia um conjunto de normas a serem segui-
das pelo Congresso, para a elaboração de uma nova
Em 1965, houve eleições para governadores de onze esta-
Constituição, que seria o último ato de Castello Bran-
dos. Contudo, a importante vitória eleitoral de políticos do
co na Presidência, a Constituição de 1967. Foi incluída na
PSD e PTB contrariou a cúpula militar e demonstrou que o
Carta Magna a Lei de Segurança Nacional, que proibia
populismo ainda tinha força no país. A reação estimulada
manifestações ofensivas ao governo na mídia e oficializava
especialmente pela “linha dura” foi a promulgação do Ato
censura prévia à imprensa.
Institucional nº 2, de 27 de outubro de 1965, afirmando
em seu preâmbulo que “não se disse que a Revolução foi,
mas que é e continuará”.

DITADURA MILITAR: GOVERNO COSTA E SILVA

A posse de Costa e Silva representou a ascensão da


chamada “linha dura” ao comando político do país. O
novo governo não manteve membros do governo an-
terior nos cargos comissionados e nos ministérios, que
passaram a ser ocupados por oficiais e políticos ligados
à “linha dura”, com destaque para o civil Delfim Netto,
responsável pelo comando da economia nacional. Logo
no início do mandato, o novo governo elaborou o Pro-
grama Estratégico de Desenvolvimento, PED, que tinha
como metas prioritárias combater a inflação e estimular
Polícia perseguindo manifestante em 1968
o crescimento econômico. O governo passou a controlar
preços e salários e incentivou os investimentos estran- Políticos descontentes com a marginalização a que estavam
geiros no Brasil. submetidos, especialmente Carlos Lacerda, que sonhava ser

122
presidente, organizaram uma Frente Ampla de oposição ao dente – demitir, remover ou pôr em disponibilidade funcio-
Regime Militar. O principal objetivo dessa Frente era restau- nários públicos federais, estaduais e municipais, fechar casas
rar a democracia e as eleições diretas para Presidente da legislativas, decretar estado de sítio e confiscar bens como
República e elaborar uma nova Constituição. A Frente Ampla forma de punição por corrupção e cassar mandatos eletivos
contou com o apoio dos ex-presidentes Juscelino Kubitschek federais, estaduais e municipais; demitir ou reformar oficiais
e João Goulart, o que demonstrava seu caráter eclético ao e membros das Forças Armadas e das polícias militares.
reunir antigos adversários.
O ano de 1968 foi marcado por grandes manifestações
estudantis de protesto contra a política educacional que o
governo desejava implantar através do acordo Mec-Usaid
e contra o próprio governo.
Em março desse ano, o estudante secundarista Edson Luis
de Lima Souto foi morto a tiros em um confronto entre ma-
nifestantes e policiais militares. Revoltados, os estudantes
realizaram o velório de Edson no prédio da Assembleia Le-
gislativa do Estado, onde vários discursos foram proferidos
contra a Ditadura. O enterro foi acompanhado por cerca de
50 mil pessoas, assim como a missa de sétimo dia, na igre- Protesto contra a Ditadura
ja da Candelária, que reuniu milhares de pessoas, apesar
Em 1969, o presidente Costa e Silva sofreu um derrame e
da rígida vigilância policial.
foi afastado do cargo, que deveria ser assumido pelo vice,
O resultado foi a realização de uma grande passeata con- o civil Pedro Aleixo, que se opusera ao AI-5. Os militares
tra o Regime Militar, organizada por estudantes, intelec- não admitiram a posse do vice e o governo foi assumido
tuais, artistas e membros da Igreja católica, realizada no por uma Junta Militar composta dos ministros do Exército,
dia 26 de junho de 1968. Conhecida como a Passeata Marinha e Aeronáutica, respectivamente, general Aurélio
dos Cem Mil, a manifestação foi um marco e serviu de Lyra Tavares, almirante Augusto Rademaker e brigadeiro
estímulo à manifestação em todo o país. Márcio de Sousa Melo. Em outubro, o Congresso Nacional
Diante das pressões, o governo editou o Ato Institucional foi reaberto para escolher o novo presidente. O Comando
Nº5, que suspendeu direitos e garantias constitucionais dos Supremo da Revolução indicou como candidato o general
cidadãos e o habeas corpus; ampliou os poderes do presi- Emílio Garrastazu Médici, que foi confirmado para o cargo.

DITADURA MILITAR: GOVERNO MÉDICI (1969-1974)

O presidente general Emílio Garrastazu Médici era um fiel re- intuito de elevar o Brasil às grandes potências econômicas
presentante da “linha dura”. No seu governo empenhou-se mundiais, foi criado o Plano Nacional de Desenvolvi-
em combater toda e qualquer oposição ao Regime Militar. mento, PND, cujas principais metas eram manter os bai-
Aquele período – conhecido como os “anos de chumbo” xos índices inflacionários e promover o desenvolvimento
– foi o mais cruel e de mais repressão do Estado sobre a so- da economia nacional. Houve grande estímulo às expor-
ciedade civil e os meios de comunicação. Em nome da segu- tações, principal fonte de recursos da economia brasileira,
rança nacional, o governo promoveu perseguições, torturas bem como à importação de máquinas e equipamentos
e assassinatos contra seus opositores e contra os meios de industriais, fundamentais para o desenvolvimento do país.
comunicação, que foram bastante censurados.
Durante o período do chamado “milagre econômico”
A base política e econômica do governo Costa e Silva foi (1969-1973), o PIB cresceu na média anual 11,2% e alcan-
mantida por Médici, bem como o ministro da Fazenda, An- çou o pico em 1973, com uma variação de 13%. A inflação
tonio Delfim Netto, o que lhe permitiu colher os frutos da média anual não passou de 18%. Médici realizou grandes
política econômica implantada no governo anterior pelo investimentos no setor de infraestrutura e na construção de
Programa Estratégico de Desenvolvimento, PED. Com o grandes e portentosas obras, chamadas “faraônicas”, em

123
virtude do tamanho, como a Ponte Rio-Niterói e a rodovia A política econômica de Delfim Netto tinha o propósito de
Transamazônica, símbolos de um “Brasil grande”. fazer crescer o “bolo” pra só depois pensar em distribuí-lo.
Apesar desses indicadores positivos, no entanto, o “mila- Alegava-se que antes do crescimento pouco ou nada havia
gre brasileiro” também apresentou pontos negativos. Um para distribuir. Privilegiou-se assim a acumulação graças às
dos seus pontos vulneráveis estava em sua excessiva depen- facilidades já apontadas e da criação de um índice pré-
dência do sistema financeiro e do comércio internacional, vio de aumento dos salários em nível que subestimava a
responsáveis pela facilidade dos empréstimos externos, pela inflação. Do ponto de vista do consumo pessoal, a expan-
inversão de capitais estrangeiros, pela expansão das expor- são da indústria, notadamente no caso dos automóveis,
tações etc. Outro ponto negativo era a necessidade cada vez favoreceu as classes de renda alta e média. Os salários dos
maior de contar com determinados produtos importados, trabalhadores de baixa qualificação foram comprimidos,
dos quais o mais importante era o petróleo. Porém, o prin- enquanto os empregos administrativos de empresas e pu-
cipal aspecto negativo do “milagre” foi de natureza social. blicidade valorizaram-se ao máximo. Tudo isso resultou em
uma concentração de renda acentuada que vinha já
de anos anteriores.
Na sucessão de Médici, a indicação de Geisel represen-
tou um triunfo dos “castelistas” e uma derrota da “linha
dura”. Seria equivocado pensar, porém, que ele tivesse
recebido o mandato de uma corrente no interior das
Forças Armadas favorável à liberalização do Regime. No
âmbito da corporação, Geisel foi escolhido pela sua ca-
Médici visitando as obras da ponte Rio-Niterói pacidade de comando e suas qualidades administrativas.

DITADURA MILITAR: GOVERNO ERNESTO GEISEL (1974-1979)

O general Ernesto Geisel ocupava a presidência da Petro- Em outubro de 1973, ainda no governo Médici, ocorreu a
bras pouco antes de ser eleito e já havia exercido o cargo primeira crise internacional do petróleo, consequência
de Chefe da Casa Militar no governo Castello Branco. Sua da chamada Guerra do Yom Kippur, movida pelos Estados
posse representou o retorno da ala dos militares conside- Árabes contra Israel. A crise afetou profundamente o Brasil,
rada mais moderada, o grupo da Sorbonne, castelista, que que importava mais de 80% do total de seu consumo. Com
passa a defender o início da transição para a democracia o objetivo de combater a crise e retomar o crescimento eco-
de forma “lenta, gradual e segura”, nas suas palavras. nômico do país, a equipe econômica liderada pelo ministro
Com novas derrotas da Arena nas eleições parlamentares, da Fazenda Mário Henrique Simonsen elaborou o II Plano
foi promulgada a Lei Falcão, criada pelo Ministro da Justi- Nacional de Desenvolvimento, II PND. O plano elegia
ça Armando Falcão, que limitava a propaganda eleitoral no um novo setor prioritário para a economia nacional: a pro-
rádio e na televisão. Os candidatos não poderiam mais falar; dução de bens de capital – máquinas, derivados de petróleo,
portanto, não mais atacariam o governo. Na televisão seria eletricidade, ferro e aço.
mostrada a imagem do candidato enquanto um narrador O II PND seria responsável por uma ampliação da atu-
oficial expunha seu nome, número, partido e currículo. ação do Estado na economia, representado principal-
No governo de Geisel, a economia sofria com os sintomas mente pelas empresas estatais responsáveis pela exe-
do fim do “milagre econômico”, representados pela queda cução das medidas, com destaque para a Petrobras e a
do PIB e pelo retorno da inflação, que reduziriam o poder Eletrobrás. Houve também o acordo nuclear Brasil-
aquisitivo da população e o consumo, provocando aumen- -Alemanha, que seria um acordo de cooperação nu-
to do desemprego e crises no setor industrial e comercial. A clear entre os dois países, através do qual a Alemanha
dívida externa havia crescido muito e representava aproxi- forneceria tecnologia para a construção de oito usinas
madamente 25% do PIB nacional e a especulação retirava nucleares a custo de 10 bilhões de dólares e urânio para
investidores e impedia novos investimentos no país. abastecer suas centrais nucleares.

124
O Proálcool foi anunciado também em 1975 e consistia minava ainda que a escolha do presidente não seria mais
no incentivo ao desenvolvimento de carros movidos a álco- realizada pelo Congresso Nacional, mas por um Colégio
ol e na produção em larga escala de álcool combustível e Eleitoral, composto pelo Congresso Nacional e mais seis
de seu uso como matéria-prima na indústria química. Além representantes de cada Assembleia Legislativa Estadual.
disso, o álcool seria adicionado à gasolina.
Na política, o processo de abertura do presidente Geisel
sofria críticas constantes da “linha dura”, através de pan-
fletos distribuídos nos quartéis e nos bastidores, denotando
haver “briga” interna entre os membros das Forças Armadas
quanto à forma de condução das políticas governamentais.
Por outro lado foram mantidas a tortura, a repressão e até
mesmo o assassinato de opositores ao Regime, embora
Geisel deixasse ser difundida a versão de que tudo ocorria
à sua revelia. Em outubro de 1975, o jornalista Wladimir
Herzog, diretor de jornalismo da TV Cultura, foi assassinado
sob tortura nas dependências do DOI-Codi ("Destacamento
de Operações de Informação - Centro de Operações de De-
fesa Interna"), em São Paulo. A morte do jornalista provocou
grande comoção e mobilização da sociedade civil contra o
governo, acalorando as lutas contra o Regime. Wladimir Herzog enforcado

Tal descontentamento com o Regime fez-se sentir não so- A crise econômica que se abatia sobre o Brasil e a inflação
mente na população, mas na alta cúpula política. Por conta levaram segmentos da imprensa, da sociedade civil e dos
disso, em 1978, ano no qual ocorreriam eleições para go- trabalhadores a pressionar o governo pela abertura e a rea-
vernadores estaduais, deputados e senadores, havia uma lizar manifestações. Em maio de 1978, exigindo aumento de
clara ameaça para o governo de uma expressiva vitória salários, os metalúrgicos da região do ABC Paulista entraram
eleitoral do MDB. Vitória essa que impediria a aprovação em greve, liderados por Luís Inácio Lula da Silva, presidente
no Congresso de vários projetos do governo, especialmen- do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo e Diadema.
te um de reforma do Judiciário, já derrotado por influência
Em outubro de 1978, o governo anunciou a revogação do
do MDB, mas que o governo insistia em aprovar.
AI-5, que deixaria de vigorar a partir de 1º de janeiro de
Usando os poderes especiais conferidos pelo AI-5, em abril 1979, iniciando de fato a desmontagem do Estado Militar
de 1977 o presidente Geisel determinou o fechamento do autoritário. A medida agradava setores da sociedade civil –
Congresso Nacional e decretou o Pacote de Abril. Com Ordem dos Advogados do Brasil, OAB, Associação Brasileira
essa medida foram alteradas as regras eleitorais e estabe- de Imprensa, ABI, Igreja Católica, sindicatos, estudantes, bem
lecidas eleições indiretas para governador, criação dos se- como até mesmo o governo norte-americano, comandado
nadores biônicos (indicados pelo governo) e ampliação pelo presidente Jimmy Carter – que pressionavam pela rede-
do mandato presidencial para seis anos. O pacote deter- mocratização do Brasil.

DITADURA MILITAR: GOVERNO JOÃO FIGUEIREDO (1979-1985)

O novo presidente da República João Figueiredo assumiu o A crise econômica, a elevada dívida externa e o crescimen-
cargo com o compromisso de manter o processo de aber- to da inflação eram sérias dificuldades que deveriam ser
tura política lenta, gradual e segura iniciada por Geisel. O superadas. Com esse intuito, Delfim Neto foi nomeado Mi-
novo governo deveria evitar o radicalismo político tanto na nistro da Fazenda e lançou o III Plano Nacional de Desen-
oposição ao Regime quanto na “linha dura”, contrária à volvimento – III PND, que não teve resultados favoráveis,
abertura, evitando que prejudicassem o processo de rede- especialmente em virtude da falta de recursos disponíveis
mocratização do Brasil. no mercado financeiro internacional.

125
Em junho de 1979, o presidente Figueiredo enviou ao Con- na sede do jornal oposicionista A Hora do Povo, na sede
gresso a Lei de Anistia, que foi aprovada em outubro do do Sindicato dos Jornalistas de Minas Gerais e no prédio
mesmo ano. O projeto previa anistia ampla, geral e irres- da OAB, no Rio de Janeiro. Além desses, alcançou grande
trita para crimes políticos e conexos, e beneficiou militares repercussão o atentado no Centro de Convenções do
envolvidos nos atos de torturas, mortes e desaparecimen- Rio de Janeiro, o Riocentro.
tos. A lei não incluía pessoas envolvidas em ações consi-
Em pleno estacionamento do prédio do Riocentro, explodiu
deradas terroristas pelo Estado e não apresentava solução
uma bomba em um automóvel que conduzia dois milita-
para o problema dos prisioneiros políticos desaparecidos,
res, matando o sargento do Exército Guilherme Pereira do
o que suscitou críticas de vários setores da sociedade civil,
Rosário e ferindo o capitão Wilson Luís Chaves Machado.
particularmente dos movimentos sociais e da imprensa.
As investigações da imprensa pareciam revelar que os dois
foram vítimas de um “acidente de trabalho” quando se
preparavam para executar um atentado terrorista de ex-
trema direita.

Ato pela Anistia

Com o intuito de dividir a oposição, enfraquecendo-a, o


presidente Figueiredo enviou ao Congresso uma propos-
Atentado no Riocentro
ta de emenda constitucional aprovada em novembro de
1979, que extinguia o bipartidarismo e implantava o plu- O clima de agitação permeou toda a sucessão de Figuei-
ripartidarismo no Brasil. A Arena manteve-se coesa, mas a redo, em 1984, que deveria ser feita a partir de votação
oposição de fato fragmentou-se em: indireta pelo colégio eleitoral. Com o intuito de pressionar
§ Partido do Movimento Democrático Brasileiro, o Congresso a reformular a Constituição, o PT lançou a
PMDB, liderado por Ulysses Guimarães e que contou ideia, logo incorporada pelo PMDB e outros partidos de
com a maioria dos ex-membros do MDB; oposição, de associados a entidades da sociedade civil,
sindicatos e estudantes organizarem grandes comícios e
§ Partido Popular, PP, fundado por Tancredo Neves e
manifestações nas principais cidades brasileiras, especial-
que teve curta duração, com a maioria de seus inte-
mente em São Paulo e no Rio de Janeiro. A campanha das
grantes ingressando posteriormente no PMDB;
Diretas já! usava o slogan “Eu quero votar para presiden-
§ Partido Trabalhista Brasileiro, PTB, comandado te” e mobilizou a população brasileira, que empolgada saía
por Ivete Vargas, sobrinha de Getúlio Vargas; às ruas defendendo a imediata redemocratização do país.
§ Partido Democrático Trabalhista, PDT, fundado
por Leonel Brizola;
§ Partido dos Trabalhadores, PT, que congregava re-
presentantes do movimento operário e intelectuais de
esquerda, cuja liderança coube a Luís Inácio Lula da Silva.
Em 1980, foram restauradas eleições diretas para gover-
nadores dos estados e extinto o cargo de senador biônico.
A abertura política revoltava os setores conservadores ra-
dicais do Exército ligados à “linha dura”, que decidiram
reagir por meio da violência, realizando sequestros de
militares de esquerda, torturas e assassinatos, além de
atentados a bomba contra bancas de revistas que vendiam
Ato das Diretas Já! na Catedral da Sé
publicações de esquerda ou de oposição ao Regime Militar
e contra cerimônias ou atos públicos de partidos e enti- O clima nacional levou o deputado federal Dante de Olivei-
dades de oposição. Também foram praticados atentados ra (PMDB-MT), a propor uma Emenda Constitucional que

126
restabelecia as eleições diretas para presidente da Repú- para concorrer ao cargo. Ao fim, pelo PDS concorreu com
blica. A emenda foi votada no dia 25 de abril de 1984 e, Paulo Maluf.
para a frustração da população nacional, não foi aprovada,
As eleições ocorreram no dia 15 de janeiro de 1985 e fo-
pois necessitava de dois terços de votos favoráveis (320),
ram vencidas por Tancredo Neves, que deveria tomar pos-
mas recebeu apenas 298 votos. Com a não aprovação
se no dia 15 de março. Todavia, na véspera da posse, o
da Emenda Dante de Oliveira e a manutenção da eleição
presidente eleito sofreu um mal-estar e foi internado no
indireta para presidente da República, a oposição passou
Hospital de Base de Brasília, sendo, posteriormente, trans-
a se mobilizar para tentar derrotar o governo no Colégio
ferido para o Instituto do Coração, em São Paulo. No dia
Eleitoral, ou como dizia Ulysses Guimarães, “vamos matar
15 de março, o vice-presidente José Sarney tomou posse,
a cobra no seu próprio ninho”.
assumindo interinamente o cargo de Presidente. Tancredo
O PMDB lançou o nome de Tancredo Neves e o PDS, que Neves foi submetido a várias cirurgias, mas não resistiu.
tinha maioria no Congresso, acabou enfraquecido por uma Seu falecimento foi oficialmente anunciado no dia 21 de
divergência interna entre Mario Andreazza, Paulo Maluf e abril de 1985. Sarney foi então efetivado no cargo de Pre-
Aureliano Chaves, que disputavam a indicação do partido sidente da República.

Tancredo em seu caixão

GOVERNO SARNEY (1985-1990)

José Sarney herdara do Regime Militar um país com sérios § aumento automático dos salários, todas as vezes que a
problemas econômicos, especialmente as altas taxas de in- inflação superasse os 20% mensais.
flação (223,8%, em 1984), crescente dívida externa, inves-
timentos produtivos baixos, especulação financeira, reces-
são e um Estado falido. Em fevereiro de 1986, o ministro
da Fazenda Dílson Funaro lançou um plano econômico: O
Plano de Estabilização Econômica ou Plano Inflação Zero,
que visava combater a inflação e manter o crescimento
econômico, tendo como principais disposições:
§ criação de uma nova moeda, o Cruzado;
§ congelamento de preços e salários, que foram reajus-
tados em 8%; Tancredo e Sarney
§ redução das taxas de juros; O plano ficou conhecido como Plano Cruzado e, em vir-
§ desindexação da economia; e tude da estabilização dos preços, da queda da inflação e

127
dos juros, recebeu o apoio da população. Tabelas de preços Mesmo sob a periclitante situação econômica e social, ela-
eram distribuídas diariamente e os brasileiros foram con- borada ao longo de um ano e meio, a nova Constituição foi
vocados a fiscalizar os preços, denunciando aumentos ir- promulgada no dia 5 de outubro de 1988 pelo presidente
regulares como “fiscais do Sarney”, assim denominados. O do Congresso Constituinte, Ulysses Guimarães. Ela apre-
consumo foi estimulado e a queda no rendimento das apli- sentava como principais características:
cações financeiras, inclusive a poupança, levou as pessoas
§ manutenção do Regime Republicano e do Sistema Pre-
a retirar seu dinheiro das aplicações financeiras e utilizá-lo
sidencialista;
na compra de mercadorias. O crescimento do consumo não
foi acompanhado pelo crescimento da oferta de mercado- § mandato presidencial de cinco anos;
rias, pois parte das empresas não estava preparada para § eleição direta para todos os níveis e em dois turnos,
ampliar rapidamente sua produção. sempre que um dos candidatos não conseguisse maio-
ria absoluta, do qual participariam os dois primeiros
candidatos, para os cargos dos Executivos federal, es-
tadual e municipal;
§ voto obrigatório para ambos os sexos entre 18 e 60
anos de idade e facultativo para pessoas de 16 e 17
anos de idade, maiores de 60, analfabetos, deficientes
físicos e indígenas;
§ ênfase aos poderes do Legislativo e transformação do
Broche de “fiscal do Sarney” Judiciário em poder verdadeiramente independente,
apto inclusive a julgar e anular atos do Executivo;
A escassez de mercadorias e o ágio provocaram a perda do
controle da situação por parte das autoridades econômicas. § consolidação dos princípios democráticos e defesa dos
Por razões políticas, o congelamento de preços foi mantido direitos individuais e coletivos dos cidadãos;
até as eleições de novembro de 1986, quando seriam es- § nacionalismo econômico, reservando várias atividades
colhidos os novos governadores estaduais. A vitória eleito- somente a empresas nacionais;
ral do PMDB foi devastadora: somente o estado de Sergipe
não elegeu um governador do partido do presidente Sarney. § assistencialismo social, com a ampliação dos direitos
Logo após as eleições veio o descongelamento de preços e dos trabalhadores; e
salários e a inflação voltou a subir descontroladamente. Para § ampliação da autonomia administrativa e financeira
contê-la, depois de Dílson Funaro vieram Luís Carlos Bresser dos estados da federação.
Pereira e Maílson da Nóbrega, responsáveis, respectivamen-
te, por mais dois choques econômicos: O Plano Bresser, em
1987, e o Plano Verão, em 1989. Este último substituía o
Cruzado (CZ$) pelo Cruzado Novo (NCz$).
A crise econômica e o desemprego provocaram desconten-
tamento geral da população com a situação econômica do
país. No último mês do Governo Sarney, março de 1990, a
inflação correspondente ao período de 15 de fevereiro a 15
de março atingiu o recorde histórico de 84,32%, chegando
ao índice acumulado de 4.853,90% nos 13 meses anterio-
res. O país foi marcado por greves e manifestações contra o
Aprovação da Constituição de 1988
governo, que perdia cada vez mais popularidade.
Em 1989, os brasileiros votaram para presidente da Repúbli-
ca após uma longa espera de 29 anos, em meio a um qua-
dro político-econômico e social bastante conturbado. Quase
todas as legendas lançaram candidaturas próprias, mesmo
as que tinham remotas chances de vitória, num total de 21
candidatos ou 22, se incluídos nesse grupo a tentativa de
candidatura do apresentador de televisão Sílvio Santos.
Porém, para o segundo turno, foram Fernando Collor e Luís
Greve no Grande ABC Paulista Inácio Lula da Silva.

128
Collor era na verdade o candidato das elites, dos empresários, dos latifundiários, dos usineiros e contava com o apoio dos
principais grupos que controlavam os meios de comunicação e a grande imprensa, especialmente as Organizações Globo.
Lula, de origem operária, era candidato pelo Partido dos Trabalhadores.

Debate entre Collor e Lula

Collor explorou o medo no debate final às vésperas da eleição, alegando que Lula promoveria o confisco de todas as apli-
cações financeiras e investimentos dos cidadãos. Collor investiu também em ataques pessoais, alegando que seu oponente
defenderia o aborto, tendo inclusive contado para isso com a declaração de uma ex-namorada de Lula, além de assegurar
que Lula seria favorável à luta armada.
Collor venceu com uma pequena margem e Lula, apesar da derrota, saiu fortalecido como principal representante da oposição.

GOVERNO FERNANDO COLLOR (1990-1992)

O governo Collor desde o início foi bastante conturba- competisse com os importados, em outros gerou a falência,
do, especialmente pela necessidade de criar mecanismos já que muitas dessas empresas não tinham condições de
eficientes de combate à inflação. Não era fácil, pois seu competir com as vantagens concedidas aos estrangeiros.
antecessor já tinha buscado em fórmulas denominadas pe-
Com a justificativa de debelar uma inflação de mais de
los economistas como "choques heterodoxos", controlar
80% ao mês, a equipe de Zélia, nas palavras do ex-minis-
a inflação. Todas as tentativas fracassadas. O presidente
tro Delfim Netto, transformou a economia do país em uma
divulgou o novo plano econômico de combate à inflação,
“experiência de laboratório e os brasileiros, em ratinhos”.
denominado de Brasil Novo, também conhecido por Pla-
As consequências para muitas famílias foram irreparáveis,
no Collor, articulado por um grupo de ministros chefia-
com mortes, suicídios e desemprego – provocado por uma
dos pela professora Zélia Cardoso de Melo, então ministra
recessão aguda logo no primeiro ano do plano. Em 1990, o
da Fazenda. Foi sem dúvida impactante, pois promoveu o
PIB caiu 4,5% e a economia permaneceu estagnada.
confisco geral da economia limitando os saques de inves-
timentos, aplicações financeiras, cadernetas de poupança Somados aos desgastes resultantes do fracasso dos pla-
entre outros, mudou novamente a moeda (retornou ao nos de combate à inflação, surgiram sérias denúncias de
Cruzeiro) e promoveu novo congelamento da moeda. corrupção na equipe de governo, algumas das quais envol-
viam até mesmo o presidente e a primeira-dama. A mesma
Além disso, o governo, assumindo princípios da política
mídia que trabalhara intensamente para garantir a eleição
econômica neoliberal, promoveu o enxugamento da má-
de Collor abastecia a opinião pública com novidades sobre
quina administrativa com a extinção de secretarias e minis-
os escândalos de corrupção no governo.
térios que resultou em demissões em massa, promoveu a
privatização de várias empresas e cortou subsídios a vários Uma das denúncias mais graves partiu do irmão mais ve-
setores da economia e da cultura. Ao mesmo tempo, o go- lho do presidente, o empresário Pedro Collor, que, em uma
verno facilitou a entrada de capitais e produtos estrangei- entrevista concedida à revista Veja em maio de 1992, acu-
ros no Brasil. Se em alguns casos essas medidas contribu- sava o presidente de se envolver em negociatas ilícitas e
íram para o aperfeiçoamento de produtos nacionais que ter recebido doações não contabilizadas em sua campanha

129
coordenada pelo tesoureiro, Paulo César Farias, o PC Farias, Insuflados pela mídia, a população foi tomada pela indig-
como era conhecido, numa operação conhecida popular- nação. Surgiam cada vez mais manifestações que exigiam o
mente como “Caixa 2”. afastamento do presidente. Ganhou destaque a atuação dos
estudantes em todo o país. Os jovens chamavam a atenção
Em junho de 1992, outra entrevista, agora na revista Isto
pintando o rosto de verde, amarelo e preto em sinal de pro-
É, com Eriberto França, motorista da secretária de Collor,
testo contra a corrupção em manifestações pelo país afora,
mudaria os rumos da investigação. O motorista revelou
ficando conhecidos como os “caras pintadas”. Essas ma-
detalhes da ligação de PC Farias com o presidente Collor,
nifestações foram amplamente divulgadas pelos meios de
que faziam uso de contas fantasmas, isto é, de pessoas ine-
comunicação e contribuíram decisivamente para engrossar
xistentes, para pagamentos de despesas pessoais do presi-
as fileiras dos que queriam ver Collor fora do governo.
dente – boa parte delas superfaturadas –, em sua mansão
em Brasília, a Casa da Dinda. Após a instalação de uma CPI para averiguar o caso, várias
denúncias acabaram surgindo; graças à pressão exercida
pela opinião pública, a CPI aprovou o impeachment do
presidente Fernando Collor de Melo no dia 29 de setembro
de 1992, que foi afastado do cargo até o julgamento no
Senado.
Tentando evitar a perda de seus direitos políticos, Collor
resolveu renunciar ao seu mandato horas antes da vota-
ção no Senado, em 29 de dezembro de 1992, mas não
adiantou, pois perdeu o mandato presidencial e os direitos
Protestos contra Collor políticos, tornando-se inelegível, por oito anos.

GOVERNO ITAMAR FRANCO (1992-1994)

Com o afastamento de Collor, assumiu o cargo o vice-pre- A inflação continuava a ser o inimigo público número um
sidente Itamar Cautiero Franco, primeiro interinamente, em de todos os brasileiros. Os diversos choques na economia
2 de outubro de 1992, e empossado como Presidente em tinham se mostrado incapazes de solucionar o problema
29 de dezembro do mesmo ano, diante de uma situação da inflação de maneira definitiva. Itamar, no primeiro ano
econômica e política de crise devido à inflação e à des- de governo, também enfrentou essa crise que gerou uma
confiança da população na política após sucessivos escân- consecutiva substituição de ministros até a indicação de
dalos de corrupção. Como previa a Constituição de 1988, Fernando Henrique Cardoso para o ministério da Fazenda.
foi realizado um plebiscito em que a forma e o sistema de Inspirado em exemplos semelhantes no México e na Ar-
governo foram avaliados pela população, vencendo a for- gentina, FHC, como é conhecido, e uma equipe de econo-
ma Republicana e o Sistema Presidencialista de governo. mistas estruturaram um plano econômico fundamentado
na paridade da nossa moeda com a moeda norte-america-
na, inclusive com a criação de uma nova moeda chamada
Real. O plano fora criado para ser implantado em etapas.
Inicialmente foi criada a URV (Unidade Real de Valor), inde-
xador econômico que promoveria a transformação do valor
das compras em Cruzeiros reais para o Real.

Itamar Franco em um recém-produzido Fusca Nota de um real

130
Para manter o câmbio próximo ao dólar, entre outras medidas, foram tomados empréstimos destinados a reforçar as reservas
monetárias brasileiras. A elevação acentuada da taxa de juros foi outro artifício usado para controlar a inflação e para a
atração de capitais para o país. Essa medida acabou, no entanto, contribuindo posteriormente para um quadro recessivo e
para o aumento do desemprego.
A desconfiança logo deu lugar ao otimismo, na medida em que a inflação baixava, contribuindo decisivamente para a can-
didatura e para a vitória de FHC nas eleições presidenciais de 1994, contra o duplamente derrotado Lula, do Partido dos
Trabalhadores.

GOVERNO FERNANDO HENRIQUE CARDOSO (1995-2002)

Ao tomar posse em 1º de janeiro de 1995, FHC fez um discussões e polêmicas, mas eram consideradas indispen-
discurso de acordo com sua formação acadêmica de so- sáveis pelo governo, para o crescimento e a modernização
ciólogo, destacando a necessidade de combater as desi- do país, bem como para garantir a manutenção da estabi-
gualdades sociais no país. Porém, suas primeiras medidas lidade econômica obtida a duras penas.
acarretaram frustrações para a população devido à autori-
Desses projetos polêmicos, destacaram-se:
zação do aumento do próprio salário, de parlamentares e
ministros, resultando em fortes críticas. § quebra dos monopólios do petróleo, das telecomunica-
ções, do gás canalizado e da navegação de cabotagem
A base de seu governo era composta principalmente pelo
(dentro das fronteiras nacionais);
PMDB e PFL (Partido da Frente Liberal, hoje DEM - Demo-
cratas). § alteração do conceito de empresa nacional, no sentido
de não discriminar o capital estrangeiro;
§ reforma administrativa;
§ reforma tributária;
§ reforma da Previdência, que ampliava as exigências
para aquisição da aposentadoria (medida justificada
pelo famoso déficit da Previdência, que necessitava ar-
recadar mais e pagar menos).
Para muitos, a gestão FHC provocou uma série de frustra-
ções, uma vez que se esperava de um sociólogo, professor
FHC e Bill Clinton universitário, o melhor conhecimento dos problemas do
país. Esse foi o sentimento de muitos que apostaram suas
Um dos recursos para a obtenção de apoio dos partidos era
fichas em um intelectual de prestígio internacional e com
a distribuição de cargos entre os parlamentares da base alia-
um handcap de ter apoiado a criação de um vitorioso pla-
da, a que os opositores acusam de estar sendo feito o lote-
no de estabilização econômica de combate à inflação.
amento do poder. Sem maioria no Congresso, as reformas
não avançam, afirmavam os representantes do governo, pois De fato, podemos constatar um certo imobilismo do go-
determinados partidos e figuras políticas conservadoras e re- verno ao atendimento das questões sociais, algumas das
trógradas só votavam favoravelmente se fossem recompen- quais foram até prejudicadas pelas reformas propostas
sados. Tais alianças e atitudes acabaram rendendo críticas ao pelo governo, como no caso da flexibilização das leis tra-
governo devido à contradição ideológica de interesses. balhistas. Se a educação básica ganhou fôlego com pro-
gramas como o Bolsa Escola, o ensino superior suscitou
Em termos políticos, uma marca registrada da gestão FHC
muitas críticas. As reclamações eram originadas pela falta
foi o grande número de Medidas Provisórias, se compa-
de apoio e de investimentos, provocando um progressivo
rada a outros governos que o antecederam. Diante disso,
sucateamento das universidades públicas.
também surgiram críticas, na medida em que tais medidas
acabavam dando ao Executivo o poder de legislar. Algu- Apesar do contexto econômico complicado ao final do seu
mas propostas de Emendas Constitucionais resultaram em primeiro mandato devido à crise na Ásia, FHC lançou-se

131
novamente como candidato reeditando a aliança vitoriosa
de 1994 com o PFL, desta vez com o foco no combate
ao desemprego. Usava o slogan: “O homem que acabou
com a inflação agora vai acabar com o desemprego”. Lula
perderia sua terceira eleição consecutiva.
FHC iniciou seu segundo mandato em 1º de janeiro de 1999
e tinha a sua frente grandes desafios a superar. O primeiro
deles referia-se à aprovação da Lei de Responsabilidade
Fiscal, aprovada em 2000, que restabelecia regras para o
uso do dinheiro público em todas as esferas (federal, estadu-
al e municipal). Todo gasto ou investimento deveria ser com-
provado, bem como a receita necessária para sua conclusão.
O objetivo era evitar que houvesse mais gastos do que a Protestos contra a ALCA
receita permitisse o que quase sempre ocorria, especialmen- Em 2002, Lula, derrotado nas últimas três eleições, enfren-
te nos momentos em que antecediam as eleições. A inob- tou José Serra. Embora Serra contasse com boa aprovação
servância dessas regras passaria a acarretar sérias punições, pessoal, por conta de sua atuação no Ministério da Saúde,
inclusive perda de direitos políticos, pagamento de multas, carregou uma dura realidade econômica herdada pelos
prisão e confisco de bens dos infratores. últimos anos de governo FHC. O desemprego acumulava
Houve, também, maciça política de privatizações. Os índices assustadores, além de a dívida externa brasileira
que eram contra alegavam a desmontagem do patri- ter crescido assustadoramente, sob o pretexto de conter o
mônio público nacional, bem como o preço defasado câmbio e a inflação.
que as empresas nacionais estariam sendo ofertadas, Nos bastidores da campanha de Lula, o principal reforço
valores bem menores que os praticados pelo mercado – foi a contratação do publicitário Duda Mendonça, consi-
indícios de favorecimento a determinados grupos parti- derado pelos especialistas um verdadeiro mago no ramo
culares interessados na compra das estatais. Criticavam do marketing político. Lula demonstrava uma postura dife-
ainda a inobservância dos interesses nacionais, já que rente da apresentada em outras campanhas eleitorais. Nos
não foram realizadas consultas públicas sobre a venda programas, passou a aparecer com ternos bem cortados,
das tais empresas. barba bem feita, palavras e gestos mais suaves, evitando
O programa de privatização atingiu setores considerados ao máximo os ataques aos adversários e concentrando
essenciais no país, como as telecomunicações (Telebrás), seus esforços na apresentação de propostas para o desen-
distribuição de energia (Eletrobrás), siderurgia (Usiminas, volvimento da nação. Lula definia essa sua nova fase como:
Cosipa e CSN, Cia. Siderúrgica Nacional) e recursos mine- “Lulinha Paz e Amor”.
rais (Companhia Mineradora Vale do Rio Doce), não sem Durante toda a campanha, Serra procura convencer a po-
muitos protestos, além de bancos estaduais. pulação da necessidade de ser experiente no exercício do
Naquele período, algumas políticas sociais foram consi- poder sem o que o país estaria ameaçado de total descon-
deradas excessivamente paternalistas e assistencialistas. trole, do caos generalizado e da perda das principais con-
Ainda que não tenha sido uma revolução, são inegáveis quistas obtidas no governo FHC, como e principalmente
alguns importantes avanços na área social postos em prá- a estabilidade econômica. Num dos momentos mais po-
tica na gestão FHC, que em boa parte serviram de esteio lêmicos da campanha, a atriz Regina Duarte afirmou no
para o governo Lula. horário eleitoral de Serra que tinha medo do governo Lula,
reavivando o temor das campanhas anteriores.
Destaque especial merece a atuação do Ministério da Saúde,
sob o comando de José Serra, com a quebra das patentes Às vésperas do encerramento da campanha, Lula reuniu-se
com empresários e tentou tranquilizar o mercado, afirman-
do setor de medicamentos usados no tratamento da
do que as regras seriam claras e que o desenvolvimento do
AIDS- Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, bem como
país estaria sempre em primeiro lugar. Proclamou ainda a
do lançamento de medicamentos genéricos, que usavam o
necessidade de um pacto social que envolvesse todos na
mesmo princípio ativo dos remédios patenteados a preços
luta contra a fome e a miséria.
mais baixos. Sem dúvida, a atuação como ministro da Saúde,
entre 1998 e 2002, juntamente com esses fatores,creden- Em 27 de outubro de 2002, com 61,3% dos votos válidos,
ciariam José Serra para concorrer à presidência da República Lula foi eleito o primeiro presidente operário da República
nos pleitos de 2002 e 2010. do Brasil.

132
GOVERNO LULA (2003-2010)

No dia 1º de janeiro de 2003, Lula tomou posse numa ce- Na parte externa, o pagamento antecipado de acordos
rimônia histórica em Brasília, marcada pelo estilo persona- firmados com o FMI provocou dúvidas na população e
lista do novo presidente. Várias caravanas saíram de todo resultou em polêmicas sobre as intenções e benefícios de
o país para assistir à posse do presidente, que havia sido ação. Lula teria antecipado o pagamento de empréstimos
operário e, como tantos outros brasileiros, veio de “baixo”. contraídos nas gestões passadas, chegando até a aportar
recursos no Fundo, tirando o país da condição de devedor
O PT sentiu nos primeiros dias do mandato o peso de ser e colocando-o na condição de credor. O governo alegava
governo. Promessas e ataques outrora feitos ao governo que, pagando esses acordos, o país teria mais liberdade
anterior passaram a ser mais bem dimensionados, como para estabelecer suas metas na área econômica sem se
a questão da redução da alíquota do imposto de renda. submeter às exigências feitas pelo FMI (especialmente no
Surgiram críticas dos setores mais à esquerda que exigiam superávit primário e na taxa de inflação) em troca dos em-
mudanças na política e na economia. Lula optou por se- préstimos. O problema é que, para muitos, o Brasil tinha
guir o modelo econômico de seu antecessor, começando zerado a centenária dívida externa, o que não era verdade,
a inovar na área social ao criar o programa denominado e que o governo teria tirado vantagem política desse equí-
Bolsa Família. voco. Os críticos alegavam que esses recursos destinados
As primeiras medidas do governo voltaram-se para o Pro- à antecipação do pagamento do crédito com o FMI po-
deriam ter sido aplicados em saúde, habitação, educação,
jeto Fome Zero, e todos os esforços se concentrariam em
transporte etc. Essa é uma longa discussão que deve ser
erradicar a fome no país. Foi formada uma comitiva com-
estudada com atenção, mas sem dúvida o pagamento da
posta pelo presidente e vários ministros e secretários de
dívida com o FMI deu ao Brasil liberdade de ação sem in-
Estado, que visitou algumas áreas críticas como a periferia
gerências externas na sua política-econômica.
de Recife e Teresina, que faziam parte do mapeamento do
projeto. Talvez esse tenha sido um dos mais bem sucedidos O governo Lula não escapou de escândalos envolvendo
projetos para a erradicação da fome já criados na história alguns de seus membros com denúncias de corrupção. A
da humanidade. título de exemplo, podemos citar a CPI dos Bingos e dos
Correios e outros escândalos. A CPI do “mensalão” indi-
ciou vários nomes que envolviam desde ex-ministros, par-
lamentares até dirigentes do PT. Por fim, alguns parlamen-
tares, diante de iminente cassação, acabaram renunciando
para não perderem seus direitos políticos. Efetivamente fo-
ram cassados apenas dois: Roberto Jefferson e José Dirceu,
homem forte do governo e Ministro Chefe da Casa Civil.
Mesmo sob constantes críticas da imprensa e de sequen-
tes escândalos de corrupção, Lula reelegeu-se com facili-
dade em 2006, vencendo o pleito contra Geraldo Alckmin
(PSDB – Partido da Social Democracia Brasileira). Lula
Lula na cerimônia de posse em 2003 havia prometido que, em caso de vitória e após a consoli-
Os maiores desafios do governo Lula foram provar a viabi- dação da estabilidade econômica, era hora do “espetáculo
lidade das propostas sociais concomitantemente ao desen- do crescimento”, que resultou na criação de um projeto
volvimento econômico sustentado do país, além de promo- conhecido como PAC, Programa de Aceleração de Cresci-
ver uma reforma constitucional visando reduzir os déficits mento. Tratava-se de um conjunto de políticas econômicas
comandadas pelo governo federal nas mais variadas áreas
do governo sem vender o patrimônio público e sem mexer
e previstas para o quadriênio 2007–2010.
nos direitos dos trabalhadores. Porém, não tardaram a vir
as primeiras críticas, especialmente pela proposta da Refor- O PAC teria como madrinha a Ministra-Chefe da Casa Civil,
ma da Previdência, que estabelecia a taxação da cobrança Dilma Rousseff. Dessa forma, Lula preparava sua sucessora
mensal dos aposentados (inativos) e que até então deixa- na presidência, que passou a aparecer frequentemente na
vam de pagar essa contribuição após a aposentadoria. inauguração das obras do PAC ao lado do presidente.

133
Milhões de pessoas saíram da linha de pobreza absoluta;
houve melhoria na redistribuição da renda; o número de
empregados cresceu; o governo Lula surpreendeu, ainda,
na política externa. Muitos analistas apostavam que um
presidente sem diploma de nível superior, operário, teria sé-
rias dificuldades para representar os interesses do Brasil no
cenário internacional. Pesava contra ele ainda o fato de seu
antecessor ser um homem culto, diplomata e de formação
acadêmica respeitável. Não foi bem assim que aconteceu.
Aos poucos, Lula foi ganhando prestígio internacional, in-
clusive na mediação de questões diplomáticas envolvendo
Programa Fome Zero
a ONU. Chegou inclusive a pleitear a indicação brasileira
para membro permanente do Conselho de Segurança, Além do Bolsa Família, do PAC e do Fome Zero, programas
órgão mais importante daquele organismo internacional. como Prouni, Programa Universidade para Todos, e Fies,
Nesse contexto, outra façanha do governo foi conseguir Programa de Financiamento Estudantil, na área da edu-
vencer, enfrentando fortes candidatos, a disputa pela rea- cação, e “Minha Casa Minha Vida”, na área da habitação,
lização da Copa do Mundo de Futebol, em 2014, e a dos contribuíram para uma imagem positiva do governo pela
Jogos Olímpicos, em 2016, os maiores e mais importantes maioria da população, cuja parcela significativa ganhou
eventos esportivos mundiais. promoção e ascensão social.

Lula discursando

GOVERNO DILMA ROUSSEFF (2011-2014)

As eleições de aprovação), utilizava os programas de assistência social


para ganhar votos, além de estar envolvido com escânda-
As eleições de 2010 foram marcadas pela polarização de los de corrupção em empresas públicas.
dois blocos políticos; o primeiro que defendia a manuten- Essa polaridade foi personificada por Dilma Rousseff
ção dos programas sociais estabelecidos pelo governo Lula (PT), ministra-chefe da Casa Civil no governo Lula, e
e a ampliação dos gastos em crescimento econômico para candidata apoiada pelo então presidente, contra José
futura ampliação dos auxílios sociais; o segundo que acre- Serra (PSDB), que se candidatava ao cargo pela segun-
ditava que o governo Lula, apesar de ter bons índices de da vez. Ainda existiu uma terceira via que tentava ga-
aprovação popular (Lula terminou seu mandato com 80% nhar espaço nesse momento, propondo uma renovação

134
nas ideias de governo, tendo como representante Mari- fantasma do “mensalão” e gerando desgaste logo no início
na Silva (PV – Partido Verde). de seu mandato. O resultado foi a troca de sete ministros em
seus treze primeiros meses de governo, além de inúmeros
Após um primeiro turno com as seguintes porcentagens
outros funcionários do governo afastados de seus cargos.
de voto, Dilma 47%, Serra 33% e Marina 19%, o segundo
turno foi uma clara demonstração da polaridade pró e con- Em 2012, foi criada uma importante comissão encarrega-
tra o projeto petista de governo, e, em virtude da enorme da de investigar violações contra os direitos humanos en-
força de Lula naquele momento, Dilma Rousseff foi eleita tre os anos de 1964 e 1988. Tal comissão ficou conhecida
no segundo turno recebendo mais de 55 milhões de votos nacionalmente como Comissão Nacional da Verdade,
(56%), frente aos quase 44 milhões de votos recebidos por e era formada por sete pessoas nomeadas pela presidente,
seu opositor José Serra (44%). tendo como principal foco os casos de tortura e desapa-
recimentos ocorridos durante a Ditadura Militar. O grande
senão dessa comissão seria o fato dela ter caráter apenas
investigativo e não punitivo, pois os indiciados por supos-
tos crimes na época não seriam presos pelos seus atos.
Economicamente, o governo Dilma ficou marcado pelo se-
gundo Programa de Aceleração de Crescimento (PAC 2),
que tinha como objetivo acelerar as obras de infraestrutura
nacionais e manter o Brasil fora da crise econômica que
assolava o mundo. Contudo a falta de investimentos ex-
ternos devido ao colapso global capitalista e os recorrentes
escândalos políticos envolvendo membros da alta cúpula
governamental, fizeram com que os recursos para as obras
ficassem escassos, levando o governo a desacelerar ou, em
alguns casos, paralisar as obras do PAC 2.
(Serra e Dilma se cumprimentam antes do último debate nacional) Essa crise também apertaria os programas de assistência
social, marca forte dos governos petistas, e que agora es-

O Governo tavam ameaçados pelas faltas de recursos públicos. Dilma


alegou que o Brasil necessitava apenas de ajustes e que os
Ao assumir a presidência, em 1º de janeiro de 2011, sendo programas sociais não sofreriam corte, contudo a descon-
a primeira mulher a ocupar o cargo máximo do executivo fiança sobre a situação econômica brasileira não passava
nacional por meio de voto, Dilma prometeu continuar com apenas pelo discurso de parcimônia da presidente, mas sim
os projetos de crescimento e aceleração da economia do pela observação da sociedade de índices de inflação em
seu antecessor e padrinho político (Lula), além de manter a alta e um grande aumento no desemprego.
batalha para erradicar a miséria no país. Em 2013, movimentos estudantis que protestavam contra
o aumento das tarifas nos transportes por todo o país, co-
meçaram a ser reprimidos com violência pela Polícia Militar
nas grandes cidades, levando ao aumento dos protestos e
à adesão de cada vez mais pessoas. O momento que levou
as manifestações a ganharem adesão nacional definitiva
foram as atuações da PM contra os manifestantes utilizan-
do balas de borracha e bombas de gás, mesmo durante
manifestações pacíficas. O ápice das manifestações ocor-
reu em junho, quando a adesão de inúmeras pessoas fez
Dilma recebe a faixa presidencial de seu antecessor com que o foco deixasse de ser o aumento das tarifas, mas
Lula. Ao seu lado, o vice, Michel Temer
uma série de pedidos, como mais verbas para a educação
Porém, logo em seu primeiro ano de governo, a construção e saúde, contra a corrupção e contra a PEC 37, conhecida
da usina de Belo Monte, no estado do Pará, tornou-se alvo como PEC da Impunidade (que proibiria o Ministério
de inúmeras críticas de ambientalistas, organizações sociais Público de fazer investigações). Outra grande característica
diversas e até da Organização dos Estados Americanos dessa mobilização foi a ojeriza à participação de qualquer
(OEA). Também teve que enfrentar denúncias de corrupção partido político, demonstrando a falta de confiança da po-
envolvendo membros do seu ministério, o que fazia reviver o pulação nas legendas existentes.

135
Congresso Nacional tomado por manifestantes em junho de 2013

Infográfico expondo os desejos das Manifestações de 2013 e suas consequências


http://g1.globo.com/brasil/linha-tempo-manifestacoes-2013/platb/

Tais problemas se somaram ao estouro da operação Lava do final, com Dilma sendo reeleita com 51,65% dos votos,
Jato, deflagrada pela Polícia Federal em março de 2014, a contra 48,35% de votos para Aécio Neves. A diferença de
qual expôs ao país uma série de investigações e denúncias votos foi a menor desde a adoção de segundo turno nas elei-
sobre lavagem e desvios de dinheiro público pela Petrobras, ções, tendo sido apenas de 3,5 milhões de votos, o que não
além do pagamento de propinas a políticos de inúmeros par- representa muito num país de 200 milhões de habitantes.
tidos (governistas e oposição) por parte de empreiteiras que
buscavam vantagens em licitações e concorrências de gran-
des obras públicas.
Tal cenário levou as eleições de 2014 novamente a uma
polaridade entre os apoiadores da manutenção do governo
e os seus críticos, os quais se aproveitavam dos esquemas
de corrupção revelados a todo o momento pela mídia para
atacar o governo. Após um primeiro turno marcado por acu-
sações e troca de ofensas, o resultado foi: Dilma (PT), 41,6%, Aécio e Dilma no último debate antes do
Aécio Neves (PSDB), 33,5% e Marina Silva (PSB - Partido So- segundo turno das eleições de 2014

cialista Brasileiro), 21,3%. No segundo turno, novas denún-


Dilma teria que começar seu segundo mandato acalmando
cias e a crise econômica que paralisava o país fizeram com
um país completamente rachado e tendo que contornar os
que Aécio Neves tivesse um grande crescimento, levando a
escândalos das denúncias da Lava Jato.
eleição a números extremamente apertados em seu resulta-

136
U.T.I. - Sala Da enorme euforia? / Como vai proibir / Quando o galo
insistir em cantar?
Água nova brotando / E a gente se amando sem parar.
1. (UEL) Durante a Ditadura Militar, no Brasil, em espe-
cial após o AI-5 em 1968, inicia-se um período de in-
Quando chegar o momento / Esse meu sofrimento / Vou
tensa censura às produções culturais, inclusive das mú-
cobrar com juros. Juro!
sicas, quando vários cantores e compositores tiveram
partes e mesmo canções inteiras vetadas à divulgação, Todo esse amor reprimido, / Esse grito contido, / Esse
discos banidos das lojas, e, como punição, alguns foram samba no escuro.
condenados ao exílio. Pode-se afirmar que o cantor e
compositor Chico Buarque de Hollanda foi um dos alvos Você que inventou a tristeza / Ora tenha a fineza / de
prediletos da censura, o que o levou a adotar o pseudô- “desinventar”.
nimo “Julinho da Adelaide”, por um tempo. A canção Você vai pagar, e é dobrado, / Cada lágrima rolada /
Apesar de Você, de 1970, foi um dos alvos dos censores. Nesse meu penar.
Leia parte de sua letra a seguir.
Apesar de você / amanhã há de ser outro dia. / Eu per-
gunto a você onde vai se esconder
Hoje você é quem manda Falou, tá falado / Não tem
Da enorme euforia? / Como vai proibir / Quando o galo
discussão, não.
insistir em cantar?
A minha gente hoje anda Falando de lado e olhando
Água nova brotando / E a gente se amando sem parar.
pro chão. Viu?
Você que inventou esse Estado / Inventou de inventar Apesar de Você (compacto simples)/Álbum Chico Buarque – 1970.
Toda escuridão / Você que inventou o pecado / Esque- É possível perceber, por meio da canção de Chico Buar-
ceu-se de inventar o perdão. que, certas características da sociedade daquele perío-
do que o Regime Militar preferia que a grande maioria
Apesar de você / amanhã há de ser outro dia. / Eu per- da população não viesse a conhecer. Disserte sobre
gunto a você onde vai se esconder pelo menos uma dessas características.

2. (UFF)

Distribuição das 100 maiores empresas por tipo de propriedade


(anos selecionados)
Tipos de
1990 1935 1998
Propriedade
Número % da receita Número % da receita Número % da receita
Estrangeira 27,0 26,0 31,0 38,0 34,0 40,0
Compartilhada 5,0 4,0 15,0 10,0 23,0 19,0
Estatal 38,0 44,0 23,0 30,0 12,0 21,0
Familiar 27,0 23,0 26,0 17,0 26,0 17,0
Fonte: Adaptado de MENDONÇA, Sonia Regina de. “A Industrialização
Brasileira”. SP. Ática, 2004, p. 118.

O quadro apresentado ilustra o perfil das maiores indústrias existentes no Brasil durante a década de 1990 no tocante
ao tipo de propriedade. Ele engloba o período correspondente ao governo dos presidentes Fernando Collor, Itamar
Franco e Fernando Henrique Cardoso. Tomando por referência os anos de 1990 e 1998, duas marcantes alterações se
destacam na observação dos números.
Com base no quadro e na afirmativa:
a) mencione as duas transformações marcantes ocorridas na estrutura de propriedade das maiores empresas industriais
entre os anos indicados.
b) analise o significado econômico-social de ambas as transformações.

3. (UNESP) A década de 1930 no Brasil é normalmente associada ao varguismo. Além da liderança de Getúlio Vargas,
o período também apresentou forte radicalização política. Como podemos associar tal fenômeno ao panorama inter-
nacional de então? Cite dois exemplos de agrupamentos políticos radicais atuantes no Brasil dos anos 30 e algumas
de suas principais propostas.

137
4. (UFMG) Observe esta charge, em que se ironiza uma suposta reunião de ditadores latino-americanos para a criação
de uma jovem nação:

Identifique e explique um dos aspectos relacionados ao conjunto das ditaduras latino-americanas que se destaca
nessa charge.

5. (FGV-RJ) “Você que é explorado/não fique aí parado! 6. (FGV) Leia o texto abaixo e depois responda às ques-
O bramido era impressionante. Não eram mais os cór- tões propostas:
regos de estudantes na contramão, por entre os carros. Na plataforma do Bloco Operário de 5 de janeiro de
Era o rio Amazonas do povão que ocupava quarteirões 1927, apresentava-se a noção de ‘direitos políticos de
da Rio Branco. Depois do enterro de Edson Luís, era a classe’: defesa dos interesses dos trabalhadores ur-
primeira passeata legal, tolerada pelo governo (...) De banos e rurais, apoio às suas lutas e reivindicações e
manhã a cidade já estava toda cheia de gente. Uma gre- defesa das liberdades políticas dos trabalhadores (as-
ve geral tácita paralisou o centro, o povo todo foi para a sociação, reunião, pensamento e palavra).
rua (...). Como não ia haver pauleira – o governador Ne-
grão de Lima garantira, na véspera, pela TV, a ausência KAREPOVS, D., A classe operária vai ao Parlamento. O Bloco Operário
e Camponês do Brasil (1924-1930). São Paulo: Alameda, 2006, p. 57.
da PM – fomos todos apetrechados para a luta pacífica.
Sprays, panfletos e cordas vocais (...) O grande comí- a) Explique o que era o Bloco Operário Camponês.
cio na Cinelândia durou horas (...) Findo o comício, a b) Aponte as características políticas da crise política
passeata, que se calculava numas cem mil pessoas, no Brasil na década de 1920.
desceu a Rio Branco, rumo à Candelária. Era o carnaval c) Apresente quatro itens do programa do BOC.
na avenida. (...) Os cordões de gente sorridente, gritan-
7. (UEL) Analise a foto, a seguir, tirada durante o período
do, os braços entrelaçados, avançavam lentamente. Eu
do Regime Militar no Brasil (1964-1985).
descobria aqui e ali amigos de infância que nunca mais
tinha visto, pais de amigos, professores. A classe média
carioca comparecera em peso.
Era a réplica, em sentido inverso, da ‘Marcha da
Família’, com a qual essa mesma classe média saudara
o golpe de 64.”
SIRKIS, Alfredo. Os carbonários. Memórias da guerrilha
perdida. São Paulo: Global, 1980, pp. 75-77.

O texto acima é o relato de um jovem ativista de es-


querda que participou da chamada “Passeata dos Cem
Mil” em 26 de junho de 1968. A manifestação foi moti-
vada pelo assassinato do estudante Edson Luís de Lima
Souto, morto a tiros pela Polícia Militar durante a inva- a) Identifique e descreva dois elementos da foto que
permitam caracterizar o Regime Militar no Brasil.
são ao Restaurante Central dos Estudantes, conhecido
b) A luta pela anistia ampla, geral e irrestrita tem des-
como Calabouço.
dobramentos no presente, a exemplo da Comissão da
Após a leitura atenta do texto, responda: Verdade. Discorra sobre essa Comissão.
a) Qual era o regime político vigente no Brasil naque-
8. (UFF) Em 1967, o então ministro do Planejamento Ro-
la ocasião? Desde quando havia sido instaurado tal
berto Campos afirmou, com relação à chamada “desna-
regime? Quais eram as características do regime e as
cionalização temporária” da economia brasileira, que “a
tensões políticas naquela altura?
escolha é entre mantermos um nacionalismo míope ou
b) Por que o ano de 1968 é considerado um marco
absorvermos maciçamente capitais e técnicas estrangei-
para o encaminhamento das tensões políticas vividas
ras. Esta última é a melhor”.
pelo regime?
CAMPOS, Roberto. Do outro lado da cerca.
Rio de Janeiro: IBGE, 1967, p. 65.

138
Com base nessa afirmativa: 2. (UEL) Leia a letra de canção a seguir.
a) indique uma das contradições que levaram ao gol-
pe de 1964 e mencione o presidente da República do Vai, minha tristeza, e diz a ela
qual Roberto Campos foi ministro; Que sem ela não pode ser
b) explique a relação entre o golpe civil-militar de Diz-lhe numa prece que ela regresse
1964 e o aprofundamento da desnacionalização da
economia brasileira. Porque eu não posso mais sofrer

9. (UFF) “Em janeiro de 1953 o general Eisenhower as- Chega de saudade


sumiu o mandato presidencial (...). Além de converter o A realidade é que sem ela não há paz
anticomunismo em uma verdadeira cruzada, o governo Não há beleza, é só tristeza
dos Estados Unidos adotou uma postura rígida diante
E a melancolia que não sai de mim
dos problemas financeiros dos países em desenvolvi-
mento. A linha dominante consistiria em abandonar a Não sai de mim, não sai
assistência estatal e dar preferência aos investimentos
privados. As possibilidades de o Brasil obter créditos Mas se ela voltar, se ela voltar
públicos para obras de infraestrutura e para cobrir os Que coisa linda, que coisa louca!
deficits do balanço de pagamentos encolheram sensi-
velmente” (FAUSTO, Boris. “História Concisa do Brasil”. Pois há menos peixinhos a nadar no mar
SP, Edusp/Imprensa Oficial, 2002, p. 227). Do que os beijinhos que eu darei na sua boca
Partindo da citação, analise a conjuntura histórica bra-
sileira em relação à política externa americana, estabe- Dentro dos meus braços
lecendo conexões com o suicídio do presidente Getúlio Os abraços hão de ser milhões de abraços
Vargas. Apertados assim, colados assim, calados assim,
10. (UNESP) Eu acredito firmemente que o autoritaris- Abraços e beijinhos e carinhos sem ter fim
mo é uma página virada na História do Brasil. Resta, Que é pra acabar com esse negócio
contudo, um pedaço do nosso passado político que ain- De você viver longe de mim
da atravanca o presente e retarda o avanço da socieda- Não quero mais esse negócio
de. Refiro-me ao legado da Era Vargas (...)
(Fernando Henrique Cardoso, Discurso de despedida De você viver assim
do Senado Federal, 14.12.2004)
Vamos deixar desse negócio
No que se refere à participação do Estado na econo- De você viver sem mim
mia, compare a Era Vargas (1930-1945 e 1951-54) e os
governos de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002). Vinicius de Moraes / Tom Jobim. João Voz e
Violão. Universal Music, CD, 1999.

U.T.I. - E.O. A canção Chega de Saudade foi composta por Vinicius


de Moraes (letra) e por Tom Jobim (melodia). Foi grava-
da pela primeira vez em 1958 na voz de Eliseth Cardoso,
1. (UFRJ) “Terminada a guerra, o Brasil permaneceu ali- acompanhada pelo violão de João Gilberto. Alguns anos
nhado aos Estados Unidos, ligado por laços de coope- depois, essa gravação ficou conhecida como um dos pri-
ração. No contexto da Guerra Fria, subsequente à Se- meiros registros fonográficos da Bossa Nova. Chega de
gunda Guerra Mundial, e estando as nações agrupadas Saudade traz elementos novos para a música popular
em dois grandes blocos − leste e oeste − que engloba- brasileira, que constituirão a Bossa Nova. Cite cinco
vam na época comunistas e capitalistas, liderados pela dessas novidades quanto aos elementos melódicos e à
União Soviética e Estados Unidos, respectivamente, o temática da letra.
Brasil manteve-se na órbita de influência de seus ex-a-
liados, os norte-americanos.” 3. (UEL) Alguns itens da lista de assuntos censurados
(Adaptado de CERVO, Amado Luiz & BUENO, pelo Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP)
Clodoaldo. “A política externa brasileira, 1822-1985”. aos jornalistas em 1943: “Nenhuma fotografia da Rús-
Rio de Janeiro: Editora Ática, 1986, p. 76)
sia; Nada sobre a tragédia de Alegrete: um indivíduo
Embora a política externa brasileira tenha mantido um assassinou a esposa e 8 filhos; Nada sobre a União Na-
alinhamento em geral passivo após a Segunda Guerra cional de Estudantes a não ser a nota oficial; Proibida
Mundial, houve períodos de maior autonomia da diplo- a divulgação das aspirações das classes trabalhistas
macia brasileira, cujas diretrizes políticas definiam uma de Porto Alegre, enviadas ao chefe do governo; Proibi-
inserção diferenciada do Brasil no contexto internacional. da a reprodução do artigo do sr. Macedo Soares sobre
Identifique uma ação de governo durante a Guerra Fria o problema da produção leiteira. Nada sobre o leite,
(1947-1991) que denotava a autonomia relativa da po- completamente nada; Sobre o peixe deteriorado, só
lítica externa brasileira frente à lógica da bipolarização nota da polícia; Nenhum anúncio ou polêmica em tor-
mundial. no do livro ‘Stalin’; Nada sobre as dívidas externas;

139
Nada sobre uma granada que explodiu na Vila Militar, 6. (FUVEST)
matando um tenente e vários soldados; Nada contra a
Espanha; Proibidas quaisquer alusões ao regime brasi-
leiro anterior a 10 de novembro de 1937, sem prejuí-
zo de referências à democracia, pois o regime atual é
também uma democracia; Nada assinado por Oswald
de Andrade”.
(Depoimento do jornalista Hermínio Sacchetta ao repórter Noé Gertel
para a Folha de SãoPaulo em 1979. Disponível em: <http://almanaque.
folha.uol.com.br/memoria_6.htm>. Acesso em: 27 jul. 2011.)

Com base no texto e nos conhecimentos sobre o tema,


explique o papel desempenhado pelo DIP durante o Es-
tado Novo.

4. (UFLA) Leia e analise as seguintes citações: Esta fotografia mostra São Paulo, em 1950. Observe-a
CITAÇÃO I: e responda:
“É para abrir mesmo. E quem não quiser que abra, en- a) Que símbolos da modernidade nela aparecem?
frento e arrebento.” b) Por que São Paulo, a exemplo de outras cidades
(João B. Figueiredo. In: BARROS, E.L. brasileiras, cresceu tanto a partir da década de 1950?
“Os governos militares”. SP: Contexto, 1991, p.90)
CITAÇÃO II: 7. (UNICAMP) Após o Ato Institucional nº 5, a ditadura
firmou-se. A tortura foi o seu instrumento extremo de
“Quando vemos manifestações como a que temos as-
coerção, o último recurso de repressão política desen-
sistido em todo o país, nos convencemos de que, haja
cadeada pelo AI-5. Ela se tornou prática rotineira por
o que houver e custe o que custar, a democracia jamais
conta da associação de dois conceitos. O primeiro re-
será varrida da consciência nacional.”
laciona-se com a segurança da sociedade: o país está
(Tancredo Neves - extraído de “Retrato do Brasil”. São Paulo
Política Editora, 1986. Depoimentos, vol.4, p.27-28) acima de tudo, portanto vale tudo contra aqueles que
o ameaçam. O segundo associa-se à funcionalidade do
a) Com base na CITAÇÃO I, apresente dois fatores funda- suplício: havendo terroristas, os militares entram em
mentais para caracterizar o processo de “Abertura Políti-
cena, o pau canta, os presos falam e o terrorismo acaba.
ca” (1977-1985), iniciado no governo do general Geisel
e completado no governo do general João Figueiredo. (Adaptado de Elio Gaspari, “A ditadura escancarada”.
b) Tomando como base a CITAÇÃO II, indique dois parti- São Paulo: Companhia das Letras, 2002, p. 13, 17.)
dos que atuaram nas manifestações populares desenca- a) Segundo o texto, de que maneiras o regime dita-
deadas a partir do processo de “Abertura Política”. torial implantado no Brasil após 1964 justificava a
c) Com base na CITAÇÃO II, indique qual foi o anseio tortura aos opositores?
político das manifestações populares ocorridas na época.
b) Por que o AI-5 representou uma ruptura com a le-
5. (UFF) “Do ponto de vista econômico, stricto sensu, o galidade?
golpe de 1964 não correspondeu a nenhum marco no
sentido da definição de um novo modelo de acumula- 8. (FGV) “...Nada mais vos posso dar a não ser meu
ção. Pelo contrário, seu papel foi apenas o de garantir a sangue. Se as aves de rapina querem o sangue de al-
consolidação definitiva do modelo implantado nos anos guém, querem continuar sugando o povo brasileiro, eu
50, aprimorando-o. Uma vez “limpa a casa”, em pleno ofereço em holocausto a minha vida... Cada gota de
auge da recessão econômica, a política econômica do meu sangue será uma chama imortal em vossa consci-
novo governo obedeceu a dois imperativos: a) recriar ência e manterá a vibração sagrada para a resistência.
condições para financiar as inversões necessárias à re- Ao ódio respondo com o perdão. E aos que pensam
tomada da expansão capitalista; e b) fornecer as bases que me derrotaram respondo com a minha vitória...
institucionais do processo de concentração oligopolista Lutei contra a espoliação do Brasil. Lutei contra a
a qual, até o momento, vinha se dando caoticamente”. espoliação do povo. Tenho lutado de peito aberto. O
MENDONÇA, Sonia Regina de. “Estado e Economia no Brasil: ódio, as infâmias, a calúnia não abateram meu ânimo.
Opções de Desenvolvimento”. 3a. ed., Rio de Janeiro, Graal, 2003. Eu vos dei a minha vida. Agora ofereço a minha mor-
te. Nada receio. Serenamente dou o primeiro passo no
Com base no texto acima,
caminho da eternidade e saio da vida para entrar na
a) indique duas medidas de política econômica, prati- história.”
cadas pelo governo militar pós-64, responsáveis pela
recriação das condições de financiamento da expan- “Carta-Testamento de Getúlio Vargas” in Documentos
são capitalista no Brasil; deHistória do Brasil, organizado por Mary Del PRIORE
e outros, São Paulo, Scipione, 1999, pp. 98-99.
b) explique por que o golpe de 64 não representou
mudança estrutural no modelo de desenvolvimento, A Carta-Testamento de Getúlio Vargas foi publicada
vigente desde a segunda metade da década de 50.
pela imprensa brasileira em 24 de agosto de 1954. O

140
suicídio do presidente da República foi um dos episó- 9. (UFSCAR) As duas Grandes Guerras do século passa-
dios mais dramáticos da História brasileira no século do afetaram significativamente nosso país, mas o Brasil
passado e ocorreu em meio a uma grave crise política. de 1939 a 1945 era bem diferente do Brasil de 1914 a
Analise tal situação, considerando: 1918. Levando em conta esses aspectos, indique a situ-
§ O panorama da crise política de 1954. ação e o posicionamento do nosso país na:
§ As características da política de massas do período. a) Primeira Guerra Mundial.
§ As consequências políticas da morte de Vargas. b) Segunda Guerra Mundial.

10. (UEL) No século XXI, o mundo ainda não conseguiu se desvencilhar do etnocentrismo, dos nacionalismos ou lo-
calismos radicais e dos preconceitos.

Com base nas imagens e nos conhecimentos sobre o tema, escolha um momento da história da humanidade para
discorrer sobre práticas de intolerância.

141
142
FILOSOFIA

143
ARTHUR SCHOPENHAUER (1788-1860)
O polonês Arthur Schopenhauer foi criado para ser um diante das formas a priori da minha própria consciência.
homem de negócios, com estudos de línguas e viagens a Numa relação subjetiva entre o objeto e o indivíduo, a qual
outros países, como seu pai; porém, após o falecimento do criamos a nossa representação diante do mundo. Assim,
pai, o jovem polonês escolheu a Filosofia, para o desalento não existe uma única resposta, nem uma única representa-
de sua mãe. ção dos fenômenos, isto é, do mundo. Com isso, o mundo
é um conjunto de representações.
Numa aproximação com o pensamento oriental, o filósofo
polonês é o primeiro pensador ocidental a valorizar essa
filosofia. Não seguindo uma dualidade cartesiana entre
razão e vontade, Schopenhauer define que a vontade é a
essência da subjetividade, ou seja, é a própria essência do
“eu”, isso para os animais se expressa como instinto.
Para ele, essa vontade é a essência do mundo, causando
a dor no indivíduo. Sendo fruto de um descontentamento
do próprio estado do ser, impulsionando uma realização
que não será alcançada, gerando, com isso, um arrependi-
mento, uma espécie de sofrimento. Para interromper essa
ordenação de vontade que gera sofrimento, Schopenhauer
aponta a arte como ferramenta de anulação da vontade
no homem, o que faz ele esquecer do seu sofrimento, e
não extingui-lo.
O filósofo da representação Com isso, o filósofo não extingue o sofrimento, ele apre-
e da vontade senta que é preciso saber que a razão não tem controle
Em 1818, surge uma de suas maiores obras, intitulada O total perante a vontade, mas é preciso saber conviver e
mundo como vontade e representação. Para o pensador observar as coisas boas desse sofrimento.
alemão, tudo o que existe para mim é o que eu percebo,

FRIEDRICH NIETZSCHE (1844-1900)

Sócrates: o início da decadência


Nietzsche acrescenta que a sociedade permanece nesse
estado doentio devido à continuidade de hábitos con-
solidados pelos filósofos iniciados por Sócrates. A crítica
perante os pensadores atenienses aprofunda-se quando
estes demonstraram que era preciso seguir uma espécie de
moral, um conjunto pré-definido de valores, condicionando
o belo, o certo e o errado para todos os integrantes da
sociedade.

Nietzsche escreveu, sob a forma de aforismos (máximas De modo que, foi com Sócrates o começo da decadência
ou sentenças curtas que exprimem um conceito), a maior humana, pois foi o pensador ateniense, com sua dialéti-
parte de suas obras. O conjunto de suas obras revela como ca, que direcionava as conversas e moldava conforme os
preocupação básica uma crítica profunda e impiedosa à ci- seus próprios valores o rumo das falas, julgando os valores
vilização ocidental, crítica à massificação, à visão de mundo morais dos seus interlocutores, colocando como o cami-
burguesa e ao conservadorismo cristão. nho correto do pensamento, a sua interpretação dos fatos,

144
Além de conduzir o interlocutor a calar-se perante as impo- to coletivo, ressaltando uma essência de desqualificação
sições ilusórias revestidas de verdade. perante o outro. Nesses valores está a obediência, o des-
qualificar-se, humilhando-se perante os mandos dos ou-
Entretanto, Nietzsche acreditava que só o filósofo pode-
tros. Nietzsche define essa moral, como a ação ressentida
ria curar os males da civilização – visto que o mundo está
de “dar a outra face”, de aceitar completamente passivo
doente, pois os homens não estão sabendo viver –, sendo
aos mandos e desmandos dos outros.
que só os filósofos podem se colocar além dos juízos mo-
rais, e consegue enxergar que através da arte podemos nos Para o filósofo essa luta entre a moral do senhor e a moral
afastar da dor e do surgimento, fazendo o papel de um dos escravos está presente nos nossos dias. E para superar
médico que pretende sanar os males. Mas essa categoria essa dicotomia era preciso reavaliar a moral, para corrigir
de filósofo era baseada nos pensadores que aceitam as as inconsistências de ambas as morais. Num movimento
críticas como algo positivo, como “investigadores”, e não de transvaloração de todos os valores, ou seja, repensar
como a visão do filósofo construída após Sócrates, como nos valores morais, sem recair num dualismo que arruinou
o dono da verdade absoluta. Seria numa concepção de fi- a sociedade anteriormente.
lósofo como o próprio Zaratustra, personagem criado por
Nietzsche para ilustrar esse médico da sociedade. Assim falou Zaratustra
Em 1883, Nietzsche escreveu, segundo ele próprio, a sua
A moral do senhor e a maior contribuição para a humanidade, o livro “Assim
moral do escravo Falou Zaratustra – um livro para todos e para ninguém”.
Ao se debruçar sobre os valores que regem a sociedade, Nesse livro, o filósofo busca apresentar a necessidade da
Nietzsche analisa a existência de dois tipos de moral: a mo- mudança na sociedade, alertando da hipocrisia que consti-
ral do senhor e a moral do escravo. tuem o homem e a sociedade.

Seguindo uma polaridade, a moral do senhor consiste Com uma linguagem repleta de metáforas, guiada pelo
numa moral da força de vontade, voltada para um grupo choque de paradoxos, o livro retrata o ermitão Zaratustra,
dominante, que almeja controlar e se impor perante os ou- um personagem que após dez anos isolado nas monta-
tros. Numa clara valorização de si, tendo um orgulho imen- nhas, decide contar para a sociedade a boa nova: “Deus
so de seus atos. Seria uma vontade de agir, de dominar as está morto, e é a vez dos seres humanos”.
ações coletivas. Zaratustra também é o anunciador do “além do homem”
Enquanto a moral do escravo, também denominada moral (übermensch), um estágio que o ser humano pode alcançar
do rebanho caracteriza-se como os valores de rebaixamen- se souber viver bem, querendo sempre conhecer mais.

FILOSOFIA DA CIÊNCIA

Karl Raimund Popper


(1902-1994)
O filósofo austro-britânico Karl Popper apresenta a ideia de
que as ciências empíricas nunca podem ser provadas, mas
podem ser falsificadas, isso significa que podem e devem
ser examinadas por diversos experimentos decisivos.
Popper faz uma distinção entre ciência e não-ciência, de
modo que afirma que a indução nunca é realmente utili-
zada na ciência e a indução está contida na não-ciência.
Segundo o filósofo não existe uma metodologia única es-
pecífica para a ciência.

145
A ciência consiste em grande parte em solucionar os pro-
blemas. Para o filósofo, uma teoria é científica somente se
for refutável por um evento concebível. Assim, todo teste
é uma tentativa de refutá-la ou falsificá-la. De modo que,
o filósofo estabelece uma distinção clara entre a lógica da
falseabilidade e sua metodologia aplicada. A lógica utiliza-
da é simples: se um único metal ferroso não é afetado por
um campo magnético, não é possível que todos os metais
ferrosos sejam afetados por campos magnéticos.
Dessa forma, enquanto defende a falseabilidade como o
critério de demarcação para a ciência, Popper afirma a pos-
sibilidade de que, na prática, uma única prova conflitante Kuhn rejeitou as visões tradicionais e as visões de Popper.
ou contrária nunca é metodologicamente suficiente para Isso ocorre pois a ciência só pode ter sucesso se houver um
refutar uma teoria. Esse fato condiciona que teorias cien-
forte compromisso da comunidade científica relevante com
tíficas sejam frequentemente mantidas, embora tenham
suas crenças, valores e técnicas.
sofrido o processo de refutação.
A constelação de compromissos compartilhados, é denomi-

Thomas Samuel Kuhn


nada de “matriz disciplinar”, que se torna um pré-requisito
para o sucesso da ciência normal. Esse conservadorismo da

(1922-1996) atitude do cientista, distingue Kuhn de Popper.

O físico e filósofo da ciência estadunidense Thomas Kuhn


desenvolveu estudos diante o procedimento científico.

FENOMENOLOGIA DO CONHECIMENTO

Edmund Husserl (1859-1938) de Husserl é uma meditação lógica, sem conter as incer-
tezas da própria lógica, excluindo mediante o uso de uma
O filósofo e matemático alemão Edmund Husserl rompe linguagem qualquer tipo de incerteza. Seu estilo filosófico
com uma orientação positivista e desenvolve uma estrutu- é direcionado para o interrogatório, o radicalismo e o ina-
ra mais objetiva, a Fenomenologia, definindo-a como uma cabamento essencial do fenômeno.
filosofia transcendental-idealista.
O Método Fenomenológico
Primeiro passo dessa corrente, é ter ciência que para com-
preender o fenômeno é preciso estar próximo dele, ou seja,
deve-se ir às coisas mesmas, tendo uma atitude intelectual.
Após isso, a próxima etapa seria a redução transcendental
ou redução fenomenológica, que consiste em reduzir o pro-
blema para compreendê-lo melhor. Com isso, ocorre um en-
tendimento, que se funda no rigor, valorizando o ser na sua
singularidade, tendo uma relevância com o que se manifesta.

Maurice Merleau-
Husserl sofre influência de Platão e Descartes, com uma
Ponty (1908-1961)
análise de uma psicologia descritiva dos atos, implicando O filósofo francês Merleau-Ponty desenvolve sua teoria sobre
uma nova concepção da subjetividade. A fenomenologia a fenomenologia, tendo grande influência do pensamento

146
de Edmund Husserl. Entretanto, ao desenvolver a sua própria mento o filósofo ultrapassou as visões de sua época, de
filosofia, nega a doutrina de Husserl. modo que o ser humano não possui um corpo, ele é corpo.
Assim, a verdade não está contida somente no interior do
Para Merleau-Ponty, a construção teórica se faz na manei-
homem, ela está em toda parte, sendo a base da consciên-
ra de se portar do corpo e na captação de impressões dos
cia. O corpo se torna meio de comunicação com o mundo,
sentidos. De modo que o corpo é um organismo como uma
enquanto a experiência motora representa uma forma de
configuração integral a ser explorada. Com isso, o homem
acessarmos esse mundo.
seria o núcleo de debates sobre o conhecer, como é criado e
percebido em seu corpo. Merleau Ponty converte o processo
fenomenológico para uma modalidade existencial.

O corpo para Merleau-Ponty


O corpo é a fonte de conhecimento, pois o corpo e o mun-
do são constituídos da mesma matéria, mas é mediante
corpo que percebemos o mundo. E diante disso, consegui-
mos perceber tudo que está ao redor do mundo, e assim
podemos realizar operações mentais, fantasiar, desejar e
atribuir significados às coisas.
Merleau-Ponty desejava combater os empiristas e intelec-
tualistas de sua época, que acreditavam numa separação
mente-corpo. Para o filósofo francês a percepção é ativa e
representa a primeira abertura do ser ao mundo da vida. Pois
não existe uma separação independente de corpo e mente,
o nosso corpo pode nos propiciar conhecimento, isso ocorre
porque não estamos no espaço e no tempo, mas somos no
espaço e no tempo. Com a mediação do corpo, as nossas
experiências são classificadas e organizadas, sendo um pro- Concluímos que o corpo humano não é apenas um objeto
cesso que ocorre antes mesmo de nossa linguagem. estudado pela ciência; ele se torna base e condição para
Seguindo essa lógica, para Merleau-Ponty não devemos a existência. Existe uma ligação dialética e inseparável da
pensar numa dicotomia (interior/exterior, corpo/mente); mente com o corpo. No processo de aprendizagem do ser
mas precisamos compreender uma unidade, a qual o corpo humano, o movimento do corpo está intimamente inter-
expressa e capta sensações desse mundo e reflete outros ligado às habilidades da mente. Um exemplo disso: para
tipos de sentimentos para o mundo. Com esse posiciona- uma criança, mover-se é pensar.

EXISTENCIALISMO

Søren Kierkegaard As relações do homem com o mundo são dominadas pela


angústia. A angústia é entendida como o sentimento pro-
(1813-1855) fundo que temos ao perceber a instabilidade de viver num
mundo de acontecimentos possíveis, sem garantia de que
O filósofo dinamarquês Søren Kierkegaard contestou a nossas expectativas sejam realizadas. Assim, vivemos num
supremacia da razão como único instrumento capaz de mundo onde tanto é possível a dor como o prazer, o bem
estabelecer a verdade, defendendo o conhecimento da fé como o mal, o amor como o ódio.
contra a supremacia da razão.
A relação do homem consigo mesmo é marcada pela in-
Em sua obra, o filósofo procurou analisar os problemas da quietação e pelo desespero. Isso ocorre por duas razões:
relação existencial do homem com o mundo, consigo mes- ou porque o homem nunca está plenamente satisfeito com
mo e com Deus. as possibilidades que realizou, ou porque não conseguiu

147
realizar o que pretendia, fracassando diante de suas ex-
pectativas. Jean-Paul Sartre
(1905-1980)
O filósofo francês Jean-Paul Sartre consegue ser um pensador
cujas análises técnico-conceituais alcançam um rigor e uma
sistematicidade que se revestem muitas vezes de grande ari-
dez, o que não o impediu de ser, paradoxalmente, o mais
popular dos filósofos contemporâneos, e como romancista,
um escritor de forte imaginação e profunda originalidade.

A relação do homem com Deus seria a única via para a


superação da angústia e do desespero.

Martin Heidegger
(1889-1976)
O filósofo alemão Martin Heidegger buscou compreender
o sentido do ser, a sua essência. Para ele, o ente é a exis-
tência, o modo de ser do homem. O ser é a essência, aquilo
que determina a existência ou o modo de ser do homem.

Em sua filosofia Sartre, desenvolve que no homem a exis-


tência vem antes da essência. Isso significa que não há
uma predefinição do homem, como existe uma predefini-
ção de um objeto fabricado. Assim, o homem nada é en-
quanto não fizer de si alguma coisa, ou seja, o homem é
um projeto que pode vir a ser, mas que só será realizado
conforme suas escolhas e decisões em sua vida.
Dessa forma, o futuro está sempre aberto, e no próprio cur-
so da existência é que o homem vai decidir acerca de seu
próprio destino. O homem é livre na exata medida em que
introduz o nada no mundo, e pode a partir disso construir o
seu presente. Daí a célebre frase: o homem está condenado
Assim, o homem é um ente para o qual o seu próprio ser a ser livre.
está constantemente em jogo. Isso significa que o homem
não é algo definido, mas algo que se define num projeto O existencialismo de Sartre indica que tudo está por fazer,
sempre retomado. O homem é um ente inacabado (um pro- e o homem será o futuro que puder construir. Não é, pois,
jeto a ser realizado) e a sua essência confunde-se com o seu surpreendente que, diante da relevância da tarefa, se tenha
existir. Sendo que o estar no mundo não é um acidente, mas podido extrair do existencialismo a consequência ética do
algo que efetivamente o constitui. Ao passo que o modo de desespero.
ser do homem é o poder-ser, isto é, fazer da vida sempre

Simone de Beauvoir
um projeto.
Porém, o fato de estar no mundo compreendido como
possibilidade de ser gera a angústia, que pode ser enten-
dida como sentir-se no mundo em estado de carência ou
(1908-1986)
de temor indeterminado. A angústia é a compreensão da A filósofa e escritora francesa Simone de Beauvoir desenvol-
precariedade da condição humana. ve o primeiro pensamento a favor da mulher na sociedade.

148
Beauvoir formula a relação que há milênios estrutura a
relação homem e mulher: o homem vê, a mulher é vista;
o homem é sujeito, a mulher é irremediavelmente objeto.
Crítica dos discursos existentes (biologia, psicanálise, ma-
terialismo histórico), crítica da história, que mostra que “os
homens sempre detiveram todos os poderes concretos”,
crítica das representações literárias (os propagados “mi-
tos” que veiculam imagens contraditórias, da mãe e da
prostituta), crítica das atitudes adotadas e nas quais a mu-
lher se aliena (o narcisismo, o amor), Beauvoir apela enfim
à alforria, à independência, enfatizando o anseio de um
dia ver reinar não uma igualdade na diferença, mas uma
igualdade verdadeira.
Seu livro mais famoso, intitulado Segundo Sexo, consiste
em denunciar o caráter sócio-histórico vinculado à noção
de "mulher" e impedir qualquer redução desta última a
alguma natureza presumível. Segundo Beauvoir, "não se
nasce mulher, torna-se mulher". É o ato de existir que cria
condições para as formações identitárias.

ESCOLA DE FRANKFURT

advento do fascismo, no campo capitalista, e do stalinis-


mo, no campo socialista. Entre os temas presentes em suas
análises, destacam-se o autoritarismo, a origem da socie-
dade burguesa, a indústria cultural, o processo de desuma-
nização do homem, entre outros.
De um modo geral, essa escola pretende, exercer um papel
de denúncia da realidade, e não apresenta uma pretensão
de fechar uma teoria ou criar um pensamento único. Seu
objeto é, assim, muito mais o de suscitar um tema para a
O Instituto de Pesquisa Social, denominado tardiamen- análise conjunta, podendo ser reaberto a qualquer instan-
te como Escola de Frankfurt, foi fundado em 1923 pelo te. Essa proposta de inacabamento do assunto proposto
economista Carl Grunberg, com o intuito de integrar a se reflete na maneira pela qual o Instituto desenvolve seus
questão social no âmbito das reflexões acadêmicas, numa trabalhos, ou seja, a forma de ensaios, artigos e resenhas.
integração do pensamento de Karl Marx e do psicanalista
Sigmund Freud. Horkheimer (1895-1973)
Com a ascensão de Adolf Hitler ao poder alemão em e Adorno (1903-1969)
1933, o Instituto foi fechado na Alemanha, e os intelec-
tuais foram perseguidos. Devido as suas análises críticas
a respeito do autoritarismo nazista, a Escola de Frankfurt
teve de continuar seus estudos em outros países. Muitos
de seus colaboradores se refugiaram nos Estados Unidos e
na Inglaterra, só retornando em 1950, após o término da
Segunda Guerra Mundial.
A proposta básica desse grupo era formular uma teoria crí-
tica da sociedade vigente, uma análise crítica da sociedade
burguesa, que desse conta das questões suscitadas, pelo Theodor W. Adorno

149
tâncias, na literatura, no cinema ou nas artes plásticas. Em
seu ensaio A obra de arte na era da reprodutibilidade técni-
ca, Benjamin realiza uma reflexão sobre as mudanças esté-
ticas da sociedade contemporânea. Enquanto Adorno vê a
indústria cultural de maneira negativa e alienante, Benjamin
constata que a industrialização e a modernidade criaram
alterações estéticas significativas para a produção artística.
Se antes o contato estético com obras de arte era restrito e
Max Horkheimer elitizante, a indústria cultural retira o caráter único das obras
de arte (a aura da obra). Novas possibilidades estéticas são
Os filósofos Theodor W. Adorno e Max Horkheimer elabora-
possíveis a partir das mudanças criadas na modernidade.
ram a “Dialética do Esclarecimento”, publicada em 1947.
Esta obra sustenta a tese de que os conceitos de mito e es-
clarecimento não traçam uma simples relação de oposição, A Indústria Cultural
mas antes uma relação dialética, uma vez que o mito já com- Com a indústria cultural, nota-se que quase todas as merca-
porta algum elemento da racionalidade do esclarecimento, dorias que estão à venda – música, dança, imagens, roupas
enquanto no esclarecimento ainda permanece um conteúdo – trazem consigo a ideia de um estilo, que deve ser compra-
de irracionalidade mítica, que termina por encaminhá-lo à do ou – se isso não for possível – imitado.
barbárie.
Assim, além das artes, a religião e o esporte também viraram
Trata-se de uma crítica à ilusão do racionalismo, fundada no produtos. As pessoas deixam de praticar a religião e o espor-
Iluminismo, que seguindo apenas atos racionais tendem a te para assisti-los pela televisão. Para encontrar o sagrado,
atos contra a humanidade. Isso representa uma crítica da não é mais necessário estar juntos com os demais fiéis e fa-
razão instrumental. De modo que, a racionalidade merca- zer orações com eles, basta ligar a televisão ou o rádio no
dológica ilude o indivíduo, dando-lhe uma falsa esperança horário marcado e será possível ter o sagrado em domicílio.
de sucesso e uma falsa condição de liberdade de escolhas, Com o esporte, é mais fácil comer pipoca à frente da TV do
perante as poucas opções que temos. que ir a um estádio, ou jogar aquela partida com os amigos.
Como se vê, todas as emoções estão à venda, mas duram
Walter Benjamin (1892-1940) pouco para que voltemos a comprar outras.
O filósofo alemão Walter Benjamin discorre sobre a Arte, A filosofia dos frankfurtianos é conhecida como teoria crítica,
que, mesmo num mundo materialista e de puro consumo, em oposição à teoria tradicional, representada pelos filóso-
contém ainda uma aura de singularidade. Dessa forma, a fos desde Descartes e cujo racionalismo atingiu seu melhor
Arte precisa se desvincular do processo de reproduções que momento no Iluminismo. O que eles criticam? Eles sendo lei-
visam apenas ao lucro e se direcionar para humanizar o ser tores de Marx, Nietzsche, Freud e Heidegger, os pensadores
humano, mediante provocações que desencadeiem uma au- de Frankfurt sabem que não se adere à razão inocentemen-
tonomia nesse indivíduo, ou seja, uma iluminação interna. te. Concluem que a razão, exaltada tradicionalmente por ser
Benjamin afirma que o conhecimento é assegurado pelo "iluminada", também traz sombras em seu bojo, quando se
despertar do homem, pela via da arte, em toda as suas ins- torna instrumento de dominação.

HANNAH ARENDT (1906-1975)

A filósofa alemã, de origem judia, é uma das raras vozes


femininas no cenário da filosofia política. Iniciou muito jo-
vem aos estudos, tendo contato com os filósofos clássicos,
como Kant, Rousseau e Marx. Sua educação foi pautada
pelas boas condições financeiras da sua família. Foi expulsa
de uma instituição de ensino por liderar um boicote a um
professor que havia a insultado. Preparou-se sozinha para
entrar na universidade.

150
A Banalidade do Mal de concentração. Em sua defesa, o oficial afirmou que fez só
por cumprir ordens e fazer o seu trabalho, e não por odiar
Hannah Arendt trata da questão do horror na sociedade, os judeus. Nesse caso, Arendt analisa que a falta de uma
consolidada como uma mera repetição do homem. Essa per- reflexão nas suas próprias ações faz o homem agir sem cons-
da da consciência do indivíduo perante o seu semelhante, ciência e tende a criar e reproduzir o mal, ou seja, o próprio
propicia a esse ser uma prática do mal sem reflexão. Assim, a horror, como uma mera engrenagem mecânica, banalizando
filósofa remete que o mal está enraizado em quem o pratica, o mal nas ações cotidianas.
gerando uma não identificação como o próximo, e conse- Diante disso, o mal banal fica caracterizado como a ausência
quentemente, uma mera ação sem juízo. do pensamento, desencadeando a privação de responsabili-
Esse conceito de banalidade do mal está inserido na obra dade. Com isso, é possível a compreensão da violência nas
Eichmann em Jerusalém, em que Arendt analisa o julgamen- sociedades contemporâneas, que atinge grupos e indivíduos
to do oficial nazista Adolf Eichmann, militar responsável por nessa sociedade. Um processo de violência que aumenta sig-
organizar a logística do transporte de judeus para os campos nificativamente nos últimos tempos.

JÜRGEN HABERMAS (1929)

A Crítica à Escola de Frankfurt a não contradição, a clareza de argumentação e a falta de


constrangimento de ordem social. A verdade na ação co-
O filósofo alemão discordou de diversos pontos da Teoria municativa precisa ser compreendida como uma verdade
Crítica, principalmente e Adorno e de Horkheimer, como o intersubjetiva, e não mais uma verdade subjetiva, que se
uso da razão, a cultura e a democracia. Porém, o que mais adequa a realidade. Perdendo assim, o seu valor absoluto,
lhe incomodou foi o pessimismo contido na primeira gera- tão consolidado historicamente na filosofia. Isso significa
ção frankfurtiana, por salientar que a lógica capitalista en- que a verdade ganhou aspectos de uma construção con-
tranhou toda a produção humana, caracterizando todos os sensual entre as partes envolvidas, sendo aperfeiçoado na
elementos em Indústria Cultural, sem uma mudança drásti- prática democrática.
ca do ser humano.
Com isso, a razão comunicativa se torna uma resistência
A crítica de Habermas se faz diante ao direcionamento perante a razão instrumental, com o intuito de resgatar a
proposto por Adorno e Horkheimer, que orienta a um irra- importância da razão para avanços na sociedade. Numa
cionalismo industrial. Por induzir a uma alienação em todos mudança que possibilitará ao homem a abrir espaço para
os âmbitos na cultura humana, que só condiciona a uma ser convencido por ideias melhores, num processo demo-
prática repetitiva. Entretanto, segundo Habermas, seguir crático. Esse agir comunicativo pode ser a base ética de
essa ideia pode levar a se constituir uma sociedade vazia, uma sociedade.
sem nenhuma perspectiva futura. Como se a vida estivesse
fadada a um determinismo alienante. De modo a limitar a O Legado de Habermas
razão humana, reduzindo a uma perversidade utilitarista.
Para o filósofo alemão, Adorno e Horkheimer, confundiram
um tipo particular de racionalização com a própria razão.
Pois, a razão possui uma função comunicativa. Isso repre-
senta que, dentro do processo da Indústria Cultural, não se
restringe somente ao plano da dominação, mas também
ao processo da comunicação, que não contém necessaria-
mente um viés ideológico.

Teoria da Ação Comunicativa


A ação comunicativa é o uso da linguagem e da conversa-
O pensamento de Habermas ressoa em nosso mundo con-
ção como meio de se conseguir o consenso. A linguagem é temporâneo, no âmbito educacional a ação comunicativa
criada coletivamente e compartilhada pelos seus agentes. elabora uma forma interdisciplinar, num movimento con-
Dessa forma, há regras no diálogo da ação comunicativa: trário as estruturas positivistas de divisão do conhecimento.

151
Seguindo um movimento de que todos os campos do co- de uma democracia representativa, de modo que a ação
nhecimento se conversam e se interagem ao mesmo tempo. comunicativa desenvolve ações efetivas de uma ação cole-
No campo político, por sua vez, sua teoria se torna a base tiva e voltada para uma mudança social.

A FILOSOFIA E O PODER

Norberto Bobbio (1909-2004) Gerard Lebrun (1930-1999)


O filósofo italiano Norberto Bobbio conseguiu unir a sua O filósofo francês Gérard Lebrun desenvolve o seu pensa-
teoria com a sua ação cotidiana. Tendo uma postura críti- mento em volta do poder. Em sua maior obra, intitulada
ca, Bobbio terá atrelado aos seus atos a política, tal qual “O que é o poder”, o autor analisa esse conceito, mas não
Aristóteles menciona na Grécia Antiga, numa associação de uma forma à exaustão, mas para dialogar com alguns
do “zoón politikón”. Vivenciou o autoritarismo, a ditadura pensadores clássicos, como Thomas Hobbes, Jean Bodin,
comunista e a bipolaridade partidária na Europa. Nicolau Maquiavel e Michel Foucault.

A Política Para o filósofo, existem cinco relações de poder, numa in-


Segundo Bobbio a política, entendida como prática huma- ter-relação do sujeito com o grupo. Essas relações são:
na, conduz a poder. Esse poder estaria interligado às ideias
de posse dos meios para que um homem tenha vantagem Apresentação do monstro: o conceito do termo "políti-
perante o outro. Entretanto, é preciso pensar em sua legiti- ca" carrega consigo a força, canalizando a potência de uma
mação, seja no âmbito familiar (como por exemplo o poder ação. Com o passar do tempo, os homens se acostumaram
do pai ou da mãe), na esfera governamental (como por a obedecer a um líder, ao tal ponto que "ser cidadão = ser
exemplo, no autoritarismo de um rei ou um déspota) ou obediente", num adestramento foucaultiano, que condicio-
pelo poder passado pela própria população, que elege um na os cidadãos a seguirem normas e condutas de obediên-
governante temporário. Isso possibilita que existam várias cia. Essa construção lógica consolidada por Aristóteles na Po-
formas de poder: o poder econômico, ideológico e político, lítica, a qual os limites do cidadão se dão dentro da cidade,
ou seja, da riqueza, do saber e da força. ordenado pelo seu governante; que depois seria ratificada
por Hobbes, no Leviatã.
A política não tem uma única finalidade ou um único as-
pecto, podem variar conforme as metas de cada grupo so- Um exemplo desse poder, nota-se quando o cidadão acos-
cial. Entretanto, aqui não é um relativismo simplório, mas tumado com algumas regras, acredita que o governante,
uma observação que pode ter inúmeras variações confor- como detentor oficial do poder executivo, vai realizar to-
me o tempo histórico. Porém, um fim mínimo à essa políti- dos os comandos programados. Nesse momento, o sujeito
ca é o uso da força para assegurar a integridade nacional; possui uma ingenuidade de acreditar que, ele não é figura
mas não pode ter como finalidade o poder pelo poder. relevante, na participação política.

152
O Leviatã contra a cidade grega: A formação pensada dade. Isso ocorre porque o sujeito acredita que o seu papel
por Hobbes direciona que poder do Soberano é superior não existe, devido às forças governamentais que tiraram
aos poderes existentes dos seus súditos. O poder grego es- qualquer tipo de relevância individual na sociedade.
tava associado ao cidadão, que queria viver bem numa so-
ciedade, pois vivia a cidade; entretanto, o homem moderno
não participa da cidade, só vive nela.
O direito remete a utilidade das coisas que quero. Desse
modo, a soberania é o único pilar de sustentação do corpo
político, visto que os homens se inclinam a seguir ordens,
a seguir a razão, mesmo que seja a razão do mais forte.
Um exemplo dessa relação pode ser notada na submissão
completa do cidadão diante das ações do governante atual.
O Leviatã e o Estado Burguês: as mudanças que a
modernidade fez com os cidadãos transfigurou o Estado
burguês, que modificou as relações sociais e políticas, asso-
ciando-as com as relações econômicas. Um dos principais
autores que debateram os princípios liberais e a sua rela-
ção com o Estado foi o intelectual John Locke.
Separando esse cidadão de uma participação efetiva do Es-
tado, que é guiado por instituições. Diante disso, o indivíduo
se insere no “estado civil” e se prende às amarras impostas
pelas autoridades. Sendo que essa prisão é revestida de uma
liberdade “natural” para que esse ser permaneça anestesia-
do e repetindo as ações condicionadas.
O exemplo típico desse poder, o sujeito acomodado em
associar todas as relações sociais sendo relações econômi-
cas, se vê afastado de qualquer interferência política, acaba
condicionado a repetir as suas ações cotidianas. E quando
faz algo, é meramente uma troca de favores.
A Comédia Liberal: o liberalismo fomentou as liberdades
civis, inserida numa esfera econômica. A crítica apontada
pelo autor é a ilusão construída pelo liberalismo, que ilude o
cidadão de um Estado que ele não participa, só é usado por
este, sendo manipulado.
Um exemplo dessa relação de poder, observamos quando
o indivíduo veste a camisa de um partido ou de um movi-
mento e sai para uma manifestação; porém, esse mesmo
sujeito não sabe as reais reivindicações da manifestação.
O Último Chefe: o individualismo contemporâneo pode le-
var a passar o poder para os representantes legais, que não
se importaram com esses cidadãos. A problemática aponta-
da pelo autor é que o poder atual está revestido por forças
econômicas, sociais e políticas que direcionam os cidadãos
de um grupo a seguirem ideologias que apontam diversos
“nortes” para esse ser, mas afastam esse indivíduo de qual-
quer participação efetivamente política.
Um exemplo dessa relação de poder denota no indivíduo
uma anulação plena nesse ser, a tal ponto que o sujeito
não vê nenhuma possibilidade de interferirem em sua reali-

153
U.T.I. - Sala c) compositores do século XIX, como, por exemplo,
Wolfgang Amadeus Mozart, compositor de uma
ópera de nome “Crepúsculo dos deuses”, parodia-
1. (UNESP) Nossa felicidade depende daquilo que somos, da no título.
de nossa individualidade; enquanto, na maior parte das
d) conceitos de razão e moralidade preponderantes
vezes, levamos em conta apenas a nossa sorte, apenas
nas doutrinas filosóficas dos vários pensadores que o
aquilo que temos ou representamos. Pois, o que alguém
antecederam e seus compatriotas e/ou contemporâ-
é para si mesmo, o que o acompanha na solidão e nin-
neos Kant, Hegel e Schopenhauer.
guém lhe pode dar ou retirar, é manifestamente mais es-
sencial para ele do que tudo quanto puder possuir ou ser 4. (UEM 2019) O filósofo alemão Nietzsche realizou
aos olhos dos outros. Um homem espiritualmente rico, em sua obra uma crítica das posições metafísicas dos
na mais absoluta solidão, consegue se divertir primo- filósofos anteriores. Ele afirma: “Contraponhamos a
rosamente com seus próprios pensamentos e fantasias, isso, afinal, de que modo diferente nós (- digo nós por
enquanto um obtuso, por mais que mude continuamente cortesia...) captamos no olho o problema do erro e da
de sociedades, espetáculos, passeios e festas, não conse- aparência. Outrora se tomava a alteração, a mudança, o
gue afugentar o tédio que o martiriza. vir-a-ser em geral como prova de aparência, como signo
(Schopenhauer. Aforismos sobre a sabedoria de vida, 2015. Adaptado.) de que tem de haver algo que nos induz em erro. Hoje,
inversamente, na exata medida em que o preconceito
Com base no texto, é correto afirmar que a ética de da razão nos coage a pôr unidade, identidade, duração,
Schopenhauer substância, causa, coisidade, ser, vemo-nos, de certo
a) corrobora os padrões hegemônicos de comportamen- modo, enredados no erro, necessitados ao erro; tão se-
to da sociedade de consumo atual. guros estamos, com fundamento em um cômputo rigo-
roso dentro de nós, de que aqui está o erro.”
b) valoriza o aprimoramento formativo do espírito como
campo mais relevante da vida humana. (NIETZSCHE, F. O crepúsculo dos ídolos. In: FIGUEIREDO,
c) valoriza preferencialmente a simplicidade e a humilda- V. (org.) Seis filósofos na sala de aula, v. 2. São
Paulo: Berlendis & Vertecchia, 2007, p. 175).
de, em vez do cultivo de qualidades intelectuais.
d) prioriza a condição social e a riqueza material como as Acerca das teses de Nietzsche sobre o ser, a aparência, a
determinações mais relevantes da vida humana. verdade e o erro, assinale o que for correto.
e) realiza um elogio à fé religiosa e à espiritualidade em 01) Nietzsche propõe que é ilusório conceber a verda-
detrimento da atração pelos bens materiais. de como algo único e permanente.
2. (ENEM) Sentimos que toda satisfação de nossos de- 02) A arte é um processo de falsificação pelo qual
sejos advinda do mundo assemelha-se à esmola que construímos um mundo verdadeiro.
mantém hoje o mendigo vivo, porém prolonga amanhã 04) O homem está “enredado no erro” porque preci-
a sua fome. A resignação, ao contrário, assemelha-se à sa contar com a previsibilidade e a racionalidade para
fortuna herdada: livra o herdeiro para sempre de todas sobreviver.
as preocupações. 08) A crítica de Nietzsche se dirige à maneira como a
filosofia moderna se desviou das teses dos pensado-
SCHOPENHAUER, A. Aforismo para a sabedoria
da vida. São Paulo: Martins Fontes, 2005.
res pré-socráticos Parmênides e Heráclito.
16) Segundo Nietzsche, a ciência moderna investiga
O trecho destaca uma ideia remanescente de uma tradi- as transformações dos fenômenos naturais, por isso
ção filosófica ocidental, segundo a qual a felicidade se compreende que o mundo é fundamentalmente um
mostra indissociavelmente ligada à processo de vir-a-ser.
a) a consagração de relacionamentos afetivos. 5. (UECE 2019) “[N]ão existe contraposição maior à exe-
b) administração da independência interior. gese e justificação puramente estética do mundo [...] do
c) fugacidade do conhecimento empírico. que a doutrina cristã, a qual é e quer ser somente moral,
d) liberdade de expressão religiosa. e com seus padrões absolutos, já com sua veracidade de
e) busca de prazeres efêmeros. Deus, por exemplo, desterra a arte, toda arte, ao reino
da mentira – isto é, nega-a, reprova-a, condena-a.”
3. (UFSJ) “A Filosofia a golpes de martelo” é o subtítulo
que Nietzsche dá à sua obra Crepúsculo dos ídolos. Tais NIETZSCHE, F. O nascimento da tragédia, ou helenismo e pessimismo.
– “Tentativa de autocrítica”.
golpes são dirigidos, em particular, ao(s) São Paulo: Companhia das Letras, 1992, p. 19.
a) conceitos filosóficos e valores morais, pois eles são
os instrumentos eficientes para a compreensão e o Nessa passagem, Nietzsche
norteamento da humanidade. a) apoia a valorização moral da obra de arte, negando
b) existencialismo, ao anticristo, ao realismo ante a que seja possível obras de arte divergentes da moral
sexualidade, ao materialismo, à abordagem psico- cristã.
lógica de artistas e pensadores, bem como ao anti- b) defende uma arte verdadeira, contra a arte cristã,
germanismo. que adere à mentira, pois não passa de uma moral.

154
c) concebe que os padrões absolutos do cristianismo e) A concepção de ciência que Popper sustenta é a pas-
são supraestéticos, suprassensíveis, e por isso valori- sivista ou receptacular, na qual as teorias científicas são
zam a arte. elaboradas por meio dos sentidos e o erro surge ao
d) critica a concepção moral da existência em defesa interferirmos nos dados obtidos da experiência.
do caráter sensível, estético do mundo, tal como se
configura na arte. 8. (UEPG-PSS 3 2019) Sobre a concepção científica con-
temporânea dos filósofos Karl Popper e Thomas Kuhn,
6. (UNIOESTE 2018) Considere os seguintes excertos: assinale o que for correto.
“Dionísio já havia sido afugentado do palco trágico e o 01) Karl Popper criticou o critério da verificabilidade
fora através do poder demoníaco que falava pela boca apreciado pelos filósofos do Círculo de Viena.
de Eurípedes. Também Eurípedes foi, em certo sentido, 02) Karl Popper propôs o princípio da falseabilidade
apenas máscara: a divindade, que falava por sua boca, como tentativa de provar a falsidade de uma teoria.
não era Dionísio, tampouco Apolo, porém um demônio 04) Thomas Kuhn desenvolveu a ideia de paradigma
de recentíssimo nascimento, chamado Sócrates”. para a ciência.
Nietzsche, F. O Nascimento da Tragédia ou Helenismo e Pessimismo. 08) De acordo com Thomas Kuhn, a transição entre as
Trad. J. Guinsburg. São Paulo: Companhia das Letras, 1996. teorias científicas acontece por meio de revoluções.
“O Nascimento da tragédia tem dois objetivos princi- 9. (UEM 2019) O filósofo Thomas Kuhn, em sua obra Estru-
pais: a crítica da racionalidade conceitual instaurada na tura das revoluções científicas, entende que o progresso
filosofia por Sócrates e Platão; a apresentação da arte da ciência acontece por meio da substituição dos para-
trágica, expressão das pulsões artísticas dionisíaca e digmas nos quais se baseiam os conhecimentos e as hipó-
apolínea, como alternativa à racionalidade”. teses científicas de uma época por novos paradigmas. Os
Machado, R. “Arte e filosofia no Zaratustra de Nietzsche” In: Novaes, paradigmas são questionados porque já não podem mais
A. (org.) Artepensamento. São Paulo. Companhia das Letras, 1994. resolver os problemas científicos acumulados, e o surgi-
mento de hipóteses que exigem princípios diferentes e
Os trechos acima aludem diretamente à crítica nietzs-
chiana referente à atitude estética que contraditórios para a explicação dos fenômenos revela
uma crise que poderá dar lugar à construção de um novo
a) subordina a beleza à racionalidade. modelo consensual para as ciências. Acerca das teorias
b) cultua os antigos em detrimento do contemporâneo. sobre as revoluções científicas, assinale o que for correto.
c) privilegia o cômico ao trágico.
01) Atualmente, os métodos das ciências humanas en-
d) concebe o gosto como processo social. tendem que as realidades sociais seguem uma progres-
e) glorifica o gênio em detrimento da composição são constante, de forma que encontramos na história
calculada. leis e padrões semelhantes àqueles das ciências naturais.
7. (UEL 2020) Leia o texto a seguir. 02) Segundo Kuhn, a ciência não possui pontos de
vista neutros, pois os cientistas sempre levam em con-
Esta é uma concepção de ciência que considera a abor-
ta o seu contexto histórico.
dagem crítica sua característica mais importante. Para
avaliar uma teoria o cientista deve indagar se pode ser 04) Karl Popper propôs que a verdade das proposi-
criticada - se se expõe a críticas de todos os tipos e, em ções científicas pode ser verificada por meio do méto-
caso afirmativo, se resiste a essas críticas. do lógico dedutivo.
08) O método da falseabilidade proposto por Karl Po-
POPPER, Karl. Conjecturas e refutações. Trad.
Sérgio Bath. Brasília: UnB, 1982. p. 284. pper permitiu que as proposições das ciências huma-
nas fossem avaliadas de acordo com critérios objetivos.
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a filoso- 16) Segundo Popper, uma proposição do tipo “choverá
fia de Popper, assinale a alternativa correta. ou não choverá aqui amanhã” não é um enunciado
a) A concepção de ciência da qual fala Popper é aque- científico, pois não pode ser refutada pela experiência.
la que possui o princípio de verificabilidade, com pro-
posições rigorosas que procuram corrigir as teorias 10. (UEM 2018) “Todo o universo da ciência é construído
científicas. sobre o mundo vivido, e se queremos pensar a própria
b) A ciência busca alcançar o conhecimento de tipo ciência com rigor, apreciar exatamente seu sentido e
essencial, pois ele garante a verdade de uma teoria seu alcance, precisamos primeiramente despertar essa
científica, permitindo o desenvolvimento em direção experiência do mundo da qual ela é a expressão segun-
à verdade objetiva visada pela ciência. da. [...] As representações científicas segundo as quais
c) Uma teoria científica é verdadeira se suas propo- eu sou um momento do mundo são sempre ingênuas e
sições são empiricamente falsificáveis via testes, per- hipócritas, porque elas subentendem, sem mencioná-la,
mitindo que sejam autocorrigidas e desenvolvidas na essa outra visão, aquela da consciência, pela qual antes
direção de uma verdade objetiva. de tudo um mundo se dispõe em torno de mim e come-
d) Os testes empíricos nas ciências humanas, tais como ça a existir para mim.”
psicologia e sociologia, visam confirmar seu valor de (MERLEAU-PONTY, M. Fenomenologia da Percepção.
cientificidade, pois suas teorias são falsificáveis. In: MELANI, R. Diálogo: primeiros estudos em
Filosofia. São Paulo: Moderna, 2013, p. 280).

155
A partir do texto citado assinale o que for correto. 01) A fenomenologia critica as distinções clássicas,
01) As representações científicas pressupõem dados tais como alma e corpo, sujeito e objeto, matéria e
da consciência, mas não os explicitam por desconhe- espírito, coisa e representação.
cimento (ingenuidade) ou dissimulação (hipocrisia). 02) O ponto de vista de Deus não é mais possível,
02) Não é a ciência que determina o ser no mundo, nem necessário, para a renovação da filosofia.
mas a experiência do ser no mundo que deve deter- 04) O positivismo é esta filosofia nova, pois revoga a
minar as explicações científicas. ontologia clássica.
04) As representações científicas, ao levarem em con- 08) Merleau-Ponty privilegia o corpo, pois, através
dele, o homem constitui-se de uma consciência fática
ta a consciência que temos do mundo, falseiam os
ou concreta.
seus resultados.
16) A situação do objeto e do sujeito é relativa, pois a
08) As representações científicas captam apenas um
fenomenologia é o retorno à isegoria dos gregos e ao
momento do ser no mundo.
“meio termo” de Aristóteles.
16) As representações científicas devem se ater so-
mente às coisas experimentadas no mundo, e não 13. (UFU 2018) Considere o seguinte trecho, extraído da
levar em consideração os dados da consciência. obra A náusea, do escritor e filósofo francês Jean Paul
Sartre (1889-1980).
11. (UEM) Um dos principais problemas de nosso tempo "O essencial é a contingência. O que quero dizer é que,
diz respeito à linguagem: seus limites, suas vinculações, por definição, a existência não é a necessidade. Existir
em suma, sua capacidade de traduzir em signos as coi- é simplesmente estar presente; os entes aparecem, dei-
sas. A esse respeito, o filósofo francês Merleau-Ponty xam que os encontremos, mas nunca podemos deduzi-
afirma: “A palavra, longe de ser um simples signo dos -los. Creio que há pessoas que compreenderam isso. Só
objetos e das significações, habita as coisas e veicula que tentaram superar essa contingência inventando um
significações. Naquele que fala, a palavra não traduz ser necessário e causa de si próprio. Ora, nenhum ser
um pensamento já feito, mas o realiza. E aquele que necessário pode explicar a existência: a contingência
escuta recebe, pela palavra, o próprio pensamento” não é uma ilusão, uma aparência que se pode dissipar;
(In: CHAUI, M. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 2011, p. 196). é o absoluto, por conseguinte, a gratuidade perfeita."
A partir do trecho citado, assinale a(s) alternativa(s) correta(s). SARTRE, Jean Paul. A Náusea. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1986.
01) A palavra torna real um pensamento por meio da Tradução de Rita Braga, citado por: MARCONDES, Danilo Marcondes.
Textos Básicos de Filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editora, 2000.
fala, conferindo-lhe existência.
02) A palavra não consegue expressar a totalidade do Nesse trecho, vemos uma exemplificação ou uma referên-
objeto enunciado. cia ao existencialismo sartriano que se apresenta como
04) A palavra, ouvida ou escrita, é o pensamento ma- a) recusa da noção de que tudo é contingente.
nifesto em sua realidade. b) fundamentado no conceito de angústia, que deriva
08) A palavra faz uma mediação entre as coisas e o da consciência de que tudo é contingente.
pensamento. c) denúncia da noção de má fé, que nos leva a admitir
16) A palavra vincula-se intimamente aos objetos re- a existência de um ser necessário para aplacar o sen-
ais, pois é parte do ser desse objeto. timento de angústia.
d) crítica à metafísica essencialista.
12. (UEM) “O pensamento moderno, não por objeção
frontal, mas pelo desenvolvimento do próprio saber, leva 14. (Upe-ssa 3 2018) Sobre a Liberdade Humana, anali-
a uma revisão das categorias clássicas, a uma reforma da se os textos a seguir:
ontologia clássica do sujeito e do objeto. O núcleo desse
desenvolvimento – que deve levar, por sua vez, a uma
nova filosofia – consiste na descoberta de que a situação,
seja do 'objeto', seja do 'sujeito', não é mais passível de
exclusão da trama do conhecimento. Dito de outra for-
ma: o objeto 'verdadeiro', aquele de que a ciência tra-
ta, não é mais aquele objeto absoluto de que falavam
os clássicos, mas se torna, intrinsecamente, relativo. Em
suma, não há mais um objeto puro, em si, um objeto tal
como o próprio Deus (isto é, um observador absoluto) o
veria. Também não há mais esse sujeito absoluto, aquele
que começava por afastar toda manifestação sensível,
isto é, que começava por afastar, correlativamente, seu
próprio corpo para colocar-se como puro espírito.”
(MOUTINHO, L. D. Merleau-Ponty: entre o corpo e a alma. In:
Antologia de textos filosóficos. Curitiba: SEEDPR, 2009, p. 494.)
Sobre a nova filosofia de que fala o texto, assinale o É o que traduzirei dizendo que o homem está conde-
que for correto. nado a ser livre. Condenado porque não se criou a si

156
próprio; e, no entanto, livre porque, uma vez lançado ao essa reprodução. Desse modo, o esclarecimento regride
mundo, é responsável por tudo quanto fizer. à mitologia da qual jamais soube escapar.
(SARTRE, Jean-Paul. O existencialismo é um ADORNO & HORKHEIMER. Dialética do esclarecimento.
Humanismo. São Paulo: 1973, p. 15.) Fragmentos filosóficos. Trad. Guido Antonio de Almeida.
Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1985. p.17; 21; 34.
Com base no pensamento filosófico de Sartre sobre a
liberdade, assinale a alternativa CORRETA. Com base no texto e nos conhecimentos sobre a crítica
à racionalidade instrumental e a relação entre mito e
a) O homem não é, senão o seu projeto, escolha e
esclarecimento em Adorno e Horkheimer, assinale a al-
compromisso.
ternativa correta.
b) O homem não está condenado à liberdade; ele tem
escolha. a) O mito revela uma constituição irracional, na medi-
da em que lhe é impossível apresentar uma explicação
c) O homem é livre sem escolha e sem compromisso.
convincente sobre o seu modo próprio de ser.
d) O homem é seu projeto responsável sem escolha.
b) A regressão do esclarecimento à mitologia revela um
e) O homem é responsável e livre sem escolha.
processo estratégico da razão, com o objetivo de am-
15. (UEM 2018) “Na percepção, sempre há algo perce- pliar e intensificar seus poderes explicativos.
bido: na fabricação de imagens, há algo representado c) A explicação da natureza, instaurada pela racio-
em imagens; na enunciação, há algo enunciado; no nalidade instrumental, pressupõe uma compreensão
amor, algo amado; no ódio, algo odiado; no desejo, algo holística, em que as partes são incorporadas, na sua
desejado; e assim por diante. É isso que se deve reter especificidade, ao todo.
de todos esses exemplos usados por Brentano quan- d) O esclarecimento implica a libertação humana da
do declarava: ‘Todo fenômeno [...] é caracterizado por submissão à natureza, atestada pelo poder racional de
aquilo que os escolásticos, na Idade Média, chamavam diagnosticar, prever e corrigir as limitações naturais.
inexistência intencional (ou mesmo mental) de um ob- e) O esclarecimento se caracteriza por uma explicação
jeto; é o que nós chamaremos – embora tenhamos que baseada no cálculo, do que resulta uma compreensão
usar expressões equívocas – de relação a um conteúdo, da natureza como algo a ser conhecido e dominado.
orientação para um objeto’. Há variedades essenciais e
específicas na relação intencional. Em suma: há varieda- 17. (ENEM PPL 2018) A maioria das necessidades comuns
des na intenção (que, para fazer apenas uma descrição, de descansar, distrair-se, comportar-se, amar e odiar o
consiste sempre em um ‘ato’). São diferentes o modo que os outros amam e odeiam pertence a essa categoria
como uma ‘simples imagem’ de um estado de coisas de falsas necessidades. Tais necessidades têm um conte-
visa ao seu objeto e o modo do juízo que considera ver- údo e uma função determinada por forças externas, so-
dadeiro ou falso o mesmo estado de coisas.” bre as quais o indivíduo não tem controle algum.
MARCUSE, H. A ideologia da sociedade industrial: o
(HUSSERL, Investigações lógicas. In: SAVIAN
homem unidimensional. Rio de Janeiro: Zahar, 1979.
FILHO, J. Filosofia e filosofias: existência e sentidos.
Belo Horizonte: Autêntica, 2016, p. 352). Segundo Marcuse, um dos pesquisadores da chamada
Escola de Frankfurt, tais forças externas são resultan-
De acordo com o texto acima, assinale o que for correto.
tes de
01) A essência ou ideia das coisas é o modo de ser
a) aspirações de cunho espiritual.
das coisas em sua autodoação à consciência.
02) Pode-se afirmar que Husserl é um filósofo da re- b) propósitos solidários de classes.
presentação. c) exposição cibernética crescente.
04) O termo ‘inexistência’, indicado acima, significa d) interesses de ordem socioeconômica.
‘existir dentro’. e) hegemonia do discurso médico-científico.
08) A intencionalidade é a unidade radical entre a
18. (ENEM) O conceito de democracia, no pensamento
consciência e o objeto.
de Habermas, é construído a partir de uma dimensão
16) O intelecto humano é como uma tábula rasa ou
procedimental, calcada no discurso e na deliberação.
folha em branco, na qual as impressões inscrevem
A legitimidade democrática exige que o processo de
dados.
tomada de decisões políticas ocorra a partir de uma
16. (UEL 2019) Leia o texto a seguir. ampla discussão pública, para somente então decidir.
O programa do esclarecimento era o desencantamento Assim, o caráter deliberativo corresponde a um proces-
do mundo. Sua meta era dissolver os mitos e substi- so coletivo de ponderação e análise, permeado pelo
tuir a imaginação pelo saber. [..] O mito converte-se em discurso, que antecede a decisão.
esclarecimento, e a natureza em mera objetividade. O VITALE. D. Jürgen Habermas, modernidade e democracia
preço que os homens pagam pelo aumento de poder é deliberativa. Cadernos do
CRH (UFBA), v. 19, 2006 (adaptado).
a alienação daquilo sobre o que exercem o poder. [...]
O conceito de democracia proposto por Jürgen Ha-
Quanto mais a maquinaria do pensamento subjuga o bermas pode favorecer processos de inclusão social.
que existe, tanto mais cegamente ela se contenta com De acordo com o texto, é uma condição para que isso

157
aconteça o(a) 20. (UEG) As histórias, resultado da ação e do discurso,
a) participação direta periódica do cidadão. revelam um agente, mas este agente não é autor nem
produtor. Alguém a iniciou e dela é o sujeito, na dupla
b) debate livre e racional entre cidadãos e Estado.
acepção da palavra, mas ninguém é seu autor.
c) interlocução entre os poderes governamentais.
ARENDT, Hannah. A condição humana. Apud SÁTIRO,
d) eleição de lideranças políticas com mandatos tem- A.; WUENSCH, A. M. Pensando melhor – iniciação
porários. ao filosofar. São Paulo: Saraiva, 2001. p. 24.
e) controle do poder político por cidadãos mais es- A filósofa alemã Hannah Arendt foi uma das mais re-
clarecidos. finadas pensadoras contemporâneas, refletindo sobre
19. (ENEM PPL) Na sociedade democrática, as opiniões eventos como a ascensão do nazismo, o Holocausto,
de cada um não são fortalezas ou castelos para que o papel histórico das massas etc. No trecho citado,
neles nos encerremos como forma de autoafirmação ela reflete sobre a importância da ação e do discur-
pessoal. Não só temos de ser capazes de exercer a ra- so como fomentadores do que chama de “negócios
zão em nossas argumentações, como também devemos humanos”. Nesse sentido, Arendt defende o seguinte
desenvolver a capacidade de ser convencidos pelas ponto de vista:
melhores razões. A partir dessa perspectiva, a verdade a) a condição humana atual não está condicionada
buscada é sempre um resultado, não ponto de partida: por ações anteriores, já que cada um é autor de sua
e essa busca inclui a conversação entre iguais, a polêmi- existência.
ca, o debate, a controvérsia. b) a necessidade do ser humano de ser autor e pro-
SAVATER, F. As perguntas da vida. São Paulo: dutor de ações históricas lhe tira a responsabilidade
Martins Fontes, 2001 (adaptado). sobre elas.
c) o agente de uma nova ação sempre age sob a influ-
A ideia de democracia presente no texto, baseada na ência de teias preexistentes de ações anteriores.
concepção de Habermas acerca do discurso, defende d) o produtor de novos discursos sempre precisa levar
que a verdade é um(a) em conta discursos anteriores para criar o seu.
a) alvo objetivo alcançável por cada pessoa, como
agente racional autônomo.
b) critério acima dos homens, de acordo com o qual
podemos julgar quais opiniões são as melhores.
c) construção da atividade racional de comunicação
entre os indivíduos, cujo resultado é um consenso.
d) produto da razão, que todo indivíduo traz latente
educativo.
e) resultado que se encontra mais desenvolvido nos
espíritos elevados, a quem cabe a tarefa de convencer
os outros.

158
SOCIOLOGIA

159
SOCIOLOGIA BRASILEIRA:
GILBERTO FREYRE

Gilberto Freyre
A casa-grande, recinto de propriedade dos senhores, abriga-
va alguns escravos selecionados para desenvolver afazeres
O sociólogo Gilberto Freyre foi um dos pioneiros das Ciên- domésticos. Essa relação conflituosa de opressor e oprimidos
cias Sociais no Brasil. Seus estudos revolucionaram a histo- gerava novas relações de poder entre os escravizados, carac-
riografia brasileira por analisar o cotidiano do povo a partir terizando uma desigualdade entre os próprios escravizados.
da tradição oral, além de diversos documentos, como ma- Aqueles que adentravam na casa-grande tinham um status
nuscritos e anúncios de jornais, fontes que, até o momento, diferenciado, como uma ilusória ascensão social.
não eram muito analisadas pelos estudiosos. Segundo Freyre, com a abolição da escravidão, a condição
material dos recém-libertos piorou substancialmente. Para
Freyre, a história social da casa-grande é a história íntima
de quase todo brasileiro, ou seja, com uma vida doméstica
conjugal sob o domínio de um patriarcado escravocrata e
polígamo.

Sua obra mais conhecida, Casa-Grande & Senzala, foi lan-


çada em 1933, concluindo que a mestiçagem do povo bra- A abordagem de Freyre esquematiza a relação conflituosa
sileiro não era uma um problema, como estudos anteriores e “velada” na constituição familiar e de seus agregados,
apontavam. Analisando o período colonial, o sociólogo ex- apontando seus vícios e pecados, destacando as relações
plica a formação social do Brasil, mediante a interação da sexuais que faziam parte do cotidiano da casa-grande, con-
casa-grande com a senzala. tribuindo para a formação de uma sociedade miscigenada.
Essa formação social foi consolidada pela estrutura colo- Salienta-se a concentração fundiária mediante casamentos
nial, com base em grandes propriedades fundiárias, mão arranjados, resultando na manutenção da estruturação seg-
de obra escrava e no patriarcado, conjunto com uma mes- mentar de algumas famílias.
cla cultural (europeus, africanos e indígenas) evidenciada Na visão de Gilberto Freyre a formação dessa sociedade mis-
nos hábitos dos indivíduos. cigenada seria a grande qualidade brasileira, pois, segundo
A casa-grande, representação física e simbólica dos senho- o autor, temos a formação de uma sociedade menos precon-
res e das elites coloniais, e a senzala, representação física ceituosa, por ser formada na mistura étnica entre diferentes
e simbólica dos escravizados, acabam por constituir a for- raças. Como conclusão de suas pesquisas, constrói-se a tese
mação da sociedade brasileira devido à grande interação em que aparece a característica diferencial da sociedade
sociocultural. brasileira dentro da América. Uma sociedade multirracial,
na qual o cruzamento étnico não ocorre como resultado de
uma violência física gerada na conquista, mas como proces-
so contínuo de negociação entre os grupos envolvidos.
Está aberto o caminho para a tese que vai ser veiculada
mundo afora: a da democracia racial brasileira. Tese na qual
se elogia o caráter mestiço da população como motivo de
orgulho, pois conquista social, em que se afirmam as quali-
dades igualitárias trazidas pela mistura de índios, negros e
brancos, e a construção de uma sociedade onde não haveria
racismo, pois a mistura étnica encontrara-se integrada den-
tro da própria família brasileira. A partir da década de 1950,
a tese de Gilberto Freyre passará a ser muito criticada.

160
SOCIOLOGIA BRASILEIRA:
CAIO PRADO JR. E SÉRGIO BUARQUE DE HOLANDA

Caio Prado Jr. (1907-1990) predominava um momento. A problemática social existen-


te no país é consequência de uma política de exploração
Formado em Direito e em Ciências Sociais, Caio Prado Jr., europeia, que tinha como principal objetivo abastecer o
direcionou seus estudos para a área da Economia Política. mercado da metrópole, relegando à colônia apenas uma
Com uma análise histórico-político-social da formação da pequena parcela desse processo econômico.
sociedade brasileira.

Sérgio Buarque de
Holanda (1902-1982)
Com formação histórica e jurídica, o paulista Sérgio Bu-
arque de Holanda começa a esboçar sua teoria sobre a
No ano de 1942, publica a Formação do Brasil Contem- formação cultural, econômica e social do Brasil.
porâneo, livro que tratará da evolução histórica brasileira,
tendo como início o período colonial, a fim de apresentar
as estruturas sociais do país. Para Caio Prado Jr. o povo
passa por um processo de evolução, que necessariamente
têm um sentido de ser.
Dessa maneira, o sentido da colonização brasileira precisa
ser compreendido dentro de três séculos de atividade de
exploração, contendo elementos de dominação por parte
dos países europeus a partir do século XV. Isso quer di-
zer que os fatos históricos possuem enorme influência na
formação desse povo. Diante disso, não podendo dissociar
esses elementos para compreender a realidade atual.
Assim, o objetivo de Caio Prado Jr. era conhecer o Brasil
para mudá-lo. Segundo o autor, o país nunca foi um país
subdesenvolvido ou em desenvolvimento; mas é um país
rico e pobre, desenvolvido e atrasado, dependendo do ciclo
econômico de cada período histórico.
Seguindo essa lógica, o Brasil não passou por ciclos econô- Com forte influência de Max Weber, o pensamento de Sér-
micos bem definidos historicamente (ciclo do pau-Brasil, ci- gio Buarque de Holanda, um dos membros da geração de
clo açucareiro, ciclo do café, etc.). O que se passou foi uma 1930, pretende interpretar a identidade e singularidade do
superposição de fases econômicas, tendo um produto que povo brasileiro.

161
Raízes do Brasil Entretanto, essa cordialidade, não tem relação com o modo
cortês, mas sim pela forma flexível de se adaptar e tentar
Nessa obra publicada em 1936, Sérgio Buarque destaca as vantagens em certas situações. Diante dessa característica,
características que o povo brasileiro herda de suas influên- o brasileiro tem uma enorme dificuldade de discernir o pú-
cias ibéricas (Portugal e Espanha), como o ruralismo e o pa- blico do privado, misturando constantemente essas duas
triarcalismo, que acabaram criando um comportamento de esferas. Com isso, essas ações interferem na transição para
predomínio dos interesses privados sobre a esfera pública. a urbanização dessa sociedade.

O brasileiro, consequência desses costumes, é descrito Dessa maneira, Raízes do Brasil apresenta as ideias we-
como um “homem cordial”, ou seja, é um sujeito que berianas diante de uma série de contraposições, como o
age pelo coração e pelo sentimento, preferindo relações racional e o cordial, o pessoal e o impessoal, salientandoo
sociais mais flexíveis ao invés de cumprir as leis objetivas conceito de Weber de patrimonialismo para descrever as
e imparciais. relações politicamente promíscuas entre o Estado, os go-
vernos e as classes dominantes no Brasil.

SOCIOLOGIA BRASILEIRA:
FLORESTAN FERNANDES (1920-1995)

A influência da dialética marxista permeará durante todo o


seu trabalho, principalmente quando busca compreender
a formação do povo brasileiro e, em especial, a formação
da população da cidade de São Paulo. Para Fernandes, a
análise sociológica considera as classes como estruturas
sociais variáveis no tempo, registrando o aparecimento e a
repetição de situações sociais que provocam o crescimento
e a perpetuação das formas de atuação dessas mesmas
classes. Com essa interpretação, ele traz o marxismo para a
sociologia brasileira adequado à leitura da estrutura social.

Mundo dos Brancos ×


Mundo dos Negros
O sociólogo brasileiro é considerado como o fundador da Para o sociólogo, a desigualdade social no Brasil converte-
Sociologia Crítica no Brasil. Tendo uma origem pobre na -se numa desigualdade étnico-social, onde se observa e se
cidade de São Paulo, Florestan larga os estudos para auxi- preserva um racismo velado na sociedade. De modo que a
liar na renda familiar, se dedicando ao trabalho, ainda na sociedade brasileira se formará mediante a miscigenação
infância. Com dificuldade consegue terminar os estudos já das diferentes etnias, sendo feita de forma violenta e sob
com mais idade. o controle de um grupo social, aquele de origem europeia.
Continua sua trajetória acadêmica ingressando na Univer- Surgindo assim um mundo dos brancos, cercado de rega-
sidade de São Paulo em 1941, no curso de Ciências Sociais. lias históricas, como a concentração fundiária, o acúmulo
Em 1951 doutorou-se. Na década de 1960, assumiu como e o acesso ao conhecimento e formação das próprias leis
titular da cadeira de Sociologia na mesma instituição. O sociais.
título de sua tese é “A integração do negro na sociedade
de classes”, um tema que permanecerá ao longo de seus O mundo dos negros, por sua vez, é caracterizado por uma
limitação do seu espaço social, dificuldades de acesso à in-
estudos acadêmicos.
formação e à educação, sofrendo uma desvalorização dos
ritos e da própria formação social.
A influência de Marx
Florestan Fernandes sofrerá forte influência do pensamento
de Marx, principalmente da concepção de luta de classes.

162
SOCIOLOGIA BRASILEIRA:
DARCY RIBEIRO E HERBERT DE SOUZA

Darcy Ribeiro (1922-1997) A militância a favor da


educação e dos indígenas
Militante fervoroso, defendeu a causa dos índios no país, au-
xiliando parte do planejamento para a construção do Parque
Indígena do Xingu, com os irmãos Villas-Bôas. Também se
voltou para a educação, fundando a Universidade de Brasília
(UnB), como fruto de um projeto diferenciado onde havia a
divisão entre institutos centrais e faculdades.
Seus trabalhos se limitam ao campo da Etnologia, da Antro-
pologia e da Educação.

Herbert de Souza -
O sociólogo Darcy Ribeiro é um dos exemplos de que só
Betinho (1935-1997)
analisar a realidade não é o bastante, é preciso vivenciá-la, A sociologia sempre pautou pela análise e possível mudan-
para assim saber apontar e realizar transformações. ça da sociedade. Vivendo num país onde a desigualdade
social é gritante aos olhos o sociólogo brasileiro Herbert
Nascido em Minas Gerais, Darcy Ribeiro preocupou-se em en-
José de Souza, o Betinho, não se limitou só a documentar
tender a origem do povo brasileiro, procurando compreender
essa situação, mas tratou de modificá-lo. Foi um dos princi-
os primeiros agrupamentos sociais que habitaram o território
pais ativistas pelos direitos humanos no Brasil.
brasileiro: os indígenas. Ribeiro analisou as misturas culturais,
como os contatos entre europeus, africanos, asiáticos e nati-
vos. Com base nesses estudos, escreveu sua maior obra, inti-
tulada O Povo Brasileiro, publicada em 1995.
Nessa obra, o sociólogo afirma que essa mistura de raças do
povo brasileiro foi sustentada por quatro pilares:
§ as matrizes que compuseram o nosso povo;
§ as proporções que essa mistura tomou o país;
§ as condições ambientais em que ela ocorreu e;
§ os objetivos de vida e produção assumidos por cada Inconformado com as desigualdades e injustiças, Betinho
uma dessas matrizes. desenvolveu diversas ações práticas, com o intuito de trans-
formar a realidade a sua volta. Herdou da mãe a hemofilia,
A esses pilares se somam três forças: a ecologia, a economia
e, em 1986, descobriu ter contraído o vírus da AIDS em uma
e a imigração. Ele sustenta que somos muito mais marcados
transfusão sanguínea.
hoje pelas nossas semelhanças do que pelas diferenças. Sur-
Fundou, em 1986, a ABIA (Associação Brasileira Interdiscipli-
gia assim no Brasil uma estrutura social totalmente inédita,
nar de AIDS), uma organização não governamental sem fins
cuja economia era baseada no escravismo e no mercantilis-
lucrativos, para orientar os portadores da doença e mobilizar
mo, que se constituiu pela supressão de qualquer identidade
a sociedade para enfrentar a epidemia da AIDS no Brasil.
étnica discrepante da do conquistador, através do etnocídio
Seu trabalho mais importante foi a “Ação da Cidadania con-
e do genocídio, cuja ideologia era sustentada pela igreja.
tra a Fome, a Miséria e pela Vida”, em 1993, que formou
Diante disso, a formação do brasileiro se desenvolve no uma imensa rede de mobilização de alcance nacional, com
conflito, que sempre é mascarado. O autor apresenta diver- o intuito de ajudar os brasileiros que estavam abaixo da li-
sos exemplos desses conflitos, como Canudos e Palmares. nha da pobreza, que na época registravam 32 milhões de
Isso só caracteriza a política de extermínio que existe nesses pessoas.
conflitos, de modo que, não existe a possibilidade da tolerân- O legado do sociólogo segue atuante na sociedade, demons-
cia étnica; e nem mesmo a tolerância no espaço geográfico, trando a fragilidade e incompetência do Estado perante seus
desencadeando mortes ao longo de nossa história. cidadãos.

163
SOCIOLOGIA BRASILEIRA: ROBERTO DAMATTA

O antropólogo brasileiro Roberto Augusto DaMatta dedi- Para DaMatta, a sociedade brasileira é frequentemente ins-
ca sua obra a estudar os dilemas e as contradições sociais tituída por essas relações, consolidando uma contradição
do Brasil. constante na formação social brasileira. A sociedade brasi-
leira tem aspectos extremamente autoritários, hierarquiza-
dos e violentos, mas tem também a busca de um mundo
harmônico, democrático e não conflitivo. No mundo da
casa, reina a paz e harmonia, enquanto no mundo da rua
os indivíduos lutam pela vida. E, nesse espaço público, sur-
ge o elemento do malandro, que será aquele sujeito que
sabe das regras oficiais, mas faz as suas próprias regras
sociais, beirando as normas já conhecidas. Essa relação
bipolar aparece constantemente nessa sociedade, condi-
cionando normas de condutas para os integrantes dessa
sociedade.

O Carnaval
Em sua análise, o antropólogo aborda duas espécies de su-
jeito, o indivíduo e a pessoa, que desencadeiam dois tipos Segundo Roberto DaMatta, o carnaval é o espaço onde os
de espaço social, a casa e a rua. Sendo que nesse instante o múltiplos da realidade acontecem; porém, esse espaço é
brasileiro acaba por vivenciar um dilema, desencadeado pela diferente do cotidiano, pois possuem suas próprias regras,
oscilação entre as duas unidades sociais distintas, que são: sendo organizados por uma nova lógica organizacional. O
ritual contido no espaço carnavalesco se mescla com a di-
Sujeito que respeita as leis universais e
Indivíduo cotomia Privado x Público, porque contém vários aspectos
igualitárias.
Sujeito que desenvolve as relações sociais da ordem pública, com desfiles e grupos formalizados e
que conduzem as dimensões de uma hierar- organizados, conjunto com uma certa desordem e liberda-
Pessoa
quização do sistema, pautada na lógica dos de. Essa mistura é permitida numa fusão dos dois espaços
privilégios e status social. em um só, acontecendo uma libertação de qualquer tipo
de repressão.
Com essa duplicidade, o brasileiro tem dificuldade em sa-
ber se é indivíduo ou pessoa, pois no primeiro caso existe Assim, o carnaval torna-se um lugar de questionamento
a respeitabilidade das regras e no segundo surge o jeito das normas, do padrão. No passado, a festa carnavalesca
malandro de ser, que adapta as regras. Esse chamado “jeiti- questionava temas como a nudez e a sensualidade, e atu-
nho brasileiro” tão conhecido, que afeta diretamente o par- almente as temáticas apresentadas nas festividades carna-
ticular. No âmbito coletivo, surge a relação do privado e do valescas versam sobre o racismo, as desigualdades sociais.
público, qual o temos o conceito de Casa e Rua.
O carnaval se tornou um símbolo da alegria do povo bra-
Privado Público sileiro, tendo também características de uma fuga da rea-
Casa Rua lidade. Aqui, notamos que essa festa popular é frequente-
Regras válidas Regras não valem mente criticada, por proporcionar ao sujeito um processo
Punições Não tem punições de alienação; entretanto, torna-se também um espaço de
Segregação Integração transformação dos padrões da sociedade.
Valorização Desvalorização

164
MODERNIDADE LÍQUIDA: ZYGMUNT BAUMAN

Zygmunt Bauman (1925-2017) Entretanto, inserido nessa nova conjuntura social, o indivíduo
se eleva diante o coletivo, salientando a fluidez do contato
O sociólogo polonês Zygmunt Bauman, um dos expoentes social, trazendo uma sensação de liberdade. Só que essa li-
da “sociologia humanística”, uma área da sociologia que berdade não gera um estado de satisfação.
estuda os seres humanos como compositores de valores, Influenciado pelas teorias de Marx, mas também pela psica-
desenvolve reflexões sobre a era contemporânea, debru- nálise de Freud, Bauman salienta que o ser humano almeja
çando-se sobre a sociedade do consumo, as relações afeti- a felicidade, só que é uma felicidade individual, o que não
vas e a globalização. garante necessariamente uma satisfação plena. Um dos pro-
blemas é que o indivíduo pode perder a identificação com o
grupo social no qual está inserido, pois só o que têm impor-
tância são as suas necessidades, a sua figura, e não mais o
grupo social.
Diante desse cenário, o sociólogo evidencia que o futuro
se torna incerto, pois o sentimento é que se deve viver o
presente, voltando-se exclusivamente para si. Seguindo essa
fórmula, o ser humano mergulha numa ausência de pers-
pectiva, gerando uma angústia. Pois essa incerteza afeta
drasticamente as relações sociais, que não são valorizadas,
e o indivíduo não consegue suportar essa indiferença, provo-
cada por ele de forma inconsciente e pelos outros indivídu-
os. Como consequência dessa angústia, nota-se o aumento
constante do uso de antidepressivos para afastar, de modo
artificial, a sensação de angústia e tristeza.
As novas relações sociais se consolidam nos moldes das re-
A relação social líquida lações das redes sociais, onde a conexão e a desconexão são
As formas da vida contemporânea se caracterizam pelo feitas sem muito critérios e cada vez mais rápido.
uso excessivo de tecnologias, e por uma sociabilidade que Esse processo de liquidez está inserido nos pilares da socie-
se perfaz com laços frágeis, temporários e inconstantes. dade, adentrando na família, política, economia e na segu-
rança. Onde tudo se torna fugaz, perdendo a sua concretude.
Num movimento de valorização do particular e do indivi-
De modo que, tudo que envolve o homem, até o próprio ser
dualismo exacerbado, as relações sociais se esvaem num
humano, tornou-se efêmero, sem valor significativo.
ritmo frenético.

O MEIO AMBIENTE COMO PROBLEMA SOCIAL

Anthony Giddens (1938)


O sociólogo inglês Anthony Giddens é um dos mais desta-
cados pensadores da atualidade. Sua teoria é fundada na
estruturação social, buscando transcender o dualismo mar-
xista. Para Giddens, os estudos da Sociologia se fundam
nas práticas sociais ordenadas no espaço e no tempo, não
se concentrando na ação individual, como pretende Weber,
e nem nas totalidades sociais, como pensava Durkheim.

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O desencanto com a razão iluminista Ulrich Beck (1944-2015)
Para Giddens, vivemos num momento histórico que radicali-
O sociólogo alemão Ulrich Beck analisou as mudanças nas
zouas consequências da modernidade, pois a racionalidade,
últimas décadas do século XX, constatando a formação de
propagada pelos ideais iluministas, não condiciona os ho- uma sociedade de risco.
mens para o domínio da natureza e da própria sociedade.
De modo que não podemos mais confiar plenamente nos
ideais do iluminismo francês, que depositava somente na
razão o poder de resolver todos os problemas da huma-
nidade.
A razão carrega consigo elementos de desordem que es-
cravizam os homens. Assim, a modernidade apresenta uma
característica de duplicidade, podendo, ao mesmo tempo,
criar uma estrutura que possibilita inúmeras oportunidades
no campo científico, como a criação de novos maquinários
para a facilidade humana, mas também produzir conse-
quências degradantes para o indivíduo, como a exploração
do trabalho, o autoritarismo e as guerras.
Nesse sentido, é possível questionar o próprio processo
científico e sua credibilidade. O sociólogo aponta para o
perigo das fake news, que são produções baseadas no pro- O sociólogo defende a ideia de que a modernidade passa
cesso científico sem a existência de nenhum crivo científico por um momento de ruptura histórica, ou seja, caracteri-
e que vêm gerando a aceitação das notícias divulgadas zando a passagem para a pós-modernidade, de modo que
sem nenhum questionamento prévio. a sociedade está num processo de reconfiguração social e
tecnológica.
A Teoria da Estrutura, apresentada por Giddens, pretende
entender como as práticas sociais se mantêm estáveis e Trata-se da mudança da sociedade industrial clássica, fo-
como essas práticas são reproduzidas. Dessa forma, a roti- mentada pela produção e distribuição de bens produzidos,
na dos hábitos humanos precisa ser analisada, salientando para uma sociedade de risco, onde a produção de riscos
como essas práticas também proporcionam uma duplicida- domina a lógica da produção de bens.
de: algo positivo e outro negativo. Em outras palavras, os bens coletivos não estão mais ga-
A rotina (tudo que é feito habitualmente) constitui um rantidos porque a produção social das riquezas é acompa-
elemento básico da atividade social cotidiana [...]. A na- nhada pela produção de riscos sociais e ambientais. Essa
tureza repetitiva de atividades empreendidas de maneira sociedade é caracterizada pela incerteza, já que alguns de-
idêntica dia após dia é a base material do que eu chamo sastres ambientais podem acontecer pela forma acelerada
de “caráter recursivo” da vida social. [...] A rotinização de extração de bens naturais.
é vital para os mecanismos psicológicos por meio dos
quais um senso de confiança ou segurança ontológica é
sustentado nas atividades cotidianas da vida social. Sociedade de risco
Contida primordialmente na consciência prática, a rotina Devido ao uso insustentável da água e do solo, criados
introduz uma cunha entre o conteúdo potencialmente pela própria ação humana, surgem diversos tipos de riscos,
explosivo do inconsciente e a monitoração reflexiva da
ação que os agentes exigem.
como deslizamentos de encostas com soterramentos, de-
sertificação progressiva de muitas regiões e esgotamento
GIDDENS, Anthony.
A Constituição da sociedade, 1984, p. 25 de solos, risco de resíduos nucleares, assoreamento de rios
e águas pluviais, enchentes, entre outros tipos de aconte-
Na sociedade contemporânea predominam riscos inten-
cimentos.
sificados e produzidos pela humanidade. Seguindo uma
estrutura de transformação do espaço, o ser humano vem Segundo o sociólogo Beck, a sociedade de risco compre-
alterando a natureza numa velocidade assustadora. A par- ende um mundo de incertezas fabricadas pelo uso da tec-
tir do século XX, o aumento da produção e o estímulo ao nologia acelerada, produzindo um novo cenário de risco
consumo em massa provocaram grandes desequilíbrios so- global, de incertezas não quantificáveis. Nesse instante,
ciais e ambientais, resultados de uma construção da ideia Beck desenvolve uma crítica ao progresso tecnológico,
de“progresso”.

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que, buscando somente a acumulação do lucro, omite-se Essa problemática socioambiental vem desencadeando
perante os graves problemas ambientais e sociais que gera. várias ações políticas e sociais no mundo todo, com mani-
Pois, com base no avanço científico, diversas transforma- festações, passeatas e protestos a favor do clima, pedindo
ções ambientais estão se concretizando nesse momento. pela intervenção de líderes governamentais para conter o
avanço das mudanças climáticas no planeta. Como exem-
Assim, Beck critica a ideia de determinismo da racionalida-
plo desses protestos na atualidade, destaca-se o ativismo
de científica perante a sociedade na produção de verdades.
juvenil da sueca Greta Ernman Thunberg.

Como exemplo dos possíveis desastres envolvidos na ló-


gica da sociedade de risco, temos o caso do rompimento
da barragem de Brumadinho, em Minas Gerais. A barra- A imagem destaca a iniciativa de Greta Thunberg de pro-
gem de rejeitos, classificada como “baixo risco”, mas com testar fora do prédio do parlamento sueco em 2018, aos
“alto potencial de danos”, tinha o respaldo de tecnologias 15 anos de idade, exigindo mais ações dos políticos para
para monitoramento e extração de minérios da região. En- aliviar as mudanças climáticas. Essa ação ocorreu depois
tretanto, apesar de todo o aparato tecnológico, ocorreu o de ondas de calor e incêndios na Suécia.
rompimento, que causou 259 mortos e 11 desaparecidos. Após esse protesto solitário, emergiram diversas manifesta-
A problemática sociológica levantada por Beck é o ques- ções, lideradas por jovens no mundo todo a favor da causa
tionamento de quantos riscos a sociedade vivenciará se climática. Com a utilização de mídias sociais, como o Twitter,
continuarmos negligenciando as possibilidades de grandes esses movimentos alcançaram propagações instantâneas.
desastres envolvidas na maneira como a lógica econômica Em 25 de março de 2019, ocorreram diversas passeatas pelo
está estabelecida. clima na Europa, com milhares de jovens reunidos.

AS NOVAS FORMAS DE COMUNICAÇÃO E TECNOLOGIA:


PIERRY LÉVY

Pierry Lévy (1956) sem precisar da burocracia das mídias tradicionais, como as
edições de papel, tal qual os jornais e revistas.
O sociólogo franco-tunisiano é um dos maiores estudiosos
do universo da internet, principalmente na área da ciberné-
tica e da inteligência artificial.
Segundo Lévy, a tecnologia tem um papel fundamental na
vida humana do século XXI, afetando a comunicação, a
economia e a própria cultura das sociedades. Para o so-
ciólogo, esse sujeito do século XXI está no momento da
globalização da informação e da desmaterialização dos
suportes da informação. Isso significa que as pessoas têm
acesso a uma variedade infinita de informações em grande
velocidade. Para Lévy, essa difusão das informações na in-
ternet ocorre de uma maneira mais democrática e inclusiva,

167
Inteligência coletiva Não podemos pensar que o ser humano pensa sozinho, ele
pensa numa rede intrincada de coisas, palavras, equipa-
O termo inteligência coletiva, cunhado por Pierre Lévy, re- mentos, sons e outras pessoas.
presenta um princípio no qual as inteligências individuais
são somadas e compartilhadas por toda a sociedade, sen- Cibercultur@
do potencializadas com o surgimento de novas tecnolo- O conceito de cibercultura, segundo Levy, é um movimento
gias, como a internet. Com isso, desencadeia um compar- que gera novas formas de comunicação, com a criação de
tilhamento da memória, da imaginação e da percepção, novos valores e novos comportamentos.
e mediante isso vai resultar numa aprendizagem coletiva. Para o sociólogo, a cibercultura é a herdeira legítima do Ilu-
Diante disso, as informações são cruzadas e selecionadas minismo, por difundir valores como fraternidade, igualdade
por uma pessoa, gerando um ecossistema. e liberdade. Com isso, a rede da internet é um instrumento
de comunicação que auxilia os membros dessa comunida-
Por razão de cada um poder gerar uma árvore de conheci-
de. Desencadeando um progresso da democracia, a cha-
mento, não podemos subjugar ninguém, seja por seu em-
mada ciberdemocracia, com uma maior transparência, as
prego ou condição social. Dessa maneira, todos os seres
pessoas terão maior oportunidade de participar.
são inteligentes e possuem seus conhecimentos. Assim,
segundo Levy, a inteligência coletiva seria uma forma do Entretanto, para que a ciberdemocracia seja realmente
homem pensar e compartilhar seus conhecimentos com válida, é necessário o desenvolvimento da educação, me-
outras pessoas utilizando a tecnologia, como a internet. lhorando a humanidade, num combate à pobreza e com a
facilitação do acesso ao universo da internet.

AS NOVAS FORMAS DE COMUNICAÇÃO E TECNOLOGIA:


MANUEL CASTELLS
Manuel Castells (1942) gia impõe ao indivíduo, que obsoletiza todos os materiais em
detrimentos de outros, as redes sociais digitais configuram-
O sociólogo espanhol Manuel Castells Oliván é considerado -se como pólos de resistências, por apresentarem elementos
o principal analista da era da informação e das sociedades de esperança e de indignação para os seres em rede.
conectadas em rede, observando as transformações sociais
do final do século XX e as primeiras décadas do século XXI.
Castells investiga os efeitos da informação sobre a econo-
mia, a cultura e a sociedade em geral. Ele estuda a confi-
guração da sociedade dependente do acesso à internet e
aos dispositivos móveis, denominada pelo sociólogo como
“sociedade em rede”. Trata-se de uma sociedade que viven-
cia uma realidade virtual, afetando a forma da economia, da
tecnologia e a própria informação.

Redes de indignação e esperança


Existem novas formas de comunicações nessa “sociedade As novas formas de trabalho
em rede”, de modo que surgem novos caminhos para uma
autonomia comunicacional atingindo mais indivíduos. Um Para Castells, nessa nova modalidade de sociedade, as
exemplo dessa autonomia comunicacional podemos obser- formas de trabalho se modificam. As relações de trabalho
var nas redes sociais digitais, que orientam ações deliberadas apresentam uma instabilidade, propagando vínculos par-
e amplamente desimpedidas, reconfigurando os atos dos ciais e temporários, ocasionada por uma efemeridade das
movimentos sociais atualmente. próprias relações humanas oriundas do “modus operan-
dis” da internet.
De modo que, os movimentos sociais conseguem dissipar
suas ações e novas formas de lutas sociais com uma enorme Com isso, compreendemos o poder dessa “rede”, que des-
velocidade. Sendo uma resposta a velocidade que a tecnolo- constrói o poder estatal e altera o mundo do trabalho.

168
A sociedade informacional U.T.I - Sala
A Finlândia é um bom exemplo de uma sociedade informa-
1. (UNIOESTE 2019) O filósofo francês, Michel Foucault,
cional, pois privilegia um bem-estar social. A relação entre ao iniciar os estudos sobre arquitetura hospitalar na
o Estado e a sociedade surge numa distribuição homogé- segunda metade do século XVIII, percebeu que grande
nea dos benefícios advindos das tecnologias de informa- parte dos projetos arquitetônicos tinham como caracte-
ção e comunicação por toda a sua população. A identidade rística uma centralização do olhar voltada para indivídu-
do povo finlandês está consolidada mediante uma com- os, corpos e coisas. Segundo Foucault, os modelos arqui-
tetônicos seguiam os princípios formulados por Jeremy
preensão Estado e indivíduo, em promover as relações com
Bentham em sua obra “O Panopticon”, publicada no final
setores público e privado. do século XVIII. Foucault encontrou o mesmo princípio
Isso ocorre, porque as novas tecnologias permitem uma do panopticon na arquitetura das escolas, nos hospitais
coordenação diferenciada conforme a capacidade de infor- e, sobretudo, nos grandes projetos prisionais do início do
século XIX. Em 1975, ele retoma o tema em sua obra “Vi-
mação e de comunicação.
giar e Punir”, quando se refere ao tema da tecnologia de
poder e o da vigilância no sistema prisional.
Sobre o panopticon, é CORRETO afirmar.
a) O princípio arquitetônico prisional do panopticon
segue a lógica da masmorra, cuja função é trancar e
privar o preso da luz solar.
b) No princípio arquitetônico prisional do panopticon,
as celas não são trancadas e permitem ao preso a
liberdade de contato com outros presos sem que seja
vigiado.
c) O princípio do panopticon é baseado na privaci-
dade do preso e na invisibilidade de suas ações. O
detento nunca é vigiado em sua cela.
d) O modelo arquitetônico prisional do panopticon
necessita de muitos vigilantes e o custo do sistema é
muito alto para ser mantido pelo Estado.
e) O modelo arquitetônico prisional do panopticon
foi pensado como um espaço fechado em forma de
círculo, com uma torre no centro. Todos os movimen-
tos das celas são controlados e registrados por um
sistema de vigilância ininterrupto.

2. (UFPR 2020) Considere o seguinte excerto da obra O


povo brasileiro, do antropólogo Darcy Ribeiro:
A classe dominante empresarial-burocrático-eclesiásti-
ca, embora exercendo-se como agente de sua própria
prosperidade, atuou também, subsidiariamente, como
reitora do processo de formação do povo brasileiro. So-
mos, tal qual somos, pela forma que ela imprimiu em
nós, ao nos configurar, segundo correspondia a sua cul-
tura e a seus interesses. Inclusive, reduzindo o que seria
o povo brasileiro, como entidade cívica e política, a uma
oferta de mão de obra servil. Foi sempre nada menos
que prodigiosa a capacidade dessa classe dominante
para recrutar, desfazer e reformar gentes aos milhões.
Isso foi feito no curso de um empreendimento econô-
mico secular, o mais próspero de seu tempo, em que o
objetivo jamais foi criar um povo autônomo, mas cujo
resultado principal foi fazer surgir como entidade étni-
ca e configuração cultural um povo novo, destribalizan-
do índios, desafricanizando negros e deseuropeizando
brancos. Ao desgarrá-los de suas matrizes, para cruzá-
-los racialmente e transfigurá-los culturalmente, o que
se estava fazendo era gestar a nós brasileiros tal qual

169
fomos e somos em essência. Uma classe dominante de c) são exemplos de protestos que promovem a desor-
caráter consular-gerencial, socialmente irresponsável, dem social e põem em risco os direitos e a cidadania
frente a um povo-massa tratado como escravaria, que conquistados historicamente pela sociedade.
produz o que não consome e só se exerce culturalmen- d) ao se constituírem, atuam aleatoriamente, sem
te como uma marginália, fora da civilização letrada em foco nem direção, apenas movidos pela ideia da mo-
que está imerso. bilização.
(RIBEIRO, Darcy. O povo brasileiro: a formação e o sentido
do Brasil. São Paulo: Cia das Letras, 1995. p.178-179.) 4. (UECE 2019) Atente para o enunciado a seguir:
“O Movimento dos Trabalhadores Sem Terra – MST – é
Levando em consideração a hipótese do autor, em re- um dos mais importantes movimentos sociais do Brasil,
lação à formação da sociedade brasileira, às dinâmicas
tendo como foco as questões do trabalhador do campo,
sociais e às formas de dominação, é correto afirmar:
principalmente no tocante à luta pela reforma agrária
a) O fortalecimento das elites empresarial, burocrática e brasileira”.
eclesiástica se deu num processo de correlação de forças
que visaram, num processo histórico de longa duração, Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/mst.htm.
a constituir um domínio econômico, a partir do qual as No que diz respeito ao conceito de “movimentos so-
classes inferiores, por não disporem de poder e capital, ciais”, é correto afirmar que são
foram alijadas do processo de dominação.
b) A igreja teve papel central na organização da vida co- a) ações coletivas de segmentos socialmente orga-
lonial e imprimiu um sentido sagrado à dominação por nizados que têm como objetivo alcançar mudanças
longo tempo. Sua importância em relação à burocracia sociais por meio do embate político, dentro de uma
civil e às elites econômicas no Brasil foi de tal maneira determinada sociedade e de um contexto específico.
preponderante, que a Inquisição se fez presente como b) expressões individuais dos sujeitos em seus coti-
forma de manutenção da ordem e do domínio dos portu- dianos na busca de realização de seus desejos e so-
gueses sobre nativos indígenas e escravos africanos. nhos a serem alcançados no mercado de trabalho e
c) As mudanças sociais que ocorreram no Brasil desde no reconhecimento de seus méritos pelo Estado.
sua colonização produziram um tipo de dominação se- c) organizações governamentais com o objetivo de
cular, que associou as elites empresarial, burocrática e mobilizar setores da população para fazerem valer
eclesiástica a um processo civilizacional intimamente os direitos sociais e civis, tendo como referências o
associado a um estado de barbárie, em que as camadas acesso a serviços que reconheçam a plena cidadania.
subalternas sempre cumpriram um papel marginal no d) organizações de interesse público mantidas por
seu processo emancipação e esclarecimento. meio de fundos públicos com o objetivo de cooperar
d) O objetivo principal da cúpula patricial, toda ela oriun- na organização das instituições privadas da socieda-
da da metrópole, era formar uma sociedade que fosse de, em parceria com os governos.
capaz de contribuir com a expansão dos limites territo-
riais da Coroa Portuguesa. Em contrapartida, essas po- 5. (ENEM PPL) Penso, pois, que o Carnaval põe o Brasil
pulações nativas teriam o direito ao reconhecimento da de ponta-cabeça. Num país onde a liberdade é privilé-
cidadania lusitana. gio de uns poucos e é sempre lida por seu lado legal e
cívico, a festa abre nossa vida a uma liberdade sensu-
e) O autor frisa que, apesar da dominação severa, ain-
al, nisso que o mundo burguês chama de libertinagem.
da assim havia algum senso de solidariedade por parte
Dando livre passagem ao corpo, o Carnaval destitui
das elites empresarial, burocrática e eclesiástica, sendo
posicionamentos sociais fixos e rígidos, permitindo a
esses três grupos sociais responsáveis pela colonização
“fantasia”, que inventa novas identidades e dá uma
do Brasil e possibilitando que camadas sociais inferiores,
enorme elasticidade a todos os papéis sociais regu-
o povo, as massas, participassem da construção do país,
ladores.
de sua cultura e de sua unidade como “povo brasileiro”.
DAMATTA, R. O que o Carnaval diz do Brasil.
3. (UECE 2019) Os movimentos sociais revelam ações Disponível em: http://revistaepoca.globo.com. Acesso em: 29 fev. 2012.
presentes nas sociedades democráticas e são expressão
Ressaltando os seus aspectos simbólicos, a abordagem
da organização e luta da sociedade civil. Atuam cole-
apresentada associa o Carnaval ao(à)
tivamente na afirmação de direitos e na resistência à
exclusão social. a) inversão de regras e rotinas estabelecidas.
Considerando a afirmação acima, é correto dizer que os b) reprodução das hierarquias de poder existentes.
movimentos sociais c) submissão das classes populares ao poder das elites.
d) proibição da expressão coletiva dos anseios de
a) foram criados pelo Estado como meio de colaborar
cada grupo.
com a administração dos governos e de suas propos-
tas políticas. e) consagração dos aspectos autoritários da socieda-
de brasileira.
b) são importantes para a sociedade civil porque, por
meio deles, direitos de cidadania são conquistados e
a democracia é fortalecida.

170
6. (UEM) “Constata-se que, no Brasil, o transporte de d) a materialização da oposição popular ao trabalho
massa mais comum é o automóvel, sendo até mesmo e ao imperialismo europeu, como característica de re-
exclusivo em alguns casos, em detrimento de todas as sistência de classe.
outras formas de condução pública. Com efeito, a vio- 8. (UEM) “A cada minuto que passa, novas pessoas
lência nas ruas e no trânsito tornou-se mais palpável passam a acessar a Internet, novos computadores são
na medida em que elegemos formas individualizadas interconectados, novas informações são injetadas na
e pessoais de circulação motorizada, em pleno descaso rede. Quanto mais o ciberespaço se amplia, mais ele
pelo transporte público ou coletivo, sem a preocupa- se torna ‘universal’, e menos o mundo informacional se
ção simultânea de tornar seus usuários obedientes às torna totalizável. O universo da cibercultura não possui
regras que esse tipo de mobilidade determina e sem nem centro nem linha diretriz. É vazio, sem conteúdo
qualquer discussão mais aprofundada no sentido de particular. Ou antes, ele os aceita todos, pois se con-
atualizar as normas que gerenciam o movimento de ve- centra em colocar em contato um ponto qualquer com
ículos e pessoas na sociedade brasileira.” qualquer outro, seja qual for a carga semântica das en-
(DAMATTA, Roberto. Fé em Deus e pé na tábua ou Como e por que o tidades relacionadas.”
Brasil. Rio de Janeiro: Rocco, 2010, p.17 e 18).
trânsito enlouquece no (LEVY, P. Cibercultura. São Paulo: Ed. 34, 1999, p. 113)
Considerando o texto citado e conhecimentos sobre as Considerando as recentes contribuições da sociologia
relações entre indivíduo e sociedade no Brasil, assinale da comunicação sobre o tema da cultura midiática e o
o que for correto. trecho citado, assinale o que for correto.
01) A expansão da indústria automobilística e a 01) O ciberespaço suprime as particularidades cultu-
crescente inserção dos automóveis na vida urbana rais e as desigualdades sociais, ao organizar de modo
brasileira, a partir da década de 1950, ocorreram si- imparcial as informações que são distribuídas em um
multaneamente à renovação da malha ferroviária do nível planetário.
país e à valorização de equipamentos já amplamente 02) A internet é responsável pelos atuais problemas
utilizados para a mobilidade nas cidades, tais como educacionais, pois aliena os estudantes ao torná-los
bondes e bicicletas. receptores passivos de informações fragmentadas e
02) Acidentes de trânsito não podem ser considera- imprecisas sobre a vida social.
dos expressões da violência urbana, pois são resulta- 04) O conceito de cibercultura pode ser utilizado para
do de situações de risco que extrapolam a capacidade descrever o aparecimento de novos modos de ser e
de prevenção e de previsão das ações humanas. de pensar que produzem mudanças cognitivas e so-
04) O predomínio de formas individualizadas de ciais por meio da interação virtual.
mobilidade em nossa paisagem urbana evidencia a 08) Ainda que inserida na indústria cultural, a internet
persistência de relações hierarquizadas de convívio tem o potencial de democratizar o acesso ao conhe-
social, marcadas por profundas diferenças sociais en- cimento por meio da criação de novos espaços de
tre os indivíduos. produção, troca e difusão de informações.
08) A partir de uma perspectiva sociológica, a deso- 16) O ciberespaço representa uma mudança tecnoló-
bediência às regras de trânsito pode ser interpreta- gica e não cultural, pois altera os modos de organizar
da como um comportamento coletivo e não apenas e distribuir a informação e não os modos de produção
como resultado de impulsos ou decisões pessoais. do conhecimento.
16) Aprender a dirigir pode ser considerado um pro-
cesso de socialização no qual o indivíduo internaliza 9. (ENEM (Libras)) Esse sistema tecnológico, em que
e externaliza formas de condutas nas ruas que, em estamos totalmente imersos na aurora do século XXI,
grande medida, reproduzem os modos sociais de con- surgiu nos anos 1970. Assim, o microprocessador, o
vivência já existentes no espaço público. principal dispositivo de difusão da microeletrônica, foi
inventado em 1971 e começou a ser difundido em me-
7. (UFU) Dentre as várias interpretações sobre a brasili-
ados dos anos 1970. O microcomputador foi inventado
dade, destaca-se aquela que atribui a nós, brasileiros, os
em 1975, e o primeiro produto comercial de sucesso, o
recursos do jeitinho, da cordialidade e da malandragem.
Apple II, foi introduzido em abril de 1977, por volta da
De acordo com as leituras weberianas aplicadas à reali- mesma época em que a Microsoft começava a produzir
dade brasileira (por autores tais como: Sérgio Buarque sistemas operacionais para microcomputadores.
de Hollanda, Gilberto Freyre, Roberto Damatta), a ma-
landragem significaria CASTELLS, M. A sociedade em rede: a era da informação.
São Paulo: Paz e Terra, 1999 (adaptado).
a) a manifestação prática do processo de miscigena-
ção que combinou elementos genéticos pouco incli- A mudança técnica descrita permitiu o surgimento de
nados ao trabalho. uma nova forma de organização do espaço produtivo
b) a consagração do fracasso nacional representado global, marcada pelo(a)
pela incapacidade de desenvolver formas capitalistas a) primazia do setor secundário.
de relações sociais. b) contração da demanda energética.
c) a inovação de um estilo especial de se resolver os c) conectividade dos agentes econômicos.
próprios problemas, que tem sua origem nas tradi-
d) enfraquecimento dos centros de gestão.
ções ibéricas.
e) regulamentação das relações de trabalho.

171
10. (ENEM PPL) Os movimentos sociais do século XXI, 12. (UNIOESTE) “Na segunda metade do século XX, a
ações coletivas deliberadas que visam à transforma- tendência à superação das ideias racistas permitiu que
ção de valores e instituições da sociedade, manifes- diferentes povos e culturas fossem percebidos a partir
tam-se na e pela internet. O mesmo pode ser dito do de suas especificidades. Grupos de negros pressiona-
movimento ambiental, o movimento das mulheres, ram pela adoção de medidas legais que garantissem a
vários movimentos pelos direitos humanos, movimen- eles igualdade de condições e combatessem a segre-
tos de identidade étnica, movimentos religiosos, mo- gação racial. Chegamos então ao ponto em que nos
vimentos nacionalistas e dos defensores/proponentes encontramos, tendo que tirar o atraso de décadas de
de uma lista infindável de projetos culturais e causas descaso por assuntos referentes à África”.
políticas. Marina de Mello e Souza. A descoberta da África.
RHBN, ano 4, n. 38, novembro de 2008, p.72-75.
CASTELLS, M. A galáxia da internet: reflexões sobre a internet,
os negócios e a sociedade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2003.
A partir deste texto e do conhecimento da sociologia
De acordo com o texto, a população engajada em pro- a respeito da questão racial em nosso país, é possível
cessos políticos pode utilizar a rede mundial de compu- afirma que
tadores como recurso para mobilização, pois a internet a) autores como Gilberto Freyre, Florestan Fernandes,
caracteriza-se por Fernando Henrique Cardoso, Darcy Ribeiro, entre ou-
a) diminuir a insegurança do sistema eleitoral. tros tantos autores, são importantes por chamarem a
atenção do país para o papel dos negros na constru-
b) reforçar a possibilidade de maior participação qua-
ção do Brasil e da brasilidade, e as formas de exclusão
lificada.
explícitas e implícitas que sofreram.
c) garantir o controle das informações geradas nas
b) apesar de relevante a luta contra o preconceito
mobilizações.
racial, o estudo da África só diria respeito ao conheci-
d) incrementar o engajamento cívico para além das mento do passado, do período do Descobrimento do
fronteiras locais. Brasil até a abolição da escravidão entre nós.
e) ampliar a participação pela solução da escassez de c) estudar a África só nos indicaria a captura e a es-
tempo dos cidadãos. cravidão de diferentes povos africanos, tendo em vis-
11. (ENEM) O sociólogo espanhol Manuel Castells sus- ta que raça e o racismo são categorias ideológicas as
tenta que “a comunicação de valores e a mobilização quais servem para encobrir as fortes tensões sociais
em torno do sentido são fundamentais. Os movimen- existentes entre a imensa classe de pobres e o seu
tos culturais (entendidos como movimentos que têm oposto a dos ricos.
como objetivo defender ou propor modos próprios de d) a autora quer dizer que devemos hoje operar cada
vida e sentido) constroem-se em torno de sistemas de vez mais com categorias tais como a especificidade
comunicação – essencialmente a internet e os meios da raça negra, da raça branca, da raça amarela e ou-
de comunicação – porque esta é a principal via que tras mais.
esses movimentos encontram para chegar àquelas e) nenhuma das alternativas está correta.
pessoas que podem eventualmente partilhar os seus
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
valores, e a partir daqui atuar na consciência da socie-
dade no seu conjunto”.
Leia a charge a seguir e responda à(s) questão(ões).
Disponível em: www.compolitica.org.
Acesso em: 2 mar. 2012 (adaptado).

Em 2011, após uma forte mobilização popular via redes


sociais, houve a queda do governo de Hosni Mubarak,
no Egito. Esse evento ratifica o argumento de que
a) a internet atribui verdadeiros valores culturais aos
seus usuários.
b) a consciência das sociedades foi estabelecida com
o advento da internet.
c) a revolução tecnológica tem como principal objeti-
vo a deposição de governantes antidemocráticos.
d) os recursos tecnológicos estão a serviço dos 13. (UEL 2018) Na figura, o “fim da linha” é também
opressores e do fortalecimento de suas práticas uma metáfora para interpretações como aquelas que
políticas. defendem que a sociedade atual encontra-se no “fim
da história”, tese popularizada por Francis Fukuyama,
e) os sistemas de comunicação são mecanismos im-
ou diante do “fim das utopias”, formulada por autores
portantes de adesão e compartilhamento de valores
como Anthony Giddens e Zigmunt Baumann. Este deba-
sociais.
te teórico e social coloca no centro da reflexão temas
como modernidade, mudanças e movimentos sociais.

172
Sobre o contexto sociopolítico e os fundamentos pre- a) Sociedade do espetáculo, devido à falta de profundi-
sentes nesse debate, assinale a alternativa correta. dade da vida humana.
a) Os protestos coletivos urbanos, a partir dos anos 1990, b) Sociedade infeliz, devido à transformação do homem
em coisa.
quando ocorrem, demonstram ser uma ferramenta polí-
tica empregada primordialmente pelos indivíduos mais c) Sociedade do consumo, uma vez que as pessoas pas-
sam a ser definidas pelo que compram.
pobres e menos escolarizadas.
d) Modernidade líquida, devido às formas fluídas de
b) Os novos movimentos sociais têm apresentado como
existência humana.
grandes traços a heterogeneidade dos atores envolvidos,
e) Pós-modernidade, devido às transformações geradas
a valorização das adesões individuais e as alianças pontu-
pela internet.
ais independentes do pertencimento de classe.
c) O liberalismo econômico é o referencial teórico dos 16. (UNIOESTE) Os estudos realizados por Michel Fou-
movimentos contra a globalização, revelando a descrença cault (1926-1984) apresentam interfaces que corrobo-
geral com os grandes projetos inspirados nos ideais socia- ram para estudos em diversas áreas de conhecimento,
listas e o fim das grandes narrativas. entre as quais a Filosofia, Ciências Sociais, Pedagogia,
d) Para teóricos do “fim da linha” ou do “fim da história”, Psiquiatria, Medicina e Direito. Em 1975, Foucault publi-
a pós-modernidade está marcada pela ausência de pers- cou a obra “Vigiar e Punir: história da violência das pri-
pectivas para superar a cristalização de valores, práticas sões”, na qual propunha uma nova concepção de poder,
e projetos sociais defendidos na época da modernidade. a qual abandonava alguns postulados que marcaram
e) O “fim da linha” é o reconhecimento de que os valores a posição tradicional da esquerda do período. Sobre a
criados pela modernidade foram cumpridos, restando às concepção de poder foucaultiana, é CORRETO afirmar.
novas gerações, garanti-los sem alterações significativas. a) Só exerce poder quem o possui, por se tratar de um
privilégio adquirido pela classe dominante que detém o
14. (ENEM PPL) Tendo se livrado do entulho do maqui- poder econômico.
nário volumoso e das enormes equipes de fábrica, o ca- b) O poder está centralizado na figura do Estado e está
pital viaja leve, apenas com a bagagem de mão, pasta, localizado no próprio aparelho de Estado, que é o ins-
computador portátil e telefone celular. O novo atribu- trumento privilegiado do poder.
to da volatilidade fez de todo compromisso, especial- c) Todo poder está subordinado a um modo de produ-
mente do compromisso estável, algo ao mesmo tempo ção e a uma infraestrutura, pois o modo como a vida
redundante e pouco inteligente: seu estabelecimento econômica é organizada determina a política.
paralisaria o movimento e fugiria da desejada compe- d) O poder tem como essência dividir os que possuem
titividade, reduzindo a priori as opções que poderiam poder (classe dominante) daqueles que não têm poder
levar ao aumento da produtividade. (classe dos dominados).
BAUMAN, Z. Modernidade líquida. Rio de Janeiro: Zahar, 2001. e) O poder não remete diretamente a uma estrutura po-
lítica, ao uso da força ou a uma classe dominante: as re-
No texto, faz-se referência a um processo de transfor-
lações de poder são móveis e só podem existir quando
mação do mundo produtivo cuja consequência é o(a)
os sujeitos são livres e há possibilidade de resistência.
a) regulamentação de leis trabalhistas mais rígidas.
b) fragilização das relações hierárquicas de trabalho. 17. (UNIOESTE) Em seu texto, O Enfraquecimento da So-
c) decréscimo do número de funcionários das empresas. ciedade Civil, Michael Hardt salienta que na obra de Mi-
d) incentivo ao investimento de longos planos de carreiras. chel Foucault, a intermediação institucional que define a
e) desvalorização dos postos de gerenciamento corpora- relação entre sociedade civil e Estado aparece em uma
tivo. funcionalidade totalmente projetada para fins autoritá-
rios e antidemocráticos. Foucault se refere às múltiplas
15. (INTERBITS) A internet opera preferencialmente formas de organização e produção de forças sociais pelo
com a escrita, a escrita curta e imediata. A velocidade Estado que impedem que forças pluralistas e interesses
de escrita e de leitura está relacionada à agitação mais da sociedade civil se sobressaiam sobre o Estado.
ou menos alucinada da vida cotidiana, estimulada pelas Tendo em vista essa intermediação entre Estado e so-
tecnologias comunicacionais. A sociedade mediatizada ciedade civil, assinale a alternativa que corresponda à
não é uma sociedade feliz; ao contrário, é uma socie- concepção foucaultiana de Estado.
dade da compulsão, da cobrança invisível, dos apelos a) Na concepção de Foucault, o Estado é considerado a
permanentes de estar conectado, pois, caso contrário, a fonte central das relações de poder na sociedade, cujo
pessoa estará "morta". controle exerce através da máquina burocrática.
Ciro Marcondes Filho. Entrevista. In: IHU On-line. b) Segundo Michel Foucault, o poder está limitado ape-
09 abr. 2011. Adaptado. Disponível em: <http://bit. nas ao âmbito do Estado, portanto, ele reconhece um
ly/RGR7Xg>. Acesso em 06 nov. 2012.
distanciamento teórico entre Estado e sociedade civil.
Alguns sociólogos desenvolveram conceitos que nos c) Para Michel Foucault, o Estado não detém o mono-
ajudam a compreender o contexto apresentado no tex- pólio legítimo da força. Nesse sentido, podemos dizer
to acima. Um desses pensadores, Zygmunt Bauman, de- que o monopólio da força não é a condição necessária
fine esse tipo de contexto como sendo uma: para a existência do Estado.

173
d) Michel Foucault prefere usar o termo Governo em possuir direito sobre aquilo que produz e se constitui
lugar de Estado para indicar a multiplicidade e a ima- somente em mercadoria, ele se aliena do fruto de seu
nência pluralista das forças de estatização no interior trabalho e se “coisifica”. A escravidão leva ao limite
do campo social. Para Foucault, a sociedade civil está essa transformação do homem em coisa.
fundada na disciplina e na normatização. b) A escravidão causou efeitos perniciosos para a cons-
e) Segundo Foucault, na sociedade disciplinar, há ape- tituição da própria sociedade brasileira. Isso porque
nas Estado, pois ele pode ser concretamente isolado e possibilitou, entre outras coisas, a existência do racis-
contrastado num plano separado da sociedade civil. O mo, que se mantém até hoje.
exercício do poder dá-se por intermédio de dispositivos c) A discriminação racial não existe mais no Brasil. Uma
de poder organizados na sociedade civil. vez que o Brasil já está em um regime democrático e
a escravidão foi abolida há mais de cem anos, as ba-
18. (UNIMONTES) Entre as décadas de 1920 e 1940, ses sociais que sustentavam essa discriminação já não
foram publicados alguns dos mais instigantes estudos existem mais.
sobre a formação da sociedade brasileira, que perma-
d) Não se pode compreender a constituição do Brasil
necem sendo objeto de leituras críticas e de debate até sem ter em consideração o período colonial e a impor-
hoje pelos cientistas sociais. Esses estudos podem ser tância do escravo negro para a cultura brasileira. Ape-
caracterizados como ensaios de interpretação do Brasil, sar de ter sofrido brutalmente durante esse período, o
pois apresentam discussões sobre as instituições políti- negro vindo da África trouxe consigo diversos elemen-
cas, as classes sociais, a produção econômica, o passa- tos culturais que, posteriormente, foram incorporados à
do, o espaço rural e o espaço urbano, as tensões entre o “cultura brasileira”.
tradicional e o moderno, e, finalmente, sugeriram uma
e) A escravidão ainda existe no Brasil. Ainda que não
série de impasses e possibilidades para o presente e
seja institucionalizada, ainda existem pessoas traba-
o futuro da sociedade brasileira. Sobre esses estudos,
lhando de maneira forçada e em condições desumanas
relacione as colunas, fazendo a correspondência entre
no país. Não por acaso, diversas associações e empre-
autor e respectiva obra.
sas são signatárias de um Pacto Nacional pela Erradi-
1. Mário de Andrade ( ) Raízes do Brasil cação do Trabalho Escravo no Brasil.
2. Sérgio Buarque de Holanda ( ) Casa-grande & senzala 20. (UDESC 2019) Leia o trecho a seguir:
3. Caio Prado Jr. ( ) Macunaíma “Não existe democracia racial efetiva, onde o inter-
4. Gilberto Freyre ( ) Evolução política do Brasil câmbio entre indivíduos pertencentes a ‘raças’ distintas
começa e termina no plano da tolerância convenciona-
A sequência CORRETA é lizada. Esta pode satisfazer as exigências do bom-tom,
a) 3, 1, 2, 4. de um discutível espírito cristão e da necessidade práti-
b) 2, 1, 3, 4. ca de ‘manter cada um no seu lugar’. Contudo, ela não
c) 2, 4, 1, 3. aproxima realmente os homens senão na base da mera
coexistência no mesmo espaço social e, onde isso che-
d) 1, 3, 4, 2.
ga a acontecer, da convivência restritiva, regulada por
19. (INTERBITS) O principal, e pior, impacto da escravidão um código que consagra a desigualdade, disfarçando-a
seria o de negar ao trabalhador sua humanidade. Reduzi- e justificando-a acima dos princípios de integração da
ria o homem à sua “mais simples expressão, pouco senão ordem social democrática”.
nada mais que o irracional”, já que para o empreendi- Florestan Fernandes, 1960.
mento colonial interessaria dele “o ato física apenas, com
exclusão de qualquer outro elemento ou concurso moral. Florestan Fernandes se refere à ideia de “democracia
A ‘animalidade’ do Homem, não a sua ‘humanidade’”. É racial” que, durante um período, foi considerada cons-
difícil imaginar algo mais brutal. [...] titutiva da identidade nacional brasileira. Esta tese era
caracterizada por:
Caio Prado nota também que, em razão da escravidão,
“existiu sempre um forte preconceito discriminador de a) pressupor uma miscigenação harmoniosa entre os
raças” no Brasil. Considera, portanto, que esse preconcei- diferentes grupos étnicos constitutivos da nação bra-
to não tem motivos biológicos, mas históricos e sociais. sileira.
b) apregoar que representantes de todos os grupos
RICUPERO, B. Sete lições sobre as interpretações do Brasil.
2ª ed. São Paulo: Alameda, 2008, p. 144-145. étnicos deveriam ter representatividade política em
âmbito legislativo.
O texto acima, de Bernardo Ricupero, apresenta uma c) promover a denúncia de práticas racistas contra ne-
explicação da forma como Caio Prado Jr. compreende gros, mulheres e indígenas.
os efeitos da escravidão para a constituição da socieda-
d) reivindicar a instauração de processos e eventuais
de brasileira. Tendo em conta essa abordagem, assinale
julgamentos dos responsáveis pelo processo de fave-
a alternativa incorreta:
lização nas grandes capitais brasileiras, a partir de fins
a) A noção de que a escravidão destitui o homem da do século XIX.
sua humanidade está relacionada ao conceito marxista e) defender as candidaturas plurirraciais nos processos
de alienação. Na medida em que o homem deixa de eleitorais, pós 1964.

174
GEOGRAFIA 1

175
TRANSPORTES: MATRIZ DE TRANSPORTES,
RODOVIAS, FERROVIAS E PORTOS

Rodovias § Aperfeiçoamento dos instrumentos de navegação e


de combustíveis.
§ A consolidação do transporte rodoviário ocorreu com o § 70% da mercadorias são transportadas por navios.
desenvolvimento da indústria automobilística.
§ No Brasil, o setor portuário movimenta anualmente cer-
§ Envolve altos custos (se comparado ao transporte hi- ca de 700 milhões de toneladas de mercadorias.
droviário e ferroviário) no frete, decorrente do preço do
combustível e da manutenção periódica dos veículos e § Apresenta os menores custos para o transporte de carga.
das vias terrestres. § O Brasil possui 37 portos entre marítimos e fluviais.

Hidrovias Críticas ao transporte


§ É o transporte com menos participação na matriz de público no Brasil
transportes do Brasil. § Passagens caras.
§ Justifica-se a falta de investimento em hidrovias em fun- § Baixa qualidade dos serviços prestados.
ção dos muitos rios de planalto, que exigem obras de
correção para facilitar o transporte, e que os rios de pla- § Insuficiência na rede (estações e terminais).
nície estão afastados dos grandes centros econômicos. § Más condições de manutenção e conservação.
§ Na década de 1980, com a criação do Mercosul, houve
a exigência da implantação de mais hidrovias para a Ferrovias
integração do Cone Sul.
§ Baixo custo por tonelada transportada.
§ Principais hidrovias: Tietê-Paraná, São Francisco e Amazônas.
§ O transporte ferroviário no Brasil foi predominante até

Transporte marinho e portos


o final do século XIX.
§ A partir dos anos de 1950, a maior parte da rede foi
desativada e sucateada.
§ Inovações tecnológicas a partir da Primeira Guerra Mundial;
§ Privatização na década de 1990.
§ Embarcações especializadas.

URBANIZAÇÃO
§ O processo de urbanização ocorreu no início do capita- § Melhores condições sanitárias.
lismo comercial, intensificando-se, sobretudo, após as
§ Fácil acesso aos produtos, bens de consumo e serviços.
revoluções industriais.
§ Maior interação cultural.
§ Corresponde à modernização dos aglomerados urbanos, do-
tando-os de infraestrutura, ao mesmo tempo que concentra
as atividades industriais e comerciais no espaço da cidades; Fatores repulsivos
§ O crescimento das cidades vincula-se às atividades in- § Inchaço urbano.
dustriais e comerciais. § Baixos salários.

Fatores atrativos associados § Violência.


ao processo de urbanização § Escassez de moradias.
§ Maior oferta de emprego. § Poluição.

176
Hierarquia urbana Configuração interna das
§ As cidades podem ser classificadas em diferentes níveis cidades brasileiras
hierárquicos de influência socioeconômica. As maiores
aglomerações urbanas exercem uma polarização so- § A cidade é palco das interações sociais com o espaço.
bre as menores, formando um sistema integrado. No § Contraditoriamente, é lugar do encontro e do desen-
Centro-Sul do país, essa rede é mais densa e existem contro com seus condomínios fechados e shoppings
cidades em todos os níveis hierárquicos. centers, onde o espaço está segregado.
§ Para delimitar essas áreas de influência, o IBGE consi-
dera o fluxo de consumidores que utilizam o comércio
e os serviços públicos e privados no interior da rede e
mapeia a rede de transportes entre os municípios e os
principais destinos das pessoas que buscam produtos e
serviços fora do seu município de origem.

§ Desvalorização dos espaços tradicionais de convivência.


§ O automóvel reforçou a fragmentação.
§ Especulação imobiliária que agrava o deficit de habita-
ções para as classes populares.
§ Aumento das favelas, cortiços, loteamentos clandesti-
nos e movimentos sociais organizados de ocupação de
espaços urbanos ociosos.

URBANIZAÇÃO NO BRASIL

As primeiras cidades 1. Do século XIV ao início do XX:

§ urbanização na fase agroexportadora;


§ Historicamente, a formação dos núcleos urbanos foi o
primeiro modelo de ocupação do espaço colonial, vincu- § principais núcleos urbanos inseridos no contexto ter-
lada à função que as cidades tinham no interior do proje- ritorial na forma de “arquipélago” ou “ilhas” desarti-
to de dominação colonial implantado pelos portugueses. culadas entre si e todas ligadas à metrópole colonial;
§ Concentravam-se nas regiões litorâneas para facilitar o § Recife e Salvador se destacavam como entrepostos do
escoamento dos produtos e riquezas exploradas. comércio do algodão e do açúcar;
§ Obedecia o relevo natural, provocando um traçado § no século XVIII, cresceram as vilas de Minas Gerais e
desordenado. Goiás devido à mineração de ouro e pedras preciosas;
§ Podemos estabelecer uma periodização histórica para § na segunda metade do século XX, a economia cafe-
o desenvolvimento das cidades brasileiras a partir do eira impulsionou o crescimento das cidades do Rio de
perfil da economia nacional desde o período colonial, Janeiro, do Vale do Paraíba, de Santos e de São Paulo.
quando os aglomerados urbanos se distinguiam em
povoados, freguesias, vilas e cidades, de acordo com a
condição territorial, populacional e administrativa.

177
2. Do início do século XX até meados dos anos 1940:
§ a urbanização se concentra nos núcleos da região Sudeste, São Paulo e Rio de Janeiro;
§ fase da modernização da economia e criação de laços entre as economias regionais;
§ mudanças sociais com o crescimento da massa do operariado urbano;
§ expansão e instalação de redes de infraestrutura (rodovias, ferrovias, energia e saneamento), dando um conteúdo mais
técnico ao território;
§ implantação de indústrias de base;
§ subordinação das demais regiões com o Sudeste, levando à estagnação ou redução da população de várias cidades.

3. Pós-Segunda Guerra Mundial:

§ as grandes cidades tornaram-se o meio técnico aptos para receber as inovações tecnológicas;
§ atuação de empresas transnacionais;
§ São Paulo e Rio de Janeiro se consolidam como os centros mais importantes na economia e das finanças e se articulam
com outras regiões;
§ forte concentração urbana regional em capitais como Porto Alegre, Curitiba e Belo Horizonte;
§ crescente metropolização;

§ interiorização da urbanização proporcionada pela construção de Brasília;


§ integração da Amazônia ensejada pelo Estado e por empresários estrangeiros e nacionais que diversificou seu quadro urbano;
§ maior crescimento de cidade com médias a partir dos anos de 1980;
§ conurbação;
§ em 1973, o Congresso Nacional aprova lei que cria as regiões metropolitanas;
§ RIDE (regiões integradas de desenvolvimento).
178
Problemas de urbanização
§ Periferização.
§ Desemprego.
§ Favelas e cortiços.
§ Loteamentos populares.
§ Enchentes.
§ Violência.
§ Gentrificação.

https://www1.folha.uol.com.br/infograficos/2013/11/78700-censo-das-favelas-ibge.shtml
http://www.ocotidiano.com.br/2013/11/censo-das-favelas-ibge.html

FONTES DE ENERGIA

Fontes primárias a energia cinética da rotação em energia elétrica, a


partir da construção das hidrelétricas, onde o curso
§ É toda forma de energia disponível na natureza antes do rio é bloqueado por uma barragem, criando um
de ser convertida ou transformada, ou seja, é a energia grande lago artificial que serve para armazenar água
contida nos combustíveis crus (petróleo), a energia so- e controlar a vazão.
lar, eólica, entre outras. Quando é transformada, torna-
-se energia secundária (eletricidade, calor etc.).
§ Quando à natureza, aliada ou não a intervenção do ho-
mem, consegue repor esses recursos em curto período
de tempo, essas fontes primárias de energia são con-
sideradas renováveis, como o carvão vegetal. Quan-
do a reposição não pode ser feita em tempo hábil, os
recursos são considerados não renováveis, como o
petróleo e o carvão mineral.

Hidrelétricas Dentro de uma usina hidrelétrica

§ A maior parte da energia elétrica no mundo é obtida Embora seja considerada renovável, seu impacto ambien-
por meio da rotação de uma turbina, que converte tal é considerado grande, pois além das áreas inundáveis

179
provocarem impactos imprevisíveis no microclima das regi-
ões, as árvores submersas pela barragem são decompostas
Petróleo
anaerobicamente, liberando gás metano e aumentando o § O petróleo se caracteriza por ser uma energia não re-
efeito estufa. novável pelo descompasso entre seu lento processo de
Existem ainda os impactos sociais às populações próximas formação e seu crescente consumo.
das barragens. Atingidas direta e concretamente através do § Esse hidrocarboneto foi formado pelo soterramen-
alagamento de suas propriedades, casas, áreas produtivas to de materiais de origem animal e vegetal que,
e até cidades, também sofrem os impactos indiretos como isolada do oxigênio do ar, foi lentamente sendo de-
a perda de laços comunitários, separação de comunidades composta por bactérias anaeróbicas, gerando uma
e famílias, destruição de igrejas, capelas, escolas, entre mistura de substâncias.
outras instituições que guardam a cultura e a história de
comunidades inteiras, principalmente comunidades tradi-
cionais.

Termoelétricas
§ Países que não dispõem de recursos suficientes para
a obtenção de energia, como muitos países europeus,
costumam utilizar usinas termoelétricas, onde a rotação
das turbinas é feita pela alta pressão de vapor d’água,
obtido pela queima de carvão, óleo ou biomassa.
https://escolaeducacao.com.br/combustiveis-fosseis/

§ A gasolina é um dos derivados do petróleo e seu uso


como combustível é muito difundido no mundo.
§ A indústria petroquímica tem no petróleo a matéria-
-prima bruta para a fabricação de plásticos, tintas, me-
dicamentos e ferramentas.
https://www.engquimicasantossp.com.br/2015/06/
usinas-termoeletricas-energia-combustao.html

Eólica
§ Nesse tipo de usina, o movimento de rotação das turbi-
nas é promovido pelo vento.
§ No Brasil, é crescente o número dessas torres com
imensas pás, que alcançam mais de 20 metros de com-
primento. Biodigestores
§ Apesar de ser uma fonte reconhecida como limpa, sua § A existência do biogás é conhecida pelo menos des-
eficiência é pequena e depende de ventos constantes e de 1806, quando o químico inglês Humphry Davy
com velocidade adequada. identificou um gás rico em carbono e CO2 que re-
§ O impacto ambiental está ligado a sua estética, a co- sultava da decomposição de dejetos animais em
lisão de aves e ao ruído gerado pela rotação das pás. lugares úmidos.
§ Com o passar dos anos, vários estudos e experiências
desenvolveram dois modelos principais de biodigestor:
o chinês, mais simples e econômico, e o indiano, mais
técnico e sofisticado.
§ Os biodigestores são equipamentos de fabricação rela-
tivamente simples, que possibilita o reaproveitamento
de detritos para gerar gás e adubo, também chamados
de biogás e biofertilizantes.

180
http://www.usp.br/portalbiossistemas/?p=7972

§ Para o uso de biodigestores, assim como a retomada de técnicas tradicionais para aumentar a autonomia energética de
uma sociedade, é preciso investimento no desenvolvimento de pesquisas na área técnica e na área social, bem como o
diálogo entre ambas as produções, para estimular a a agricultura através dos biocompostos, reduzindo perdas de trans-
missão, gerando autonomia energética e know-how tecnológico.

REGIÃO NORTE: AMAZÔNIA

Regionalizações principais Região Norte – Relevo


Depressões
§ Região Norte. Depressão da Amazônia
ocidental
Depressão marginal
norte-amazônica
§ Amazônia brasileira. Depressão marginal
sul-amazônica
Depressão

§ Amazônia internacional. do Araguaia


Depressão
Depressões do Tocantins

Amazônia Legal e Internacional Depressão da Amazônia


ocidental
Depressão marginal
Planaltos
Planaltos residuais
norte-amazônicos
norte-amazônica
Planaltos residuais
Depressão marginal
sul-amazônicos
sul-amazônica
Planaltos da Amazônia
Depressão oriental
do Araguaia Planaltos e chapadas da
Depressão bacia do Parnaíba
do Tocantins
Depressões
Planícies
Depressão da Amazônia
ocidental
Planaltos Planície do
rio Amazonas
Depressão marginal Planaltos residuais
norte-amazônicos Planície do
norte-amazônica rio Araguaia
Depressão marginal Planaltos residuais Planície e pantanal do
sul-amazônica sul-amazônicos rio Guaporé
Depressão Planaltos da Amazônia Planície e tabuleiros
do Araguaia oriental litorâneos

Depressão Planaltos e chapadas da


do Tocantins bacia do Parnaíba

Depressões Planaltos Planícies


Depressão da Amazônia Planaltos residuais Planície do
ocidental norte-amazônicos rio Amazonas
Depressão marginal Planaltos residuais Planície do
norte-amazônica sul-amazônicos rio Araguaia
Depressão marginal Planície e pantanal do
Planaltos da Amazônia
sul-amazônica rio Guaporé
oriental
Depressão Planaltos e chapadas da Planície e tabuleiros
do Araguaia bacia do Parnaíba litorâneos
http://pportalparamazonia.blogspot.com/2016/01/ Depressão
do Tocantins
amazonia-legal-e-internacional.html Planícies
Planaltos Planície do
rio Amazonas
Planaltos residuais
http:// . . /2018/03/relevo-e-solo-da-amazonia.html
Relevo
www klimanaturali Planície do
org
norte-amazônicos
rio Araguaia
Planaltos residuais
Planície e pantanal do
sul-amazônicos
rio Guaporé

Hidrografia
Planaltos da Amazônia Planície e tabuleiros
oriental litorâneos
§ Predomínio de baixas altitudes. Planaltos e chapadas da
bacia do Parnaíba

§ Área mais elevada ao norte – planalto das Guianas. Planícies

§ Planície amazônica. § Bacia Amazônica: maior potencial hidrelétrico.


Planície do
rio Amazonas
Planície do

§ Sul: estrutura complexa de relevo (chapadas e pla- § Igarapés


rio Araguaia
(caminho da canoa): grande importância para
Planície e pantanal do

naltos residuais). a navegação


rio Guaporé
Planície e tabuleiros local.
litorâneos

181
Clima § Plano de Integração Nacional (PIN).
§ Projetos de mineração.
§ Predominância de clima equatorial § Arco do desmatamento: Leste do Pará, Maranhão, To-
1. Chuvas abundantes e bem distribuídas ao longo do ano. cantins, Mato Grosso e Rondônia.

2. Médias térmicas em torno de 26 ºC.

Clima Equatorial (2.892 mm)

Arco do desmatamento ou fronteira agrícola

Características populacionais
§ Rápido crescimento demográfico (período de 1970 -
2010), superando as médias nacionais.
Climograma da Região Norte, município de Uaupés, AM. § Processo migratório para região: sobretudo de con-
tingentes populacionais oriundos da região nordeste
Vegetação e sul.
§ Predominância de população jovem.
§ Floresta Amazônica (vegetação de grande porte).
§ Grande expansão de novos centros urbanos (além de
§ Perfil relevo-vegetação na bacia amazônica: novos municípios); crescimento das cidades médias.
1. Matas de terra firme;

2. Matas de inundação: Atividades econômicas


§ Igapó – área muito encharcada (inundação permanente). § Extrativismo – Látex (produção de borracha).
§ Mata de Várzea – Inundadas apenas em alguns períodos § Expansão da pecuária.
do ano.
§ Grande extração mineral.
§ Agronegócio da soja.

Impactos ambientais
§ Construção hidrelétricas.

Perfil do Rio Amazonas com suas respectivas vegetações § Desmatamento e poluição provocados pela mineração,
https://www.estudokids.com.br/floresta-amazonica/ pecuária e o cultivo de soja.

Dinâmica política e social


§ Preocupação pela região representar um grande “vazio
demográfico”.
§ Zona Franca de Manaus.

182
REGIÃO NORDESTE

Subdivisões: § É a subregião mais populosa do nordeste.


§ Zona da mata. § Muitas capitais estão concentradas nessa sub-região:
§ Agreste. Salvador (BA); Aracajú (SE); Maceió (AL); Recife (PE),
§ Sertão. João Pessoa (PB) e Natal (RN).
§ Meio norte/ Nordeste ocidental. Características econômicas
§ Produção açucareira: monocultura e usinas.
§ Produção industrial: indústria petroquímica maior com-
plexo industrial petroquímico integrado da américa Latina
está em Camaçari (Região Metropolitana de Salvador).
§ Indústria automobilística: complexo Ford.
§ Zona da mata cacaueira (sul da Bahia): exporta-
ção de cacau.
§ Produção de celulose.
§ Pecuária leiteira.

http://brasilregionalisado.blogspot.com/2014/09/
sub-regioes-do-nordeste.html

Zona da Mata
§ Clima tropical úmido: influência oceânica.
§ Relevo de predomínio de planícies costeiras.

Climas controlados por massas de ar equatoriais e tropicais


Agreste
Características físicas
Equatorial úmido Tropical semiárido
(Convergência dos alísios) (Ação irregular das massas de ar)

Tropical Litorâneo úmido


(Verão úmido e inverno seco) (Exposto à massa tropical marítima)

https://amigopai.wordpress.com/2016/04/25/ § Região do planalto do Borborema.


complexo-regional-nordestino/
§ Região de transição (tropical para o semiárido).
§ Ciclos econômicos no período colonial: pau-brasil e
cana de açúcar. § Vegetação: transição de mata atlântica para caatinga.
§ Grande concentração urbana, de atividades portuárias § Ocorrência de brejos nas áreas mais úmidas.
e turismo.

183
Aspectos socioeconômicos Rio São Francisco
§ Produção de gêneros agrícolas de subsistência: carne, § Nasce em São Roque das Minas, MG; deságua no oce-
couro, leite, café, algodão, sisal. ano Atlântico entre os estados de Alagoas e Sergipe.
§ Pecuária. § Grande importância econômica e social (pesca e na-
§ Espaço da policultura e de pequenas propriedades. vegação).
§ Artesanato. § Projeto de integração do Rio são Francisco com a ba-
cias do Nordeste Setentrional.
Sertão § Problema da seca e a questão social: Indústria da seca
– apropriação de recursos públicos por grandes pro-
Aspectos físicos prietários.

§ Clima semiárido. Bacia do Rio São Francisco


§ Relevo de chapadas e depressões.
§ Vegetação de caatinga (mata branca).

https://curtageografia.wordpress.com/2013/07/18/a-transposicao-do-rio-sao-francisco/

Meio norte / Norte ocidental


Aspectos físicos
§ Terras predominantemente baixas.
§ Destaque para o rio Parnaíba.
§ Predominância do clima tropical.
§ Vegetação de transição (semiárido para floresta amazônica).
§ Mata dos cocais (Carnaúba e Babaçu).

184
Aspectos socioeconômicos § Plantio de arroz.

§ Produção local: artesanato utilizado com base da ve- § Porto de Itaqui: escoamento de minério da Serra dos
getação local. Carajás (PA).

§ Lançamento de foguetes (base de Alcântara - MA). § Ferrovia norte-sul: exportação de soja e carne.

REGIÃO SUDESTE

Formação histórica: Aspectos socieconômicos


§ Maior concentração populacional do território brasileiro.
§ Jesuítas e bandeirantes.
§ Maior densidade demográfica (87 hab/km2).
§ Produção de monoculturas: cana-de-açúcar e café.
§ Alto índice de urbanização (92%).
§ Migração europeia atrelada ao crescimento da cultura
§ Responde sozinha por 56,4% do PIB nacional.
cafeeira.
§ Maior parque industrial.
Aspectos naturais § Possui as duas únicas cidades globais do Brasil (São
Paulo e Rio de Janeiro).
§ Mata tropical nativa (Mata Atlântica).
§ Agricultura: alta produtividade com destaque para o
§ Remanescentes de florestas. cultivo de café, laranja e cana-de-açúcar.
§ Clima: tropical úmido e tropical semiúmido. § Minas Gerais: detém as maiores reservas de ferro e manganês.
§ Relevo: planaltos e serras do atlântico leste-sudeste. § A maioria do petróleo produzido no país é extraído da
bacia de Campos, no Rio de Janeiro.

REGIÕES CENTRO-OESTE E REGIÃO SUL

Região Centro-Oeste
Aspectos Naturais
§ Relevo: planalto central, planalto meridional e planície do Pantanal.

https://brasilescola.uol.com.br/brasil/aspectos-naturais-centro-oeste.htm

185
Clima Regiões metropolitanas
§ Tropical, com verão quente e chuvoso e inverno seco. § Região Metropolitana de Goiânia.
§ Região Metropolitana de Cuiabá.
Vegetação § Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Fe-
§ Predomínio do Cerrado. deral e Entorno.
§ Floresta amazônica no norte do Mato Grosso.
§ Pantanal.
Região Sul
Hidrografia Formação social
§ Rios Principais: rio Xingu, rio Juruena, rio Teles Pires,
§ Reduções jesuítas.
rio Paraguai, rio Araguaia, rio Paraná, rio Tocantins.
§ Usinas Hidrelétricas: Complexo de Urubupungá, São § Açorianos.
Simão e Cachoeira Dourada. § Comércio de tropas com Minas Gerais (abastecimentos
das regiões mineradoras).
Aspectos socioeconômicos § Colônias europeias: italianos, alemães e holandeses.
§ Distribuição da população
Economia
Unidade Densidade demográfica 2010
§ Agricultura moderna – produção de grãos: soja, milho,
Federativa (hab/km²)
arroz, feijão e trigo.
Mato Grosso 3,36
Mato Grosso do Sul 6,86 § Pequenas propriedades em maioria, com base familiar
Goiás 17,65 (herança da colonização).
Distrito Federal 444,66 § Produção de café, soja, cana-de-açúcar (norte do Paraná).

Economia § Turismo: Florianópolis (SC), as Ruinas Jesuítico-Guaranis


de São Miguel das Missões (RS), a cidade de Gramado
§ Agropecuária: baseada na agricultura e na pecuária (RS), o Parque Nacional do Iguaçu (PR).
(bovinos, equinos e bufalinos). Principais produtos agrí-
§ Melhores indicadores sociais do Brasil.
colas: milho, soja, mandioca, arroz, feijão, café, abóbo-
ra, trigo e amendoim. § Região responsável por 16,6% do Produto Interno Bruto
nacional (PIB).
§ Indústrias: nas capitais: Campo Grande, Goiânia e
Cuiabá. Destaque para as indústrias de alimentos, me- § Pecuária extensiva e intensiva.
cânica, química e têxtil. § Extração de carvão.
§ Indústria moderna: Curitiba e Porto Alegre.
Principais cidades da
Região Centro-Oeste
§ Mato Grosso: Cuiabá (capital), Várzea Grande, Rondo-
nópolis, Cáceres, Tangará da Serra, Barra do Garças, Alta
Floresta.
§ Mato Grosso do Sul: Campo Grande (capital), Co-
rumbá, Dourados, Três Lagoas, Ponta Porã, Aquidauana
e Naviraí
§ Goiás: Goiânia (capital), Luziânia, Cristalina, Valparaíso
de Goiás, Trindade.
§ Distrito Federal - regiões administrativas de:
Brasília, Gama, Taguatinga, Brazlândia, Sobradinho, Pla-
naltina, Paranoá, Ceilândia.

186
U.T.I. - Sala 6. Leia o texto a seguir.
Em 2010, o país possuía 6.329 aglomerados subnormais
1. Dentre os quatro sistemas de transportes de passa- (assentamentos irregulares conhecidos como favelas,
geiros e de cargas utilizados no Brasil – o rodoviário, o invasões, grotas, baixadas, comunidades, vilas, ressacas,
ferroviário, o aeroviário e o aquaviário/hidroviário – in- mocambos, palafitas, entre outros) em 323 dos 5.565
dique o modelo mais usado e discuta um dos problemas municípios brasileiros. Eles concentravam 6,0% da po-
desta opção modal. pulação brasileira (11.425.644 pessoas), distribuídos
em 3.224.529 domicílios particulares ocupados (5,6%
2. O Complexo Portuário de São Luís (Porto do Itaqui do total). Vinte regiões metropolitanas concentravam
e os Terminais da Ponta da Madeira e da Alumar) é o 88,6% desses domicílios, e quase metade (49,8%) dos
segundo maior do Brasil em movimento de carga, com domicílios de aglomerados estavam na Região Sudeste.
mais de 117 milhões de toneladas operadas em 2010. IBGE. Censo 2010. Disponível em: <www.ibge.
gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.
Disponível em: http://www.antaq.gov.br/portal/ php?id_noticia=2051>. Acesso em: 19 jan. 2012.
pdf/palestras. Acesso em: 13 out. 2013.
Considerando-se as condições subnormais em que vive
Apresente duas condições que permitem ao Complexo
parte considerável da população brasileira,
Portuário de São Luís situar-se entre os mais expressi-
vos portos mundiais e brasileiros. a) descreva duas características de um aglomerado
subnormal;
3. “Os esforços conjugados dos trabalhadores subal- b) apresente duas consequências para a saúde da po-
ternizados da cidade para construir abrigos para eles pulação que vive na situação descrita pelo texto, nas
e suas famílias nunca foram devidamente reconhecidos grandes cidades brasileiras.
pela sociedade, em geral, e pelo próprio Estado. [...] A
incompletude do acesso e a precariedade da oferta de 7. As primeiras regiões metropolitanas foram criadas,
serviços públicos fundamentais (educação, saúde, sane- no Brasil, no ano de 1974, justificadas pela necessidade
amento) são expressões contundentes de processos de de planejamento desses espaços. Explique o que é Re-
distinção territorial de direitos, demonstrando, inequi- gião Metropolitana e, citando uma em particular, apon-
vocamente, que cidadãos de uma mesma cidade pos- te alguns dos seus problemas de planejamento.
suem direitos respeitados e garantidos de acordo com
os bairros onde residem [...]”.
(BARBOSA, J. L. As favelas na reconfiguração territorial
da justiça social e dos direitos à cidade. In: CARLOS,
U.T.I. - E.O.
A. F. A.; ALVES, G.; PADUA, R. F. de. Justiça espacial e 1. (UFSC 2020) A busca por uma matriz energética di-
o direito à cidade. São Paulo: Contexto, 2017). versificada constitui estratégia de planejamento adota-
Com base no texto acima e nos conteúdos de Geogra- da por várias nações para evitar desabastecimento ou
fia Urbana, descreva quais são os principais sujeitos da diminuir os impactos das crises econômicas [...]. A busca
produção do espaço urbano, suas ações na cidade e os pela maior eficiência energética e pela mitigação das
processos e conflitos resultantes de tais ações. Aponte mudanças climáticas globais, provocadas pela intensifi-
ainda ao menos duas formas de se alcançar o “direito cação do efeito estufa, tem levado os países a investir
à cidade” e/ou a “justiça espacial” nas cidades contem- em fontes menos poluentes de energia.
porâneas do Brasil. MOREIRA, J. C.; SENE, E. Geografia geral e do Brasil: espaço
geográfico e globalização. 3. ed. São
Paulo: Scipione, 2016. p. 53.
4. Para planejar um sistema eficiente de transportes para
a circulação de mercadorias e pessoas, quais modais de- a) Conceitue “matriz energética” e “matriz de ener-
vem ser priorizados para deslocamentos de grandes e de gia elétrica” e informe, para cada conceito, qual é o
pequenas distâncias? Justifique sua resposta. tipo de fonte de energia (renovável ou não renovável)
predominante no Brasil.
5. Em 2004, o Governo Federal lançou o Programa de b) Considerando a matriz energética brasileira, qual é
Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica o combustível fóssil mais utilizado para gerar eletrici-
(Proinfa), que tem por objetivo promover a diversifica- dade no país?
ção da matriz energética brasileira, buscando alterna- c) Identifique a bacia hidrográfica de maior potencial
tivas às usinas hidrelétricas com grandes reservatórios e a bacia hidrográfica de maior geração de energia
e às termonucleares, para aumentar a segurança no no Brasil.
abastecimento de energia elétrica, além de permitir a c1) Bacia de maior potencial:
valorização das características e potencialidades regio- c2) Bacia de maior geração:
nais e locais.
d) Quais são as duas regiões geográficas brasileiras,
(www.mme.gov.br. Adaptado.) com base na definição do IBGE, que possuem a maior
Indique duas fontes alternativas de energia elétrica que concentração de parques eólicos geradores de ener-
podem ser encontradas no território brasileiro e men- gia?
cione dois benefícios oferecidos pelo uso delas.

187
2. (UNICAMP 2018)

A tira acima retrata a transformação de uma paisagem urbana associada aos processos de refuncionalização espacial
e gentrificação (do inglês gentrification).
a) Dê dois exemplos de refuncionalização espacial ilustrados na tira acima.
b) O que é gentrificação? A partir de qual momento da urbanização mundial esse fenômeno passa a ocorrer?

3. (UNB) Na ultimas décadas, um novo ciclo de expan- Nesse sentido, explique a concentração de frigoríficos
são econômica avizinha-se da região Norte do Brasil. a) na área 1, citando ao menos duas características
É esperada a intensificação dos impactos ambientais geográficas dessa área.
e sociais negativos nessa região, que tem sido alvo de
b) na área 2, considerando ao menos um aspecto físi-
profundas interferências em seus ecossistemas. Consi-
co-natural e um histórico-geográfico dessa área.
derando essas informações, redija um texto acerca das
consequências do crescimento econômico da região 6. (UFBA) Os transportes são fundamentais para que um país
Norte para o meio ambiente e para a população. Em seu tenha competitividade no mercado internacional. Na era
texto, utilize pelo menos três das seguintes palavras ou dos blocos econômicos e da luta por mercados, é preciso po-
expressões: migrações, ocupações irregulares, poluição, der contar com uma rede de transportes bem estruturada.
perda de biodiversidade, conflitos sociais.
Há muito tempo, nosso país sofre perdas constantes
nesse setor, em virtude do alto custo dos investimentos.
4. (UDESC) Descreva o significado da expressão “indús-
tria da seca”, caracterizando a região brasileira onde (ALMEIDA; RIGOLIN, 2005, p. 500).
esse processo se desenvolveu. Considerando o texto e os conhecimentos sobre a articula-
ção e a racionalização dos meios de transportes, no Brasil:
5. (FUVEST) A distribuição espacial dos frigoríficos de
carne bovina no Brasil obedece a lógicas distintas. Por § justifique o porquê da necessidade de criação de
exemplo, algumas empresas distribuem seus frigorífi- uma rede de transportes adequada e eficiente, em
cos por diferentes estados, em função de problemas sa- um país de dimensões continentais, incluído entre as
nitários. No entanto, é possível observar a existência de grandes economias do mundo e que almeja crescer
algumas importantes concentrações espaciais, a exem- ainda mais;
plo das destacadas no mapa com os números 1 e 2. § relacione dois problemas ligados ao planejamento
imprevidente das vias de transporte, originados de
projetos políticos que, muitas vezes, sobrepõem os
interesses individuais e econômicos aos coletivos.

7. (UFSCAR) Observe o quadro.

Tóquio, Cidade do México, Nova


Iorque, São Paulo, Mumbai Délhi,
Calcutá, Buenos Aires, Xangai,
AS MEGACIDADES1 Jacarta, Los Angeles, Daca, Osaka,
Rio de Janeiro, Kurachi, Pequim,
Cairo, Moscou, Manila Lagos.

AS CIDADES Nova Iorque, Tóquio, Londres, Paris,


Chicago, Frankfurt, Hong Kong,
GLOBAIS2 Los Angeles, Milão e Cingapura.

188
1
Segundo a ONU (Organização das Nações Unidas), com
base em dados de 2004.
(www.un.org/.02.09.2005.)
2
Segundo Beaverstock; Smith; Taylor. A roster of world
cities. GaWC, 1999.
(www.iboro.ac.uk/. 02.09.2005.)

O quadro apresenta formas distintas de classificar as


grandes cidades na atualidade.
a) Qual o critério básico para definir uma megacida-
de? E uma cidade global?
b) Justifique a localização das megacidades e das ci-
dades globais, considerando o centro e a periferia do
capitalismo.

8. (FUVEST) Considere a matriz energética mundial.

a) Identifique, com base no quadro acima, uma fon-


te de energia que é considerada a maior responsável
tanto pelo efeito estufa quanto pela formação da
chuva ácida. Justifique sua resposta.
b) Identifique a principal fonte de energia usada nas
usinas hidrelétricas, no Brasil, e explique uma vanta-
gem quanto ao uso desse recurso natural.
c) Identifique, com base no quadro acima, as fontes de
energia usadas nas usinas termelétricas, no Brasil, e
explique uma desvantagem de ordem econômica que
elas apresentam.

9. (UFC) O Brasil tem, cada vez mais, buscado investir


em novas fontes de energia, o que tem exigido da so-
ciedade mudanças de hábitos e reflexões sobre manei-
ras de utilizá-las. Sobre essa problemática, atenda ao
que se solicita nos itens a seguir.
a) Nomeie duas das principais fontes de energia do país.
b) Aponte três áreas onde estão localizadas impor-
tantes fontes de energia do país.
c) Cite dois tipos de energia alternativa em expansão
no Brasil.
d) Cite três exemplos de atitudes e mudanças de há-
bitos cotidianos que podem contribuir para uma me-
lhor maneira de utilizar os recursos energéticos.

189
190
GEOGRAFIA 2

191
REGIÕES SOCIOECONÔMICAS MUNDIAIS: ÍNDIA E SUDESTE ASIÁTICO

Aspectos naturais Vegetação


§ florestas tropicais nas áreas de clima úmido;
Relevo § estepes no extremo noroeste da Índia.
§ Pode ser dividido em: planaltos do centro-sul, com des-

Organização socioespacial
taque para o planalto do Decã; planícies ao longo do
litoral e em torno dos principais rios (Indo e Ganges);
dobramentos modernos ao norte, no prolongamento § Segunda maior população mundial: 1,3 bilhão de
da cordilheira do Himalaia. habitantes.
§ Densidade demográfica: 600 hab/km2 .
§ Concentra-se nos vales e nos deltas dos grandes rios,
como as planícies indo-gangéticas, onde fica Nova Delhi.
§ No litoral, onde se localiza a cidade de Mumbai, está o
maior aglomerado urbano.
§ Altas taxas de crescimento econômico:
§ Êxodo rural;
§ “Inchaço” urbano;
§ Problemas ambientais.
§ Mais da metade da população ainda vive em zonas rurais.
Clima
§ Desigualdades sociais.
§ O ritmo de vida da população é ditado pelo clima tro-
pical de monções. Durante o verão no hemisfério nor- § Sistema de castas, que embora abolido ainda permane-
te, as altas temperaturas do continente formam uma ce na cultura indiana.
zona de baixa pressão que atrai ventos da zona de alta
pressão, que neste momento está no oceano e que
portanto, sopra ventos carregados de umidade para o
continente, provocando chuvas torrenciais. No inverno,
a zona de alta pressão é no continente e a de baixa no
oceano, fazendo com que os ventos secos do interior
do continente soprem em direção ao oceano.

80% da população indiana é hinduísta, 13% muçulmana e


o restante reúne minorias sikhis, cristãs, budistas etc.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Sistema_de_castas_na_%C3%8Dndia_
moderna#/media/Ficheiro:Structure_of_the_Indian_society_PT.gif

http://geoconceicao.blogspot.com/2012/04/
moncoes-em-certas-regioes-da-terra.html

192
Integridade territorial: Recursos naturais
questões separatistas § Bom potencial hidrelétrico.
§ Caxemira: de maioria muçulmana e descontentes com § Jazidas de ferro, manganês, carvão e tório no planalto
a dominação indiana, deseja sua anexação ao Paquis- do Decã, que permitiu o desenvolvimento de um im-
tão. Há também um movimento minoritário que reivin- portante centro siderúrgico nessa região.
dica independência. § Reservas de urânio, com a produção de energia nuclear para
§ Punjab: o povo sikhi reivindica separação. atender a demanda de energia da economia em ascensão.
§ Assã: fica no leste da Índia, onde a Frente Unida de Liber-
tação do Assã é a principal organização representativa Tigres asiáticos
desse povo, convertendo-se num partido político. § Coreia do Sul, Taiwan, Cingapura e Hong Kong.
§ Receberam investimentos maciços, principalmente do
Aspectos econômicos Japão e dos EUA.
§ Desenvolvimento da indústria de bens de consumo.
§ Prioridade do desenvolvimento industrial a partir da in-
dependência, em 1947, conduzido e centralizado pelo § Prioridade para o mercado externo.
Estado. § Pequena dimensão territorial.
§ Instalação de um grande parque energético. § Intensa exploração da mão-de-obra, com longas jorna-
§ Grande potencial de consumo. das e baixos salários.
§ Crescimento econômico acelerado. § Grande destaque para a produção de eletrônicos.
§ Integrante do BRICS. § Elevação da renda per capita IDH elevado.
§ Indústria têxtil está entre as maiores do mundo. § Acumulação de excedentes de dólares que permitiu
investir nos chamados “Novos Tigres” ( Malásia, Tai-
§ Maior produtor mundial de remédios genéricos.
lândia, Indonésia, Filipinas e Vietnã).
§ Importante centro de pesquisas e produção de tecno-
§ Apesar do elevado crescimento econômico, a base eco-
logias da informação, com trabalhadores altamente
nômica da maioria dos países do sudeste asiático ainda
qualificados.
é a agricultura, com o emprego da agricultura de jardi-
§ Um dos maiores produtores mundiais de arroz, feijão, nagem (técnica agrícola que consiste na aplicação de
trigo, algodão e batata, que atende principalmente a abundante mão-de-obra em pequenas propriedades),
demanda interna. com destaque para rizicultura.
§ importam matéria-prima pois são pobres em recursos
naturais.

REGIÕES SOCIOECONÔMICAS MUNDIAIS: ORIENTE MÉDIO

Aspectos naturais
Relevo
§ O relevo é constituído basicamente pelo planalto da Anatólia, o Iraniano e o Arábico.
§ Nos dobramentos modernos encontramos os Montes Zagros, Elburz e Iêmen.
§ A maior planície é a da Mesopotâmia, cuja maior extensão fica no Iraque.
§ Na foz do rio Jordão encontra-se a depressão do Mar Morto.

193
Oriente Médio - Físico

Adaptado de: Simielli, Geoatlas

Clima Povos e Religião


§ Predomínio do clima árido e semiárido.
§ Grande amplitude térmica entre o período diurno (até
Povos
50°C) e noturno (abaixo de 0°C). § Nessa região vive uma variedade de etnias como ára-
bes, turcos, persas, hebreus, curdos e armênios.
§ Climas mediterrâneos restringem-se às áreas litorâneas.
§ Países árabes: Arábia Saudita, Bahrein, Catar, Emirados
Vegetação Árabes, Egito, Iraque, Jordânia, Kuwait, Líbano, Omã,
Síria e Iêmen.
§ Em climas áridos encontram-se xerófitas e estepes.
§ O Irã é persa e a Turquia é habitada por turcos.
§ Em climas temperados encontram-se vegetação arbus-
§ O povo curdo habita um entroncamento entre a Turquia,
tiva, campos e pradarias.
Iraque, Síria e Irã. Após a dissolução do Império Turco Oto-
mano, depois da Primeira Guerra Mundial, o povo curdo
A questão da água não foi contemplado com um Estado, mas reivindica sua
§ Possui a menor quantidade de água potável disponível independência e a criação do Curdistão nessa região.
no mundo, isto é, possui apenas 1% das reservas de Religião
água do planeta, fator geopolítico que gera conflitos
§ O Oriente Médio é berço das três principais religiões
na região.
monoteístas: judaísmo, cristianismo e islamismo.
§ Turquia, Síria e Iraque: disputam controle dos rios Tigre
§ A predominância da religião islâmica vem do fato de
e Eufrates.
ter sido nessa região que Maomé nasceu e difundiu a
§ Síria e Israel: disputam controle dos mananciais próxi- mensagem de Alá (Deus).
mos às colinas de Golã, tributários do rio Jordão.

A saber: Os rios Tigre e Eufrates nascem na Turquia, cor-


tam a Síria e, em sua maior parte, correm no Iraque. O
Jordão tem sua foz no Mar Morto, recebe águas de na-
scentes na Síria e fica na fronteira entre Israel e Jordânia.

194
Agricultura § 1947: ONU encaminha a partilha da Palestina em
2 Estados:
§ As condições naturais para o desenvolvimento da agricul- Estado Judeu (57% da área e 30% da população)
tura são adversas em função do clima árido e semiárido.
Estado Árabe (43% da área e 70% da população)
§ Há necessidade de empregar um conjunto de técnicas
agrícolas, mas em geral, os cultivos são desprovidos de § Jerusalém: controle internacional.
tecnologia e resultam em baixa produtividade.
§ A Turquia produz tabaco, algodão, azeitonas e cítricos
em áreas mais úmidas, e cevada e trigo no interior. Na
Planície da Mesopotâmia há produção de cereais e
tâmaras para exportação.
§ Síria, Líbano, Jordânia e Israel produzem cítricos, uvas
e azeitonas.
§ A agricultura israelense é praticada nos kibutzim, pro-
priedades coletivas que ganharam notoriedade por
transformar regiões áridas em áreas de excelente apro-
veitamento agrícola.
§ Quando a Grã-Bretanha antecipou sua retirada da Pales-
Conflitos no Oriente Médio tina para o dia 15 de maio de 1948, o líder judeu David
Bem Gurion proclamou a independência de Israel.

Israel e Palestina (antecedentes) Primeira guerra


Dissolução do Império Turco-Otomano árabe-Israelense (1948)
§ Possessões francesas: Líbano e Síria. § Egito, Transjordânia, Arábia Saudita e Líbano atacam Israel;
§ Possessões inglesas: Transjordânia, Mesopotâmia e § Vitória israelense.
Palestina. § Israel anexou grande parte dos territórios destinados
ao Estado Palestino (77% da região).
Aumento das imigrações de
judeus sionistas na Palestina § Egito anexou a Faixa de Gaza.

§ Movimento Sionista. § Transjordânia (atual Jordânia) anexou a Cisjordânia e


parte de Jerusalém.
§ Declaração Balfour.
§ 750 mil refugiados palestinos dispersos em países ára-
§ Nazismo na Alemanha. bes vizinhos;

1936-1939: Revolta Árabe Palestina Guerra de Suez (1956)


O movimento Nacionalista Palestino exigia:
§ O presidente egípcio Gamal Abdul Nasser, nacionaliza
§ Fim da imigração de judeus sionistas. empresas bancárias e o canal de Suez, que era admi-
§ O fim da venda de terras ao fundo nacional Judeu. nistrado por Inglaterra e França.

§ Formação de um governo Palestino autônomo. § Fechamento do porto de Eilat, no golfo de Ácaba pelo
presidente Nasser, que ameaçavam os projetos judeus
Criação do Estado de Israel de irrigação do deserto de Negrev.
§ França, Reino Unido e Israel X Egito (apoio da URSS).
§ Fim da II Guerra Mundial. § Em 29 de outubro, as tropas israelenses invadem a fai-
§ Bipolaridade: EUA passou a apoiar Israel, como medida xa de Gaza egípcia e a Península do Sinai, em direção
geoestratégica na região. ao Canal de Suez, controlando o golfo de Ácaba e rea-
brindo o porto de Eilat.

195
§ Pressões da URSS e dos Estados Unidos fizeram Israel § A ONU condenou a ocupação através da resolução
recuar a fronteira, sob supervisão das tropas da ONU. 242, que exigia o restabelecimento das fronteiras an-
Egito fica com o canal, mas garante livre navegação. teriores à guerra, mas Israel não cumpriu a resolução.

Guerra do Yom Kippur (1973)


§ Síria e Egito atacaram Israel de surpresa.
§ Os países árabes, interromperam o fornecimento de
petróleo aos países alinhados com Israel, provocando
a primeira crise mundial do petróleo.
§ A vitória árabe foi apenas política.

A primeira Intifada (1987-1983)


Guerra dos Seis Dias (1967) § Crianças palestinas cresceram aprendendo a odiar os
soldados israelenses.
§ Forte desejo árabe de revanche pelas derrotas das
guerras anteriores (1948 e 1956); § Movimento espontâneo que começou no Campo de
refugiados de Jebalya, na Faixa de Gaza.
§ 1964: criação da OLP (Organização para Libertação da
§ Mulheres e crianças iniciaram uma rebelião com paus
Palestina).
e pedras em resposta a um atropelamento que deixou
§ Nasser propagandeou nas rádios do Oriente Médio 4 palestinos mortos.
num discurso agressivo “a vingança árabe”, para con-
tagiar o mundo islâmico.
Acordos de Oslo e planos de paz
§ Ataques terroristas do AllFath.
§ Enquanto os árabes ameaçavam, Israel decidiu agir e § 1991: Conferência de Paz para o Oriente Médio
no dia 5 de junho de 1967 realizou ataques surpresas ↓
simultâneos no Egito, na Síria e na Jordânia. ...fracasso
§ Israel conquista a Península do Sinai, a Faixa de Gaza, Ytshak Rabin ganha as eleições e inicia na Noruega
Cisjordânia e as Colinas de Golã. encontros secretos com lideranças palestinas;
§ Israel inicia o processo de colonização das regiões con- ↓
quistadas (inclusive Jerusalém Oriental) e convoca ju-
deus de várias partes do mundo para ocupar as terras 1993: Acordos de Oslo I
“disponíveis” na Palestina.
Autoridade Nacional Palestina (ANP)
§ Não tinha status de governo autônomo.
§ Sem exército.
§ Recebe os repasses dos impostos recolhidos por Israel
em território palestino e fica encarregado da educação,
cultura, saúde, bem-estar social e turismo.
§ Criação de uma policia civil palestina encarregada de
prevenir atentados contra Israel.
§ Previa que após 3 anos começariam a ser discutidas as
chamadas questões de status final (o futuro de Je-
https://blog.maxieduca.com.br/guerra-seis-dias/
rusalém oriental, o controle das áreas de mananciais e
acesso à água, o destino das colônias e assentamentos
israelenses, o direito de retorno dos refugiados palesti-
nos, a recuperação das fronteiras).

196
Segunda Intifada Guerra do Golfo (1991)
§ Os palestinos iniciaram a revolta quando o 1º ministro § Iraque nunca aceitou a independência do Kuwait.
de Israel, Ariel Sharon, visitou a Esplanada das Mesqui- § Kuwait se tornou um dos principais credores do Iraque.
tas em setembro de 2000 e entrou calçado no templo,
§ Em agosto de 1990 as tropas iraquianas invadem o
gesto que foi interpretado como uma provocação.
Kuwait.
§ Argumentando que Israel deveria proteger suas frontei-
§ A ONU condena a ação iraquiana que não legitima a
ras, Sharon inicia a construção de um muro de 600km
reivindicação histórica sobre o Kuwait.
em torno da Cisjordânia.
§ EUA entram na guerra a favor do Kuwait.
Revolução islâmica (1979) Resultados:

§ Irã: regime monárquico, sob liderança do Xá Reza § Kuwait vence a guerra com o apoio dos EUA.
Pahlevi. § ONU declara embargo econômico ao país.
§ Governo pró-ocidente. § Saddam perde a guerra mas não o cargo pois não ha-
via sucessor confiável.
§ Aiatolá Ruhollah Khomeini, líder xiita, anti-ocidente e
anti-americano, coordenou da França, onde estava exi-
lado, a Revolução Islâmica no Irã. Guerra do Iraque (2003)
§ Após os atentados de 11 de setembro, a política esta-
§ Reza Pahlevi foi derrubado e fugiu, sendo instaurada a
dunidense instaura a “guerra contra o terror”;
nova República Islâmica do Irã (Estado Teocrático).
§ A primeira vítima foi o Afeganistão, governado pela
Guerra Irã – Iraque milícia Talebã.
§ 1975: Protocolo de Argel, documento que definiu a § “Eixo do mal”: Irã, Iraque, Coreia do Norte.
fronteira entre Irã e Iraque nas imediações do estuário
§ EUA justificavam a invasão pela existência de armas
de Chat el Arab;
nucleares e decide agir sem aprovação da ONU, apoia-
§ A Revolução Iraniana preocupa os dirigentes dos de- da pela “Doutrina Bush”.
mais estados do Golfo Pérsico, pois muitos muçulma-
§ Em 20 de março de 2003 tropas estadunidenses
nos aprovavam a opção islâmica na política;
invadem o Iraque e em apenas um mês Bagdá cai e
§ 1979: o vice-presidente iraquiano, Saddam Husseim, Saddam Hussein é deposto.
sobe ao poder; Resultados:
Em setembro de 1980, o Iraque invade o Irã, com o apoio § A força e a legitimidade da ONU é questionada.
das monarquias do Golfo, Kuwait, EUA e Grã-Bretanha.
§ O unilateralismo estadunidense é confirmado no plano
Resultados: geopolítico mundial.
§ 300 mil mortos. § Inicia-se uma série de atentados terroristas e ações de
guerrilha de várias correntes políticas e religiosas, que
§ 700 mil feridos e inválidos.
se opõem à ocupação norte-americana.
§ Enriquecimento da indústria bélica mundial.
§ Caos generalizado.
§ Endividamento dos dois países.
§ Mais de 2 mil soldados americanos morreram.

REGIÕES SOCIOECONÔMICAS MUNDIAIS: ÁFRICA

Relevo
§ Predominância de imensos tabuleiros e planaltos pouco elevados.
§ Altitude média – 750 metros.

197
§ Cadeia Atlas – Norte do continente.
§ No leste, temos a falha geológica (Rift Valley), com fendas
Vegetação
vulcânicas que deram origem a lagos do tipo tectônico. § Mediterrânea.

§ Sul: montes Drakensberg, pouco elevados. § Pradaria.


§ Deserto.
Mapa hipsométrico do continente africano
10º O 0º 10º E 20º E 30º E 40º E 50º E
§ Savana.
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§ Tropical.
Estreito de Gibraltar a
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Questões Históricas
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TRÓPICO DE CÂNCER DJADO

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§ Tráfico negreiro.
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§ Século XIX – Imperialismo/ neocolonialismo.


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§ Formação dos Estados-nações com base no modelo


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GRANDES LAGOS
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§ Processo de independência das colônias.


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PROJEÇÃO CILÍNDRICA
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§ Guerras civis.
TRÓPICO DE CAPRICÓRNIO
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Cabo da Boa Esperança

10º O 0º 10º E 20º E 30º E 40º E 50º E

Hidrografia
§ Rio Nilo.
§ Rio Congo.

Clima
§ Clima desértico.
§ Clima tropical.
§ Mediterrâneo.
§ Frio de montanha.
§ Clima equatorial.

Equatorial

Tropical

Desértico

Semiárido

Mediterrâneo

Frio de montanha

Mapas do avanço do imperialismo europeu no


Climas do continente africano continente africano (1880–1914)

198
Descolonização Africana § Epidemias: AIDS e Ebola.
§ Crises étnicas, gerando grandes conflitos sociais (exem-
plo de Ruanda).
África Portuguesa
§ Cabo Verde. “Duas” Áfricas
§ São Tomé e Príncipe. § África do norte ou África mediterrânea – etnia próxima
das características do oriente médio.
§ Guiné-Bissau.
§ África Subsaariana – maior concentração de população
§ Moçambique.
negra.
§ Angola.
Obs.: Movimentos de independência ocorreram após a Economia
segunda metade do século XX.
§ Continente menos desenvolvido.

Apartheid na África do Sul § Grande atividade de exploração mineral: África do Sul,


Líbia, Nigéria e Argélia.
§ Segregação e maciça repressão da maioria negra.
§ Industrialização em destaque na África do Sul.
§ Figura de Nelson Mandela.
§ Continente essencialmente agrícola – Monocultura de
§ Bantustões. exportação: café, cacau, algodão e amendoim.
§ Agricultura de subsistência – base rudimentar: milho,
Questões populacionais sorgo, mandioca, feijão, pimenta, inhame e batata;.
§ População de quase 1,1 bilhão de habitantes. § Pecuária tem raramente função comercial.
§ População de maioria jovem.

POPULAÇÃO: TEORIAS DEMOGRÁFICAS

Teoria malthusiana
§ Segundo o economista inglês Tomas Malthus, a população mundial cresceria em um ritmo muito rápido e a produção de
alimentos cresceria em um ritmo lento.
§ “Sujeição moral”: a população deveria adotar uma postura de privação voluntária dos desejos sexuais, com o objetivo
de reduzir a natalidade.

199
Teoria Neomalthusiana
§ Defende o controle do crescimento populacional para conter o avanço da miséria nos países subdesenvolvidos.
§ Preconiza a difusão de medidas governamentais para intensificar o controle do crescimento da população.

Teoria reformista
§ Os reformistas atribuem a pobreza à má distribuição de renda da sociedade, ocasionada, sobretudo, pela exploração a
que os países desenvolvidos submetem os países subdesenvolvidos.

Ecomalthusianismo
§ Teoria demográfica que questiona a relação entre crescimento populacional e a preservação da natureza;
§ A maior quantidade de habitantes da Terra gera mais impactos ambientais.

POPULAÇÃO: CONCEITOS E TRANSIÇÃO DEMOGRÁFICA

População absoluta Taxa de mortalidade infantil


§ É o total de habitantes de um determinado lugar. § Expressa o número de crianças de um determinado lo-
cal que morrem antes de completar um ano de vida a
cada mil nascimentos.
Densidade demográfica § Indicador de qualidade de serviços de saúde e sanea-
mento básico.
§ É obtida por meio da divisão da população total pela área.
§ Permite observar a distribuição da população pelo ter- Taxa de fecundidade
ritório. § Consiste em uma estimativa do número médio de fi-
lhos que uma mulher tem ao longo da vida.

Superpovoamento ou § Esse indicador expressa a condição reprodutiva das


mulheres de um determinado local, para análise da di-
superpopulação nâmica demográfica.

§ Um local densamente povoado é aquele com muitos Taxa de natalidade


habitantes por km2. § É a relação matemática entre o número de nascimen-
§ Um local populoso é aquele com uma população muito tos em um ano em relação ao total de habitantes de
grande em termos absolutos. um determinado local.

200
Taxa de mortalidade
§ Representa o número de falecimentos durante o período de um ano para cada mil habitantes.

Saldo migratório
§ É o resultado do número de imigrantes menos o número de migrantes.

Transição demográfica
§ Descreve a dinâmica do crescimento populacional decorrente dos avanços da medicina, da urbanização, bem como do
desenvolvimento de novas tecnologias.
Transição demográfica

https://brasilescola.uol.com.br/geografia/transicao-demografica.htm

POPULAÇÃO BRASILEIRA

Pirâmide etária frequente em países desenvolvidos, que estimulam a


natalidade.
§ É um gráfico organizado para classificar a população 4. Pirâmide envelhecida: tem população adulta predo-
de determinada localidade por faixa de idade e sexo. minante e base bem reduzida. A quantidade de idosos é
§ São importantes para a elaboração de planejamentos significativamente maior em comparação com as demais
públicos a médio e a longo prazo. pirâmides. Esse tipo de pirâmide é comum em países de-
§ Existem 4 tipos de pirâmides: senvolvidos.
1. Pirâmide jovem: tem sempre uma base mais am-
pla, em virtude dos altos índices de natalidade, e um População economicamente
ativa (PEA)
topo muito estreito, em virtude da baixa mortalidade.
Esse tipo de pirâmide é mais frequente em países sub-
desenvolvidos. § Diz respeito aos habitantes que representam a capaci-
2. Pirâmide adulta: também tem uma base ampla, dade produtiva do país, ou seja, que tem potencial de
com taxa de natalidade menor, no entanto, em face da mão de obra.
população infantil e jovem. A pirâmide brasileira é um § O IBGE classifica como a população ocupada e a popu-
exemplo. lação desocupada entre 15 e 60 anos.
3. Pirâmide rejuvenescida: apresenta um relativo
§ O Brasil registra nos últimos anos uma gradativa redução da
aumento do número de jovens em relação a um pe-
ríodo anterior, em razão do aumento de fecundidade, PEA, representando aproximadamente 46% da população.
201
As etnias no Brasil Mulheres na história
§ A atual composição étnico-cultural da população bra- § Os homens sempre conduziram predominantemente
sileira resulta do processo histórico de construção da as ações políticas e militares, cujos feitos eram narra-
nacionalidade ou da identidade étnica nacional a partir dos também por historiadores do sexo masculino. Essa
de três matrizes: forma de estudar história relegou um papel secundário
1. povos indígenas; à história das mulheres no tempo.
2. portugueses; § Podemos dizer que o capitalismo acabou com o pa-
3. africanos. triarcado característico dos modos de produção e na
organização do trabalho.
As populações negras § A necessidade do assalariamento levou as mulheres a
§ O negro foi introduzido na sociedade brasileira como conseguirem também independência e superação.
mão de obra escrava, no contexto do desenvolvimento § Direito ao voto.
capitalista da economia do país.
§ O machismo ainda continua presente nas relações so-
§ O tráfico de escravos forçou o deslocamento de aproxi- ciais e como componente cultural da imensa maioria
madamente 3,5 milhões de africanos. das civilizações do mundo.
§ No Brasil, a escravidão impossibilitou aos povos negros
§ Lei Maria da Penha.
a manutenção integral de seus aspectos culturais e
técnicos. Receberam e perderam certos elementos em § Movimentos feministas.
virtude dos contatos entre os vários povos.
§ Atualmente, embora a escravidão tenha sido abolida, a Índice de Desenvolvimento
Humano (IDH)
situação dos negros ainda não é de igualdade com os
brancos, pois grande parte dessa população encontra-
-se excluída social e economicamente, com baixa renda § Foi criado para avaliar o nível de desenvolvimento hu-
e baixa alfabetização. mano dos países, ou seja, o modo como as pessoas

Os povos indígenas vivem nas diversas nações do mundo.


§ Três aspectos básicos são avaliados:
§ As estimativas dizem que antes da colonização viviam
mais de 6 milhões de indígenas. 1. expectativa de vida: média de anos que um in-
divíduo vive;
§ Atualmente, não passam de 800 mil.
2. nível de escolaridade: média de anos de estudos
§ Apenas 12% do território são terras indígenas, sendo
da população;
que a maioria está localizada na região Norte.
3. PIB per capita: renda média da população.
§ A luta pela terra tem sido o grande desafio das popu-
lações indígenas.

FLUXOS MIGRATÓRIOS NACIONAIS E INTERNACIONAIS

§ séculos XVIII e XIX: expansão do café atraiu milha-


Migrações no Brasil res de pessoas, sobretudo para o estado de São Paulo
§ No Brasil, as migrações internas são impulsionadas pe- e Sul de Minas Gerais.
los aspectos econômicos: § século XX: a industrialização no Sudeste provocou o
§ século XVII: fluxo migratório para a região de Goiás, deslocamento de milhares de pessoas, principalmente
Mato Grosso e Minas Gerais, provocada pela busca por para São Paulo. Hoje, a região Sudeste tem apresenta-
metais e pedras preciosos; do um declínio na migração, consequência da estagna-
ção econômica.

202
Emigração brasileira
§ Entre as décadas de 1980 e 1990, milhões de brasileiros deixaram o Brasil movidos por sucessivas crises econômicas e
pelo crescente desemprego.
§ Os países desenvolvidos são sempre os principais destinos: Estados Unidos e Japão.
§ As cidades dos Estados Unidos que atraem os brasileiros são Nova York, Boston e Miami.

Migração e xenofobia
§ Ocorre em regiões em que há alta concentração de imigrantes, sendo mais acentuada em relação àqueles oriundos de
países menos desenvolvidos, ou de culturas e etinias minoritárias.
§ Os nativos acreditam que os imigrantes são responsáveis pelo desemprego e criminalidade.

203
U.T.I. - Sala 3. (UERJ)

1. A África é, provavelmente, o continente mais asso-


ciado a visões errôneas e ideias simplificadoras, que
renegam sua verdadeira complexidade fisiográfica e
cultural, marcada por contrastes entre os 54 países afri-
canos – e mesmo no interior de cada um deles. Uma das
principais diferenciações entre os povos e os territórios
africanos aparece no contexto da oposição entre norte
e sul do continente.
Considerando-se essa definição,
a) indique um elemento fisiográfico e um fator cultu-
ral que estejam associados a essa divisão latitudinal
do continente africano;
b) identifique dois países africanos que estejam loca-
lizados na parte setentrional e dois na parte meridio-
nal, que sejam característicos do contraste existente
no continente africano.

2. O mundo árabe foi governado nos últimos anos por


regimes “ditatoriais” que asseguraram a seus gover-
nantes vários anos de poder e liderança baseada na
força. Entretanto, recentemente, uma onda de protes-
tos em diversos países árabes tem provocado inquieta-
ções em seus governos, apontando para uma possível
mudança na história desses países. No atual contexto, Identifique e caracterize as principais atividades econômi-
apresente duas das principais causas dessas manifesta- cas que ajudam a explicar as densidades demográficas
ções e discorra sobre elas. das áreas A e B do mapa.

4. (UEG) Os Tigres Asiáticos eram países subdesenvolvidos até a década de 1970, quando promoveram uma rápida e
eficiente industrialização. Cite três fatores que favoreceram esse processo de industrialização.

5. Leia a seguir um trecho da Declaração final do 14º Acampamento Terra Livre: pela garantia dos direitos originários
dos nossos povos!, realizado em Brasília em abril de 2017:

“Nós, povos e organizações indígenas do Brasil, mais de quatro mil lideranças de todas as regiões do país, reunidos
por ocasião do XIV Acampamento Terra Livre, realizado em Brasília/DF de 24 a 28 de abril de 2017, diante dos ataques
e medidas adotadas pelo Estado brasileiro voltados a suprimir nossos direitos garantidos pela Constituição Federal
e pelos Tratados Internacionais ratificados pelo Brasil, vimos junto à opinião pública nacional e internacional nos
manifestar. Denunciamos a mais grave e iminente ofensiva aos direitos dos povos indígenas desde a Constituição
Federal de 1988, orquestrada pelos três Poderes da República em conluio com as oligarquias econômicas nacionais e
internacionais, com o objetivo de usurpar e explorar nossos territórios tradicionais e destruir os bens naturais, essen-
ciais para a preservação da vida e o bem-estar da humanidade, bem como devastar o patrimônio sociocultural que
milenarmente preservamos”.

Levando em conta essa publicação, aponte quatro causas e quatro consequências das recentes decisões políticas
nacionais envolvendo os povos indígenas e seus territórios.

6. Idade mediana, população inativa e população ativa no Brasil, 1950 a 2010

Indicador 1950 1960 1970 1980 1991 2000 2010


Idade
18 18 19 20 22 25 27
mediana
População
46,1% 47,4% 46,9 44,3% 42,0% 38,2% 34,9%
inativa
População
53,9% 52,6% 53,1% 55,7% 58,0% 61,8% 65,1%
ativa
Ana M. N. Vasconcelos e Marília M. F. Gomes. “Transição demográfica: a experiência brasileira”.
Epidemiologia e serviços de saúde, outubro/dezembro de 2012. Adaptado.

204
Razão de dependência corresponde ao peso da pop- 2. Leia o texto a seguir
ulação considerada inativa sobre a população ativa. A chuva tem sido considerada uma das principais in-
Determine, a partir das informações da tabela, as déca- imigas do resgate dos 12 meninos presos em uma cav-
das que apresentaram a maior e a menor razão de de- erna com seu técnico de futebol no norte da Tailândia.
pendência para a população brasileira. Apresente duas E a previsão para as próximas duas semanas é de tem-
condições que determinam o processo de transição de- pestades diárias na região, o que é comum nesta época
mográfica analisado. do ano conhecida como período das monções no sud-
este asiático. O complexo de cavernas de Tham Luang
7. (UNICAMP 2020) O tântalo (Ta) é um elemento metá- está alagado e o nível da água pode subir e atingir o
lico encontrado em baixíssima concentração na crosta grupo, que hoje está abrigado em uma área mais alta
terrestre. É o “rei” da era digital, pois seu uso em capa- dos túneis. As autoridades da Tailândia consideram que
citores tem contribuído para a miniaturização de circui- o resgate pode demorar até quatro meses justamente
tos eletrônicos. Em Bandulu, no leste do Congo, onde as em função da época das monções, dependendo da
minas de coltan (columbita-tantalita) são abundantes, opção de salvamento que será empregada.
existe um único painel solar para carregar os celulares,
e os poucos que existem não são smartphones. A explo- Disponível em noticias.r7.com
ração de coltan não é ordenada, uniforme ou pacífica. Com base nos conhecimentos sobre chuvas torrenciais,
Analistas da geopolítica contemporânea o consideram explique o que são as monções, quais as suas causas e
a estrela dos “minerais de sangue”. como esse fenômeno ocorre no sudeste asiático.

(Adaptado de Gemma Parellada, Viagem ao berço do coltan, o 3. (UEL) Leia o texto a seguir.
coração dos smartphones. Disponível em https://brasil.elpais.com/
brasil/2016/02/19/internacional/1455896992_924219.html. O Brasil é signatário da Convenção das Nações Unidas
Acessado em 20/09/2019.) de 1951 sobre o Estatuto dos Refugiados e do seu Pro-
tocolo de 1967. Em julho de 1997, promulgou a Lei de
a) Que país colonizou a atual República Democrática Refúgio nº 9.474/1997, que contempla os principais in-
do Congo? Em que período se deu a independência strumentos regionais e internacionais sobre o tema e
desse país africano? que garante documentos básicos aos refugiados, inclu-
b) Explique por que não há smartphones na região do indo carteira de identidade e de trabalho, da liberdade
Congo referida, e por que o coltan é considerado um de ir e vir no território nacional e outros direitos civis.
dos “minerais de sangue”. Nos últimos cinco anos, as solicitações de refúgio no
Brasil passaram de 966, em 2010, para 28.670, em 2015.

U.T.I. - E.O.
Adaptado de: <http://www.justica.gov.br/noticias/brasil-tem-quase-9-
mil-refugiados-de-79-nacionalidades-1>. Acesso em: 3 out. 2016.

Nesse contexto, o Brasil recebeu um grande número de


1. (FUVEST 2018) Observe, na imagem noturna obtida por refugiados, sobretudo, de um país asiático, no qual mais
satélite, os limites territoriais do país A e países fronteiriços. da metade da população foi forçada a deixar as suas
casas.
Indique o nome desse país, a região geográfica de ori-
gem e a principal causa do grande fluxo de refugiados,
que ocorre desde março de 2011.

a) Identifique o país A e cite uma razão para o fato


de esse país, comparativamente a seus fronteiriços,
aparecer na imagem como se estivesse às escuras.
b) Explique, citando ao menos dois argumentos de
ordem geopolítica, por que os EUA e alguns países da
Europa Ocidental consideram esse país uma ameaça
global e regional.

205
206
Caro aluno

Você está recebendo o terceiro livro da Unidade Técnica de Imersão (U.T.I.) do Hexag Vestibulares.
Este material tem o objetivo de retomar os conteúdos estudados nos livros 5 e 6, oferecendo um
resumo estruturado da teoria e uma seleção de questões que preparam o candidato para as provas
dos principais vestibulares. Além disso, as questões dissertativas permitem avaliar a capacidade de
análise, organização, síntese e aplicação do conhecimento adquirido. É também uma oportunidade
de o estudante demonstrar que está apto a expressar suas ideias de maneira sistematizada e com
linguagem adequada.
Aproveite este caderno para aprofundar o que foi visto em sala de aula, compreender assuntos que
tenham deixado dúvidas e relembrar os pontos que foram esquecidos.
Bons estudos!

Herlan Fellini

SUMÁRIO

BIOLOGIA
BIOLOGIA 1 209
BIOLOGIA 2 227
BIOLOGIA 3 241

FÍSICA
FÍSICA 1 259
FÍSICA 2 273
FÍSICA 3 291

QUÍMICA
QUÍMICA 1 309
QUÍMICA 2 325
QUÍMICA 3 339
© Hexag Sistema de Ensino, 2018
Direitos desta edição: Hexag Sistema de Ensino, São Paulo, 2021
Todos os direitos reservados.

Autores
Caco Basileus
Edson Yukishigue Oyama
Felipe Filatte
Herlan Fellini
Kevork Soghomonian
Joaquim Matheus Santiago Coelho
Larissa Beatriz Torres Ferreira
Marcos Navarro

Diretor-geral
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Diretor editorial
Pedro Tadeu Vader Batista

Coordenador-geral
Raphael de Souza Motta

Responsabilidade editorial, programação visual, revisão e pesquisa iconográfica


Hexag Sistema de Ensino

Editoração eletrônica
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Leticia de Brito Ferreira
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Projeto gráfico e capa


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Imagens
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Todas as citações de textos contidas neste livro didático estão de acordo com a legis-
lação, tendo por fim único e exclusivo o ensino. Caso exista algum texto a respeito do
qual seja necessária a inclusão de informação adicional, ficamos à disposição para o
contato pertinente. Do mesmo modo, fizemos todos os esforços para identificar e loca-
lizar os titulares dos direitos sobre as imagens publicadas e estamos à disposição para
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BIOLOGIA 1

209
ANGIOSPERMAS

Fruto § Caju – a parte suculenta é o pedúnculo floral e o fruto


verdadeiro é a castanha-de-caju;
Após a fecundação, a flor sofre uma grande modificação. § Maçã e pera – a parte comestível é o receptáculo
De todos os componentes que foram vistos anteriormente, floral que envolve o fruto verdadeiro.
acabam sobrando apenas o pedúnculo e o ovário. Todo o
restante degenera, enquanto o ovário se desenvolve em fru-
to e em seu interior, o óvulo fecundado originará o embrião
Pseudofruto agregado ou composto
que será envolvido pelo endosperma, formando a semente.
§ Morango – existe um único receptáculo desenvolvido,
no qual encontramos grande número de frutículos.

Pseudofruto múltiplo
ou infrutescência
Origina-se do desenvolvimento de uma inflorescência, ou
seja, várias flores reunidas, como é o observado em cacho
de uvas, amora, jaca e espiga de milho.
O abacaxi, por sua vez, é um caso de pseudoinfrutescência
partenocárpica: comem-se dele os receptáculos hipertrofia-
dos das diversas flores reunidas.

O pericarpo pode acumular substâncias de reserva: são os


frutos carnosos (baga ou drupa). Porém, há os que não Classificação das
apresentam substâncias acumuladas: são os frutos secos
(deiscentes ou indeiscentes). angiospermas
As angiospermas estão divididas em duas subclasses, cuja
Pseudofrutos principal diferença está nos cotilédones dos embriões.
Representados por aqueles nos quais a parte que se desen- Cotilédone é a folha primordial do embrião, que pode ou
volve, tornando-se comestível, não é o ovário, mas outra não apresentar as reservas do endosperma da semente.
parte da flor. Assim, temos:

Diferenças entre mono e eudicotiledôneas


A tabela apresenta alguns critérios para diferenciar monocotiledôneas de eudicotiledôneas, além do próprio número de cotilédones.
Monocotiledôneas
Raiz Flores Caule Folha Semente Exemplos

Arroz, orquí-
dea, palmeira,
coqueiro,
trigo, abacaxi,
Fasciculada; Apresenta estru- Em geral, não forma tronco e não banana, cana
Costuma ser estreita, - de - açúcar,
os ramos tura trimera, isto cresce em espessura. Apresenta
com nervuras para- Um cotilédone milho, grama.
radiculares são é, os elementos caules herbáceos, colmos, bulbos
lelas e bainha geral- reduzido, sem reserva.
equivalentes florais são três ou e rizomas. Os feixes vasculares
mente desenvolvida.
em tamanho. múltiplos de três. são dispostos irregularmente.

210
Eudicotiledôneas
Raiz Flores Caule Folha Semente Exemplos

Beterraba,
feijão, café, soja,
alface, amen-
Têm estrutura Normalmente com cresci- doim, eucalipto
tetrâmera ou mento em espessura. São
Geralmente é
Pivotante ou axial. pentâmera, isto comuns caules lenhosos.
larga, com nervuras
é, os elementos Dois cotilédones com
Têm raiz em Os feixes vasculares reticuladas e
florais são em nú- ou sem reserva
eixo principal. dispostos em círculo. bainha quase
mero de quatro ou
sempre reduzida.
cinco, ou múltiplos Em muitas espécies
desses números. formam-se troncos.

MORFOFISIOLOGIA VEGETAL

Tecidos vegetais
Meristema
O tecido meristemático é o responsável pelo crescimento e desenvolvimento de um vegetal. As células desse tecido são vivas, indiferencia-
das, pequenas, de parede fina, contêm vários vacúolos pequenos pelo citoplasma e apresentam capacidade de sofrer divisões sucessivas.
Os meristemas são responsáveis pela formação dos diversos tecidos que formam o corpo de um vegetal. Há dois tipos deles:
§ meristemas primários ou apicais, responsáveis pelo crescimento em comprimento e representados pela protoderme,
pelo procâmbio e pelo meristema fundamental; e
§ meristemas secundários ou laterais, responsáveis pelo crescimento em espessura e representados pelo câmbio e
pelo felogênio.
Meristema apical

Meristemas primários:
Protoderma
Meristema fundamental
Procâmbio
Líber

Lenho
Epiderme
Parênquima

Feixe liberolenhoso
Câmbio
vascular }
Meristemas
Felogênio secundários

Caule Caule
estrutura
estrutura secundária
primária

211
Epiderme raízes, frutos e flores. Suas células são vivas e apresentam
paredes com reforço de celulose.
É o tecido mais externo dos órgãos vegetais em estrutura
§ Esclerênquima: é um tecido mais rígido que o co-
primária, sendo substituída pela periderme em órgãos com
lênquima, encontrado em diferentes locais do corpo de
crescimento secundário. Geralmente é composta por uma uma planta. Suas células são mortas devido a deposi-
única camada de células vivas, vacuoladas, perfeitamente ção de lignina.
justapostas e sem espaços intercelulares.
§ Parênquima: relacionado com as mais variadas fun-
Suas funções incluem revestimento, proteção, restrição ções no vegetal, entre elas, o armazenamento de subs-
contra perda de água, trocas gasosas pelos estômatos e tâncias, fotossíntese, secreção e transporte. Pode ser
absorção de água e sais minerais através de pelos radicula- dividido em três tipos:
res ou pelos absorventes.
§ parênquima de preenchimento
Solo § parênquima de reserva – aerífero e aquífero
§ parênquima clorofiliano
Pelos
radiculares Os dois tipos de parênquimas clorofilianos mais comuns en-
contrados no mesofilo foliar são: o parênquima clorofiliano
Epiderme
paliçádico, cujas células alongadas se apresentam dispostas
perpendicularmente à epiderme e o parênquima clorofiliano
Representação da epiderme na raiz, onde há presença lacunoso, cujas células, de formato irregular, se dispõem de
de pelos radiculares (absorventes) maneira a deixar numerosos espaços intercelulares.
Os tricomas são tipos especiais de células epidérmicas Cutícula

com estrutura e funções diversas. Algumas de suas fun- Epiderme


superior

ções: evitar a perda de água por transpiração, auxiliar na Parênquima


paliçádico
Xilema Feixe
defesa contra predadores, redução da incidência luminosa Floema
vascular

e produção de substâncias para prender insetos ou atrair Parênquima


lacunoso

polinizadores. CO2 O2
Epiderme
inferior
Células-guarda Estômatos

Desenho esquemático de um corte transversal de uma folha

Raiz
Raiz, caule e folha são os órgãos vegetativos de uma planta.
Tricomas A principal função da raiz é a absorção dos nutrientes mi-
nerais, sendo que, no solo, também é responsável pela fi-
Súber ou cortiça xação do vegetal ao substrato.
É um tecido formado por células justapostas e mortas devi- Uma raiz padrão possui partes bem definidas:
do a suberificação (deposição de suberina) de suas paredes
celulares. O súber exerce proteção e substitui a epiderme
no caule e na raiz, quando do crescimento secundário.
zona de ramos secundários
ou zona suberosa

Colênquima, esclerênquima zona

e parênquima pilífera

São tecidos simples, presentes no corpo primário da planta zona de


alongamento celular
e originados a partir do meristema fundamental. ou de distensão

§ Colênquima: tecido flexível, localizado mais externa- região meristemática


ou zona de
mente no corpo do vegetal e encontrado em estruturas multiplicação celular

jovens, como o pecíolo de folhas, extremidade do caule, coifa

212
O sistema radicular pode se apresentar basicamente em
dois tipos: pivotante, com uma raiz principal, ou fasci-
b
culado, sem raiz principal, que tem seus ramos equivalen- monocotiledônea
tes em tamanho e crescendo em todas as direções.
As raízes distribuem-se amplamente pelo solo, mas há
algumas plantas que possuem raízes aéreas e outras que
possuem raízes submersas. Alguns tipos de raízes também medula
desempenham outras funções:
§ raízes tuberosas; floema
xilema
§ raízes respiratórias ou pneumatóforos;
§ raízes sugadoras ou haustórios.
Disposição dos vasos condutores em raiz de
Anatomia interna eudicotiledôneas (a) e de (b) monocotiledôneas

Em corte transversal, é possível observar em raízes jovens a O córtex radicular possui proeminentes espaços inter-
sua estrutura primária, uma vez que ainda não cresceram celulares para facilitar a entrada de água e nutrientes.
em diâmetro, somente em comprimento. No entanto, na endoderme se nota o oposto, dada sua
A estrutura primária da raiz, esquematizada a seguir, é cons- função de desviar o fluxo de solutos do apoplasto (via os
tituída por epiderme, córtex, endoderme e um cilindro central espaços intercelulares) para o simplasto (via citoplasma
formado pelo periciclo e pelos vasos de xilema e floema. das células). As paredes das células da endoderme pos-
suem as estrias de Caspary, reforço de suberina em forma
de fita, impermeável.

estria de Caspary

endoderme
floema

A periciclo xilema
x
rte

Estrutura primária da raiz


Os vasos floemáticos e xilemáticos alternam-se e, em mui- B


epiderme
tas raízes de eudicotiledôneas, dispõem-se em estrela ou em
cruz. Em monocotiledôneas, os vasos de xilema espalham-se
na periferia e os de floema alternam-se entre eles; o centro O movimento de água através da raiz é resultante
de um mecanismo osmótico.
radicular é ocupado por uma medula parenquimática. A água pode seguir via simplasto (trajeto A) ou
via apoplasto (trajeto B).

a
eudicotiledônea A estrutura secundária é representada pelo crescimen-
to diametral ou em espessura do órgão. Nas eudicotile-
dôneas, esse crescimento deve-se à ação dos meristemas
secundários, o câmbio vascular e o felogênio. Observe,
na sequência das figuras, a ação do câmbio vascular no
crescimento em espessura das raízes de eudicotiledôneas
floema
lenhosas, que permite a formação progressiva de novas ca-
madas de xilema, internamente ao câmbio, e de floema,
xilema
externamente a ele.

213
Estrutura secundária de raiz

Caule Caules subterrâneos


§ Rizomas
O caule é o órgão responsável por conectar as raízes, folhas § Tubérculos
e, quando presentes, as flores. A característica exclusiva dos § Bulbos
caules é a existência de gemas laterais (ou axilares), com-
postas de tecido embrionário (meristema), capazes de ori- Modificações caulinares
ginar os demais tecidos componentes da planta.
As modificações caulinares mais conhecidas são gavinhas,
O caule se apresenta em formatos e tamanhos muito va- espinhos, cladódios e filocládios.
riados e, de maneira geral, pode ser aéreo ou subterrâneo.
§ Gavinhas são ramos finos, que se enrolam em espiral
com a função de fixação, encontrado em plantas como
Caules aéreos a videira e o maracujazeiro.
§ Troncos, muito espessos e com ramificações variadas, § Espinhos são ramos curtos e pontiagudos com função
os galhos. protetora, encontrados em algumas plantas com o jua-
§ Estipes, característicos de palmeiras e coqueiros, nor- zeiro e a laranjeira.
malmente sem ramificações. § Cladódios são os caules suculentos, achatados e cloro-
filados dos cactos, que, assumindo a função de folha,
§ Colmos, dotados de nós, típicos do bambu e da cana-
realizam a fotossíntese.
-de-açúcar.
§ Filocládios são ramos curtos e laminares, com aspecto
§ Hastes, caules bastante delgados, de hortaliças.
de folhas.
Classificação dos caules
Tronco – caule das árvores, lenhoso, robusto
Haste – caule das ervas, verde, flexível e fino
Eretos
Estipe – caule das palmeiras, cilíndrico sem meristemas secundárias
Aéreos Colmo – caule das gramíneas, dividido em “gomos”
Estolão – rastejante, que se alastra pelo solo
Rastejantes
Sarmentoso – rastejante com um ponto de fixação ao solo
Trepadores Que se enrola em um suporte
Rizoma – cresce horizontalmente ao solo. Ex.: bananeiras e samambaias
Tubérculo – ramo de caule que intumesce para armazenar reservas
Subterrâneos
Bulbo – “sistema caulinar” modificado. Ex.: cebola
Xilopódio – caule subterrâneo típico de plantas do cerrado
Aquáticos Com parênquimas aeríferos que servem para respiração e flutuação

214
Tecidos de proteção Nas eudicotiledôneas, os feixes dispõem-se regularmente
no interior do caule como se estivessem ao longo de uma
Os tecidos protetores, ou de revestimento, de uma traque- circunferência e rodeiam uma medula parenquimática.
ófita são o súber e a epiderme.
Nas monocotiledôneas, eles dispõem-se desorganizada-
A estrutura primária do caule mente no interior do parênquima, não existindo córtex
nem medula definidos.
Nos caules, xilema e floema não se encontram alternados,
mas agrupados, formando os chamados feixes liberolenho-
sos. Nesses feixes, os vasos de floema ficam do lado de fora A estrutura secundária do caule
e os de xilema ficam do lado de dentro. O caule de muitas eudicotiledôneas é capaz de crescer em
espessura, o que é possível pela ação de dois tecidos me-
ristemáticos, o câmbio vascular e o felogênio. O primeiro é
responsável pela elaboração de novos vasos de xilema e de
floema. O segundo é responsável pela elaboração anual do
novo revestimento da árvore (do caule e da raiz), ou seja, da
casca suberosa.

Disposição dos vasos condutores em caule de (a) eudicotiledônea e de


(b) monocotiledônea. Observe os detalhes dos feixes liberolenhosos.

Folha
A fotossíntese, a transpiração, a eliminação e absorção de gases atmosféricos por meio dos estômatos, a condução e dis-
tribuição da seiva e, por fim, a reserva de nutrientes são fenômenos fisiológicos importantes que são realizados pela folha.

Morfologia interna

São especializações da epiderme foliar: cutícula, pelos, hidatódios e estômatos (imagem).


Ostíolo Células-guarda Epiderme
inferior da folha

Vista
externa

Em
corte

Câmara subestomática Parênquima


clorofiliano

Esquema tridimensional de um estômato

215
A ação dos estômatos na Abertura e fechamento dos estômatos

regulação hídrica Condições ambientais Comportamento


do estômato
O principal papel dos estômatos relaciona-se às trocas gaso- Alta Abre
Intensidade luminosa
sas entre a planta e o meio. Entretanto, é importante destacar Baixa Fecha
que estômatos abertos permitem a perda de água na forma Alta Fecha
Concentração de CO2
de vapor: transpiração estomática. A água também é perdida Baixa Abre
por transpiração cuticular. Portanto, a transpiração total é a Alto Abre
soma das duas transpirações. Suprimento de água
Baixo Fecha

Curva de fechamento
Adaptações da folha aos
DIFERENÇA
diferentes ambientes
DE As folhas das angiospermas apresentam grande variação
PESO (g)
de estrutura, devido à disponibilidade ou não de água.
TEMPO (Min) § Caracteres hidrofíticos
EESTABILIZAÇÃO:
stabilização: fechamento dos estômatos
FECHAMENTO DOS ESTÔMATOS § Caracteres mesofíticos
ANTESADA
ntesESTABILIZAÇÃO: : transpiração estomática
da estabilizaçãoTRANSPIRAÇÃO ESTOMÁTICA E CUTICULAR
e cuticular
APÓS Após estabilização:TRANSPIRAÇÃO
ESTABILIZAÇÃO: Transpiração cuticular
CUTICULAR § Caracteres xerofíticos – geralmente, são folhas peque-
A abertura e o fechamento dos estômatos são influencia- nas e compactadas. As folhas de xerófitas são, frequen-
temente, espessas e coriáceas, com cutícula bem de-
dos pela umidade do ar e pela luz.
senvolvida e grande quantidade de tricomas.
Possíveis mecanismos para abertura/
fechamento dos estômatos Condução de nutrientes
Ambos têm como base o mecanismo osmótico. Podem
ocorrer por dois modos:
Absorção dos minerais
A absorção da maioria dos elementos essenciais ocorre na
§ Concentração de amido-glicose;
forma iônica, a partir da solução presente no solo.
§ Íons potássio.
Os elementos essenciais são classificados como macronu-
Na prática, ambos os mecanismos ocorrem. De qualquer trientes e micronutrientes. Aqueles necessários em maior
modo, a possibilidade de reposição da água perdida por quantidade são os macronutrientes, representados por
transpiração tem grande impacto, ou seja, solo com dispo- N, P, K, Ca, Mg e S; e os necessários em menor quantidade
nibilidade de água indica estômatos abertos, e o contrário são os micronutrientes, representados por B, Cl, Cu, Fe,
também é valido. Mn, Mo, Ni e Zn. Carbono, oxigênio e hidrogênio também
são considerados macronutrientes, mas são retirados do ar
§ claro: fotossíntese → solução vacuolar básica (entra
e da água, respectivamente, na forma de CO2 e de H2O.
k+) → ganha água → estômatos abertos.
A absorção de sais depende de fatores internos e externos,
§ escuro: sem fotossíntese → solução vacuolar ácida
como aeração e temperatura.
(sai k+) → perde água → estômatos fechados.
Tecidos condutores
O xilema (lenho) conduz seiva bruta (inorgânica) da raiz às
folhas, enquanto o floema (líber) conduz seiva elaborada
(orgânica) da folha aos órgãos consumidores ou armaze-
nadores de reserva. No caule, o floema fica disposto mais
externamente que o xilema, praticamente colado à casca.

Xilema
Mecanismo de abertura/fechamento estomático. No escuro,
a acidez aumenta devido ao acúmulo de CO2 e a glicose é Os vasos condutores de seiva inorgânica são formados
convertida em amido, levando ao fechamento estomático. Na
por células mortas – devido à impregnação por lignina – e
presença de luz, o CO2 é consumido e o pH aumenta, levando
à conversão do amido em glicose e o estômato se abre.

216
ocas. Por ser constituído de células com paredes rígidas, o
xilema também participa da sustentação do vegetal.
Existem dois tipos de células condutoras no xilema: traque-
ídes e elementos de vaso.

A condução da seiva inorgânica


Atribui-se a condução da seiva inorgânica a alguns meca-
nismos:
§ Pressão de raiz;
§ Sucção exercida pelas folhas (transpiração – coesão –
tensão);
§ Capilaridade.

Floema
Os vasos do floema são formados por células vivas. A pas-
sagem da seiva orgânica se dá célula a célula – há placas
crivadas nas paredes terminais de células que se tocam.
1. A glicose é bombeada do parênquima clorofiliano para o vaso
liberiano e provoca aumento de concentração do soluto – hipertonia.
A condução da seiva elaborada A água é absorvida por osmose;
De modo geral, os materiais orgânicos são translocados 2. A entrada de água gera pressão que impulsiona
a seiva elaborada pelo floema;
para órgãos consumidores e de reserva, podendo haver
3. Quando a solução chega à raiz (ou outras regiões consumidoras),
inversão do movimento (isto é, dos órgãos de reserva o açúcar penetra nas células radiculares e a água retorna ao xilema;
para região em crescimento), quando necessário. 4. Por fim, o xilema, novamente, transporta a água em
direção aos centros produtores de seiva orgânica.

A hipótese de Münch
A hipótese mais aceita atualmente para a condução da sei- Anel de Malpighi
va elaborada é a que foi formulada por Münch e se baseia A retirada de um anel de casca do tronco principal leva
na movimentação de toda a solução do floema, incluindo a árvore à morte, pois, devido à morte de suas raíz-
água e solutos. É a hipótese do arrastamento mecânico da es, não recebe mais suprimento de água e sais min-
solução, também chamada de hipótese do fluxo por pres- erais, essenciais para a fotossíntese. O espessamento
são. O transporte de compostos orgânicos seria devido a
do tronco acima do anel é relacionado ao aumento
um deslocamento rápido de moléculas de água que arras-
da atividade meristemática nessa região, graças ao
tariam, no seu movimento, as moléculas em solução.
acúmulo de composto orgânico.
Acompanhe no esquema a seguir as etapas envolvidas
nesse mecanismo:

HORMÔNIOS VEGETAIS
Assim como em animais, nos vegetais também há uma série de fatores que controlam o funcionamento fisiologicamente.
Os hormônios vegetais ou fitormônios – substâncias orgânicas reguladoras de processos vitais, como o crescimento, a ger-
minação de sementes e amadurecimento de frutos – são importantes no controle do metabolismo das plantas.

Auxinas
O AIA tem a capacidade de estimular ou inibir o crescimento, em razão disso, sua ação depende da sua concentração e
também da região onde se encontra. Observe o gráfico a seguir.

217
Gráfico da sensibilidade de diferentes estruturas de um vegetal a diferentes concentrações de AIA

§ Influenciam na dominância apical.


§ Atuam na distensão (alongamento) das células e influenciam a multiplicação celular em caules, raízes e folhas.
§ O AIA desloca-se do lado iluminado para o não iluminado, exercendo ali o seu efeito e promovendo a curvatura da região
estimulada.
§ Estão envolvidas no desenvolvimento de frutos partenocárpicos.
§ A auxina sintética é utilizada como herbicida e atua somente em ervas daninhas eudicotiledôneas, as quais são tóxicas.

Giberelinas Etileno
É o único fitormônio gasoso.
§ Estimulam o crescimento de caules e folhas, através da
ação na divisão e no alongamento celular. § Estimula o amadurecimento em frutos.
§ Estimulam a quebra de dormência em sementes, para § Também está envolvido na abscisão ou queda foliar e
a germinação. de frutos.
§ Quando aplicadas a determinadas plantas podem
estimular a floração e o desenvolvimento de frutos Ácido abscísico
partenocárpicos, como as auxinas.
A principal função do ácido abscísico (ABA) é impedir a
germinação prematura de sementes, mantendo-as dor-
Citocininas mentes. Além disso também tem importante papel no es-
tímulo ao fechamento estomático, quando em ocasiões de
§ Em conjunto com as auxinas, estimulam a ocorrência carência de água, que estimula sua síntese.
de divisão celular.
As giberelinas quebram a dormência de sementes, enquan-
§ Esse hormônio, junto à auxina, ainda influencia a to o ácido abscísico as mantém dormentes.
dominância apical, mas de modo oposto à auxina.
§ Atrasam a senescência das folhas, ou seja, têm ação
antienvelhecimento em folhas.

MOVIMENTOS VEGETAIS

Em resposta a estímulos, os vegetais apresentam movimentos, que, de modo geral, podem ser classificados em tactismo, tipo
de movimento com deslocamento, tropismo e nastismo, ambos movimentos sem deslocamento.

Tactismos
Movimento no qual há deslocamento, o qual acontece em gametas vegetais, como os anterozoides de briófitas e pteridóf-
itas, denominado quimiotactismo.
As euglenas, algas unicelulares, apresentam fototactismo positivo, se movendo em direção à luz.

218
O aerotactismo é o movimento de organismos em relação
ao gás oxigênio, que pode ser observado em bactérias.
Tigmotropismo
Neste movimento o estímulo é mecânico. É observado em

Tropismos
gavinhas que se enrolam ao redor de suportes.

São movimentos de curvatura – por crescimento – em res-


posta a estímulos ambientais. Quando a região da planta
Nastismos
– como caule ou raiz – se aproxima do estímulo, tem-se São movimentos não orientados, apesar de também serem
o tropismo positivo; e, quando acontece o contrário – o desencadeados por estímulos ambientais, assim, indepen-
afastamento – tem-se o tropismo negativo. dem da direção ou origem do estímulo.
Os principais tipos de tropismo são: fototropismo, geotro-
pismo (gravitropismo), quimiotropismo e tigmotropismo. Fotonastismo
Nesse tipo de movimento, observado na abertura e fecha-
Fototropismo mento de flores, a luz age como agente estimulador.
A luz é o estímulo ambiental. De modo geral, as raízes têm
fototropismo negativo e os caules fototropismo positivo.
Termonastismo
Nesse tipo de movimento a temperatura age como estim-
Geotropismo ulante.

A força da gravidade é o estímulo por trás desse movi- Outros casos de nastismo
mento. De modo geral, os caules apresentam geotropismo
São exemplos: abertura e fechamento dos estômatos, o
negativo, enquanto a raiz apresenta geotropismo positivo.
recolhimento dos folíolos da planta sensitiva ou dormideira
Quimiotropismo (Mimosa pudica), o aprisionamento de insetos pelas folhas
de certas plantas carnívoras, e os movimentos “de dormir”,
Ocorre em decorrência de um estímulo químico. Um exem- comuns em leguminosas.
plo de quimiotropismo é o que ocorre no crescimento do
tubo polínico em direção ao óvulo.

FOTOPERIODISMO
A resposta dos seres vivos à periodicidade luminosa diária é denominada fotoperiodismo e demonstra influência sobre
processos fisiológicos dos vegetais, como a floração e a queda de folhas. No entanto, atualmente, sabe-se que o período de
duração contínua de escuro exerce maior influência na floração.
Tomando como exemplo a floração, vamos distinguir como podem ser classificadas as plantas de acordo com a influência
do fotoperiodismo sobre elas.
§ Plantas indiferentes
§ Plantas de dia curto e de dia longo

Planta de dia curto (PDC) (planta de noite longa) Planta de dia longo (PDL) (planta de noite curta)

219
Fitocromos
A percepção da duração do dia ou da noite nos vegetais depende da existência de pigmentos proteicos fotorreceptores, os
fitocromos, produzidos nas folhas ou em sementes e responsáveis por captar comprimentos de onda específicos. Assim, além
da floração, os períodos de luminosidade influenciam – estimulando ou inibindo – também a germinação de sementes. Por
exemplo, numa planta de dia curto, um dos tipos de fitocromo atua inibindo a floração em períodos de escuridão particu-
larmente curtos; e em uma planta de dia longo, sob as mesmas condições, o mesmo fitocromo que agia inibindo a floração
naquelas plantas, age de maneira oposta, induzindo a floração.

220
U.T.I. - Sala 4. (UNESP) Um pesquisador investigou se havia dife-
rença no número de frutos formados a partir de flores
autofecundadas e a partir de flores submetidas à fecun-
1. (UERJ) O padrão de movimentação das plantas é in- dação cruzada em uma determinada espécie de planta.
fluenciado por diferentes estímulos, de natureza quími- Sabendo que a planta apresentava flores hermafrodi-
ca ou física. Considere as plantas como a dama-da-noi- tas, montou três experimentos.
te, que abrem suas flores apenas no período noturno.
Experimento 1: Marcou 50 botões (grupo 1), cobriu-os com
Identifique o tipo de movimento vegetal que promove tecido fino para impedir a chegada de insetos e acompa-
a abertura noturna das flores da dama-da-noite e indi- nhou seu desenvolvimento até a formação de frutos.
que o estímulo responsável por esse movimento.
Experimento 2: Marcou outros 50 botões (grupo 2), co-
Em relação às flores que se abrem à noite, apresente briu-os com tecido fino. Quando as flores se abriram,
duas características morfológicas típicas responsáveis depositou pólen trazido de outras flores sobre os estig-
pela atração de polinizadores noturnos. mas, cobriu-as novamente e acompanhou seu desenvol-
vimento até a formação de frutos.
2. (UNICAMP) Escreve James W. Wells em “Três mil mi-
lhas através do Brasil”: Experimento 3: Marcou mais 50 botões (grupo 3), re-
tirou cuidadosamente as anteras de cada um deles e
“A aparência desta vegetação lembra um pomar de fru- cobriu-os com tecido fino. Quando as flores se abriram,
tas mirrado na Inglaterra; as árvores ficam bem distan- depositou pólen trazido de outras flores sobre os estig-
tes uma das outras, ananicadas no tamanho, extrema- mas, cobriu-as novamente e acompanhou seu desenvol-
mente retorcidas tanto de troncos quanto de galhos, e vimento até a formação de frutos.
a casca de muitas variedades lembra muito a cortiça; a
folhagem é geralmente seca, dura, áspera e quebradiça; Concluídos os experimentos, com que grupo, 2 ou 3, os
as árvores resistem igualmente ao calor, frio, seca ou dados obtidos no experimento 1 devem ser compara-
chuva [...]”. dos para se saber se há diferença no número de frutos
formados a partir de flores autofecundadas e a partir
a) A que tipo de formação vegetal brasileira o texto de flores submetidas à fecundação cruzada? Justifique.
se refere?
b) Qual é a principal causa do aspecto “ananicado” 5. (UFF) O gráfico a seguir representa curvas de transpi-
das árvores? ração de três plantas de um mesmo tipo e tamanho, que
c) Qual é a principal causa do aspecto da casca? foram mantidas em uma estufa com temperatura cons-
d) Cite outra característica importante das plantas tante e luminosidade natural. Nesse experimento, cada
dessa formação vegetal que não esteja descrita no planta foi submetida a uma das seguintes condições de
texto. A que se deve essa característica? suprimento de água: I – muita água, somente no início
da manhã e médio suprimento no resto do dia; II – pou-
3. (UFTM) Foram retirados dois anéis em torno do cau- ca água durante todo o dia; III – amplo suprimento de
le de duas plantas (cana-de-açúcar e laranjeira), como água o dia todo.
ilustra o esquema.

a) Após a análise do gráfico, associe cada curva (A,


A cana pertence ao grupo das monocotiledôneas e a B e C) à sua respectiva condição de suprimento de
laranjeira ao grupo das eudicotiledôneas. Em relação às água (I, II e III).
intervenções realizadas, responda: b) Compare a abertura dos estômatos das plantas
a) Qual delas provavelmente irá morrer, a cana-de- submetidas às condições I e III, ao meio-dia.
-açúcar, a laranjeira ou ambas? Explique por quê. c) Explique, de acordo com a teoria de Dixon, como
b) Por que as eudicotiledôneas geralmente apresentam a transpiração atua no mecanismo de transporte da
maior espessura do caule do que as monocotiledôneas? seiva bruta, em árvores de grande porte.

221
6. (UFC) Atualmente é comum haver, em muitos super- exemplo, é o fruto da mamoneira. Não é uma fruta, pois
mercados da cidade, verduras que foram cultivadas não se pode comê-la. Já o mamão, fruto do mamoeiro, é
através da técnica da hidroponia, ou seja, do cultivo em obviamente uma fruta.
soluções de nutrientes inorgânicos e não no solo. (Veja, 04.02.2015. Adaptado.)
Pergunta-se:
O texto faz um contraponto entre o termo popular “fru-
a) Como são classificados os nutrientes inorgânicos
ta” e a definição botânica de fruto. Contudo, comete
essenciais adicionados à solução? Cite 2 (dois) exem-
um equívoco ao afirmar que “toda fruta é um fruto”.
plos de cada grupo.
Na verdade, frutas como a maçã e o caju não são frutos
b) Por que a solução de nutrientes utilizada na hidro-
verdadeiros, mas pseudofrutos.
ponia deve ser continuamente aerada?
Considerando a definição botânica, explique o que é
um fruto e porque nem toda fruta é um fruto. Explique,
U.T.I. - E.O. também, a importância dos frutos no contexto da diver-
sificação das angiospermas.
1. (UNISA – MEDICINA) A figura 1 mostra uma abelha na
flor de uma laranjeira e a figura 2 indica o local em que 3. (UFU) A ilustração a seguir representa, com um es-
foi removido um anel completo de um ramo (cintamen- quema tridimensional, a morfologia interna de uma fo-
to ou anel de Malpighi) dessa planta. lha. Analise-a e responda as questões que seguem.

Adaptado de AMABIS, J.M. & MARTHO, G.R.


“Fundamentos de Biologia Moderna”. São Paulo: Moderna,
2003 e Http://www.ualr.edu/~botany/leafstru

a) Qual é o nome da estrutura apontada pelo número


1 e a que tecido ela pertence?
b) Qual é o nome do tecido apontado pelo número 2
e qual é a sua função?

4. (UFRJ) A soma da área superficial de todas as folhas


encontradas em 1m2 de terreno é denominada SF. O
gráfico a seguir apresenta a SF de 3 ecossistemas dis-
tintos (A, B e C). Nesses três ambientes, a disponibilida-
a) Cite o nome do processo realizado pela abelha que de de luz não é um fator limitante para a fotossíntese.
garante a reprodução da planta. Que benefício a abe-
lha obtém ao realizar tal processo?
b) Considere que a laranjeira possua todos os ramos
repletos de flores e que o cintamento tenha sido feito
no local apontado pela figura 2. Qual será o tamanho
dos frutos formados acima do cintamento em com-
paração ao tamanho dos frutos dos demais ramos?
Justifique sua resposta.

2. (UNESP) “Fruto ou Fruta? Qual a diferença, se é que


existe alguma, entre ‘fruto’ e ‘fruta’?”
Identifique qual dos três ecossistemas corresponde a
A questão tem uma resposta simples: fruta é o fruto
um deserto, explicando a relação entre a SF e as carac-
comestível. O que equivale a dizer que toda fruta é um terísticas ambientais deste ecossistema.
fruto, mas nem todo fruto é uma fruta. A mamona, por

222
5. (UNESP) Um professor de biologia solicitou a um alu- a) A que grupo de plantas se refere o texto?
no que separasse, junto com o técnico de laboratório, b) Que estrutura mencionada no texto permitiu essa
algumas plantas monocotiledôneas de um herbário conclusão?
(local onde se guardam plantas secas e etiquetadas). c) Quais são os outros grupos de plantas vasculares?
O aluno, pretendendo auxiliar o técnico, deu-lhe as se-
guintes informações: 10. (UFLAVRAS) A figura representa uma planta e seus
I. a semente de milho tem dois cotilédones e a semente órgãos vegetativos 1, 2 e 3.
de feijão, apenas um.
II. as plantas com flores trímeras devem ficar juntas
com as de raízes axiais.
a) Após ouvir as informações, o técnico deve concor-
dar com o aluno? Justifique.
b) Cite duas características e dê dois exemplos de
plantas dicotiledôneas diferentes daquelas informa-
das pelo aluno.
1 – Citar:
6. (UERJ) O controle da abertura dos estômatos das fo-
lhas envolve o transporte ativo de íons de potássio. a) Uma função do órgão vegetativo 1.
a) Descreva a importância do potássio no processo de b) Um tecido característico deste mesmo órgão.
abertura dos estômatos. 2 – Citar:
b) Nomeie as células responsáveis pelo controle des- a) Uma função do órgão vegetativo 2.
sa abertura. b) Um tecido característico deste mesmo órgão (não
repetir os citados em 1).
7. (UFSCAR) O grande sucesso das gimnospermas e das
angiospermas pode ser atribuído a duas importantes 11. (UFRJ) Nos países de clima frio, a temperatura do
adaptações ao ambiente terrestre. Responda: ar no inverno é, muitas vezes, inferior a 0°C. A água do
solo congela, o ar é frio e muito seco. Nesse período,
a) quais são estas duas adaptações?
muitas espécies vegetais perdem todas as folhas.
b) qual dessas adaptações permitiu a classificação das
fanerógamas em gimnospermas e angiospermas? Justifique. A perda das folhas evita um grande perigo para essas
plantas.
8. (UERJ) Experimentos envolvendo a clonagem de ani- Que problema a planta poderia sofrer caso não perdes-
mais foram recentemente divulgados. No entanto, ain- se as folhas? Justifique sua resposta.
da há uma grande dificuldade de obtenção de clones a
partir, exclusivamente, do cultivo de células somáticas 12. (UDESC) Folhas são órgãos vegetais cuja função
de um organismo animal, embora estas células possu- mais citada é a realização da fotossíntese. No entanto,
am o potencial genético para tal. esses órgãos podem apresentar inúmeras outras fun-
Por outro lado, a clonagem de plantas, a partir de cul- ções, de acordo com modificações que apresentam.
turas adequadas “in vitro” de células vegetais, já é exe- Os cactos apresentam uma típica modificação foliar. De
cutada com certa facilidade, permitindo a produção de que forma a folha modificada apresenta-se nesse vege-
grande número de plantas geneticamente idênticas, a tal e qual a função que ela desempenha?
partir de células somáticas de um só indivíduo original.
a) Indique o tipo de tecido vegetal que está em per- 13. (FAC. SANTA MARCELINA – MEDICINA) A imagem ilus-
manente condição de originar os demais tecidos ve- tra células especiais presentes nas folhas dos vegetais.
getais e justifique sua resposta.
b) Estabeleça a diferença, quanto ao número de cro-
mossomas, entre células somáticas e células germina-
tivas da espécie humana.

9. (UNICAMP) O texto a seguir se refere ao ciclo de vida


de uma planta vascular:
“Os esporos germinam para produzir a fase gametofíti-
ca. Os micrósporos se tornam grãos polínicos e, depois
do transporte para a micrópila do óvulo, o microga- a) Cite as trocas gasosas que ocorrem por meio do
metófito continua o seu desenvolvimento na forma de ostíolo quando se encontra aberto durante certos pe-
um tubo, crescendo através do nucelo. Um megásporo ríodos do dia.
produz um gametófito envolvido pela parede do nucelo b) Explique o motivo pelo qual as plantas aquáticas
e por tegumento. Os gametófitos produzem gametas: podem ficar com os ostíolos abertos o dia inteiro,
duas células espermáticas em cada tubo polínico e uma enquanto as plantas terrestres podem fechá-los em
oosfera em cada arquegônio”. períodos mais quentes do dia.

223
14. (UNINOVE – MEDICINA) Respiração celular e fotos-
síntese são reações bioquímicas que se inter-relacio-
nam em alguns seres vivos.
a) Considere os seres vivos: musgo, mosca, levedura,
polvo, alga parda e ameba. Quais destes seres vivos
possuem células que podem realizar respiração celu-
lar e fotossíntese simultaneamente?
b) Cite as organelas e as substâncias trocadas durante
a respiração celular e fotossíntese destes seres vivos.
a) Como são denominadas as estruturas I, II e III?
15. (UFES) A torta capixaba, como o próprio nome indi- b) Como o processo ilustrado na figura é denominado
ca, é um prato típico do Estado do Espírito Santo. Serve e qual sua consequência para a planta A?
de sugestão, para a preparação da torta, a seguinte lis- c) Por que é importante que a estrutura II seja transporta-
ta de ingredientes: 150 g de bacalhau, 150 g de cama- da pelo inseto entre flores de plantas diferentes, em vez
rão, 150 g de carne de siri, 150 g de mexilhões cozidos, de ser transportada para outra flor da mesma planta?
300 g de palmito pupunha, 200 g de cebola, 200 g de d) Quanto à evolução das angiospermas, cite duas
tomate, 50 g de colorau, 100 g de azeitonas, 3 dentes adaptações das flores relacionadas à atração de inse-
de alho picadinhos, 8 ovos, suco de 11/2 limão, coentro tos que promovem o processo evidenciado na figura.
a gosto, azeite de oliva, sal a gosto.
(Disponível em:< http://digamaria.com/2014/04/torta-
19. (UNIFESP) A hidroponia consiste no cultivo de plan-
capixaba-com-bacalhau-camarao-frutos-mar-palmito/#.U_
tas com as raízes mergulhadas em uma solução nutritiva
Nd18VdWSo>. Acesso em: 18 ago. 2014). que circula continuamente por um sistema hidráulico.
Nessa solução, além da água, existem alguns elemen-
Levando em consideração a lista de ingredientes acima,
tos químicos que são necessários para as plantas em
faça o que se pede.
quantidades relativamente grandes e outros que são
a) Relacione os ingredientes da torta capixaba prove- necessários em quantidades relativamente pequenas.
nientes do Reino Animalia com o filo a que cada um a) Considerando que a planta obtém energia a partir
deles pertence. dos produtos da fotossíntese que realiza, por que, en-
b) Entre os ingredientes da torta capixaba prove- tão, é preciso uma solução nutritiva em suas raízes?
nientes do Reino Plantae, identifique os que repre- b) Cite um dos elementos, além da água, que obrigatoria-
sentam frutos. mente deve estar presente nessa solução nutritiva e que
c) Todos os ingredientes da torta capixaba que são as plantas necessitam em quantidade relativamente gran-
provenientes do Reino Plantae pertencem às angios- de. Explique qual sua participação na fisiologia da planta.
permas. Explique o processo de dupla fecundação das
20. (UFES) “Boa parte da floresta Amazônica e das caatingas
angiospermas, que ocorre após a polinização. do Nordeste coincidem na sua latitude. Assim, a quantidade
de luz que recebem é semelhante. No entanto, o tipo de ‘pai-
16. (PUC-RJ) O arroz (Oryza sativa) é um dos grãos sagem vegetal’ é totalmente diferente nas duas regiões.”
mais consumidos no mundo. Seu valor nutricional
I. “O clima da região amazônica reúne as condições
está relacionado ao albume (endosperma), que é
necessárias ao desenvolvimento de uma vegetação
a reserva de nutrientes para o embrião da semen- exuberante. Nela destacam-se árvores de grande por-
te. Considerando que as células somáticas do arroz te com a castanheira-do-pará, a seringueira e o caucho,
possuem 24 cromossomos, quantos cromossomos plantas produtoras de madeira como o angelim, a sucu-
podem ser encontrados nas células do albume? Justi- pira, a amburana e a copaíba, etc.”
fique sua resposta. II. “A caatinga, na seca, tem uma fisionomia de deserto.
As cactáceas como o mandacaru, a coroa-de-frade, o
17. (PUC-RJ) As angiospermas apresentam muitas ma- xiquexique, o facheiro são exemplos de sua vegetação
neiras de reprodução e compõem a principal fonte de típica. Também algumas bromeliáceas como a macam-
alimento dos seres humanos. Nesse grupo de plantas, bira. Todas elas apresentam várias adaptações que lhes
os órgãos sexuais estão presentes nas flores; e a gran- permitem sobreviver na época da seca”.
de maioria exibe reprodução sexuada. No entanto,
muitas se reproduzem também assexuadamente; e,
para algumas, a reprodução assexuada predomina.
Descreva a importância desses dois tipos de reprodu-
ção para a agricultura.

18. (UFU) A figura adiante refere-se a um processo eco-


lógico muito importante para a manutenção dos ecos-
sistemas naturais e agrícolas. Analise essa figura e res-
ponda ás questões a seguir.

224
a) Relacione o comportamento de abertura e fecha-
mento estomático, que está representado no gráfico
pelas linhas a e b, com o grupo de plantas citadas
nos textos I e II.
Justifique sua resposta.
b) A intensidade da fotossíntese das plantas repre-
sentadas nas linhas a e b no gráfico é semelhante?
Justifique sua resposta.

21. (UFRN) As funções exercidas pelos diferentes ór-


gãos dos vegetais se relacionam entre si e permitem a
interação do vegetal com o meio.
Nessa perspectiva, explique:
a) de que modo se dá a interação entre folhas e raízes
de um mesmo vegetal;
b) como os vegetais de mangue e os de caatinga se
adaptaram a seus respectivos ambientes, a partir das
modificações sofridas por suas raízes.

22. (UNICAMP) A transpiração é importante para o ve-


getal por auxiliar no movimento de ascensão da água
através do caule. A transpiração nas folhas cria uma for-
ça de sucção sobre a coluna contínua de água do xile-
ma: à medida que esta se eleva, mais água é fornecida
à planta.
a) Indique a estrutura que permite a transpiração na
folha e a que permite a entrada de água na raiz.
b) Mencione duas maneiras pelas quais as plantas
evitam a transpiração.
c) Se a transpiração é importante, por que a planta
apresenta mecanismos para evitá-la?

23. (UNESP) Considere as afirmações relativas à enxer-


tia nos vegetais.
I. Constituiu um processo de reprodução assexuada.
II. Permite a reprodução de variedades de plantas pou-
co resistentes, principalmente, ao ataque de parasitas.
III. Contribui para a variabilidade genética.
a) Quais afirmações são verdadeiras?
b) Justifique sua resposta.

225
226
BIOLOGIA 2

227
SISTEMA RESPIRATÓRIO

Para que o pulmão realize a hematose (trocas gasosas) A pressão interna da caixa torácica se reduz e fica menor
necessária à sobrevivência dos organismos, o ar deve per- que a pressão atmosférica. O ar, então, penetra nos pulmões.
correr todos os componentes do sistema respiratório:
§ Na expiração os músculos respiratórios relaxam:
§ Nariz; Diafragma sobe;
§ Faringe;
§ Músculos intercostais fazem com que as costelas volt-
§ Laringe;
em à posição original.
§ Traqueia;
§ O volume da caixa torácica diminui e a pressão interna
§ Brônquios;
aumenta, forçando a saída do ar.
§ Pulmões:
§ Bronquíolos O bulbo (componente do sistema nervoso central) é al-
§ Alvéolos tamente sensível ao aumento de CO2 no sangue e à di-
minuição do pH sanguíneo decorrente do acúmulo desse
Ventilação pulmonar gás, assim, quando em situações de pouca oxigenação,
o aumento da acidez e o próprio CO2 em solução física
§ Na inspiração, ocorre a contração da musculatura res-
no plasma estimulam os neurônios do centro respiratório.
piratória, composta por:
Consequentemente, impulsos nervosos seguem pelo nervo
Diafragma: se achata e desce. que está ligado, ao inervar o diafragma e a musculatura
Músculos intercostais: dirigem as costelas para cima e intercostal, promovendo a sua contração e a realização in-
para a frente. Como consequência, amplia-se a caixa toráci- voluntária dos movimentos respiratórios, na tentativa de
ca, aumentando o seu volume interno. expulsar o CO2 e obter de O2.

SISTEMA DIGESTÓRIO
Digestão é o processo de transformação de moléculas de grande contém principalmente pepsina, enzima com capacida-
tamanho, por hidrólise enzimática, em unidades menores que de de quebrar proteínas. O suco alimentar resultante da
possam ser absorvidas e utilizadas pelas células. De maneira ge- digestão gástrica é denominada quimo.
ral, pode ser de dois tipos: extra e intracelular. No homem e em § Intestino delgado: na região do duodeno, onde há
todos os vertebrados, a digestão é extracelular e ocorre inteira- produção do suco entérico e também recebe a secreção
mente na cavidade do tubo digestório composto por: do suco pancreático, ocorre a maior parte da digestão
§ Boca, língua e dentes: diz-se que a digestão se inicia dos nutrientes. Suas paredes são repletas de pregas
na boca, pois é nesse local que se iniciam os movimen- circulares, vilosidades e microvilosidades de forma a
tos mecânicos (mastigação) e processos químicos (ação aumentar a superfície de contato, pois é no intestino
enzima amilase salivar/ptialina). delgado que a absorção de nutrientes ocorre, além de
outros eventos da digestão.
§ Faringe: onde se iniciam os movimentos peristálti-
cos que continuam pelo trato digestório com a função § Intestino grosso: após a absorção dos resíduos úteis
pelo intestino delgado, os restos alimentares são envia-
de empurrar o bolo alimentar em direção ao ânus.
dos ao intestino grosso, misturados com grande quanti-
§ Esôfago: através de movimentos peristálticos, o dade de água e sais, que são quase totalmente absorvi-
esôfago empurra o alimento para o estômago. dos pelas paredes do intestino grosso.
§ Estômago: os movimentos peristálticos continuam, Além dos órgãos citados, é importante lembrar dos órgãos
misturando o bolo alimentar no suco gástrico que que agem como glândulas:

228
§ Fígado: maior glândula do organismo. Produz a bile e armazena glicose, ferro, cobre e vitaminas.
§ Vesícula biliar: situado na face inferior do fígado, armazena a bile;
§ Pâncreas: é considerada uma glândula mista por secretar enzimas digestivas (suco pancreático) e hormônios (insulina e glucagon).

SISTEMA URINÁRIO

O metabolismo celular dos animais decorrente da alimentação a formação de vênulas, que culminarão na veia renal, pos-
produz excretas nitrogenadas tóxicas ao organismo e que, por sibilitando o retorno do sangue para a circulação sistêmica
esse motivo, deve ser eliminadas do corpo, buscando estabele- contendo o que é útil ao organismo, como os íons.
cer a homeostase. O aparelho que permite filtrar aquilo que é
O filtrado glomerular segue pelos túbulos néfricos onde irá
tóxico e o que é útil ao organismo é composto por:
passar pelos processo de reabsorção (de glicose e aminoáci-
§ Dois rins; dos, por exemplo) e secreção ativa de outras substâncias que
§ Vias urinárias (formada pelas pelves renais, ureteres, não foram filtradas, mas precisam ser excretadas pela urina.
bexiga urinária e uretra).

Controle hormonal da excreção


O hormônio antidiurético (ADH) ou vasopressina, produzi-
do pelo hipotálamo, exerce um importante papel no con-
trole do volume urinário. Sua função é desempenhada nas
paredes dos túbulos renais, nas quais eleva a permeabili-
dade à água, promovendo, assim, a reabsorção de líquidos.

Rim e glomérulo em maior aumento.


Excretas nitrogenadas nos
diferentes grupos animais
Filtração do sangue Os animais evoluíram de forma que pudessem excretar o produ-
As artérias renais passam por ramificações sucessivas, for- to que é mais conveniente de acordo com o ambiente em que
mando arteríolas e capilares, vasos de menor calibre. A partir vivem, isto é, de acordo com a quantidade de água disponível.
da arteríola aferente que adentra na cápsula de Bowman, Animais com maior disponibilidade de água, no geral, excre-
forma-se um emaranhado de capilares sanguíneos, decor- tam amônia, um produto nitrogenado bastante tóxico, que
rentes de ramificações, denominado glomérulo renal ou exige grande quantidade de água para ser diluído. Exemplos
glomérulo de Malpighi. É função do glomérulo realizar a fil- são a maioria dos invertebrados aquáticos e os peixes ósse-
tração do sangue. Após esse processo, o sangue continua a os. Animais que precisam poupar água convertem a amônia
fluir pelo néfron, graças à arteríola eferente que abandona a em um produto menos tóxico e que não necessita de tanta
cápsula. Um conjunto de capilares, originados a partir da ar- água para diluí-lo, como a ureia (excretada por anelídeos,
teríola eferente, envolve os túbulos renais e a alça de Henle, peixes cartilaginosos, anfíbios adultos e mamíferos) e o ácido
possibilitando trocas entre a corrente sanguínea e o interior úrico, excreta menos tóxica e mais econômica do ponto de
do túbulo néfrico. Por fim, esses capilares irão se unir para vista hídrico (excretado por insetos, répteis e aves).

SISTEMA NERVOSO
A relação do mundo exterior com o organismo se dá graças à existência do sistema nervoso que detecta alterações no mun-
do exterior e até mesmo perturbações e diferentes sensações no interior do próprio organismo. Tais informações percebidas
são levadas até um centro de comando, onde devem ser processadas e interpretadas para gerar uma resposta.

229
A condução dos Lei do tudo ou nada
estímulos nervosos Existem duas situações: ou o estímulo não consegue atin-
gir o limiar de excitação e não gera impulso, ou é suficiente
O impulso nervoso se propaga em um único sentido: para atingir o limiar e gera impulso. Esse fenômeno obe-
dendrito → corpo celular → axônio. dece à chamada lei do tudo ou nada.
Ao chegar às extremidades do axônio, são liberados neuro-
transmissores na fenda sináptica, substâncias que permitem
Arco reflexo
ao impulso nervoso ser transmitido a outro neurônio. Para Arco reflexo se caracteriza por uma rápida resposta a um
que o impulso percorra as fibras nervosas com maior veloci- estímulo, como retirar a mão de algo danoso. Participam
dade, a existência da bainha de mielina é fundamental, desse processo a medula espinhal e os neurônios.
promovendo a condução saltatória, a qual acontece
Três tipos básicos de neurônio podem ser reconhecidos
“aos pulos” na região dos nódulos de Ranvier.
com relação à atividade que desempenham:
§ neurônios sensoriais;
§ neurônios de associação (interneurônios);
§ neurônios efetores (ou motores).

Organização do sistema
nervoso dos vertebrados
Dois grandes componentes fazem parte do sistema
nervoso humano:
Sistema Nervoso Central: encéfalo e medula espinhal
§ Encéfalo: cérebro, diencéfalo, cerebelo e bulbo.
Sistema Nervoso Periférico : receptores, nervos e gânglios
§ Sistema nervoso somático: ações voluntárias;
§ Sistema nervoso autônomo: ações involuntárias:
§ Simpático;
Potencial de ação e sentido do impulso nervoso. § Parassimpático.

ÓRGÃOS DOS SENTIDOS

O sistema nervoso é responsável por codificar as informa- b. Quimiorreceptores


ções levadas até ele. Os animais evoluíram de forma que
§ Gustativos – localizados na língua (nos humanos).
possuíssem estruturas especializadas em perceber e co-
dificar com bastante precisão os cinco sentidos. Algumas § Olfativos – localizados no epitélio nasal.
dessas estruturas especializadas são:
c.Termorreceptores
a.Mecanorreceptores:
§ Temperatura – localizado na pele.
§ Tato – localizados na pele.
§ Proprioceptores – localizados no músculo. d.Eletrorreceptores
§ Pressão – localizados nos vasos. § Corrente elétrica – localizados na pele dos peixes elé-
§ Equilíbrio – labirinto, localizado no ouvido. tricos.
§ Auditivos – cóclea, localizado no ouvido.

230
e. Fotorreceptores contato com o epitélio nasal e outra parte (axônio) se
encontra com outros axônios ligados pelo bulbo olfató-
§ Compostos que absorvem luz – localizados no olho.
rio — o conjunto de axônios caracteriza o nervo olfativo,
f. Dor responsável por encaminhar ao SNC as informações rela-
cionadas a esse sentido.
§ Terminações nervosas livres – localizadas em todo o
corpo.
Gustação
Visão Os botões gustativos localizados em diferentes regiões
da língua são responsáveis por captar as substâncias quími-
Fazem parte da estrutura ocular humana: córnea, íris, pu-
cas que dão sabor aos alimentos. Somos capazes de distin-
pila, cristalino/lente, humor aquoso, humor vítreo, verno
guir o amargo, o ácido, o salgado, o doce e o umami.
óptico e retina — local onde se concentram cones (sen-
síveis à cores) e bastonetes (sensíveis à luminosi-
dade). Ao vermos um objeto, a luz é captada por fotorre- Audição
ceptores na retina. Depois disso, a luz é “convertida” em A orelha – órgão que se assemelha a uma concha para
impulso nervoso e, então, sinais são enviados ao cérebro. captar melhor as ondas sonoras – pode ser dividida em:

Olfato
§ Orelha externa: pavilhão da orelha e canal auditivo
(delimitado pelo tímpano).
O número de células olfativas varia de acordo com a es- § Orelha média: contém três ossículos, o martelo, a bi-
pécie, justificando o ótimo olfato que os cães possuem, gorna e o estribo, que atuam na amplificação do som.
por exemplo.
§ Orelha interna: também relacionada ao equilíbrio.
O epitélio olfativo é composto por três diferentes tipos Contém a cóclea. Da cóclea, a mensagem é conduzida
celulares: células receptoras, células de suporte, e células pelo nervo auditivo até o cérebro.
basais. Uma parte (dendrito) do neurônio receptor está em

DROGAS E O SNC

Droga é qualquer substância natural ou sintética que provoca mudanças físicas ou psíquicas. As drogas podem ser adminis-
tradas ou ingeridas de diferentes maneiras, que incluem a via oral, absorção cutânea (ou pelas mucosas), injeção e inalação –
as duas últimas responsáveis por causar efeitos mais fortes e instantâneos, pois alcançam mais rápido a corrente sanguínea
e, consequentemente, seus receptores específicos. Estes estão localizados no cérebro, de maneira geral.
Ao alcançar seu receptor alvo, essas substâncias influenciam, podendo ser:
§ Drogas agonistas: imitam ou aumentam a ação de determinado neurotransmissor, como a nicotina (presente no cigar-
ro), uma agonista da acetilcolina, e o LSD (ácido lisérgico), um agonista da serotonina;
§ Drogas antagonistas: bloqueiam a ação de algum neurotransmissor, como a cafeína, uma antagonista da adenosina;
§ Bloquear ou afetar sua reabsorção: importante mecanismo que ocorre após o estímulo da membrana pós-sináp-
tica. A cocaína tem esse efeito, pois bloqueia a reabsorção de norepinefrina e de dopamina, causando a continuidade
de sua ação.

A maioria dessas drogas passíveis de serem usadas de maneira abusiva é classificada como drogas psicotrópicas ou psi-
coativas, pois agem no cérebro alterando o humor, o comportamento e os processos de pensamento. São comumente assim
classificadas:
§ estimulantes: como a cocaína, o crack, a nicotina, a cafeína e as anfetaminas;
§ calmantes (ou depressoras): como o álcool, barbitúricos, opioides e os inalantes ou solventes;
§ alucinógenas (ou perturbadoras): como a maconha (THC), o LSD, a mescalina, certos tipos de cogumelos e o ecstasy.

231
SISTEMA ENDÓCRINO E MÉTODOS CONTRACEPTIVOS

O sistema endócrino é composto por glândulas endócrinas (ou anfícrinas, as quais possuem também a porção endócrina),
hormônios e receptores de membrana específicos para determinados hormônios.
A função primordial das glândulas é secretar hormônios no sangue para que se liguem aos seus receptores específicos e
iniciem sua ação no metabolismo. As ações são muito variadas, dentre elas estão contração de músculos, crescimento, de-
senvolvimento das características sexuais secundárias, entre outras.

Além dos componentes básicos do sistema endócrino, uma região fundamental para o organismo e, particularmente, para o
controle de hormônios, o hipotálamo tem a função de estimular ou inibir a secreção de hormônios, função esta desempenhada
pela hipófise/glândula pituitária. A hipófise é dividida em neurohipófise/hipófise posterior e adenohipófise/hipófise anterior.
Hormônios Atuação
Age no crescimento de vários tecidos e órgãos, particularmente nos ossos. Na infância, a deficiência desse
Crescimento –
hormônio pode levar ao quadro de nanismo; e o excesso dele, ao gigantismo. No adulto, o excesso provoca
GH (somatotrofina)
acromegalia (aumento das extremidades – mãos, pés, mandíbulas).
(porção anterior)

Adrenocorticotrófico – Age na região cortical das glândulas adrenais, estimulando-as a produzirem os hormônios cortisol e aldoste-
Adenoipófise

ACTH rona.
Folículo estimulante – Age nos ovários, estimulando o desenvolvimento dos folículos ovarianos. No homem, estimula a formação dos
FSH (gonadotrofina) espermatozoides.
Luteinizante – Atua nas gônadas femininas e masculinas. Nos ovários age na ruptura dos folículos ovarianos, que resulta na
LH (gonadotrofina) liberação do óvulo. No homem, age nos testículos, estimulando a síntese de testosterona.
Tireotrofina –
Age estimulando a síntese dos hormônios tireoidianos.
TSH
Prolactina Atua estimulando a produção de leite pelas glândulas mamárias e a secreção de progesterona pelos ovários.
(porção posterior)

A porção posterior libera dois hormônios produzidos pelo hipotálamo: a oxitocina e o hormônio antidiurético.
Neuroipófise

O primeiro estimula a contração uterina durante o trabalho de parto e a contração dos músculos lisos das
Oxitocina e Antidiurético glândulas mamárias para expulsão do leite. O segundo, cuja sigla é ADH, atua nos ductos coletores dos né-
(ADH) ou vasopressina frons, promovendo a reabsorção de água e nas glândulas sudoríparas, diminuindo a sudorese. Em elevadas
concentrações provoca aumento da pressão sanguínea. A produção deficiente desse hormônio leva ao quadro
de diabetes insípido.

232
Principais glândulas
do corpo humano
§ Glândula pineal: responde a estímulos luminosos, regu-
lando o ciclo circadiano do indivíduo. Secreta melatonina.
§ Glândula tireóidea/tireoidiana: apresentam iodo em
sua composição e agem regulando o metabolismo atra-
vés da secreção de T3 e T4. Na foto estão ilustradas as estruturas do sistema
reprodutor masculino e feminino.
§ Glândulas paratireóides: secretam o paratormônio
que possui função de regular os níveis de cálcio circulan-
tes, através da degradação de tecido ósseo.
Ciclo menstrual e sua importância
O ciclo menstrual é um processo cíclico. Seu funciona-
§ Pâncreas: destacado pelo fato de ser anfícrina (porção mento é diretamente dependente da secreção alternada
endócrina e exócrina). Porção exócrina secreta sucos de quatro principais hormônios: estrógeno e progesterona
pancreáticos e a porção endócrina secreta a insulina e o (secretados principalmente pelos ovários), Hormônio Lutei-
glucagon. nizante (LH) e Hormônio Folículo Estimulante (FSH) secre-
§ Suprarrenais: localizadas acima de cada rim. tados pela hipófise.
a) Medula adrenal – as principais secreções da medula Esse ciclo, que dura, em média, 28 dias, permite que os
adrenal são: adrenalina (epinefrina) e noradrenalina (nore- gametas femininos amadureçam, cria condições para que
pinefrina). Suas células secretam quando recebem estímulo este gameta maduro seja fertilizado e, quando fertilizado,
nervoso. os hormônios também criam um ambiente propício à im-
plantação do embrião no útero, ou seja, deixam a camada
b) Córtex adrenal – as principais secreções do córtex do endométrio mais espessa. Caso não ocorra fecundação,
adrenal são: cortisol (glicocorticoides) que são esteroides de esta camada do endométrio será expelida (menstruação).
ampla ação sobre o metabolismo dos carboidratos e das
proteínas; aldosterona (mineralocorticoides) que são essen-
ciais para a manutenção do balanço de sódio e do volume Métodos anticoncepcionais
do líquido extracelular. § Preservativo/camisinha masculina e feminina:
§ Timo: órgão linfoide que também atua como glândula agem como barreira física, único que impede também
endócrina, pois produz hormônios relacionados à matu- a transmissão de doenças sexualmente transmissíveis
ração dos linfócitos T, também formados no timo. (DST).
§ Pílula anticoncepcional: contém hormônios sintéti-
Controle hormonal na cos que inibem a ovulação.
§ Dispositivo intrauterino (DIU): o DIU de cobre fun-
reprodução humana ciona como barreira física, impedindo que os esperma-
Os hormônios sexuais ou gonadotrofinas são fundamen- tozoides cheguem ao ovócito. O DIU de mirena também
tais para o controle do amadurecimento e o correto fun- libera hormônios, , assim, além de funcionar como bar-
cionamento, como um relógio biológico dos órgãos repro- reira física, também inibe a ovulação.
dutores (gônadas); desde o nascimento, puberdade até o § Diafragma: funciona como barreira física, pois tampa a
envelhecimento dos órgãos e sistemas reprodutores. entrada da tuba uterina.
No homem, o FSH estimula a espermatogênese (produção § Tabelinha/método do calendário: ausência de re-
de espermatozoides) e o LH favorece a produção de tes- lações sexuais entre o casal durante o período fértil da
tosterona pelo testículo. A testosterona é responsável por mulher. Método de baixa eficácia, pois o ciclo menstrual
desenvolver as características sexuais masculinas. não é totalmente regulado.
Na mulher, o FSH e o LH participam do ciclo menstrual. § Vasectomia: parte dos ductos deferentes é seccionada,
No organismo feminino a ação hormonal, no que tange à impedindo a passagem dos espermatozoides. Método
reprodução, se inicia ainda na vida intrauterina (quando os irreversível.
folículos ovarianos são formados num número limitado) e
se desdobra em eventos complexos a partir da puberdade. § Laqueadura das tubas uterinas: as tubas uterinas
são costuradas, impedindo que os espermatozoides
Neste período, o estrógeno estimula o desenvolvimento dos
atinjam o ovócito. Método irreversível.
caracteres sexuais secundários.

233
INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS

As infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), como o


nome indica, podem ser transmitidas, dentre outras formas,
através de relações sexuais, pois o patógeno se encontra
em grandes quantidades nas secreções sexuais e regiões
íntimas.

Prevenção § Hepatite B: as hepatites C e D também podem ser


transmitidas sexualmente, porém a hepatite B é consi-
Alguns cuidados devem ser tomados para evitar o contágio. derada sexualmente transmissível. O quadro pode ser
§ uso de agulhas e seringas descartáveis; assintomático. Os vírus atacam o fígado e os sintomas
são caracterizados por cansaço, tontura, enjoo, vômitos,
§ não compartilhar instrumentos cortantes, como navalhas,
febre, dor abdominal, pele e olhos amarelados (icterícia),
§ realizar exames pré-natais em mulheres grávidas – fun- urina escura e fezes claras.
damental para evitar e cuidar possíveis ISTs (de mãe para
§ Gonorreia: causada pela bactéria Neisseria gonorrhe-
filho);
ae. Doença caracterizada pela presença de secreção
§ vacinação contra hepatite B e HPV; purulenta (corrimento) na uretra masculina ou feminina
§ controle do sangue usado em transfusões. (vagina).
§ Sífilis: doença bacteriana, causada pela bactéria Trepo-

Doenças nema pallidum. A evolução da doença pode ser dividida


em três estágios: no primeiro deles, “cancro duro”, cerca
§ Síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS): de um mês após a contaminação, aparecem nos órgãos
retrovírus (HIV) invade o sistema imune e ataca os lin- genitais lesões ulcerosas. O segundo estágio, com mani-
fócitos T CD4, responsáveis pela defesa do organismo, festação algum tempo após o cancro duro, inclui, dentre
justificando o fato de a doença ser caracterizada pela outros sintomas, o aparecimento de lesões cutâneas e
debilitação do sistema imune. mucosas; e, no terceiro, estão incluídas lesões que se es-
palham por diversos locais do organismo, dentre eles o
sistema nervoso central, resultando em provável ceguei-
ra, em paralisia geral ou até mesmo em morte.
§ Cancro mole: doença bacteriana causada pela Hae-
mophilus ducreyi, o quadro inicial é caracterizado por
pequenas lesões nos órgãos genitais que, mais tardia-
mente, podem rapidamente evoluir para dolorosas feri-
das cuja consistência na base é mole – daí a denomina-
ção cancro mole.
§ Tricomoníase: o causador é o protozoário Trichomonas
§ Condiloma acuminado: o papiloma vírus humano vaginalis. Além de ser transmitida por relações sexuais e
(HPV) gera infecções e verrugas na região genital de de mãe para filho, a doença também pode ser transmiti-
homens e mulheres (ataca também o útero). A vacina da pelo uso comum de instalações sanitárias, toalhas ou
foi disponibilizada há pouco tempo no Brasil, inclusive roupas de cama contaminadas. Nos homens, o parasita
na rede pública, para meninas de 11 a 13 anos. geralmente infecta a uretra e a bexiga urinária, e, embo-
§ Herpes genital: causada principalmente pelo her- ra na maioria dos casos essa infecção seja assintomática,
pes-vírus tipo 2 (HSV-2), cuja manifestação dá-se nos ela pode provocar corrimento uretral e dores ao urinar;
órgãos genitais com o aparecimento de vesículas (bo- nas mulheres, pode ocorrer inflamação na vagina, com
lhas), preenchidas com líquido, que ao romperem, ori- produção de secreção (amarelo-esverdeada de odor fé-
ginam feridas. tido), bem como dores ao urinar.

234
U.T.I - Sala a) Como uma pessoa que apresenta predisposição
genética às doenças cardiovasculares pode adotar
medidas profiláticas contra esses males?
1. (UEL) Além do transporte de gases, a circulação san- b) O modo de vida atual nas grandes cidades leva
guínea transporta outros solutos, calor e nutrientes. as pessoas a consumirem cada vez mais alimentos
Cada classe de vertebrados tem um tipo muito unifor- industrializados ricos em sódio e gordura. Cite as con-
me de circulação, mas as diferenças entre as classes são sequências para a saúde humana de uma dieta com
substanciais, principalmente quando se comparam os estes compostos.
vertebrados aquáticos com os terrestres. c) No esquema que segue sobre o coração, identifi-
As figuras a seguir representam dois tipos de circulação que os vasos numerados de 1 a 5, informando o tipo
sanguínea observados em vertebrados. A letra V repre- de sangue que circula pelo vaso indicado.
senta os ventrículos e a letra A representa os átrios. As
setas indicam a direção do fluxo sanguíneo. 3 4 5
2
Organismo X Organismo Y
1 2
AD AE

VD VE
1
A A
V
Aorta
A V V
Aorta
3. (UFU) “Em aves que voam pouco, como galinhas
e perus, os músculos peitorais, que movimentam as
asas, são formados principalmente por fibras bran-
cas. Em aves migratórias acontece o contrário: os
músculos peitorais são formados predominantemente
Capilares que irrigam órgãos e tecidos corporais
(Adaptado de: <http://wikiciencias.casadasciencia.org/wiki/ por fibras vermelhas”.
index.php/Sistemas_de_Transporte_nos_Animais>,
Acesso em: 31 jul. 2015.) Adaptado de LOPES, Sônia. São Paulo: Saraiva, 2003. p. 393. v. 1.
De acordo com a descrição acima, faça o que se pede.
Com base na figura e nos conhecimentos sobre circula-
ção sanguínea, responda aos itens a seguir. a) Estabeleça diferenças fisiológicas e morfológicas
entre fibras musculares brancas e vermelhas.
a) Que órgãos são representados pelos números 1 e 2?
b) Determine as principais formas de obtenção de
b) Que vantagens apresenta a circulação dupla com- energia pelas fibras musculares vermelhas e brancas
pleta, no organismo Y, em relação à circulação encon- durante a atividade contrátil.
trada no organismo X?
4. (FMJ) O sistema nervoso é formado por bilhões de
2. (USF) Segundo a Organização Mundial da Saúde
neurônios, que possibilitam a condução do impulso
(OMS), as doenças cardiovasculares são as principais
causas mundiais de morte. No Brasil, 300 mil pessoas nervoso em um único sentido. Cada neurônio é cons-
morrem anualmente, ou seja, um óbito a cada dois mi- tituído por três regiões específicas, sendo que apenas
nutos é causado por esse tipo de enfermidade. uma delas é envolvida pelo estrato mielínico (bainha
de mielina).
Embora fatores não modificáveis, como predisposição
genética, contribuam para a ocorrência de tais doen- a) Cite as três regiões do neurônio que permitem a
ças, para o cardiologista Leonardo Spencer, do Hospital propagação do impulso nervoso num sentido único.
do Coração do Brasil, em Brasília, essas estatísticas po- Qual é a vantagem da presença do estrato mielínico
dem ser explicadas principalmente pelos maus hábitos na condução do impulso nervoso?
de vida da população. “Alimentação não balanceada, b) Explique como um neurônio consegue “se comuni-
rica em gordura saturada, aliada ao sedentarismo, ao car” com outro neurônio sem ter contato físico.
sobrepeso, à hipertensão, ao diabetes e ao tabagismo,
por exemplo, aumenta consideravelmente o risco de o 5. (UFPR) A figura 1 apresenta um esquema da orga-
indivíduo ter um problema cardíaco no futuro”. nização do sistema nervoso autônomo e a figura 2
Várias enfermidades estão no guarda-chuva das doen- um esquema da sinapse entre o axônio de um neurô-
ças cardiovasculares. O Dr. Leonardo Spencer enumera nio motor e uma fibra muscular estriada esquelética
as 4 que mais levam a óbito no Brasil: infarto agudo do (junção neuromuscular).
miocárdio, doença vascular periférica, acidente vascular FIGURA 1 FIGURA 2
cerebral e morte súbita.
Disponível em: <http://coracaoalerta.com.br/fique- Neurônio pré-ganglionar Neurônio pós-ganglionar Neurotransmissor 1
simpático Neurônio motor
alerta/4-doencas-cardiovasculares-que-mais-matam- simpático somático
pais-2/>. Acesso em: 02/10/2015, às 09h35min.

Neurônio pré-ganglionar Neurônio pós-ganglionar Neurotransmissor 2


parassimpático parassimpático

235
1 FIGURA 2 2. (UERJ) Os mergulhadores de profundidade rasa, ou
seja, de menos de 7m, com o objetivo de aumentar o
o pós-ganglionar Neurotransmissor 1
tempo de permanência em apneia sob a água, realizam
o Neurônio motor
somático
a manobra conhecida como hiperventilação: inspirar ra-
Neurotransmissor 3
pidamente, várias vezes, a fim de remover da corrente
sanguínea uma quantidade de CO2 maior do que o or-
Fibra muscular
o pós-ganglionar
mpático
Neurotransmissor 2
esquelética ganismo é capaz de produzir. No entanto, como a con-
centração de CO2 é responsável por produzir a necessi-
a) Nomeie os neurotransmissores 1, 2 e 3. dade de respirar, essa mesma manobra pode, também,
b) Qual é o efeito do neurotransmissor 3 sobre fibras provocar desmaios sob a água, com risco de morte para
musculares estriadas cardíacas? o mergulhador que a pratica. Observe nos gráficos as
c) Qual é o efeito do neurotransmissor 1 sobre fibras diferentes concentrações de O2 e CO2 em duas situações
musculares estriadas cardíacas? de mergulho.

6. (UDESC) Os Jogos Paraolímpicos representam uma mergulho normal mergulho após hiperv

questão de superação de desafios e preconceitos. Par- respiração mergulho respiração normal hiper- mergulho
normal necessidade ventilação
ticipam dessas competições atletas com deficiências urgente
limite de O
atingido
físicas congênitas, como síndromes, malformação ou de respirar ocorre desm
lesões adquiridas de forma definitiva. Uma dessas de-
ficiências é a visual que pode surgir a partir do deslo-
camento da retina e do comprometimento do cristalino
(catarata que em situações graves leva à cegueira).
Pergunta-se:
a) Qual a diferença entre síndrome e malformação limite de O2 para ocorrência de desmaio ______ nível de O2
congênita? mergulho normal mergulho após hiperventilação
limite de CO2 para disparo da respiração ______ nível de CO2
zona de desm
respiração mergulho
retina e do cristalino narespiração
b) Qual a função danormal visão? normal hiper-
ventilação
mergulho
necessidade limite de O2 necessidade
urgente atingido; urgente
de respirar

U.T.I. - E.O.
ocorre desmaio de respirar
mergulho normal mergulho após hiperventilação
respiração mergulho respiração normal hiper- mergulho
normal necessidade ventilação
limite de O2 necessidade
urgente atingido; urgente
de respirar ocorre desmaio de respirar
1. (UNICID – MEDICINA) A figura representa um modelo
artificial para demonstrar como ocorrem os movimen-
tos respiratórios no ser humano.
Uma garrafa tem seu fundo cortadolimite deeO2substituído por
para ocorrência de desmaio ______ nível de O2
de desmaio zona
______de desmaio
limite de O para ocorrência nível de O por falta dedesmaio
O2 por falta de O
uma borracha, no interior dela hálimite
uma de bexiga amarrada
2 2
zona de
CO2 para disparo da respiração ______ limitenível
de CO de
para CO
disparo da respiração
2 2
______ nível de CO 2
2

em um tubo oco que atravessa uma rolha acoplada à


boca da garrafa. Indique a principal estrutura do sistema nervoso cen-
tral envolvida no controle involuntário da respiração e,
também, a principal alteração do sangue detectada por
essa estrutura.
Em seguida, com base nos gráficos, explique por que,
ao realizarem a hiperventilação, esses mergulhadores
podem sofrer desmaios.

3. (Unesp) Considere os seguintes exemplos de orien-


tação e comunicação em diferentes grupos de animais.
I. Os machos de vagalumes, ativos durante a noite, são
capazes de localizar suas fêmeas pousadas na vegeta-
ção por meio de flashes de luz emitidos por elas.
II. Machos da mariposa do bicho-da-seda podem perce-
ber a presença de uma fêmea que esteja emitindo fero-
mônios a alguns quilômetros de distância e se orientar
a) A bexiga interna e a borracha do fundo da garrafa até ela.
representam no experimento, respectivamente, quais III. Peixes são capazes de perceber a aproximação de
órgãos do sistema respiratório? outro organismo pelas vibrações que estes provocam
b) A inspiração e expiração são controladas pelo bul- no meio.
bo. Qual o principal estímulo que faz com que o bulbo IV. Cascavéis, também ativas durante a noite, possuem
aumente a frequência respiratória? Indique como fica órgãos sensoriais altamente sensíveis ao calor emitido
a pressão interna nos pulmões durante a expiração. por um organismo endotérmico.

236
V. Cascavéis projetam constantemente sua língua para 7. (UFG) A Figura I corresponde a uma etapa da ação
fora e para dentro da boca. A língua entra em contato da vitamina K no processo de coagulação sanguínea,
com um órgão situado no teto da boca e o animal ob- enquanto a Figura II mostra o efeito da interação entre
tém então informações sobre o ambiente. derivados da cumarina, classe de medicamentos antico-
a) Identifique em cada exemplo se o estímulo perce- agulantes orais, e da vitamina K.
bido pelos diferentes animais, para sua orientação e Figura I O2 CO2
comunicação, é de natureza física ou química. carboxilação
Protrombina Trombina + Ca2+
b) Que órgãos são responsáveis pela percepção do
estímulo nos exemplos II, III e IV, respectivamente? coagulação
sanguínea
Identifique pelo menos dois casos entre os cinco
exemplos citados em que a percepção do estímulo Vitamina K ativa
2.3 - epoxi-redutase da vitamina K
Vitamina K inativa
(vit. K-H2) (vit. K-O)
pode estar relacionada com a captura de presas.

4. (UNINOVE – MEDICINA) A figura mostra uma repre- Figura II


50
sentação do coração humano.

redutase da vitamina K (%)


Bloqueio da 2,3-epoxi-
derivados da cumarina
derivados da cumarina na
presença de vitamina k

quantidade de derivados da cumarina

Considerando o exposto e a análise das figuras, explique:


a) a ação da enzima 2,3-epoxi-redutase da vitamina K e
sua importância no processo de coagulação sanguínea;
X b) o porquê da recomendação terapêutica para a diminui-
ção do consumo de alimentos ricos em vitamina K em um
indivíduo que está fazendo uso de derivados da cumarina.

8. (UFTM) A tabela mostra os resultados dos exames de


Y sangue de três estudantes da UFTM.

a) Qual a importância da estrutura apontada pela Conteúdo Valores de referência Carlos Sérgio Camila
seta Y? Qual cavidade cardíaca recebe sangue prove- sanguíneo
niente dos pulmões, por meio das veias pulmonares? glóbulos
3,9 – 5,6 milhões/mm3 4,2 3,5 5,0
b) Qual o nome da estrutura apontada pela seta X? Expli- vermelhos
que qual a sua importância para o metabolismo humano. leucócitos 3,8 – 11,0 mil/mm3 12,0 5,8 6,7
5. (FAC. SANTA MARCELINA – MEDICINA) O sangue hu- plaquetas 150 – 450 mil/mm3 230 350 50
mano é formado pelo plasma, que contém água, gases,
excretas, proteínas, e pelos elementos figurados, tais Em relação aos resultados, responda:
como eritrócitos, leucócitos e plaquetas. a) Qual estudante pode apresentar quadros hemorrá-
a) Além dos componentes citados do plasma, há um gicos e qual pode desenvolver uma possível infecção,
monossacarídeo que quando em excesso, pode ser respectivamente?
um indicativo de diabetes. Qual é esse monossaca- b) Qual deles pode estar anêmico? Explique por que
rídeo? Qual é a importância desse monossacarídeo pessoas com anemia normalmente apresentam um
para o metabolismo celular? quadro de cansaço físico.
b) Dos elementos figurados, qual deles realiza a dia-
pedese? Explique como esse processo ocorre. 9. (UDESC) As complicações cardiovasculares resultam
de fatores genéticos, do envelhecimento que provoca a
6. (UNISA – MEDICINA) Os eritrócitos ou hemácias são constrição de vasos sanguíneos (artérias e veias), do se-
as células que estão em maior quantidade no sangue dentarismo, de maus hábitos alimentares e de drogas so-
de um homem saudável. São anucleadas e ricas em he- ciais, que provocam, como por exemplo, a arteriosclerose.
moglobina. Como consequência dessas complicações cardiovascula-
res, na maioria das vezes, ocorre a alteração na pressão
a) Em qual tecido de um homem adulto os eritrócitos arterial e na frequência dos batimentos cardíacos.
são produzidos? Cite um órgão em que os eritrócitos
adultos são destruídos. Pergunta-se:
b) Baixa quantidade de eritrócitos no sangue ou a) O que é arteriosclerose?
deficiências nas moléculas de hemoglobina podem b) Qual a pressão arterial de uma pessoa jovem, nor-
desencadear quadros anêmicos. Explique por que as mal, e quantos batimentos cardíacos por minuto tem
pessoas anêmicas ficam frequentemente cansadas. em média?

237
c) Qual a diferença entre veias e artérias quanto às restre com pouca água. Justifique sua resposta a partir
características histológicas? da função desempenhada pela alça néfrica.
Considerando os três principais tipos de excretas nitro-
10. (UERJ) Cientistas produzem primeiro hambúrguer
de laboratório genados, nomeie aquele mais adequado a ambientes
muito secos. Cite, ainda, uma das propriedades desse
O primeiro hambúrguer totalmente cultivado em labora-
excreta que justifique sua escolha.
tório foi preparado e degustado durante uma entrevista
coletiva em Londres. Cientistas transformaram células- 13. (UEMA) A maior parte do axônio é envolvida por
-tronco de uma vaca em fibras musculares esqueléticas, uma camada de natureza lipídica chamada de bainha
em quantidade suficiente para preparar um hambúrguer mielínica que funciona como isolante elétrico, aumen-
de 140 gramas. Os pesquisadores disseram que a tecno- tando a velocidade de condução do impulso nervoso.
logia poderia ser uma forma ecologicamente sustentável
Algumas doenças, como, por exemplo, a síndrome de
de atender à demanda crescente por carne no planeta,
Guillain-Barré, têm origem na destruição da bainha de
pois sua produção gasta 45% menos energia, emite 96%
mielina com perda gradual da atividade motora.
menos gás metano e gasta 99% menos hectares de terra
para a mesma quantidade de carne convencional. Fonte: LINHARES, Sergio; GEWANDJNAJDER,
Fernando. Biologia hoje. São Paulo: Ática, 2011.
Adaptado de O Globo, 06/08/2013.
Nomeie as duas proteínas mais abundantes das fibras Explique como a destruição da bainha de mielina afeta
musculares, responsáveis por sua contração. Explique, a atividade muscular.
ainda, a relação entre a expansão mundial dos reba-
nhos de bovinos e o aumento do efeito estufa. 14. (UEMA) Nossos sentidos funcionam em determina-
das regiões do nosso corpo a partir de estímulos que
11. (UNICAMP) “Ciência ajuda natação a evoluir” recebemos do meio ambiente. Eles são baseados em
“sensores” muito sofisticados que foram desenvolvidos
Com esse título, uma reportagem do jornal “O Estado ao longo de milhões de anos, fruto da evolução. Cada
de S. Paulo” sobre os jogos olímpicos (18/09/00) infor- um deles foi se transformando devido aos estímulos
ma que: “Os técnicos brasileiros cobiçam a estrutura do meio ambiente, favorecendo as configurações mais
dos australianos: a comissão médica tem 6 fisioterapeu- adaptadas aos desafios impostos pelo meio. Costuma-
tas, nenhum atleta deixa a piscina sem levar um furo na
-se ter muita confiança no que os nossos sentidos nos
orelha para o teste do lactato e a Olimpíada virou um
transmitem. Em particular, a visão é um dos que consi-
laboratório para estudos biomecânicos – tudo o que é
deramos mais confiáveis. Quando vemos alguma coisa,
filmado em baixo da água vira análise de movimento”.
ficamos mais seguros sobre aquilo a que se refere.
a) O teste utilizado avalia a quantidade de ácido lác-
tico nos atletas após um período de exercícios. Por OLIVEIRA, Adilson de. Física sem mistério: um olhar para
além dos sentidos. 2010. Disponível em: <http://cienciahoje.
que se forma o ácido láctico após exercício intenso? uol.com.br/colunas/fisica-sem-misterio/um-olhar-para-
b) O movimento é a principal função do músculo es- alem-dos-sentidos>. Acesso em: 20 out. 2013.
triado esquelético. Explique o mecanismo de contra-
ção da fibra muscular estriada. a) A visão funciona de maneira extremamente sofisti-
cada. Nossos olhos se ajustaram para captar uma faixa
12. (UERJ) Observe nas ilustrações dois tipos de néfrons: de 400 a 700 nm, porque grande parte da luz do Sol
o néfron cortical, com alça néfrica ou alça de Henle, cur- que chega até nós está dentro dessa faixa de compri-
ta; o néfron justamedular, com alça néfrica longa. mento de onda. A partir dessas informações, explique o
funcionamento dos nossos sensores visuais.
b) Por que motivo, quando sofremos algum abalo na
cabeça, ou temos, por exemplo, uma crise de enxaque-
ca, as imagens que vemos aparecem distorcidas?

15. (UFG) Leia a notícia a seguir.


RIM ARTIFICIAL IMPLANTÁVEL PROMETE
ACABAR COM DIÁLISE
Pesquisadores da Universidade da Califórnia, nos Es-
tados Unidos, apresentaram o modelo de um aparelho
que poderá se tornar o primeiro rim artificial implantá-
vel. Este aparelho replica as funções de um rim humano
Suponha três vertebrados adultos hipotéticos, X, Y e Z, em duas etapas. Na primeira, milhares de filtros micros-
caracterizados pelos seguintes tipos de néfrons: X, ape- cópicos mimetizam o glomérulo e, na segunda, um con-
nas néfrons corticais; Y, apenas néfrons justamedulares; junto de células tubulares mimetizam os túbulos renais.
Z, apenas néfrons de outro tipo, sem alça néfrica.
Disponível em: <http://www.inovacaotecnologica.
Com base apenas nessa característica, aponte o verte- com.br/noticias/noticia.php?artigo=rim-artificial-
brado mais adaptado para a vida em um ambiente ter- implantavel>. Acesso em: 6 nov. 2010. [Adaptado]

238
Considerando a hipótese de o modelo descrito ser 19. (UFG) Os rins mantêm o equilíbrio hídrico no corpo
bem-sucedido e aceito sem rejeição pelo organismo por meio da regulação da quantidade e dos componen-
humano, no caso de implante, descreva a função a ser tes do líquido dentro e fora das células. Quaisquer dis-
desempenhada pelo rim artificial, em cada uma das eta- túrbios dos canais de água nos néfrons, ou do hormô-
pas descritas. nio antidiurético (ADH), podem levar a doenças, como
a desidratação.
16. (UERJ) A amônia é produzida pelos organismos vivos,
especialmente durante o catabolismo dos aminoácidos. O gráfico a seguir representa duas situações diferentes,
Por ser muito tóxica, alguns vertebrados a incorporam, em que as duas curvas se sobrepõem até a metade da
antes da excreção, como ácido úrico ou como ureia. porção D do néfron.
Cite um vertebrado que excreta diretamente amônia e Curva 1

Osmolaridade tubular. mOsm/L


1200 Curva 2
identifique o principal órgão excretor dessa substância.
Aponte, também, uma vantagem de adaptação ambien- 900
tal relativa às aves e outra relativa aos répteis, por ex-
cretarem ácido úrico, substância pouco solúvel em água. 600
17. (UERJ) Todas as células do organismo humano pos-
suem uma diferença de potencial elétrico entre as faces 300
interna e externa da membrana plasmática. Nas células
nervosas, essa diferença é denominada potencial de re- A B C D E
pouso, pois um estímulo é capaz de desencadear uma
Distância ao longo do néfron
fase de despolarização seguida de outra de repolariza-
ção; após isso, a situação de repouso se restabelece. A Com base nas informações anteriores:
alteração de polaridade na membrana dessas células é a) explique qual curva poderia representar uma pes-
chamada de potencial de ação que, repetindo-se ao lon- soa com desidratação;
go dos axônios, forma o mecanismo responsável pela b) quais são as partes do néfron onde o ADH atua?
propagação do impulso nervoso.
20. (UERJ) Foram utilizados, em um experimento, dois
O gráfico a seguir mostra a formação do potencial de ação.
salmões, X e Y, de mesmo sexo, peso e idade. O salmão
X foi aclimatado em um aquário contendo água do mar,
milivolts

e o salmão Y, em um aquário similar com água doce. As


0
tempo demais condições ambientais nos dois aquários foram
(milissegundos) mantidas iguais e constantes.
-70
Observe, no gráfico a seguir, os resultados das medidas,
nesses peixes, de dois parâmetros em relação ao íon
estímulo Na+: taxa de absorção intestinal e taxa de excreção pelo
tecido branquial.
Descreva as alterações iônicas ocorridas no local do es-
tímulo responsáveis pelos processos de despolarização
e repolarização da membrana dos neurônios.

18. (UNICAMP) Na tabela a seguir são apresentados os


resultados das análises realizadas para identificar as
substâncias excretadas por girinos, sapos e pombos.

Amostras /
Quantidade Ácido
Substâncias Amônia Ureia
de água úrico
excretadas
1 grande + - -
2 pequeno - - +
Considerando o exposto, explique:
3 grande - + -
a) as diferenças encontradas entre os peixes nos valores
a) Identifique, na tabela, qual amostra corresponde às dos parâmetros medidos e identifique o tipo de aclima-
substâncias excretadas por pombos. Explique a van- tação que corresponde aos pontos 1 e 2 do gráfico;
tagem desse tipo de excreção para as aves. b) a atuação do rim no processo de controle hídrico de
b) Identifique, na tabela, qual amostra corresponde às salmões adaptados em água do mar e em água doce.
substâncias excretadas por girinos e qual correspon-
21. (UFG) Um estudante da área biológica foi solicitado
de às dos sapos. Explique a relação entre o tipo de
a apresentar argumentos teóricos para o fato de de-
substância excretada por esses animais e o ambiente
terminados peixes viverem normalmente em oceanos,
em que vivem.
enquanto um náufrago (homem) pode apresentar grave

239
desidratação se ingerir a água salgada. Com relação a
esse tema:
a) Forneça um hormônio que participa do controle do
volume hídrico no ser humano e descreva o seu me-
canismo de ação.
b) Descreva duas diferenças entre os mecanismos res-
ponsáveis pelo equilíbrio hídrico nos peixes marinhos
e no homem.

22. (UNICAMP) ‘Os ouvidos não têm pálpebras’. A frase


do poeta e escritor Décio Pignatari mostra que não po-
demos nos proteger dos sons desconfortáveis fechando
os ouvidos, como fazemos naturalmente com os olhos.
O ruído excessivo, que atinge o auge em concertos de
rock, causa problemas auditivos. Nesses concertos, cerca
de 120 decibéis são transmitidos durante mais de duas
horas seguidas, quando, de acordo com recomendações
médicas, deveriam ser limitados a 3 minutos e 45 segun-
dos. Quem ouve música alta, em fones de ouvido, tam-
bém está sujeito a danos graves e irreversíveis, já que,
uma vez lesadas, as células do ouvido não se regeneram.
(Adaptado de “Época”, 10 de agosto de 1998).
a) O ouvido é constituído por três partes. Quais são
essas partes? Em qual delas estão as células lesadas
pelo excesso de ruído?
b) Indique a função de cada uma das três partes
na audição.

23. (UNICAMP) O locutor, ao narrar uma partida de fute-


bol, faz com que o torcedor se alegre ou se desaponte
com as informações que recebe sobre os gols feitos ou
perdidos na partida. As reações que o torcedor apresen-
ta ao ouvir as jogadas são geradas pela integração dos
sistemas nervoso e endócrino.
a) A vibração do torcedor ao ouvir um gol é resultado
da chegada dessa informação no cérebro através da
interação entre os neurônios. Como se transmite a in-
formação através de dois neurônios?
b) A raiva do torcedor, quando o time adversário mar-
ca um gol, muitas vezes é acompanhada por uma
alteração do sistema cardiovascular resultante de
respostas endócrinas e nervosas. Qual é a alteração
cardiovascular mais comum nesse caso? Que fator
endócrino é o responsável por essa alteração?

240
BIOLOGIA 3

241
FATOR RH E IMUNOLOGIA BÁSICA

A herança do sistema Rh A defesa do organismo


Fator Rh nas Podemos chamar de antígeno qualquer agente infeccio-
Genótipos Fenótipos Anti-Rh
hemácias so ou substância capaz de ser reconhecida pelo sistema
RR, Rr Rh+ Sim Não imune. O sistema imunológico deve inativar e eliminar os
rr Rh- Não
Após antígenos estranhos impedindo o desenvolvimento de pro-
sensibilização cessos alérgicos, inflamatórios ou infecciosos.
Ao contrário do que ocorre no grupo ABO, os anticorpos Os mecanismos de defesa imunológicos podem ser
anti-Rh não são naturais, isto é, a produção deles deve ser classificados em:
decorrente de uma sensibilidade prévia.
§ Mecanismo inespecífico, o qual não faz distinção

Eritroblastose fetal do antígeno (corpo estranho). Inclui primeira linha


de defesa, a qual é externa, formada pela pele e
A doença hemolítica do recém-nascido, também chama- pelas membranas mucosas do sistema digestório,
da de eritroblastose fetal, ocorre em crianças Rh+ filhas respiratório e urogenital. A segunda linha de defesa,
de mães Rh–. Na eritroblastose fetal, a criança é sempre as barreiras internas inespecíficas, caracteriza-se por
heterozigota (Rr), o alelo r é herdado da mãe (rr) e o R é substâncias químicas e células que destroem qual-
proveniente do pai (RR ou Rr). quer antígeno.
De modo geral, a eritroblastose é constatada a partir da se- § Mecanismo específico, no qual as respostas imunoló-
gunda gestação de mães Rh–. Regularmente, nas trocas san- gicas são discriminadas, ou seja, específicas para cada
guíneas entre mãe e feto, verifica-se apenas a passagem de agente infeccioso. Esse mecanismo constitui a terceira
anticorpos e outras substâncias: nutrientes, O2, CO2 etc. As linha de defesa e envolve a participação dos órgãos
células não conseguem cruzar a barreira placentária. No en-
linfoides (baço, timo, linfonodos e tonsilas).
tanto, próximo ao fim da gravidez, é comum a ocorrência de
algumas rupturas placentárias, que favorecem a passagem As respostas de defesa podem ser classificadas em respos-
de sangue do feto para a mãe, o que pode sensibilizá-la e fa- tas inatas (primeira e segunda linha de defesa) e adaptati-
zer com que ela passe a produzir anticorpos anti-Rh (caso ela vas (terceira linha de defesa).
seja Rh- e o filho, Rh+). Esses anticorpos atacarão as hemácias

Órgãos e células do
de um eventual segundo filho que também seja Rh+.

O sistema MN de sistema imune


grupos sanguíneos A medula óssea e o timo são denominados órgãos linfói-
des primários ou geradores, pois são responsáveis pela
Dois outros antígenos, denominados M e N, foram encon-
produção e/ou maturação de linfócitos; enquanto os lin-
trados na superfície das hemácias humanas. Nesse siste-
fonodos, baço e tecidos linfoides são denominados órgãos
ma, há três grupos: M, N e MN.
linfoides secundários ou periféricos, pois são responsáveis
Fenótipos Genótipos por armazenar células linfoides.
M LM LM
N
MN
LN LN
LM LN A resposta inflamatória
Os sistemas ABO, Rh e MN são independentes. Portanto, A resposta inflamatória é iniciada após lesão no tecido
uma mesma pessoa jamais pertence ao grupo sanguíneo com consequente ativação de células endoteliais presentes
A ou Rh+ ou M. O correto seria dizer que o indivíduo per- nas paredes dos vasos sanguíneos.
tence ao grupo sanguíneo A, Rh+ e MN, assim como outro Os efeitos vasculares observados após estimulação das
pertence ao grupo B, Rh– e N, e assim por diante. moléculas pró-inflamatórias são aumento da permeabili-

242
dade vascular, vasodilatação, eritema, edema e dor, conjun- intensa, garantindo uma eliminação do antígeno estranho
to de alterações conhecido como inflamação. antes que ele prolifere causando infecção e os sinais e sin-
tomas característicos da doença. Observe o gráfico abaixo:
Caso a resposta inflamatória não seja eficaz na contenção
da infecção, o sistema imune passa a depender de meca-
nismos mais específicos e sofisticados, dos quais tomam
parte vários tipos celulares, o que chamamos de resposta
imune adaptativa ou adquirida.

A resposta imune
adaptativa ou adquirida
Estas células são responsáveis por discriminar pequenas
diferenças entre os antígenos estranhos presentes na
natureza e montar respostas de defesa mais eficazes do
que aquelas realizadas pelo sistema imune inato. Exis- Gráfico mostrando a diferença de tempo entre
as respostas primária e secundária
tem três grandes subpopulações de linfócitos: linfócito
B (LB), linfócito (LT) e células matadoras naturais (célu-
las NK). Excetuando-se as células NK, que participam da Fases da resposta imune adaptativa
resposta inata, os LB e LT são células da resposta imune
Nessa resposta específica atuam os macrófagos e linfócitos.
adaptativa. Os LB são as únicas células produtoras de
anticorpos ou imunoglobinas (lg), enquanto os LT são § Macrófagos: são células especializadas em fagocitar
divididos em duas subpopulações celulares, os LT auxi- os agentes estranhos e se tornam células apresentado-
liares (LTa) ou T CD4 e os LT citotóxicos (LTc) ou T CD8. ras de antígenos.
§ Linfócitos T: o linfócito T CD4 ativa o linfócito B, após
As propriedades da o reconhecimento dos antígenos apresentados pelos
resposta adaptativa macrófagos; enquanto o linfócito T CD8 atua destruin-
do as células já invadidas pelo agente estranho.
1. Especificidade
§ Linfócitos B: depois de ativados pelo linfócito T os
2. Memória linfócitos B se multiplicam rapidamente, se diferenciam
A vantagem das respostas imunes com memória é permitir em plasmócitos e são capazes de produzir anticorpos.
que a próxima resposta de defesa seja mais rápida e mais

SEGUNDA LEI DE MENDEL

Os experimentos de Mendel sobre di-hibridismo


Na segunda lei de Mendel ou lei da segregação independente, são analisadas duas ou mais características concomi-
tantemente. A lei pode ser assim explicada: quando da formação de gametas, os genes alelos localizados em diferentes
cromossomos (cromossomos não homólogos) separam-se independentemente.

No experimento, ele cruzou uma planta produtora de sementes amarelas e lisas, homozigota para as duas características,
com outra, duplo-homozigota, produtora de sementes verdes e rugosas. Em F1 surgiram plantas di-híbridas ou duplo
heterozigotas produtoras de sementes amarelas e lisas, ambas determinadas por alelos dominantes.

No próximo passo, realizou a autofecundação dessas plantas, resultando numa geração F2 que apresentou quatro diferentes
fenótipos, na proporção aproximada de 9: 3: 3:

243

VR Vr vR vr

VVRR VVRr VvRR VvRr
Amarela/lisa Amarela/lisa Amarela/lisa Amarela/lisa
VR

VVRr VVrr VvRr Vvrr


Amarela/lisa Amarela/rugosa Amarela/lisa Amarela/rugosa
Vr

VvRR VvRr vvRR vvRr


Amarela/lisa Amarela/lisa Verde/lisa Verde/lisa
vR

VvRr Vvrr vvRr vvrr


Amarela/lisa Amarela/rugosa Verde/lisa Verde/rugosa
vr

Segregação independente e poli-hibridismo


Suponha a constituição genética de indivíduos hipotéticos e vamos descobrir a quantidade de tipos de gametas por eles produz-
idos. Para tal, pode-se recorrer à fórmula 2n, na qual n representa o número de pares de heterozigotos existentes no genótipo.

Indivíduos Constituição genética 2n nº de tipos


1 aabbcc 20
1
2 AABBCC 20 1
3 Aabbcc 21
2
4 AaBbcc 22
4
5 AaBcCc 23 8

LINKAGE E MAPAS CROMOSSÔMICOS

Em cada cromossomo, na verdade, há muitos genes que gametas de recombinação, ou seja, com cromossomos
atuam na expressão de diferentes características. A essa diferentes dos presentes na célula precursora. Quando
condição deu-se o nome de linkage , ou genes ligados. o crossing-over não ocorre, são formados apenas ga-
Sabe-se que os genes ligados ao mesmo cromossomo são metas com genótipo parental, determinando o linkage
encaminhados juntos ao mesmo gameta. total ou completo.

Durante a formação de gametas por meiose, a permu-


tação pode se dar em algumas células, caracterizando o Taxa de permutação
linkage parcial ou incompleto. Nesse caso, além de ga- A taxa de permutação informa a porcentagem de gametas re-
metas com genótipo parental, serão produzidos também combinantes que serão formados.

244
Disposição dos genes Mapas gênicos
nos cromossomos § Os genes devem estar dispostos linearmente no
cromossomo;
§ Frequência do crossing-over deveria refletir, de alguma
A a A a
forma, a distância entre os genes;
§ Se a porcentagem de crossing-over for baixa, os ge-
nes devem estar próximos um do outro, o que torna
menos provável a quebra e a troca de pedaços entre
os homólogos.

A unidade do mapa gênico


B b b B Como unidade padrão, convencionou-se que uma unidade
de recombinação (u.r. ou unidade de Morgan, também cha-
mada morganídeo) corresponderia a um intervalo, no qual
Genes em posição cis    Genes em posição trans ocorre 1% de crossing-over na formulação do mapa gênico.
nos cromossomos.   nos cromossomos.

HERANÇA E SEXO
De modo geral, nos organismos vivos há dois tipos de cro-
mossomos: os autossomos – comuns a ambos os sexos Sistema X0
– e os heterossomos – que diferem entre os sexos. Regu- As fêmeas são representadas por A + XX (homogaméticas)
larmente, as células diploides humanas contêm 23 pares de e os machos, por A + X0 (heterogaméticos), uma vez que
cromossomos homólogos, 2n = 46, dos quais 44 são autos- um de seus gametas terá um cromossomo a menos. Por-
somos, e dois são os cromossomos sexuais ou heterossomos. tanto, quem determina o sexo da prole é o macho, pois é o
sexo heterogamético.
Cromossomos sexuais
O cromossomo Y, menor cromossomo humano, é mais curto e Sistema ZW
possui menos genes que o cromossomo X e contém uma por-
Para não gerar confusão com o sistema XY, a simbologia
ção encurvada, na qual há genes exclusivos do sexo masculino.
utilizada nesses casos é diferente: os cromossomos sexuais
Sexo feminino é homogamético – só produz um tipo úni- dos machos são representados por ZZ e os cromossomos
co de gameta –, enquanto o masculino é heterogaméti- sexuais das fêmeas são representados por ZW. Portanto,
co – produz dois tipos de gametas. nesse sistema é a fêmea quem determina o sexo da prole.

Mecanismo de compensação de dose Sistema ZO


Na periferia dos núcleos das células femininas dos mamífe-
ros, pode ocorrer uma massa de cromatina espiralizada que No sistema ZO, a fêmea é heterogamética (ZO) e o macho
normalmente não ocorre nas células masculinas. é homogamético (ZZ). Esse tipo de sistema ocorre em al-
guns répteis e, casualmente, em aves.
Essa cromatina chama-se sexual ou corpúsculo de Barr
e permite identificar o sexo celular dos indivíduos pelo sim-
ples exame dos núcleos interfásicos. Abelhas e partenogênese
Admite-se que a inativação de um cromossomo X na mulher se- Nas abelhas, a determinação sexual se dá quanto à ploi-
ria uma forma de igualar a expressão de genes ligados a esse cro- dia. Os machos (zangões) são sempre haploides – devido à
mossomo nos dois sexos – mecanismo de compensação de dose. partenogênese – e as fêmeas, diploides.

245
Heranças ligadas ao sexo Hemofilia
É uma alteração genética em que o sangue apresenta
Daltonismo grandes dificuldades de coagulação, decorrente da falta
de produção ou funcionamento anormal de um ou mais
No daltonismo, o indivíduo é incapaz de distinguir – ou fatores que atuam na coagulação sanguínea.
tem uma visão alterada – uma ou algumas cores primárias
(vermelho, azul e verde).
Genótipos Fenótipos
Genótipos Fenótipos XHXH mulher normal
XDXD mulher normal XXH h
mulher normal portadora
XDXd mulher normal portadora XXh h
mulher hemofílica
XdXd mulher daltônica XHY homem normal
XY
D
homem normal XY
h
homem hemofílico
XY
d
homem daltônico

Distrofia muscular de Duchenne


Disfunção de origem genética caracterizada por degeneração branda a severa dos músculos estriados (tanto os dos mo-
vimentos voluntários como o do coração), que leva a uma progressiva incapacidade motora. Condicionada por um gene
recessivo ligado ao cromossomo X, afeta todos os homens portadores desse gene recessivo.

Herança influenciada pelo sexo


Certos casos de herança autossômica são influenciados por hormônios sexuais. Na espécie humana, a calvície e o compri-
mento do dedo indicador são dois exemplos. O gene que condiciona calvície, C, é dominante no homem. Na mulher, a calví-
cie só se manifesta se o alelo dominante C estiver em homozigose. Por isso, o genótipo heterozigoto resultará em fenótipos
diferentes influenciados pelo sexo do portador.

INTERAÇÃO GÊNICA

Em todos os casos de heranças analisados, dentre eles os alelos múltiplos, verificou-se que cada par de genes está envolvido
com a determinação de uma certa característica. Uma vez que ocupam o mesmo locus no par de cromossomos homólogos,
os dois alelos atuam no mesmo caráter. Há muitos casos, porém, em que vários genes, situados em cromossomos diferentes,
somam seus efeitos na determinação de uma mesma característica fenotípica, em uma verdadeira interação gênica.

Tipos de crista em galos

Genótipos R_E_ R_ee rrE_ rree


Fenótipos de crista noz (ambos dominantes) rosa (um dominante) ervilha (um dominante) simples (sem dominantes)
Genótipos e fenótipos envolvidos na forma da crista da galinha

246
Forma de fruto de abóbora § a dominante, em que é necessário apenas um alelo
dominante no par epistático;
§ a recessiva, em que o par epistático deve estar em dose
dupla.

Epistasia dominante 12:3:1


Em cães, o alelo I (dominante), que determina pelagem
Fenótipos Discoide esferérica alongada branca, é epistático e inibe os alelos B e b (hipostáticos).
Genótipos A_B A_bb aaB_ aabb Na ausência do alelo epistático I, o B e b manifestam-se,
Genótipos e fenótipos envolvidos na forma da abóbora determinando, respectivamente, pelagem preta e marrom.

Cor da flor nas ervilhas-de-cheiro Genótipo Fenótipo


B_I_ branca
bbI_ branca
B_ii preta
bbii marrom

Genótipos e fenótipos envolvidos na cor da pelagem de cães

Epistasia recessiva 9:3:4


Genótipos Fenótipos Em ratos, os alelos A e a são hipostáticos e determinam,
A_B_ púrpura respectivamente, a pelagem aguti e preta. No entanto, no
A_bb branca caso de homozigose do alelo epistático recessivo (cc), esses
aa_B branca alelos não se manifestam, o que dá origem a ratos com
aabb branca
pelagem branca. Nesse caso, a epistasia é recessiva: o alelo
C não inibe o alelo A, nem o alelo a.

Epistasia Genótipos
A_C_
fenótipos
aguti
Trata-se de um caso especial de interação gênica, no qual aaC_ preto
um par de alelos bloqueia a ação do outro par, inibindo sua A_cc albino
manifestação. O par que exerce a inibição é chamado epis- aacc albino
tático; o par inibido, hipostático. Há dois tipos de epistasia:
Genótipos e fenótipos envolvidos na coloração de pelagem de ratos

HERANÇA QUANTITATIVA
A herança quantitativa ou poligênica também é um caso particular de interação gênica. Nela, diferentes fenótipos de uma dada
característica mostram variações lentas e contínuas e mudam gradativamente, saindo de um fenótipo “mínimo” até chegar a
um fenótipo “máximo”. Assim, esses genes possuem efeitos aditivos na composição dos fenótipos.

Herança da cor da pele no homem


Genótipos Fenótipos
aabb branco
Aabb, aaBb mulato claro
AAbb, aaBB, AaBb mulato médio
AABb, AaBB mulato escuro
AABB negro

247
Calculando o número de fenótipos sem o quadro de cruzamentos
Simplesmente acrescentando 1 ao número de genes envolvidos na expressão de dado caractere, chega-se ao número de
fenótipos possíveis em F2. Por exemplo: se quatro alelos estiverem envolvidos (A_B_), então 5 (4 + 1) serão os tipos de
fenótipos. Inversamente, a partir da quantidade de fenótipos, é possível saber o número de genes da herança. Caso haja
nove fenótipos em F2, então subtraindo 1 (9 – 1), teremos que 8 alelos, dispostos em quatro pares, atuam em tal herança.
Em herança quantitativa, a proporção fenotípica, por sua vez, para cruzamento entre indivíduos heterozigotos, pode ser cal-
culada a partir do triângulo de Pascal. Considerando dois heterozigotos para dois genes, e partindo do número de fenótipos
igual a 5, montamos um triângulo com essa quantidade de linhas:
1
1 1
1 2 1
1 3 3 1
1 4 6 4 1
Na primeira linha, é colocado o número 1, pelo qual também todas as demais linhas são iniciadas e terminadas. Os números
seguintes ao inicial de cada linha são resultados da soma do número imediatamente acima com aquele à esquerda (caso
não haja um número acima ou à esquerda, é considerado zero).

Tipos de herança Proporção fenotípica


2° lei de Mendel 2 características ​  9  ​ : ___
___ ​  3  ​ : ___
​  3  ​ : ___
​  1  ​  
16 16 16 16

​  9  ​  : ___
___ ​ 3  ​  : ___
​ 3  ​  : ___
​ 1  ​  
Interação gênica Forma da crista nas aves 16 16 16 16
noz rosa ervilha simples

​  9  ​  : ___
___ ​ 6  ​  : ___
​ 1  ​ 
Interação gênica Forma dos frutos em abóbora 16 16 16
discoide esférica alongada

Interação gênica ​  9  ​  : ___


___ ​ 7  ​  
Cor da flor em ervilha-de-cheiro 16 16
(ação complementar) púpura branca

​ 16 ​  : ___
___ ​ 3  ​  : ___
​ 1  ​  
Epistásia dominante Cor da pelagem nos cães 16 16 16
branca preta marrom

​  9  ​  : ___
___ ​ 3  ​  : ___
​ 4  ​  
Epistácia recessiva Cor da pelagem nos ratos 16 16 16
aguti albino preto

Pleiotropia: um par de alelos, várias características


Pleiotropia é o fenômeno segundo o qual um par de alelos condiciona o aparecimento de várias características no mesmo organismo.

MUTAÇÕES

A mutação é qualquer alteração no material genético. Há dois tipos básicos de mutação, a gênica e a cromossômica. As mu-
tações gênicas são pequenas alterações que ocorrem na cadeia de nucleotídeos (gene) do DNA e em razão disso podem levar
à alteração do fenótipo. A mutação cromossômica é uma mudança no número ou na estrutura dos cromossomos.

Mutações gênicas
§ Adição: inserção de um nucleotídeo à sequência já existente do DNA.
§ Deleção: eliminação de um nucleotídeo da sequência presente no DNA.

248
§ Substituição: ocorre a troca de um nucleotídeo por outro. Caso clássico dessa condição é a que resulta em hemácias
falciformes (com formato de foice).

Mutações cromossômicas numéricas


Euploidia
As euploidias compreendem alterações em lotes haploides inteiros de cromossomos, como triploidias (3n), tetraploidias (4n),
e assim por diante.

Aneuploidia
Qualquer perda ou ganho de cromossomos – que altere a condição normal das células. Gera a monossomia e a trissomia.

Síndrome de Down
Os indivíduos portadores dessa anomalia apresentam uma cópia extra do cromossomo 21.

Síndrome de Edwards
O cromossomo 18 está envolvido nessa condição. Trissomia do 18.

Síndrome de Patau
O cromossomo 13 está envolvido nessa mutação. Trissomia do 13.

Aneuploidias em cromossomos sexuais


Tipo de
Nome comum Fórmula cromossômica
aneuploidia

Síndrome de Turner monossomia 44A + X0 (óvulo sem X + espermatozoide com X)

Síndrome de Klinefelter trissomia 44A + XXY (óvulo com XX + espermatozoide com Y)

Síndrome do triplo X trissomia 44A + XXX (óvulo com XX + espermatozoide com X)

Síndrome do duplo Y trissomia 44A + XYY (óvulo com X + espermatozoide com YY)

Ausência de X monossomia 44A + Y0 (óvulo sem X + espermatozoide com Y) – indivíduo inviável

Mutações cromossômicas estruturais


São alterações da morfologia do cromossomo resultante dos processos de deficiência, duplicação, inversão ou translocação.

249
GENÉTICA DE POPULAÇÕES

A genética de populações estuda a distribuição dos genes Observe neste quadro de Punnet a representação do cruzamento:
em populações, os fatores que podem alterar ou modificar
a frequência gênica (ou alélica), bem como a frequência A a →A + a = 1
genotípica ao passar de gerações.
A AA Aa
O princípio de Hardy- A+a=1
a Aa aa
-Weinberg
Em razão disso, as frequências genotípicas são determina-
Graças à reprodução sexuada, os genótipos possíveis serão das pela seguinte expansão binomial:
AA, Aa e aa, e as frequências genotípicas em cada geração:
(p + q)2 = 1 ou p2 + 2pq + q2 = 1
§ probabilidade de AA: p x p = p 2

↓    ↓  ↓
§ probabilidade de aa: q x q = q2 AA + 2Aa + aa = 1
§ probabilidade de Aa: com gameta feminino (A) e ga-
Uma vez que p + q = 1, logo: q = 1 – p.
meta masculino (a):
p x q = pq A fórmula de Hardy-Weinberg também pode ser escrita
desta maneira:
§ probabilidade de Aa: com gameta feminino (a) e game- p2 + 2p(1 – p) + (1 – p)2 = 1
ta masculino (A) é:
*Lembre-se que o “1” ao final da fórmula representa 100%.
q x p = qp

BIOTECNOLOGIA E ENGENHARIA GENÉTICA

Melhoramento genético resultado dos avanços no estudo do funcionamento do ma-


terial genético (DNA): como o seu mecanismo de replicação
e participação na produção de proteínas.
e seleção artificial
Bons exemplos de melhoramento genético são encontrados
no ramo da agricultura e da pecuária, nos quais ocorrem cru-
A técnica do PCR
zamento e posterior seleção de espécies com características Trata-se de uma reação em cadeia da polimerase (do in-
de interesse, visando à melhora na produtividade. glês, polymerase chain reaction), que é utilizada para mul-
tiplicar em milhares de cópias um único pedaço de DNA.
Biotecnologia e
engenharia genética Eletroforese em gel e separação
A biotecnologia consiste na realização de um conjunto dos fragmentos de DNA
de técnicas que utilizam organismos vivos ou partes deles
Os fragmentos de DNA formados com a ação das enzimas
(células e moléculas) para a geração de produtos ou pro-
de restrição e, se necessário, multiplicados pela PCR, pos-
cessos de utilização específicas.
suem diferentes tamanhos, o que torna possível separá-los
A engenharia genética ou tecnologia do DNA recombinante e análisá-los individualmente mediante uma técnica de-
é uma vertente mais moderna (século XX) da biotecnologia, nominada eletroforese em gel.

250
Criação de DNA recombinante
Um DNA recombinante é uma molécula de DNA formada pela união de duas ou mais moléculas desse ácido nucleico.

Terapia gênica
Trata-se da utilização de genes normais que substituiriam genes alterados causadores de diversas doenças humanas, que
possuem caráter gênico. Esse material genético será introduzido (por um vetor) no indivíduo afetado, com o objetivo de
corrigir uma informação que está errada ou ausente no DNA desse indivíduo, atenuando os sintomas ou ainda o curando.

Clonagem
A clonagem reprodutiva produz uma “cópia” de um indivíduo existente mediante uma técnica chamada transferência
nuclear, que se baseia na remoção do núcleo de um óvulo que é substituído pelo núcleo de outra célula somática. Feita a
fusão, as células passam a se diferenciar.

251
U.T.I. - Sala Proporções observadas nos descendentes
Frutos Frutos Frutos Frutos
1. (FAC. SANTA MARCELINA – MEDICINA) As imagens vermelhos vermelhos amarelos amarelos
Cruzamentos
mostram alguns fenótipos em coelhos. Sabe-se que o com polpas com pol- com polpas com pol-
normais pas firmes normais pas firmes
alelo C determina a pelagem selvagem, o alelo cch de-
termina pelagem chinchila, o alelo ch determina a pela- 1 9 3 3 1
gem himalaia e o alelo ca determina a pelagem albina. A 2 3 1 - -
ordem de dominância entre eles é C > cch > ch > ca Por que, nos cruzamentos, os fenótipos dos genitores,
selvagem chinchila mesmo sendo iguais, originaram
Himalaia albino proporções fenotípi-
cas diferentes nos descendentes?

4. (UNESP) Marcos e Paulo são filhos do mesmo pai, mas


de mães diferentes.
Com relação aos tipos sanguíneos dos sistemas ABO e
Rh, Marcos é um “doador universal”. Contudo, ao invés
de doar sangue, Marcos é obrigado a recebê-lo por doa-
ção, pois tem hemofilia tipo A, uma característica ligada
ao sexo. Nas vezes em que recebeu transfusão sanguí-
(www.bioclima.info) (http://coelhos.animais.info) (http://coelhos.animais.info) (www.petstuff.com.br)
nea, Marcos teve por doadores Paulo e a mãe de Paulo.
chinchila Himalaia albino Sua mãe e seu pai não puderam doar sangue, embora
fossem compatíveis pelo sistema Rh, mas não o eram
pelo sistema ABO.
Já adultos, Marcos e Paulo casaram-se com mulheres em
cujas famílias não havia histórico de hemofilia, e ambos
os casais esperam um bebê do sexo masculino. Contudo,
estão receosos de que seus filhos possam vir a ter he-
mofilia. O heredograma representa as famílias de Mar-
cos e de Paulo. O indivíduo apontado pela seta é Marcos.
ttp://coelhos.animais.info) (http://coelhos.animais.info) (www.petstuff.com.br)
I
a) Considere o cruzamento entre um macho Ccch e
uma fêmea chca. Quais os possíveis fenótipos dos des- 1 2 3
cendentes desse cruzamento? II
b) Embora sejam fenotipicamente diferentes, por que 1 2 3 4
não podemos afirmar que esses coelhos são de espécies
diferentes? De acordo com a genética, como provavel- III
mente surgiram os diferentes alelos nesses animais?
1 2
2. (UNESP) Em uma novela recentemente exibida na TV, Considerando o histórico acima, qual o provável tipo
um dos personagens é picado por uma cobra e, para sanguíneo da mãe e do pai de Marcos e qual a proba-
curar-se, recorre a remédios caseiros e crenças da cul- bilidade de que os filhos de Marcos e de Paulo sejam
tura popular. O médico da cidade, que não havia sido hemofílicos? Justifique suas respostas.
chamado para tratar do caso, afirmou que a prática
adotada não era recomendável, e que “a ‘cura’ só se TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
deu porque provavelmente a cobra não era venenosa.”
Observe a figura, em que está representado o cromos-
Em se tratando de uma cobra peçonhenta, qual o trata- soma X.
mento mais adequado: soro ou vacina? Seria importante
saber a espécie da cobra? Justifique suas respostas.

3. (UEL) Em tomates, foi identificado um mutante deno-


minado de ‘firme’ por apresentar os frutos com polpasGene dominanteGene
para dominante para visão em cores
visão em cores Gene dominante para Gene dominante
síntese para síntese de G-6-PD
de G-6-PD
Gene dominante para visão em cores Gene dominante para síntese de G-6-PD
firmes, conferindo maior tempo de duração pós-colhei- Mutação Mutação Mutação + ambienteMutação favorável+ ambiente favorável
ta. Este caráter é governado por um gene recessivo (f), Mutação Mutação + ambiente favorável

localizado no cromossomo 10. Outro gene, situado no Daltonismo Daltonismo


Daltonismo Crise
Crisehemolítica (anemia)
Crise hemolítica (anemia)
hemolítica (anemia)

cromossomo 2, controla a cor do fruto, sendo o alelo


para cor vermelha (A) dominante em relação à cor ama- A enzima G-6-PD (glicose seis fosfato desidrogenase),
rela (a). Sabendo que estas características são úteis em presente nas hemácias, está envolvida no metabolismo
programas de melhoramento, um pesquisador realizou da glicose.
dois cruzamentos entre plantas de frutos vermelhos Sabe-se que a deficiência dessa enzima torna a hemácia
e polpas normais. Os resultados observados estão no sensível a certas drogas – por exemplo, alguns tipos de
quadro a seguir: analgésicos.

252
5. (UFMG) Analise o quadro:

Variantes da G-6-PD Genes Atividade enzimática (%) Quadro clínico


B B 100 Normal
A A 80-100 Normal
A- A- 10-20 Sensibilidade a drogas; crise hemolítica leve
Med B- 0-5 Sensibilidade a drogas; crise hemolítica leve
Considerando a figura do cromossoma X e as informações contidas no quadro, RESPONDA:
a) Os genes que determinam os diferentes tipos da enzima G-6-PD são alelos?
JUSTIFIQUE sua resposta.
b) É possível uma criança com genótipo favorável ao desenvolvimento de crise hemolítica grave ser filha de um casal, em
que o homem e a mulher apresentam a variante enzimática B?
JUSTIFIQUE sua resposta, explicitando seu raciocínio.
6. (UFC) Mendel não acreditava na mistura de caracteres herdados. De acordo com suas conclusões, a partir dos cru-
zamentos realizados com ervilhas do gênero ‘Pisum’, as características não se misturam, permanecem separadas e
são transmitidas independentemente.
HENIG, Robin. “O monge no jardim”. Rio de Janeiro: Rocco, 2001.
a) Considerando as leis de Mendel para a hereditariedade, no momento da fecundação os cromossomos herdados dos
progenitores se juntam, porém os alelos dos seus genes não se misturam. A partir dessa ideia, qual fenômeno explicaria
a ocorrência de características intermediárias na progênie, que parecem ser uma mistura daquelas dos progenitores?
b) Posteriormente, estudos de grupos de geneticistas indicaram que pode haver troca de material genético entre cromos-
somos homólogos herdados do pai e da mãe. Em que etapa isso pode ocorrer e como se chama este processo?

U.T.I. - E.O.
frequentemente o tipo O – o mais procurado, pois pode
ser recebido por qualquer paciente. O tipo de sangue é
definido pela presença ou ausência dos antígenos A e B
1. (UFG) Analise o cartaz a seguir. na superfície dos glóbulos vermelhos. A compatibilida-
de é fundamental para a transfusão, pois esses antíge-
nos podem reagir com anticorpos presentes no plasma
e levar à morte em alguns casos. A equipe de Qiyong
Liu, da empresa ZymeQuest (EUA), obteve enzimas ca-
pazes de remover da superfície dos glóbulos vermelhos
as moléculas responsáveis pela reação imune.
As enzimas foram desenvolvidas em laboratório a partir
de proteínas produzidas pelas bactérias Elizabethkingia
meningosepticum e Bacteroides fragilis. O método,
descrito na página da revista Nature Biotechnology na
internet, precisa ainda ter sua eficácia e segurança ava-
liadas em testes clínicos.
(Disponível em: <http//www.cienciahoje.uol.com.br>.
Acesso em: 20 set. 2009. Adaptado.)

Considerando o exposto, responda: a) Considerando os padrões de herança envolvidos


na determinação dos grupos sanguíneos, no sistema
a) como é obtida esta forma de imunização e qual a ABO, demonstre quais serão as proporções fenotípica
sua ação no corpo humano? e genotípica esperadas na progênie de um casamento
b) quais as características morfofisiológicas do micro- entre um indivíduo portador dos dois antígenos (A
-organismo referido no cartaz? e B) e uma mulher que não possui nenhum desses
c) por que essa imunização é recomendada para essa antígenos em suas hemácias.
faixa etária? b) O texto apresenta a seguinte informação: “A equi-
pe de Qiyong Liu, da empresa ZymeQuest (EUA), ob-
2. (UFES) Leia o texto abaixo e faça o que se pede.
teve enzimas capazes de remover da superfície dos
Enzimas convertem sangue de todos os tipos em O glóbulos vermelhos as moléculas responsáveis pela
Um método capaz de transformar em O sangue dos ti- reação imune”. Com base nessa informação, respon-
pos A, B e AB foi criado por uma equipe internacional da: Essa característica modificada pode ser transmiti-
de pesquisadores. A técnica pode pôr fim aos proble- da para os descendentes dos indivíduos? Justifique a
mas de suprimento nos bancos de sangue, onde falta sua resposta.

253
c) Nas respostas imunológicas são envolvidos diferentes b) Um único par de alelos de uma espécie de mamí-
grupos de células, dentre as quais os macrófagos. Carac- fero é responsável pela manifestação do formato das
terize os macrófagos em relação às estruturas e organelas orelhas e pelo comprimento do pelo.
envolvidas em sua ação durante o processo imunológico. INTERAÇÃO GÊNICA – PLEIOTROPIA – HERANÇA POLIGÊNICA
3. (UERJ) As vacinas são um meio eficiente de preven- c) Cruzou-se uma variedade de grãos brancos com
ção contra doenças infecciosas, causadas tanto por ví- outra variedade de grãos vermelhos. Após o cruza-
rus como por bactérias. mento entre si dos indivíduos da geração F2, obtive-
ram-se grãos brancos, grãos de cores intermediárias
Indique três princípios ativos encontrados nas vacinas e
e grãos vermelhos.
explique como atuam no organismo.
HERANÇA QUANTITATIVA – INTERAÇÃO EPISTÁSICA –
4. (FUVEST) HIPOSTASIA
104 d) Uma determinada doença é manifestada por alelos
recessivos. Um casal em que ambos são portadores
Concentração de anticorpo

103 A dessa doença teve todos os filhos, de ambos os sexos,


(Unidade arbitrária)

portadores.
102 HERANÇA LIGADA AO SEXO – HERANÇA AUTOSSÔMICA
– CODOMINÂNCIA
10 e) Em uma determinada anomalia fenotípica, a po-
pulação afetada apresenta diferentes intensidades de
1 B manifestação do fenótipo, o que pode depender de
outros genes ou de outros fatores que influenciam
0
0 2 4 6 8
nessa intensidade de manifestação.
Semanas AUSÊNCIA DE DOMINÂNCIA – PENETRÂNCIA GÊNICA –
EXPRESSIVIDADE GÊNICA
As duas curvas (A e B) do gráfico mostram a concentra-
ção de anticorpos produzidos por um camundongo, du- 7. (UNICAMP) Horas depois de uma pequena farpa de
rante oito semanas, em resposta a duas injeções de um madeira ter espetado o dedo e se instalado debaixo da
determinado antígeno. Essas injeções foram realizadas pele de uma pessoa, nota-se que o tecido ao redor desse
com intervalo de seis meses. corpo estranho fica intumescido, avermelhado e dolori-
a) Identifique as curvas que correspondem a primeira do, em razão dos processos desencadeados pelos agen-
e a segunda injeção de antígenos. tes que penetraram na pele juntamente com a farpa.
b) Quais são as características das duas curvas que a) Indique quais células participam diretamente do
permitem distinguir a curva correspondente à pri- combate a esses agentes externos. Explique o meca-
meira injeção de antígenos daquela que representa nismo utilizado por essas células para iniciar o pro-
a segunda injeção? cesso de combate aos agentes externos.
c) Por que as respostas a essas duas injeções de antí- b) Ao final do processo de combate forma-se muitas
genos são diferentes? vezes uma substância espessa e amarelada conheci-
da como pus. Como essa substância é formada?
5. (UNICAMP) Suponha uma planta superior originada
de um zigoto no qual dois dos pares de cromossomos, A 8. (UFJF) O esquema a seguir ilustra de forma sintética
e B, têm a constituição A1A2B1B2. o processo de formação de gametas (meiose) de um in-
divíduo de genótipo AaBb.
a) Qual será a constituição cromossômica da planta
adulta originada desse zigoto? Justifique. a) Complete o esquema:
b) Se essa planta se reproduzir por autofecundação,
a constituição cromossômica de seus descendentes
será igual à da planta mãe? Justifique.

6. (UFC) Com base no conhecimento sobre os proces-


sos genéticos, identifique, entre as palavras destacadas, a
A a b
aquela que corresponde aos fenômenos descritos nas
assertivas a seguir e circule-as. B b
A
a) suponha o indivíduo diíbrido AaBb cujas células b
germinativas entraram no processo de meiose e origi-
narão quatro tipos de gametas, cada tipo na propor-
ção de 25%.
SEGREGAÇÃO INDEPENDENTE – LIGAÇÃO GÊNICA –
GENES LIGADOS

254
b) Qual é a probabilidade deste indivíduo formar o Tabela 2
gameta ab? Justifique sua resposta.
c) Qual é a importância da meiose para a manuten- Fenótipos Caso 1 Caso 2
ção de uma espécie?
A- B- 9 7
d) Considere que os genes A e B estão envolvidos na
determinação da cor das flores. O alelo A permite a A- BB 3 7
formação de pigmentos e é dominante sobre o alelo aa B- 3 1
a, que inibe a manifestação da cor. O alelo B determi- aa BB 1 1
na a cor vermelha e é dominante sobre o alelo b, que
Total 16 16
determina a cor rosa. Se uma planta de flores verme-
lhas, oriunda das sementes de uma planta de flores Identifique qual dos dois casos tem maior probabilida-
brancas (aabb), é autofecundada, que fenótipos são de de representar dois locos no mesmo cromossomo.
esperados na descendência e em que proporções? Justifique sua resposta.
9. (UFU) Na espécie humana, assim como em todas as
outras espécies de seres vivos, existem vários fenóti- 11. (UNICAMP) Considere duas linhagens homozigotas
pos dos quais as heranças provêm de um par de alelos de plantas, uma com caule longo e frutos ovais e ou-
com relação de dominância completa. Dentre esses fe- tra com caule curto e frutos redondos. Os genes para
nótipos podem ser citados: 1) sensibilidade gustativa comprimento do caule e forma do fruto segregam-se
para feniltiocarbamida (PTC) é dominante sobre a não independentemente. O alelo que determina caule longo
sensibilidade; 2) a forma do lobo da orelha, lobo solto é dominante, assim como o alelo para fruto redondo.
é dominante sobre lobo aderente; 3) a capacidade de a) De que forma podem ser obtidas plantas com caule
dobrar a língua é dominante sobre a incapacidade de curto e frutos ovais a partir das linhagens originais?
fazê-lo. Explique indicando o(s) cruzamento(s). Utilize as le-
Um casal, cujo marido tem lobo da orelha aderente, é tras A, a para comprimento do caule e B, b para forma
heterozigoto para a sensibilidade ao PTC e não é capaz dos frutos.
de dobrar a língua. A esposa tem heterozigose para a b) Em que proporção essas plantas de caule curto e
forma do lobo da orelha, para a sensibilidade ao PTC e frutos ovais serão obtidas?
para a capacidade de dobrar a língua.
Com base nesses conhecimentos, qual é a probabilida- 12. (UNESP) Em abelhas, a cor do olho é condicionada
de deste casal ter uma criança masculina e com lobo da por uma série de alelos múltiplos, constituída por cinco
orelha aderente, não sensível ao PTC e não ser capaz de alelos, com a seguinte relação de dominância:
dobrar a língua?
marrom>pérola>neve>creme>amarelo.
10. (UFRJ) Um pesquisador está estudando a genética
de uma espécie de moscas, considerando apenas dois Uma rainha de olho marrom, porém, heterozigota para
locos, cada um com dois genes alelos: pérola, produziu 600 ovos e foi inseminada artificial-
Loco 1 – gene A (dominante) ou gene a (recessivo); mente por espermatozoides que portavam, em propor-
ções iguais, os cinco alelos. Somente 40% dos ovos des-
Loco 2 – gene B (dominante) ou gene b (recessivo).
sa rainha foram fertilizados e toda a descendência teve
Cruzando indivíduos AABB com indivíduos aabb, foram a mesma oportunidade de sobrevivência. Em abelhas,
obtidos 100% de indivíduos AaBb que, quando cruza- existe um processo denominado partenogênese.
dos entre si, podem formar indivíduos com os genóti-
pos mostrados na Tabela 1. a) O que é partenogênese? Em abelhas, que descen-
dência resulta deste processo?
Sem interação entre os dois locos, as proporções fe-
b) Na inseminação realizada, qual o número esperado
notípicas dependem de os referidos locos estarem ou
de machos e de fêmeas na descendência? Dos machos
não no mesmo cromossomo.
esperados, quantos terão o olho de cor marrom?
Na Tabela 2, estão representadas duas proporções fe-
notípicas (casos 1 e 2) que poderiam resultar do cruza- 13. (UERJ) Admita uma raça de cães cujo padrão de co-
mento de dois indivíduos AaBb. loração da pelagem dependa de dois tipos de genes. A
Tabela 1 presença do alelo e, recessivo, em dose dupla, impede
que ocorra a deposição de pigmento por outro gene,
Gametas AB Ab aB ab resultando na cor dourada. No entanto, basta um único
gene E, dominante, para que o animal não tenha a cor
AB AABB AABb AaBB AaBb dourada e exiba pelagem chocolate ou preta. Caso o ani-
Ab AAbB AAbb AabB Aabb mal apresente um alelo E dominante e, pelo menos, um
aB aABB aABb aaBB aaBb alelo B dominante, sua pelagem será preta; caso o alelo
E dominante ocorra associado ao gene b duplo recessivo,
ab aAbB aAbb aabB aabb
sua coloração será chocolate. Observe o esquema.
Considerando as informações do texto, explique por
que as mulheres portadoras da mutação em geral são
assintomáticas (não desenvolvem a doença).
Se uma mulher portadora da mutação, assintomática,
estiver grávida de um casal de gêmeos, e o pai das
crianças for um homem não portador da mutação,
quais as probabilidades de seus filhos desenvolverem
a doença? Justifique.

16. (UFPR) Nos gatos domésticos, a herança da cor da


pelagem é ligada ao sexo. Os machos e as fêmeas podem
ser pretos ou malhados (com pelos pretos e pelos bran-
cos), ou podem ser amarelos ou malhados (com pelos
amarelos e pelos brancos). Somente as fêmeas podem
possuir as três cores (com pelos pretos, pelos amarelos
e pelos brancos), sendo este último fenótipo chamado
Identifique o tipo de herança encontrada no padrão de
de cálico. A cor branca dos pelos é condicionada por um
pelagem desses animais, justificando sua resposta. gene autossômico e tanto o macho quanto a fêmea po-
Em seguida, indique o genótipo de um casal de cães dem ou não expressá-lo. Sabendo disto, responda:
com pelagem chocolate que já gerou um filhote dou-
a) Quais são os genótipos e fenótipos dos pais cujos
rado. Calcule, ainda, a probabilidade de que esse casal descendentes são: metade das fêmeas possuem fe-
tenha um filhote de pelagem chocolate. nótipo cálico e metade são malhadas (pelos pretos e
brancos), e metade dos machos são malhados (pelos
14. (UNESP) Em moscas de frutas Drosophila melano- amarelos e brancos).
gaster, o sexo é determinado segundo o sistema XY. A b) Qual a hipótese que melhor explica a falta do fenó-
cor dos olhos nessa espécie é determinada por alelos tipo cálico nos machos? Justifique sua resposta.
localizados no cromossomo X. O alelo dominante B con-
fere cor vermelha aos olhos da mosca e o alelo recessi- 17. (UFU) Interações gênicas ocorrem quando dois ou
vo b, cor branca. mais pares de genes atuam sobre a mesma característica.
O cruzamento de uma fêmea de olhos vermelhos com Entre as diversas raças de galinhas, é possível encontrar
um macho de olhos vermelhos resultou em uma gera- quatro tipos de cristas:
ção constituída por 75% de indivíduos de olhos verme- 1. crista noz: é resultado da presença de, no mínimo,
lhos e 25% de olhos brancos. Determine o genótipo da dois genes dominantes R e E.
fêmea deste cruzamento e o sexo dos descendentes de 2. crista rosa: é produzida pela interação de, no mínimo,
olhos brancos. um R dominante com dois genes e recessivos.
Em outro cruzamento, uma fêmea de olhos brancos foi 3. crista ervilha: ocorre devido à interação de dois ge-
fecundada por um macho de olhos vermelhos. Dos des- nes r recessivos com, no mínimo, um E dominante.
cendentes obtidos, foi realizado o cruzamento de uma 4. crista simples: ocorre quando o genótipo é birreces-
fêmea com um macho, que deu origem a uma popu- sivo, rree.
lação de indivíduos. Qual a porcentagem de machos De acordo com essas informações, faça o que se pede.
de olhos brancos e a porcentagem de fêmeas de olhos
brancos esperadas nessa população? a) A partir do cruzamento de indivíduos de crista noz,
ambos duplos heterozigotos, qual é a probabilidade
de originar aves de crista rosa?
15. (UNESP) A Distrofia Muscular de Duchenne (DMD)
b) Determine a proporção genotípica e fenotípica do
apresenta incidência de 1 a cada 3.500 nascimentos de
cruzamento entre as aves com o genótipo RRee x RrEe.
meninos. É causada por um distúrbio na produção de
uma proteína associada à membrana muscular chama- 18. (UFU) O peso dos frutos (fenótipos) de uma deter-
da distrofina, que mantém a integridade da fibra mus- minada espécie vegetal varia de 150 g a 300 g. Do cru-
cular. Os primeiros sinais clínicos manifestam-se antes zamento entre linhagens homozigóticas que produzem
dos 5 anos, com quedas frequentes, dificuldade para frutos de 150 g, com linhagens homozigóticas que pro-
subir escadas, correr, levantar do chão e hipertrofia das duzem frutos de 300 g, obteve-se uma geração F1 que,
panturrilhas. A fraqueza muscular piora progressivamente, autofecundada, originou 7 fenótipos diferentes.
levando à incapacidade de andar dentro de cerca de Sabendo-se que o peso do fruto é um caso de herança
dez anos a partir do início dos sintomas. quantitativa, responda:
Trata-se de uma doença genética, com padrão de heran- a) quantos pares de genes estão envolvidos na deter-
ça recessivo ligado ao cromossomo X. Na maioria dos minação do peso dos frutos desta espécie vegetal?
casos, a mutação responsável pela doença foi herdada b) qual é o efeito aditivo de cada gene?
da mãe do paciente (em geral, assintomática). c) de acordo com o triângulo de Pascal, qual é a pro-
(www.oapd.org.br. Adaptado.) porção de cada classe fenotípica obtida em F2?

256
19. (UNESP) José é uma pessoa muito interessada na a) Explique a formação dessas manchas do ponto de
criação de gatos. Um de seus gatos apresenta hipopla- vista genético.
sia testicular (testículos atrofiados) e é totalmente es- b) Por que esse mosaico não pode aparecer em um
téril. José procurou um veterinário que, ao ver as cores homem?
preta e amarela do animal, imediatamente fez o seguin-
te diagnóstico: trata-se de um caso de aneuploidia de 22. (UFRJ) A massa de um determinado tipo de fruto
cromossomos sexuais. As cores nos gatos domésticos depende da ação de dois genes A e B, não alelos, inde-
são determinadas por um gene A (cor amarela) e outro pendentes e de ação cumulativa (polimeria).
gene P (cor preta), ambos ligados ao sexo, e o malhado Esses genes contribuem com valores idênticos para o
apresenta os dois genes (A e P). acréscimo de massa. Os genes a e b, alelos de A e B respec-
tivamente, não contribuem para o acréscimo de massa.
a) O que é e qual o tipo de aneuploidia que o gato de
José apresenta? O fruto de uma planta de genótipo AABB tem 40 gra-
mas de massa enquanto o de uma planta de genótipo
b) Qual a explicação dada pelo veterinário relacio-
aabb tem 20 gramas.
nando a anomalia com as cores do animal?
Determine a massa do fruto de uma planta de genótipo
20. (UFRN) Seguindo a representação a seguir e con- AABb. Justifique sua resposta.
siderando que os indivíduos apresentam, simultanea-
mente, dois caracteres genéticos com mecanismos de 23. (FUVEST) Uma mulher é portadora de um gene letal
herança distintos: ligado ao sexo, que causa aborto espontâneo. Supondo
que quinze de suas gestações se completem, qual o nú-
mero esperado para crianças do sexo masculino, entre
= hemofílico albino as que nascerem? Justifique sua resposta.
= hemofílico albino XLXI X XLY
= não-hemofílico albino

= não-hemofílico albino
= hemofílico com pigmentação normal XLXL XLXI XLY XIY

= hemofílico com pigmentação normal morte


2 mulheres : 1 mulheres
= hemofílica com pigmentação normal
24. (Unesp) Na década de 40 descobriu-se que algumas
= hemofílica com pigmentação normal células retiradas de mulheres apresentavam no núcleo
= não-hemofílica albina
interfásico, um pequeno corpúsculo de cromatina in-
= não-hemofílica albina tensamente corado. Este corpúsculo é conhecido hoje
como cromatina sexual ou corpúsculo de Barr.

a) indique os genótipos dos indivíduos. a) A que corresponde tal corpúsculo e em que tipo
de células (somáticas ou germinativas) ele aparece?
b) construa um heredograma no qual três desses
b) Qual a sua importância e por que ele não ocorre
indivíduos sejam os filhos biológicos (legítimos) dos
nas células masculinas?
outros dois.
c) discuta a possibilidade de uma mulher hemofílica e
albina ser filha biológica dos pais propostos no here-
dograma que você construiu.

21. (UFRJ) Na espécie humana existe um gene raro


que causa a displasia ectodérmica anidrótica, que é
uma anomalia caracterizada pela ausência das glându-
las sudoríparas. Esse gene se localiza no cromossomo
sexual X.
Algumas mulheres, portadoras desse gene em hetero-
zigose, ficam com a pele toda manchada, formando um
mosaico de manchas claras e escuras, quando se passa
um corante sobre a pele.

257
258
FÍSICA 1

259
TRABALHO DE UMA FORÇA CONSTANTE

t = F ∙ d ∙ cos q

ttotal = tF1 + tF2 + tF3 + tF4 + ...

Trabalho da força elástica


​ 1 ​ kx2 e  tFel = – ​ __
tF = __ 1 ​ kx2
2 2

tFr = ttotal

Trabalho quando a força é Potência média de uma força


variável ou a trajetória é curva
Pm = ___
​  τ  ​ 
t

P = F ∙ v ∙ cosq
P=F∙v

Potência e energia
tFt = Ft ∙ d
E
Pm =  ​​___
t
  ​
 ​

260
Rendimento

P
h = __
​  u ​ 
Pt

ENERGIA

Um conjunto formado por um ou mais corpos pode pro- Epg = mgh


duzir, de algum modo, o movimento de objetos. Logo, esse
conjunto tem energia.

Energia potencial elástica


Teorema da energia cinética
tAB = EC – EC = DEC
B A

​ mv ​  
2
EC = ___
2

mv​  2 ​  mv​  A2​  
tAB = ___
​   ​B  – ___
​   ​   
2 2

Energia potencial gravitacional


v0 = 0
A
g

​ kx ​ 
2
EP = ___
2

261
PRINCÍPIO DA CONSERVAÇÃO DA ENERGIA

“A energia não é criada, a energia não é perdida, a energia apenas se transforma de um tipo em outro, em quantidades iguais.”
Antoine Lavoisier

Energia mecânica
EM = EC + EP

A energia mecânica de um corpo é constante, se, dentre todas as forças


que atuam nesse corpo, as forças conservativas forem as únicas a realizar
trabalho não nulo.

Sistemas não conservativos


Em0 + tFat = EmF

QUANTIDADE DE MOVIMENTO DE UM CORPO

Impulso de uma força constante

_​__› _​_› ​__› ​___›


Q ​
​   = m · v ​​    ​   ·
F ​ Dt = D​Q ​   

_​›_ _​_› _​›_ ​___›

Quantidade de movimento
​   = F ​
I ​ ​   · Dt ​I ​  = D​Q ​   

de um sistema Impulso de força variável

​___› _​___› _​___› _​___› ​____›


​   = Q
Q ​ ​ 1 ​  + Q
​ 2 ​  + Q
​ 3 ​  + ... + Q
​ n ​  

262
QUANTIDADE DE MOVIMENTO EM UM SISTEMA DE PARTÍCULAS

___
​› ___
​› ___
​› ___
​› ___
​›

Q
  ​  ​1 +  
​  ​sistema =  
Q
  ​  ​2 +  
Q
  ​  ​3 + ... +  
Q
  ​  ​n
Q

Princípio da conservação da quantidade de movimento


Em um sistema isolado, a quantidade de movimento é constante.

Colisão e energia cinética


§ colisão elástica: a energia cinética se conserva e os corpos se separam após a colisão;
§ colisão parcialmente elástica: os corpos se separam após a colisão, mas existe perda de energia cinética;
§ colisão inelástica: os corpos permanecem unidos após a colisão e existe perda de energia cinética; esse tipo de colisão
também é chamado de colisão anelástica.

Casos particulares de colisão

Esfera que incide perpendicularmente em uma superfície fixa

vf – vf v rel (afastamento)
e = ______
​ v B – v A ​ 
= ​ _______________
    ​
iA i B vrel (aproximação)

263
GRAVITAÇÃO

O sistema geocêntrico As Leis de Kepler


de Ptolomeu Primeira Lei de Kepler

Os planetas movem-se em trajetória elíptica, com o Sol


na posição em um dos focos da elipse.

Segunda Lei de Kepler

O modelo heliocêntrico
de Copérnico
A linha que liga o Sol a um planeta varre áreas iguais
em intervalos de tempo iguais.

A velocidade de um planeta é variável. A velocidade aumenta à


medida que se aproxima do Sol e diminui à medida que se afasta.

Terceira Lei de Kepler


planeta

A Sol A`

a a

​ T 3  ​= constante


2
__
R
Modelo simplificado do sistema heliocêntrico de Copérnico

264
LEI DA GRAVITAÇÃO UNIVERSAL

Campo gravitacional
Existe uma força de atração entre duas partículas de
massa m1 e m2, cuja intensidade F é diretamente pro-
porcional ao produto das massas e inversamente pro-
porcional ao quadrado da distância R entre elas.

m · m2
F = G · ______
​  1 2 ​
  
R

G = 6,673 · 1011 (N.m²/kg²)

Lei da gravitação universal F=P


e terceira Lei de Kepler
​  M · m 
G · ______  ​ 
=m·g
M = Massa do sol, ou da terra ou de outro planeta, onde (R + h)2
um objeto,satélite orbita ao redor.

​  G · M 
g = ______
dXXXXX
​ G ·  ​ ​
v = ​ _____
R
M     ​ __
T2 4p2
​ G · M ​ 
R3 ​ = _____
(R + h)2
 ​ 

Satélite geoestacionário
​ M2  ​
gsuperfície = G · _____
R
​ G · M ​ = constante
R3 ​ = _____
​ __
T2 4p2
Velocidade de escape
M ·m
EPg = G · _____
​  T  ​


R

________

e
√ 2 · G · MT
V = ​ ________
​ 
R
 ​ ​  

265
ESTÁTICA

Equilíbrio estático
FRx = SFx = 0 e FRy = SFy = 0

Condição de equilíbrio de um ponto material


ponto material em equilíbrio ä FR = 0

Centro de massa

m1 ⋅ x1 + m2 ⋅ x2 + m3 ⋅ x3 + ... + mn ⋅ xn
xCM = ​ _____________________________
       
m + m + m + ... + m  ​
1 2 3 n

m ⋅ y + m2 ⋅ y2 + m3 ⋅ y3 + ... + mn ⋅ yn
yCM = ___________________________
​  1 1 m
       + m2 + m3 + ... + mn ​
1

MOMENTO DE UMA FORÇA

Binário

Mbinário = F · b

Equilíbrio de um corpo extenso


___
​› ___
​›
​F ​  RX = SFx = O
   ​

​  
___
​› ___
​›
​F ​  RY = SFY = O ​
  ​   

MR = SM = 0

MFO = F · d

266
Talha exponencial

n = número de polias móveis

​ Pn  ​ 
FM = __
2

​ P  ​ 
vantagem mecânica = __
FM

267
U.T.I. - Sala
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Prata, francês compara vaias no Rio às recebidas por
Jesse Owens em 1936
Gustavo Franceschini e Rodrigo Mattos
Do UOL, no Rio de Janeiro

Atual campeão olímpico e favorito absoluto ao bi, Re-


naud Lavillenie foi surpreendido por Thiago Braz e termi-
nou com a prata no salto com vara masculino. A derrota
e a forma como ela aconteceu irritaram o francês, que
saiu reclamando da torcida e comparou o público do En-
b) Na figura B, acima, é representado um salto
genhão aos alemães nazistas que vaiaram Jesse Owens,
cuja altura máxima do centro de massa do atleta é
um negro americano, na Olimpíada de 1936, em Berlim.
h = 6,03 m. Considerando que a corrida para o salto
“Não houve fair play por parte do público. Isso é para foi realizada com velocidade constante de 9,20 m/s e
futebol, não para o atletismo. Em 1936, o público esta- que na altura h a velocidade do atleta é nula, deter-
va contra Jesse Owens. Não víamos isso desde então. mine o ganho percentual de energia obtido em rela-
Preciso lidar com isso. Para as Olimpíadas, não é uma ção à energia cinética inicial quando o atleta flexiona
boa imagem. Não fiz nada para os brasileiros”, declarou a vara ao tocar na caixa de apoio. Despreze a massa
ele logo após a derrota. da vara e a resistência do ar.
Disponível em: <http://olimpiadas.uol.com.br/noticias/ 2. Um bloco prismático de massa M = 7,5 kg é puxado
redacao/2016/08/16/derrotado-por-thiago-braz-frances-quer-
ao longo de uma distância L = 3 m, sobre um plano ho-
revanche-na-mesma-moeda-em-paris.htm>. Acesso em: 27 set. 2016.
rizontal rugoso, por uma força também horizontal
F = 37,50 N. Sabendo que o coeficiente de atrito entre
o plano e o bloco é µ = 0,35 e que g = 10 m/s2, calcule:
a) a aceleração do bloco;
b) os trabalhos realizados pela força F, pela força peso,
pela reação normal do plano e pela força de atrito.

3. O Dr. Vest B. Lando dirige seu automóvel de massa


m = 1.000 kg pela estrada cujo perfil está abaixo:

1. (UFSC) Responda:
a) O número de flexibilidade de uma vara para saltos
é a sua deflexão x medida em centímetros, quando
um peso padrão, usualmente 22,7 kg é suspenso no
meio da vara na posição horizontal, conforme ilus-
trado na figura A, abaixo. Portanto, flexibilidade 20.5
significa deflexão x = 20,5 cm, flexibilidade 24,3 sig-
nifica deflexão x = 24,3 cm, e assim por diante. Con-
siderando que a vara se comporta como uma mola Quando está na posição x = 20 m com velocidade
ideal, esboce o gráfico da deflexão x em função do de v = 72 km/h (20 m/s), ele percebe que na posição
peso quando pesos variados são suspensos de forma x = 120 m há uma pedra ocupando toda a estrada. Se
consecutiva no meio da vara. Dr. Lando não acelerar ou acionar os freios, o automóvel
(devido a atritos internos e externos) chega na posição
da pedra com metade da energia cinética que teria,
caso não houvesse qualquer dissipação de energia.
a) Com que velocidade o automóvel chocar-se-á com a
pedra, se o Dr. Lando não acelerar ou acionar os freios?
b) Que energia tem que ser dissipada com os freios
acionados para que o automóvel pare rente à pedra?

268
4. Uma metralhadora de massa M = 16 kg dispara balas 3. Um bloco de massa 4,5 kg é abandonado em repou-
de massa m = 80 g com velocidade de 500 m/s. O tempo so num plano inclinado. O coeficiente de atrito entre o
de duração de um disparo é igual a 0,01 s. bloco e o plano é 0,50.
a) Calcule a velocidade do “coice” na arma após um Considere: g = 10 m/s2; AC = 3 m; BC = 4 m
disparo.
b) Calcule a força média exercida sobre uma bala.

5. A razão entre as massas de um planeta e de um saté-


lite é 81. Um foguete está a uma distância R do planeta
e a uma distância r do satélite, entre o planeta e o saté-
lite. Qual deve ser o valor da razão R/r, para que as duas
forças de atração sobre o foguete se equilibrem?

6. A barra AB é uniforme, pesa 50 N e tem 10 m de com-


primento. O bloco D pesa 30 N e dista 8,0 m de A. A dis-
tância entre os pontos de apoio da barra é AC = 7,0 m. a) Calcule a aceleração com que o bloco desce o plano.
b) Calcule os trabalhos da força peso e da força de
atrito no percurso do bloco, de A até B.

4. Uma partícula de massa m = 4 kg move-se sobre uma


trajetória retilínea, sob a ação de uma única força que
Determine as reações nos apoios A e C.
tem a mesma direção e sentido do movimento. Sua in-
tensidade, em função da posição, é dada pelo gráfico:
U.T.I. - E.O.
1. Um atleta de skate, para conseguir completar um
looping de uma pista, precisa descer uma rampa, de
forma que atinja velocidade suficiente para completar
a volta no looping (considere o esquema a seguir). De-
termine a altura da rampa, para que o atleta atinja a
velocidade mínima para completar o looping.
(Desconsidere o atrito)

Sabendo que, ao passar pelo ponto de espaço S0 = 5 m


sua velocidade era v0 = 10 m/s, calcule:
a) o trabalho realizado pela força quando a partícula
vai de S0 = 5 m a S1 = 15 m;
b) a velocidade da partícula ao passar pelo ponto
S1 = 15 m.

5. Um corpo de massa 2 kg está em contato com uma


mola de constante elástica k = 500 N/m, comprimida de
20 cm. Libertado, o corpo desliza pelo plano horizontal
sem atrito, atingindo o plano inclinado.
2. Para que um automóvel percorra uma curva horizon-
tal de raio dado, numa estrada horizontal, com certa ve-
locidade, o coeficiente de atrito estático entre os pneus
e a pista deve ter no mínimo um valor (µ) (fig. A). Para
C

que o automóvel percorra uma curva horizontal, com


o mesmo raio e com a mesma velocidade acima, numa hC
estrada com sobrelevação (fig. B), sem ter tendência a A B 30º
derrapar, o ângulo de sobrelevação deve ter o valor α.
D E

Determine:
a) a velocidade desse corpo quando se destaca da mola;
b) seu deslocamento sobre o plano inclinado, até parar.

Determine o valor de μ em função de α.

269
6. Observe o esquema do elevador E de massa 800 kg, 10. Uma espingarda de massa 2,00 kg, inicialmente em
com carga interna de 500 kg, um contrapeso B de massa repouso, dispara na horizontal uma bala de 0,05 kg com
800 kg e acionados por um motor M. (g = 10 m/s2). velocidade de 400 m/s. A arma, apoiada no ombro do ati-
rador, empurra-o, deslocando-se durante 0,50 s até parar.
M a) Calcule a velocidade inicial de recuo da arma, des-
prezando a reação inicial do ombro.
B b) Calcule o módulo F da força horizontal exercida
pelo ombro sobre a arma, supondo-a constante.
E
11. Dois carrinhos iguais, com 1 kg de massa cada um,
estão unidos por um barbante e caminham com veloci-
dade de 3 m/s. Entre os carrinhos há uma mola compri-
mida, cuja massa pode ser desprezada. Num determina-
do instante, o barbante se rompe, a mola se desprende
a) Calcule a potência fornecida pelo motor com o ele- e um dos carrinhos para imediatamente.
vador subindo à velocidade constante de 1 m/s.
V
b) Calcule a força aplicada pelo motor por meio do
cabo para acelerar o elevador em ascensão a 0,5 m/s2.

7. Um canhão dispara horizontalmente um míssel de 60 kg,


conferindo-lhe em 1/40 s a velocidade de 900 m/s. Qual
é a intensidade do impulso I recebido pelo míssel? Ad- Determine:
mitindo que, durante o disparo, a força propulsora seja a) a quantidade de movimento inicial do conjunto;
constante, calcule a sua intensidade. b) a velocidade do carrinho que continua em movimento.
8. Um bloco de massa 2 kg e dimensões desprezíveis 12. Uma bomba tem velocidade V0 = 200 m/s antes de
desliza sobre uma trajetória retilínea apoiado num pla- explodir em 3 pedaços A, B e C de igual massa. Logo
no horizontal liso. No instante t = 0, a velocidade do após a explosão, os fragmentos A e B têm velocidades __
bloco é de 5 m/s e passa a agir sobre ele uma força re- vA e vB de acordo com a figura, e |vA| = |vB| = 200​√2 ​  m/s.
sultante sempre na direção e sentido do deslocamento
do bloco. A intensidade da força resultante varia com o VA
VO
tempo de acordo com o gráfico abaixo. 45°
VC = ?
45°
VB

Determine:
a) o módulo da velocidade vC após a explosão;
b) o ângulo que o vetor vc forma com o vetor vO.

13. Um corpo A de massa mA = 2,0 kg é lançado com ve-


locidade v0 = 4,0 m/s num plano horizontal liso, colidin-
a) Qual é a aceleração experimentada pelo bloco no do com uma esfera B de massa mB = 5,0 kg, inicialmente
intervalo de tempo que vai de 2 a 4 s? parada e suspensa por um fio flexível e inextensível de
comprimento L e fixo em O. Após a colisão, a esfera che-
b) Qual é a velocidade do bloco no instante 4 s?
ga à altura hB = 0,20 m.
9. Um corpo de massa m = 2 kg desloca-se de A para B O
devido à ação de uma força F constante.
g = 10 m/s2 L

A hB
V0 B
mA

Determine:
a) a velocidade v’B imediatamente após a colisão;
b) o módulo e o sentido da velocidade v’A após a colisão;
Sendo v1 = 15 m/s e v2 = 20 m/s, determine: c) a diferença entre a energia mecânica do sistema
antes e depois da colisão.
a) a quantidade de movimento da partícula no ponto A; d) A colisão foi perfeitamente elástica? Justifique.
b) o impulso da força F no trecho AB.

270
14. De quantos dias seria, aproximadamente, o período 19. Uma barra rígida e homogênea de 2 kg está li-
de um planeta, girando em torno do Sol, se sua distân- gada numa das extremidades a um suporte, através
cia ao centro de gravitação fosse de 8 vezes a distância de uma mola de constante elástica k = 200 N/m. Na
Terra-Sol? outra extremidade, articula-se a um rolete que pode
girar livremente. Nessa situação, a mola está defor-
mada de 5 cm.
15. Seja g a intensidade da aceleração da gravidade na
superfície terrestre. A que altura acima da superfície a
aceleração da gravidade tem intensidade g/2? Conside-
re a Terra como uma esfera de raio R. g = 10 m/s2

16. Se a massa da Lua é cerca de 1/81 da massa da Terra,


e se a distância de seu centro ao centro da Terra é 60
vezes o raio terrestre, a que distância do centro da Terra
a força gravitacional exercida pela Lua sobre uma nave
espacial que vai em trajetória reta da Terra para a Lua
(reta que une os centros dos dois corpos celestes) terá a Faça o diagrama de forças e calcule as forças que atuam
mesma intensidade da força gravitacional exercida pela na barra.
Terra sobre a referida nave?
20. Em uma academia de musculação, uma barra B, com
17. No sistema em equilíbrio, o bloco 1 tem peso 30 N. 2,0 m de comprimento e massa de 10 kg, está apoiada
Os fios e as polias são ideais. de forma simétrica em dois suportes, S1 e S2, separados
por uma distância de 1,0 m, como indicado na figura.
A

45° B C M
0,5 m 0,5 m 0,5 m 0,5 m
(2)
(1) S1 B S2 E2
E1
a) Determine o peso do bloco 2. 0,10 m
g
b) Determine a tração no fio AB.

18. O esquema representa um sistema em equilíbrio. O


fio é leve e flexível. Para a realização de exercícios, vários discos, de diferen-
tes massas M, podem ser colocados em encaixes, E, com
seus centros a 0,10 m de cada extremidade da barra.

Determine o valor máximo de M, em kg, que poderá ser


45° colocado no encaixe E2 e a força normal no apoio S1.
μ0 200 kg

100
kg

Determine o coeficiente de atrito estático μ0 da super-


fície onde se encontra o bloco de massa 200 kg.

271
272
FÍSICA 2

273
OSCILAÇÕES

Oscilações periódicas

​ k ⋅ A ​
2
Em = ____  

2

Gráficos horários do MHS


​ 1 ​ 
f = __
T

Movimento harmônico simples

x(t) = A ⋅ cos(ω t + ϕ)
v(t) = –A ω sen(ω t + ϕ)
a(t) = –A ω² cos(ω t + ϕ)

Período do MHS
__
​ m ​ ​  
T = 2p ​ __ √
k

Pêndulo simples

x1 > 0 e F1 < 0
x2 < 0 e F2 > 0

Fel = –k ⋅ x
XX
T = 2p ​ __ d
​ gL  ​  ​ 

274
PULSOS E ONDAS

Ondas longitudinais

Classificação das ondas Velocidade de propagação


Quanto à natureza de uma onda
§ Ondas mecânicas são aquelas que se propagam em
um meio material. Exemplos: ondas em cordas, ondas
sonoras (som) e ondas na água.
§ Ondas eletromagnéticas são geradas por cargas
elétricas oscilantes e não necessitam de um meio mate-
rial para se propagar (podem propagar-se no vácuo, isto d
XX
v = ​ __T  ​ ​ 
​ m
é, um meio onde não existe matéria). Exemplo: ondas de
rádio, de televisão, de luz, de radar, raio X, raios laser etc. μ = densidade linear da corda

Quanto à direção de propagação Ondas periódicas


§ Unidimensionais são as ondas que se propagam
em apenas uma direção. As ondas em cordas são um
exemplo de propagação unidimensional.
§ Bidimensionais são aquelas que se propagam num
plano. Como exemplo, as ondas na superfície da água
em um lago têm propagação bidimensional.
§ Tridimensionais são as que se propagam em todas as
direções. Por exemplo: ondas sonoras no ar atmosférico. ​ 1 ​ 
f = __
T
Quanto à direção de vibração
§ Transversais são ondas, cuja direção de propagação é v = †f
perpendicular à direção de vibração. As ondas em cor-
das são transversais.
§ Longitudinais são aquelas, cujas vibrações coincidem
Ondas eletromagnéticas
com a direção de propagação. Como exemplo, as on-
das sonoras.

Os campos elétricos e magnéticos de uma onda


eletromagnética são perpendiculares entre si e
Ondas transversais também à direção de propagação da onda.

275
O espectro eletromagnético caracteriza as ondas dependendo de suas frequências.
Cada intervalo recebe classificações diferentes, desde as ondas de rádio até os raios gama.

Reflexão de um pulso Refração de um pulso

__ v †1
​  v1 ​ = __
​   ​ 
2 †
2
Reflexão com inversão de fase
Equação da onda harmônica
y = A ∙ cos (ωt + θ0)

Reflexão sem inversão de fase (  ( T


y = A ∙ cos ​ 2π ​ __​ 1 ​  – __ ))
​  x ​  + θ0  ​  ​
λ

FRENTE DE ONDA

Princípio de Huygens
Cada ponto de uma frente de onda, em determinado ins-
tante, é fonte de ondas secundárias que têm característi-
cas iguais às da onda inicial.

276
Reflexão de ondas

Representação da reflexão de ondas, com os segmentos


da reta paralelos às frentes de onda.
AI: raio de onda incidente
IB: raio de onda refletido
NI: reta normal ao ponto de incidência
i: ângulo de incidência
r: ângulo de reflexão
†: comprimento de onda

Refração de ondas

Polarização

Representação da refração de ondas, com os segmentos de


reta paralelos indicando as frentes de onda (†† > †1).
AI: raio de onda incidente
IB: raio de onda refratado Princípio da superposição
NI: normal “A perturbação resultante é a soma das perturbações individuais
i: ângulo de incidência
r: ângulo de refração
de cada onda.”
†1: comprimento de onda no meio (1)
†2: comprimento de onda no meio (2)
pulsos de onda não sofrem a superposição

n = _​ vc  ​

sen i 
____ __n2 __ †1 __ v1
​ sen r ​ = ​ n1 ​ = ​ †  ​ = ​ v2 ​  pulsos de ondas superpostos
2

Difração pulsos de ondas após superposição

a2

a1
a2

277
Interferência de ondas bidimensionais

(  )
​ † ​    ​    (n = 0, 2, 4, 6, ...)
∆d = n ​ __
2

Interferência construtiva

(  )
​ † ​    ​    (n = 1, 3, 5, 7, ...)
∆d = n ​ __
2

Interferência destrutiva

Experiência de Young

d.y
D = ____
​   ​   
L

278
Interferência em lâminas delgadas

 λ   ​, sendo n = 0, 2, 4, 6,... haverá interferência destrutiva (franja escura).


D = 2d = n​__
2
 λ   ​, sendo i = 1, 3, 5, 7,... haverá interferência construtiva (franja clara).
D = 2d = i​ ​__
2

​ λ ​,  sendo n = 0, 2, 4, 6,... haverá interferência construtiva (franja clara).


D = 2d = n __
2
λ
__
D = 2d = i ​   ​,  sendo i = 1, 3, 5, 7,... haverá interferência destrutiva (franja escura).
2

PRODUÇÃO DO SOM

Qualidades do som
§ altura ou tom;
§ intensidade ou volume;
§ timbre.

279
Altura ou tom Efeito Doppler
A altura do som está atrelada à sua frequência. Os sons
graves têm frequências menores e os agudos, frequências
maiores.
fonte sonora

Intensidade

Um mesmo som (mesma frequência) é mais forte ou mais


fraco dependendo das amplitudes das oscilações maiores
ou menores, respectivamente.
λ'' <

λ' > λ
​ I  ​ 
d© = 10 log __
I0

Timbre
Nessa figura, a ambulância está se afastando da moça e se aproximando do rapaz.

(  )
v±v
f’ = f · ​ _____
​  v ± v0 ​  ​
F

§ Se o observador se aproxima da fonte, utiliza-se +v0; se


o observador se afasta da fonte, usa-se –v0.
§ Se a fonte se afasta do observador, utiliza-se +vF; se a
fonte se aproxima do observador, usa-se –vF.

Ondas de mesma frequência emitidas por um diapasão, um violino e um piano.

INTERFERÊNCIA DE ONDA NUMA CORDA

interferência construtiva

280
interferência destrutiva.

Onda estacionária

Esquema de uma onda estacionária


V: ventre
N:nó.

Cordas vibrantes

​ 2º
† = __ __v __ 2º __v
n ​  é ​  f   ​ = ​  n ​  é fn = n​ 2º  ​ 
n

n=1,2,3... (números inteiros e positivos)

281
Tubos sonoros

  
Tubo aberto

​ 2º ​ é f1 = __
1º harmônico: †1 = __ ​ v  ​ = __
​  v  ​ 
1 †1 2º

​ 2º ​ é f2 = __
2º harmônico: †2 = __ ​ v  ​ = __​  v  ​  = __
​ 2v ​  é f2 = 2f1
2 †2 __ 2º
​   ​  2º
2

​ 2º ​ é f3 = __
3º harmônico: †3 = __ ​ v  ​ = __ ​ 3v ​  é f2 = 3f1
​  v  ​  = __
3 †3 __ 2º
​   ​  2º
3
:  :  : :  :  :

​ 2º
n-ésimo harmônico: †n = __ ​ v  ​ = __
__
n ​ é fn = † ​  v  ​  = __
​ nv ​  é f2 = nf1
n
__2º
​  n ​  2º

Tubo fechado
(1º modo de vibrar)
​ v  ​ = __
1º harmônico: †1 = 4º é f1 = __ ​  v  ​ 
†1 4º

(2º modo de vibrar)


​ 4º ​ é f3 = __
3º harmônico: †3 = __ ​ v  ​ = __ ​ 3v ​  é f3 = 3f1
​  v  ​  = __
3 †2 __ 4º
​   ​  4º
3

(3º modo de vibrar)


​ 4º ​ é f5 = __
5º harmônico: †5 = __ ​ v  ​ = __ ​ 5v ​  é f5 = 5f1
​  v  ​  = __
5 †5 __ 4º
​   ​  4º
5
:  :  :

​  4º   ​ 
†2n – 1 = _____ ​ v   ​ ä f2n – 1 = (2n – 1) · f1
ä f2n – 1 = (2n – 1) · __
2n – 1 4º

282
HIDROSTÁTICA

Densidade e massa específica Vasos comunicantes

​ m ​ 
d = __
V

Pressão

py = px + dgh ou py = pz + dgh

Princípio de Pascal
Uma pressão externa aplicada a um líquido dentro de
​__›
  ​ um recipiente é transmitida, sem diminuição, para todo
pm = ​ ​   
__​F ​   
 ​
A o líquido e às paredes do recipiente.

Pressão em fluidos Pressão atmosférica

1 atmosfera (1 atm) é a pressão equivalente à exercida


FB = pB · A e FC = pC · A por uma coluna de mercúrio de altura 76 cm, à tempe-
ratura de 0º C, num local onde a gravidade é normal
pB · A = pC · A ou pB = pC
(g = 9,80665 m/s2).

Lei de Stevin

pC = pB + d · g · h
patm j 1,013 · 105 N/m2 ä 1atm = 1,013 · 105 Pa j 105 Pa

283
EMPUXO

Um corpo que esteja total ou parcialmente submerso num fluido em equilíbrio (e sob a ação da
gravidade) recebe a ação de uma força vertical para cima, ou seja, de sentido oposto ao da gravidade.
Essa força é o que chamamos de empuxo.

Princípio de Arquimedes
O módulo do empuxo é igual ao módulo do peso do líquido do recipiente que caberia dentro do
espaço ocupado pelo corpo.

E = d · VF · g

VAZÃO E EQUAÇÃO DA CONTINUIDADE

Z = ___
​ DV ​  
Dt
A1 · v1 = A2 · v2

Z = ___ A · Ds
​ DV ​ = ​ _____
Dt Dt
 ​ 
 = A · v
Equação de Bernoulli

284
d · v12 d · v22 Equação de Torricelli
p1 + d · g · h1 + _____
​   ​   = p2 + d · g · h2 + _____
​   ​   
2 2

d · v2
p + d · g · h + ____
​   ​   = constante
2

V = d​ XXXXXXX
2 · g · h ​ 

​ dv ​ = constante
2
p + ___
2

285
U.T.I. - Sala de posições de alta intensidade sonora e pontos de silên-
cio (intensidade sonora nula). Dado que a velocidade do
som é de 340 m/s, quantos pontos de intensidade nula o
1. (PUC-RJ) Um longo tubo cilíndrico e vertical possui pedestre vai contar ao atravessar o túnel?
uma seção reta de 10,0 cm2. São colocados dentro dele
100 cm3 de água (densidade dA = 1 g/cm3) e 100 cm3 de 6. Coloca-se dentro de um vaso aberto 2 kg de água. A
óleo (dO = 0,800 g/cm3), que não se mistura com a água. seguir, coloca-se dentro do líquido um pequeno corpo,
Considere g = 10,0 m/s2. de 1000 g de massa e 100 cm3 de volume, suspenso por
um fio, conforme indicado na figura.
a) Calcule a altura total da coluna de óleo + água.
b) Dentro do cilindro com óleo e água, coloca-se uma
esfera de plástico com densidade dE = 0,900 g/cm3,
massa 15,0 g e raio menor que o do cilindro. O que
acontece com a esfera? Ela cai no fundo do recipiente
ou flutua? Justifique e faça um desenho da posição
da esfera dentro do tubo, no equilíbrio.
c) Calcule a pressão manométrica (P - Patm) no fundo do reci-
piente cilíndrico contendo o óleo, a água e a esfera.
Sabendo que g = 10 m/s2 e dágua = 1000 kg/m3, calcule:
2. Uma pessoa apresenta deficiência visual, conseguin- a) a tração no fio;
do ler somente se o livro estiver a uma distância de 75 b) a força exercida pelo líquido no fundo do vaso.
cm. Qual deve ser a distância focal dos óculos, apropria-
dos para que ela consiga ler, com o livro colocado a 25
cm de distância?
U.T.I. - E.O.
3. Um corpo de massa m está preso em uma mola de 1. (UFPR) Um corpo com peso P1 flutua em um líquido de
constante elástica k e em repouso no ponto O. O corpo maneira que o volume submerso é de 1,1 m3. Sobre ele
é então puxado até a posição A e depois solto. O atrito é colocado um outro corpo com peso P2 = 1050 N. Com
é desprezível. Sendo m = 10 kg, k = 40 N/m, π = 3,14, esse procedimento, verificou-se que o conjunto dos dois
pede-se: corpos afunda mais um pouco, de maneira que o volume
a) o período de oscilação do corpo; submerso passa a ser de 1,2 m3, conforme é mostrado na
b) o número de vezes que um observador, estacioná- figura a seguir. Considere o valor da aceleração gravitacio-
rio no ponto B, vê o corpo passar por ele, durante um nal como 10 m/s2.
intervalo de 15,7 segundos.

m
k

Sabendo que o empuxo corresponde ao peso do líquido


O B A deslocado, determine o valor da massa específica (densi-
dade) do líquido, no Sistema Internacional de Unidades.
4. Uma piscina tem fundo plano horizontal. Uma onda
eletromagnética de frequência 100 MHz, vinda de um 2. (EBMSP) A prática de atividade física na água aque-
satélite, incide perpendicularmente sobre a piscina e é cida traz muitos efeitos terapêuticos benéficos, como
parcialmente refletida pela superfície da água e pelo o relaxamento, a analgesia, a redução do impacto nas
fundo da piscina. Suponha que, para essa frequência, a articulações. Desprezando os efeitos da variação da
velocidade da luz na água é 4,0 x 107 m/s. temperatura e da variação do volume corporal durante
a) Qual é o comprimento de onda na água? a inspiração e a expiração e sabendo que
b) Quais são as três menores alturas de água na pis-
§ o módulo da aceleração da gravidade local é igual
cina para as quais as ondas refletidas tendem a se
cancelar mutuamente? a 10 m/s2,
§ a densidades da água é igual a 1,00 g/cm3,
5. Durante a construção de uma estrada, o motor de uma § a densidade do corpo humano é igual a 0,93g/cm3,
máquina compactadora de solo, similar a um bate-esta-
determine o módulo do peso de um objeto que deve-
ca, emite um som de 68 Hz na entrada de um túnel reto,
rá ficar emerso sobre uma pessoa, com massa igual a
que mede 30 m de comprimento. Um pedestre que tran-
70,0 kg para mantê-la completamente submersa e em
sita pelo túnel percebe que uma onda sonora estacioná-
equilíbrio, flutuando horizontalmente sob a superfície
ria é formada no interior do túnel, notando a ocorrência
da água de uma piscina térmica.

286
3. (UFJF-PISM 3) Consideremos uma corda fixa nas suas Com base neste gráfico, encontre a frequência desco-
extremidades e sujeita a uma certa tensão. Se excitar- nhecida do segundo diapasão.
mos um ponto desta corda por meio de um vibrador de
frequência qualquer ou pela ação de uma excitação ex- 4. (UFU) Uma montagem experimental foi construída a
terna, toda a extensão da corda entra em vibração. É o fim de se determinar a frequência do som emitido por
que acontece, por exemplo, com as cordas de um violão. um alto-falante. Para isso, tomou-se um recipiente cilín-
Existem certas frequências de excitação para as quais a drico, dentro do qual foi espalhado talco, e colocou-se,
amplitude de vibração é máxima. Estas frequências pró- em uma de suas extremidades, o alto-falante, o qual emi-
prias da corda são chamadas modos normais de vibra- tia um som de frequência constante. No interior do reci-
ção. Além disto, formam-se ondas estacionárias exibindo piente formaram-se regiões onde o talco se acumulou,
um padrão semelhante àquele mostrado na figura 1a. segundo o padrão representado pelo esquema a seguir.

A partir da situação experimental descrita, responda:


a) Do ponto de vista físico, explique por que há a forma-
ção de regiões onde o talco se acumula.
b) Considerando que a velocidade do som no ar é de
340 m/s, qual é o valor da frequência do som emitido
pelo alto-falante?
Com base nestas informações, um estudante usou o la-
boratório didático de sua escola e montou o seguinte 5. (UFG) Um cubo de gelo de massa M, densidade ρg e
experimento: uma corda tem uma de suas extremida- de aresta L flutua em um copo de água de densidade ρa,
des presa a um diapasão elétrico que oscila com frequ- com ρa > ρg. Considerando o exposto, calcule:
ência constante e a outra extremidade passa por uma a) a razão entre a altura h da porção de gelo que fica
polia na extremidade de uma mesa e é presa a uma fora da água e L;
massa m pendurada do lado de fora, conforme ilustra- b) a razão entre a altura h da porção de gelo que fica
do na figura 1b. fora da água e L, quando uma mosca de massa m
a) No primeiro experimento, foi usado um diapasão pousa delicadamente no centro do cubo de gelo, em
elétrico de frequência constante f = 150 Hz. Ele fixou a função de ρa, ρg, m e M.
corda para um comprimento L = 80 cm. Nesta configu-
ração obteve o padrão de oscilação da corda formando 6. (UFF) As figuras a seguir mostram duas ondas eletro-
3 ventres, conforme a figura 1b. Nesse primeiro expe- magnéticas que se propagam do ar para dois materiais
rimento, qual a velocidade de propagação da onda? transparentes distintos, da mesma espessura d, e conti-
b) Para um segundo diapasão, de frequência desconhe- nuam a se propagar no ar depois de atravessar esses dois
cida, foi realizada uma experiência variando a posição materiais. As figuras representam as distribuições espa-
do diapasão para obter comprimentos L diferentes. ciais dos campos elétricos em um certo instante de tem-
Para cada valor de L é possível alterar a massa M para po. A velocidade das duas ondas no ar é c = 3 × 108 m/s.
obter um único ventre. Sabe-se que a velocidade de
propagação da onda pode ser calculada pela expres-
são V = (T/D)1/2, onde T é tensão na qual a corda está
submetida e D é a densidade linear de massa da cor-
da. Com essas informações, ele determinou, para cada
comprimento L, qual a velocidade de propagação da
onda na corda construindo um gráfico L × V, conforme
o gráfico a seguir.
a) Determine o comprimento de onda e a frequência das
ondas no ar.
b) Determine os comprimentos de onda, as frequências
e as velocidades das ondas nos dois meios transparentes
e os respectivos índices de refração dos dois materiais.

7. Numa antena de rádio, cargas elétricas oscilam sob a


ação de ondas eletromagnéticas em uma dada frequên-
cia. Imagine que essas oscilações tivessem sua origem
em forças mecânicas e não elétricas: cargas elétricas
fixas em uma massa presa a uma mola. A amplitude do

287
deslocamento dessa “antena-mola” seria de 1 mm e a tes. Um modo de se conseguir imagens distintas em cada
massa de 1 g para um rádio portátil. Considere um sinal olho é através do uso de óculos com filtros polarizadores.
de rádio AM de 1000 kHz. a) Quando a luz é polarizada, as direções dos
a) Qual seria a constante de mola dessa “antena-mola”? campos elétricos e magnéticos são bem de-
__
finidas. A intensidade da luz polarizada que
A frequência de oscilação é dada por: f = ____​  1    ​∙​ ​ m
(2π)
__

  k ​ ​    atravessa um filtro polarizador é dada por
onde k é a constante da mola e m a massa presa à mola. I = I0 ∙ cos2θ, onde I0 é a intensidade da___
​›
luz incidente e
b) Qual seria a força mecânica necessária para deslo- θ é o ângulo entre o campo elétrico E ​ ​   e a direção de
polarização do filtro. A intensidade luminosa, a uma
car essa mola de 1 mm?
distância d de uma fonte que emite luz polarizada, é
8. Um relógio de pêndulo marca o tempo corretamente P
quando funciona à temperatura de 20°C. Quando este dada por I0 = _____
​  0  ​  
em que P0 é a potência da fonte.
4πd2
relógio se encontra a uma temperatura de 30°C, seu pe- Sendo P0 = 24 W, calcule a intensidade luminosa que
ríodo aumenta devido à dilatação da haste do pêndulo. atravessa um polarizador que se encontra a d = 2 m
a) Ao final de 24 horas operando a 30°C, o relógio da fonte e para o qual θ = 60°.
atrasa 8,64 s. Determine a relação entre os períodos b) Uma maneira de polarizar a luz é por reflexão.
T30 a 30°C e T20 a 20°C, isto é, T30/T20. Quando uma luz não polarizada incide na interface
b) Determine o coeficiente de expansão térmica linear entre dois meios de índices de refração diferentes com
do material do qual é feita a haste do pêndulo. Use a o ângulo de incidência θB, conhecido como ângulo de
aproximação: (1,0001)2 =1,0002. Brewster, a luz refletida é polarizada, como mostra a
figura abaixo. Nessas condições, θB + θr = 90° em que
9. Ondas circulares propagam-se na superfície da água θr é o ângulo do raio refratado. Sendo n1 = 1,0 o índi-
de um grande tanque. Elas são produzidas por uma ce de refração do meio 1 e θB = 60° calcule o índice
haste cuja extremidade P, sempre encostada na água, de refração do meio 2.
executa um movimento harmônico simples vertical, de
Raio iniciante Raio refletido
frequência 0,5 s−1. não polarizado polarizado
a) Quanto tempo o ponto P gasta para uma oscilação
completa?
UB UB
b) Se as cristas de duas ondas adjacentes distam entre si meio1
2,0 cm, qual a velocidade de propagação dessas ondas?
Meio 2

10. Um trem de ondas periódicas percorre o meio 1, che- Ur


ga à interface com o meio 2 e penetra nele, sofrendo re-
fração. O comprimento de onda no meio 1 é λ1 = 1,5 cm
e o do meio 2 é λ2 = 2,0 cm.
a) Dentre as grandezas físicas velocidade de propaga- 13. O primeiro trecho do monotrilho de São Paulo, entre
ção, frequência e período, quais conservam o mesmo as estações Vila Prudente e Oratório, foi inaugurado em
valor nos dois meios? agosto de 2014. Uma das vantagens do trem utilizado
b) Se a frequência das ondas é igual a 10 Hz no meio em São Paulo é que cada carro é feito de ligas de alu-
1, qual é a velocidade de propagação no meio 2? mínio, mais leve que o aço, o que, ao lado de um motor
mais eficiente, permite ao trem atingir uma velocidade
11. Duas fontes pontuais F1 e F2 coerentes e em fase de oitenta quilômetros por hora.
emitem ondas de frequência 10 Hz que se propagam a) A densidade do aço daço = 7,9 g/cm3 e a do alumínio
com velocidade de 1 m/s na superfície da água, con- é dAl = 2,7 g/cm3. Obtenha a razão τaço/τAl entre os
forme ilustra a figura. Se os pontos P e Q representam trabalhos realizados pelas forças resultantes que ace-
pequenos objetos flutuantes, verifique se os mesmos leram dois trens de dimensões idênticas, um feito de
estão ou não em repouso. aço e outro feito de alumínio, com a mesma aceleração
constante de módulo a, por uma mesma distância I.
F1
b) Outra vantagem do monotrilho de São Paulo em rela-
ção a outros tipos de transporte urbano é o menor nível
de ruído que ele produz. Considere que o trem emite
2,75 m 3,50 m
ondas esféricas como uma fonte pontual. Se a potência
sonora emitida pelo trem é igual a P = 1,2 mW, qual é
2,00 m 3,00 m o nível sonoro N em dB à uma distância R = 10 m do
P Q trem? O nível sonoro N em dB é dado pela expressão
F2 N = 10 ⋅ log I/I0, em que I é a intensidade da onda sonora e
12. O efeito de imagem tridimensional no cinema e nos I0 = 10-12 W/m2 é a intensidade de referência padrão cor-
televisores 3D é obtido quando se expõe cada olho a uma respondente ao limiar da audição do ouvido humano.
mesma imagem em duas posições ligeiramente diferen- Obs: Aesfera = 4πR2

288
14. O radar é um dos dispositivos mais usados para coi- b) Determine a pressão no interior do sino.
bir o excesso de velocidade nas vias de trânsito. O seu
princípio de funcionamento é baseado no efeito Do- § pressão atmosférica: 1,0 × 105 N/m2
ppler das ondas eletromagnéticas refletidas pelo carro § aceleração da gravidade: 9,8 m/s2
em movimento. § massa específica da água do mar: 1,2 × 103 kg/m3
Considere que a velocidade medida por um radar foi
vm = 72 km/h para um carro que se aproximava do aparelho. 18. O organismo humano pode ser submetido, sem
consequências danosas, a uma pressão de no máximo
Para se obter vm o radar mede a diferença de frequências 4 . 105 N/m2 e a uma taxa de variação de pressão de no
Vm máximo 104 N/m2 por segundo. Nessas condições:
Δf, dada por Δf = f – f0 = ±___
​   ​   ⋅f0, sendo f a frequência da
C
a) qual a máxima profundidade recomendada a um
onda refletida pelo carro, f0 = 2,4 . 1010 Hz a frequência da
mergulhador?
onda emitida pelo radar e c = 3,0 · 108 m/s a velocidade
da onda eletromagnética. O sinal (+ ou -) deve ser escolhi- b) qual a máxima velocidade de movimentação na
do dependendo do sentido do movimento do carro com vertical recomendada para um mergulhador?
relação ao radar, sendo que, quando o carro se aproxima, Adote a pressão atmosférica igual a 105 N/m2.
a frequência da onda refletida é maior que a emitida.
19. Dois vasos comunicantes, A e B, um dos quais fe-
Determine a diferença de frequência f medida pelo radar. chado em sua parte superior, contêm água na situação
indicada pela figura. Seja d a massa específica (densida-
15. Um pescador desenvolveu um método original para
de) da água, P0 a pressão atmosférica e g a aceleração
medir o peso dos peixes pescados: utiliza uma vara com
da gravidade.
uma linha de 2 m de comprimento e um frequencíme-
tro. Ao pescar um peixe, ele “percurte” a linha na po-
sição vertical e mede a frequência do som produzido.
O pescador quer selecionar a linha adequada de modo
que para um peixe de peso 10 N obtenha uma frequên-
cia fundamental de 50 Hz. Determine a massa da linha
que deve ser utilizada para obter o resultado desejado.

16. Na extremidade aberta do tubo de Quinche é colo-


cado um diapasão que emite um som puro (única frequ-
ência). Abrindo-se a torneira, a água escoa lentamente,
sendo que para certos valores de h ocorre um aumento
na intensidade do som que sai do tubo. Alguns desses a) Qual é a pressão na parte superior do recipiente A?
valores de h são 5 cm, 15 cm e 25 cm. b) Completando-se o recipiente B com água, qual é a
pressão que a parte superior do recipiente A vai suportar?

20. As esferas maciças A e B, que têm o mesmo volume


e foram coladas, estão em equilíbrio, imersas na água.
Quando a cola que as une se desfaz, a esfera A sobe e
água passa a flutuar, com metade do seu volume fora da água.

a) Determine o comprimento de onda emitido pelo diapasão.


b) Determine a velocidade desse som no ar, sabendo-
-se que a sua frequência é igual a 1600 Hz.

17. O esquema abaixo ilustra um dispositivo, usado pe-


los técnicos de uma companhia petrolífera, para traba-
lhar em águas profundas (sino submarino).

a) Qual é a densidade da esfera A?


b) Qual é a densidade da esfera B?

sino submarino
Alta
150 m
pressão

a) Explique por que a água não ocupa todo o interior


do sino, uma vez que todo ele está imerso em água.

289
290
FÍSICA 3

291
LEI DE OHM GENERALIZADA

VA – VB = S« – S«‘ – Reqi

Variação de potencial entre os


terminais de elementos de um circuito
Elemento Potencial VA VB UAB

Diminui VA VA – R · i R·i
Resistor

Aumenta VA VA + « – r · i –«+r·i

Gerador

Diminui VA VA – «' – r' · i «' + r'· i

Receptor

Quedas de tensão em diferentes elementos do circuito

As Leis de Kirchhoff

Circuito elétrico em duas malhas

Lei de Kirchhoff das correntes (LKC) ou lei dos nós Lei de Kirchhoff das tensões (LKT) ou lei das ma-
– a somatória das correntes que chegam a um nó é igual lhas – ao se percorrer uma malha segundo alguma orien-
à somatória das correntes que saem deste nó. tação, a somatória algébrica das tensões é nula.

292
MAGNETISMO - ELETROMAGNETISMO

Propriedades dos ímãs Direção e sentido do


campo magnético

Uma pequena bússola é colocada em um ponto do campo magnético.

§ polos de mesmo nome se repelem;


§ polos de nomes diferentes se atraem.

_​__›
A bússola é então retirada e desenha-se o vetor ​B ​  
indicando a direção e o sentido do campo magnético.

Quando o polo norte do ímã é aproximado do polo


norte da agulha, também ocorre repulsão.

O campo magnético da Terra

O campo magnético da Terra


eixo de rotação da Terra
sul magnético Norte geográfico
11º

Quando o polo sul do ímã é aproximado do


polo sul da agulha, ocorre repulsão.

Quando o polo norte do ímã é aproximado do norte magnético


Sul geográfico
polo sul da agulha, ocorre atração.

293
CAMPO MAGNÉTICO CRIADO POR CORRENTE
ELÉTRICA EM CONDUTORES RETILÍNEOS

Campo magnético criado por uma


corrente numa espira
circular

Se o sentido da corrente no fio for para cima, as linhas


de força estão orientadas no sentido anti-horário.

m
​   ​ · ​ _ri  ​
B = __
2

Se o sentido corrente no fio for para baixo, as linhas


de força estão orientadas no sentido horário.

Intensidade do campo Campo magnético criado por


corrente em um solenoide
magnético
m
​    ​ · _​ ri  ​
B = ___
2p

A constante m é chamada de permeabilidade mag-


nética do meio. A configuração das linhas do campo magnético criado por um solenoide
é idêntica a de um ímã de barra com o mesmo formato.

​ N ​ · i
B = m __
º

No solenoide ilustrado, o fio entra no plano (linha cheia)


e sai por ele (linha pontilhada) diversas vezes.

294
FORÇA MAGNÉTICA SOBRE CARGAS ELÉTRICAS

Campo magnético uniforme

F = |q| · v · B · sen £

§ A intensidade do campo é constante em qualquer ponto.


Grandeza Unidade Símbolo
Força magnética newton N § O campo tem a mesma direção e o mesmo sentido em
Carga elétrica coulomb C qualquer ponto.
Velocidade metro por segundo m/s
§ As linhas de campo são retas paralelas de mesmo
Campo magnético tesla T
sentido, uniformemente distribuídas pela região que o
campo ocupa.

Direção e sentido da
força magnética

Campo magnético uniforme Campo magnético uniforme


“entrando” no plano da página. “saindo” no plano da página.

Partícula lançada no
campo magnético

__
1° caso: lançamento paralelo
​›
F ​​    às linhas do campo
__
​›
 ​ 
B​  

__
​› Partícula lançada paralelamente às linhas de campo.
 ​v ​  

2° caso: lançamento perpendicular


às linhas do campo

  

_​_› _​__›
Lançamento de uma carga positiva: ​v ​  ' ​B ​  .

295
3º caso: lançamento numa
direção não particular

F = |q| · v · B · sen £
Trajetória circular descrita por uma partícula de carga positiva,
lançada perpendicularmente às linhas do campo magnético.
No lançamento de uma carga em um campo magnético
|F1|=|F2|=|F3|=|F4|=q.v.b uniforme, temos os seguintes casos:
1º caso: £ = 0º ou £ = 180º; F = 0 ä MRU
Determinação do raio R da trajetória 2º caso: £ = 90º ä MCU
3º caso: £ i 0º, £ i 90º e θ i 180º; F i 0 ä movi-
​ m ⋅ v  ​ 
R = _____ mento uniforme helicoidal
|q| ⋅ B

Partícula positiva em MCU Partícula negativa em MCU


no sentido anti-horário. no sentido horário.

FORÇA MAGNÉTICA SOBRE UM CONDUTOR RETILÍNEO

§ O dedo indicador
​___› coincide com a direção do campo
magnético B ​
​ ;  
§ O dedo médio coincide com a direção da corrente
elétrica i;
§ O dedo polegar
​_›_ indica a direção e o sentido da força
magnética F ​​ .  

F = B · i · L · sen £

Fio retilíneo imerso no campo magnético

296
Força magnética entre dois 2º caso: as correntes possuem
sentidos contrários, então há uma
fios retilíneos e paralelos força de repulsão entre os fios
1º caso: as correntes possuem
o mesmo sentido, então há uma _​›_ _​›_
força de atração entre os fios F ​
​    ​   
F ​

_​›_ _​›_
F ​
​    F ​
​   

  
fio 1 fio 2
m·i ·i
F1 é 2 = _______  · º
​  1  ​2 
2pr
  m·i ·i
1 2 F2 é 1 = _______  · º
​  1  ​2 
fio fio
2pr

INDUÇÃO MAGNÉTICA

A Lei de Lenz

Experimento de Faraday simplificado O ímã, ao ser aproximado do anel da espira, gera


uma corrente induzida de sentido horário.

movimento

O ímã, ao ser afastado do anel da espira, gera uma


corrente induzida de sentido anti-horário.

Quando o fluxo magnético que atravessa o circuito elétri- O sentido da corrente induzida é tal que o campo mag-
co fechado variar no tempo, uma corrente elétrica induzi- nético por ela produzido se opõe à variação do fluxo que
da circula no circuito. a originou.

297
§ A variação de fluxo magnético no anel gera uma corrente induzida – lei de Faraday.
§ A corrente induzida polariza magneticamente o anel. O polo formado deve repelir o polo sul do ímã. Então, em relação
ao ímã, o polo formado é um polo sul – lei de Lenz.

A força eletromotriz induzida – Lei de Faraday


¶ind = r · i

Força eletromotriz induzida em condutor móvel

ε = BLv

FLUXO MAGNÉTICO

Variações do fluxo magnético


Se o fluxo do campo magnético através de uma espira
sofrer variação, então uma força eletromotriz irá surgir
na espira, e existirá enquanto durar a variação de fluxo. A
força eletromotriz irá anular-se quando cessar a variação
Representação do campo magnético do fluxo de campo magnético.

«m = – ____
​ DF ​ 
Dt

Corrente alternada (CA)

Plano inclinado em relação ao campo

F = B · A · cos a

298
v = 2pf

i
ieficaz = ___
​ máx ​ j 0,707 imax
d
​ XX
2 ​ 

U
Ueficaz = ____
​  máx ​ j 0,707 Umáx
d
​ XX
2 ​ 

Transformador

Up Np
__
​   ​ = ​ __ ​ 
Us Ns

P = Upip = Usis

O gerador eletromagnético

Gerador elétrico

Uma roda hidráulica pode fazer girar o rotor.

Campos induzidos
Corrente alternada senoidal
Campo magnético variável produz campo elétrico.

Campo elétrico variável produz campo magnético.

Uma simples manivela pode girar o rotor, como


se usava nos antigos telefones.

299
MECÂNICA QUÂNTICA

A radiação do corpo negro O átomo de Bohr

E=h·f

h = 6,63 · 10–34 J · s

O efeito fotoelétrico

E = Ec + W

​ 1 ​  m · v2 + W
hf = __
2

O raio da trajetória não pode ter qualquer valor, ou seja,


apenas certas órbitas são possíveis. Essas órbitas são
chamadas de estados estacionários e, enquanto o elétron
está nessas órbitas, não emite energia.

300
​ e  ​ 
2
E = Ec + Ep = –k __
2r

E = hf

Partículas elementares

E = Ef – Ei = hf

​  h  ,​  ou
O produto de mvr deve ser um múltiplo inteiro de ___
2p
​  h  ​  (onde n = 1, 2, 3, ...).
seja, mvr = n ___
2p

Quantidade de movimento do fóton g = p + p​


​ 
X

​  h  ​
l = __
Q
Quarks
A mecânica quântica Cargas elétricas de quarks e antiquarks
Quark Símbolo Carga
​  h  ​
l = __
Q
Up U ​ 2 ​ e
+ __
3

O princípio de complementaridade Down D –  ​ __1 ​ e


3

A radiação e a matéria possuem um comportamento dual, Strange S –  ​ __1 ​ e


3
ou seja, comportam-se ora como onda, ora como partícu-
la, mas apenas um dos comportamentos se manifesta em Charmed C ​ 2 ​ e
+ __
3
cada experimento; logo, os dois comportamentos se com-
plementam. Bottom B ​ 1 ​ e
–  __
3

Top T ​ 2 ​ e
+ __
O princípio da incerteza 3

Antiquark Símbolo Carga


É impossível conhecer a posição e a quantidade de movi- Antiup  2 ​ e
– ​ __
u​
​X 
mento de uma partícula simultaneamente e com precisão. 3

Sendo a incerteza na posição dada por Dx e a incerteza na Antidown X


d​
​  +  ​ __1 ​ e
3
quantidade de movimento dada por DQ, temos:
Antistrage s​
​X  +  ​ __1 ​ e
3
Dx · DQ ≥ h
Anticharmed c​
​X  ​ 2 ​ e
– __
3

DE · Dt ≥ h Antibotton X
b​
​  +  ​ __1 ​ e
3

Antitop f​​X  –  ​ __2 ​ e


3

301
Fissão nuclear

TEORIA DA RELATIVIDADE

Os postulados de Einstein
As leis da Física são as mesmas em todos os referenciais inerciais.

A velocidade da luz no vácuo tem o mesmo valor c em qualquer referencial inercial, independen-
temente da velocidade da fonte da luz.

302
A relatividade do tempo

2d’ = c · Dt’

Quantidade de movimento
Dt = ______
Dt’   ​ 
​  _____ ___
√ ​  v22  ​ ​ 
​ 1– __ ​› m0 _​_›
c ​   = ______
Q ​ ​    ​  
​v ​  
d XXXXX
​ v2 ​ ​  
2
​ 1 – __
c
A relatividade do comprimento
m
m = ______
​  0 2 ​  
d
XXXXX
​ v  ​ ​  
​ 1 – __
c2

Massa e energia
DE = (Dm) · c2

Energia de repouso
E = m · c2

_____

√ ​ v2 ​ ​   E0 = m0 · c²
2
​ 1 – __
L = L’ · c

Inércia e velocidade Energia cinética


__​  F ​ = constante = m = massa do corpo ​ m · ​
Ec = _____v2  
a 0
2

Ec= (m – m0)c²

Ec= m · c² – m0 · c²
E = E0 + Ec

303
U.T.I. - Sala sitiva de carga q move-se na direção z com velocidade
constante v (conforme a figura 1).
1. A figura mostra um circuito elétrico no qual as fontes figura 1
de tensão ideais têm f.e.m. E1 e E2. As resistências de +++++++++++++++++
x x x x x x x
ramo são R1 = 100 Ω, R2 = 50 Ω e R3 = 20 Ω; no ramo de x x x x x x x
v x x x x x x x
R3 a intensidade de corrente é de 125 miliampères com x x x x x x x
q x x x x x x x Z
o sentido indicado na figura. A f.e.m. E2 é 10 volts. x x x x x x x
x x x x x x x
x x x x x x x
--------------------

i = 125 mA
R1
E1 R2 a) Faça uma representação da força elétrica e da força
R3 magnética que atuam na partícula assim que ela entra na
E2 região de campos cruzados, indicando suas magnitudes.
b) Determine a velocidade que a partícula deve ter,
para não ser desviada.
Determine o valor de E1.
___
​› 5. A figura mostra uma barra metálica que faz contato
2. (UERJ) Em um campo magnético uniforme B ​ ​   de inten- com um circuito aberto, fechando-o. A área do circuito
sidade igual a 2,0 × 10-3 T, um fio condutor com 50 cm é perpendicular a um campo magnético constante B =
de comprimento é posicionado perpendicularmente à 0,15 tesla. A resistência total do circuito é de 3,0 ohms.
direção do campo, conforme mostra o esquema.
x x x x x x x x
Bb = 0,15T (entrando na página)
x x x x x x x x x x
x x x x x x x x x x
50 cm v = 2,0 m/s
x x x x x x x x x x
x x x x x x x x x x

Determine a intensidade da força necessária para mo-


ver a barra, como indica a figura, com velocidade cons-
tante igual a 2,0 m/s.

Sabendo que a corrente elétrica i estabelecida no con- 6. Lasers pulsados de altíssima potência estão sendo
dutor é contínua e igual a 300
​__›
mA, determine, em new- construídos na Europa. Esses lasers emitirão pulsos de
tons, a intensidade da força F ​
​   que age no condutor. luz verde, e cada pulso terá 1015 W de potência e dura-
ção de cerca de 30 ⋅ 10-15 s. Com base nessas informa-
3. Os fios 1 e 2 da figura são retilíneos e muito compri- ções, determine:
dos. Ambos estão no ar e situados no plano da folha.
a) o comprimento de onda λ da luz desse laser;
fio 2 b) a energia E contida em um pulso;
c) o intervalo de tempo Δt durante o qual uma lâmpa-
fio 1 i1 da LED de 3 W deveria ser mantida acesa, de forma a
consumir uma energia igual à contida em cada pulso;
15 cm
45 cm P d) o número N de fótons em cada pulso.
Note e adote:
No fio 1, a corrente é i1 = 5,0 A e, no fio 2, a corrente é Frequência da luz verde: f = 0,6 ⋅ 1015 Hz
i2. Deseja-se que o campo magnético resultante devido
Velocidade da luz: c = 3 ⋅ 108 m/s
aos fios seja nulo no ponto P. Para que isso aconteça:
Energia do fóton: E = h ⋅ f
a) determine qual deve ser o sentido da corrente i2
h = 6 ⋅ 10-34 J ⋅ s
no fio 2;
b) calcule qual deve ser o valor de i2.

4. Um filtro de velocidades é um dispositivo que utili- U.T.I. - E.O.


za campo elétrico uniforme E perpendicular ao campo
1. (UFJF-PISM 3) No modelo de Bohr para o átomo de
magnético uniforme B (campos cruzados), para selecio-
Hidrogênio, um elétron somente pode estar se moven-
nar partículas carregadas com determinadas velocida-
do em órbitas bem definidas indexadas por um nú-
des. A figura a seguir mostra uma região do espaço em
mero inteiro n = 1,2,3,... que indica em qual camada
vácuo entre as placas planas e paralelas de um capa-
-K, L, M,... - o elétron está. O raio da órbita de cada ca-
citor. Perpendicular ao campo produzido pelas placas
mada é dado por rn = n2a0, onde a0 é o raio de Borh
está o campo magnético uniforme. Uma partícula po-

304
e vale 0,5 × 10-10 m, e a velocidade de cada órbita é tron faz uma transição do estado excitado n = 2 para o
vn = v0/n, onde v0 = (3/137) × 108 m/s. Com base nestas estado fundamental n = 1. Admitindo que a massa do
informações, DETERMINE: átomo de hidrogênio é igual à massa do próton
a) A energia potencial, em elétron-volts, de interação MP = 1,6 × 10-27 kg , faça o que se pede nos itens seguintes.
entre o elétron e o próton do núcleo do átomo de
Hidrogênio quando o elétron estiver no nível n = 3.
b) A energia cinética, em elétron-volts, quando o elé-
tron estiver no nível n = 3.
c) A energia total, em elétron-volts, quando o elétron
estiver no nível n = 3.
Dados: k = 9 × 109 N · m2/C2; e = 1,6 × 10-19 C;
me = 9 × 10-31 kg; 1eV = 1,6 × 10-19 J.

2. No circuito abaixo, onde os geradores elétricos são


ideais, verifica-se que, ao mantermos a chave K aberta,
a intensidade de corrente assinalada pelo amperímetro
ideal A é i = 1 A. Determine a corrente assinalada no
mesmo amperímetro ao fecharmos a chave K. a) Calcule a energia E, em elétron-volts, do fóton emitido.
b) Sabendo que a quantidade de movimento (mo-
mento linear) do fóton emitido é dada por Q = E/c
considerando que a quantidade de movimento do
sistema se conserva, qual é a velocidade v de recuo
do átomo?

5. (UFBA) A produção de energia no Sol, que possibili-


tou a vida na Terra, é, em grande parte, relacionada às
reações nucleares que transformam quatro prótons em
3. (Ufg) Os dispositivos emissores de luz, comumente um núcleo de hélio, 4He++. Nessas reações, uma parte da
chamados de LEDs, são componentes de vários apare- massa é transformada em energia.
lhos eletrônicos presentes no nosso cotidiano. Tais dis-
Calcule, usando a equação de Einstein, a quantidade de
positivos baseiam seu funcionamento em determina-
energia liberada nessas reações, considerando a velo-
dos elementos químicos tais que, quando uma corrente
cidade da luz 3,0·108 m/s e as massas do próton e do
elétrica atravessa o LED, elétrons desses elementos são
núcleo de hélio iguais a 1,673·10−27 kg e 6,645·10−27 kg,
excitados até níveis eletrônicos de energia mais altos
respectivamente.
e, ao retornar às suas configurações iniciais, emitem
luz. Considere um LED que, ao ser atravessado por uma 6. Suponha que você tenha um ímã permanente em
corrente elétrica de 10 mA, emite fótons com energia forma de barra e uma pequena bússola.
E = 3 × 10-19 J. A tabela a seguir apresenta, para cada cor,
o comprimento de onda correspondente. 3
2
Vermelho λ = 600 nm
Amarelo λ = 580 nm S N
1 4
Verde λ = 530 nm
Azul λ = 470 nm
Considerando o exposto, determine: 5
6
a) a cor da luz emitida;
b) o número de fótons emitidos por segundo, sabendo Usando como símbolo uma flecha para a indicação da bús-
que a resistência elétrica do dispositivo LED é R = 420 Ω, sola S → N, em que a seta indica o polo Norte, desenhe
e que a sua eficiência na conversão de energia elétri- como colocar-se-á a agulha da bússola dentro dos círculos
ca em luz é de 20%. menores nos pontos 1....6 indicados na figura. Escreva,
Dados: Velocidade da luz: c = 3 × 108 m/s também, uma pequena explicação dos seus desenhos.
Constante de Planck: h = 6,6 × 10-34 J·s
7. Um solenoide ideal, de comprimento 50 cm e raio
1,5 cm, contém 2000 espiras e é percorrido por uma
4. (UFJF) De acordo com o modelo de Bohr, as energias
corrente de 3,0 A.
possíveis dos estados que o elétron pode ocupar no
átomo de hidrogênio são, aproximadamente, dadas por O campo de indução magnética é paralelo ao eixo do
E solenoide e sua intensidade B é dada por:
En = - __
​ 20, ​ , em que E0 = 13,6eV e n =1,2,3,4,........ O elé-
n B = μ0 ⋅ n ⋅ i; onde n = N/L

305
Onde n é o número de espiras por unidade de compri- 12. A figura representa as trajetórias de duas partículas
mento e I é a corrente. Sendo μ0 = 4π ⋅ 10-7 N/A2: eletrizadas que penetram numa câmara de bolhas, onde
a) Qual é o valor de B ao longo do eixo do solenoide? há um campo magnético uniforme, orientado perpendi-
cularmente para dentro do plano do papel. A partícula
b) Qual é a aceleração de um elétron lançado no in-
p1 penetra na câmara no ponto A e sai em C. A partícula
terior do solenoide, paralelamente ao eixo? Justifique.
p2 penetra em B e sai em A.
8. Duas retas paralelas conduzem correntes com a mes-
ma intensidade i = 10 A. Calcule a intensidade do cam- C
po magnético no ponto P, situado no plano das retas,
conforme a figura.

B V2

A
dado: μ=4π.10-7 N/A² V1

9. Duas espiras circulares concêntricas, de 1 m de raio a) Quais os sinais das cargas q1 e q2 das partículas?
cada uma, estão localizadas em planos perpendiculares.
b) Sendo |q1| = |q2|, v1 = v2 e AB = BC, qual a relação
Calcule o módulo campo magnético resultante no centro
entre as massas m1 e m2 das partículas?
das espiras, sabendo que cada uma delas conduz 0,5 A.
dado: μ=4π.10-7 N/A² 13. A utilização de campos elétrico e magnético cru-
zados é importante para viabilizar o uso da técnica
10. A fonte indicada na figura emite um feixe de elé- híbrida de tomografia de ressonância magnética e de
trons com velocidade inicial horizontal que vai atingir o raios X. A figura a seguir mostra parte de um tubo de
centro O do anteparo vertical. Aplica-se na região entre raios X, onde um elétron, movendo-se com velocidade
a fonte e o anteparo, um campo de indução magnética v = 5,0 ⋅ 105 m/s ao longo da direção x, penetra na
B e um campo elétrico E, ambos verticais e uniformes. região entre as placas onde há um campo magnético
uniforme, B, dirigido perpendicularmente para dentro
z do plano do papel. A massa do elétron é me = 9 ⋅ 10-31
Fonte kg e a sua carga elétrica é q = –1,6 ⋅ 10-19 C. O módulo
y da força magnética que age sobre o elétron é dado
por F = qvBsenθ em que θ é o ângulo entre a velocida-
de e o campo magnético.

Determine o sentido de E e de B para que o feixe de


elétrons atinja a região hachurada.
placas

11. Um elétron de carga elétrica −1,6 ⋅ 10 C é lançado


−19
alvo
entre os polos de um ímã com velocidade 2,0 ⋅ 105 m/s, elétron
conforme mostra a figura.
V
Y
B
12 cm

V X

-
horizontal
10 cm
Admitindo-se que o campo magnético entre os polos a) Sendo o módulo do campo magnético B = 0,010 T,
do ímã é uniforme, o elétron fica sujeito a uma força qual é o módulo do campo elétrico que deve ser apli-
magnética de intensidade 8,0 ⋅ 10−14 N. cado na região entre as placas, para que o elétron se
a) Determine a intensidade, a direção e o sentido do mantenha em movimento retilíneo uniforme?
vetor indução magnética entre os polos N e S. b) Numa outra situação, na ausência de campo elé-
b) Determine a direção e o sentido da força magnéti- trico, qual é o máximo valor de B para que o elétron
ca que age no elétron. ainda atinja o alvo? O comprimento das placas é de
10 cm.

306
14. No esquema, o condutor AB permanece em equilí- 17. Uma espira em forma de U está ligada a um condu-
brio na posição indicada, quando atravessado por cor- tor móvel AB. Este conjunto é submetido a um campo
rente. Sendo B = 0,1 T a intensidade do vetor indução, de indução magnética B = 4,0 T, perpendicular ao papel
P = 0,1 N o peso do bloco suspenso e 1 m o comprimen- e dirigido para dentro dele. A largura de U é de 2,0 cm.
to do condutor imerso no campo, determine:
a) o sentido da corrente AB;
b) a intensidade da corrente.

A
N
Determine a tensão induzida e o sentido da corrente,
B sabendo que a velocidade de AB é de 20 cm/s.

18. Para estimar a intensidade de um campo magnético


B0, uniforme e horizontal, é utilizado um fio condutor rígi-
P do, dobrado com a forma e dimensões indicadas na figu-
ra, apoiado sobre suportes fixos, podendo girar livremen-
15. Um anel condutor de raio a e resistência R é colo- te em torno do eixo OO’. Esse arranjo funciona como uma
cado em um campo magnético homogêneo no espaço “balança para forças eletromagnéticas”. O fio é ligado a
e no tempo. A direção do campo de módulo B é perpen- um gerador, ajustado para que a corrente contínua for-
dicular à superfície gerada pelo anel e o sentido está necida seja sempre i = 2,0 A, sendo que duas pequenas
indicado no esquema da figura a seguir. chaves, A e C, quando acionadas, estabelecem diferentes
percursos para a corrente. Inicialmente, com o gerador
desligado, o fio permanece em equilíbrio na posição hori-
zontal. Quando o gerador é ligado, com a chave A, aberta
e C, fechada, é necessário pendurar uma pequena massa
M1 = 0,008 kg, no meio do segmento P3 – P4, para resta-
belecer o equilíbrio e manter o fio na posição horizontal.

No intervalo Δt = 1 s, o raio do anel varia de metade


de seu valor.
Calcule a intensidade e indique o sentido da corrente
induzida no anel. Apresente os cálculos.

16. A figura a seguir representa um ímã preso a uma


mola que está oscilando verticalmente, passando pelo
centro de um anel metálico.
a) Determine a intensidade da força eletromagnética
F1, em newtons, que age sobre o segmento P3P4 do
fio, quando o gerador é ligado com a chave A, aberta
e C, fechada.
b) Estime a intensidade do campo magnético B0, em tesla.
c) Estime a massa M2, em kg, necessária para equili-
brar novamente o fio na horizontal, quando a chave
A está fechada e C, aberta. Indique onde deve ser
colocada essa massa, levando em conta que a massa
M1 foi retirada.
Note e adote:
Com base no princípio da conservação de energia e na
lei de Lenz, responda aos itens a seguir. § F = BiL
a) Qual é o sentido da corrente induzida, quando o § Desconsidere o campo magnético da Terra.
ímã se aproxima (descendo) do anel? Justifique. § As extremidades P1, P2, P3 e P4 estão sempre no
b) O que ocorre com a amplitude de oscilação do mesmo plano.
ímã? Justifique.
19. Com um pouco de capacidade de interpretação do 20. Todos os corpos trocam energia com seu ambien-
enunciado, é possível entender um problema de Física te através da emissão e da absorção de ondas eletro-
moderna, como o exposto a seguir, com base nos co- magnéticas em todas as frequências. Um corpo negro é
nhecimentos de ensino médio. O Positrônio é um átomo um corpo que absorve toda onda eletromagnética nele
formado por um elétron e sua antipartícula, o pósitron, incidente, sendo que também apresenta a máxima efi-
que possui carga oposta e massa igual à do elétron. Ele ciência de emissão. A intensidade das ondas emitidas
é semelhante ao átomo de Hidrogênio, que possui um por um corpo negro só depende da temperatura desse
elétron e um próton. A energia do nível fundamental corpo. O corpo humano à temperatura normal de 37°C
–13,6 pode ser considerado como um corpo negro.
desses átomos é dada por E1 = ______
​  m  ​   eV, onde me é a
1+​ m___
e
  ​   Considere que a velocidade das ondas eletromagnéti-
p
cas é igual a 3 ⋅ 10 8 m/s.
massa do elétron e mp é a massa do pósitron, no caso
do Positrônio, ou a massa do próton, no caso do áto- a) A figura a seguir mostra a intensidade das ondas
mo de Hidrogênio. Para o átomo de Hidrogênio, como a eletromagnéticas emitidas por um corpo negro a
massa do próton é muito maior que a massa do elétron, 37°C em função da frequência. Qual é o comprimen-
E1 = 13,6 eV. to de onda correspondente à frequência para a qual a
intensidade é máxima?
a) Calcule a energia do nível fundamental do Positrônio.
b) Se um corpo negro, cuja temperatura absoluta é T,
b) Ao contrário do átomo de Hidrogênio, o Positrô- se encontra num ambiente, cuja temperatura absolu-
nio é muito instável, pois o elétron pode aniquilar- ta é Ta, a potência líquida que ele perde por emissão
-se rapidamente com a sua antipartícula, produzin- e absorção de ondas eletromagnéticas é dada por
do fótons de alta energia, chamados raios gama. P = σA(T4 – Ta4), onde A é a área da superfície do
Considerando que as massas do elétron e do pósitron são corpo e σ = 6 ⋅ 10-8 W/(m2K4). Usando como refe-
me = mp = 9 ⋅ 10-31 kg e que, ao se aniquilarem, toda a sua rência uma pessoa com 1,70 m de altura e 70 kg de
energia, dada pela relação de Einstein, Ep + Ee = mec2 + mpc2 massa, faça uma estimativa da área da superfície do
é convertida na energia de dois fótons gama, calcule a corpo humano. A partir da área estimada, calcule a
energia de cada fóton produzido. A velocidade da luz é perda total diária de energia por emissão e absorção
c = 3 ⋅ 108 m/s. de ondas eletromagnéticas por essa pessoa, se ela se
encontra num ambiente a 27 °C. Aproxime a duração
de 1 dia por 9 ⋅ 104 s.

308
QUÍMICA 1

309
OSMOSE

Osmose é um fenômeno espontâneo que ocorre quando o solvente passa através de uma membrana semipermeável (MSP)
em sentido a uma solução, ou quando o solvente de uma solução menos concentrada (mais diluída) passa através de uma
membrana semipermeável (MSP) em sentido a uma solução mais concentrada (menos diluída).
Osmose entre solvente e solução:
As
H2O moléculas
Membrana semipermeável
Molécula de soluto
de água
passam
através da
membrana

Osmose entre soluções:


H2O As Membrana semipermeável
Moléculas de soluto
moléculas
de água
passam
através da
membrana

Pressão osmótica (π) § Segunda lei: em temperatura constante, a pressão os-


mótica é diretamente proporcional à concentração molar.
Pressão exercida sobre a solução para impedir que ela
se dilua pela passagem do solvente puro através de uma π = K' ∙ M
membrana semipermeável. É interessante notar que, se
a pressão mecânica sobre a solução for exagerada, o fe- Para soluções moleculares e diluídas, a equação fundamen-
nômeno normal se inverterá, isto é, o solvente passará da tal da osmometria é idêntica à equação dos gases perfeitos.
solução para o lado do solvente puro; o que é denominado
osmose reversa, empregada em processos de dessaliniza- π (pi) = M ∙ T ∙ V = n1 · R · T
ção da água do mar para obtenção de água potável.
Da qual:
membrana
p
π (pi) = M ∙ T = pressão osmótica
semipermeável
R = constante universal dos gases perfeitos
T = temperatura absoluta (K)
anteparo M = concentração molar (mol/L)
n1 = número de mols do soluto

Classificação das soluções


Solvente Puro Solução
Supondo duas soluções à mesma temperatura, com pres-
sões osmóticas pA e pB:
Leis da osmometria § a solução A é hipertônica em relação a B, quando pA > pB;
§ Primeira lei: em concentração molar constante, a
§ a solução A é isotônica em relação a B, quando pA = pB;
pressão osmótica é diretamente proporcional à tem-
peratura absoluta da solução. § a solução A é hipotônica em relação a B, quando pA < pB.
Duas soluções isotônicas também são denominadas
π = k ∙T
soluções isosmóticas ou soluções de igual tonicidade.

310
OXIRREDUÇÃO

Número de oxidação (Nox) Balanceamento redox


É a carga que o elemento adquire, quando faz uma ligação I. Determinar o Nox de todos os elementos na reação.
iônica, ou a carga parcial (δ) que ele adquire quando faz II. Determinação da variação (D) da oxidação e da redução.
uma ligação predominantemente covalente. III. Inversão dos valores da variação.
Numa reação redox, há sempre um composto que é reduz- IV. Aplicar o balanceamento para os outros elementos nor-
ido e outro que é oxidado. Os elementos que sofrem oxi- malmente.
dação são chamados de agentes redutores e, analoga-
mente, os que sofrem redução são os agentes oxidantes. Observação: a variação de Nox (D) deve ser multiplica-
da pela atomicidade dos elementos.
§ Redução é o ganho de elétrons, portanto há redução
do Nox. Exemplo
§ Oxidação é a perda de elétrons, logo há aumento CrO3 + SO2 → Cr2O3 + SO3
do Nox. ramal de redução

Cálculo do Nox +6 –2 +4 –2 +3 –2 +6 –2

Substância Nox Exemplos CrO3 + SO2 → Cr2O3 + SO3


Substância ramal de oxidação
zero H2; Fe; O3
simples
o enxofre (S) sofre oxidação (Nox aumentou) ⇒ doa/
sua própria cede |6 – 4| = 2 elétrons
Íons S2– Nox = – 2 ; Ca2+ Nox = + 2
carga
o cromo (Cr) sofre redução (Nox reduziu) ⇒ recebe/ganha
Metais alcalinos +1 NaCℓ; Li2CO3; K2O |3 – 6| = 3 elétrons
Metais alcali-
+2 CaCO3; MgO; SrF2 § Para o SO 2 (sofre oxidação ⇒ agente redutor):
no-terrosos
total de elétrons doados = 1 átomo × 2 elétrons/átomo =
Halogênios –1 NaCℓ; KF; LiBr
= 2 elétrons doados
Calcogênios –2 CaO; CuSe; MgS § Para o CrO 3 (sofre redução ⇒ agente oxidante):

+1, +2, +3 , total de elétrons recebidos = 2 átomos × 3 elétrons/átomo =


Ag, Zn e Aℓ AgCℓ; ZnS; Aℓ2(SO4)3
respectivamente = 6 elétrons recebidos
Hidrogênio em De acordo com a regra, os números totais de elétrons recebi-
+1 H2O; C6H12O6
composto dos e cedidos serão os coeficientes “trocados” na equação:
Hidreto metálico –1 NaH; LiH; CaH2 6SO2 ⇒ 2 elétrons cedidos
Oxigênio
+1 e +2 O2F2 ; OF2
com flúor
2Cr2O3⇒ 6 elétrons recebidos
Peróxidos –1 H2O2 ; Na2O2
CrO3 + 6SO2 → 2Cr2O3 + SO3
Superóxidos –1⁄2 K2O4 Como os coeficientes são múltiplos entre si, podem ser
simplificados:
Por exemplo:
2:6⇔1:3
Que resulta em:
2CrO3 + 3SO2 → 1Cr2O3 + SO3

311
Acertada a equação pelo método das tentativas, finalmen- Na ligação C e H, o carbono é mais eletronegativo que o
te obtém-se: H, recebendo um elétron dele. Já no caso da ligação C e O,
2CrO3 + 3SO2 → 1Cr2O3 + 3SO3 o oxigênio é o mais eletronegativo, retirando dois elétrons
do carbono. Assim, o Nox desse carbono será dado pela
consideração do total de perdas e ganhos de elétrons, isto
Cálculo do Nox em é, se ele ganhou dois elétrons e perdeu dois, então seu Nox
compostos orgânicos é igual a zero.
Para os compostos orgânicos, aplicam-se as mesmas regras Se quisermos calcular o Nox médio do carbono, basta so-
vistas anteriormente. A diferença será que em alguns com- mar todos os Nox e dividir pela quantidade de carbonos,
postos orgânicos há mais de um carbono e, para isso, faz-se conforme mostrado a seguir:
uma média do Nox dos carbonos, assim como pode ser feita C6 H12 O6
a medida do Nox de cada carbono individualmente.
6x + 12 ∙ (+1) + 6 ∙ (–2) = 0
Em compostos em que se deseja calcular o Nox dos car- 6x + 12 –12 = 0
bonos separadamente, basta analisar a eletronegatividade
6x = 12 – 12
dos elementos.
x=0

PILHAS

A pilha de Daniell
Na pilha de Daniell, os dois eletrodos metálicos são unidos externamente por um fio condutor, e as duas semicelas são
unidas por uma ponte salina.
A ponte salina é um dispositivo que contém uma solução de sal inerte, como nitrato de potássio (KNO3) ou
cloreto de potássio (KCℓ), cuja função é permitir o intercâmbio de íons entre as semicélulas e fechar o cir-
cuito para a corrente contínua produzida entre os eletrodos mergulhados nas soluções eletrolíticas dessas
semicélulas. Outra função da ponte salina é manter a neutralidade elétrica das soluções nas semicélulas: no ânodo, a con-
tínua oxidação produz um excesso de carga positiva e, no cátodo, a redução provoca excesso de carga negativa. Os ânions
presentes na ponte salina dirigem-se para o lado com excesso de carga positiva e os cátions para o lado com excesso de
carga negativa, fazendo com que as soluções mantenham-se eletricamente neutras.

e- e-
Cℓ- Cℓ- K+ K+

Zn(s) Cu(s)

Zn2+ Zn2+ Cu2+


SO42-
Zn2+ Zn
2+
SO 2-
Cu 2+
4

ZnSO4(aq) CuSO4(aq)
Ânodo Polo - Cátodo Polo +
Oxidação Redução

312
Pode-se observar o seguinte:
Semirreações de
1. No eletrodo de cobre (polo positivo): redução E0 (Volt)
Li+(aq) + 1 e– → Li (s) –3,05

Aumenta o caráter oxidante (capacidade de receber elétrons)


§ espessamento da lâmina de cobre;
Na +
(aq)
+ 1 e → Na (s)

–2,71
§ diminuição da cor azul da solução.
Mg 2+
(aq)
+ 2 e → Mg(s)

–2,36
Esses dois fatos podem ser explicados pela semirreação Aℓ3+(aq) + 3 e– → Aℓ(s) –1,68
de redução:
Zn2+(aq) + 2 e– → Zn(s) –0,76
Cu  + 2e   → Cu(s)
2+
(aq)
– Fe2+
(aq)
+ 2 e → Fe(s)

–0,44
solução lâmina Ni 2+
(aq)
+ 2 e → Ni(s)

–0,23
O eletrodo em que ocorre a redução é o cátodo. Pb2+(aq) + 2 e– → Pb(s) –0,13
O espessamento da lâmina de cobre acontece apenas por Fe 3+
(aq)
+ 3 e → Fe(s)

–0,04
conta da solução em que a lâmina de cobre está. Na so- 2H +
(aq)
+ 1 e → H2(g)

0,00
lução há íons cobre que sofrem redução e acabam sendo Cu2+(aq) + 2 e– → Cu(s) +0,34
agregados a ela aumentando a massa da lâmina. I2(s) + 2 e– → 2 I–(aq) +0,54
2. No eletrodo de zinco (polo negativo): Ag +
(aq)
+ 1 e → Ag(s)

+0,80
Hg 2+
(s)
+ 2 e → Hg(aq)

+0,86
§ Corrosão da lâmina de Zn.
Br2(s) + 2 e– → 2 Br–(aq) +1,07
Esse fato pode ser explicado pela semirreação de oxidação: Cℓ2 (s) + 2 e– → 2 Cℓ–(aq) +1,36
Zn(s) → Zn2+ + 2e– Au3+(aq) + 3 e– → Au(s) +1,42
(aq)
lâmina solução F2(g) + 2 e– → 2 F–(aq) +2,87
O eletrodo em que ocorre a oxidação é o ânodo e nele há
também corrosão do eletrodo. Com isso, pode-se afirmar que o flúor tem o maior poten-
cial de redução, ou seja, ele tem maior facilidade para se
Pela análise dessas duas semirreações, pode-se concluir reduzir. Já o lítio tem o menor potencial de redução, por-
que os elétrons fluem no circuito externo do eletrodo de tanto ele sofre oxidação. Portanto, flúor é o melhor agente
zinco para o eletrodo de cobre, ou seja, os elétrons, uma oxidante e o lítio é o melhor agente redutor.
vez dotados de carga negativa, migram para o eletrodo po-
sitivo (polo positivo), que, nesse caso, é a lâmina de cobre.
A equação global dos processos ocorridos nessa pilha
Cálculo da voltagem
pode ser obtida pela soma das duas semirreações: ΔE0 = (E0red maior) – (E0red menor)

ânodo: Zn  → Zn2+  + 2e– ΔE0 = (E0 oxi maior) – (E0 oxi menor)
(aq)

cátodo: Cu2+(aq) + 2e–  → Cu(s) Os valores dos E0 não dependem do número de mol das es-
______________________________________________________________ pécies envolvidas; eles são sempre constantes nas condições
reação global: Zn(s) + Cu2+(aq)  → Zn2+(aq)  + Cu(s) padrão para cada espécie. Em outras palavras, ao multiplicar
uma semirreação por uma constante, o valor do E0 não muda.
A reação global pode ser representada da seguinte maneira:
Consideremos, como exemplo, uma pilha formada por ele-
Zn0  → Zn2+ + 2e– Cu2+ + 2e–  → Cu0 trodos de alumínio e cobre, cujos E0red são:
ou
E0 (Aℓ3+ / Aℓ0) = –1,68 V   E0 (Cu2+ / Cu0) = +0,34 V
Zn   / Zn
0 2+
Cu  / Cu
2+ 0

Observando os potenciais, é possível perceber que o cobre,

Potencial de redução
com maior potencial de redução, reduz-se, ao passo que o
alumínio, oxida-se:
Numa pilha, a espécie que apresenta maior potencial de
redução sofre redução. Portanto, a outra espécie, de menor Cu2+(aq) + 2e–  → Cu(s)  E0red = +0,34 V
potencial de redução, sofre oxidação. Aℓ(s)  → Aℓ3+(aq) + 3e–  E0oxi = +1,68 V

313
A equação global da pilha pode ser obtida pelo uso de Se esse calor (energia) obtiver um rendimento da ordem de
coeficientes que igualem o número de elétrons cedidos e 40%, ele pode ser usado em usina termoelétrica para pro-
recebidos nas semirreações: duzir eletricidade. Considerando que as combustões são
reações de oxirredução, a ideia das pilhas de combustão
Semirreação de redução: é obter a energia liberada pela combustão diretamente na
3Cu2+(aq) + 6e– → 3Cu(s) E0red = +0,34 V forma de energia elétrica, o que eleva o rendimento para
cerca de 55%.
Semirreação de oxidação:
Pilhas desse tipo foram usadas nas espaçonaves Gemini,
2Aℓ(s) → 2Aℓ3+(aq) + 6e– E0oxi = +1,68 V Apolo e, agora, nos ônibus espaciais. Elas funcionam pela
_____________________________________
reação de combustão entre o hidrogênio e o oxigênio, pro-
Reação global: duzindo água.
2Aℓ(s) + 3Cu2+
(aq)
→ 2Aℓ3+
(aq)
+ 3Cu(s) ΔE0 = +2,02 V
e–
ΔE = (E
0 0
) – (E 0
)
red maior red menor ânodo cátodo
ΔE0 = (+0,34 V) – (–1,68 V)
ΔE0 = +2,02 V H2 O2
As pilhas, em geral, apresentam ΔE > 0, tornando a reação
0
eletrodos de
espontânea. Caso o ΔE0 seja menor que zero, a reação não carbono (grafite)
será espontânea, ou seja, as condições ambientes não se- 2H+ contendo catalisadores
H2(excesso) metalíticos
rão adequadas o suficiente para que a reação seja iniciada.
H 2O

Proteção com eletrodo


solução aquosa
quente de KOH

ou metal de sacrifício
As pilhas de combustíveis apresentam três compartimen-
Para proteger o metal – ferro ou aço – da corrosão, convém tos separados uns dos outros por eletrodos porosos e
utilizar um metal que apresente maior tendência para a inertes. O H2 é injetado num compartimento e o O2, em
perda de elétrons (maior potencial de oxidação). Esse me- outro. Esses gases difundem-se pelos eletrodos e reagem
tal oxida-se e evita a corrosão do ferro, razão pela qual é com uma solução eletrolítica de caráter básico contida no
chamado de metal de sacrifício. compartimento central. Os eletrodos são inertes, formados
Regularmente, um metal utilizado com essa finalidade é o de grafita e impregnados de platina. As semirreações que
magnésio, cujo potencial de redução é menor – e, consequen- ocorrem são:
temente, cujo potencial de oxidação é maior – que o ferro:
no cátodo: O2 + 4H+ + 4e– → 2H2O
E0red Mg = –2,36 V < E0 red Fe = –0,44 V no ânodo: 2H2  + O2  → 2H2O
________________________________
_
reação global: 2H2 + O2  → 2H2O
Assim, o magnésio sofrerá oxidação no lugar do ferro.

Pilha ou célula de combustível


Ao contrário das pilhas descritas anteriormente, que são
dispositivos de armazenamento de energia elétrica, as pi-
lhas de combustão são dispositivos de conversão contínua
de energia química em energia elétrica. Em linhas gerais, a
ideia é simples: a queima dos combustíveis produz energia.

​ 1 ​ O → H2O + calor


H2 + __
2 2
CH4 + 2O2 → CO2 + 2H2O + calor

óleo combustível + O2 → CO2 + H2O + calor

314
ELETRÓLISE

Eletrólise ígnea Lembre-se: polo positivo “atrai” ânions e polo negativo


“atrai” cátions.
Eletrólise é a reação de oxirredução provocada por corren-
te elétrica, logo não é uma reação espontânea.
Na eletrólise ígnea, a substância pura está em estado líqui-
Eletrólise em solução aquosa
do (fundida), sem que haja água no sistema. Na eletrólise aquosa, a substância pura está dissolvida e
dissociada em água (solução aquosa).
Um exemplo desse tipo de eletrólise é o que ocorre com o clore-
to de sódio (NaCℓ), em que são utilizados eletrodos de platina, A eletrólise aquosa apresenta uma dificuldade a mais em
que são inertes, ou seja, não reagem nas condições utilizadas. relação à eletrólise ígnea: além dos íons liberados pela sub-
Cátodo Ânodo
stância que se deseja eletrolisar, sempre há os íons produz-
idos pela autoionização da água (o solvente), razão pela
qual haverá uma “competição” entre os íons.

Na+()
Em razão disso, deve-se obedecer à ordem de descarga:

C–()

NaC (fundido)
^ Hidroxila

Fusão do cloreto de sódio: NaCℓ → Na+ + Cℓ–


§ Os cátions movimentam-se em direção ao cátodo e
sofrem descarga elétrica (reação catódica).
§ Os ânions movimentam-se em direção ao ânodo e sof-
rem descarga elétrica (reação anódica). Exemplo
As semirreações que ocorrem nos eletrodos são:
Eletrólise aquosa do cloreto de sódio NaCℓ
(s)
Na solução há:
NaCℓ(aq)  → Na+(aq) + Cℓ–(aq)
Estabelecida a igualdade entre o número de elétrons perdi- H2O  → H+(aq) + OH–(aq) (autoionização da água)
dos e o número de elétrons recebidos e somadas as semir-
reações, obtém-se a reação global da eletrólise: Cátodo Ânodo
Migração
cátodo e polo (–) (redução): 2Na+ + 2e– → 2 Na H+ e Na+ Cℓ– e OH–
de íons
ânodo e polo (+) (oxidação): 2Cℓ → Cℓ + 2 e –
2

Facilidade de
________________________________________________________________________ H+ > Na+ Cℓ– > OH–
descarga
reação global (eletrólise): 2Na+ + 2Cℓ– → 2Na + Cℓ2
Semirreação
(íons que redução oxidação
Pela análise da reação global, pode-se concluir que a ele-
sofrem 2H+ + 2e– → H2 2Cℓ– → Cℓ2 + 2e–
trólise ígnea do cloreto de sódio produz sódio metálico
descarga)
(Na) e gás cloro (Cℓ2), duas substâncias puras indispensá-
veis na indústria química. Íons pre-
sentes na
Na eletrólise há a inversão dos polos. Se nas pilhas o polo
solução (pois Na+ OH–
positivo era o cátodo e o negativo, o ânodo, na eletrólise o
não sofrem
negativo será o cátodo e o positivo o ânodo. De qualquer
descarga)
forma, no ânodo acontecerá oxidação e no cátodo redução.

315
Somadas as quatro equações, obtém-se a reação global do processo:
dissolução: 2NaCℓ  →  2Na+  +  2Cℓ–
autoionização: 2H2O  →  2H+  +  2OH–
cátodo (redução): 2H+  + 2e–  →  H2
ânodo (oxidação): 2Cℓ–  →  Cℓ2  + 2e–
__________________________________________________________________________

reação global: 2NaCℓ(aq) + 2H2O(ℓ)  → 2Na+(aq) + 2OH–(aq) + H2 (g) + Cℓ2 (g)


solução cátodo ânodo

Conclusão: a eletrólise do NaCℓ(aq) é um processo que permite obter soda cáustica (NaOH), gás hidrogênio (H2) e gás
cloro (Cℓ2).

Eletrólise quantitativa Q = quantidade de carga em coulombs (C)


i = corrente elétrica em amperes (A)
A quantidade (mol, massa ou volume, caso seja gás) que é pro-
duzida em um eletrodo está relacionada com sua semirreação. t = tempo decorrido em segundos (s)

Formação de prata metálica no cátodo: Por exemplo:

Ag+ + e–  é Ag0 Ag+ + e–  é  Ag


ç ç ç ç ç ç
1 mol 1 mol 1 mol 1 mol 1 mol 1 mol

Sendo que: Em razão disso, pode-se deduzir que:


1 elétron —— 1,6 · 10–19 C 1 mol de elétrons (e-) produz 1 mol de Ag (108 g)
6,02 · 1023 elétrons —— x
96500 C produzem 1 mol de Ag (108 g)
Ao receber um mol de elétrons, um mol de Ag+ produz um 1 F (constante de Faraday que corresponde a 96500 C)
mol de Ag. Nos exercícios que compreendem estequiome- produz 1 mol de Ag (108 g).
tria na eletrólise, é comum usar esta fórmula:
Q=i·t

TITULAÇÃO

Esquema da titulação

316
Princípio da titulometria Em geral, o pH de viragem dos indicadores está com-
preendido entre 4 e 10. Portanto, qualquer indicador
Ao abrir a torneira da bureta, ocorrerá a reação entre o poderá ser usado.
ácido e a base.
Depois que o ácido ou a base do erlenmeyer for consumido Titulação de ácido fraco com base forte
totalmente, a titulação termina (fecha-se a torneira), cujo O sal formado produz solução básica. Logo, no ponto final,
sinal é a mudança de cor da solução no erlenmeyer. o meio será básico.
Considerando duas soluções aquosas, A e B:

__​  a ​  = ​ m · VA


______
A
  ​, onde “a” e “b” são os coeficientes este-
b mB · VB
quiométricos da reação.

Indicadores
Indicador Ácido Base
Tornassol róseo azul
Fenolftaleína incolor vermelho
H3CCOOH(aq) + NaOH(aq) é H3CCOO–Na+(aq) + H2O()
Alaranjado de metila vermelho amarelo ácido acético

Azul de bromotimol amarelo azul


Deve ser usado um indicador cujo ponto de viragem se dê
O indicador é uma substância qualquer que, uma vez adi- em meio básico. Nesse caso, utiliza-se fenolftaleína, cujo
cionada ao erlenmeyer, indica por meio de mudança de pH de viragem está entre 8,3 e 10.
coloração o ponto final da reação; indica, portanto, quando
a titulação deve terminar. Titulação de ácido forte com base fraca
O sal formado produz solução ácida. Logo, no ponto final,
Casos possíveis de titulação a solução será ácida.

Titulação de ácido forte com base forte


O sal formado produz solução neutra. Logo, no ponto final,
o meio será neutro.

HCℓ(aq) + NH4OH(aq) é NH4Cℓ(aq) + H2O()

Deve ser usado um indicador que vire em meio ácido. O


indicador mais usado é o alaranjado de metila, cujo pH de
viragem está entre 3,1 e 4,4.

HCℓ(aq) + NaOH(aq) é NaCℓ(aq) + H2O()

317
QUÍMICA DESCRITIVA E QUÍMICA AMBIENTAL

Gases do efeito estufa Como se formam as


e fontes de emissão chuvas ácidas?
Originada principalmente pela grande quantidade de óxi-
§ CO 2, responsável por cerca de 60% do efeito estufa, dos moleculares na atmosfera, as chuvas ácidas são as
cuja permanência na atmosfera é de centena de anos; responsáveis pelo abaixamento do pH da água de chuva,
o dióxido de carbono é proveniente da queima de com- podendo causar danos ambientais. Os principais elementos
bustíveis fósseis (carvão mineral, petróleo, gás natural, são o enxofre e o nitrogênio.
turfa), queimadas e desmatamentos, que destroem
reservatórios naturais e sumidouros, cuja propriedade é
absorver o CO2 do ar. De acordo com o IPCC (1995), as Enxofre
emissões globais de CO2 hoje são da ordem de 7,6 Gt
por ano. E a natureza não tem capacidade de absorção Impureza frequente nos combustíveis fósseis, principal-
de todo esse volume, o que vem resultando em aumen- mente no carvão mineral e no petróleo, que promovem a
to da concentração atmosférica mundial desses gases. combustão desse composto quando queimados também,
de acordo com estas reações químicas:
§ CH 4, responsável por 15% a 20% do efeito estufa, é
componente primário do gás natural, também produzi- S(s) + O2(g) → SO2(g)
do por bactérias no aparelho digestivo do gado, aterros
2SO2(g) + O2(g) → 2SO3(g)
sanitários, plantações de arroz inundadas, mineração e
queima de biomassa.
O enxofre e os óxidos de enxofre também são lançados na
§ N 2O, participa com cerca de 6% do efeito estufa, o atmosfera pelos vulcões.
óxido nitroso é liberado por micro-organismos no solo
Os óxidos ácidos formados reagem com a água para for-
(processo denominado nitrificação, que libera igual-
mar ácido sulfúrico (H2SO4), de acordo com a equação:
mente nitrogênio – NO). A concentração desse gás teve
um vultoso aumento em razão do uso de fertilizantes SO3(g) + H2O(l) → H2SO4(aq)
químicos, da queima de biomassa, do desmatamento e
das emissões de combustíveis fósseis. ou também pode ocorrer esta reação, formando-se ácido
§ CFCs, são responsáveis por até 20% do efeito estu- sulfuroso (H2SO3):
fa; os clorofluorcarbonos são utilizados em geladeiras, SO2(g) + H2O(l) → H2SO3(aq)
aparelhos de ar condicionado, isolamento térmico e
espumas, como propelentes de aerossóis (até 1978),
além de outros usos comerciais e industriais. Como se Nitrogênio
sabe, esses gases reagem com o ozônio na estratosfera,
decompondo-o e reduzindo a camada de ozônio que Na câmara de combustão dos motores, ocorre a seguinte
protege a vida na Terra dos nocivos raios ultravioletas. reação química:
Estudos recentes sugerem que as propriedades de reter
calor, próprias do CFC, podem ser compensadas pelo res- N2(g) + O2(g) → 2NO(g)
friamento estratosférico resultante do seu papel na de-
struição do ozônio. Ao longo das últimas duas décadas, O monóxido de nitrogênio (NO) formado, na presença do
um ligeiro resfriamento, de 0,3ºC a 0,5ºC, foi medido na oxigênio do ar, produz dióxido de azoto:
baixa estratosfera, onde a perda do ozônio é maior. 2NO(g) + O2(g) → 2NO2(g)
§ O3, contribuindo com 8% para o aquecimento global; Por sua vez, o dióxido de nitrogênio formado, na presença
o ozônio é um gás formado na baixa atmosfera, sob da água (proveniente da chuva), forma ácidos de acordo
estímulo do sol, a partir de óxidos de nitrogênio (Nox) com esta equação:
e hidrocarbonetos produzidos em usinas termoelétricas,
pelos veículos, pelo uso de solventes e pelas queimadas. 2NO2(g) + H2O(l) → HNO3(aq) + HNO2(aq)

318
U.T.I. - Sala Com base no texto, resolva os itens a seguir.
a) Considerando que na formulação houvesse apenas
1. (USF) Na análise volumétrica de 0,5 g de uma amostra Na2CO3, escreva a reação química envolvida nessa titulação.
de remédio constituído por ácido acetilsalicílico (AAS), b) Calcule a concentração do carbonato de sódio na
foram utilizados 15 mL de hidróxido de potássio com amostra analisada.
concentração 0,01 mol/L. Considerando que a reação
com a base ocorre apenas para o ácido acetilsalicílico, 4. (FUVEST) Em uma oficina de galvanoplastia, uma
não tendo participação das outras substâncias consti- peça de aço foi colocada em um recipiente contendo
tuintes da amostra, responda. solução de sulfato de cromo (III) [(Cr2 (SO4)3], a fim de
receber um revestimento de cromo metálico. A peça de
Dados valores das massas em g ∙ mol-1: H = 1,0; C= 12,0;
aço foi conectada, por meio de um fio condutor, a uma
K = 39,0 e O = 16,0
barra feita de um metal X que estava mergulhada em
uma solução de um sal do metal X. As soluções salinas
dos dois recipientes foram conectadas por meio de uma
ponte salina. Após algum tempo, observou-se que uma
camada de cromo metálico se depositou sobre a peça de
aço e que a barra de metal X foi parcialmente corroída.
A tabela a seguir fornece as massas dos componentes
metálicos envolvidos no procedimento:

Massa Massa
a) Qual a outra função orgânica oxigenada existente inicial (g) final (g)
nesse composto além do grupo ácido carboxílico? Peça de aço 100,00 102,08
b) Qual é a reação completa de neutralização ocorrida
Barra de metal X 100,00 96,70
entre o ácido acetilsalicílico e o hidróxido de potássio?
c) Qual a porcentagem de AAS presente no fármaco a) Escreva a equação química que representa a semir-
analisado? reação de redução que ocorreu neste procedimento.
2. (USCS – MEDICINA) A obtenção industrial de alumí- b) O responsável pela oficina não sabia qual era o
nio é feita a partir da bauxita, que deve ser purificada metal X, mas sabia que podia ser magnésio (Mg),
para se obter óxido de alumínio. Em seguida, o óxido zinco (Zn) ou manganês (Mn), que formam íons di-
é submetido à eletrólise, produzindo Aℓ(s). Para reduzir valentes em solução nas condições do experimento.
a energia consumida para fundir o óxido de alumínio, Determine, mostrando os cálculos necessários, qual
ele é misturado com criolita (Na3AℓF6). Um diagrama da desses três metais é X.
eletrólise está apresentado a seguir.
Note e adote:
massas molares (g/mol)
Mg=24; Cr = 52; Mn = 25; Zn = 65

5. (UNIFESP 2007) Os polímeros fazem parte do nosso


cotidiano e suas propriedades, como temperatura de
fusão, massa molar, densidade, reatividade química,
dentre outras, devem ser consideradas na fabricação
e aplicação de seus produtos. São apresentadas as
equações das reações de obtenção dos polímeros
polietileno e náilon-66.
a) Escreva as reações que ocorrem no cátodo (-) e no
ânodo (+) e a equação geral da eletrólise.
b) Durante o processo, o ânodo de grafite sofre des-
gaste e é substituído. Usando equações químicas ba-
lanceadas, explique a razão do desgaste.

3. (UEL) O carbonato de sódio (Na2CO3) e o bicarbonato


de sódio (NaHCO3) estão presentes em algumas formu-
lações antiácidas. Ambos reagem com o ácido clorídrico
do suco gástrico fazendo aumentar o pH, o que diminui
a acidez estomacal. Essa reação pode ser utilizada como
base para a determinação de carbonatos em formulações a) Quanto ao tipo de reação de polimerização, como
farmacêuticas, para controle de qualidade. Uma amos- são classificados os polímeros polietileno e náilon-66?
tra de 10,00 mL de um antiácido foi titulada com 15,00 b) A medida experimental da massa molar de um
mL de HCℓ 0,10 mol/L, usando o indicador alaranjado de polímero pode ser feita por osmometria, técnica que
metila, cujo intervalo de viragem está entre 3,10 e 4,40. envolve a determinação da pressão osmótica (π) de

319
uma solução com uma massa conhecida de soluto. Polo negativo:
Determine a massa molar de uma amostra de 3,20 g
de polietileno (PE) dissolvida num solvente adequado, Pb(s) + SO4–2(aq) → PbSO4(s)+2e–
que em 100 mL de solução apresenta pressão osmó- E0 = +0,36 V
tica de 1,64 × 10–2 atm a 27 °C.
Polo positivo:
Dados: π = iRTM, onde i (fator de n=van’t Hoff) = 1
R = 0,082 atm.L.K−1.mol−1 PbO2(s) + SO4-2(aq) + 4H+ + 2e- → PbSO4(s) + 2H2O(ℓ)
T = temperatura Kelvin E0 = +1,68 V
M = concentração em mol.L−1
(www.qnint.sbq.org.br. Adaptado.)

U.T.I. - E.O. a) Baseando-se na localização dos elementos cádmio


e zinco em seus estados mais estáveis na Classifica-
ção Periódica, indique qual desses elementos apre-
1. (FUVEST) Observe a imagem, que apresenta uma si-
senta maior raio atômico. Justifique sua resposta.
tuação de intensa poluição do ar que danifica veículos,
edifícios, monumentos, vegetação e acarreta transtor- b) Considerando os potenciais de redução padrão me-
nos ainda maiores para a população. Trata-se de chuvas didos a 25ºC e as semirreações nos eletrodos da bate-
com poluentes ácidos ou corrosivos produzidos por re- ria chumbo-ácido, indique o ânodo e calcule, em volts,
ações químicas na atmosfera. o valor da diferença de potencial da reação global.

3. (UNICAMP) A figura abaixo apresenta três ilustrações


cômicas que remetem a interferências antropogênicas
no meio ambiente, que podem levar a consequências trá-
gicas que inviabilizariam a continuidade de vida na Terra.

SINTO
MUITO! MAS NÃO
POSSO ANTENDER ÀS SUAS
REIVINDICAÇÕES!

Com base na figura e em seus conhecimentos:


a) identifique, em A, dois óxidos que se destacam e,
em B, os ácidos que geram a chuva ácida, originados
na transformação química desses óxidos. Responda
no quadro abaixo.
A B

a) Dê o nome do problema ambiental enfatizado em


cada uma das situações A, B e C, retratadas na figura.
b) explique duas medidas adotadas pelo poder públi- b) Dos problemas ambientais apontados na figura,
co para minimizar o problema da poluição atmosféri- identifique o que está, atualmente, mais em evidên-
ca na cidade de São Paulo. cia e indique uma possível solução para minimizá-lo.

2. (FAC. SANTA MARCELINA – MEDICINA) Nesta última 4. A obtenção de novas fontes de energia tem sido
década, assistiu-se a um aumento na demanda por pi- um dos principais objetivos dos cientistas. Pesqui-
lhas e baterias cada vez mais leves e de melhor desem- sas com células a combustível para geração direta
penho. Consequentemente, existe atualmente no mer- de energia elétrica vêm sendo realizadas, e dentre as
cado uma grande variedade de pilhas e baterias que células mais promissoras, destaca-se a do tipo PEMFC
utilizam níquel, cádmio, zinco e chumbo em suas fabri- (Proton Exchange Membran Fuel Cell), representada
cações. Usadas em automóveis, as baterias de chumbo, na figura. Este tipo de célula utiliza como eletróli-
conhecidas como chumbo-ácido, apresentam um polo to um polímero sólido, o Nafion®. A célula opera de
negativo, constituído de chumbo metálico, e um polo forma contínua, onde os gases oxigênio e hidrogê-
positivo, constituído de óxido de chumbo (IV). nio reagem produzindo água, convertendo a energia

320
química em energia elétrica e térmica. O desenvolvi- 5. (UNESP) Utilizando os dados do texto, apresente a
mento dessa tecnologia tem recebido apoio mundial, equação balanceada de neutralização envolvida na ti-
uma vez que tais células poderão ser utilizadas em tulação e calcule a concentração da solução de Ca(OH)2.
veículos muito menos poluentes que os atuais, sem o
uso de combustíveis fósseis. 6. (UNESP) Para preparar 200 mL da solução-padrão
de concentração 0,10 mol . L-1 utilizada na titulação, a
estudante utilizou uma determinada alíquota de uma
solução concentrada de HNO3 cujo título era de 65,0%
(m/m) e a densidade de 1,50 g . mL-1.
Admitindo-se a ionização de 100% do ácido nítrico,
expresse sua equação de ionização em água, calcule o
volume da alíquota da solução concentrada, em mL, e
calcule o pH da solução-padrão preparada.

Dados:
Massa molar do HNO3 = 63,0 g . mol-1
pH = –log[H+]

7. (UERJ) A eletrólise da ureia, substância encontrada


na urina, está sendo proposta como forma de obtenção
de hidrogênio, gás que pode ser utilizado como com-
bustível. Observe as semirreações da célula eletrolíti-
ca empregada nesse processo, realizado com 100% de
rendimento:
2H+(aq) + 2e– → H2(g) E0 = 0,0V § reação anódica:
1/2O2 + 2H (aq) + 2e → H2O(ℓ) E0 = 1,2V
+ –
CO(NH2)2+ 6OH- → N2 + 5H2O + CO2 + 6e–
§ reação catódica:
a) Para a pilha em questão, escreva as semirreações 6H2O + 6e– → 3H2 + 6OH–
de oxidação e redução e a reação global. Calcule a
diferença de potencial da pilha. Considere as seguintes informações:
b) Em qual compartimento se dá a formação de água? 1. A ureia tem fórmula química CO(NH2)2 e sua concen-
tração na urina é de 20 g ∙ L-1.
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES 2. Um ônibus movido a hidrogênio percorre 1 km com
Chama-se titulação a operação de laboratório re- 100 g desse combustível.
alizada com a finalidade de determinar a concen- Apresente a reação global da eletrólise da ureia. Em
tração de uma substância em determinada solução, seguida, calcule a distância, em quilômetros, percorri-
por meio do uso de outra solução de concentração da por um ônibus utilizando o combustível gerado na
conhecida. Para tanto, adiciona-se uma solução-pa- eletrólise de dez mil litros de urina.
drão, gota a gota, a uma solução-problema (solução
contendo uma substância a ser analisada) até o tér- 8. (UFMG) Com objetivo de diminuir o impacto am-
mino da reação, evidenciada, por exemplo, com uma biental provocado pela emissão de gases nocivos ao
substância indicadora. Uma estudante realizou uma ambiente, uma empresa de fundição de autopeças, em
titulação ácido-base típica, titulando 25 mL de uma Minas Gerais, decidiu abandonar o uso do gás SF6 em
solução aquosa de Ca(OH)2 e gastando 20,0 mL de sua linha de produção, substituindo-o por uma mistura
uma solução padrão de HNO3 de concentração igual de 99% de N2 e 1% de SO2.
a 0,10 mol . L-1 .
a) Estudos ambientais indicam que o SF6 provoca o
mesmo tipo de impacto ambiental que o CO2 e o CH4.
Identifique esse impacto.
b) Na mistura empregada, há 1% de SO2, que tam-
bém é nocivo ao ambiente, mas não implica maiores
riscos, devido à sua baixa concentração na mistura.
Esse gás pode se transformar em SO3, que, ao se com-
binar com a água presente na atmosfera, gera um
produto que contribui para o aumento da acidez das
chuvas. Escreva a equação química completa e balan-
ceada da transformação de SO3 gasoso no produto
que contribui para a acidez da chuva ácida.

321
c) O SF6 tem uma capacidade de absorver radiação in- A pilha empregou eletrodos de zinco e de cobre, cujas
fravermelha cerca de 20 mil vezes superior à do CO2. semirreações de redução são:
Para responder à questão proposta a seguir, conside- Zn2+(aq) + 2e- → Zn0(s) E0 = –0,76 V
re as informações contidas nestes dois gráficos. Cu2+(aq) + 2e- → Cu0(s) E0 = +0,34 V
A eletrólise empregou eletrodos inertes e houve de-
posição de todos os íons prata contidos na solução
de AgNO3.
Calcule a diferença de potencial da pilha, em volts, e a
massa, em gramas, do ânodo consumido na deposição.
Dados: Zn = 65,5; Ag = 108

11. (UFPE) Uma célula para produção de cobre eletrolí-


tico consiste de um ânodo de cobre impuro e um cátodo
de cobre puro (massa atômica de 63,5 g/mol-1), em um
eletrólito de sulfato de cobre (II). Qual a corrente, em
Ampère, que deve ser aplicada para se obter 63,5 g de
cobre puro em 26,8 horas? Dado: F = 96500 C mol-1 .

12. (UNICAMP) Em escala de laboratório desenvolveu-


-se o dispositivo da figura abaixo, que funciona à base
de óxido de cério. Ao captar a luz, há um aumento da
temperatura interna do dispositivo, o que favorece a
formação do óxido de Ce3+, enquanto a diminuição da tem-
peratura favorece a formação do óxido de Ce4+ (equação 1).
Por conta dessas características, o dispositivo pode re-
ceber gases em fluxo, para serem transformados quimi-
Com base no conjunto de informações dadas, explique camente. As equações 2 e 3 ilustram as transformações
por que, quando se discutem problemas ambientais, se que o CO2 e a H2O sofrem, separadamente.
dá ênfase ao CO2 e não ao SF6.
9. (PUC-RJ) O vinagre utilizado como tempero nas sala-
das contém ácido acético, um ácido monoprótico muito
fraco e de fórmula HC2H3O2. A completa neutralização
de uma amostra de 15,0 mL de vinagre (densidade igual
a 1,02 g/mL) necessitou de 40,0 mL de solução aquosa
de NaOH 0,220 mol/L. A partir dessas informações,
pede-se:
a) o número de oxidação médio do carbono no ácido acético;
b) a porcentagem em massa de ácido acético no vinagre; Equação 1 1/2 O2(g)+Ce2O3(s)  2CeO2(s)
c) o volume de KOH 0,100 mol/L que contém quan- Equação 2 CO2 + Ce2O3(s) → 2CeO2(s) + CO(g)
tidade de íons OH− equivalente ao encontrado nos
Equação 3 H2O + Ce2O3(s) → 2 CeO2(s) + H2(g)
40,0 mL de solução aquosa de NaOH 0,220 mol/L.
10. (UERJ) Em um experimento, a energia elétrica ge- a) Levando em conta as informações dadas e o conhe-
rada por uma pilha de Daniell foi utilizada para a ele- cimento químico, a injeção (e transformação) de vapor
trólise de 500 ml de uma solução aquosa de AgNO3 na de água ou de dióxido de carbono deve ser feita antes
concentração de 0,01 mol ∙ ℓ-1 Observe o esquema: ou depois de o dispositivo receber luz? Justifique.
b) Considere como uma possível aplicação prática do dis-
positivo a injeção simultânea de dióxido de carbono e va-
por de água. Nesse caso, a utilidade do dispositivo seria “a
obtenção de energia, e não a eliminação de poluição”. Dê
dois argumentos químicos que justifiquem essa afirmação.

13. (UFU) Garantir a qualidade de vida


Um dos desafios de uma cidade em expansão é conciliar o
desenvolvimento econômico e social com a preservação
do ambiente. [...] O acesso universal aos serviços de água
tratada, luz, saneamento básico e coleta de esgoto é im-
prescindível. A mineira Uberlândia exibe um histórico de
missões cumpridas. A cidade tem o quarto melhor serviço

322
de coleta e tratamento de esgoto do país, de acordo com mais de seis bilhões de habitantes, a produção de ali-
um levantamento do Instituto Trata Brasil. Cerca de 99% mentos na Terra suplanta nossas necessidades. Embora
da população urbana é atendida e 100% dos dejetos são um bom tanto de pessoas ainda morra de fome e um
tratados. A coleta e o tratamento de lixo são apontados outro tanto morra pelo excesso de comida, a solução
como os melhores de Minas Gerais. Todas as casas do da fome passa, necessariamente, por uma mudança dos
município são servidas de água tratada – nas Estações paradigmas da política e da educação.
de Tratamento (ETA) – e energia elétrica. Apesar disso, as Não tendo, nem de longe, a intenção de aprofundar nes-
autoridades já planejam um novo sistema de captação de sa complexa matéria, essa prova simplesmente toca, de
água capaz de atender uma população de 3 milhões de
leve, em problemas e soluções relativos ao desenvolvi-
pessoas – cinco vezes a atual. A rede de saúde local, a
mento das atividades agrícolas, mormente aqueles ref-
melhor do próspero Triângulo Mineiro, conta com nove
erentes à Química. Sejamos críticos no trato dos danos
hospitais e, obviamente, atrai pacientes de toda a região.
ambientais causados pelo mau uso de fertilizantes e de-
Para reduzir a pressão sobre o serviço de saúde, a cidade fensivos agrícolas, mas não nos esqueçamos de mostrar
está investindo na construção de mais um hospital, com os muitos benefícios que a Química tem proporcionado
258 leitos. Todos os 384 ônibus que circulam pelo município à melhoria e continuidade da vida.
dispõem de elevadores para o acesso de deficientes físicos.
Nenhuma capital brasileira atingiu padrão semelhante. 15. (UNICAMP 2007) No mundo do agronegócio, a cria-
Revista Veja, 1º de setembro de 2010, p. 124-125. Reportagem ção de camarões, no interior do nordeste brasileiro,
“5 exemplos a serem seguidos” de Igor Paulin, Leonardo usando águas residuais do processo de dessalinização
Coutinho e Marcelo Sperandio. (Texto modificado). de águas salobras, tem se mostrado uma alternativa de
A partir do texto e de seus conhecimentos em Química, grande alcance social. A dessanilização consiste num mé-
responda o que se pede. todo chamado de osmose inversa, em que a água a ser
a) Explique um processo que ocorre no tratamento da purificada é pressionada sobre uma membrana semiper-
água em Estações de Tratamento (ETA). meável, a uma pressão superior à pressão osmótica da
b) Aponte um benefício do tratamento do lixo e justi- solução, forçando a passagem de água pura para o ou-
fique sua resposta. tro lado da membrana. Enquanto a água dessalinizada é
c) Destaque e explique uma vantagem ambiental para destinada ao consumo de populações humanas, a água
os rios e lagos do Triângulo Mineiro em decorrência residual (25 % do volume inicial), em que os sais estão
do tratamento do esgoto da cidade de Uberlândia. concentrados, é usada para a criação de camarões.
a) Supondo que uma água salobra que contém ini-
14. A figura apresenta a eletrólise de uma solução
cialmente 10.000 mg de sais por litros sofre a dessali-
aquosa de cloreto de níquel(II), NiCℓ2.
nização conforme descreve o texto, calcule a concen-
tração de sais na água residual formada em mg L−1.
b) Calcule a pressão mínima que deve ser aplicada, num
sistema de osmose inversa, para que o processo referente
ao item “a” anterior tenha início. A pressão osmótica π de
uma solução pode ser calculada por uma equação seme-
lhante à dos gases ideais, onde “n” é o número de moles
de partículas por litro de solução. Para fins de cálculo, su-
ponha que todo o sal dissolvido na água salobra seja clo-
reto de sódio e que a temperatura da água seja de 27°C.
Dado: constante dos gases, R = 8.314 Pa L K−1 mol−1.
c) Supondo que toda a quantidade (em mol) de cloreto de
sódio do item “b” tenha sido substituída por uma quantida-
de igual (em mol) de sulfato de sódio, pergunta-se: a pres-
São dados as semirreações de redução e seus respecti- são a ser aplicada na osmose à nova solução seria maior,
vos potenciais: menor ou igual à do caso anterior? Justifique sua resposta.
Cℓ2(g) + 2e– → 2Cℓ–(aq) E0 = + 1,36 V
Ni2+(aq) + 2e– → Ni(s) E0 = – 0,24 V

a) Indique as substâncias formadas no ânodo e no


cátodo. Justifique.
b) Qual deve ser o mínimo potencial aplicado pela
bateria para que ocorra a eletrólise? Justifique.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


A população humana tem crescido inexoravelmente,
assim como o padrão de vida. Consequentemente, as
exigências por alimentos e outros produtos agrícolas
têm aumentado enormemente e hoje, apesar de sermos

323
324
QUÍMICA 2

325
REAÇÕES DE SUBSTITUIÇÃO EM AROMÁTICOS

Na reação de substituição em anéis aromáticos, a natureza Exemplo:


dos grupos presentes no anel aromático afetam tanto a
NO2 NO2
reatividade quanto a orientação da futura substituição. A
figura a seguir representa as posições relativas ao grupo
substituinte R:
HNO3
R + H2 O
H2SO4
orto NO2

Reações fora do anel benzênico


meta
Um hidrocarboneto benzênico (aromático) é formado pelo
anel e por uma ou mais ramificações acíclicas e saturadas
(alquilas), isto é, ramificações semelhantes às dos alcanos
para
(observe abaixo o exemplo do tolueno).
Quando um radical estiver ligado ao anel benzeno ou a
As reações no anel foram vistas no item anterior.
um grupo funcional, esses dirigirão a substituição e serão
denominados radicais dirigentes. Observe, neste caso, que as ramificações reagem como se
fossem alcanos.
Os radicais dirigentes podem ser agrupados em duas classes:
1. Radicais orto e para dirigentes: São radicais que,
quando ligados ao núcleo aromático, orientam as subs-
tituições exclusivamente para as posições orto e para.
Nesse caso há formação de dois produtos: um em posi-
ção orto e outro em posição para. tolueno

Os principais grupos orto-para-dirigentes são os grupos Essa reação é idêntica a da cloração do metano e ela pode
que apresentam somente ligações simples: prosseguir em presença de excesso de cloro:
– NH2 – OH, – OCH3, radicais alquila (–CH3,–CH2–CH3,
etc), halogênios (– F,– Cℓ,– Br,– I)
Exemplo:
CH3 CH3
CH CH3
3 C
Cℓ
Observe, por fim, uma diferença importante:
+ C - C ++ + HC

C

2. Radicais meta dirigentes: São radicais que, quan-


do ligados ao núcleo aromático, orientam as substitui-
ções exclusivamente para a posição meta. Nesse caso
há formação de somente um produto: em posição meta.

Os principais grupos meta-dirigentes normalmente apre-


sentam ligações duplas, triplas ou dativas:
– NO2, – SO3 H,– COOH,– CHO,– CN

326
Reação de eliminação Essa reação segue a regra de Zaitzev, que diz que carbo-
nos menos hidrogenados tendem a perder hidrogê-
As reações de eliminação são reações orgânicas em que nio com mais facilidade. Na reação abaixo, por exemplo,
ocorre a eliminação de átomos ou grupos de átomos de existem duas possibilidades de eliminação do 2-bromobutano:
moléculas, num processo inverso às reações de adição. KOH
CH3 – CH – CH – CH3 CH3 – CH = CH – CH3 + HBr
Álcool
As principais reações desse tipo são constituídas pela per- produto majoritário
da de dois átomos ou grupos adjacentes, formando uma H Br
ligação dupla na estrutura.
KOH
CH2 – CH – CH2 – CH3 CH2 = CH – CH2 – CH3 + HBr
Esquema genérico da reação de eliminação: Álcool
produto minoritário
R R R R H Br
C C HW + C C
3. Eliminação de água ou desidratação: Ocorre a elimi-
R R R R
nação de uma ou mais moléculas de água. Os álcoois,
H W por exemplo, podem sofrer desidratação e esse processo
pode ocorrer de duas formas: intramolecular, quando a
Abaixo seguem as principais reações de eliminação. reação se dá na própria molécula de álcool; ou intermo-
lecular, quando a reação acontece entre duas moléculas
1. Eliminação de halogênios ou de-halogenação: Halo- de álcool.
gênios são eletronegativos, por isso, sua eliminação é
facilitada pela ação de elementos eletropositivos, como Desidratação Intermolecular:
magnésio ou zinco metálico em meio anidro: CH3 – CH2 – OH + HO – CH2 – CH3
140 °C
CH3 – CH2 – O – CH2 – CH3 + H2O
H2SO4
éter
H2C – CH2 + Zn CH2 = CH2 + ZnBr2
Desidratação intramolecular:
Br Br alceno 170 °C
CH2 – CH2 CH2 = CH2 + H2O
H2SO4
2. Eliminação de halogenidretos (HCℓ, HBr ou Hl): alceno
a eliminação ocorre por meio da ação de hidróxido de H OH
potássio (KOH) em solução alcoólica.

REAÇÃO DE OXIDAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

As reações de oxirredução caracterizam-se pela transferên- 1. Metanol: O metanol é o único álcool que possui três
cia de elétrons entre pelo menos duas espécies envolvi- hidrogênios ligados ao carbono que sofrerá a oxidação.
das: a que se oxida (perdendo elétrons) e a que se reduz Nesse caso, ocorrerão três oxidações sucessivas, formando
(ganhando elétrons). Entretanto, quando a espécie a ser re- gás
1ª carbônico
Etapa: e água:
oxidação do álcool a aldeido
duzida (agente oxidante) é apenas oxigênio e/ou um único (metanol a metanal)
1ª Etapa: oxidação do álcool a aldeído (metanol a metanal)
produto é gerado, usualmente refere-se apenas a nomen-
clatura oxidação. Na química orgânica, os dois principais H O
compostos que são estudados na oxidação são: álcool (e HOH()
[O] H—C—O—H H—C—H + HOH
seus derivados) e alcenos. KMnO4/H3O+
H metanal água
Os álcoois podem sofrer oxidação quando expostos a al-
metanol
gum agente oxidante, como uma solução aquosa de di- 2ª Etapa: Oxidação do metanal a ácido metanoico
cromato de potássio (K2Cr2O7) ou de permanganato de 2ª Etapa: Oxidação do metanal a ácido metanoico
potássio (KMnO4) em meio ácido. O O
HOH()
§ Oxidação de álcoois: O produto da reação irá de- H—C + [O] H—C
pender do tipo de álcool que foi oxidado, se é primário, KMnO4/H3O+
H OH
secundário, terciário ou se é o metanol.
metanal ácido metanoico

327
3ª Etapa: Oxidação do ácido3ªmetanoico
Etapa: Oxidação
e ácido do ácido metanoico e ácido carbônico
carbônico

O
O
HOH()
H—C + [O] C
KMnO4/H3O +
OH OH OH

ácido metanoico ácido carbônico


4ª Etapa: Decomposição do ácido carbônico
4ª Etapa: Decomposição do ácido carbônico

C CO2 + H2O
OH OH

ácido carbônico
2. Álcool primário: Nesses compostos, o carbono da hidroxila está ligado a apenas um átomo de carbono. Primeiramente,
haverá a formação de um aldeído, mas a oxidação continua, porque os reagentes utilizados para oxidar o álcool são mais
fortes do que os usados para oxidar um aldeído, produzindo um ácido carboxílico:
O O
HOH() HOH()
H3C — CH2 — OH + [O] H3C — C + [O] H3C — C + HOH
K2Cr2O2/H3O+ KMnO4/H3O+
H OH

etanol etanal ácido etanoico


3. Álcool secundário: Esses são compostos em que o carbono da hidroxila está ligado a dois outros átomos de carbono e
a apenas um átomo de hidrogênio. Portanto, será formado apenas um tipo de produto, que sempre será uma cetona:

H O

R — C — O — H + [O] R — C — R’ + HOH

R’ cetona água

álcool
secundário

4. Álcool terciário: Os álcoois terciários são aqueles em que o carbono que possui o grupo hidroxila faz três ligações com
outros átomos de carbono. Como eles não fazem ligações com hidrogênios, não há nenhum ponto na molécula que possa
ser atacado. Devido a esse fato, os álcoois terciários não sofrem oxidação.

§ Oxidação de alcenos: Os hidrocarbonetos e, mais especificamente, com os alcenos, oxidam de quatro formas diferen-
tes, que são: combustão, oxidação branda, oxidação enérgica e ozonólise.

1. Combustão: Nesse caso, o oxigênio é denominado de comburente e o alceno é o combustível. Existe a combustão
completa e a incompleta. A completa ou oxidação total é a mais importante, sendo que seus produtos sempre serão gás
carbônico (CO2) e água (H2O). O Nox do carbono passará a ser o maior possível para esse elemento.

Exemplo:

1 C8H16 + 12 O2 → 8 CO2 + 8 H2O

328
2. Oxidação Branda: A oxidação branda se dá com o 4. Ozonólize: Como o próprio nome indica, o agente oxi-
uso de um reativo de Bayer, isto é, uma solução aquosa de dante utilizado para romper a dupla ligação do alceno é o
permanganato de potássio (KMnO4) diluída, neutra ou leve- ozônio (O3) em presença de água e zinco metálico. A dupla
mente básica, a frio. A ligação dupla é desfeita, formando ligação é totalmente rompida e os átomos de oxigênio se
uma ligação simples no lugar. O produto será um diálcool: ligam ao carbono, podendo gerar os seguintes produtos:
H3C CH3 OH OH § Se o carbono da dupla for terciário: o produto
H2O()
C=C + 2 [O] H3C – C – C – CH3 será uma cetona;
KMnO4/OH- § Se o carbono da dupla for secundário: o produ-
H CH3 H CH3
metilbut-2-eno metilbutan-2,3-diol
to será um aldeído;
§ Se o carbono da dupla for primário: o produto
3. Oxidação Enérgica: Na oxidação enérgica usa-se so-
será o metanal.
lução de permanganato de potássio concentrado em meio
carbono carbono
ácido e a quente. Nessa reação, a oxidação do alceno é terciário secundário
mais energética, pois a ligação dupla é totalmente rompida
CH3 – C = C – CH3 O3 CH3 – C = O O = C – CH3
e os átomos de oxigênio se ligam ao carbono, podendo +
Zn / H2O
gerar os seguintes produtos: H3C CH3 CH3 CH3
2,3-dimetil-but-2-eno propanona propanona
§ Se o carbono da dupla for terciário: o produto será uma
carbono carbono
cetona; terciário secundário
§ Se o carbono da dupla for secundário: o produto será
um ácido carboxílico; CH3 – C = C – CH3 O3 CH3 – C = O O = C – CH3
+
Zn / H2O
§ Se o carbono da dupla for primário: o produto será o H3C H CH3 H

ácido carbônico, que se decompõe em dióxido de car- 2-metil-but-2-eno propanona etanal

bono (CO2) e água (H2O).


carbono carbono
terciário secundário

H3C – C = CH – CH3 [O] enérgica H3C – C = O O = C – CH3


+
CH3 CH3 OH
alceno cetona (propanona) ácido carboxílico
(2-metil-but-2-eno) (ácido etanóico)

Reações de redução de compostos orgânicos


São reações que ocorrem com entrada de hidrogênio na molécula, com saída ou não de oxigênio. Os aldeídos e as cetonas
sofrem redução, originando álcoois primários e secundários, respectivamente.

Reações com compostos de Grignard


Os compostos de Grignard são compostos organometálicos da forma (R – Mg – X) ou (Ar – Mg – X), em que R é o radical
orgânico não aromático (metil, etil, etc.), Ar é um radical aromático (benzil, fenil, etc) e o X é um halogênio qualquer (os mais
comuns são Cℓ e Br). Por exemplo: C6H5–MgBr é o brometo de fenil-magnésio.
É uma reação importante na formação de álcoois a partir de, por exemplo, aldeídos e cetonas.
Exemplo:

O OMg C OH
H3O+
H3C – CH2 – C – CH3 + H3C – MgC H3C – CH2 – C – CH3 H3C – CH2 – C – CH3 + H3C – MgC

CH3 CH3

Reação entre butanona e cloreto de metilmagnésio

329
ESTERIFICAÇÃO,
REAÇÕES HIDRÓLISE
DE SUBSTITUIÇÃO E
EM AROMÁTICOS
CONDENSAÇÃO AMÍDICA
Uma reação de esterificação é aquela em que se forma um O O
éster. Esse tipo de reação ocorre entre um ácido carboxílico R–C + R – NH2 R–C + H2O
e um álcool, formando também água, além do éster. amina
OH NH – R
Quando a água reage com o éster e regenera o ácido ácido amida
carboxílico
carboxílico e o álcool, essa reação inversa é chamada de
hidrólise. A união estabelecida entre dois aminoácidos adjacentes
numa molécula recebe o nome de ligação peptídica.
esterificação
Ácido + Álcool        Estér + Água
Esse tipo de ligação ocorre sempre por meio da reação en-
hidrólise tre o grupo amina de um aminoácido e o grupo carboxila
do outro. No entanto, essa molécula de água produzida
O O não estabelece propriamente a ligação peptídica, uma vez
esterificação
R–C + HO – R’ R–C + H2O que ela é eliminada, sendo assim, a união entre dois ami-
hidrólise
OH O – R’ noácidos consiste numa reação de condensação amídica.
H O H O

Exemplo: H2N – C – C + H2N – C – C


R1 OH R2 OH
O
O amino ácido amino ácido
H–C + HO – CH3 H + H2O
OH O – CH3
H O H O

As amidas normalmente não ocorrem na natureza, e são H2N – C – C – N – C – C + HOH


preparadas em laboratório. Uma das formas de obtenção é R1 H R2 OH
reagindo ácido carboxílico com aminas:
ligação peptídica

TRANSESTERIFICAÇÃO E SAPONIFICAÇÃO

A reação de transesterificação é uma reação química que pode ocorrer entre um éster e um álcool, sempre tendo a formação
de um novo éster.
Na atualidade, a reação de transesterificação de óleos vegetais ou gordura animal (triglicerídeos – moléculas que possuem
três grupos funcionais dos ésteres em sua estrutura) com alcoóis vem despertando muito interesse, sendo que o principal
produto da reação (éster) possui propriedades similares às do diesel de petróleo, podendo ser utilizado puro ou adicionado
ao diesel fóssil, comumente conhecido como biodiesel.
O O
CH2 – O – C – R CH2 – OH CH3 – CH2 – O – C – R
O O
CH – O – C – R’ + 3CH3 – CH2 – OH CH – OH + CH3 – CH2 – O – C – R’
O O
CH2 – O – C – R’’ CH2 – OH CH3 – CH2 – O – C – R’’

triacil glicerol etanol glicerina ésteres de ácidos graxos


(gordura éster) álcool poliálcool biodiesel

330
Em termos gerais, a reação de saponificação ocorre quando um éster em solução aquosa de base inorgânica origina um sal
orgânico e álcool.
A reação de saponificação também é conhecida como hidrólise alcalina. Falando quimicamente, seria a mistura de um éster
(proveniente de um ácido graxo) e uma base (hidróxido de sódio) para se obter sabão (sal orgânico).

POLÍMEROS DE ADIÇÃO

Polímeros de adição, como o próprio nome indica, são formados pela adição ou soma de vários monômeros exatamente
iguais entre si e sem que haja perda de massa.
A união desses monômeros se dá por meio de uma reação de polimerização por adição, em que ocorre a ruptura de uma ligação
π e a formação de duas novas ligações simples, o que permite a união sucessiva das moléculas do monômero. Isso significa que
todo monômero usado na formação de polímeros de adição deve possuir obrigatoriamente ligações duplas entre carbonos.

Exemplo:
H H H H
n C=C –C–C–
H H H H n

Abaixo temos alguns polímeros de adição e seus usos:

Polímero Monômero Usos


Empregado na fabricação de folhas (toalhas, cortinas, envólucros, embalagens etc),
Polietileno Etileno (eteno) recipientes (sacos, garrafas, baldes etc), canos plásticos, brinquedos infantis, no isol-
amento de fios elétricos etc.
Utilizado em encanamentos, válvulas, registros, panelas domésticas, próteses,
Teflon Tetrafluoretileno isolamentos elétricos, antenas parabólicas, revestimentos para equipamentos
químicos etc.
São fabricadas caixas, telhas, etc; fabricação de tubos flexíveis, luvas, sapatos,
PVC Cloreto de vinila "couro-plástico" (usado no revestimento de estofados, automóveis etc), fitas de
vedação etc.
Usado em embalagens e recipientes para alimentos, remédios e produtos químicos,
corpo de eletrodomésticos (Ferro de passar, liquidificador, batedeira), tampas em
Polipropileno Propileno (propeno)
geral, tampas para bebidas carbonatadas (água, refrigerantes), carpetes, seringas
de injeção, brinquedos, copos plásticos, etc.
Polímero que dá origem ao isopor. Usado em pentes, cabides, embalagens para pas-
tas e margarinas, disjuntores, bandejas para alimentos, revestimentos internos de
Poliestireno Estireno (vinilbenzeno)
refrigeradores, potes para guardar comidas e brinquedos, copos descartáveis, equipa-
mentos de laboratório, como pipetas descartáveis, entre outros.
Usado na produção de tintas à base de água (tintas vinílicas), de adesivos e de gomas
PVA Acetato de vinila
de mascar.
É um plástico muito resistente e possui ótimas qualidades ópticas, e por isso é muito
usado como "vidro plástico". É muito empregado na fabricação de lentes para óculos
Polimetacrilato Metil-acrilato de metila
infantis, frente às telas dos televisores, em parabrisas de aviões, nos "vidros-bolhas"
de automóveis etc.
É usado essencialmente como fibra têxtil - sua fiação com algodão, lã ou seda produz
Poliacrilonitrila Acrilonitrila (cianeto de vinila) vários tecidos conhecidos comercialmente como orlon, acrilan e dralon, respectiva-
mente, muito empregados especialmente para roupas de inverno.

Possui a mesma fórmula da borracha natural (látex) e é muito empregado na fabri-


Poliisopreno Isopreno (2-metil-1,3-butadieno)
cação de carcaças de pneus.

331
Copolímero § Buna-S: É formado pelo o eritreno (but-1,3-dieno) e
pelo estireno (vinilbenzeno), que, em inglês, escreve-se
styrene, por isso, o “S” no final. O buna-S é usado em
É um plástico (polímero) formado por pelo menos dois di- isolamento de cabo elétrico, bandas de rodagem de
ferentes monômeros. pneus, solados e artefatos diversos.

Exemplos eritreno (but-1,3-dieno) estireno


Na
§ ABS: Essa sigla vem do fato de que esse polímero é nH2C=CH – CH = CH2 + n CH = CH2
P.
formado pela união de três monômeros: acrilonitrila
(A), but-1,3-dieno (B) e estireno (S do inglês styrene). Na
Sua principal utilização é na fabricação de pneus, mas P. – H2C – CH = CH – CH2 – CH – CH2 –
também é usado na produção de telefones, invólucros
de aparelhos elétricos e em embalagens.
buna-S n
acrilonitrila eritreno (but-1,3-dieno) estireno
Na
n H2C=CH + n H2C = CH – CH = CH2 + n CH = CH2

C N

Na
– H2C=CH – CH2 – CH = CH – CH2 – CH – CH2

C N
n

ABS

POLÍMEROS DE CONDENSAÇÃO
Os polímeros de condensação são aqueles obtidos por meio de reações entre monômeros (iguais ou diferentes), onde há
saída de uma molécula pequena, geralmente a água.
A seguir, temos uma reação genérica de polimerização por condensação:
P.t. catalisador
nHO – C – C – OH + nH – C – C – H –C–C–C–C– + nH2O

Abaixo temos alguns polímeros de condensação e seus usos:

Polímero Monômeros Usos


É empregado em revestimentos como tintas e vernizes, colas para madeira, cabos
Baquelite Fenol e formaldeído.
de panelas, interruptores de luz, tomadas, plugues, tampas, etc.
O kevlar é um polímero muito resistente, que é usado em coletes à prova de
Ácido tereftálico (ácido p-benzenodioico) e
Kevlar balas, bem como em chassis de carros de corrida, em roupas dos pilotos desses
p-benzenodiamida.
carros, em roupas de combate a incêndios e em peças de aviões, etc.
É um plástico transparente, com alta resistência mecânica, usado em vidros à prova
fosgênio (COCℓ2) e p-isopropilenodifenol (bis-
Policarbonato de bala, em lentes de óculos de sol, CDs e DVDs, equipamentos com raio-X, janelas
fenol A ou BPA).
de segurança, etc.
Usado como linha de pesca, fabricação de objetos como parafusos, engrenagens,
Ácido hexanodioico e mancais, buchas, utensílios de cozinhas industriais, pulseiras de relógios, fio para
Náilon 66
1,6 – hexanodiamina. suturas de ferimentos ou cortes, véus de noivas, carpetes, cordas de instrumentos
musicais, cordas de pular, etc.
O principal uso desse polímero é em garrafas plásticas, mas ele também é usado
Ácido tereftálico (ácido p-benzenodioico) e etil-
PET na fabricação de tecidos, cordas, filmes fotográficos, fitas de áudio e vídeo, guar-
enoglicol (1,2-etanodiol).
da-chuvas, gabinetes de fornos e em embalagens, etc.
É usado em isolamentos acústicos, aglutinantes de combustível de foguetes, reves-
Poliuretano di-isocianato de parafenileno e 1,2-etanodiol.
timentos internos de roupas, espumas para estofados, pranchas de surfe, etc.

332
ACIDEZ E BASICIDADE DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

Em química orgânica, o caráter ácido-básico das sub- Na tabela acima, observa-se que as aminas alifáticas são
stâncias se deve a alguns fatores: valor do Ka (constante mais básicas que a amônia (maior valor de Kb) e aminas
de ionização do ácido) ou Kb (constante de ionização da aromáticas são menos básicas que amônia. As amidas são
base) , efeito indutivo, efeito de substituintes, ressonância muito menos básicas que as aminas (tanto alifáticas quan-
e distância. Esses efeitos valem para os dois caracteres de to aromáticas), apesar de ter nitrogênio na sua estrutura.
compostos orgânicos.
Em termos gerais, a basicidade em compostos orgânicos,
1. Valor do Ka: A força de um ácido depende da sua em ordem decrescente, é:
constante de equilíbrio ácido-base em água, ou seja, do Aminas Secundárias > Aminas Primárias > Aminas Terciárias >
seu valor de pKa (–log Ka). Quanto maior o valor do Ka (ou > Amônia > Aminas Aromáticas > Amidas
menor o valor do pKa), mais ácido esse composto é. Analo-
gamente, quanto maior o valor do Kb (ou menor o valor do 2. Efeito Indutivo e dos Substituintes: Esse tipo de
pKb), mais básico esse composto é. efeito ocorre quando átomos de diferentes eletronegativi-
Abaixo segue uma tabela de acidez de alguns compostos dades se encontram ligados perto no composto. O átomo
orgânicos (a 25 °C): mais eletronegativo tem a tendência de trazer os elétrons
para perto dele, criando assim um dipolo e facilitando a sa-
Composto Ka pKa (–log Ka) ída do H+, deixando-o mais ácido. Analogamente, átomos
Ácido metanoico 1,7 · 10–4 3,77 menos eletronegativos tem a tendência de doar os elétrons
Ácido etanoico (acético) 1,7 · 10 –5
4,76 para cadeia, dificultando a saída do H+, deixando-o menos
Ácido cloroacético 1,4 · 10 –3
2,86 ácido.
Ácido tricloroacético 2,2 · 10–1 0,65 Podemos explicar os valores abaixo com mais facilidade pelo
Ácido benzoico 6,3 · 10 –5
4,20 efeito indutivo dos substituintes em relação a ácido acético:
Ácido ciclohexanóico 1,3 · 10–5 4,87
Composto Ka pKa (–log Ka) Explicação
Fenol 1,3 · 10–10 9,90
O grupo –CH3 tem efeito
Metanol 3,2 · 10–16 15,5 Ácido elétron-doador, que se propa-
1,3 · 10–5
4,87
Etanol 10–16 16 propanoico ga pela cadeia carbônica, difi-
cultando a saída do H+.
Etino (Acetileno) 10–25 25
Num composto de cadeia
Eteno (etileno) 10 –44
44 Ácido carbônica menor, o efeito
etanoico 1,7 · 10–5 4,76 elétron-doador do CH3 di-
Na tabela acima, o composto mais ácido é o ácido triclo- (acético) minui em relação ao ácido
roacético, que possui maior valor de Ka (ou menor valor propanoico.
de pKa). Também pode-se observar que o etanol é muito O Cℓ tem efeito elétron-re-
pouco ácido e o etileno tem um valor tão baixo de Ka que ceptor, que se propaga pela
Ácido
praticamente não haverá possibilidade de o hidrogênio ser cloroacético
1,4 · 10–3 2,86 cadeia carbônica, diminuin-
liberado do mesmo. do a densidade eletrônica e
facilitando a saída do H+.
Em termos gerais, a acidez em compostos orgânicos, em
ordem decrescente, é: Nesse caso, temos 2 átomos
Ácido
5,6 · 10–2 1,25 de cloro, que reforça o efeito
Ácidos Carboxílicos > Fenóis > Água > Álcoois dicloroacético
elétron-receptor.
> Alcinos > Alcenos Nesse ácido, temos 3 átomos
Abaixo segue uma tabela de basicidade de alguns com- Ácido triclo-
2,2 · 10–1 0,65
de cloro, que reforça mais o
roacético efeito elétron-receptor, deix-
postos orgânicos (a 25 °C):
ando o ácido forte.
Composto Kb pKb (– log Kb) Nesse ácido, temos 3 áto-
Amônia 1,8 · 10 –5
4,75 mos de flúor, que é mais
eletronegativo que cloro,
Metilamina 4,4 · 10 –4
3,36 Ácido triflu-
5,9 · 10–1 0,23 reforçando mais ainda o
oracético
Dimetilamina 5,9 · 10 –4
3,23 efeito elétron-receptor, deix-
ando o ácido mais forte que
Trimetilamina 6,3 · 10–5 4,20
o anterior.
Anilina (aminobenzeno) 4,2 · 10 –10
9,38

333
3. Ressonância: Muitos dos compostos orgânicos podem 4. Distância: O efeito do substituinte é mais eficiente quan-
parecer ser estáticos, entretanto muitos dos que apresen- to mais perto do centro reacional. Substituintes com efeito de
tam carga (ou não) podem ter formas híbridas instantâne- elétron-receptor diminuem o pKa (aumenta o Ka) de ácidos car-
as que são mais estáveis teoricamente que a forma origi- boxílicos. Analogamente, substituintes com efeito de elétron-do-
nal. Se a base conjugada do composto for mais estável que ador aumentam o pKa (diminuem o Ka) de ácidos carboxílicos.
o seu ácido, ele será mais ácido.
Composto Ka pKa (– log Ka)
Composto Ka pKa (– log Ka)
Ácido benzoico 6,3 · 10 –5
4,20
Ácido benzoico 6,3 · 10–5 4,20
Ácido orto-clorobenzoico 1,1 · 10 –3
2,94
Ácido ciclohexanoico 1,3 · 10–5 4,87
Ácido meta-clorobenzoico 1,4 · 10 –4
3,84
Fenol 1,3 · 10–10 9,90
Ácido para-clorobenzoico 1,0 · 10 –4
3,99
Cicloexanol 10–16 16

CONCEITOS MODERNOS DE ÁCIDOS E BASES

O conceito de ácido-base na atualidade é explicado por três Nesta reação inversa, o íon hidrônio (H3O+) doou um pró-
teorias diferentes: Arrhenius, Brönsted-Lowry e Lewis. ton para o íon cloreto (Cℓ-), assim o hidrônio é o ácido e
o cloreto é base de Brönsted-Lowry. Forma-se o par ácido-
A teoria ácido-base de Arrhenius é utilizada na Química In-
-base conjugado: HCℓ e Cℓ–; e um segundo par conjugado
orgânica, enquanto que na Química Orgânica se usa muito
ácido-base : H2O e H3O+. Chama-se de par conjugado, por-
as teorias ácido-base de Brönsted-Lowry e a de Lewis.
que em ambos os casos, um doa o próton e se transforma
1. Ácido e base de Arrhenius no outro: o HCℓ doa o próton e se transforma em Cℓ– e o
H3O+ doa o próton e se transforma em H2O.
Ácido de Arrhenius: são compostos que, em solução aquosa,
se ionizam, produzindo somente o cátion hidrogênio (H+): HC + H2O H3O+ + C
ácido base ácido base
HCℓ → H+ + Cℓ– conjugado conjugada

Base de Arrhenius: são compostos que, em solução aquosa,


se dissociam, produzindo somente o ânion hidroxila (OH–): Pares conjugados
NaOH → Na + OH + –

Diferentemente da teoria de Arrhenius, na de Brönsted-


2. Ácido e base de Brönsted-Lowry -Lowry um ácido pode atuar como uma base, o conceito
Ácido de Brönsted-Lowry: são espécies químicas (molé- de ácido e base é relativo: dependem da espécie química
culas ou íons) que são capazes de ceder (ou doar) prótons com a qual a substância está reagindo para saber se ela é
(H+). acida ou básica.
3. Ácido e base de Lewis
Base de Brönsted-Lowry: são espécies químicas (molécu-
las ou íons) que são capazes de receber prótons (H+). § Ácido de Lewis: são espécies químicas (moléculas ou
Exemplo: íons) que são capazes de receber pares de elétrons.
HCℓ + H2O → H3O+ + Cℓ– § Base de Lewis: são espécies químicas (moléculas ou
Ácido Base íons) que são capazes de fornecer pares de elétrons.
Nesse caso, o HCℓ doará o H+ para a água, sendo HCℓ o Exemplo:
ácido e água a base de Brönsted-Lowry. H H H H
Reação inversa: H–B + :N – H H – B – +N – H
H3O+ + Cℓ– → HCℓ + H2O H H H H
Ácido Base ácido de base de
Lewis Lewis
Nesse caso, o H3O doará o H para o cloreto, sendo H3O
+ + +

o ácido e cloreto a base de Brönsted-Lowry.

334
C C
+
C – A + CH3OCH3 C – A – O – CH3
C C CH3
AC3 Dimetiléter
ácido de Lewis base de Lewis

A definição de Lewis abrange os casos das definições de


Bronsted-Lowry e de Arrhenius, sendo, portanto, a mais
ampla. Entretanto, as definições de Arrhenius e de Bronste-
d-Lowry também são utilizadas para explicar alguns casos.
Finalizando, é importante lembrar que o conceito de áci-
do-base de Lewis é o mais amplo e engloba o conceito de
ácido-base de Brönsted-Lowry, que por sua vez, engloba o
conceito de ácido-base de Arrhenius, como mostra a figura
ao lado. Isso significa que todo ácido de Arrhenius é ácido
de Brönsted-Lowry e de Lewis, mas ácido de Lewis não
necessariamente é de Brönsted-Lowry e/ou Arrhenius.

335
U.T.I. - Sala 5. O fármaco havia sido destruído pela explosão e pelo
fogo. O que, porventura, tivesse sobrado, a chuva le-
vara embora. Para averiguar a possível troca do pro-
1. Dois isômeros de fórmula molecular C4H10O, rotula- duto, Estrondosa pegou vários pedaços dos restos das
dos como compostos I e II, foram submetidos a testes embalagens que continham o fármaco. Eram sacos de
físicos e químicos de identificação. O composto I apresen- alumínio revestidos, internamente, por uma película de
tou ponto de ebulição igual a 83°C e o composto II igual polímero. Ela notou que algumas amostras eram bas-
a 35°C. Ao reagir os compostos com solução violeta de tante flexíveis, outras, nem tanto. No laboratório da
permanganato de potássio em meio ácido, a solução empresa, colocou os diversos pedaços em diferentes
não descoloriu em nenhum dos casos.
frascos, adicionou uma dada solução, contendo um re-
a) Que tipo de isomeria ocorre entre esses compostos? agente, e esperou a dissolução do metal; quando isso
Por que o isômero I apresenta maior ponto de ebulição? ocorreu, houve evolução de um gás. Com a dissolução
b) Explique por que o isômero I não reagiu com a solução do alumínio, o filme de plástico se soltou, permitindo
ácida de KMnO4. Qual o nome IUPAC do composto I? a Estrondosa fazer testes de identificação. Ela tinha a
2. Três frascos, identificados com os números I, II e III, informação de que esse polímero devia ser polipropile-
possuem conteúdos diferentes. Cada um deles pode con- no, que queima com gotejamento e produz uma fumaça
ter uma das seguintes substâncias: ácido acético, acetal- branca. Além do polipropileno, encontrou poliestireno,
deído ou etanol. Sabe-se que, em condições adequadas: que queima com produção de fumaça preta. Tudo isso
reforçava a ideia da troca do fármaco, ou de uma parte
I. a substância do frasco I reage com substância do fras-
dele, ao menos, incriminando o vigia.
co II para formar um éster;
II. a substância do frasco II fornece uma solução ácida a) Escreva a equação que representa a reação de dis-
quando dissolvida em água, e solução do alumínio, admitindo um possível reagente
III. a substância do frasco I forma a substância do frasco utilizado por Estrondosa.
III por oxidação branda em meio ácido. b) Pode-se dizer que a diferença entre o poliesti-
a) Identifique as substâncias contidas nos frascos I, II reno e o polipropileno, na fórmula geral, está na
e III. Justifique sua resposta. substituição do anel aromático por um radical me-
b) Escreva a equação química balanceada e o nome tila. Se o poliestireno pode ser representado por
do éster formado, quando as substâncias dos frascos —[CH2CH(C6H5)]— n, qual é a representação do
I e II reagem. polipropileno?
3. Uma das substâncias responsáveis pelo odor caracte-
rístico do suor humano é o ácido capróico ou hexanóico,
C5H11COOH. Seu sal de sódio é praticamente inodoro por
U.T.I. - E.O.
ser menos volátil. Em conseqüência desta propriedade,
1. Uma maneira de distinguir fenóis de álcoois é reagi-
em algumas formulações de talco adiciona-se bicabor-
-los com uma base forte. Os fenóis reagem com a base
nato de sódio (hidrogeniocarbonato de sódio, NaHCO3),
forte, como o NaOH, formando sais orgânicos, enquanto
para combater os odores da transpiração.
que os álcoois não reagem com essa base.
a) Escreva a equação química representativa da rea-
ção do ácido capróico com o NaHCO3. a) Considerando a reatividade com a base forte, com-
b) Qual é o gás que se desprende da reação? pare os valores das constantes de ionização (Ka) dos
fenóis e dos álcoois. Justifique a sua resposta.
c) Qual no nome do sal formado na reação do item a?
b) Escreva a equação química para a reação do hi-
4. Os ácidos orgânicos têm a sua acidez alterada pela droxibenzeno com o NaOH, e dê o nome do sal or-
substituição de átomos de hidrogênio na cadeia carbô- gânico formado.
nica por grupos funcionais. A tabela a seguir mostra as
constantes de acidez de alguns ácidos carboxílicos, em 2. Equacione a reação do benzeno com:
água, a 25°C. a) cloreto de etila sob catálise de AℓCℓ3
b) brometo de acetila sob catálise de FeBr3

3. Considere a experiência esquematizada a seguir, na


qual bromo é adicionado a benzeno (na presença de um
catalisador apropriado para que haja substituição no
anel aromático):
O papel de pH
(umedecido)
adquire coloração
caracetrística
Bromo
de meio ácido
a) Disponha os compostos em ordem crescente de for-
Benzeno Vapor
ça do ácido.
Catalisador desprendido
b) Explique o papel exercido pelo átomo de cloro na di- Antes Depois
ferença de acidez observada entre os compostos I e II.

336
a) Equacione a reação que acontece. Escreva a fórmula estrutural e os nomes dos compostos
b) Qual é a substância produzida na reação que sai X, Y e Z formados (escreva todas as possibilidades dos
na forma de vapor e chega até o papel indicador de produtos formados).
pH, fazendo com que ele adquira cor característica do
meio ácido. 6. Equacione as seguintes reações de esterificação:
4. Os nitrotoluenos são compostos intermediários im- a)
portantes na produção de explosivos. Os mononitroto-
luenos podem ser obtidos simultaneamente, a partir do
benzeno, através da seguinte sequência de reação:

b)

c)

7. Álcoois reagem com ácidos carboxílicos para for-


mar ésteres e água. Triglicerídeos (gorduras e óleos)
a) Escreva a fórmula estrutural do composto A e o sintéticos podem ser obtidos pela reação de glicerol
nome do composto B. (CH2(OH)CH(OH)CH2(OH)) com ácidos carboxílicos.
b) Identifique o tipo de isomeria plana presente nos a) Escreva a equação química, utilizando fórmulas es-
três produtos orgânicos finais da sequência de reações. truturais, da reação de 1 mol de glicerol com 3 mols
de ácido n-hexanóico.
5. Grupos ligados ao anel benzênico interferem na sua b) Quando o composto formado no item a é submeti-
reatividade. Alguns grupos tornam as posições orto e do a hidrólise alcalina (saponificação), o triglicerídeo
para mais reativas para reações de substituição e são dissolve-se com regeneração do glicerol e formação
chamados orto e para dirigentes, enquanto outros gru- de sal. Escreva a reação de hidrólise do éster, utilizan-
pos tornam a posição meta mais reativa, sendo chama- do NaOH. Dê o nome do produto que se forma junto
dos de meta dirigentes. com o glicerol.
8. Um dos processos mais utilizados para obtenção de
§ Grupos orto e para dirigentes:
álcoois consiste na reação de compostos de Grignard
–Cℓ, –Br, –NH2, –OH, –CH3 com substâncias carboniladas, seguida de hidrólise. Ob-
§ Grupos meta dirigentes: serve a sequência reacional a seguir, que exemplifica
essa obtenção, onde R representa um radical alquila.
–NO2, –COOH, –SO3H
R - MgC + propanona x
As rotas sintéticas I, II e III foram realizadas com o objeti-
vo de sintetizar as substâncias X,Y e Z, respectivamente. X hidrólise 2,3 - dimetil - 2 - butanol + MgOHC
I.
a) Nomeie o composto de Grignard utilizado e apre-
sente sua fórmula estrutural plana.
b) Foram determinadas as porcentagens em massa dos
elementos químicos da propanona e de seus isômeros,
a fim de diferenciá-los. Explique por que esse proce-
dimento não é considerado adequado e apresente a
II.
fórmula estrutural plana de um isômero da propanona
que possua somente carbonos secundários.

9. Os cientistas que prepararam o terreno para o desen-


volvimento dos polímeros orgânicos condutores foram
III. laureados com o prêmio Nobel de Química do ano 2000.
Alguns desses polímeros podem apresentar condutibi-
lidade elétrica comparável à dos metais. O primeiro
desses polímeros foi obtido oxidando-se um filme de
trans-poliacetileno com vapores de iodo.

337
a) Desenhe um pedaço da estrutura do trans-poliace- 13. Os monômeros buta-1,3-dieno e 2-cloro-buta-1,-
tileno. Assinale, com um círculo, no próprio desenho, 3-dieno são muito utilizados na fabricação de borrachas
a unidade de repetição do polímero. sintéticas, sendo, este último, também conhecido como
b) É correto afirmar que a oxidação do transpoliaceti- cloropreno, uma substância resistente a mudanças de
leno pelo iodo provoca a inserção de elétrons no po- temperatura, à ação do ozônio e ao clima adverso.
límero, tornando-o condutor? Justifique sua resposta. a) Escreva as fórmulas estruturais dos monômeros
mencionados.
10. O nitrogênio é um macro-nutriente importante para
as plantas, sendo absorvido do solo, onde ele se encon- b) A partir do monômero 2-cloro-buta-1,3-dieno é
tra na forma de íons inorgânicos ou de compostos or- obtido o poli2-cloro-but-2-eno conhecido comer-
gânicos. A forma usual de suprir a falta de nitrogênio cialmente como neopreno, um elastômero sintético.
no solo é recorrer ao emprego de adubos sintéticos. O Escreva a reação de obtenção do neopreno a partir do
quadro a seguir mostra, de forma incompleta, equações cloropreno e indique o tipo de isomeria espacial que
químicas que representam reações de preparação de ocorre nesse elastômero.
alguns desses adubos. 14. O volume de glicerina (propanotriol, fórmula mole-
+HNO3 cular C3H8O3) produzido como resíduo na obtenção de
biodiesel excede em muito a necessidade atual do mer-
cado brasileiro. Por isso, o destino atual da maior parte
+H2SO4
da glicerina excedente ainda é a queima em fornalhas,
utilizada como fonte de energia. Uma possibilidade
mais nobre de uso da glicerina envolve sua transforma-
NH3 +CO2 ção em propeno e eteno, através de processos ainda em
fase de pesquisa. O propeno e o eteno são insumos bá-
sicos na indústria de polímeros, atualmente provenien-
+H3PO4 tes do petróleo e essenciais na obtenção de produtos
como o polietileno e o polipropileno.
a) Escreva a equação química balanceada da com-
bustão completa de um mol de glicerina.
a) Escolha no quadro as situações que poderiam re- b) Sabendo que o polietileno é produzido pela reação
presentar a preparação de uréia e de sulfato de amô- de adição de um número n de moléculas de eteno,
nio e escreva as equações químicas completas que escreva a equação genérica de formação do polímero
representam essas preparações. polietileno a partir de eteno, utilizando fórmulas es-
b) Considerando-se apenas o conceito de Lowry- truturais de reagente e produto.
-Bronsted, somente uma reação do quadro não pode
ser classificada como uma reação do tipo ácido-base.
Qual é ela (algarismo romano)?
c) Partindo-se sempre de uma mesma quantidade de
amônia (reagente limitante), algum dos adubos su-
geridos no quadro conteria uma maior quantidade
absoluta de nitrogênio? Comece por SIM ou NÃO e
justifique sua resposta. Considere todos os rendimen-
tos das reações como 100 %.

11. Na indústria petroquímica, a expressão adoçar o pe-


tróleo corresponde à adição de aminas leves às frações
gasosas do petróleo para eliminação de sua acidez.
Considerando as aminas isômeras de fórmula molecular
C3H9N,
a) Indique a fórmula estrutural bastão da amina que
possui caráter básico mais acentuado.
b) Nomeie as aminas que possuem cadeia carbônica
classificada como homogênea.

12. Considere a reação do íon cúprico com quatro molé-


culas de água para formar o composto de coordenação
[Cu(H2O)4]+2(aq). Esta é uma reação de um ácido com uma
base segundo qual conceito? Justifique.

338
QUÍMICA 3

339
EQUAÇÃO DE VELOCIDADE

Lei de Guldberg-Waage 2. Reação não elementar:

A velocidade de uma reação é diretamente proporcional 2H 2(g) + 2NO (g) → 1N 2(g) + H 2O (g)
ao produto das concentrações em quantidades de matéria As etapas dessa reação são dadas por:
dos reagentes, elevadas a determinados expoentes.
Etapa 1 (lenta): 1H2(g) + 2NO(g) → 1N2O(g) + 1H2O(ℓ)
Em uma reação:
Etapa 2 (rápida): 1N2O(g) + 1H2 → 1N2(g) + 1H2O(ℓ)
xA + yB +... → produtos...
Equação global: 2H2(g) + 2NO(g) → 1N2(g) + 2H2O(ℓ)
A equação da velocidade é dada por:
Os expoentes na lei da velocidade são dados pelos coefi-
V = k · [A]x · [B]y = cientes dos reagentes na etapa lenta:
V = velocidade da reação
v = k [H 2] 1 · [NO] 2.
k = constante da velocidade (a uma dada temperatura)
[A] e [B] = concentrações em mol/L dos reagentes Essa reação é de 1ª ordem em relação ao H2, de 2ª ordem
x e y = expoentes determinados experimentalmente, em relação ao NO e de 3ª ordem em relação à reação
denominados ordem da reação global (soma dos expoentes: 1 + 2 = 3).
Uma observação importante é que existem algumas re-
Mecanismo de reações ações que são de ordem zero, porque a velocidade não
depende da concentração dos reagentes.
Mecanismo de uma reação é a série de etapas que levam
os reagentes aos produtos. Nesse mecanismo há etapas Em reações de primeira ordem, quando dobra-se a quantidade
lentas e rápidas. A etapa mais lenta é a determinante de reagente, dobra-se, de forma proporcional, a velocidade.
da velocidade.
Em reações de segunda ordem, o aumento dos reagentes
Seja a reação 2A + 3B → A2B3, que se processa em para o dobro quadruplica a velocidade de reação.
duas etapas:
Em reações de terceira ordem, ao dobrar a concentração
§ Primeira etapa: 2A + B → A2B (lenta) aumenta-se a velocidade da reação em oito vezes.
§ Segunda etapa: A2B + 2B → A2B3 (rápida)
v = k[A]2 · [B] Determinação experimental da
Compostos sólidos não entram na equação. equação da velocidade da reação
Ordem de uma reação Exemplo 1
Observe a reação:
1. Reação elementar: 2A + 3B → C
Observe nesta tabela a variação da velocidade com as con-
2CO (g) + O 2(g) → 2CO 2(g) centrações, obtida experimentalmente:

Como é uma reação elementar, o expoente na lei da [A] mol/L [B] mol/L V mol/L · min
velocidade é igual ao coeficiente do reagente: primeira
0,3 0,1 0,5
experiência
v = k · [CO] · [O 2]
2 1
segunda
0,6 0,1 1,0
experiência
Assim, temos que essa reação é de ordem 2 em relação ao
CO, de ordem 1 em relação ao O2 e sua ordem global é 3 terceira
0,6 0,2 4,0
(2 + 1 = 3). experiência

340
Segundo a lei de Guldberg Waage, a equação da velocidade, três experiências e modificadas as concentrações (mol/L)
baseada na equação global (portanto, inadequada), seria: iniciais dos reagentes:

v = k [A]2 · [B]3 Tempo/


Quantidade
Experiência [HgCℓ2] [K2C2O4] de matéria
min
Hg2Cℓ2/mol
Mas, em se tratando da tabela experimental de variação
de velocidade, deve-se deduzir a equação da velocidade 1 0,0836 0,404 60 O,0064
na qual x e y serão determinados, uma vez que não são 2 0,0836 0,202 60 0,0016
necessariamente 2 e 3. 3 0,0418 0,404 60 0,0032
Comparando a primeira com a segunda experiência, no-
ta-se que a concentração de B é a mesma e que a con- Determinar a equação de velocidade e identificar as ordens
centração de A dobrou; consequentemente, a velocidade para cada um dos reagentes e a total.
também dobrou. Se a equação de velocidade for dada por
Comparando a segunda com a terceira experiência, veri- v = k · [HgCℓ2]a · [K2C2O4]b,
fica-se que a concentração de A é a mesma e que a de 0,0064
§ experiência 1: ______ ​   ​  
= k(0,0836)a (0,404)b (I)
B dobrou; consequentemente, a velocidade quadruplicou. 60
0,0016
§ experiência 2: ______
​   ​  = k(0,0836)a (0,202)b (II)
Conclusão 60
0,0032
§ experiência 3: ______ ​   ​  
= k(0,0418)a (0,404)b (III)
A velocidade varia com a primeira potência de [A] e com a 60
segunda potência de [B]. Dividindo (I) por (II):
v = k [A]1 · [B]2 0,0064
______
​   ​   k(0,0836)a (0,404)b
​  60   ​ =   
______ _______________
​   ​
Exemplo 2 ​ 
0,0016
______
60
 ​
  
k(0,0836)a (0,202)b

A reação química entre cloreto de mercúrio (II) e oxalato


de potássio: Obtém-se: 4 = 2b ou 22 = 2b [ b = 2
Uma vez descoberto o valor de b, pode-se determinar por
2HgCℓ2(aq) + K2C2O4(aq) → 2KCℓ(aq) + 2CO2(g) + Hg2Cℓ2(s) meios matemáticos o a e obter a ordem da reação.
Foi estudada em solução aquosa, que determinou a quanti-
dade de matéria de Hg2Cℓ2 que precipita. Foram realizadas

EQUILÍBRIO QUÍMICO

Reações reversíveis De fato, reagiram até o equilíbrio 2,0 – 0,4 = 1,6 mol/L e
formaram-se, simultaneamente, 1,6 mol de PCℓ3 e 1,6 mol
O equilíbrio químico é um estado dinâmico. Isso não sig- de Cℓ2, uma vez que os coeficientes da equação são 1 : 1.
nifica paralisação da reação. Como as velocidades direta e
inversa são iguais, as concentrações dos reagentes e dos Reação PCℓ5 (g)  PCℓ3 (g)  +  Cℓ2 (g)
produtos permanecem constantes (mas não necessaria-
mente iguais). A reação continua se processando, sem, no Início 2,0 mol 0 0
entanto, alterar as concentrações em quaisquer sentidos.
Suponhamos que ao alcançar o equilíbrio: Reagem 1,6 mol — —

PCℓ5  PCℓ3 + Cℓ2 Formam-se — 1,6 mol 1,6 mol

Restam no
Mede-se a concentração de PCℓ5 e encontra-se: 0,4 mol 1,6 mol 1,6 mol
equilíbrio
[PCℓ5] = 0,4 mol/L

341
Grau de equilíbrio Constante de equilíbrio
O grau de equilíbrio (α) de um reagente corresponde a em termos de pressões
relação entre a quantidade de mol consumida e a quanti-
dade de mol inicial desse reagente. parciais (Kp)
quantidade de mol de reagente consumido
α = ________________________________
​    
    ​ aA(g) + bB(g)  cC(g) + dD(g)
quantidade de mol de reagente no início

Exemplo Para equilíbrios gasosos, pode-se exprimir a constante de


equilíbrio em termos das pressões parciais dos reagentes e
Quantidade de mol de PCℓ5 inicial = 2,0 mol e quantidade dos produtos:
de mol de PCℓ5 consumido até o equilíbrio = 1,6 mol.
O grau de equilíbrio, portanto, é: α = 1,6/2,0 = 0,8 ou
(p )c (p )d
seja, 80%. Kp = _______
​  Ca D b ​  
(pA) (pB)

Constante de equilíbrio
Relação entre Kp e Kc
Num sistema reversível genérico de única etapa:
1
aA+bB cC+dD
2

Sentido direto(1): v1 = k1 · [A]a · [B]b Kp = Kc · (R · T)Dn


Sentido inverso(2): v2 = k2 · [C]c · [D]d

A velocidade da reação direita (v1) vai diminuir em razão Essa relação pode ser facilmente demonstrada a partir da
do consumo gradual de A e de B. A velocidade da reação expressão da equação dos gases perfeitos (equação de
inversa (v2) vai aumentando com o tempo em razão da for- Clapeyron) em pressões parciais.
mação de C e D.
Certo tempo depois – que varia de acordo o tipo de reação Equilíbrios heterogêneos
–, as concentrações de A, B, C e D permanecem inalteradas. Equilíbrios heterogêneos são aqueles em que pelo me-
Nessa fase, as velocidades v1 e v2 igualam-se, sinal de que nos umas das substâncias participantes da reação está
o sistema atingiu o equilíbrio químico. em um estado físico diferente das demais, geralmente no
estado sólido. Com isso, o aspecto do sistema não fica
uniforme, mas é possível visualizar diferentes fases. Nesse
caso não se deve escrever as substâncias sólidas na equa-
ção de Kc e Kp.

Logo,

[C]c · [D]d
Kc = _______
​  a  
 ​  
[A] · [B]b

A constante de equilíbrio é função da natureza dos reagen-


tes, dos produtos e da temperatura.
Quanto maior for o valor de Kc maior será a exten-
são da ocorrência da reação direta.
Quanto menor for o valor de Kc maior será a exten-
são da ocorrência da reação inversa.

342
DESLOCAMENTO DE EQUILÍBRIO

Efeito da concentração Portanto:


§ O aumento da temperatura desloca o equilíbrio no sen-
Pelo princípio de Le Chatelier, um aumento da concentração tido da reação endotérmica (para a esquerda);
de uma das substâncias participantes desloca o equilíbrio
no sentido da reação que produz uma diminuição na con- § A diminuição da temperatura desloca o equilíbrio no
centração dessa substância: portanto, no sentido da reação sentido da reação exotérmica (para a direita).
em que a substância é consumida.
Uma diminuição da concentração desloca o equilíbrio no O catalisador desloca
o equilíbrio?
sentido da reação que produz um aumento de sua concen-
tração, logo, no sentido da reação em que a substância é
formada. O catalisador aumenta igualmente a velocidade da reação
direta e inversa porque produz a mesma diminuição da

Efeito da pressão energia de ativação nas duas reações. Consequente-


mente, o catalisador não altera o estado final do
Aumento da pressão desloca o equilíbrio para o lado com equilíbrio, ou seja, não desloca o equilíbrio.
menor volume gasoso (menor número de moléculas gasosas).
A  B
Diminuição da pressão desloca o equilíbrio para o lado com
maior volume gasoso (maior número de moléculas gasosas).
Exemplo

2SO 2(g) + O 2(g)  2SO 3(g)

2 mol 1 mol 2 mol


3 mol 2 mol

Se a pressão aumentar, o equilíbrio desloca-se para a di-


reita (→) e favorece a formação do SO3(g), uma vez que
nesse sentido a quantidade de moléculas gasosas diminui,
consequentemente, a pressão também diminui.

Influência da variação
de temperatura
Aumento da temperatura favorece a reação que absorve calor,
ou seja, desloca o equilíbrio para o sentido endotérmico.
Diminuição da temperatura favorece a reação que libera cal- Da qual teq 1 > teq 2
or, ou seja, desloca o equilíbrio para o sentido exotérmico. Em todos os casos, os compostos sólidos não entram na
equação
Exemplo

N2 (g) + 3H2 (g)  2NH3 (g) DH < 0

A reação direta (→) é exotérmica (H < 0).

343
EQUILÍBRIOS IÔNICOS

Constante de equilíbrio Exemplo:


Considerando um ácido fraco como o HCN em solução aquosa:
quantidade ionizada em mol HCN  H+ + CN–
a = _____________________
​​   
   ​​
quantidade inicial em mol [H+][CN-]
Ka = _______
​   ​ 

[HCN]
Para calcular a constante de ionização, recorremos à ex-
pressão matemática da lei de diluição de Ostwald: Se o sal NaCN for adicionado à solução de HCN, haverá
um aumento na concentração de íons CN–, o que fará com
2
Ki = _____
​  a   ​ 
·M que o equilíbrio seja deslocado para a esquerda, como é
1–a mostrado a seguir:
Lei de Ostwald é empregada preferencialmente para soluções NaCN → Na+ + CN–
diluídas e eletrólitos fracos (α < 5 %). Observe que ela relacio- HCN  H+ + CN–
na a constante de equilíbrio (Ki) com o grau de ionização (α).
Portanto, a formação do ácido é favorecida, diminuindo a
Como a maioria dos casos práticos refere-se a monoáci- ionização do ácido.
dos ou monobases, o denominador (1 – α) é praticamente
igual a 1, desde que a seja muito pequeno (α < 5 %):
α<5%⇒1–α≈1 Efeito do íon não comum
Consequentemente, a lei de diluição resulta: Retomando o exemplo do ácido cianídrico (HCN) tem-se que:

Ki = a2 · M HCN  H+ CN–
Se uma base (NaOH, por exemplo) for adicionada à solu-
De acordo com essa equação, quanto maior for a constan-
ção desse ácido, vai ocorrer a dissociação da base ocorren-
te de ionização Ki mais ionizado estará o ácido (maior é α),
do liberação de íons OH–:
ou seja, maior será sua força.
Se a ionização ocorrer em etapas, é necessário escrever NaOH → Na+ + OH–
tantas constantes quantas forem as etapas.
Os íons OH– da base vão neutralizar os íons H+ do ácido, de
acordo com a reação:
Efeito do íon comum H+ + OH– → H2O
O efeito do íon comum é o deslocamento da posição de
equilíbrio de um eletrólito (um ácido ou base geralmente Portanto, haverá uma menor quantidade de H+ na solução. De
fracos), causado pela adição de um segundo eletrólito (ge- acordo com o princípio de Le Chatelier, haverá deslocamento
ralmente mais forte, como um sal muito solúvel), que tem um de equilíbrio para a direita, aumentando a ionização do ácido.
íon em comum com o primeiro.

pH E pOH

Cálculo do pH e pOH
O pH é um parâmetro utilizado para indicar se o meio reacional é ácido, básico ou neutro.
O potencial hidrogeniônico (pH) é o cologaritmo da concentração hidrogeniônica:

pH = colog [H+] = –log [H+]

344
O potencial hidroxiliônico (pOH) é o cologaritmo da con- 2. Solução ácida
centração hidroxiliônica:
a 25 °C, [H+] > 10-7 ⇒ pH < 7
pOH = colog [OH–] = –log [OH–] [OH-] < 10-7 ⇒ pOH > 7

pH e pOH de soluções 3. Solução básica

a 25 °C, [H+] < 10-7 ⇒ pH > 7


1. Solução neutra
[OH-] > 10-7 ⇒ pOH < 7
a 25 °C, Kw = [H ] · [OH ] = 10
+ - -14

[H+] = [OH-] = 10-7 mol/L


pH = pOH = 7
pH + pOH = 14

HIDRÓLISE SALINA

I. Sal de ácido forte e base forte: não sofre hi- O equilíbrio que se forma na solução aquosa de cianeto
drólise e o pH da solução é 7. de sódio é:
Na+ + CN– + H+ + OH-  Na+ + OH– + HCN
Exemplo: NaCℓ.
Na+ + Cℓ– + H+ + OH- → Na+ + OH- + H+ + Cℓ– Forma-se o ácido e há íons OH- livres na solução. A solução
resultante é básica. Praticamente nada acontece com Na+.
Não há hidrólise porque, sendo o ácido e a base fortes, O que ocorreu foi a hidrólise do ânion:
esse equilíbrio não permite sua formação e os íons perma-
necem em solução. CN– + H2O  HCN + OH–
Pode-se dizer que, nesse caso, a solução é neutra (pH = 7 a
A constante de hidrólise a 25 °C é:
25 °C) e não há constante de hidrólise nem grau de hidrólise.
IV. Sal de ácido fraco e base fraca: sofre hidrólise e
II. Sal de ácido forte e base fraca: sofre hidrólise e
o pH da solução pode ser superior, igual ou inferior
o pH da solução é menor que 7.
a 7, dependendo das forças relativas do ácido e da
Exemplo: NH4Br. base.
O equilíbrio que se forma na solução aquosa de brometo
Exemplo: (NH4)2S.
de amônio é:
NH+4 + Br – + H+ + OH-  NH4OH + H+ + Br – O equilíbrio que se forma na solução aquosa de sulfeto de
amônio é:
Forma-se a base e há íons H+ livres na solução. A solução
resultante é ácida. Repare que praticamente nada aconte- 2NH4+ + S–2 + 2H+ + 2OH–  2NH4OH + H2S
ce com Br –. O que ocorreu foi a hidrólise do cátion:
NH4+ + H2O  NH4OH + H+ Como o ácido e a base são fracos, o equilíbrio está desloca-
A 25 °C, Kw = 10-14 do para a direita; formam-se o ácido e a base.

III. Sal de ácido fraco e base forte: sofre hidrólise e


o pH da solução é maior que 7.
Exemplo: NaCN.

345
Grau de hidrólise (∆H) Solução-tampão
São soluções que mantêm o pH aproximadamente cons-
Constante de hidrólise para um tante, mesmo que elas venham a receber ácidos ou bases
sal de ácido forte e base fraca fortes. As soluções-tampão são geralmente formadas por
um ácido fraco e um sal desse ácido ou por uma base fra-
K ca e um sal dessa base. As soluções-tampão são usadas
Kh = ​ __w ​ 
Kb sempre que um químico necessita de um meio com pH
aproximadamente constante. Elas são preparadas com a
dissolução dos solutos em água.
Constante de hidrólise para um
sal de ácido fraco e base forte Exemplo de alguns sistemas tamponantes
K
Kh = ​ __w ​  NH4OH / NH4Cℓ; H2CO3 / NaHCO3; NaCN / HCN
Ka
Para o cálculo de pH de uma solução tampão utiliza-se as
Constante de hidrólise para um seguintes fórmulas
sal de ácido e base fracos ​ 
[sal]
pH = – log Ka + log ______   ​ 
(para tampões ácido / sal)
[ácido]
Kw [sal]
Kh = ​ ​ _____
   ​ ​  pH = – log Kb + log _____
​    ​ 
(para tampões base / sal)
Ka ⋅ Kb [base]
– log Ka pode ser chamado de pKa, portanto, pKa = – log
O grau de hidrólise de um sal (αh) Ka. Quanto menor o pKa, maior o Ka, o que faz com que seu
grau de ionização seja maior, logo, o composto será mais
(quantidade de mol hidrolisados)
_________________________
αh =    
​       ​ ácido. Quando um tampão é preparado com concentrações
(quantidade inicial de mol)
iguais do ácido e do ânion, o pH é igual ao pKa desse ácido
(pH = pKa)

PRODUTO DE SOLUBILIDADE

Constante do produto Observe: as concentrações molares que aparecem na ex-


pressão de KPS, sempre correspondem às concentrações da
de solubilidade Kps solução saturada pelos íons que estariam em equilíbrio com
o precipitado.
Como achar a expressão de KPS?
Exemplo
1. Escreva a equação de equilíbrio devidamente
balanceada; e Cloreto de prata sólido, AgCℓ adicionado em água pura a
25 ºC.
2. Escreva a expressão da constante de equilíbrio
sem considerar o sólido precipitado. O sistema é deixado em repouso por alguns dias para que
se tenha certeza de que foi alcançado o equilíbrio entre o
Observe estes exemplos. sólido e os íons Ag+ e Cℓ– em solução.
Expressão do produto Uma análise mostra que a concentração de Ag+ é de
Equilíbrio
de solubilidade
1,34 · 10-5 mol/L.
BaSO4(s)  Ba2+(aq) + SO42–(aq) KPS = [Ba2+] ∙ [SO42–]

CaF2(s)  Ca2+(aq) + 2F–(aq) KPS = [Ca2+] ∙ [F–]2

Ca3(PO4)2(s)  3Ca2+(aq) + 2PO43–(aq) KPS = [Ca2+ ]3 ∙ [PO43–]2

346
Qual é o Kps do cloreto de prata?

Observe: a concentração de íons prata corresponde à concentração existente na solução saturada, ou seja, corresponde à
concentração de íons que existe no equilíbrio de solubilidade.

AgCℓ(s)  Ag+(aq) + Cℓ–(aq)


Início Não nos interessa (constante) 0 0
No equilíbrio 1,34 · 10 –5
1,34 · 10–5
Esta última linha obedece à proporção dos coeficientes.

Observe: [Ag+] = [Cℓ–] porque a proporção dos coeficien- Solução: concentração de cada íon em solução:
tes é 1 : 1.
Pb(NO3)2  Pb2+ + 2NO3–
Portanto, a expressão de Kps é: 0,2 0,2 0,4
KPS = [Ag ] · [Cℓ ]
+ – KI  K +
+ I –

0,2 0,2 0,2


Substituídos na expressão os valores apresentados na ta-
bela, obtém-se.
Se as duas soluções forem misturadas, o volume da solu-
KPS = [1,34 · 10-5] · [1,34 · 10-5] ⇒ KPS = 1,8 · 10-10 ção final duplicará; portanto, as concentrações de Pb2+ e
A expressão do KPS é utilizada apenas para soluções sa- I- caem pela metade.
turadas de eletrólitos considerados insolúveis, porque a A equação iônica que representa a precipitação é:
concentração de íons em solução é pequena, o que resulta
soluções diluídas. Pb2+ (aq) + 2I– (aq)  PbI2 (s)
O KPS é uma grandeza que só depende da temperatura.
Uma vez que seu inverso representa a dissolução do PbI2,
Quanto mais solúvel o eletrólito, maior a concentração de
ao alcançar o equilíbrio haverá:
íons em solução, maior o valor de KPS. Quanto menos solúvel
o eletrólito, menor o valor de KPS, desde que as substâncias PbI2 (s)  Pb2+ (aq) + 2I– (aq)
comparadas apresentem a mesma proporção entre íons.
O Qps é calculado em razão da concentração de íons mistu-

Previsão de precipitação e rados. A precipitação ocorre se QPS for maior ou igual ao KPS.

quociente da reação (QPS)


Neste caso:

QPS = [Pb2+] · [I-]2 = (0,1) · (0,1)2


Se 2 eletrólitos diferentes forem misturados em solução,
é possível saber quando o precipitado vai começar a se ⇒ QPS = 1,0 · 10-3
formar, a partir de dois íons desses eletrólitos.
Se KPS = 1,4 ·10–5, concluímos que QPS > KPS.
Exemplo Portanto, ocorre precipitação.
Foram misturados volumes iguais de Pb(NO3)2 0,2 mol/L
e KCℓ 0,2 mol/L. Haverá formação de um precipitado de
Pbℓ2?
Dado: KPS do Pbℓ2 = 1,4 · 10-5

347
U.T.I. - Sala 4. (Santa Marcelina) A tabela apresenta os valores da
concentração de íons H+ em mol/L, medidos a 25ºC de
um grupo de produtos.
1. (FAC. SANTA MARCELINA) Um estudo publicado pela
revista Nature aponta que a quantidade de metano Produto [H+]
(CH4) liberada por alguns poços de gás de xisto (cuja
Refrigerante 10-3
composição química padrão apresenta, além de outros
compostos, o óxido de ferro (III) e o óxido de alumí- Alvejante caseiro 10-12,5
nio) seria cerca de 4 vezes maior que o previsto, o que Vinho 10-3,5
o tornaria uma fonte de energia emissora de gás de
Leite de magnésia 10-10
efeito estufa tão nociva quanto o carvão. A combustão
completa do metano produz outro gás estufa, o CO2 de Cerveja 10-4,5
acordo com a reação:
a) Na tabela reproduzida abaixo, complete o valor
CH4(g) + 2O2(g) → CO2(g) + 2 H2O(ℓ) medido de pH a 25 ºC.

(www.lqes.iqm.unicamp.br. Adaptado.) Produto [H+] pH


a) Escreva as fórmulas químicas dos óxidos presentes Refrigerante 10 -3

na composição do xisto, sabendo que nesses compos-


Alvejante caseiro 10-12,5
tos a carga do ferro e do alumínio é +3.
b) Supondo que a reação de combustão completa do Vinho 10-3,5
metano seja elementar, escreva a expressão da lei de ve- Leite de magnésia 10-10
locidade dessa reação. Explique o que irá acontecer com Cerveja 10-4,5
a velocidade se a concentração do metano for dobrada e
a concentração do oxigênio permanecer constante. b) Determine a concentração de íons hidroxila, [OH-], em
mol/L no leite de magnésia, apresentando os cálculos.
2. (USCS) Considere o seguinte equilíbrio químico, a 25 ºC
Apresente um produto da tabela com propriedades
para neutralizar o pH do leite de magnésia.
Cr2O72-(aq) + H2O(ℓ)  2 CrO42-(aq) + 2 H+(aq)
5. (UFPR) Pesquisadores de Harvard desenvolveram uma
laranja amarelo
técnica para preparar nanoestruturas auto-organizadas
na forma que lembram flores. Para criar as estruturas de
a) Nesse equilíbrio ocorre oxirredução? Justifique sua flores, o pesquisador dissolveu cloreto de bário e silica-
resposta. to de sódio num béquer. O dióxido de carbono do ar se
b) Considere uma solução aquosa de K2Cr2O7 0,1 dissolve naturalmente na água, desencadeando uma re-
mol/L. Ao ser adicionado HCℓ(aq) a essa solução, qual ação que precipita cristais de carbonato de bário. Como
a cor predominante da solução? Justifique sua res- subproduto, ela também reduz o pH da solução que ro-
posta com base no princípio de Le Chatelier. deia imediatamente os cristais, que então desencadeia
uma reação com o silicato de sódio dissolvido. Esta se-
3. (USF) O sistema gasoso a seguir representa um im-
gunda reação adiciona uma camada de sílica porosa que
portante equilíbrio químico existente na atmosfera
permite a formação de cristais de carbonato de bário
terrestre, especialmente em regiões bastante poluídas
para continuar o crescimento da estrutura.
com emissão do dióxido de enxofre que é derivado da
combustão de determinados combustíveis. (“Beautiful “flowers” self-assemble in a beaker”. Disponível
em <https://www.seas.harvard.edu/news/2013/05/beautiful-
flowers-self-assemble-beaker>. Acesso em 10 ago. 2013)
2SO2 + O2  2SO3
Na tabela ao lado são mostrados valores de produto de
Para esse equilíbrio químico, determine: solubilidade de alguns carbonatos.
a) a expressão que representa a constante de equilí- Sal KPS (25°C)
brio para esse sistema, em função de suas concentra-
BaCO3 8,1 · 10-9
ções molares.
b) o valor da constante de equilíbrio sabendo que a CaCO3 3,8 · 10-9
reação iniciou com 50 g de SO2 e com quantidade SrCO3 9,4 · 10-10
suficiente de O2 em um recipiente de 2,0 L e atingiu o
equilíbrio após 40% de transformação dos reagentes a) Suponha que num béquer foram dissolvidos clore-
em produto. tos de bário, cálcio e estrôncio de modo que as con-
centrações de cada sal é igual a 1 µmol ∙ L-1. Com a
Dados valores das massas em g ∙ mol-1: O = 16,0 e dissolução natural do gás carbônico do ar, qual carbo-
S = 32,0. nato irá primeiramente cristalizar?
b) Num béquer há uma solução 1 µmol ∙ L-1 de cloreto
c) quais ações podem ser realizadas no sistema, con- de bário. Calcule qual a concentração de íons carbo-
siderando variações de pressão e concentração, para nato necessárias para que o cristal de carbonato de
aumentar a quantidade de produto formado. bário comece a se formar.

348
U.T.I. - E.O. 4. (Uninove) Em um laboratório, foi estudado o efeito de
algumas variáveis sobre o seguinte sistema em equilíbrio:
1. (UERJ) Considere a equação química global entre os CH3COOH(aq) + H2O  CH3COO-(aq) + H3O+(aq)+ calor
compostos HBr e NO2: O comportamento desse sistema foi estudado frente
2HBr + NO2 → H2O + NO + Br2 à diminuição da temperatura, à adição de HCℓ(aq) e à
adição de H3CCOONa(aq). O efeito dessas diferentes va-
Para desenvolver um estudo cinético, foram propostos riáveis foi acompanhado pela medida da variação da
os mecanismos de reação I e II, descritos na tabela, am- concentração de [H3O+](aq).
bos contendo duas etapas. Em uma das experiências, obteve-se o seguinte gráfico:

Mecanismo
Etapa
I II
lenta HBr + NO2 → HBrO + NO 2HBr → H2 + Br2
rápida HBr + HBrO → H2O + Br2 H2 + NO2 → H2O + NO

Realizou-se, então, um experimento no qual foi medi-


da a velocidade da reação em função da concentra- a) Dentre as variáveis analisadas, qual a responsável
ção inicial dos reagentes, mantendo-se constante a pela alteração indicada no gráfico no momento t1.
temperatura. Observe os resultados obtidos: Justifique a sua escolha.
b) O que aconteceria caso um catalisador fosse inse-
Concentração inicial (mol · L-1) Velocidade rido no sistema?
HBr NO2 (mol · L-1 · min-1)
5. (Unisa) Águas contendo íons ferro (II) apresentam-se
0,01 0,01 0,05
límpidas, pois o ferro encontra-se solubilizado e inco-
0,02 0,01 0,10 lor. No entanto, ao entrar em contato com o ar ou com
0,01 0,02 0,10 gás cloro, os íons ferro (II) reagem, formando hidróxido
de ferro (III), insolúvel e de coloração marrom. Roupas
Determine a ordem global da reação. Em seguida, in- lavadas com essa água podem apresentar manchas de
dique qual dos dois mecanismos propostos representa cor ferruginosa.
essa reação global, justificando sua resposta. A equação a seguir representa uma das reações descritas.
2. (IME) A reação de Sabatier-Sanderens consiste na 2Fe2+
(aq)
+ Cℓ2(g) + 6 H2O(ℓ)  2Fe(OH)3(s) + 2Cℓ- + 6H+(aq)
hidrogenação catalítica de alcenos ou de alcinos com a) Indique o agente oxidante do processo, justificando
níquel, para a obtenção de alcanos. Considerando a sua escolha.
reação de hidrogenação do acetileno, um engenheiro b) Qual das substâncias de uso doméstico, vinagre
químico obteve os resultados abaixo: ou leite de magnésia, pode ser utilizada na remoção
Tempo [Acetileno] [Hidrogênio] [Etano] de manchas de ferrugem das roupas? Justifique sua
(min) mol/L mol/L mol/L escolha com base no equilíbrio apresentado.
0 50 60 0 6. (USCS) A tabela apresenta o pH de amostras de flui-
4 38 36 12 dos biológicos a 25 ºC

6 35 30 15 Amostra pH a 25 ºC
10 30 20 20 1 Saliva 6,4
2 Plasma sanguíneo 7,4
A partir dessas informações, determine: 3 Urina 5,0
a) a velocidade média da reação no período de 4 4 Suco gástrico 3,0
(quatro) a 6 (seis) minutos;
5 Suco pancreático 8,0
b) a relação entre a velocidade média de consumo do ace-
tileno e a velocidade média de consumo do hidrogênio. (www.uff.br)
a) Distribua as amostras de 1 a 5 na escala de pH abaixo.
3. (UFTM) Uma forma de obter ferro metálico a partir do
Escala de pH
óxido de ferro(II) é a redução deste óxido com monóxi-
do de carbono, reação representada na equação:
FeO(s) + CO(g)  Fe(s) + CO2(g) DH0 > 0

a) Escreva a expressão da constante de equilíbrio (KC)


da reação apresentada. Como varia essa constante em
função da temperatura? Justifique.
b) De que forma a adição de FeO e o aumento de pres- b) Calcule a concentração de íons H3O+ em mol/L na
são interferem no equilíbrio representado? Justifique. amostra que possui a acidez mais elevada.

349
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO 9. (Ufg) O extrato de amora pode funcionar como um
indicador natural de pH, apresentando diferentes colo-
Grande parte dos pacientes com hiperparatiroidismo rações de acordo com o caráter ácido ou alcalino das
brando exibe poucos sinais de doença óssea e raras
soluções, conforme demonstrado na tabela a seguir.
anormalidades inespecíficas, em consequência da ele-
vação do nível do cálcio, mas apresenta tendência ex- pH Cor
trema à formação de cálculos renais. Isso se deve ao
fato de que o excesso de cálcio e fosfato absorvidos 1–2 Rosa
pelos intestinos ou mobilizados dos ossos no hiperpara- 3–6 Lilás
tiroidismo será finalmente excretado pelos rins, ocasio- 7 – 10 Roxo
nando aumento proporcional nas concentrações dessas
substâncias na urina. Em decorrência disso, os cristais 11 – 12 Roxo-azulado
de oxalato tendem a se precipitar nos rins, dando ori- 13 Azul
gem a cálculos com essa composição. 14 Amarelo

7. (FMP) A partir das informações apresentadas,


a) O produto de solubilidade do oxalato de cálcio (Ca- a) calcule o pH e indique a cor de uma solu-
C2O4) a 25 ºC é 2,6 · 10-9. Determine a concentração de ção de Ca(OH)2 preparada na concentração de
íons C2O42- eliminados pela urina, sabendo-se que a con- 0,050 mol∙L-1 na presença do indicador natural;
centração dos íons cálcio presente no exame EAS (Elemen- b) calcule o pH e indique a cor resultante após a mis-
tos Anormais e Sedimentos) é de 4 · 10-3 mol · ℓ-1 e que,
tura de 10 mL de Ca(OH)2 0,100 mol∙L-1 com 30 mL de
nesse caso, a urina apresenta uma solução saturada de
oxalato de cálcio. H2SO4 0,100 mol∙L-1 na presença do indicador natural.
b) A reação de hidrólise do oxalato de cálcio está
abaixo representada. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO

C2O42- + 2H2O  H2C2O4 + 2OH- REGISTROS DE UM MAR LETAL


Se um paciente tem uma dieta rica em alimentos cítricos Uma análise química de rochas calcárias coletadas nos
como, por exemplo, brócolis, repolho, fígado, couve-flor, Emirados Árabes é o indício mais contundente até ago-
couve, espinafre, tomate, etc., bem como rica em frutas ra de que o pior evento de extinção em massa da Terra
como limão, morango, acerola e laranja dificultará a for- pode ter sido causado pela acidificação dos oceanos − o
mação dos cristais de oxalato encontrados na urina. mesmo processo que o excesso de gás carbônico pro-
duzido pela humanidade provoca nos mares. O evento
Justifique essa dieta como tratamento alimentar com
aconteceu há 250 milhões de anos, quando 90% das
base no Princípio de Le Chatelier.
espécies biológicas foram extintas, especialmente as
de vida marinha. Uma equipe internacional de geólogos
8. (PUCRJ) Com o objetivo de se conhecer a concentração
analisou o conteúdo de isótopos de boro e de outros el-
de uma solução padrão de HCℓ, foram pesados e dissol-
ementos de rochas que se formaram a partir da precipi-
vidos em água destilada 0,762 g de bórax (Na2B4O7 · 10
tação de carbonato de cálcio no fundo do mar durante o
H2O). A solução contendo essa massa de bórax reagiu com
evento de extinção. A análise concluiu que, durante um
20,00 mL da solução de HCℓ segundo a equação abaixo:
período de 5 mil anos, a água do mar chegou a ficar
Na2B4O7 ∙ 10H2O(aq) + 2HCℓ(aq) → 10 vezes mais ácida devido ao gás carbônico dissolvido,
devido a um evento de vulcanismo nos continentes da
→ 2NaCℓ(aq) + 4H3BO(aq) + 5H2O(ℓ)
época. A acidez é letal para diversas criaturas marinhas,
Considere: M(Na2B4O7 ∙ 10 H2O) = 381 g mol-1 pois dificulta a absorção de cálcio.
a) Calcule a concentração da solução padrão de HCℓ, (Adaptado de: Revista Pesquisa FAPESP, n. 232, p. 15)
em quantidade de matéria (mol-1).
10. (PUC-Campinas) Para responder a esta questão,
b) Calcule o pH da solução resultante da reação entre
utilize o texto.
quantidades estequiométricas de HCℓ (ácido forte) e
NaOH (base forte), ambos os reagentes preparados a) A água do mar, atualmente, possui pH ≅ 8. Segun-
em meio aquoso. do o texto, ao ficar dez vezes mais ácida devido ao
Considere: KW = 1,0 · 10-14 gás carbônico dissolvido, qual a concentração de íons
c) Uma amostra de soda cáustica comercial pesando a que a água do mar chegou? E qual era o valor do
0,1100 g foi dissolvida em água destilada. Calcule a pH? Demonstre seus cálculos.
porcentagem em massa de NaOH na amostra a partir b) A formação do carbonato de cálcio sólido está re-
da informação de que todo o hidróxido de sódio, no presentada a seguir:
meio aquoso, reagiu exatamente com 20,00 mL de
Ca2+(aq) + CO2-3(aq) → CaCO3(s).
uma solução padrão de HCℓ 0,1000 mol/L.
Sabendo que a solubilidade do CaCO3 = 1,3 · 10-4 g/100
HCℓ(aq) + NaOH(aq) → H2O(ℓ) + NaCℓ(aq) mL de água, a 18 ºC e que a concentração de íons Ca2+(aq),
na água do mar, é de 0,4 g/L, calcule a massa de Ca-
CO3(s) que pode ser obtida a partir de 1.000 L de água
do mar, nessa temperatura.

350
11. (Fuvest) A oxidação de SO2 a SO3 é uma das etapas da produção de ácido sulfúrico.
2SO2(g) + O2(g)  2SO3(g) DH < 0

Em uma indústria, diversas condições para essa oxidação foram testadas. A tabela a seguir reúne dados de diferentes testes:

Número do teste Reagentes Pressão (atm) Temperatura (ºC)


1 SO2(g) excesso de O2(g) 500 400
2 excesso de SO2(g) + O2(g) 500 1000
3 excesso de SO2(g) + ar 1 1000
4 SO2(g) + excesso de ar 1 400
a) Em qual dos quatro testes houve maior rendimento na produção de SO3? Explique.
b) Em um dado instante t1, foram medidas as concentrações de SO2, O2, e SO3 em um reator fechado, a 1000 ºC ob-
tendo-se os valores:[SO2] = 1,0 mol/L; [O2] = 1,6 mol/L; [SO3] = 20 mol/L. Considerando esses valores, como é possível
saber se o sistema está ou não em equilíbrio? No gráfico abaixo, represente o comportamento das concentrações dessas
substâncias no intervalo de tempo entre t1 e t2 considerando que, em t1 o sistema está em equilíbrio químico.

Note e adote:
Para a reação dada, KC – 250 a 1000 ºC

12. (UNICAMP) Uma solução de luminol e água oxigena-


da, em meio básico, sofre uma transformação química
que pode ser utilizada para algumas finalidades. Se essa
transformação ocorre lentamente, nada se observa vi-
sualmente; no entanto, na presença de pequenas quan-
tidades de íons de crômio, ou de zinco, ou de ferro, ou Esse sistema sob determinadas condições atinge o se-
mesmo substâncias como hipoclorito de sódio e iodeto guinte equilíbrio
de potássio, ocorre uma emissão de luz azul, que pode CO2(g) + C(s)  2CO(g)
ser observada em ambientes com pouca iluminação.
onde se observa que:
a) De acordo com as informações dadas, pode-se afir-
mar que essa solução é útil na identificação de uma § a fase gasosa tem comportamento de gás ideal;
das possíveis fontes de contaminação e infecção hos- § o volume de carvão mineral final é desprezível;
pitalar. Que fonte seria essa? Explique por que essa § a 1100 K a constante de equilíbrio da reação é Kp = 22;
fonte poderia ser identificada com esse teste.
§ a 1000 K a massa específica da fase gasosa no reser-
b) Na preparação da solução de luminol, geralmente
vatório é igual a 14 g/ℓ
se usa NaOH para tornar o meio básico. Não havendo
disponibilidade de NaOH, pode-se usar apenas uma Com base nessas informações, calcule a constante de
das seguintes substâncias: CH3OH, Na2CO3, Aℓ2(SO4)3 equilíbrio, Kp, da reação a 1000 K. Estabeleça se a rea-
ou FeCℓ3. Escolha a substância correta e justifique, do ção entre o CO2(g) e o C(s) é exotérmica ou endotérmica,
ponto de vista químico, apenas a sua escolha. justificando sua resposta.
13. (IME) Em um reservatório de volume de 60ℓ subme- 14. (IME) Determine o pH no ponto de equivalência da
tido a vácuo, introduz-se uma mistura física de 79,2 g titulação de 25,0 mL de ácido hipocloroso aquoso
de gelo seco, solidificado em pequenos pedaços, com (Ka = 3 ∙ 10-8) com concentração 0,010 mol/L, com hidró-
30 g de carvão mineral em pó, conforme a representa- xido de potássio 0,020 mol/L, realizada a 25 ºC
ção a seguir. Dados: log 2 = 0,30 log 3 = 0,48.
352
Caro aluno

Você está recebendo o terceiro livro da Unidade Técnica de Imersão (U.T.I.) do Hexag Vestibulares.
Este material tem o objetivo de retomar os conteúdos estudados nos livros 5 e 6, oferecendo um
resumo estruturado da teoria e uma seleção de questões que preparam o candidato para as provas
dos principais vestibulares. Além disso, as questões dissertativas permitem avaliar a capacidade de
análise, organização, síntese e aplicação do conhecimento adquirido. É também uma oportunidade
de o estudante demonstrar que está apto a expressar suas ideias de maneira sistematizada e com
linguagem adequada.
Aproveite este caderno para aprofundar o que foi visto em sala de aula, compreender assuntos que
tenham deixado dúvidas e relembrar os pontos que foram esquecidos.
Bons estudos!

Herlan Fellini

SUMÁRIO

MATEMÁTICA
MATEMÁTICA 1 355
MATEMÁTICA 2 367
MATEMÁTICA 3 387
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Autores
Herlan Fellini
Pedro Tadeu Vader Batista
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Herlan Fellini

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Pedro Tadeu Vader Batista

Coordenador-geral
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Leticia de Brito Ferreira
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Projeto gráfico e capa


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MATEMÁTICA 1

355
FUNÇÃO INVERSA E PARIDADE

Função inversa Exemplos


1. Obter a lei da função inversa da função f dada por
Definição y = x + 2.
y=x+2
É denominada função inversa da função bijetora f: A → B a
↓  ↓
função f –1: B → A, em que os elementos de todos os pares
x = y + 2 → trocando y por x e x por y
ordenados da função f trocam de posição:
y = x – 2 → isolando
Assim, y = x – 2 é a lei da função inversa da função dada
por y = x + 2.
Observe que o gráfico de f –1 é obtido a partir do gráfico de
f por simetria em relação à reta y = x (função identidade).

f = {(1,2), (2,4), (3,6)}


f -1 = {(2,1), (4,2), (6,3)}
Afirma-se que g é a função inversa da função f e é repre-
sentada por g(x) = f –1 (x). f −1(a)
​ x  ​.
Assim, se f(x) = 3x, f –1(x) = __
3
Observe que f –1(x) “desfaz” a transformação feita por f(x).
Dessa forma, segue que: Notas
f[f –1(x)] = f o f –1 = x § As transformações feitas pela função f são desfeitas
pela função f -1.
Ou seja, a composta de f em f –1 é sempre x. Observe um
§ O contradomínio de f é igual ao domínio de f –1.
exemplo:
§ O domínio de f é igual ao contradomínio de f –1.
​ 2x – ​ e f
f(x) = _____ 1   –1
​ 3x + ​
(x) = _____ 1  
3 2
Calculando f[f –1(x)], tem-se:

( )
 ​  3x + ​ 1  
2 ​_____ ​– 1
Função par
f[f (x)] = ​  2  ​ 
___________ ​ 3x +  ​
1 – 1 
=________
  ​ 3x ​ = x
= __

–1
Dada uma função f(x), uma função é denominada par se,
3 3 3
para qualquer x no domínio de f, tem-se f(x) = f(–x).
§ apenas as funções bijetoras possuem inversa.
Como consequência, toda função par apresenta simetria
em relação ao eixo 0y:
Determinando a função inversa
Para se obter a inversa de uma função (caso a função Exemplos:
admita inversa, isto é, seja bijetora), deve-se 1. f(x) = x²
proceder da seguinte maneira:
Para verificar se uma função é par, deve-se comparar f(x)
§ Troca-se x por y e y por x. e f(-x):
§ Coloca-se o novo y em função do novo x. f(–x) = (–x)² = x²

356
Assim, f(–x) = f(x); portanto, a função é par.
Observe o gráfico da função f(x) = x²:
Função ímpar
Dada uma função f(x), uma função é denominada ímpar
se, para qualquer x no domínio de f, tem-se f(–x) = –f(x).
Como consequência, toda função ímpar apresenta simetria
em relação à origem:

NOÇÕES DE SEQUÊNCIA E
PROGRESSÃO ARITMÉTICA

Noções de sequência § PA crescente: uma PA é crescente, se a razão r é po-


sitiva e não nula.
A um conjunto ordenado de elementos damos o nome
§ PA decrescente: uma PA é decrescente, se a razão
de sequência. Em nosso cotidiano, temos vários exemplos
r é negativa e não nula.
de sequência. Uma sequência pode ser finita ou infinita.
§ PA constante: uma PA é constante, se a razão r é
igual a zero.
Determinação dos termos
de uma sequência Representações especiais
§ Em função da posição: quando uma fórmula permite § Três termos consecutivos de uma PA
calcular qualquer termo an em função de sua posição n.
(x – r, x, x + r)
§ Pela fórmula de recorrência: quando se expressa
S = (x – r) + x+ (x – r) = 3x
um termo an qualquer da sequência em função do termo
imediatamente anterior an-1, dado o primeiro termo a1. § Cinco termos consecutivos de uma PA

Progressão aritmética (PA) (x – 2r, x – r, x, x + r, x + 2r)


S = (x – 2r)+ (x – r)+ x + (x + r)+ (x + 2r) = 5x
a1 = k
Uma progressão aritmética é § Quatro termos consecutivos de uma PA
uma sequência definida por: a = a + r,  ∀n ∈ N, n ≥ 2 (x – 3y, x – y, x + y, x + 3y)
n n–1

Onde r = 2y
onde k ∈ R é o primeiro termo da sequência e r ∈ R é a
razão da PA. S = (x – 3y) + (x – y) + (x + y) + (x + 3y) = 4x

A diferença entre um termo qualquer e seu antecessor é Fórmula do termo geral da PA


sempre constante, igual à razão r.
an = a1 + (n – 1)r

357
SOMA DOS TERMOS DE UMA PA FINITA

Fórmula
n(a + an)
Sn = ___________
​  1  ​   
2

PROGRESSÃO GEOMÉTRICA E
SUA INTERPOLAÇÃO

Progressão geométrica (PG) § Constante: a PG é constante quando q = 1.


§ Alternante: a PG é alternante quando q < 0.
Definição
Representações especiais
Progressão geométrica (PG) é toda sequência de números
não nulos na qual é constante o quociente da divisão de As principais são:
x
cada termo (a partir do segundo) pelo termo anterior. § três termos em PG: ​ ​ __ (
q ​ , x, xq  ​ )
Classificação das ( )
x  ​,  _​ x ​,  xy, xy3  ​
§ quatro termos em PG ​ ​ __
y3 y
progressões geométricas
Nesse caso, temos q = y2.
Dependendo da razão q, uma PG pode ser:
§ Crescente: a PG é crescente quando q > 1 e os termos são
§ cinco termos em PG ​ ​ __
q2 q (
x  ​,  __​ x ​ , x, xq, xq2  ​
)
positivos ou quando 0 < q < 1 e os termos são negativos.
Fórmula do termo geral de uma pg
§ Decrescente: a PG é decrescente quando q > 1 e os termos
são negativos ou quando 0 < q < 1 e os termos são positivos. an = a1 · qn – 1

SOMA E PRODUTOS DOS TERMOS DE UMA PG

Fórmula da soma dos n primeiros termos de uma PG finita


1 – qn
Sn = a1 · ____
​   ​ 

para q ≠ 1
1–q

Limite da soma dos termos de uma PG infinita


a
​ lim ​ Sn = ____
    ​  1   ​, – 1 < q < 1
n→` 1–q

Produto dos termos da PG


de PA
 (1+n-1)(n-1) n(n-1) _____
+...+n-1
Pn = a1n .q 2 Pn =a1n . q 2 Pn = ± √
​ (a1an)n ​ (o sinal correto depende de estudar as condições da PG dada)

358
NÚMEROS COMPLEXOS

Forma algébrica Representação geométrica


Todo número complexo z pode ser escrito de maneira única dos números complexos
na forma:
z = a + bi (a [ R, b [ R e i2 = –1)
1. Os números complexos reais pertencem ao eixo x e
z =   a   +   b  i mantêm a correspondência, segundo a qual para cada
número real existe um ponto da reta.
parte real parte imaginária
de z de z
2. Os números imaginários puros pertencem ao eixo y.

3. Os demais números complexos (a + bi, com a ≠ 0 e


Re(z) = a Im(z) = b b ≠ 0) pertencem aos vários quadrantes, de acordo com
os sinais de a e b.

Conjugado de um 4. Para cada número complexo existe um único ponto do


plano e vice-versa.
número complexo
5. A cada complexo z = a + bi pode-se associar um
O conjugado de um número complexo z = a + bi é o núme- único vetor, com início no ponto O, origem do sistema
​  = a – bi.
ro complexo z​ de coordenadas cartesianas, e extremidade no ponto
P(a, b). Nesse plano complexo, além do número com-
Propriedades do conjugado plexo z = a + bi, estão representados outros dois
números complexos, z1 e z2, e a soma deles, z1 + z2
1. Se z = a + bi: (diagonal do paralelogramo formado por z1 e z2).

​  = a2 + b2 (que é real, positivo ou nulo) Im


z · z​

2. Para o número complexo z, obtém-se:

z = z​​  à z é número real

3. Se z1 e z2 são números complexos:

z = z
​ 1 + z2​  ​ 1​ + z
​ 2​ (o conjugado da soma
R
é igual à soma dos conjugados)
4. Se z1 e z2 são números complexos: 6. A associação dos números complexos z = a + bi aos
z
​ 1z2​ = z
​ 1​ · z
​ 2​ (o conjugado de um produto indi- vetores permite o uso, em diversos campos, dos números
cado é igual ao produto dos conjugados) complexos e os de suas respectivas grandezas. Exem-
plo disso é o estudo da eletricidade no nível superior.
A corrente elétrica, a voltagem e a impedância, dentre
outros, são tão grandes que podem ser representados
Divisão de números complexos por números complexos.

z
O quociente __
​​ z 1 ​​ entre dois números complexos, com z2 ≠ 0,
2

z z1 · z​ ​ 
é dado por __
​​ z 1 ​​ = ____
​​  —2   ​​.
2 z ·
2 
z​
​   2

359
Interpretação geométrica Multiplicação de números
do conjugado complexos na forma trigonométrica
z1z2 = |z1||z2| [cos(q1 + q2) + i · sen(q1 + q2)]
Geometricamente, o conjugado z​​​​  de z é representado pelo
simétrico de z em relação ao eixo x.

Im +
Divisão de números complexos
na forma trigonométrica
R
__ z1 ___ |z1|
z​  2 ​ = ​ |z |  ​ [cos(q1 – q2) + i · sen(q1 – q2)]
2

Potenciação de números
complexos na forma
Módulo de um número complexo trigonométrica – primeira
|z|2 = a2 + b2 ä |z| = d​​ aXXXXXX
+ b2 ​​  
fórmula de De Moivre
2

Im
zn = |z|n[cos(nq) + i · sen(nq)]

Radiciação – raízes enésimas


de números complexos

R
[ (
|z| ​  ​ cos​  ​  __
wk = dn​ XXX 2π
___
) ( __ 2π
___
)]
n  ​ + k · ​  n ​  ​+ i · sen​ ​  n  ​ + k · ​  n ​  ​  ​

Equações binomiais e trinomiais


Qualquer equação que possa ser reduzida à forma axn +
Propriedades b = 0 (com a ∈ C e b ∈ C, a ≠ 0 e n ∈ N) é chamada
equação binômial.
envolvendo módulo Para resolvê-la, isolamos xn no primeiro membro e aplica-
mos a segunda fórmula de De Moivre:
1. Se z é um número complexo:
​ –b
axn + b = 0 ⇒ xn = ___a ​ 
z​​z​​ = |z|2
Essa equação admite n raízes enésimas de ___ ​ –b
a ​. 
2. Se z é um número complexo: Outro tipo muito comum de equação que compreende
números complexos é o que se pode reduzir à chamada
|z| = |​​z​​|  equação trinomial:
ax2n + bxn + c = 0
3. Se z1 e z2 são números complexos: (com a ∈ C, e b ∈ C, a ≠ 0, b ≠ 0 e n ∈ N)

|z1z2| = |z1||z2| Para resolvê-la, fazemos uma mudança de variável xn = y e


obtemos uma equação do segundo grau:

Forma trigonométrica cujas soluções são y’ e y’’.


ay2 + by + c = 0

dos números complexos Recaímos então nas equações anteriores, pois y’ = xn e y’’ = xn.
z = |z|(cos q + i · sen q) Ao resolvê-las, temos as raízes da equação inicial.

360
EQUAÇÕES POLINOMIAIS

Definição para todo x complexo, é denominada função polinomial de


grau n, da qual n é um número inteiro positivo ou nulo e
Expressão polinomial ou polinômio na variável complexa x an é diferente de 0.
é toda expressão da forma: Se o grau de uma função polinomial for 0, a função será
anxn + an-1xn-1 + an-2xn-2 + ... + a2x2 + a1x + a0 definida por f(x) = a0.
da qual:
§ an, an-1, an-2, ..., a2, a1­, a0 são números complexos deno- Polinômio
minados coeficientes;
A cada função polinomial associa-se um único poli-
§ n é um número inteiro positivo ou nulo; e nômio (ou expressão polinomial) e vice-versa, por isso
§ o maior expoente de x, com coeficiente não nulo, é o podemos nos referir indistintamente às funções polino-
grau da expressão. miais ou aos polinômios.

Função polinomial Polinômio identicamente nulo


As funções complexas f: C é C definidas por expressões Define-se o polinômio identicamente nulo (Pin) como o
polinomiais são denominadas funções polinomiais. Portan- polinômio cujos coeficientes são todos nulos: p(x) = anxn +
to, toda função definida por: an-1xn-1 + ... + a1x + a0 é um polinômio nulo se, é somente
se, an = an-1 = ... = a1 = a0 = 0.
f(x) = anxn + an-1xn-1 + ... + a2x2 + a1x + a0

Valor numérico de um polinômio


O valor numérico do polinômio p(x) para x = a é o número que se obtém ao substituir x por a e ao efetuar os cálculos
necessários. Indica-se p(a).
Portanto, p(a) é o valor numérico de p(x) para x = a.

Observações
Se a = 1, o valor numérico de p(x) será a soma de seus coeficientes:
p(1) = an · 1n + an – 1 · 1n – 1 + an – 2 · 1n – 2 · 1n – 2 + ... + a1 · 1 + a0 ä p(1) = an + an – 1 + an – 2 + ... + a1 + a0
Se a = 0, o valor numérico de p(x) será o termo independente:
p(0) = an · 0n + an – 1 · 0n – 1 + an – 2 · 0n – 2 + ... + a1 · 0 + a0 ä p(0) = a0

Igualdade de polinômio
Dois polinômios são iguais ou idênticos se, e somente se, seus valores numéricos forem iguais para todo a [ C:
p(x) = q(x) à p(a) = q(a)(? a [ C)

Para que isso ocorra, a diferença p(x) – q(x) deve ser o Pin. Portanto, dois polinômios p(x) e q(x) são iguais se, e somente se,
tiverem coeficientes respectivamente iguais (os coeficientes dos termos de mesmo grau são todos iguais).

Raiz de um polinômio
Já sabemos que p(a) e o valor numérico do polinômio p(x) para x = a. Agora, se um numero complexo (real ou imaginario)
a for tal que p(a) = 0, esse número a será chamado de raiz do polinômio p(x).

361
Equações polinomiais ou algébricas Relações de Girard
Equação polinomial ou algébrica é toda equação que pode 1. A soma das raízes é:
ser escrita na forma: a 1
x1 + x2 + x3 + ... + xn = – ____
​  an – ​
  
anxn + an – 1xn – 1 + ... + a2x2 + a1x + a0 = 0 (com an ≠ 0) n

2. O produto das n raízes é:


Raiz ou zero de uma equação a0
x1 ⋅ x2 ⋅ x3 ⋅ ... ⋅ xn (–1)n = __
a​   ​ 
polinomial ou algébrica n

O valor a (raiz) de x que satisfaz a igualdade, ou seja, o 3. A soma dos produtos das raízes, quando tomadas:
valor tal que: a) duas a duas, é:
a 2
ana + an – 1a + ... + a1a + a0 = 0 x1x2 + x1x3 + ... + xn – 1xn = ____
n n–1
​  an – ​
  
n

Conjunto solução de uma b) três a três, é:


a 3
equação algébrica x1x2x3 + x1x2x4 + ... + xn – 2xn – 1xn = – ____
​  an – ​
  
n
c) quatro a quatro, é:
Trata-se do conjunto das raízes da equação.
a 4
x1x2x3x4 + x1x2x3x5 + ... + xn – 3xn – 2xn – 1xn = ____
​  an – ​
  
Decomposição em fatores Essas relações entre as raízes e os coeficientes de uma
n

de primeiro grau equação algébrica são denominadas relações de Girard.

Toda equação algébrica p(x) = 0 de grau n (n > 1) tem


pelo menos uma raiz complexa (real ou não). Pesquisa de raízes racionais de uma
equação algébrica de
De acordo com esse teorema, é possível mostrar que os
polinômios de grau n > 1 podem ser decompostos num
coeficientes inteiros
produto de fatores do primeiro grau. Vimos que as equações polinomiais de grau maior que 2
não têm um processo determinado de resolução por meio
Generalização de fórmulas. Procuremos, então, uma ou mais raízes e com
Dado o polinômio de grau n, do qual n > 1: elas encontrar todas as raízes.
p
p(x) = anxn + an­– 1xn – 1 + ... + a2x2 + a1x + a0 Se o número racional __
q​   ​,  com p e q primos entre si, for raiz
de uma equação algébrica de coeficiente inteiros:
se x1, x2, …, xn são raízes de p(x), podemos escrevê-lo
desta forma: anxn + an - 1xn - 1 + an - 2xn - 2 + ... + a2x2 + a1x + a0 = 0
p(x) = an(x – x1) (x – x2) (x – x3)... (x – xn)
p é divisor de a0 e q é divisor de an.
Multiplicidade da raiz
O número de vezes que uma mesma raiz aparece indica a
multiplicidade da raiz.

Se resolvermos a equação ax2 + bx + c = 0 (a ≠ 0).


Em R, isto é, com variáveis e coeficientes reais, pode-
mos obter:
§ D > 0 duas raízes reais distintas;
§ D = 0 duas raízes reais iguais, ou seja, uma raiz real
de multiplicidade 2 e
§ D < 0 nenhuma raiz real.
Em C, isto é, com variável e coeficientes complexos, po-
demos obter:
§ D = 0 uma raiz complexa de multiplicidade 2 e
§ D ≠ 0 duas raízes complexas distintas.

362
POLINÔMIOS

Operações com polinômios 1. x2 – 5x + 6 x – 3


x x2 : x = x
2. x2 – 5x + 6 x – 3
Divisão de polinômios −x2 + 3x x
−2x + 6 x(x – 3) = x2 – 3x
Dados dois polinômios p(x) e h(x), com h(x) não nulo, divi-
dir p(x) por h(x) significa encontrar dois polinômios q(x) e Trocando o sinal: –x2 + 3x
r(x) que satisfaçam as seguintes condições:
3. x2 – 5x + 6 x − 3
1. p(x) = h(x) · q(x) + r(x) –x2 + 3x x−2
–2x + 6 –2x : x = –2
2. o grau de r(x) não pode ser igual nem maior que o
grau de h(x) ou então r(x) = 0. 4. x – 5x + 6 x – 3
2

–x2 + 3x x–2
Portanto, dizemos que: –2x + 6
§ p(x) é o dividendo; 2x – 6
0 –2(x – 3) = –2x + 6
§ h(x) é o divisor;
§ q(x) é o quociente; Trocando o sinal: 2x – 6

§ r(x) é o resto. Verificamos que:

Para dividir o polinômio, usamos o método da chave, sem- p(x) h(x) q(x) r(x)
elhante ao empregado para números inteiros. x – 5x + 6
2 (x − 3) (x − 2) 0

Método da chave dividendo divisor quociente resto

Considerando esta divisão de números inteiros:


Divisão por x – a (dispositivo
prático de Briot-Ruffini)
1º) ​»​ 3º) ​»​
​33 ​7  8 ​33 ​7  8
4 –32 42

33 : 8 é 4
17
Roteiro desse dispositivo prático na
17 : 8 é 2 divisão de
2º) ​»​
​33 ​7  8 4º) ​»​
​33 ​7  8 p(x) = 3x3 – 5x2 + x – 2
–32 4 –32 42 por h(x) = x – 2
1 17
1.
–16
Subtraindo (ou
1
somando com o 2.
sinal trocado): 2 · 8 = 16
33 – 32 = 1 17 – 16 = 1
3. Repetimos (ou “baixamos”) o primeiro coeficiente
Observamos que: do dividendo:

337 8 42 1
resto
divisor quociente
dividendo

Utilizemos a mesma técnica para a divisão de polinômios.


3 · 2 = 6 e 6 + (–5) = 1

363
4. Multiplicamos o termo repetido pelo divisor e soma-
mos o produto com o próximo termo do dividendo:

1·2=2e2+1=3
5. Repetimos o processo para obter o novo termo
do quociente:

3 · 2 = 6 e 6 + (–2) = 4
De acordo com o quadro, obtemos:
q(x) = 3x2 + x + 3
r(x) = 4
que é o mesmo resultado obtido pelo método da chave.
Logo:
p(x) = 3x3 – 5x2 + x – 2 = (x – 2)(3x2 + x + 3) + 4

364
U.T.I. - Sala b) Determine o número de fósforos necessários para
que seja possível exibir concomitantemente todas as
primeiras 50 figuras.
1. (FUVEST)
a) Prove que numa PA (a1, a2, a3,...),a1 + a9 = a2 + a8. 3. (FUVEST - ADAPTADA) No plano cartesiano, os com-
b) Sabendo que a soma dos 9 primeiros termos da PA primentos de segmentos consecutivos da poligonal,
é 17874, calcule seu 5º termo. que começa na origem 0 e termina em B (ver figura),
formam uma progressão geométrica de razão q, com
2. (FUVEST) Em uma progressão aritmética a1, a2, a3, ..., an, 0 < q < 1. Dois segmentos consecutivos são sempre per-
... a soma de n primeiros termos é dada por Sn = bn2 + n, pendiculares. Então, se OA =1, qual é o valor a abscissa
sendo b um número real. Sabendo-se que a3 = 7 determine: x do ponto B = (x, y) ?
a) O valor de b e a razão da progressão aritmética.
b) O 20° termo da progressão.
c) A soma dos 20 primeiros termos da progressão.

3. (UFPR) Considere o número complexo


13  ​​  
z0 = 4i + ​​ ______
2 + 3i
a) Determine a parte real e a parte imaginária de z0.
b) Determine a e b, de modo que z = 1 – i seja solu-
ção da equação z2 + az + b = 0.

4. (UECE) Os números complexos distintos z e w são tais


que z + w = 1 e z · w = 1.
a) Calcule |z|.
b) Calcule o valor de z4 + w4 sabendo-se que z está
no primeiro quadrante do plano complexo. 4. (FUVEST) A soma dos cinco primeiros termos de uma
5. (UFPI - ADAPTADA) Um polinômio p(x) é divisível por PG, de razão negativa, é __1
​​  . ​​ Além disso, a diferença entre
2
x – 1 e, quando dividido por x2 + 2, deixa quociente o sétimo termo e o segundo termo da PG é igual a 3.
x2 + 1 e resto r(x). Se r(-1) = 2, escreva o polinômio p(x). Nessas condições, determine:
a) A razão da PG.

U.T.I. - E.O. b) A soma dos três primeiros termos da PG.

5. (FUVEST) Um “alfabeto minimalista” é constituído


1. (FUVEST) São dadas duas sequências: (x1, x2,...,xn,...) e por apenas dois símbolos, representados por * e #.
(y1, y2,...,yn,...). Uma palavra de comprimento n, n ≥ 1, é formada por
Sabe-se que y1 = 1 e y2 = 2, que xn = y(n+1) - yn e que n escolhas sucessivas de um desses dois símbolos. Por
a primeira sequência é uma progressão aritmética de exemplo, # é uma palavra de comprimento 1 e #**# é
razão 3. uma palavra de comprimento 4. Usando esse alfabeto
a) Escreva os 4 primeiros termos da sequência (xn). minimalista:
b) Escreva os 4 primeiros termos da sequência (yn). a) quantas palavras de comprimento menor do que 6
podem ser formadas?
2. (UNICAMP) Considere a sucessão de figuras apresen- b) qual é o menor valor de N para o qual é possível
tada a seguir. Observe que cada figura é formada por formar 1.000.000 de palavras de tamanho menor ou
um conjunto de palitos de fósforo. igual a N?

6. (UNESP) Sendo i a unidade imaginária e Z1 e Z2 os


números complexos
Z1 = i + i2 + i3 + ... + i22
Z2 = i + i2 + i3 + ... +i78,
Qual é o valor do produto Z1 · Z2?
a) Suponha que essas figuras representam os três pri-
meiros termos de uma sucessão de figuras que seguem 7. (UNIFESP) No plano de Argand-Gauss (figura), o pon-
a mesma lei de formação. Suponha também que F1 , F2 to A é chamado afixo do número complexo z = x + yi,
e F3 indiquem, respectivamente, o número de palitos cujo módulo (indicado por |z|) é a medida do seg-
——
usados para produzir as figuras 1, 2 e 3, e que o núme- )  e cujo argumento (indicado por θ) é o
mento (​​OA​​
——
ro de fósforos utilizados para formar a figura n seja Fn . menor ângulo formado com (​ ​OA​​) , no sentido anti-
Calcule F10 e escreva a expressão geral de Fn. -horário, a partir do eixo Re(z). O número complexo

365
z = i é chamado “unidade imaginária”. 12. (UNIFESP) Considere as funções quadráticas q1(x) e
q2(x) cujos gráficos são exibidos na figura.
lm (z)
gráfico de q1 y
y A

-1 0 1 3 4 x
θ
Re(z)
x
gráfico de q2
a) Determinar os números reais x tais que z = (x + 2i) é 4

um número real.
b) Se uma das raízes quartas de um número complexo
z é o complexo z0, cujo afixo é o ponto (0, a), a > 0,
determine |z|. a) Faça o esboço de um possível gráfico da função
produto q(x) = q1(x)q2(x).
8. (UFBA) Na figura, tem-se uma circunferência de cen-
tro na origem dos eixos coordenados e raio igual a b) Calcule o quociente do polinômio h(x) = xq(x) pelo
2 u.c. O comprimento do menor arco de origem em A polinômio k(x) = x + 1 e exiba suas raízes.
e extremidade em P1 é igual a __π
​​   ​​ u.c. Considere os pon-
3 13. (UNESP) Uma raiz da equação
tos P1, P2 e P3 vértices de um triângulo equilátero ins-
crito na circunferência e representados, nessa ordem, x3 – (2a – 1) x2 – a(a + 1)x + 2a2 (a – 1) = 0 é (a – 1).
no sentido anti-horário. Sendo P1, P2 e P3, respectiva-
Quais são as outras duas raízes dessa equação?
mente, afixos dos números complexos z1, z2 e z3, calcule
|​z​​—​ 1  + z25 + z3|.

y
2

O A
-2 2 x

P1

-2

9. (FGV - Adaptada) A figura indica a representação dos


números Z1 e Z2‚ no plano complexo. Se Z1 . Z2 = a + bi,
calcule a + b.
lm

2 Z1
Z2
2

Re
2√3

10. (FEI - ADAPTADA) Se o polinômio


p(x) = x4 - 6x3 + 7x2 + mx + n é divisível por x2 – 9x + 8,
qual é o valor da soma m + n ?

11. (Fuvest - ADAPTADA) Qual é a soma dos valo-


res de m para os quais x = 1 é a raiz da equação
x2 + (1 + 5m – 3m2) x + (m2 + 1) = 0?

366
MATEMÁTICA 2

367
COMBINAÇÃO SIMPLES

O conceito de combinação está intuitivamente associado à


noção de escolha de subconjuntos. Notas
Por exemplo, para o seguinte conjunto A:
1. A ordem dos elementos não importa, uma vez que
A = {1, 2, 3, 4, 5} são subconjuntos de um conjunto. Apenas os subcon-
juntos que diferem pela natureza dos seus elementos
Caso o objetivo seja obter todos os subconjuntos de A que
são considerados distintos.
possuem 3 elementos, o resultado será:
2. Como foi observado, do mesmo modo que se obtém
{1,2,3} , {1,2,4} , {1,2,5} , {1,3,4} , {1,3,5} , a fórmula da combinação por meio da divisão de um
{1,4,5} , {2,3,4} , {2,3,5} , {2,4,5}, {3,4,5} arranjo pela permutação, pode-se obter a combinação
Assim, se forem escolhidos elementos de 3 em 3 entre 5, sem o uso da fórmula, calculando o arranjo e dividindo
será obtido um total de 10 subconjuntos. Observe que o o resultado pela permutação dos elementos escolhidos.
subconjunto {3,2,1} não aparece na lista, pois é o mesmo
subconjunto que {1,2,3}, isto é, quando são tomados os
subconjuntos, a ordem dos elementos não importa. Uma propriedade importante
das combinações
Combinações simples de n elementos tomados p a p
De modo geral, vale a propriedade:
(p < n) são os subconjuntos com exatamente p elementos
que se podem formar com os n elementos dados. Cn, p = Cn, n – p

(  )
Indica-se por Cn , p, Cpn ou ​p n​ ​  ​o número total de combina- Exemplos
ções de n elementos tomados p a p e calcula-se por
An , p ​ 100 · 99
§ C100, 98 = C100, 2 = _______  ​  = 4950
2·1
​  n!   ​ 
Cn,p = ________ ou Cn,p = ____
​   ​  
p!(n – p)! p! § C43, 42 = C43, 1 = 43

NÚMEROS BINOMIAIS E TRIÂNGULO DE PASCAL

Números binomiais Triângulo de Pascal


0
n
Chama-se número binomial o número ​  n!   ​  
= ________ 0
p p!(n – p)! 1 1
0 1
(n é o numerador e p é a classe do número binomial).
2 2 2

Propriedade 3
0

3
1

3
2

3
Dois números binomiais são iguais, se tiverem o mesmo 0 1 2 3
numerador e: 4 4 4 4 4
0 1 2 3 4
§ se suas classes forem iguais; ou ∙ ∙ ∙ ∙     ∙
§ se a soma de suas classes for igual ao numerador (bi- n n n n
... n
nomiais complementares). 0 1 2 3 n

368
Calculando cada número binomial, obtém-se:
Propriedades dos
1 números binomiais
1 1 n n
1. = , pois a + b = n (binomiais complementares)
a b
1 2 1

1 3 3 1 n–1 n–1 n
2. + = (relação de Stifel)
p–1 p p
1 4 6 4 1

n n n n n n
1 5 10 10 5 1 3. + + + + ... + + = 2n
0 1 2 3 n–1 n

BINÔMIO DE NEWTON

n n n n n
(x + y)n = xn + xn – 1 y + xn – 2 y2 + … + xn – k yk + … + yn
0 1 2 k n

Termo geral do binômio


n
Tk + 1 = xn – kyk
k

CÁLCULO DE PROBABILIDADES

Eventos certos e impossíveis O evento A é um evento certo e o evento B, um evento


impossível.
No experimento aleatório “lançar um dado e registrar o
resultado”, obtém-se: União de eventos, intersecção de
§ Espaço amostral: W = {1, 2, 3, 4, 5, 6} eventos e complementar de um evento
§ Evento A: “ocorrência de um número menor que 7” No exemplo do lançamento de um dado, considerem-se
⇒ A = {1, 2, 3, 4, 5, 6}. Portanto, A = W. os eventos:

§ Evento B: “ocorrência de número maior que 6” ⇒ no § C: ocorrência de número par ⇒ C = {2, 4, 6};
dado não existe número maior que 6. Portanto, B = ∅. § D: ocorrência de múltiplo de 3 ⇒ D = {3, 6};
Se um evento coincidir com o espaço amostral, ele é chama- § E: ocorrência de número par ou número múltiplo de 3 ⇒
do evento certo. Se um evento for vazio, ele é chamado E = C ∪ D = {2, 4, 6} ∪ {3, 6} = {2, 3, 4, 6} (união
evento impossível. de eventos);

369
§ F: ocorrência de número par e múltiplo de 3 ⇒
F = C ∩ D = {2, 4, 6} ∩ {3, 6} = {6} (intersecção de
Cálculo de probabilidades
eventos); e
n(A)
​ número de elementos de A  ​ = ____
_____________________
  
p(A) =   ​   ​  
§ H: ocorrência de número ímpar ⇒ H = {1, 3, 5}. número de elementos de Ω n(Ω)
O evento complementar de C em relação a W é indicado p(A) =   
   ​  número de resultados favoráveis  ​
____________________________
 número total de resultados possíveis
​  = C​ U C.​  
H = C​
C e H são chamados eventos complementares. Ob-
serve que C ∩ H = ∅ e C ∪ H = W.
Certeza e impossibilidade
§ Se p(A) = 0, o evento A é o evento impossível; não há
Se a intersecção de dois eventos for o conjunto vazio, eles possibilidade de que ele venha a ocorrer.
serão chamados eventos mutuamente exclusivos.
§ Se p(A) = 1, o evento A é o evento certo e há certeza
de que ele ocorrerá.

PROBABILIDADE: ADIÇÃO

Definição teórica de probabilidade e consequência


1. impossibilidade ou p(∅) = 0
2. probabilidade do evento complementar


p(​A​)  = 1 – p(A)

3. propriedade da união de dois eventos

 
A ∪ B = (A ∩ B​​ )  ∪ (A ∩ B) ∪ (​A​ ∩ B)

p(A ∪ B) = p(A) + p(B) – p(A ∩ B) ⇒ probabilidade da união de dois eventos

Resumo das probabilidades calculadas


Evento Probabilidade

A ​ n(A) ​ 
p(A) = ____
n(Ω)

A​
​  1 – p(A)

A∪B p(A) + p(B) – p(A ∩ B)


  
​  ∩ B​
A​ ​  p(​A ∪ B​) 
  
​  ∪ B​
A​ ​  p(​A ∩ B​) 

A ∩ B​
​  p(A) – p(A ∩ B)

370
PROBABILIDADE CONDICIONAL

Probabilidade condicional Aplicações de probabilidade à genética


p(A > B) A genética é, talvez, o ramo da Biologia que mais aplica con-
p(A/B) = _______
​   ​ ou p(A
   > B) = p(A/B) · p(B) ceitos matemáticos da teoria das probabilidades. Conside-
p(B)
rando que a probabilidade trabalha com eventos chamados
Eventos independentes aleatórios, nada mais aleatório é que o encontro de dois
tipos de gametas com genes determinantes. Um indivíduo
Dois eventos A e B de um espaço amostral V (com heterozigoto para determinada característica (Aa) forma dois
p(A) ≠ 0 e p(B) ≠ 0) são independentes, se, e somente se, tipos de espermatozoides A e a. Se uma mulher também
p(A/B) = p(A), ou de modo equivalente: for heterozigota, poderá formar óvulos A e a. O fato de o
espermatozoide A ou a ser o responsável pela fecundação
p(A > B) = p(A) · p(B) depende apenas do acaso, bem como depende apenas do
acaso o fato de a célula feminina A ou a ser a fecundada.
Recordemos este esquema.
O método binomial
A probabilidade de nascerem n crianças, das quais k sejam
meninos e n – k sejam meninas numa família, é dada por:

p(k meninos, n – k meninas) = ​ ​ __n ​   p​ kqn – k


()
k

Ao aplicar essa fórmula, estamos aplicando o método binomial. Recordemos o quadro de possibilidades com suas respec-
Essa probabilidade é um termo da expansão binomial tivas probabilidades.
(p + q)n.

Outras aplicações do método binomial


§ Uma experiência é realizada n vezes, independentemente.
§ Em cada uma das n vezes, um evento A tem probabi-
lidade p de ocorrer.
§ A probabilidade de A não ocorrer em cada vez é dada
por q = 1 – p.
§ A probabilidade de A ocorrer em k das n vezes é dada
por ​ ​ __n ​  ​ pkqn – k.
() k

ESTATÍSTICA

Termos de uma pesquisa estatística


População e amostra
Chamemos de U o universo estatístico e de A uma amostra:
A,U

371
Indivíduo ou objeto Representação gráfica
Cada elemento que compõe a amostra é um indivíduo A representação gráfica fornece uma visão de conjunto
ou objeto. mais rápida que a observação dos dados numéricos. Por
isso, os meios de comunicação oferecem com frequência a
Variável informação estatística por meio de gráficos.

Variável qualitativa Gráfico de segmentos


Variáveis que são qualitativas, apresentam como possí-
veis valores uma qualidade (ou atributo) dos indivíduos
pesquisadores.
As variáveis qualitativas também podem ser ordinais, se
existirem uma ordem nesses valores, ou nominais, se não
ocorrer essa ordem.

Variável quantitativa
As variáveis de uma pesquisa, como altura, peso, idade em
anos e números de irmãos, são quantitativas, uma vez que
seus possíveis valores são númericos.
As variáveis quantitativas podem ser discretas, tratando-se
de contagem (números inteiros), ou contínuas, tratando-se
de medida (números reais).
Gráfico de barras
Quadro-resumo dos tipos de variável de uma pesquisa

Frequência absoluta e frequência relativa


Podemos associar a frequência relativa de um evento à
probabilidade de que ele ocorra. Se o número total de
citações for suficientemente grande, a frequência relativa
estabiliza-se em torno de um número que expresse a pro-
babilidade de ocorrência desse evento.

Tabela de frequências
A tabela que mostra a variável e suas realizações (valores),
com as frequências absoluta (FA) e relativa (FR), é chamada
tabela de frequências. Gráfico de setores
Nacionalidade FA FR
brasileira 6 60%
espanhola 3 30%
argentina 1 10%
Total 10 100%

372
Histograma § o número que ocupar a posição central, se n for ímpar; e
§ a média aritmética dos dois números que estiverem no
Se uma variável tiver seus valores indicados por classes (in-
centro, se n for par.
tervalos), é comum o uso de um tipo de gráfico conhecido
por histograma.
Medidas de dispersão
As medidas de tendência central mais usadas são a mé-
dia aritmética, a moda e a mediana, cujo objetivo é con-
centrar em um único número os diversos valores de uma
variável quantitativa.

Variância (V)
A ideia básica de variância é tomar os desvios dos
valores x1 em relação à média aritmética (x – MA).
Mas a soma desses desvios é igual a 0 (graças a uma
Medidas de tendência central propriedade da média). Uma opção possível é consi-
n

derar o total dos quadrados dos desvios ​ ​  (xi


​  – MA)2​ ∑
Média aritmética (MA)
 i = 1

n
e expressar a variância (V) como a medida dos qua-

n

x1 + x2 + x3 +...+ xn  i = 1 ​ ​   x​  i​ ∑
​ ​   (x
​  i – MA)2​
MA = _______________
​    n ​  = drados dos desvios, ou seja: i = 1 .
n
n
Média aritmética ponderada
Desvio padrão (DP)
Caso de um aluno que faz vários trabalhos com pesos dife-
rentes, isto é, com graus de importância diferentes.
O desvio padrão (DP) é a raiz quadrada da variância. Ele fa-
A média aritmética é empregada como medida de tendên- cilita a interpretação dos dados, uma vez que é expresso na
cia central, ou seja, como forma de, mediante um único mesma unidade dos valores observados (conjunto de dados).
número, dar uma ideia das características de determinado n

grupo de números. No entanto, convém ressaltar que em ∑


​ ​   x​  i​
algumas situações a presença de um valor bem maior ou § a média aritmética dos valores de x: MA =  i – 1
bem menor que os demais faz com que a média aritmética n
n
não consiga traçar o perfil correto do grupo. ∑
​ ​   (x
​  i – MA)2​
§ a variação de x: V =  i = 1
Moda (Mo) n
§ o desvio padrão de x: DP = d​ XX
V ​ 
Em Estatística, moda é a medida de tendência central definida
como o valor mais frequente de um grupo de valores observados.
No grupo de pessoas com idades de 2, 3, 2, 1, 2 e 50 anos, Notas
a moda é 2 anos (Mo = 2) e demonstra mais eficiência
1. Se todos os valores da variável forem iguais, o desvio
para caracterizar o grupo que a média aritmética.
padrão será 0.

Mediana (Me) 2. Quanto mais próximo de 0 for o desvio padrão, mais


homogênea será a distribuição dos valores da variável.
A mediana é outra medida de tendência central. 3. O desvio padrão é expresso na mesma unidade da
variável.
Dados n números em ordem crescente ou decrescente, a
mediana será:

373
Estatística e probabilidade
A estatística também é usada para estimar a probabilidade de ocorrência de um evento, principalmente se ela
​  evento  ​ .
____________
não puder ser calculada teoricamente pela razão P =  
espaço amostral
Previsões do tempo, resultados eleitorais, mortalidade causada por doenças, entre outras, são probabilidades calculadas por
frequências relativas de pesquisas estatísticas. Nesses casos, quanto maior for o histórico de dados a ser analisado, melhor
será a previsão.

MATRIZ

Definição Portanto,
§ para representar o elemento de uma matriz, usa-se
Sejam m e n dois números naturais não nulos. uma letra com dois índices: o primeiro indica em que
Denomina-se matriz m x n (lê-se m por n) uma tabela re- linha o elemento encontra-se, e o segundo, em que
tangular formada por m · n números reais, disposta em m coluna; por exemplo, a23 é o elemento que está na se-
linhas e n colunas. gunda linha e na terceira coluna;
Diz-se que a matriz é do tipo m × n ou de dimensão m × n. § o elemento genérico de uma matriz A será indicado
por aij, do qual i representa a linha e j representa a
§ 2 3 é uma matriz do tipo 2 × 2 (dois por dois). coluna na qual o elemento encontra-se; ele é chamado
5 1 de ij-ésimo elemento da matriz; e
§ a matriz A, do tipo m × n, será escrita, genericamente,
​ 1 ​  –5 1
__
§ 2 é uma matriz do tipo 2 × 3 (dois por três). deste modo:
2 ​dXX3 ​  0

a11 a12 a13 ... a1n a11 a12 a13 ... a1n a11 a12 a13 ... a1n
a21 a22 a23 ... a2n a21 a22 a23 ... a2n a21 a22 a23 ... a2n
a31 a32 a33 ... a3n  ou  a31 a32 a33 ... a3n  ou  a31 a32 a33 ... a3n
. . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . .
am1 am2 am3 ... amn am1 am2 am3 ... amn am1 am2 am3 ... amn

Matriz quadrada 1 3 10
Consideremos uma matriz m × n. 3 2 –3 0 8
–1 6
Se m = n (o número de linhas é igual aos números de colu-      5 –1 6
nas), diz-se que a matriz é quadrada de ordem n. diagonal principal diagonal principal

§ 3 5 é uma matriz quadrada de ordem 2 (m = n = 2). A outra diagonal da matriz quadrada nomeia-se de dia-
2 6 gonal secundária (são os elementos aij com i + j = n + 1).

5 3 10 1 3 10
3 2 –3 0 8
§ –1 –4 6 é uma matriz quadrada de ordem 3
–1 6
d ​ 1 ​  (m = n = 3).
2 ​  0 – __
​ XX      5 –1 6
2 diagonal secundária diagonal secundária

Numa matriz quadrada de ordem n, os elementos a11, a22,


a33, ..., ann formam a diagonal principal da matriz (são os
Matriz triangular
elementos aij com i = j). Consideremos uma matriz quadrada de ordem r.

374
Se os elementos acima ou abaixo da diagonal principal elementos são iguais a zero, é chamada matriz identidade,
forem todos nulos, diz-se que a matriz é triangular. cujo símbolo é In

1 5 7 –9
0 3 ​ 2 ​ 
8 – __ I3 =     I2 =    
2 0 0 3
8 3 0 0 0 0 –1
7 9 –5        0 0 0 4

matriz triangular inferior matriz triangular superior

Matriz diagonal  I5 =     I1 = [1]

A matriz quadrada de ordem n, em que todos os elemen-


tos acima e abaixo da diagonal principal são nulos, é cha-
mada matriz diagonal.
aij = 1, para i = j
2 0 0 Numa matriz   
identidade, há   
​   ​.
aij = 0, para i ≠ j
0 3 0
0 0 –5
Matriz nula
Numa matriz diagonal, aij = 0 para i ≠ j. No conjunto das matrizes, a matriz em que todos os ele-
mentos são iguais a zero denomina-se matriz nula, que
Matriz identidade pode ser simbolizada como do tipo m × n por 0m × n matriz
A matriz quadrada de ordem n, em que todos os elemen- nula quadrada de ordem n por 0n.
tos da diagonal principal são iguais a 1 e os outros

Adição de matrizes
Propriedades da adição de matrizes
Números reais Matrizes m × n
Comutativa a+b=b+a A + B = B +A
Associativa (a + b) + c = a + (b + c) (A + B) + C = A + (B + C)
Elemento neutro a+0=0+a=a A + 0 = 0 +A =A
Elemento oposto a + (–a) = (–a) + a = 0 A + (–A) = (–A) + A = 0
Cancelamento a=bàa+c=b+c A = B àA + C = B + C

Matriz oposta de uma matriz A


Denomina-se matriz oposta de uma matriz A (representada por –A) a matriz que, somada com A, resulta uma matriz nula.

Subtração de matrizes
Se A e B forem duas matrizes do tipo m × n, denomina-se diferença entre A e B (representada por A – B) a soma da matriz
A com a matriz oposta de B.
A – B = A + (–B)

Multiplicação de um número real por uma matriz


O produto de um número real pela matriz A é uma matriz obtida da multiplicação do número real pelos elementos de A.

375
Propriedades
Se a e b forem números reais e A e B, matrizes de mesmo tipo, a demonstração é esta:
(a + b) A = a · A + b · A a (b · A) = (a · b)A
a(A + B) = a · A + a · B 1 ·A =A

Matriz transposta de uma matriz dada


Seja A uma matriz m × n. Denomina-se matriz transposta de A (indicada por At) a matriz n × m cujas linhas são, ordenadas,
as colunas de A.

Propriedades da matriz transposta


Observe as propriedades com matriz transposta:

(At)t = A   (aA)t = aAt   (A + B)t = At + Bt

MULTIPLICAÇÃO DE MATRIZES

Definição matemática da multiplicação de matrizes


Am × n  ⋅  Bn × p  =  ABm × p

Propriedades da multiplicação de matrizes


A multiplicação de matrizes não é comutativa.

Se A, B e C são matrizes, tal que AB = AC, não se pode garantir que B e C sejam iguais.
Na multiplicação de matrizes não vale a propriedade do anulamento.

Se A e B são matrizes, tal que AB = 0 (matriz nula), não se pode garantir que uma delas seja nula.

Notas
A definição de multiplicação de matrizes e o fato de ela não ser comutativa obriga a análise cuidadosa da
propriedade do elemento neutro.

§ se A é uma matriz quadrada de ordem n, logo Aln = lnA = A; e


§ se A é uma matriz do tipo m × n, com m ≠ n, logo Aln = lmA = A.

As propriedades associativa e distributiva valem para a multiplicação de matrizes.

Uma propriedade envolvendo transposta de matriz produto


Caso haja produtos envolvidos, haverá mais uma propriedade da multiplicação de matrizes:
(AB)t = BtAt

376
MATRIZ INVERSA E EQUAÇÕES MATRICIAIS

Matriz inversa de Resolução:


X + A = B ⇒ X + A + (–A) = B + (–A) ⇒
uma matriz dada
Dada uma matriz quadrada A, de ordem n, se X é uma ⇒X+0=B–A⇒X=B–A
matriz tal que AX = In e XA = In, ela é denominada matriz
inversa de A e é indicada por A–1. –1 –3 1 –3

Caso exista a matriz inversa de A, diz-se que A é uma ma- X= 1 –5 – 1 5 ⇒


triz invertível ou não singular. 2 4 2 0

Equações matriciais –1 –3 –1 3 –2 0
Definidas as operações de adição, subtração e multipli-
cação de matrizes e de multiplicação de um número real X= 1 –5 + –1 –5 = 0 –10
por uma matriz, é possível resolver equações cujas incóg-
2 4 –2 0 0 4
nitas são matrizes.
Essas equações são chamadas equações matriciais.
–2 0
1 –3 –1 –3 Assim, a matriz pedida é X = 0 –10 .
Se A = 1 5 eB= 1 –5 , obtenha a matriz X, 0 4
2 0 2 4
tal que X + A = B.

DETERMINANTES

Determinante de matriz quadrada de ordem 1


Seja a matriz quadrada de ordem 1, indicada por A = [a11].
Por definição, o determinante de A é igual ao número a11, que é indicado assim: det A = a11.

Determinante de matriz quadrada de ordem 2


Se A for uma matriz quadrada de ordem 2, calcula-se seu determinante fazendo o produto dos elementos da diagonal
principal menos o produto dos elementos da diagonal secundária.
a11 a12
Dada a matriz A = , seu determinante é indicado assim:
a21 a22

det A = a11 ⋅ a22 – a12 ⋅ a21

Determinante de matriz quadrada de ordem 3


a11 a12 a13
det A = a a a = a11a22a33 + a12a23a31 + a13a32a21 – a13a22a31 – a12a21a33 – a11a32a23
21 22 23

a31 a32 a33

377
Determinante de matriz Quarta propriedade: multiplicação
de uma fila por uma constante
quadrada de ordem maior que 3
Se todos os elementos de uma linha – ou de uma coluna –
Conhecida como regra de Chió, essa regra consiste no “re- de uma matriz quadrada são multiplicados por um mesmo
baixamento” da ordem da matriz, mantendo-se constante número real k, seu determinante fica multiplicado por k.
o valor de seu determinante.
Consequência: multiplicação
Teorema de Laplace da matriz por uma constante
Dada uma matriz A, o cofator de um elemento aij é dado
por Aij = (-1)i+j . Dij , onde Dij é o determinante da matriz Se uma matriz quadrada M de ordem n é multiplicada por um
restante ao eliminar a linha i e a coluna j da matriz A. número real k, seu determinante fica multiplicado por kn:
det (kMn) = kn · det Mn

Propriedades dos
Quinta propriedade:
determinantes determinante da transposta
Primeira propriedade: fila de zeros O determinante de uma matriz quadrada M é igual ao deter-
minante de sua transposta, isto é, det M = det (Mt).
Se todos os elementos de uma linha ou coluna de uma
matriz quadrada M forem iguais a zero, seu determinante
será nulo, isto é, detM = 0.
Sexta propriedade: determinante
da matriz triangular
O determinante de uma matriz triangular é igual ao produto
–1 –4 9 –1 –4
dos elementos da diagonal principal.
2 8 3 2 8 =0
0 0 0 0 0
0 0 0 0 0 0

Segunda propriedade: filas


paralelas proporcionais Sétima propriedade: teorema de Binet
Se A e B são duas matrizes quadradas de mesma ordem e AB
Se uma matriz quadrada M tiver duas linhas (ou duas
é a matriz produto, det (AB) = (det A) . (det B).
colunas) proporcionais, seu determinante será nulo, isto
é, detM = 0.
Oitava propriedade: teorema de Jacobi
det A = = kab – kab = 0 Seja A uma matriz quadrada. Se todos os elementos de uma
linha (ou coluna) forem multiplicados pelo mesmo número

Terceira propriedade: troca e se forem somados os resultados aos elementos correspon-


dentes de outra linha (ou coluna), forma-se a matriz B; por-
de filas paralelas tanto, det A = det B.

Se a posição de duas linhas (ou duas colunas) de uma


matriz quadrada M forem trocadas entre si, o determi-
Nona propriedade:
nante da nova matriz obtida é o oposto do determinante determinante da inversa
da matriz anterior.
Seja A uma matriz quadrada invertível e A–1 sua inversa.
​  1   ​. 
Portanto, det A–1 = ____
det A

378
Teorema de Laplace Cofator
Se A é uma matriz quadrada de ordem n $ 2, ela é deno-
Menor complementar minada cofator do elemento aij de A o número real:
Se A é uma matriz quadrada de ordem n $ 2, ela é deno- Aij = (–1)i + j · Dij, do qual Dij é o menor complementar de A
minada menor complementar de A pelo elemento aij, cujo pelo elemento aij.
determinante é Dij, associado à matriz quadrada que se ob-
tém de A, ao se suprimir a linha e a coluna que contêm o ele-
mento aij­considerado. Esse determinante é indicado por Dij. Observação1
Observe:
Note que Aij = Dij, se i + j for par; e Aij = –Dij, se i + j for
ímpar.
Então sim, o teorema de Laplace pode ser enunciado:
O determinante associado a uma matriz quadrada A de
ordem n $ 2 é o número obtido da soma dos produtos
dos elementos de uma linha (ou de uma coluna) qualquer
pelos respectivos cofatores.
O menor complementar de A pelo elemento a23 é um nú-
mero indicado assim: Observação2
Se a linha escolhida para o cálculo do determinante tiver
elementos iguais a zero, não há necessidade de multipli-
car os cofatores pelos zeros, uma vez que o produto será
nulo, independentemente, do valor do cofator. Por isso,
ao empregar o teorema de Laplace, as melhores linhas
ou colunas para o cálculo do determinante serão as que
tiverem maior quantidade de zeros. Se não houver termos
iguais a zero, eles podem ser criados, mediante o emprego
da oitava propriedade dos determinantes (teorema de
Nota Jacobi).

A = (aij) é uma matriz.


aij é um elemento da matriz A.
Dij é um número, uma vez que é um determinante.

SISTEMAS LINEARES

Equações lineares Sistemas de equações lineares


Denomina-se sistema linear m · n o conjunto S de m equações
lineares em n incógnitas, que pode ser representado assim:
De modo geral, denomina-se equação linear toda equa-
ção que pode ser escrita nesta forma:
a1x1 + a2x2 + a3x3 +...+anxn = b,
na qual:
§ x1, x2, x3, ..., xn são as incógnitas;
§ a1, a2, a3, ..., são números reais chamados coeficientes
das incógnitas; e
Solução de um sistema linear
§ b é o termo independente. Dizemos que (a1, a2, a3,..., an) é solução de um sistema
linear, se (a1, a2, a3, ..., an) for solução de cada uma das
equações do sistema, ou seja, se satisfizer, simultaneamen-
te, todas as equações do sistema.
379
A igualdade ax = b, com incógnita 2.
real x, a [ R e b [ R y

Observe igualdades desse tipo nestes exemplos: 1

​ 6 ​  = 3, como o único valor real possível


Em 2x = 6, x = __
1 2 3 4 5
2 x
para x.
2x - 4y = 2 -1
Em 0x = 7, não há valor real para x, uma vez que não há
número real que, multiplicado por 0, dê 7. -2

Em 0x = 0, x pode assumir qualquer valor real, uma vez


x - 2y = 5 -3
que todo número real multiplicado por 0 dá 0.
-4
De modo geral:
§ ax = b, com a i 0 ä x = __a​ b ​,  é o valor único de x. -5

§ ax = b, com a = 0 e b i 0 ä não existe valor real


para x. As retas paralelas e distintas indicam que não há par que
seja solução do sistema (sistema impossível).
§ ax = b, com a = 0 e b = 0 ä x pode assumir qualquer
valor real. 3.

Interação geométrica dos


sistemas lineares 2 × 2
Os pares de números reais que são soluções de uma equa-
ção linear com duas incógnitas determinam uma reta (grá-
fico). A intersecção das duas retas das equações do sistema
determina uma solução, se ela existir.
Representação gráfica dos três sistemas resolvidos por adição:

1. As retas coincidentes indicam que há infinitos pares que são


soluções do sistema (sistema possível e indeterminado).

Classificação de um
sistema linear 2 × 2

As retas concorrentes indicam que há um único par que


é solução do sistema (sistema possível e determinado).

380
Se D = 0, o sistema (3 × 3 ou n x n) não é SPD (portanto,
Observação ou SPI ou SI).

O sistema linear pode ser escrito na


Sistemas lineares equivalentes
Dois sistemas lineares são equivalentes, se tiverem o mes-
forma matricial . mo conjunto solução.

A partir dessa forma matricial, pode-se aplicar o determi-


nante da matriz dos coeficientes para saber se o sistema Resolução de sistemas
é determinado ou não. pela regra de Cramer
a1 b1
É fácil notar que, se a__
​   ​  i __
​   ​,  D = a1b2 – a2b1 i 0. Por isso,
2 b2 § Inicialmente, calcula-se D, o determinante da matriz
basta o sistema determinante da matriz dos coeficientes dos coeficientes do sistema (matriz incompleta):
não ser nulo para o sistema ser determinado.
d c
d e D= c
Classificação e resolução de d c
sistemas lineares escalonados Se D i 0, é possível prosseguir, uma vez que o sistema é
Para classificar um sistema escalonado, basta observar a possível e determinado (SPD).
última linha com bastante atenção, uma vez que a últi-
Se D = 0, não se aplica a regra de Cramer.
ma linha num sistema de n incógnitas é a n-ésima li-
nha; se não existir, deve ser considerada totalmente nula § Em seguida, para cada incógnita a ser determinada,
(0x + 0y + 0z + ... = 0, equivale a 0 = 0). calcula-se um novo determinante, que é o da matriz
obtida, substituindo-se, na matriz dos coeficientes, a
Na última, é possível que haja:
coluna dos coeficientes da incógnita a ser determinada
§ uma equação do primeiro grau com uma incógnita pela coluna dos termos independentes:
(2z = 4; 5w = 0; z = –1, ...): o sistema é SPD;
§ uma igualdade sem incógnita que é verdadeira (0 = 0; Dx (para determinar x) =
2 = 2; 5 = 5; ...): o sistema é SPI; e
§ uma igualdade sem incógnita que é falsa (0 = 9; 0 = 2;
0 = –4; ...): o sistema é SI.
Dy (para determinar y) =
Determinante da matriz incompleta
Da mesma forma que ocorre com o sistema 2 × 2, pode-
mos usar um determinante para separar sistemas SPD dos
Dz (para determinar z) =
demais (SPI e SI).
Isso serve para sistemas 3 × 3 e mesmo para sistemas
n x n quaisquer. Num sistema 3 x 3 genérico, teríamos § O valor de cada incógnita é o quociente de cada um
desses determinantes por D, ou seja:
D Dy D
x = __
​  x ​   y = ​ __ ​   z = __
​  z ​ 
 , e o determinante da matriz incompleta D D D
(matriz dos coeficientes)
A regra de Cramer pode ser aplicada para qualquer sistema
n × n, com D i 0.
seria .
Sistemas lineares homogêneos
Se num sistema linear todos os termos independentes forem
Se D i 0, o sistema (3 × 3 ou n x n) é SPD. nulos, o sistema será denominado sistema linear homogêneo.

381
São sistemas lineares homogêneos:

É importante observar que um sistema linear homogêneo n x n (com n > 2) é sempre possível, uma vez que admite pelo
menos a solução (0, 0, 0), denominada solução trivial, nula ou imprópria.
Esses sistemas homogêneos, sempre possíveis, são os únicos que podem ser classificados apenas a partir do cálculo deter-
minante. Como não há chance de o sistema homogêneo ser SI, se o determinante for nulo, o sistema homogêneo será SPI.
Ainda assim, para resolver o sistema de D = 0, ele deve ser escalonado.

382
U.T.I. - Sala Sabe-se que a média aritmética dessas notas é 8,2.

Considerando as notas dos oito alunos, é correto afirmar


1. (UFPR) Um cadeado com segredo possui três engre- que a nota do aluno G é:
nagens, cada uma contendo todos os dígitos de 0 a 9.
Para abrir esse cadeado, os dígitos do segredo devem ser 1) igual à moda.
colocados numa sequência correta, escolhendo-se um 2) inferior a 9,8.
dígito em cada engrenagem. (Exemplos: 237, 366, 593...) 4) superior à mediana.
a) Quantas possibilidades diferentes existem para a 8) inferior à média aritmética das outras sete notas.
escolha do segredo, sabendo que o dígito 3 deve apa- Dê a soma das respostas corretas.

[ ]
recer obrigatoriamente e uma única vez?   a11 a12 a13
  
b) Qual é a probabilidade de se escolher um segredo 4. (UNICAMP) Considere a matriz A = ​​  a​ 22 ​ ​ a23 ​ ,​​ cujos
 ​a21 ​      
coeficientes são números reais. a a a
no qual todos os dígitos são distintos e o dígito 3 31 23 33

aparece obrigatoriamente? a) Suponha que exatamente seis elementos dessa


2. (FUVEST) João e Maria jogam dados em uma mesa. matriz são iguais a zero. Supondo também que não
São cinco dados em forma de poliedros regulares: um há nenhuma informação adicional sobre A, calcule a
tetraedro, um cubo, um octaedro, um dodecaedro e um probabilidade de que o determinante dessa matriz
icosaedro. As faces são numeradas de 1 a 4 no tetraedro, não seja nulo.
de 1 a 6 no cubo, etc. Os dados são honestos, ou seja, b) Suponha agora, que aij = 0 para todo elemento que
para cada um deles, a probabilidade de qualquer uma j > i, e que aij = i – j +1 para os elementos em que j ≤ i. De-
das faces ficar em contato com a mesa, após o repouso termine a matriz A, nesse caso, e calcule a sua inversa A-1.
do dado, é a mesma. Num primeiro jogo, Maria sorteia,
ao acaso, um dos cinco dados, João o lança e verifica o 5. (FUVEST) João entrou na lanchonete BOG e pediu 3
número da face que ficou em contato com a mesa. hambúrgueres, 1 suco de laranja e 2 cocadas, gastando
R$ 21,50. Na mesa ao lado, algumas pessoas pediram 8
hambúrgueres, 3 sucos de laranja e 5 cocadas, gastando
R$ 57,00. Sabendo-se que o preço de um hambúrguer,
mais o de um suco de laranja, mais o de uma cocada to-
taliza R$ 10,00, calcule o preço de cada um desses itens.

U.T.I. - E.O.
Poliedros regulares 1. (UNIFESP) Em uma pesquisa de mercado realizada
nas cidades de São Paulo e de Santos, cada entrevis-
Tetaedro 4 faces tado teve que escolher apenas uma dentre seis marcas
Cubo 6 faces de sabonete (A, B, C, D, E e F). Os gráficos de radar in-
Octaedro 8 faces dicam os resultados dessa pesquisa nas duas cidades.
Por exemplo, cinco pessoas escolheram a marca A em
Dodecaedro 12 faces São Paulo, e três em Santos; três pessoas escolheram a
Icosaedro 20 faces marca B em São Paulo, e duas em Santos.

a) Qual é a probabilidade de que esse número seja


maior do que 12?
b) Qual é a probabilidade de que esse número seja
menor do que 5?
c) Num segundo jogo, João sorteia, ao acaso, dois dos
cinco dados. Maria os lança e anota o valor da soma
dos números das duas faces que ficaram em contato
com a mesa, após o repouso dos dados.

Qual é a probabilidade de que esse valor seja maior do


que 30? a) Sorteando-se ao acaso um dos entrevistados, con-
siderando as duas cidades, qual é a probabilidade de
3. (EPCAR-AFA-ADAPTADO) As notas de oito alunos que essa pessoa tenha escolhido ou a marca D ou a
numa prova de matemática foram escritas pelo profes- marca F?
sor numa tabela como a que segue: b) A mesma pesquisa foi realizada na cidade de Campi-
nas, com 17 pessoas: a marca F foi a única mais votada,
Aluno A B C D E F G H com seis escolhas; a marca C foi a única menos votada,
Nota 6,5 10 8 9,4 8 6,4 x 7,4 com nenhuma escolha; nenhuma marca obteve apenas

383
um voto. Levando em consideração apenas essas in- quer combinação de times por grupo pode ocorrer, com
formações, calcule o total de configurações diferentes igual probabilidade). Suponha, também, que os times
possíveis de um gráfico de radar (no mesmo formato do Brasil e da Alemanha participem do torneio.
das pesquisas de São Paulo e Santos) com os resulta- a) Qual será o número total de jogos na Fase 1 desse torneio?
dos da pesquisa realizada em Campinas.
b) Nas condições estabelecidas no enunciado desta
2. (PUC-RJ) Temos um baralho comum, com 52 cartas, questão, qual é a probabilidade de que Brasil e Ale-
das quais 4 são ases. manha se enfrentem na Fase 1 do torneio?
c) João é fã de futebol e conseguiu ingressos para
a) Tiramos uma carta ao acaso. Qual é a probabilida-
dois jogos da Fase 1 do referido torneio. Considere
de de que ela seja um ás?
que a chance de João obter ingresso para qualquer
b) Tiramos (do baralho completo) 5 cartas (simultane- dos jogos da Fase 1 seja a mesma. Nessas condições,
amente). Qual é a probabilidade de que, entre essas qual é a probabilidade de que João assista a pelo me-
cartas, não haja nenhum ás? nos um jogo da seleção do Brasil?
3. (PUC-RJ) Uma urna tem 9 bolas, cada uma marcada 8. (FGV) A tabela mostra a série de um indicador eco-
com uma das letras de A a I: nômico de um país, em bilhões de US$, nos 12 meses
de 2013.

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
21 24 20 23 22 22 18 17 16 17 16 18
Esmeralda sorteia duas bolas para entrarem na caixa I,
três bolas para entrarem na caixa II, e as quatro bolas
restantes são colocadas na caixa III. a) Calcule a média, a(s) moda(s), a mediana e a maior taxa
mensal de crescimento (em porcentagem) dessa série.
b) Sabe-se que, em janeiro de 2014, esse indicador
econômico atingiu um valor positivo para o qual a
nova série (de janeiro de 2013 até janeiro de 2014)
passou a ter mediana de 18 bilhões de US$, e um nú-
mero inteiro de bilhões de US$ como média mensal.
a) Qual é a probabilidade de que a bola A esteja na Calcule o desvio médio (DM) dessa nova série.
caixa I? n

b) Qual é a probabilidade de que haja exatamente ​ ​   ∑


 ​  |xi – –
x|​
uma bola com vogal na caixa I? Dado: Desvio =  i = 1 , sendo x a média aritmética.
c) Qual é a probabilidade de que haja uma bola com n
vogal em cada caixa? 9. (FUVEST) Deseja-se formar uma comissão composta
4. (UFPE) No desenvolvimento binomial de ​​1 + __1
3 (  10
​  ​   ​​ , ) por sete membros do Senado Federal brasileiro, aten-
dendo às seguintes condições: (i) nenhuma unidade da
quantas parcelas são números inteiros?
Federação terá dois membros na comissão, (ii) cada uma
5. (FGV - ADAPTADA) Sendo k um número real positi- das duas regiões administrativas mais populosas terá
vo, o terceiro termo do desenvolvimento de (–2x + k)12, dois membros e (iii) cada uma das outras três regiões
ordenando segundo os expoentes decrescentes de x, é terá um membro.
66x10. Assim qual é o valor de k? a) Quantas unidades da Federação tem cada região?
b) Chame de N o número de comissões diferentes que
6. (UNIFESP) Um jovem possui dois despertadores. Um podem ser formadas (duas comissões são considera-
deles funciona em 80% das vezes em que é colocado das iguais quando têm os mesmos membros). Encon-
para despertar e o outro em 70% das vezes. Tendo um tre uma expressão para N e simplifique-a de modo a
compromisso para daqui a alguns dias e preocupado obter sua decomposição em fatores primos.
com a hora, o jovem pretende colocar os dois relógios c) Chame de P a probabilidade de se obter uma co-
para despertar. missão que satisfaça as condições exigidas, ao se es-
a) Qual é a probabilidade de que os dois relógios ve- ​​ 1  ​​  .
colher sete senadores ao acaso. Verifique que p < ___
50
nham a despertar na hora programada?
Segundo a Constituição da República Federativa do
b) Qual é a probabilidade de que nenhum dos dois
relógios desperte na hora programada? Brasil — 1988, cada unidade da Federação é repre-
sentada por três senadores.
7. (FGV) O torneio de futebol masculino nos Jogos Olím-
picos de Verão 2016 contará com 16 times. Na Fase 1, 10. (UFBA) Um quadrado mágico é uma matriz qua-
serão formados quatro grupos com quatro times cada drada de ordem maior ou igual a 3, cujas somas dos
um. Cada time enfrentará, uma única vez, os demais termos de cada linha, de cada coluna, da diago-
times de seu próprio grupo. Suponha que os 16 times nal principal e da diagonal secundária têm o mes-
sejam sorteados aleatoriamente entre os grupos (qual- mo valor, que é chamado de constante mágica.

384
Estabeleça um sistema de equações que permita de- a) Sabendo que m = ___ 3n
​​   ​​   e que a pessoa gastou o
4
terminar os valores de x, y e z que tornam a matriz

( 
mesmo número de forminhas vermelhas e azuis, de-

)
    -2x + 3  z   x + 2y +1
+ 9    
A = ​​   
​  x + y + 
  ​ ​  -y   
2   ​ 
​-x+8 
+ 8   

      ​   
​​um quadrado mágico termine o número de brigadeiros da bandeja.
-4z + 5 y - z + 1 -x + z +4 b) Se a pessoa compra a massa do brigadeiro já pronta,
e calcule esses valores. em latas de 1 litro, e se cada brigadeiro, antes de rece-
ber o chocolate granulado que o cobre, tem o formato
11. (UEMA) Uma matriz A (m × n) é uma tabela retangular de uma esfera de 2 cm de diâmetro, quantas latas ela
formada por m × n números reais (aij), dispostos em tem que comprar para produzir 400 brigadeiros? (Dica:
m linhas e n colunas. O produto de duas matrizes lembre-se de que 1 litro corresponde a 1000 cm³.)
A (m × n) = (aij) e B (n × p) = (bij) é uma matriz C (m × p) = (cij),
em que o elemento cij é obtido da multiplicação ordenada 15. (UNICAMP) Pedro precisa comprar x borrachas, y lá-
dos elementos da linha i, da matriz A, pelos elementos da pis e z canetas. Após fazer um levantamento em duas
coluna j, da matriz B, e somando os elementos resultantes papelarias, Pedro descobriu que a papelaria A cobra R$
das multiplicações. A soma de matrizes é comutativa, ou 23,00 pelo conjunto de borrachas, lápis e canetas, en-
seja, A + B = B + A. Faça a multiplicação das matrizes quanto a papelaria B cobra R$ 25,00 pelo mesmo mate-
A e B e verifique se esse produto é comutativo, ou seja: rial. Em seu levantamento, Pedro descobriu que a pape-
A × B = B × A. laria A cobra R$ 1,00 pela borracha, R$ 2,00 pelo lápis

[  ] [ 
e R$ 3,00 pela caneta e que a papelaria B cobra R$ 1,00
1 2

A = ​​ ​  
   
0 ​ 1 
 ​ ​   
0 0 1
3 0
   
​  2  ​   ​​ e B = ​​ 1 
1  
​ ​  -2 
-2
​   ​   

0 1
]
​3  ​   ​​
0
pela borracha, R$ 1,00 pelo lápis e R$ 4,00 pela caneta.
a) Forneça o número de lápis e de borrachas que Pe-
12. (UFPR) Na função dro precisa comprar em função do número de canetas
que ele pretende adquirir.
​​a​ +  ​
f(a + bi) = det   
   –i
bi 1
      [ 
​ + i 
1 – 2i

​  ​​ , ] b) Levando em conta que x ≥ 1, y ≥ 1 e z ≥ 1, e que
essas três variáveis são inteiras, determine todas as
são números reais e i é a unidade imaginária. Consid- possíveis quantidades de lápis, borrachas e canetas
erando que para calcular o determinante acima usa- que Pedro deseja comprar.
se a mesma regra de determinantes de matrizes com
números reais:
a) Calcule f(1 + i) e f(0).
b) Encontre números reais a e b tais que f(a + bi) = 0.
x   2  
13. (UNICAMP) Seja dada a matriz A = ​​  ​ 2 ​   ​x ​   
x é um número real.
0
[
​  6  ​   e​​ m que
0 6 16x
]
a) Determine para quais valores de x o determinante
A é positivo.
3 
[  ]
b)Tomando C = ​​ ​  4  ​   ​​ e supondo que, na matriz A, x = –2
-1
calcule B = AC.

14. (UNICAMP) Em uma bandeja retangular, uma pessoa


dispôs brigadeiros formando n colunas, cada qual com
m brigadeiros, como mostra a figura abaixo. Os briga-
deiros foram divididos em dois grupos. Os que estavam
mais próximos das bordas da bandeja foram postos em
forminhas azuis, enquanto os brigadeiros do interior da
bandeja foram postos em forminhas vermelhas.

385
386
MATEMÁTICA 3

387
ESFERAS

Área da superfície esférica ​ 360º


____
u
​ 4πr  ​ 
  ​  = ____
Afuso
2

A = 4pR2 Afuso = ____


​  u   ​  ∙ 4πr2
360º

Volume da esfera Cunha esférica


​ 4 ​ pR3
V = __ Da mesma forma que obtemos uma superfície ao rota-
3
cionarmos uma semicircunferência, também obtemos um
Fuso esférico sólido denominado cunha esférica.

Se rotacionarmos uma semicircunferência ao redor do eixo


que passa pelo diâmetro por um ângulo, obtemos uma su-
perfície denominada fuso esférico.

Vcunha = ____ ​ 4 ​π


​  u   ​  ∙ __   r3
360º 3

GEOMETRIA ANALÍTICA

Distância entre dois pontos


_______________
Coordenadas do ponto médio

d(A, B) = ​​  
(xB – xA)2 + (yB – yA)2 ​​ de um segmento de reta
x +x
Ponto divisor xm = ______
​  A  ​B  
2
y +y
ym = _____
​  A  ​B  
2

Coordenadas do baricentro
de um triângulo
x + xB + xC
xG =_________
​  A  ​   
3
xA – xP _____ y –y y + yB + yC
​ AP ​  =
r = ___ _____  = y​  A – y P ​  yG =_________
​  A  ​  

PB x​  P – xB ​  P B 3

388
Condição de alinhamento em função de uma terceira variável, t, mediante expressões
do primeiro grau. A variável t é chamada de parâmetro.
de três pontos Exemplo
Pode-se dizer que, se três pontos A(x1, y1), B(x2, y2) e C(x3, y3) x=t+1
A reta r é definida na forma paramétrica por .
estiverem alinhados: y = 2t
x=5+1=6
x1 y1 1 Para t = 5, temos .
y = 2 ⋅ 5 = 10
D= x y2 1 = 0. Logo, (6, 10) é um ponto dessa reta. Generalizando, pode-
2

x3 y3 1 se concluir que qualquer ponto P da forma (t + 1, 2t) será


um ponto dessa reta r.

Coeficiente angular
de uma reta Posições relativas de
m = tg a duas retas no plano
Dy y2 – y1 Duas retas r e s contidas no mesmo plano são paralelas ou
m = ___
​   ​  = _____
​   ​ 
Dx x2 – x1 concorrentes. Observe:
iguais (coincidentes), se r ∩ s = r
Equação da reta, conhecidos Paralelas
distintas, se r ∩ s = ∅

um ponto a(x0, y0) e Concorrentes


perpendiculares, se r e s determinam qua-
tro ângulos retos

a declividade m da reta oblíquas, se r e s determinam dois ângulos


agudos e dois obtusos
y – y0 = m(x – x0)
Paralelismo de duas retas
Forma reduzida da equação da reta Se a1 é a inclinação da reta r e a2, a inclinação da reta s:
m1 = m2 ⇒ tg a1 = tg a2 ⇒ a1 = a2
y = mx   +   n
↑ ↑ (a1 e a2 estão entre 0º e 180º)
coeficiente angular coeficiente linear

Intersecção de duas retas


Forma segmentária da Esta figura mostra duas retas, r e s, que se intersectam no
ponto P(a, b).
equação da reta
__​  x ​ + __​  y  ​= 1
a b

Equação da reta na forma geral


ax + by + c = 0

Forma paramétrica da
equação da reta Uma vez que P pertence às duas retas, suas coordenadas
Vimos que a equação de uma reta pode aparecer nas for- devem satisfazer, simultaneamente, as equações dessas
mas geral, reduzida e segmentária. duas retas.
Além delas há mais uma, conhecida como forma paramétri- Para determiná-las, basta resolver o sistema formado pelas
ca. Nela, as coordenadas x e y dos pontos da reta são dadas equações das duas retas.

389
Para u agudo:
Nota m – m2
tg u = ________
​​  1   ​​  
|1 + m1m2|
Pela resolução de sistemas é possível verificar a posição
relativa de duas retas de um mesmo plano. § Se r e s forem paralelas, m1 = m2 e u = 0º.
§ Sistema possível e determinado (um único § Se r e s forem perpendiculares, m1 . m2 = –1 e u = 90º.
ponto comum): retas concorrentes; § Se uma das retas for vertical:
§ Sistema possível e indeterminado (infinitos
pontos comuns): retas coincidentes; e
§ Sistema impossível (nenhum ponto comum):
retas paralelas distintas.

Perpendicularismo de duas retas


1  ​ (com m , m ≠ 0)
___
m2 = – ​ m 1 2
1
1
tg u = ​ ​ __
m  ​  .​
Distância de um ponto a uma reta Área de uma região triangular
|axp + byp + c|
d = ___________
​​  ______ ​​     Se os vértices de um triângulo são os pontos A(x1, y1), B(x2, y2)

​ a2 + b2 ​   e C(x3, y3), a área dessa região triangular será dada por:

Ângulo formado por duas retas ​ 1 ​ ​  D ​


S = __
2

x1 y1 1
da qual D = x2 y2 1
x3 y3 1

coluna das ordenadas

coluna das abscissas

CIRCUNFERÊNCIA

Equação da circunferência Equação normal da circunferência


x2 – 2ax + a2 + y2 – 2by + b2 – r2 = 0
Considerando genericamente O, (a, b) o centro, r o raio e
P(x, y) um ponto da circunferência, obtemos:
______________
Condições de existência
d(P, O) = √ (x – a)2 + (y – b)2  ​​= r ⇒ (x – a)2 + (y – b)2 = r2
​​   Consideremos a equação genérica Ax2 + By2 + Cxy + Dx +
Ey + F = 0. Para que ela represente uma circunferência, é
necessário que sejam atendidas três condições:
§ primeira condição: A = B ≠ 0, ou seja, o coeficiente
de x2 tem de ser igual ao coeficiente de y2;
§ segunda condição: C = 0, ou seja, não pode existir
o produto xy; e
§ terceira condição: D2 + E2 – 4AF > 0, ou seja, ga-
rantimos que o raio é raiz de um número positivo; por-
tanto, um número real.

390
Posições relativas de um ponto e uma circunferência
§ d(P, C) = r ⇔ (x1 – a)2 + (y1 – b)2 = r2 ⇔ (x1 – a)2 + (y1 – b)2 – r2 = 0 ⇔ P ∈ λ
§ d(P, C) < r ⇔ (x1 – a)2 + (y1 – b)2 < r2 ⇔ (x1 – a)2 + (y1 – b)2 – r2 < 0 ⇔ P é interno a λ
§ d(P, C) > r ⇔ (x1 – a)2 + (y1 – b)2 > r2 ⇔ (x1 – a)2 + (y1 – b)2 – r2 > 0 ⇔ P é externo a λ

Posições relativas de uma 3. A reta t é exterior à circunferência:

reta e uma circunferência


Consideremos as três possíveis posições de uma reta em
relação a uma circunferência.
1. A reta t é secante à circunferência:

Nesse caso, a distância do centro da circunferência à reta


é maior que o raio.
A reta e a circunferência não têm ponto comum.

Posições relativas de
Nesse caso, a distância do centro da circunferência à reta duas circunferências
é menor que o raio.
1. Dois pontos comuns:
A reta e a circunferência têm dois pontos comuns.

2. A reta t é tangente à circunferência:

Secantes

|r1 – r­2| < d(C1,C2) < r1 + r­2

2. Um ponto comum:

Nesse caso, a distância do centro da circunferência à reta


é igual ao raio.
A reta e a circunferência têm um único ponto comum.

Tangentes exteriores

d(C1 , C2) = r1 + r2

391
Tangentes interiores

d(C1,C2) = |r1 - r2|


3. Nenhum ponto comum:

ou

Circunferências externas Circunferência interna à outra

d(C1 , C2) > r1 + r2 0 ≤ d(C1 , C2) < |r1 − r2|

ELIPSE

A elipse, portanto, é o lugar geométrico dos pontos de um plano, tal que a soma de suas distâncias a dois pontos fixos,
denominados focos F1 e F2, seja constante, igual à 2a e maior que a distância entre os focos (2a > 2c).
Na figura temos:
§ F1 e F2, focos da elipse, cuja distância entre eles é a distância focal (2c);
——
§ A
​​ 1A2​​, eixo maior da elipse, cuja medida é a soma que consta da definição (2a);
——
§ B​​ 1B2​​, eixo menor da elipse, cuja medida é 2b;
—— —— ——
§ o centro da elipse (intersecção dos eixos da elipse e ponto médio de F​​ 1F2,​​  A
​​ 1A2​​  e B​​ 1B2)​​ ; e
§ o número e = __a​ c ​ , chamado excentricidade da elipse (0 < e < 1).

392
Equação da elipse
2
y
​  x2 ​ + __
2
__ ​  2 ​ = 1
a b
——
1. F​​ 1F2​​ é paralelo ao eixo x, a = OA1, b = OB1 e a > b.

(x – x0)2 ______
______ (y – y0)2
​  2 ​   
+ ​  2 ​   
=1
a b
——
2. F​​ 1F2​​ é paralelo ao eixo y, a = OA1, b = OB1 e a > b.

A1

F1

B1 B2
O (X0, Y0)
F2

A2

(x – x0)2 ______
______ (y – y0)2
​  2 ​   
+ ​  2 ​   
=1
b a

393
U.T.I. - Sala 3. (PUC-RJ) Sejam os pontos A =(0, 0) e B =(3, 4).
a) Qual é a distância entre A e B?
1. (UNICAMP) Seja dada a reta x – 3y + 6 = 0 no plano b) Sabemos que a área do triângulo ABC é igual a 4 e
xy. que o vértice C pertence à reta de equação x + y = 2.
Determine o ponto C.
a) Se P é um ponto qualquer desse plano, quantas
retas do plano passam por P e formam um ângulo de 4. (UNIFESP) Na figura, as retas r, s e t estão em um
45º com a reta dada acima? mesmo plano cartesiano. Sabe-se que r e t passam pela
b) Para o ponto P com coordenadas (2,5), determine origem desse sistema, e que PQRS é um trapézio.
as equações das retas mencionadas no item (a). y
r s
Q t
2. (UNESP) Determine as equações das retas que for- 7
P
mam um ângulo__ de 135º com o eixo dos x e estão à
distância √
​​ 2 ​​ do ponto (–4, 3). R
3,5 S
y

√2
√2 x
(-4, 3) 0 3,5 8

a) Determine as coordenadas do ponto de intersecção


135° 135° entre as retas r e s.
x
b) Prove que os lados não paralelos do trapézio
PQRS não possuem a mesma medida, ou seja, que o
trapézio PQRS não é isósceles.
3. (FUVEST) No plano cartesiano Oxy, a circunferência C
tem centro no ponto P = (2,1) e a reta t é tangente a C 5. (UNICAMP) A figura abaixo exibe o gráfico da função
no ponto Q = (–1,5). f(x) = 1/x, definida para todo número real x > 0. Os pon-
tos P e Q têm abscissas x = 1 e x = a, respectivamente,
a) Determine o raio da circunferência C.
onde a é um número real e a > 1.
b) Encontre uma equação para a reta t.
c) Calcule a área do triângulo PQR, sendo R o ponto y

de interseção de t com o eixo Ox.

U.T.I. - E.O. P

1. (FGV) Em uma lata cilíndrica fechada de volume 5175 Q y = 1/x


cm3, cabem exatamente três bolas de tênis.
x
a) Calcule o volume da lata não ocupado pelas bolas. O 1 a

B) Qual é a razão entre o volume das três bolas e o a) Considere o quadrilátero T com vértices em (0,0), P,
volume da lata? Q e (a, 0). Para a = 2, verifique que a área de T é igual
ao quadrado da distância de P a Q.
b) Seja r a reta que passa pela origem e é ortogonal à
reta que passa por P e Q. Determine o valor de a para
o qual o ponto de intersecção da reta r com o gráfico
da função f tem ordenada y = a/2.

6. (PUC-RJ) Considere o quadrado ABCD como na figura.


2. (UFG) Considere que o planeta Terra é aproximada-
Assuma que A = (6, 13) e C = (12, 5).
mente esférico, tendo a linha do Equador um compri-
mento de, aproximadamente, 40.000 km e que 30% da
área do planeta é de terras emersas.
π ≈ 3,14
Aproximando a atual população da Terra para um A
número inteiro de bilhões de pessoas, responda: B
a) Qual é a densidade demográfica nas terras emer-
sas do planeta?
b) Quantos metros quadrados caberiam a cada pes- D
C
soa, se as terras emersas fossem divididas igualmente
entre os habitantes da Terra? (Aproxime para um P
número inteiro de milhares de metros quadrados).

394
a) Determine a equação da reta r que passa pelo pon- 10. (PUC-RJ) Considere o quadrado ABCD como na figura.
to M (ponto médio de AC) e pelo ponto P = (1,1), Assuma que A = (5, 12) e B = (13, 6).
justificando sua resposta.
D
b) Determine a medida do lado do quadrado ABCD,
justificando sua resposta.
c) Aumentando em 50 por cento o comprimento dos
lados do quadrado ABCD, em que porcentagem a
área da nova figura será aumentada em relação à A C
área do quadrado original? Justifique sua resposta.

7. (UEMA) Buscando incentivar a inserção das pessoas


com deficiência no mercado de trabalho, uma filial dos
Correios da cidade de São Luís contratou um cadeiran- B
te como encarregado da separação de correspondên-
cias. Para executar este trabalho, o novo funcionário foi a) Determine a medida do lado do quadrado ABCD.
designado para uma sala que dispunha de três mesas. b) Determine a equação da reta que passa por C e D.
Suponha que os centros dessas mesas sejam repre- c) Determine a equação do círculo inscrito no quadra-
sentados pelos pontos A, B e C de coordenadas (5, 4), do ABCD.
(3, 7) e (1, 2), respectivamente, tomando como origem o
canto da sala. Nessas condições: 11. (UFPR) São dados os pontos A = (0,0) e B = (6,8) no plano
cartesiano Oxy.
a) esboce a figura que representa a disposição das
mesas na sala em questão. a) Escreva a equação reduzida da circunferência a
b) quais as distâncias que cada mesa mantém entre que tem centro no ponto médio do segmento AB e
si, em metros? contém os pontos A e B.
c) qual a área do espaço compreendido entre as mesas? b) Encontre as coordenadas do ponto P, distinto de A,
no qual a circunferência a intercepta o eixo y.
8. (UNIFESP - ADAPTADA) Num sistema cartesiano or-
togonal, considerados os pontos e a reta exibidos na 12. (UNIFESP) Em um plano cartesiano, seja T o triângu-
figura, lo que delimita a região definida pelas inequações y ≤
2, x ≥ 0 e x – y ≤ 2.
y y = 2x + 1 a) Obtenha as equações de todas as retas que são
E equidistantes dos três vértices do triângulo T.
B b) Obtenha a equação da circunferência circunscrita
ao triângulo T, destacando o centro e o raio.

13. (UNICAMP) No desenho abaixo, a reta y = ax (a >


C
0) e a reta que passa por B e C são perpendiculares,
O A D
interceptando-se em A. Supondo que B é o ponto (2, 0),
1 t x
resolva as questões abaixo.
Qual o valor de t para o qual a área do polígono OABC é y
igual a quatro vezes a área do polígono ADEB?

9. (UNICAMP) As retas de equações y = ax + b e y = cx


são ilustradas na figura abaixo. Sabendo que o coefici- C
ente b é igual à média aritmética dos coeficientes a e c.
y
Q
ax
R y=
A

O P O B x
x
a) expresse as coordenadas dos pontos P, Q e R em a) Determine as coordenadas do ponto C em função
termos dos coeficientes a e b. de a.
b) determine a, b e c sabendo que a área do triângulo b) Supondo, agora, que a = 3, determine as coorde-
POR é o dobro da área do triângulo ORQ e que o nadas do ponto A e a equação da circunferência com
triângulo OPQ tem área 1. centro em A e tangente ao eixo x.

395
14. (UNICAMP) Um círculo de raio 2 foi apoiado sobre as 15. (UFAM-Adaptada) Dê a equação que melhor repre-
retas y = 2x e y = –​​ __x, ​​  conforme mostra a figura abaixo. senta o gráfico da elipse abaixo.
2
y y

-2 2
C x

-3

a) Determine as coordenadas do ponto de tangência -6


entre o círculo e a reta y = –​​ __x. ​​  
2
b) Determine a equação da reta que passa pela ori-
gem e pelo ponto C, centro do círculo.

396

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