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Você está recebendo o terceiro livro da Unidade Técnica de Imersão (U.T.I.) do Hexag Vestibulares.
Este material tem o objetivo de retomar os conteúdos estudados nos livros 5 e 6, oferecendo um
resumo estruturado da teoria e uma seleção de questões que preparam o candidato para as provas
dos principais vestibulares. Além disso, as questões dissertativas permitem avaliar a capacidade de
análise, organização, síntese e aplicação do conhecimento adquirido. É também uma oportunidade
de o estudante demonstrar que está apto a expressar suas ideias de maneira sistematizada e com
linguagem adequada.
Aproveite este caderno para aprofundar o que foi visto em sala de aula, compreender assuntos que
tenham deixado dúvidas e relembrar os pontos que foram esquecidos.
Bons estudos!
Herlan Fellini
SUMÁRIO
ENTRE LETRAS
GRAMÁTICA 3
INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS 23
LITERATURA 41
ENTRE FRASES
REDAÇÃO 53
1
© Hexag Sistema de Ensino, 2018
Direitos desta edição: Hexag Sistema de Ensino, São Paulo, 2021
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Autores
Lucas Limberti
Murilo Almeida Gonçalves
Pércio Luis Ferreira
Rodrigo Martins
Diretor-geral
Herlan Fellini
Diretor editorial
Pedro Tadeu Vader Batista
Coordenador-geral
Raphael de Souza Motta
Editoração eletrônica
Felipe Lopes Santos
Leticia de Brito Ferreira
Matheus Franco da Silveira
Imagens
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2021
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GRAMÁTICA
CONCORDÂNCIA VERBAL
CONCORDÂNCIA VERBAL II
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Ex.: Construiu-se um enorme edifício onde ficava a
velha casa. Importante
Construíram-se novos edifícios onde ficava a velha Na indicação de dia, o verbo ser admite as seguintes con-
casa. cordâncias:
Aluga-se quarto para estudantes. 1. No singular, concordando com a palavra explícita dia.
Exemplo: Hoje é dia quatro de junho
Alugam-se quartos para estudantes.
2. No plural, concordando com o numeral (sem a palavra
2. O verbo ser
dia).
A concordância verbal dá-se sempre entre o verbo e o su- Exemplo: Hoje são quatro de junho.
jeito da oração. No caso do verbo ser, essa concordância
pode ocorrer também entre o verbo e o predicativo do su-
jeito. O verbo ser concorda com o predicativo do sujeito: c) se o sujeito indicar peso, medida, quantidade e for
seguido de palavras ou expressões como pouco, muito,
a) se o sujeito for representado pelos pronomes isto,
menos de, mais de, etc., o verbo ser fica no singular.
isso, aquilo, tudo, o e o predicativo estiver no plural.
Ex.: Cinco quilos de arroz é mais do que suficiente.
Ex.: Isso são lembranças que devem ser esquecidas.
Três metros de tecido é pouco para fazer o vestido.
Aquilo eram problemas urgentes.
b) se empregado na indicação de horas, dias e distân- Duas semanas de férias é pouco para viajar.
cias, o verbo ser concorda com o numeral. d) se o sujeito for uma expressão de sentido partitivo
ou coletivo e o predicativo estiver no plural, o verbo
Ex.: É uma hora.
“ser” concorda com o predicativo.
São três da manhã.
Ex.: A grande maioria no protesto eram jovens.
Eram 13 de setembro quando partimos.
O resto foram atitudes impensadas.
Daqui até o shopping são dois quarteirões.
CONCORDÂNCIA NOMINAL
A concordância nominal baseia-se na relação entre um b) A criança está agitada. (concordância feita entre
substantivo e as palavras que a ele se referem para carac- o substantivo feminino criança, no singular, e seus
terizá-lo (artigos, adjetivos, pronomes adjetivos, numerais qualificadores a e agitada, também no singular e
adjetivos e particípios). Em suma, a concordância nominal feminino).
se ocupa basicamente da relação entre nomes. Observação: Em geral, o substantivo funciona como núcleo
a) Crianças barulhentas (concordância entre o de um termo da oração e o adjetivo, o artigo, o pronome ou
substantivo feminino crianças, no plural, e seu o numeral, como adjunto adnominal. Dessa forma, é o nú-
qualificador barulhentas também no plural e no cleo que determina se as palavras relacionadas a si devem
feminino). ficar no singular ou no plural, no feminino ou no masculino.
REGÊNCIA
Para compreender o conceito de regência é fundamen- Nas estruturas subordinadas, há sempre um termo que
tal entender que as palavras, ao ocuparem suas posi- subordina outro. O primeiro chama-se subordinante,
ções nas estruturas sintáticas da língua, podem esta- termo que determina e do qual depende o segundo, seu
belecer vínculos de subordinação com outras palavras. subordinado.
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Essa relação em que uma palavra funciona como comple-
mento da outra chama-se regência. Diz-se que as palavras
Regência verbal
que dependem de outras são por elas regidas. As palavras É a denominação dada à relação semântica que se es-
que regem as outras são chamadas de regentes. tabelece entre verbos e seus respectivos complementos
Esses vínculos de subordinação vêm, por vezes, marcados (objetos direto e indireto). No caso dos objetos indiretos,
por preposições, semanticamente escolhidas por determina- essa relação vem sempre marcada por uma preposição.
dos nomes e verbos para marcar a relação que eles estabe-
lecem com os complementos nominais e verbais que regem.
Atenção
Exemplos
a) Gosto de viajar. (O verbo gostar rege um objeto in- Para melhor compreender os principais aspectos envolvi-
direto, a ele subordinado no interior do predicado-ver- dos na questão da regência verbal, é fundamental relem-
bal. A preposição de marca a regência desse verbo). brarmos a noção de transitividade (argumentação) verbal.
b) Tenho medo de avião. (O substantivo medo rege
§ Quanto à predicação, os verbos podem ser classifica-
um complemento nominal, a ele subordinado. A pre-
posição de marca a regência desse substantivo). dos em intransitivos e transitivos.
Portanto, o estudo que segue refere-se às relações que se es- § Verbos intransitivos apresentam sentido completo e
tabelecem entre nomes e seus complementos (regência no- não necessitam de complemento (objeto direto ou
minal) e entre verbos e seus complementos (regência verbal). indireto).
§ Verbos transitivos necessitam de um complemento
Regência nominal de valor substantivo (objeto direto ou indireto) para
integrar-lhes o sentido. Nesse caso, a transição entre
É a denominação dada à relação semântica que se estabe-
o verbo e seu complemento pode ser direta (caso dos
lece entre substantivos, adjetivos e determinados advérbios
verbos transitivos diretos, que regem objetos diretos)
e seus respectivos complementos nominais. Essa relação
ou indireta (caso dos verbos transitivos indiretos, que
vem sempre marcada por preposição.
regem objetos indiretos).
Alguns nomes listados a seguir costumam vir acompanha-
Ex.:
dos de um complemento nominal e exigem o uso de de-
terminadas preposições para que o enunciado construído A garota comprou uma maçã. (verbo transitivo di-
tenha sentido enquanto estrutura do Português. reto rege um objeto direto).
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É transitivo indireto no sentido de causar agrado a, satis- É transitivo indireto no sentido de desejar, ter como am-
fazer, ser agradável a. Rege complemento introduzido pela bição.
preposição a.
Ex.: Aspirávamos a uma viagem para a Europa. (Aspi-
Ex.: A peça de teatro não agradou aos espectadores. / rávamos a ela.)
A peça de teatro não lhes agradou.
Observação:
Aspirar
Como o objeto indireto do verbo aspirar não é pessoa,
É transitivo direto no sentido de sorver, inspirar (o ar), mas uma coisa, não são usadas as formas pronominais
inalar. átonas lhe e lhes, mas as formas tônicas a ele(s), a ela(s),
Ex.: Aspirava o suave aroma do perfume. (Aspirava-o.) conforme a gramática normativa (exemplo anterior).
CRASE
É o nome que se dá à junção de duas vogais idênticas. É de Nesse exemplo, há ocorrência da preposição a, exigida
grande importância a crase da preposição a com o artigo pelo verbo ir (ir a algum lugar) e a ocorrência do artigo a
feminino a(s); com o pronome demonstrativo a(s); e com que está determinando o substantivo feminino França. Se
o a inicial dos pronomes aquele(s), aquela(s), aquilo e ocorrer esse encontro e a fusão dessas duas vogais, essa
com o a do relativo a qual (as quais). fusão é indicada pelo acento grave.
Na escrita, a crase é indicada pelo acento grave ( ` ). Para o Ex.: Conheço a estudante.
entendimento da crase, é fundamental também dominar a Refiro-me (a + a) à estudante.
regência dos verbos e nomes que exigem a preposição a.
No primeiro exemplo, o verbo é transitivo direto (conhecer
Aprender a empregar a crase, portanto, consiste em apren-
algo ou alguém), logo, não exige preposição e não há ocor-
der a verificar a ocorrência simultânea de uma preposição
rência de crase. No segundo exemplo, o verbo é transitivo
e de um artigo ou pronome. indireto (referir-se a algo ou a alguém) e exige a preposição
Ex.: Vou a + a França. a. Portanto, a crase é possível, desde que o termo seguinte
seja feminino e admita o artigo feminino a ou um dos pro-
Vou à França. nomes já especificados.
REGRAS DE ACENTUAÇÃO
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§ n – éden; hífen; líquen Serão acentuadas as vogais tônicas “i” e “u” das pala-
§ um/uns – álbum; álbuns; médium vras oxítonas quando, mesmo precedidas de ditongo de-
crescente, estão em posição final, sozinhas na sílaba, ou
§ ão(s) – órgão; órgãos; órfão
seguidas somente de “s”.
§ ã(s) – órfã; ímã; imãs
Ex.: Piauí; teiú; tuiuiús.
§ ps – bíceps; fórceps
§ on(s) – rádon; rádons A 3a pessoa de alguns verbos se grafa da seguinte maneira:
§ quando termina em “em” (monossílabas).
Proparoxítonas Ex.: tem / têm; vem / vêm.
São as palavras que possuem a antepenúltima sílaba tôni- § quando termina em “ém”.
ca. Todas as palavras proparoxítonas levam acento agudo Ex.: contém / contêm; convém / convêm
ou circunflexo.
§ quando termina em “ê” e derivados:
Ex.: crê / creem; revê / reveem
Casos especiais
Levam acento agudo ou circunflexo as palavras terminadas por
São sempre acentuadas as palavras oxítonas com os diton-
ditongo oral (que não é nasal) átono crescente ou decrescente.
gos abertos grafados “éis”, “éu(s)” ou “ói(s)”.
Ex.: ágeis; espontâneo; ignorância.
Ex.: anéis; herói; chapéu.
Leva acento agudo ou circunflexo a forma verbal termina-
Não são acentuadas as palavras paroxítonas com os diton-
da em “a”, “e” e “o” tônicos, seguidas de “la(s)” e “lo(s)”.
gos abertos “ei” e “oi”, uma vez que existe oscilação em
muitos casos entre a pronúncia aberta e fechada. Ex.: movê-lo; fá-los; sabê-lo-emos.
Ex.: assembleia; proteico; alcaloide. Leva acento agudo a vogal tônica “i” das formas verbais
oxítonas terminadas em “air” e “uir”, quando seguidas de
Não se acentuam os encontros vocálicos fechados.
“la(s)” e “lo(s)”, caso em que perdem o “r” final.
Ex.: pessoa; canoa; voo.
Ex.: atraí-los; possuí-lo.
Não levam acento os prefixos paroxítonos terminados em
Observação: “r” e “i”.
Se o verbo estiver no futuro (mesóclise), poderá haver Ex.: super-homem; semicírculo.
dois acentos: amá-lo-íeis.
Leva acento circunflexo diferencial a sílaba tônica da 3a
pessoa do singular do pretérito perfeito “pôde”, para dis-
Não levam acento gráfico as palavras paroxítonas que, ten- tinguir-se de “pode”, forma da mesma pessoa do presente
do respectivamente vogal tônica aberta ou fechada, são do indicativo.
homógrafas de artigos, contrações, preposições e conjun-
ções átonas.
Ex.: para (verbo e preposição); pelo (substantivo e pre-
posição)
Levam acento agudo o “i” e “u”, quando representam a se-
gunda vogal tônica de um hiato, desde que não formem sílaba
com “r”, “l”, “m”, “n” e “z” ou não estejam seguidos de “nh”.
Ex.: viúva; raízes (raiz); faísca.
Não leva acento a vogal tônica dos ditongos “iu” e “ui”.
Ex.: caiu; retribuiu; tafuis.
Não serão acentuadas as vogais tônicas “i” e “u” das pa-
lavras paroxítonas quando essas vogais estiverem precedi-
das de ditongo decrescente.
Ex.: maoista; baiuca; bocaiuva.
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Durante o curso, estudamos diversas categorias gramaticais operadas por termos que são semelhantes (por exemplo, usos
variados para o termo “que”). Agora, chega o momento de organizarmos esses elementos (e conhecermos alguns outros
novos) a fim de nos prepararmos de modo adequado, seguro e eficaz para os vestibulares
§ Será encontrado sempre antecedendo substantivos de Como pronome oblíquo, o “a” pode ser colocado em
gênero feminino de modo que, ao pronunciá-los, seja posição anterior ou posterior ao verbo, dependendo de
possível notarmos seu contato morfológico com esse regras específicas de colocação pronominal (consultar li-
substantivo, especialmente em seu papel de particulari- vro 4). Em posição posterior, irá se conectar ao verbo por
zação/especificação (“a casa”, “a porta”, “a tristeza”, meio de hífen.
“a Cláudia”).
d) Pronome demonstrativo
b) Preposição
Classe de palavras variável que indica o lugar, a posição
Classe de palavras invariável que conecta termos, podendo ou a identidade dos seres em relação às três pessoas do
estabelecer entre eles algum sentido
discurso, podendo situá-los no espaço, no tempo ou no
§ A preposição “a” pode ser encontrada como resultado próprio texto.
de um processo de regência verbal ou regência nomi-
§ O termo “a” funcionará como pronome demonstrativo
nal. Vejamos
quando for substituível na sentença pelos pronomes
Ex.: Ela se referiu ao documento da casa (o verbo pro- “aquele”, “aquela” ou “aquilo”.
nominalizado “referir-se” solicita preposição “a”, que
será colocada diante do termo “documento”). Ex.: Leve a (= aquela) que está em cima da mesa
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c) Pronome relativo § O “que” pode ser substituído pelo advérbio de inten-
sidade “tão”
Serve para recuperar termos que foram anteriormente
mencionados, fazendo-lhes referência. Ex.: Que enganados andam os homens! (Tão engana-
dos andam os homens!)
Ex.: O livro que você me emprestou é muito bom!
Atenção: g) Partícula expletiva
O “que”, na função de pronome relativo, pode ser subs- Não tem função na oração. Serve apenas para realçar de-
tituído pelas construções “o(s) qual(is)” ou “a(s) qual(is)” terminado termo.
Ex.: Há muito tempo que não vou visitar meus avós.
d) Preposição
O “Que” é utilizado aqui para substituir o “de” após o ver- h) Pronome adjetivo
bo “ter” Trata-se de um pronome “que” que irá acompanhar um
Ex.: Ele tem que sair no horário hoje. substantivo em situações interrogativas, exclamativas ou
indefinidas.
e) Conjunção Ex.: Que horas são? (interrogativo)
§ INTEGRANTE: introduz oração substantiva (substituível Ex.: Que bonita sua roupa! (exclamativo)
pelo pronome “isso”)
Ex.: É necessário que façamos algumas alterações no Funções de “SE”
sistema.
a) Conjunção
§ COMPARATIVA: trata-se de um “que” antecedido de
marca comparativa de superioridade ou inferioridade § Conjunção subordinativa integrante: introduz orações
subordinadas substantivas (o “se” pode ser substituído
Ex.: Não há maior prova de amor que doar a vida pelo
pelo pronome “isso”).
irmão.
Ex.: Quero saber se ela realmente me ama.
§ CAUSAL: trata-se de um “que” substituível por “pois”,
“porque” ou “já que” § Conjunção subordinativa condicional
Ex.: Tenho que tomar cuidado, que esse chão é muito Ex.: Alugue um veículo se precisar chegar mais cedo
escorregadio. ao local.
§ CONSECUTIVA: trata-se de um “que” antecedido de
elemento de intensidade (“tão”, “tanto”, “tal”, “ta-
b) Pronome reflexivo
manho”...) Sujeito pratica e sofre ação verbal
Ex.: É tão pequeno que não alcança a geladeira. Ex.: A garota cortou-se com a tesoura escolar.
§ EXPLICATIVA: trata-se de um “que” substituível por Atenção:
“pois”, “porque” ou “já que”, diante de verbos em Como pronome reflexivo, o “se” também funcionará como
condições de imperativo ou incerteza objeto direto, objeto indireto ou sujeito do infinitivo.
Ex.: Vocês precisam escutar, que é muito importante.
c) Partícula apassivadora
§ INTERJEIÇÃO: geralmente utilizado em expressão de
espanto Quando se liga a verbos transitivos diretos, constituindo
uma voz passiva sintética.
Ex: Quê! Não acredito que vai custar tudo isso!
Ex.: Entregaram-se as correspondências
f) Advérbio
d) Índice de indeterminação do sujeito
§ O “que” pode ser substituído pelo advérbio modal
O sujeito se tornará indeterminado quando se liga:
“como”.
§ verbos transitivos indiretos
Ex.: Que roupa mal costurada era aquela! (Como
aquela roupa era mal costurada!) § verbos intransitivos
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§ verbos de ligação f) Partícula integrante do verbo
Ex.: Discorda-se dos fatos apresentados no processo. Trata-se de um “se” que é parte integrante do verbo para
Atenção: que ele possa exercer suas relações de sentido.
O fenômeno do índice de indeterminação do sujeito obriga Ex: Ele se queixou com o departamento pessoal
o verbo a ficar sempre no singular.
e) Partícula expletiva
Não desempenha nenhuma função sintática ao se associar
a verbos.
Ex.: Ele acabou de se sentar
PONTUAÇÃO I
Os sinais de pontuação são recursos gráficos próprios da e) para destacar elementos intercalados como;
linguagem escrita. Embora não consigam reproduzir toda
a prosódia da linguagem oral, estruturam os textos e pro- § Uma conjunção;
curam estabelecer as pausas e as entonações da fala. Basi- Ex.: Viajaremos nas férias, logo, temos que nos orga-
camente, têm como finalidade: nizar.
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Vá devagar, que a estrada é perigosa. a) para separar orações coordenadas não unidas por con-
Viaje muito, pois será recompensado com belas lem- junção e que guardem relação entre si;
branças. Ex.: O show está lotado; a plateia está animada.
As pessoas ora dançavam, ora cantavam. b) para separar orações coordenadas, desde que haja pelo
menos uma delas separando elementos por vírgula;
Importante! Ex.: O painel informava o seguinte: dez deputados vo-
Se a conjunção e assumir valor de adversidade, o uso da taram a favor do acordo; nove, contra.
vírgula é obrigatório, de acordo com a gramática normativa.
c) para separar itens de uma enumeração;
Exemplo: Nadou muito, e morreu na praia.
Ex.: Para a receita do bolo serão necessários: ovos; tri-
go; chocolate.
j) Para separar orações subordinadas adverbiais;
Ex.: Quando chegou, encontrou a carta em cima da d) para alongar a pausa de conjunções adversativas (mas,
mesa. porém, contudo, todavia, entretanto etc.), em substituição
à vírgula;
l) Para isolar as orações subordinadas adjetivas explicativas.
Ex.: Gostaria de partir hoje; todavia, o ônibus só sairá
Ex.: O grande prédio, que ainda estava em construção,
amanhã.
dominava toda a paisagem.
e) para separar orações coordenadas adversativas inseri-
Ponto e vírgula ( ; ) das no meio da oração.
Ex.: Esperava encontrar todos os amigos no reencontro;
Indicam uma pausa maior que a vírgula, uma entoação
revi, porém, apenas alguns.
descendente em relação à prosódia da frase, mas assina-
lam que o período não terminou. Empregam-se nos se-
guintes casos:
PONTUAÇÃO II
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U.T.I. - Sala b) No referido áudio, é possível perceber, no final da
locução da atriz, uma entonação especial, represen-
tada na transcrição por meio de reticências. Tendo em
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: vista que uma das funções desse sinal de pontuação
Leia o poema de Manuel Bandeira (1886-1968) para é sugerir uma ideia não expressa que cabe ao leitor
responder à(s) questão(ões) a seguir. inferir, identifique a ideia sugerida, neste caso.
Poema tirado de uma notícia de jornal 3. (UNICAMP) Por ocasião da comemoração do dia dos
professores, no mês de outubro de 2003, foi veiculada
João Gostoso era carregador de feira livre e morava no a seguinte propaganda, assinada por uma grande cor-
morro da Babilônia num barracão sem número. poração de ensino:
Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro Parabéns [Pl. de parabém] S. m. pl. 1. Felicitações, con-
Bebeu gratulações. 2. Oxítona terminada em “ens”, sempre
acentuada. Acentuam-se também as terminadas em
Cantou
“a”, “as”, “e”, “es”, “o”, “os”, e “em”.
Dançou
Para a homenagem ao Dia do Professor ser completa, a
Depois se atirou na Lagoa Rodrigo de Freitas e morreu gente precisava ensinar alguma coisa.
afogado.
a) Observe os itens 1 e 2 do verbete PARABÉNS. Há
(Libertinagem & Estrela da manhã, 1993.)
diferenças entre eles. Aponte-as.
1. (UNESP 2019) b) Levando em conta o enunciado que está abaixo do
a) Em que verso se verifica um desvio em relação à nor- verbete, a quem se dirige essa propaganda?
ma-padrão da língua escrita (mas recorrente na língua c) Diferentes imagens da educação escolar sustentam
oral)? Reescreva o verso, corrigindo esse desvio. essa propaganda. Indique pelo menos duas dessas
b) Cite duas características, uma de natureza temáti- imagens.
ca e outra de natureza formal, que afastam esse poe- TEXTOS PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
ma da tradição parnasiano-simbolista.
MAÍRA
2. (FUVEST) Considere a imagem abaixo, extraída da
apresentação do filme A Amazônia, que faz parte da
Maíra só descobriu todo o seu poder um dia quando
campanha “A natureza está falando”.
brincava com Micura na praia. Cada um deles tinha, le-
vantada, uma mão cheia de vaga-lumes para alumiar,
mas a luzinha era muito pouca. Maíra desenhou, assim
mesmo, ali na areia da praia, uma arraia com seu fer-
rão e tudo. Mas naquela penumbra se distraiu pisou na
arraia desenhada. Foi aquela ferroada! Compreendeu,
então, que podia fazer qualquer coisa:
- Sou Maíra - lembrou - sou o arroto de Deus-Pai. Ele,
ambir, agora tem nome: é Mairahú, meu pai. Meu filho
será Mairaíra. - Pegou então a conversar com o irmão,
Micura, sobre o que podiam fazer.
Maíra: - O mundo de Mairahú, meu pai, é feio e triste.
No áudio desse filme, a atriz Camila Pitanga interpreta
Não um mundo bom para a gente viver. Podemos me-
o seguinte texto:
lhorá-lo.
Eu sou a Amazônia, a maior floresta tropical do mun-
Micura: - Não vá o Velho se ofender!
do. Eu mando chuva quando vocês precisam. Eu man-
tenho seu clima estável. Em minhas florestas, existem Maíra: - Pode ser. É melhor não fazer nada.
plantas que curam suas doenças. Muitas delas vocês Micura: - Bobagem. Alguma coisinha podemos fazer.
ainda nem descobriram. Mas vocês estão tirando tudo Maíra: - Vamos, então, tomar dos que têm, o que eles
de mim. A cada segundo, vocês cortam uma das mi- têm, para dar aos que não têm.
nhas árvores, enchem de sujeira os meus rios, colocam Micura saltou alegre: - Sim, vamos, primeiro o fogo. Ando
fogo, e eu não posso mais proteger as pessoas que com frio e com muita vontade de comer um churrasco.
vivem aqui. Quanto mais vocês tiram, menos eu tenho
O fogo era do Urubu-rei que mandava na aldeia gran-
para oferecer. Menos água, menos curas, menos oxi-
de das gentes urubus. Eles só comiam corós de carniça
gênio. Se eu morrer, vocês também morrem, mas eu
tostados no borralho. Não precisavam tanto do fogo.
crescerei de novo...
Usavam mais era luz para ver bem a carniça e o calor
a) Por estar em primeira pessoa, o texto constitui para esquentar o corpo nu quando se desvestiam das
exemplo de uma determinada figura de linguagem. penas para brincar de gente.
Identifique essa figura e explique seu uso, tendo em O jeito que os gêmeos encontraram para roubar o fogo
vista o efeito que o filme visa alcançar. foi matar um veado grande, muito grande, deixá-lo apo-
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drecer para criar bastante bicho-coró e, então, mandar criar essa coragem; é grave negligenciar as ordens de
levar uma moqueca de corós para o Urubu-rei e con- meu pai. (...)
vidá-lo para vir à comilança. Assim fizeram. Maíra de- PODER. Basta! Para que te atardares em lástimas per-
senhou um cervo enorme, soprou para que vivesse e o didas? Por que não abominas o deus mais odioso aos
matou ali mesmo. Quando estava bem podre e bicha- deuses, que entregou aos mortais um privilégio teu?
do, mandaram o passarinho que fala mais línguas, um
HEFESTO. O parentesco e a amizade são forças formi-
papagaio, maracanã, atrás do Urubu-rei. Eles ficaram
dáveis.
escondidos debaixo da carniça para agarrar o reizão
bicéfalo quando ele pousasse. Assim fizeram. Quando o PODER. Concordo, mas como se podem transgredir as
Urubu-rei estava bem preso, Maíra gritou: ordens de teu pai? Isso não te infunde medo?
- Calma, meu rei. Não tenha medo. Só quero o fogo pro HEFESTO. Tu és sempre cruel e audacioso.
meu povinho. Todos andam com frio. Só comem o cru. PODER. Lamentos não curam os teus males; não te can-
Mas se armou a maior das confusões porque o Urubu- ses à toa em lástimas ineficazes.
-rei começou a responder com as duas cabeças, falando HEFESTO. Oh! que ofício detestável!
ao mesmo tempo, cada qual dizendo uma coisa. Maíra (...)
não entendia nada. Aí uma cabeça do Urubu-rei virou-se
HEFESTO. Podemos ir. Seus membros já estão amarrados.
para a outra e as duas caíram numa discussão cerrada.
O tempo ia passando sem que Maíra soubesse o que PODER. (a Prometeu) Abusa, agora! Furta aos deuses
fazer. Afinal, teve a ideia de mandar Micura agarrar o seus privilégios para entregá-los aos seres efêmeros!
rei-falador. Levantou, então, suas duas mãos e fez de Que alívio te podem dar deste suplício os mortais? Erra-
cada uma delas uma cabeça de urubu com bico e tudo dos andaram os deuses em te chamarem Prometeu; tu
e passou, assim, a conversar duro com as duas cabeças mesmo precisas de alguém que te prometa um meio de
do reizão. Só deste modo conseguiu que ele mandas- safar-te destes hábeis liames!
se trazer o fogo, mas o rei ainda quis enganar Maíra (Retiram-se Poder, Vigor e Hefesto.)
entregando fogos que queimavam pouco e não davam PROMETEU. Éter divino! Ventos de asas ligeiras! Fontes
luz. Felizmente ali estava Micura experimentando tudo. dos rios! Riso imensurável das vagas marinhas! Terra,
Provava um e dizia: mãe universal! Globo do sol, que tudo vês! Eu vos invo-
- Não, este não serve não; não é o fogo que precisamos. co. Vede o que eu, um deus, sofro da parte dos deuses!
Não, este também não é o fogo que precisamos. Não, Contemplai quão ignominiosamente estracinhado hei de
este também não é o fogo de verdade. - Afinal, conse- sofrer pelas miríades de anos do tempo em fora! Tal é a
guiram o fogo verdadeiro e fizeram o trato. prisão aviltante criada para mim pelo novo capitão dos
Maíra: - Vocês urubus vão comer carniça com fartura; o bem-aventurados! Ai! Ai! Lamento os sofrimentos atu-
chefão de duas cabeças vai ficar com uma só, para não ais e os vindouros, a conjeturar quando deverá despon-
tar enfim o termo deste suplício. Mas que digo? Tenho
enganar mais ninguém, mas nesta vai usar esse diade-
presciência exata de todo o porvir e nenhum sofrimento
ma vermelho e branco que eu lhe dou agora.
imprevisto me acontecerá. Cumpre-me suportar com a
Urubu-rei: - Fiquem com o fogo vocês, mairuns. Mas fa- maior resignação os decretos dos fados, sabendo inelu-
çam muita carniça pra nós. tável a força do Destino. Contudo, não posso calar nem
(Darcy Ribeiro. Maíra.) deixar de calar minha desdita. Por ter feito uma dádiva
aos mortais, estou jungido a esta fatalidade, pobre de
PROMETEU ACORRENTADO
mim! Sou quem roubou, caçada no oco duma cana, a fon-
Ésquilo te do fogo, que se revelou para a Humanidade mestra de
todas as artes e tesouro inestimável. Esse o pecado que
(A cena é o pico duma montanha deserta. Chegam Po-
resgato pregado nestas cadeias ao relento.
der e Vigor, que trazem preso Prometeu; segue-os, co-
(Teatro Grego. Seleção, introdução, notas e tradução direta
xeando, Hefesto, carregando correntes, cravos e malho.)
do grego por Jaime Bruna. São Paulo: Cultrix, 1964.)
PODER. Eis-nos chegados a um solo longínquo da terra, 4. (UNESP) Muitos verbos, como é o caso de “renun-
caminho da Cítia, deserto ínvio. Hefesto, é mister te de- ciar”, apresentam mais de uma regência, por vezes sem
sincumbas das ordens enviadas por teu pai, acorrentan- alteração relevante de significado, de modo que a rea-
do este celerado, com liames inquebráveis de cadeias lização da regência em cada frase se torna dependente
de aço, aos rochedos de escarpas abruptas. Ele roubou da escolha estilístico-expressiva do escritor. Com base
uma flor que era tua, o brilho do fogo, vital em todas nesse fato,
as artes, e deu-a de presente aos mortais; é preciso que a) considerando que na frase “e renunciar o mau vezo
pague aos deuses a pena desse crime, para aprender a de querer bem à Humanidade” o verbo “renunciar”
acatar o poder real de Zeus e renunciar o mau vezo de aparece como transitivo direto, escreva uma frase em
querer bem à Humanidade. que o mesmo verbo apareça como transitivo indireto
HEFESTO. Poder e Vigor, a incumbência de Zeus para vós e outra em que apareça como intransitivo;
está terminada; nada mais vos embarga. Eu, porém, não b) reescreva a seguinte frase de Micura tornando o
me animo a agrilhoar à força um deus meu parente a verbo “precisar” transitivo indireto: “Não, este tam-
um píncaro aberto às intempéries. Todavia, é imperioso bém não é o fogo que precisamos”.
14
5. (UNICAMP) TEXTOS PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
U.T.I. - E.O.
entendemos o cérebro, mas também a imagem que faze-
mos do mundo, da realidade e de quem somos nós. [...]
O seu corpo, ao que parece, é muito pequeno para con-
1. (UNICAMP) O texto abaixo é parte de uma campanha ter uma máquina tão poderosa quanto o cérebro. Prova
promovida pela ANER (Associação Nacional de Editores disso veio em julho, quando foram divulgadas as aven-
de Revistas). turas de Matthew Nagle, um americano que ficou pa-
ralítico em uma briga em 2001. Três anos depois, cien-
SURFAMOS A INTERNET, NADAMOS EM REVISTAS tistas da Universidade Brown, EUA, e de quatro outras
A Internet empolga. Revistas envolvem. instituições implantaram eletrodos na parte do cérebro
dele responsável pelos movimentos dos braços e regis-
A Internet agarra. Revistas abraçam.
traram os disparos de mais de 100 neurônios. Enviados
A Internet é passageira. Revistas são permanentes. a um computador, esses sinais permitiram que ele con-
E essas duas mídias estão crescendo. trolasse um cursor em uma tela, abrisse e-mails, jogasse
Um dado que passou quase despercebido em meio ao videogames e comandasse um braço robótico. Somente
barulho da Internet foi o fato de que a circulação de re- com o pensamento, Nagle conseguiu mover objetos. [...]
vistas aumentou nos últimos cinco anos. Mesmo na era Foi [...] uma prova de que o nosso cérebro é capaz de
da Internet, o apelo das revistas segue crescendo. Pense comandar objetos fora do corpo - uma ideia que pode
nisto: o Google existe há 12 anos. Durante esse período, mudar nossa relação com o mundo.
o número de títulos de revistas no Brasil cresceu 234%. Extraído da Revista Superinteressante, Editora
Isso demonstra que uma mídia nova não substitui uma Abril, agosto de 2006, pp.50-59.
mídia que já existe. Uma mídia estabelecida tem a ca-
pacidade de seguir prosperando, ao oferecer uma expe- TEXTO 2
riência única. É por isso que as pessoas não deixam de
nadar só porque gostam de surfar. O SÉCULO LOUCO
(Adaptado de Imprensa, n. 267, maio 2011, p. 17.) Do século XX, no futuro, se dirá que foi louco. Um século
que usou ao máximo o poder do cérebro para manipu-
a) O verbo surfar pode ser usado como transitivo ou
lar as coisas do mundo e não usou o coração para fazer
intransitivo. Exemplifique cada um desses usos com
isso com sentimento solidário.
enunciados que aparecem no texto da campanha.
Indique, justificando, em qual desses usos o verbo as- Um século no qual a palavra “inteligência” perdeu o
sume um sentido necessariamente figurado. seu sentido pleno, porque o raciocínio foi capaz de ma-
b) Que relação pode ser estabelecida entre o título nipular a natureza nos limites da curiosidade científica,
da campanha e o trecho reproduzido a seguir? Como mas não foi usado para fazer um mundo melhor e mais
essa relação é sustentada dentro da campanha? belo para todos. A inteligência do século XX foi burra.
Foi capaz de fabricar uma bomba atômica, liberar a
A Internet empolga. Revistas envolvem. energia escondida dentro dos átomos, mas incapaz de
A Internet agarra. Revistas abraçam. evitar que se usassem duas delas, matando centenas de
A Internet é passageira. Revistas são permanentes. milhares de pessoas.
O que se pode dizer da bomba atômica, como símbolo do
século XX, vale para o conjunto das técnicas usadas nes-
tes cem anos loucos: fomos capazes de tudo, menos de
15
fazer o mundo mais decente - como teria sido possível. TEXTO 4
Vivemos um tempo em que a inteligência humana con-
seguiu fazer robôs que substituem os trabalhadores, POESIA NA SALA DE AULA DE CIÊNCIAS?
mas no lugar de libertar o homem da necessidade do
trabalho, os robôs provocam a miséria do desemprego. A LITERATURA POÉTICA E POSSÍVEIS USOS DIDÁTICOS
Inventamos a maravilha do automóvel e aumentamos
o tempo perdido para ir de casa ao trabalho. Fizemos [...] Ciência e poesia pertencem à mesma busca imagi-
armas inteligentes, que acertam os alvos sem necessi- nativa humana, embora ligadas a domínios diferentes
dade de arriscar a vida de pilotos, mas põem em risco a de conhecimento e valor. A visão poética cresce da in-
paz entre os povos.[...] tuição criativa, da experiência humana singular e do co-
nhecimento do poeta. A Ciência gira em torno do fazer
BUARQUE, Cristovam. Os instrangeiros. A aventura concreto, da construção de imagens comuns, da experi-
da opinião na fronteira dos séculos. Rio de Janeiro:
ência compartilhada e da edificação do conhecimento
Editora Garamond, 2002, pp. 113-115.
coletivo sobre o mundo circundante. Tem como vínculo
TEXTO 3 restritivo, ao contrário da poesia, o representar adequa-
damente o comportamento material; tem, mais profun-
A BOMBA ATÔMICA damente que a leitura poética do mundo, a capacidade
de permitir a previsão e a transformação direta do en-
(fragmento) torno material. As aproximações entre Ciência e poesia
A bomba atômica é triste revelam-se, no entanto, muito ricas, se olhadas dentro
Coisa mais triste não há de um mesmo sentimento do mundo. A criatividade e a
Quando cai, cai sem vontade imaginação são o húmus comum de que se nutrem. [...]
Vem caindo devagar Nos tempos atuais, em que a Ciência e a tecnologia
Tão devagar vem caindo impregnam profundamente nossa cultura e permeiam
Que dá tempo a um passarinho nosso cotidiano, com seus benefícios extraordinários
De pousar nela e voar... mas também com suas mazelas, a poesia poderia pa-
recer um anacronismo. Mas, talvez, as muitas pequenas
Coitada da bomba atômica
verdades científicas constituam apenas uma aborda-
Que não gosta de matar!
gem incompleta e limitada do mundo. Relembremos
Coitada da bomba atômica
Einstein: Não superestimem a ciência e seus métodos
Que não gosta de matar
quando se trata de problemas humanos! A poesia e a
Mas que ao matar mata tudo
arte, que parecem constituir necessidades urgentes de
Animal e vegetal
afirmação da experiência individual, uma visão com-
Que mata a vida da terra
plementar e indispensável da experiência humana, não
E mata a vida do ar
podem ficar de fora das atividades interdisciplinares
Mas que também mata a guerra...
com os jovens nas escolas, mesmo aquelas ligadas ao
Bomba atômica que aterra!
aprendizado de Ciências. [...]
Pomba atônita da paz!
MOREIRA, Ildeu de Castro. Poesia na sala de aula de
Pomba tonta, bomba atômica ciências? Física na Escola, v. 3, nº 1, 2002.
Tristeza, consolação
Flor puríssima do urânio 2. (PUC-RJ)
Desabrochada no chão a) Retire, do Texto 1, uma expressão que tem um ca-
Da cor pálida do hélium ráter excessivamente informal em relação ao restante
E odor de rádium fatal do mesmo.
Loelia mineral carnívora b) Fazendo todas as modificações necessárias, rees-
Radiosa rosa radical. creva o período a seguir sem empregar a conjunção
integrante “QUE”.
Nunca mais oh bomba atômica “Enviados a um computador, esses sinais permitiram
Nunca em tempo algum, jamais que ele controlasse um cursor em uma tela, abrisse
Seja preciso que mates e-mails, jogasse videogame e comandasse um braço
Onde houve morte demais: robótico.”
Fique apenas tua imagem
c) Reescreva o período a seguir, utilizando a conjun-
Aterradora miragem
ção “embora” para marcar a relação estabelecida
Sobre as grandes catedrais:
entre as duas orações.
Guarda de uma nova era
“Inventamos a maravilha do automóvel e aumenta-
Arcanjo insigne da paz!
mos o tempo perdido para ir de casa ao trabalho.”
MORAES, Vinicius de. Antologia Poética. Rio de
Janeiro: José Olympio, 1976, pp. 147-8.
*Loelia - Nome que designa uma família de orquídeas
16
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: 2
Mais do que nunca, sentiu José Maria naquela noite
a solidão da casa. Não tinha amigos, não tinha mulher
A China detonou uma bomba e pouca gente percebeu o nem amante. E já lera todos os jornais. Havia o tele-
estrago que ela causou. Assim que abriu as portas para fone, é verdade. Mas ninguém chamava. Lembrava-se
as multinacionais oferecendo mão de obra e custos mui- que certa vez, há uns quinze anos, aquela fria coisa,
to baratos, o país enfraqueceu as relações de trabalho pendurada e morta, se aquecera à voz de uma mulher
no mundo. Em uma recente análise, a revista inglesa The desconhecida. A máquina que apenas servia para re-
Economist mostra que a entrada da China, da Índia e da cados ao armazém e informações do Ministério trans-
ex-União Soviética na economia mundial dobrou a força formara-se então em instrumento de música: adquirira
de trabalho. Com isso, o poder de barganha de sindicatos alma, cantava quase. De repente, sem motivo, a voz
do mundo inteiro teria se esfacelado. Provavelmente por emudecera. E o aparelho voltou a ser na parede do
isso, diz a revista, salários e benefícios tenham crescido corredor a aranha de metal, 3sempre calada. O sussur-
apenas 11% desde 2001 nas empresas privadas dos Esta- ro da vida, o sangue de suas paixões passavam longe
dos Unidos, ante 17% nos cinco anos anteriores. do telefone de Zé Maria...
(Você s/a, setembro de 2005) Como vencer a noite que mal começava?
(...)
3. (FGV)
O telefone toca. Quem será? (...)
a) Transcreva uma oração do texto introduzida pelo
pronome relativo “que”. Era engano! Antes não o fosse. A quem estaria destina-
da aquela voz carregada de ternura? Preferia que dis-
b) Qual é o antecedente desse pronome, isto é, a pa-
sesse desaforos, que o xingasse.
lavra a que ele se refere?
c) Qual é a função sintática desse pronome na oração (...)
em que se encontra? Atirou-se de bruços na cama. E sonhou. Sonhou que
conversava ao telefone e era a voz da mulher de há
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: quinze anos... Foi andando para o passado... Abriu-se-
-lhe uma cidade de montanha, pontilhada de igrejas. E
1
Durante mais de trinta anos, o bondezinho das dez e sempre para trás – tinha então dezesseis anos –, ressur-
quinze, que descia do Silvestre, parava como burro ensi- giu-lhe a cidadezinha onde encontrara Duília. Aí parou.
nado em frente à casinha de José Maria, e ali encontra- E Duília lhe repetiu calmamente aquele gesto, o mais
va, almoçado e pontual, o velho funcionário. louco e gratuito, com que uma moça pode iluminar para
Um dia, porém, José Maria faltou. O motorneiro batia a sempre a vida de um homem tímido.
sirene. Os passageiros se impacientavam. Floripes cor- Acordou com raiva de ter acordado, fechou os olhos
reu aflita a avisar o patrão. Achou-o de pijama, estirado para dormir de novo e reatar o fio de sonho que trouxe
na poltrona, querendo rir. Duília. Mas a imagem esquiva lhe escapou, Duília desa-
– Seu José Maria, o senhor hoje perdeu a hora! Há mui- pareceu no tempo.
to tempo o motorneiro está a dar sinal. (...)
– Diga-lhe que não preciso mais. Toda vez que pensava nela, o longo e inexpressivo inter-
A velha portuguesa não compreendeu. regno* do Ministério que chegava a confundir-se com a
– Vá, diga que não vou... Que de hoje em diante não duração definitiva de sua própria vida apagava-se-lhe
irei mais. de repente da memória. O tempo contraía-se.
A criada chegou à janela, gritou o recado. E o bondezi- Duília!
nho desceu sem o seu mais antigo passageiro. Reviu-se na cidade natal com apenas dezesseis anos de
Floripes voltou ao patrão. Interroga-o com o olhar. idade, a acompanhar a procissão que ela seguia can-
tando. Foi nessa festa da Igreja, num fim de tarde, que
– Não sabes que estou aposentado?
tivera a grande revelação.
(...)
Passou a praticar com mais assiduidade a janela. Quan-
Interrompera da noite para o dia o hábito de esperar to mais o fazia, mais as colinas da outra margem lhe
o bondezinho, comprar o jornal da manhã, bebericar o recordavam a presença corporal da moça. Às vezes che-
café na Avenida, e instalar-se à mesa do Ministério, si- gava a dormir com a sensação de ter deixado a cabeça
sudo e calado, até às dezessete horas. pousada no colo dela. As colinas se transformavam em
Que fazer agora? seios de Duília. Espantava-se da metamorfose, mas se
Não mais informar processos, não mais preocupar-se comprazia na evocação.
com o nome e a cara do futuro Ministro. (...)
Pela primeira vez fartava a vista no cenário de águas e Era o afloramento súbito da namorada (...).
montanhas que a bruma fundia.
ANÍBAL MACHADO A morte da porta-estandarte e Tati, a
(...) garota e outras histórias. Rio de Janeiro: José
Olympio, 1976.
4
Floripes serviu-lhe o jantar, deixou tudo arrumado, e
retirou-se para dormir no barraco da filha. * Interregno: intervalo
17
4. (UERJ) No trecho transcrito a seguir há quatro ora- TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
ções, cujos limites estão assinalados por uma barra:
O artista Juan Diego Miguel apresenta a exposição
Floripes serviu-lhe o jantar, / deixou tudo arrumado, / e Arte e Sensibilidade, no Museu Brasileiro da Escultura
retirou-se / para dormir no barraco da filha. (ref. 4) (MUBE) de suas obras que acabam de chegar no país.
Seu sentido de inovação tanto em temas como em ma-
Reescreva esse trecho, passando a primeira oração para teriais que elege é sempre de uma sensação extraordi-
a voz passiva e convertendo a segunda em oração adje- nária para o espectador.
tiva introduzida por pronome.
Juan Diego sensibiliza-se com os materiais que nos ro-
Em seguida, indique a classificação sintática e semânti- deam e lhes dá vida com uma naturalidade impressio-
ca da última oração. nante, encontrando liberdade para buscar elementos
no fauvismo de Henri Matisse, no cubismo de Pablo Pi-
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
casso e do contemporâneo de Juan Gris. Uma arte que
Havia já quatro anos que Eugênio se achava no semi- está reservada para poucos.
nário sem visitar sua família. Seu pai já por vezes tinha Exposição: de 03 de agosto à 02 de setembro das 10
escrito aos padres pedindo-lhes que permitissem que às 19h.
o menino viesse passar as férias em casa. Estes porém,
já de posse dos segredos da consciência de Eugênio, 7. (FGV) Comente o emprego do sinal indicativo de cra-
receando que as seduções do mundo o arredassem do se no trecho - Exposição: de 03 de agosto à 02 de se-
santo propósito em que ia tão bem encaminhado, opu- tembro das 10 às 19 h.
seram-se formalmente, e responderam-lhe, fazendo ver
que aquela interrupção na idade em que se achava o 8. (UEMA) Leia o poema “Quadrilha”, de Carlos Drum-
menino era extremamente perigosa, e podia ter pés- mond de Andrade.
simas consequências, desviando-o para sempre de sua
natural vocação. QUADRILHA
Uma ausência, porém de quatro anos já era excessiva João amava Teresa que amava Raimundo
para um coração de mãe, e a de Eugênio, principalmen- que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
te depois que seu filho andava mofino e adoentado, que não amava ninguém.
não pôde mais por modo nenhum conformar-se com a João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
vontade dos padres. Estes portanto, muito de seu mau Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
grado, não tiveram remédio senão deixá-lo partir. Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
(Bernardo Guimarães. O Seminarista, 1995) que não tinha entrado na história.
5. (FGV) Observe as reescritas do texto e responda con- Fonte: ANDRADE, Carlos Drummond de. Alguma
forme solicitado entre parênteses. poesia. São Paulo: Companhia das Letras, 2013.
a) Seu pai já por vezes tinha escrito aos padres pedin- A tira reescreve o poema “Quadrilha”. Nela, é reconta-
do-lhes à permissão para que o menino viesse passar
da a segunda parte do referido poema.
as férias em casa. / ... opuseram-se formalmente à
ideia, e responderam de forma negativa inicialmente.
(Justifique se os usos do acento indicativo da crase
estão ou não de acordo com a norma-padrão.)
b) Para um coração de mãe porém uma ausência de
quatro anos já era excessiva... (Pontue o texto e justi-
fique a pontuação realizada.)
6. (UFF)
18
Responda às seguintes questões: que levam para casa. Já estão esperando o produto que
a) No último quadro da tira, como se pode interpretar vai sair. É ninfomania consumista. Jovens relataram que
“(...) um poema terrivelmente trágico, e que parece nunca usaram, nem mesmo uma vez, roupas que adqui-
de humor”, considerando o poema. riram. Aposentam aparelhos eletrodomésticos compra-
b) No terceiro quadro: “Raimundo morreu num desas- dos recentemente porque já estariam defasados.
tre, depois de beber muito a fim de esquecer Maria, Psicólogos suspeitam que essa atitude seja uma fuga
que não lhe amava”, ocorre um desvio da norma culta para aplacar a ansiedade e a carência, provocadas,
em relação à regência verbal. Reescreva esse período, em parte, pela falta de limite. Imaginando-se moder-
adequando-o às regras da sintaxe do padrão culto. nos, pais tentam ser amigos de seus filhos e, assim,
desfaz-se a obrigação de dizer não e enfrentar o con-
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: flito. O resultado é, no final, uma desconfiança, explici-
tada pelos entrevistados, ainda maior em relação aos
Geração Canguru adultos.
Gilberto Dimenstein Outro estudo, desta vez patrocinado pela MTV, detectou
um início de tendência entre os jovens de insatisfação
Ao mapear novas tendências de consumo no Brasil, pu-
diante de pais extremamente permissivos. Estão deman-
blicitários acreditam ter detectado a “Geração Cangu-
dando adultos mais pais do que amigos. Para complicar
ru”. São jovens bem-sucedidos profissionalmente, têm
ainda mais a insegurança das crianças e dos adolescen-
entre 25 e 30 anos de idade e vivem na casa dos pais. O
tes, a violência nas grandes cidades leva os pais, com-
interesse neles é óbvio: compõem um nicho de consumi-
preensivelmente, a pilotar os filhos pelas madrugadas,
dores com alto poder aquisitivo.
para saber se não sofreram uma violência. Brincar nas
Ainda na “bolsa” da mãe, eles mostram que mudaram ruas está desaparecendo da paisagem urbana, ajudando
as fronteiras entre o jovem e o adulto. Até pouquíssi- a formar seres obesos, presos ao computador.
mo tempo atrás, um marmanjão de 30 anos, enfiado na
Há pencas de estudo mostrando como a brincadeira,
casa dos pais, seria visto como uma anomalia, suspei-
dessas em que nos sujamos, ralamos o joelho na árvore,
to de algum desequilíbrio emocional que retardou seu
ajuda a desenvolver a criatividade, o senso de autonomia
crescimento. e de cooperação. É um espaço de estímulo à imaginação.
O efeito “canguru” revela que pais e filhos estão mu- Todos sabemos como é difícil alguém prosperar, com
tuamente mais compreensivos e tolerantes, capazes autonomia, se não souber lidar com a frustração. Muito
de lidar com suas diferenças. Para quem se lembra dos se estuda sobre a importância da resiliência – a capa-
conflitos familiares do passado, marcados pelo choque cidade de levar tombos e levantar como um elemento
de gerações, os “cangurus” até sugerem um grau de ci- educativo fundamental.
vilidade. Não é tão simples assim.
Professores contam, cada vez mais, como os alunos não
Estudos de publicitários divulgados nas últimas sema- têm paciência de construir o conhecimento e desistem
nas indicam um lado tumultuado – e nem um pouco logo quando as tarefas se complicam um pouco. Por
saudável – dessa relação familiar. Por trás das frias es- isso, entre outras razões, os alunos decepcionam-se ra-
tatísticas sobre tendência do mercado, a pergunta que pidamente na faculdade que exige mais foco em pou-
aparece é a seguinte: até que ponto os brasileiros mais cos assuntos.
ricos estão paparicando a tal ponto seus filhos que pro-
Os educadores alertam que muitos jovens têm dificul-
duzem indivíduos com baixa autonomia?
dade de postergar o prazer e buscam a realização ime-
Ao investigar uma amostra de 1.500 mães e filhos, no diata dos desejos; respondem exatamente ao bombar-
Rio e em São Paulo, a TNS InterScience concluiu que deamento publicitário, inclusive na ingestão de álcool,
82% das crianças e dos adolescentes influenciam for- como vamos testemunhar, mais uma vez, nas propa-
temente as compras das famílias. A pressão é especial- gandas de cerveja neste verão. Daí o risco de termos
mente intensa nas classes A e B, cujas crianças, segundo “cangurus” que fiquem cada vez mais na bolsa (e no
os pesquisadores, empregam cada vez mais a estraté- bolso) dos pais.
gia das birras públicas para ganhar, na marra, o objeto
P.S. – Em todos esses anos lidando com educação co-
de desejo.
munitária, posso assegurar que uma das melhores coi-
Com medo das birras, as mães tentam, segundo a pes- sas que as escolas de elite podem fazer por seus alu-
quisa, driblar os filhos e não levá-los às compras, espe- nos é estimulá-los ao empreendedorismo social. É um
cialmente nos supermercados, mas, muitas vezes, aca- notável treino para enfrentar desafios. Enfrentam-se
bam cedendo. Os responsáveis pelo levantamento da em asilos, creches e favelas os limites e as carências.
InterScience atribuem parte do problema ao sentimen- Conheci casos e mais casos de alunos problemáticos
to de culpa. Isso porque, devido ao excesso de traba- que mudaram sua cabeça ao desenvolver uma ação
lho, os pais ficam muito tempo longe de casa e querem comunitária e passaram, até mesmo, a valorizar o
compensar a ausência com presentes. aprendizado curricular.
Uma pesquisa encomendada pelo Núcleo Jovem da Abril
http://www1.folha.uol.com.br/folha/dimenstein/colunas/gd121205.htm
detectou que muitos dos novos consumidores vivem
uma ansiedade tamanha que nem sequer usufruem o
19
9. (UFJF) Leia novamente: dantes ou que geram renda insuficiente para que os in-
“Todos sabemos como é difícil alguém prosperar, com divíduos e suas famílias superem situações de pobreza.
autonomia, se não souber lidar com a frustração.” Tal conceito de trabalho afirma a necessidade de que o
emprego esteja também associado à proteção social e
a) Explique a concordância entre o sujeito e o verbo à noção de direitos do trabalho, entre eles os de repre-
na parte acima destacada. sentação, associação, organização sindical e negociação
b) Compare a concordância acima (Todos sabemos) coletiva.
com: “Todos sabem como é difícil...”. Qual é a prin-
A noção de Trabalho Decente é uma tentativa de ex-
cipal diferença no impacto discursivo produzido pelas
pressar, numa linguagem cotidiana, a integração de ob-
duas formas? Justifique sua resposta.
jetivos sociais e econômicos, reunindo as dimensões do
10. (ITA) Leia o texto seguinte: emprego, dos direitos no trabalho, da segurança e da
representação, em uma unidade com sentido e coerên-
Antes de começar a aula - matéria e exercícios no qua-
cia interna quando considerada na sua totalidade.
dro, como muita gente entende -, o mestre sempre
declamava um poema e fazia vibrar sua alma de tanta Qual é a diferença entre o conceito de Trabalho Decente
empolgação e os alunos ficavam admirados. Com a suti- e conceitos mais tradicionais, como o de trabalho de
leza de um sábio foi nos ensinando a linguagem poética qualidade? Sua principal novidade é ser multidimen-
mesclada ao ritmo, à melodia e a própria sensibilidade sional, ou seja, acrescentar à dimensão econômica, re-
artística. Um verdadeiro deleite para o espírito, uma presentada pelo conceito de um emprego de qualidade,
sensação de paz, harmonia. (Osório, T. Meu querido pro- novas dimensões de caráter normativo, de segurança e
fessor. “Jornal Vale Paraibano”, 15/10/1999.) de participação/representação (MARTINEZ, 2005).
É importante assinalar que essa diferença conceitual
a) Qual a interpretação que pode ser dada à ausência
determina diferentes políticas, ou melhor, uma dife-
da crase no trecho “a própria sensibilidade artística”?
rente articulação de políticas em termos de emprego
b) Qual seria a interpretação caso houvesse a crase? e mercado de trabalho e destas com as políticas eco-
TEXTOS PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: nômicas e sociais. A integração e a coerência entre a
política sociolaboral e a política econômica são essen-
TEXTO 1 ciais para a geração de Trabalho Decente. Enquanto a
política econômica cria condições para o crescimento e
O conceito de Trabalho Decente a geração de empregos, a política sociolaboral, integra-
Trabalho Decente, para a OIT (Organização Internacio- da com a política econômica, cria as condições para que
nal do Trabalho), é um trabalho produtivo e adequada- o emprego gerado incorpore as distintas dimensões do
mente remunerado, exercido em condições de liberda- conceito de Trabalho Decente (LEVAGGI, 2006).
de, equidade e segurança, e que seja capaz de garantir Ao definir a promoção do Trabalho Decente como o as-
uma vida digna a todas as pessoas que dependem do pecto central e integrador de toda a sua estratégia, a
seu trabalho para viver. Trata-se, portanto, do trabalho OIT reafirma o seu compromisso com o conjunto dos
que permite satisfazer às necessidades pessoais e fa- trabalhadores e trabalhadoras e não apenas com aque-
miliares de alimentação, educação, moradia, saúde e les que têm um emprego regular, estável, protegido
segurança. É também o trabalho que garante proteção – no setor formal ou estruturado da economia. A pro-
social nos impedimentos ao exercício do trabalho (de- moção do Trabalho Decente (ou a redução dos déficits
semprego, doença, acidentes, entre outros) e assegura de Trabalho Decente) é um objetivo que deve ser per-
renda ao chegar à época da aposentadoria (Conferencia seguido também em relação ao conjunto das pessoas
Internacional del Trabajo, 1999). – homens, mulheres e jovens – que trabalha à margem
É um trabalho no qual as relações entre cada trabalha- do mercado de trabalho estruturado: assalariados não
dor ou trabalhadora e seus empregadores ou empre- regulamentados, tradutores por conta própria, tercei-
gadoras estão devidamente regulamentadas por lei, rizados ou subcontratados, trabalhadores a domicílio,
especialmente no que se refere aos direitos fundamen- etc. Todas as pessoas que trabalham têm direitos – as-
tais no trabalho, e autorreguladas através de acordos sim como níveis mínimos de remuneração, proteção e
negociados em um processo de diálogo social em di- condições de trabalho –, que devem ser respeitados.
versos níveis, o que implica o pleno exercício do direito Essa noção, portanto, inclui o emprego assalariado, o
da liberdade sindical, assim como o fortalecimento das trabalho autônomo ou por conta própria, o trabalho a
diferentes instituições da administração do trabalho e domicílio, assim como a ampla gama de atividades rea-
das formas de representação e organização dos atores lizadas na economia informal e na economia de cuidado
sociais (MARTINEZ, 2005). (RODGERS, 2002).
A noção de Trabalho Decente integra, portanto, as di- Existe uma forte relação entre o conceito de Trabalho
mensões quantitativa e qualitativa do emprego. Ela Decente e a noção da dignidade humana. Com efeito,
propõe não só medidas de geração de postos de traba- tal como discutido por Rodgers (2002), o trabalho é o
lho e de enfrentamento do desemprego, mas também âmbito para o qual confluem os objetivos econômicos
de superação de formas de trabalho que se baseiam em e sociais das pessoas. O trabalho supõe produção e
atividades insalubres, perigosas, inseguras e/ou degra- rendimentos. Mas significa, também, integração social,
20
identidade e dignidade pessoal. O vocábulo decente para trás não existia família. Cortar mandacaru, ense-
expressa algo que é ao mesmo tempo suficiente e de- bar látegos - aquilo estava no sangue. Conformava-se,
sejável. Um Trabalho Decente significa um trabalho no não pretendia mais nada. Se lhe dessem o que era dele,
qual o seu rendimento e as condições em que este se estava certo. Não davam. Era um desgraçado, era como
exerce estão de acordo com as nossas expectativas e as um cachorro, só recebia ossos. Por que seria que os ho-
da comunidade, mas não são exageradas, estão dentro mens ricos ainda lhe tomavam uma parte dos ossos?
das aspirações razoáveis de pessoas razoáveis. [...] Fazia até nojo pessoas importantes se ocuparem com
Trata-se do trabalho exercido atualmente e de suas semelhantes porcarias.
expectativas de futuro; das condições em que este se Na palma da mão as notas estavam úmidas de suor.
exerce; do equilíbrio entre a vida doméstica e a vida Desejava saber o tamanho da extorsão. Da última vez
familiar; de um trabalho que permita manter os filhos que fizera contas com o amo o prejuízo parecia menor.
na escola, evitando que eles sejam levados ao trabalho Alarmou-se. Ouvira falar em juros e em prazos. Isto lhe
infantil. Trata-se da igualdade de gênero e raça/etnia, dera uma impressão bastante penosa: sempre que os
da igualdade de reconhecimento e da possibilidade de homens sabidos lhe diziam palavras difíceis, ele saía lo-
que as mulheres, os negros e outros grupos discrimina- grado. Sobressaltava-se escutando-as. Evidentemente
dos possam optar e assumir o controle sobre as suas só serviam para encobrir ladroeiras. Mas eram bonitas.
próprias vidas. Trata-se das capacidades pessoais para Às vezes decorava algumas e empregava-as fora de
competir no mercado, manter-se em dia com as novas propósito. Depois esquecia-as. Para que um pobre da
tecnologias e preservar a saúde – física e mental. Tra- laia dele usar conversa de gente rica? Sinhá Terta é que
ta-se de desenvolver as qualificações empresariais, de tinha uma ponta de língua terrível. Era: falava quase
receber uma parte equitativa da riqueza que se ajuda a tão bem como as pessoas da cidade. Se ele soubesse fa-
criar e de não ser objeto de discriminação. Trata-se de lar como Sinhá Terta, procuraria serviço noutra fazenda,
poder expressar-se e ser ouvido no lugar de trabalho e haveria de arranjar-se. Não sabia. Nas horas de aperto
na comunidade. dava para gaguejar, embaraçava-se como um menino,
Adaptado de ABRAMO, Laís. Trabalho Decente, informalidade
coçava os cotovelos, aperreado. Por isso esfolavam-no.
e precarização do trabalho. IN: DAL ROSSO, Sadi e FORTES, Safados. Tomar as coisas de um infeliz que não tinha
José Augusto Abreu Sá (org.). Condições de trabalho no onde cair morto! Não viam que isso não estava certo?
limiar do século XXI. Brasília: Épocca, 2008. p. 40-41. Que iam ganhar com semelhante procedimento? Hem?
Que iam ganhar?
TEXTO 2
RAMOS, Graciliano. Vidas secas.
Rio de Janeiro: Record, 1986. p.95-97.
Olhou as cédulas arrumadas na palma, os níqueis e as
pratas, suspirou, mordeu os beiços. Nem lhe restava o 11. (PUC-RJ)
direito de protestar. Baixava a crista. Se não baixasse,
a) Explique a diferença de sentido entre as frases abaixo:
desocuparia a terra, largar-se-ia com a mulher, os filhos
pequenos e os cacarecos. Para onde? Hem? Tinha para i) Os homens sabidos diziam palavras difíceis a Fabiano.
onde levar a mulher e os meninos? Tinha nada! ii) Os homens, sabidos, diziam palavras difíceis a Fabiano.
Espalhou a vista pelos quatro cantos. Além dos telha- b) Destaque, do último parágrafo do Texto 1, a frase que,
dos, que lhe reduziam o horizonte, a campina se esten- considerando a noção de Trabalho Decente, atenderia às
dia, seca e dura. Lembrou-se da marcha penosa que inquietações de Fabiano na seguinte passagem:
fizera através dela, com a família, todos esmolamba- “Se ele soubesse falar como Sinhá Terta, procuraria servi-
dos e famintos. Haviam escapado, e isto lhe parecia um ço noutra fazenda, haveria de arranjar-se. Não sabia. Nas
milagre. Nem sabia como tinham escapado. horas de aperto dava para gaguejar, embaraçava-se como
um menino, coçava os cotovelos, aperreado. Por isso esfo-
Se pudesse mudar-se, gritaria bem alto que o rouba-
lavam-no. Safados.” (último parágrafo do Texto 2)
vam. Aparentemente resignado, sentia um ódio imenso
a qualquer coisa que era ao mesmo tempo a campina c) Identifique o referente do pronome demonstrativo isso
seca, o patrão, os soldados e os agentes da Prefeitu- em “Não viam que isso não estava certo?”, no último
ra. Tudo na verdade era contra ele. Estava acostumado, parágrafo do Texto 2.
tinha a casca muito grossa, mas às vezes se arreliava. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Não havia paciência que suportasse tanta coisa.
Um dia um homem faz besteira e se desgraça. O dia abriu seu para-sol bordado
Pois não estavam vendo que ele era de carne e osso? O dia abriu seu para-sol bordado
Tinha obrigação de trabalhar para os outros, natural- De nuvens e de verde ramaria.
mente, conhecia o seu lugar. Bem. Nascera com esse E estava até um fumo, que subia,
destino, ninguém tinha culpa de ele haver nascido com Mi-nu-ci-o-sa-men-te desenhado.
um destino ruim. Que fazer? Podia mudar a sorte? Se
lhe dissessem que era possível melhorar de situação es- Depois surgiu, no céu azul arqueado,
pantar-se-ia. Tinha vindo ao mundo para amansar bra- A Lua – a Lua! – em pleno meio-dia.
bo, curar feridas com rezas, consertar cercas de Inverno Na rua, um menininho que seguia
a Verão. Era sina. O pai vivera assim, o avô também. E Parou, ficou a olhá-la admirado...
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Pus meus sapatos na janela alta, TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Sobre o rebordo... Céu é que lhes falta
Pra suportarem a existência rude!
E eles sonham, imóveis, deslumbrados,
Que são dois velhos barcos, encalhados
Sobre a margem tranquila de um açude..
MARIO QUINTANA. Prosa e verso. Porto Alegre: Globo, 1978.
13. (PUC-RJ)
a) Reescreva duas vezes a segunda oração do período
a seguir, substituindo o verbo “VIVER” por cada um
dos seguintes verbos: 15. (UEG) As manchetes jornalísticas caracterizam-se
pela objetividade, evitando comentários avaliativos e/
I) lidar
ou explicações causais e descrições. Reescreva o texto
II) depender
em um período, explicitando informações avaliativas e
“Ele é nossa principal tecnologia social, por meio da descritivas subentendidas na manchete.
qual vivemos hoje.”
b) Pontue o período a seguir, empregando apenas um
sinal de vírgula e um de dois pontos.
É aquela velha história se você coloca coisas caras em
casa vai precisar pôr trancas nas portas e grades nas
janelas.
22
INTERPRETAÇÃO
DE TEXTOS
23
LEITURA DE IMAGENS I (DA ARTE ANTIGA À ARTE MEDIEVAL)
Arte grega
A arte grega, em seus primórdios, recebeu forte influência
da produção artística egípcia. Destacam-se as produções
escultóricas e a arquitetura do período. Também encontra-
mos pinturas, que, em geral, possuem como suporte vasos
e ânforas.
Artista desconhecido – Pintura rupestre de Altamira (c.15000 a.C.) Os gregos criaram várias obras de arte que enfeitavam
templos e prédios públicos, celebrando vitórias em bata-
As pinturas rupestres também foram encontradas no Bra-
lhas e retratando pessoas famosas já mortas. Foi uma arte
sil, especialmente na região de São Raimundo Nonato, no
que idealizou um forte projeto realista de reprodução dos
Piauí e também nas regiões da Chapada Diamantina e
corpos, que em momento posterior influenciaria a arte do
Gruta do Sol, na Bahia. Elas apresentam motivos natura-
Renascimento.
listas (humanos e animais em cenas de caça) ou motivos
geométricos (círculos, cruzes e espirais). Já na arquitetura, destacam-se o rápido desenvolvimento
artístico na produção de elementos geométricos e simétri-
cos, e a preocupação com a ornamentação que compunha
as colunas dos templos gregos, destacando-se as ordens
dóricas e jônicas.
Arte românica
Denomina-se arte românica o período de produção artísti-
ca que ocorreu durante os anos de decadência do Império
Romano depois das primeiras décadas do século III (o que
também demarca o início da Era Medieval). Esse período
ficou fortemente marcado por alterações na arquitetura,
Artista desconhecido – Pintura rupestre da especialmente a dos templos religiosos.
Gruta do Sol (c.40000 a.C.)
As características mais significativas da arquitetura ro-
mânica são a utilização da abóbada, dos pilares ma-
Arte dos povos antigos ciços que a sustentam e das paredes espessas com
aberturas estreitas usadas como janelas. A partir disso,
Arte egípcia temos construções bastante grandes e sólidas, chama-
das “fortalezas de Deus”.
Engloba o período que vai de 2649 a.C. a 1070 a.C, abran-
gendo uma notável variedade de pinturas (em afrescos e
24
LEITURA DE IMAGENS II (ARTES DA ERA MODERNA)
25
O Barroco e o Rococó no Brasil Segunda metade do
O Barroco no Brasil se desenvolveu do século XVII ao iní- século XIX no Brasil
cio do século XIX (quando já havia sido abandonado na
Europa). Sua maior expressão ocorreu na arquitetura e na Pintura acadêmica no Brasil
escultura, com predominância da temática religiosa. Já a e modernização da arte
pintura, em geral, foi realizada em afrescos dentro das igre-
jas, seguindo, evidentemente, o tema religioso. Em meados do século XIX, com a presença da família real
no Brasil, o país passou por um período de crescimento
No que diz respeito ao Rococó, algumas linhas desse estilo
econômico, estabilidade social e de incentivo às artes, cons-
foram absorvidas pelos arquitetos do período (uma maior
truído pelo governo do imperador Dom Pedro II. A presença
preocupação com o trabalho geométrico), mas sem que se
da Academia Imperial de Belas Artes fez com que o Brasil
bloqueassem por completo as influências barrocas. Nesse
passasse a ter produções de grandes pintores brasileiros.
sentido, o Rococó no Brasil não apresentou muitas diferen-
No entanto, como a pintura era estudada a partir de uma
ças em relação ao Barroco.
base acadêmica europeia, ela refletia ainda muitos dados
conservadores dessa escola, especialmente a preocupação
Primeira metade do século XIX no Brasil excessiva com o realismo
Expressionismo
Movimento que surgiu entre os anos de 1904 e 1905 na Alemanha, inspirado na obra O grito (1893), de Edward Munch.
Surge especificamente como um movimento de reação ao Impressionismo pois, enquanto este último se preocupava prio-
ritariamente com as sensações provocadas pela luz, o Expressionismo desejava retratar as inquietações psicológicas do ser
humano no agitado início do século XX.
Cubismo
Movimento que surgiu a partir de Cézanne. A ideia dos cubistas era que os objetos se apresentassem a partir da ideia de um
cubo desdobrado / aberto, com todos os seus lados no plano frontal em relação ao observador. Esse gesto faz com que se
abandone a perspectiva e os dados tridimensionais.
26
Fauvismo A influência da arte moderna no Brasil
Foi um movimento pontual que surgiu na França em 1905. Lasar Segall foi o primeiro artista a colocar o Brasil em con-
O nome do movimento surge da palavra “fauves” (feras), tato com as experiências artísticas europeias, ainda antes
e foi dado pelo crítico de arte francês Louis Vauxcelles, por do início do movimento modernista. Na obra em destaque
conta do modo agressivo e intenso com que os artistas é possível notar a influência das vanguardas na arte bra-
usavam as cores puras, sem misturas ou matizes. sileira, especialmente as formas angulosas do cubismo e a
variação de cores do fauvismo.
Além do uso intenso de cores puras, os artistas do Fauvis-
mo operaram uma simplificação das formas apresentadas.
Todo esse trabalho com cores intensas e formas mais atí-
picas opera um deslocamento em relação a qualquer dado
que fosse mais realístico.
Abstracionismo
Talvez seja o movimento que operou o afastamento mais
radical da realidade. Caracteriza-se pela ausência de rela-
ção imediata entre as formas e as cores reais. Uma tela
abstrata não narra uma história, nem oferece dados plena-
mente reconhecíveis.
Foi um movimento que cresceu bastante durante o período
Anita Malfatti – O homem amarelo (1915)
relacionado a era moderna da pintura, ganhando até algu-
mas distinções, como o abstracionismo geométrico que, ao Anita Malfatti sofreu severas críticas de artistas mais con-
invés de dispersar formas, traços e cores, passava a organi- servadores quando da exposição de seu trabalho no Brasil,
zá-las de modo geométrico. no ano de 1917. Posteriormente, recebeu apoio de diversos
artistas que passavam a seguir as linhas de influência eu-
ropeia, sendo reconhecida hoje como uma das artistas que
Surrealismo mais chamou a atenção para os novos modelos de produção
O Surrealismo foi um movimento que esteve presente não do período, especialmente os trabalhos que envolviam o uso
só nas artes plásticas, mas também na literatura. Teve iní- das cores, como podemos ver em O homem amarelo.
cio sob a liderança do escritor André Breton e tinha como
Outro importante autor do movimento modernista brasilei-
objetivo provar que a arte não poderia ser resultado de
ro foi Vicente do Rego Monteiro. O autor viveu na Europa
operações racionais e lógicas, mas sim de pensamentos ab-
até 1917, quando retornou ao Brasil e participou da Sema-
surdos e ilógicos. Nesse sentido, a instância do sonho, por
na de Arte Moderna de 1922. As influências vanguardistas
exemplo, com suas imagens desconexas, passa a ser um
em sua obra são bastante notáveis, especialmente o traba-
ponto central para a estética surrealista. Além do sonho,
lho com as formas geométricas circulares.
os autores criavam “mecanismos” que os afastassem da
realidade no momento da criação (o artista surrealista Joan
Miró, por exemplo, costumava entrar em longos ciclos de
jejum, a fim de que as alucinações da fome orientassem as
imagens que surgiam em sua obra).
Futurismo
Como o próprio nome sugere, os futuristas valorizavam o fu-
turo e as modernizações que o acompanhavam. A velocidade
e os processos de mecanização passavam a fazer parte inte-
grante da sociedade, e os artistas desse movimento deseja-
vam incorporam as sensações e percepções que essa moder-
nidade trazia. As linhas retas que eram incorporadas a suas
telas tentavam reproduzir o movimento veloz das máquinas. Tarsila do Amaral – O mamoeiro (1925)
27
Tarsila também produziu uma obra que expressava a jun- Portinari foi outro importante pintor do período modernis-
ção das experiências vanguardistas – como os sólidos ta. Suas obras retratam com frequência as relações de tra-
modelos cubistas que usava em seus quadros – com a balho brasileiras (especialmente na terra) e o quanto elas
materialidade das vidas brasileiras, muitas vezes colocan- parecem ser duras com os indivíduos, que nos seus quadros
do temáticas que expressavam pontos de vista críticos em denotam sua força física por meio dos membros grandes e
relação aos problemas sociais do brasileiro, especialmente corpos volumosos, como vemos na imagem acima.
em suas relações de trabalho.
28
Novo realismo e arte performática Embora esse gesto remeta ao trabalho com os ready-ma-
des, que alguns anos antes havia sido incorporado pela
O novo realismo foi uma estética que surgiu em meados Pop Art, os artistas da arte povera julgavam a crítica ao
dos anos 1960, numa tentativa de se afastar de modo mais consumismo feita pela Pop Art muito esvaziada. Nesse sen-
rígido do expressionismo abstrato que dominava o fim da tido, o uso de materiais comuns ou de elementos da natu-
década de 1950. reza passava a ser uma maneira de desafiar as tradições e
Trata-se de uma estética que surge em um contexto de estruturas clássicas da arte.
pós-guerra, com crescentes avanços tecnológicos e grandes
mudanças políticas que exigiam uma postura da arte que Op art
voltasse a promover uma aproximação com a realidade.
Outra importante tendência contemporânea foi a Op art (o
Era comum aos novos realistas a incorporação em suas nome é uma abreviação para Optical Art). Seu objetivo era
obras de objetos que foram descartados no cotidiano, a criar uma interação com o espectador a partir de tentativas
fim de estabelecer uma crítica mais precisa às relações de de manipulação de sua percepção visual. Os artistas usa-
consumo, ao desperdício, ou a tudo aquilo que a guerra vam ilusões e efeitos ópticos nas obras para promover um
representa de negativo. efeito psicofisiológico sobre o observador.
Os artistas também se pautavam por uma ideia de “des-
truição criativa”, que resultava em ações ou performances Land art
em que os indivíduos passavam a ser, efetivamente, parte
A Land art surge em finais dos anos 1960 buscando no-
integrante da obra artística.
vos materiais, temas e lugares para a prática artística. Os
artistas desse movimento irão explorar o potencial da
Minimalismo paisagem e do meio ambiente tanto por seus materiais
Outro projeto contemporâneo importante foi o Minimalis- quanto por sua localização. A principal ideia era: a na-
mo. O movimento visava, por meio de traços e formatos tureza agora faria parte da obra, ao invés de apenas ser
bastante simplificados, criar sugestões para que o espec- representada por ela.
tador constituísse as figurações e ideias em torno da obra.
Os primeiros artistas da Land art foram americanos. Pos-
Foi um movimento que inspirou muitos trabalhos que pos-
teriormente, esse modelo estético se difundiu por outros
teriormente forma realizados no Brasil. O movimento ca-
países da Europa. As obras realizadas consistiam em escul-
racteriza-se por trabalhar com peças simples, com formas
turas de monumentos feitas com a própria natureza.
geométricas quadradas ou retangulares que, embora se
afastem de qualquer figuração mais precisa da realidade,
podem, em alguns casos, sugerir algo. Urban / Street art
A arte urbana se originou no fim da década de 1960 e
Arte conceitual início da década de 1970, na Filadélfia, com alguns gra-
A arte conceitual também surge em meados dos anos fiteiros pioneiros da região, e alguns anos depois ganha
1960 como um desafio às classificações impostas à arte notoriedade em Nova York. A princípio o grafite se con-
por museus e galerias, que costumavam afirmar ao público centrava na produção de “marcas”, que consistiam em
“isto é arte”. Nesse sentido, a arte conceitual vem como um pseudônimo resumido inscrito em qualquer superfície
um movimento que insere a pergunta: o que é arte? pública disponível.
As raízes da arte conceitual remontam ao Dadaísmo, e têm Em momento posterior, as marcas evoluíram para “peças”,
como objetivo colocar um conceito à frente da obra de arte que eram ilustrações caligráficas grandes e extremamente
em si. Nesse sentido, promove-se uma reflexão não sobre o complexas, feitas com o uso de latas de tinta spray e cuja
objeto, mas sobre a ideia que está sobre esse objeto. Ela foi principal mídia, se não única, era o sistema de transporte
operada por meio de pinturas, esculturas e até performances. público, principalmente o metrô de Nova York.
29
Arte concreta (1950 – 1960) O Manifesto Neoconcreto, apoiando-se na filosofia de
Merleau-Ponty, recuperava o humano, reabilitando o
Entre os anos 1950 e 1960, durante o governo de Jusceli- sensível, procurando-o fazer fundamento de um conhe-
no Kubitschek, o Brasil começa a apresentar grande cresci- cimento real. Tinha a intenção de revitalizar o relaciona-
mento econômico e avanços no campo da industrialização
mento do sujeito com seu trabalho. Nesse período, desta-
(que geraram aspirações em relação ao trabalho) e tam-
cam-se as obras de Hélio Oiticica e Lygia Clark.
bém no da comunicação. A partir desses avanços, a arte
concreta busca uma maior integração do trabalho de arte
com a ideia de produção e avanço industrial.
Outras experiências
contemporâneas (pós-1970)
As obras apresentam maior crença na tecnologia, grande
rigor geométrico, e na matemática, estruturando ritmos e As produções artísticas mais recentes do Brasil preservam
relações. O desenho das obras é preciso, feito com régua a integração entre o espectador e a obra. Para isso, os ar-
e compasso, e utiliza, tanto no suporte, quanto na maté- tistas se valem do acúmulo das várias experiências que
ria prima, materiais industrializados produzidos em série, ocorreram fora do país.
como ferro, alumínio, tinta esmalte, entre outras. Entre as várias bases estéticas, vemos a apropriação de
materiais do cotidiano, com proposta de releitura de ob-
Arte neoconcreta (1960 – 1970) jetos utilizados e ruptura com os suportes tradicionais
A arte neoconcreta surge em meio ao início da tensão políti- (destacando-se, mais uma vez, a escultura e a arquitetura).
ca e cultural que toma o país, além do início do regime militar Outro ponto importante é a exteriorização da obra de arte
no país. Seu projeto estético visava denunciar o excesso de (ela não se encontra apenas em museus, mas busca ou-
dogmatismo da estética anterior (concretismo), fazendo arte tros espaços). Também temos uma resistência ao excesso
segundo “receitas preestabelecidas”, e que terminavam - ao de racionalismo visto no concretismo. Mais recentemente,
invés de integrar a arte na vida - submetendo-a a um esque- ela também passa a se apropriar de discursos identitários
ma de produção de potencial crítico e artístico zero. (minorias e margens).
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Fotografia da primeira e) Fotografias de rua
metade do século XX As fotografias de rua colocavam em prática a ideia do “ins-
tantâneo”, que consistiam em fotografias que registravam
A fotografia da era moderna esteve muitas vezes próxima
momentos muito particulares do cotidiano em enquadra-
das estéticas estudadas na pintura. A fotografia da primeira
mentos muitas vezes específicos ou inusitados.
metade do século XX nos mostra as primeiras tentativas de
amadurecimento estético do gênero.
Fotografia da segunda metade
a) Trabalho mais cuidadoso com a imagem do século XX até os dias atuais
Na segunda metade do século XX, até nossos dias, a fo-
tografia apresenta grandes avanços. Em alguns momen-
tos, seguirá mais próxima das perspectivas que vemos
na pintura e, em outros, apresentará características mais
particulares.
a) Performance e participação
A fotografia também explorou, assim como a pintura, pers-
pectivas relacionadas ao espectador participante em rela-
ções que envolviam performances.
b) Documentário
A fotografia também explorou as relações que documen-
tam grandes problemas sociais. Em geral, são fotografias
marcas por forte intencionalidade, com objetivo de cons-
cientizar por meio do choque.
Herbert Ponting – Gruta num iceberg, o Terra nova à distancia (1911)
Vemos que a imagem de Herbert Ponting já explora re- c) Paisagem alterada pelo homem
lações de forma e profundidade, além de uma atenção
A fotografia também atendeu a demandas relacionadas a
bem específica para a questão da entrada de luz no espa-
denúncias sobre degradação do meio ambiente; denúncias
ço. Também o cuidado “temporal” de fazer o registro no
essas que, muitas vezes, geraram fotografias memoráveis.
exato momento em que um barco passa ao fundo.
c) Experimentação e abstração
As perspectivas do abstracionismo também alcançaram
a fotografia. Na tentativa de amadurecer o gênero este-
ticamente, surgiram registros fotográficos que distorciam
a figuração.
Wang Qingsong – Siga-me (2003)
d) Surrealismo
O surrealismo também teve parte de sua atuação vincula- e) Rebelião e conflito
da à fotografia. A mesma perspectiva do sonho e do ab- Também foram realizados importantes registros a respeito
surdo que víamos na pintura também pode ser encontrada de rebeliões e conflitos (e suas consequências) que abala-
na fotografia. ram o mundo na segunda metade do século XIX.
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QUADRINHOS, TIRINHAS, CHARGES E CARTUNS
Quadrinhos Tirinhas
Charges
Trata-se de um gênero que, trabalhando com as lin-
guagens verbal e não verbal, precisa estar em conso-
nância com os conhecimentos de mundo do interlo-
cutor, uma vez que o entendimento da mensagem só
será efetivado se houver compreensão de contextos
determinados.
O GÊNERO PUBLICITÁRIO
Entende-se por gênero publicitário aquele que tem como objetivo principal fazer com que o interlocutor/ouvinte tome parte
em alguma causa, seja ela comprar um produto ou aderir a uma ideia. São textos de cunho persuasivo, por isso estão com-
pletamente ligados à função apelativa/conativa da linguagem.
Os textos publicitários estão fortemente inseridos na sociedade contemporânea e, por esse motivo, estão presentes em mui-
tos vestibulares. Ao lado do gênero jornalístico, é dos que apresenta maior número de questões registradas.
A respeito do texto publicitário é sempre importante pensar a sua circulação e sua recepção.
A linguagem dos textos publicitários é marcada por uma maior flexibilidade em relação à gramática normativa. Como o
objetivo básico desses textos é atingir rapidamente o interlocutor, é necessário que se opte, em alguns momentos, por uma
linguagem mais coloquial/informal. Portanto, encontraremos muito frequentemente anúncios publicitários cujos textos
apresentam “desvios” em relação à norma padrão.
32
TEXTO JORNALÍSTICO
Também conhecidos como injuntivos, os textos técnicos são utilizados não apenas como elemento informativo, mas princi-
palmente como elemento instrucional (que ensina alguém a fazer algo a respeito de algum assunto). É um tipo de texto que
muitos confundem com o texto de divulgação científica, uma vez que ambos são escritos por um especialista da área. Mas
há uma diferença essencial: no texto técnico há a preferência por uma linguagem mais especializada (complexa), enquanto
os textos de divulgação científica têm como objetivo apresentar para o grande público uma pesquisa científica/técnica em
linguagem mais acessível. Essa diferença na abordagem se dá justamente por conta dos objetivos finais desses textos: cien-
tífico informa e divulga; técnico informa e ensina.
33
U.T.I. - Sala 3. (UNESP 2018) Examine a tira do cartunista argentino
Quino (1932-) para responder à questão a seguir
1. (UNICAMP) Ao analisar A primeira missa no Brasil,
obra de 1860, feita por Victor Meirelles e exposta atu-
almente no Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de
Janeiro, o historiador Rafael Cardoso inseriu o quadro
no gênero da pintura histórica. Para o autor, tal gênero
“deveria partir de um grande e elevado tema e mostrar
o domínio do pintor de um amplo leque de informações
não pictóricas. Ou seja, em meados do século XIX, tanto
a correção da indumentária representada quanto o es-
pírito cívico da obra eram sujeitos a exame detalhado.
O quadro teria grandes formatos, composições comple-
xas e perfeito acabamento. A realização de uma pintura
assim poderia levar anos e geralmente correspondia a
um atestado de amadurecimento do pintor.”
Adaptado de Rafael Cardoso, A arte brasileira em 25 quadros
(1790-1930). Rio de Janeiro/São Paulo: Record, 2008, p. 54-55.
4. (UNICAMP)
TEXTO I
Entre 1995 e 2008, 12,8 milhões de pessoas saíram da
condição de pobreza absoluta (rendimento médio do-
miciliar per capita até meio salário mínimo mensal),
permitindo que a taxa nacional dessa categoria de po-
breza caísse 33,6%, passando de 43,4% para 28,8%.
a) Explique as razões pelas quais podemos considerar No caso da taxa de pobreza extrema (rendimento médio
que a obra em questão é baseada em uma noção de domiciliar per capita de até um quarto de salário míni-
história oficial e heroica. mo mensal), observa-se um contingente de 13,1 milhões
b) Qual era a visão predominante dos integrantes da de brasileiros a superar essa condição, o que possibilitou
Semana de Arte Moderna de 1922 em relação à arte reduzir em 49,8% a taxa nacional dessa categoria de po-
acadêmica? Justifique sua resposta. breza, de 20,9%, em 1995, para 10,5%, em 2008.
(Dimensão, evolução e projeção da pobreza por região e por
2. (FUVEST) Examine estas imagens, que reproduzem, estado noBrasil, Comunicados do IPEA, 13/07/2010, p. 3.)
em preto e branco, dois quadros da pintura brasileira.
TEXTO II
34
5. (FUVEST) Examine a seguinte matéria jornalística:
Às 9h desta segunda (17), ninguém dormia no ponto de ônibus da rua Augusta com a Caio Prado. Ninguém a não ser
João Paulo Silva, 42, que chegava à oitava hora de sono em cima da parada de coletivos.
“Eu sempre durmo em cima desses pontos novos. É gostoso. O teto tem um vidro e uma tela embaixo, então não dá
medo de que quebre. É só colocar um cobertor embaixo, pra ficar menos duro, e ninguém te incomoda”, disse Silva
depois de acordar e descer da estrutura. No dia, entretanto, ele estava sem a coberta, “por causa do calor de matar”.
Por não ter trabalho em local fixo (“Cato lata, ajudo numa empresa de carreto. Faço o que dá”), ele varia o local de
pouso. “Às vezes é aqui no centro, já dormi em Pinheiros e até em Santana. Mas é sempre nos pontos, porque eu não
vou dormir na rua”.
www1.folha.uol.com.br, 19/03/2014. Adaptado.
a) Qual é o efeito de sentido produzido pela associação dos elementos visuais e verbais presentes na imagem acima? Explique.
b) O vocábulo “pra”, presente nas declarações atribuídas a João Paulo Silva, é próprio da língua falada corrente e informal.
Cite mais dois exemplos de elementos linguísticos com essa mesma característica, também presentes nessas declarações.
U.T.I. - E.O.
1. (UNICAMP 2019) O texto a seguir, publicado junto com a charge abaixo, foi escrito em homenagem a Marielle
Franco, mulher negra, da favela, socióloga, vereadora do Rio de Janeiro. Defensora dos Direitos Humanos, Marielle foi
morta a tiros no dia 14 de março de 2018, no Estácio, região central da cidade.
O luto por Marielle me conduz ao poema A flor e a náusea de Carlos Drummond, cada dia mais atual, nos lembrando
que “o tempo não chegou de completa justiça. O tempo é ainda de fezes, maus poemas, alucinações e espera”. Ele
pergunta: “Posso, sem armas, revoltar-me?”. O inimigo está com a faca, o queijo, os fuzis e as balas na mão, o que
aumenta nosso sentimento de impotência. Drummond me mostra a flor furando “o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio”
e, dessa forma, “me salvo e dou a poucos uma esperança mínima”. A poesia, território onde os assassinos não entram,
tem esse poder milagroso de colocar ao nosso alcance a arma da razão com muita munição de esperança.
(Adaptado de José Ribamar Bessa Freire, “Uma toada para Marielle: a flor que fura o asfalto”. A charge
de Quinho foi encontrada na internet pelo autor da crônica. Disponível em http://www.taquiprati.com.br/
cronica/1387-uma-toada-para-marielle-a-flor-que-fura-o-asfalto. Acessado em 03/09/2018.)
a) Segundo o dicionário Michaelis, “estar com a faca e o queijo na mão” significa “ter poder amplo e irrestrito”. Como
isso aparece no trecho da crônica e na charge?
b) Como a ideia de “munição de esperança” está expressa na charge e no poema citado?
35
2. (FUVEST 2019) Examine o anúncio e leia o texto.
I.
II. Art. 149 Reduzir alguém a condição análoga à de escravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados ou a jornada
exaustiva, quer sujeitando-o a condições degradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer meio, sua locomoção
em razão de dívida contraída com o empregador ou preposto: Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa, além da pena
correspondente à violência.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2003/L10.803.htm
a) Explique a relação de sentido entre os trechos (I) “Escravidão no Brasil não é analogia” e (II) “Reduzir alguém a con-
dição análoga à de escravo”.
b) Qual a relação entre o uso da imagem sobre um fundo escuro e o texto do anúncio?
a) Na tira 1, como o garoto Calvin interpreta o choro da mãe? Reescreva a última fala de Calvin, substituindo o verbo
“antropomorfiza” por outro de sentido equivalente.
b) Na tira 2, a pergunta do tigre Haroldo poderia ser considerada uma resposta para a pergunta de Calvin? Justifique.
4. (UNICAMP 2018) Canção é tudo aquilo que se canta com inflexão melódica (ou entoativa) e letra. Há um “artesana-
to” específico para privilegiar ora a força entoativa da palavra ora a forma musical; nem só poesia nem só música. Um
dos equívocos dos nossos dias é justamente dizer que a canção tende a acabar porque vem perdendo terreno para
o rap! Ora, nada é mais radical como canção do que uma fala que conserva a entoação crua. A fala no rap é entoada
com certa regularidade rítmica, o que a torna diferente de uma fala usual. Apesar de convivermos hoje “com uma
diversidade cancional jamais vista”, prevalece na mídia, nos meios cultural e musical “a opinião uniforme de que es-
tamos mergulhados num ‘lixo’ de produção viciada e desinteressante”. Vivemos uma descentralização, com eventos
36
musicais ricos e variados, “e a força do talento desses a censurar”. E acrescenta que o sistema educacional
novos cancionistas também não diminuiu”. moldava o pensamento dos alunos com “a ideia de que
O rap serve-se da entoação quase pura, para transmitir só existe uma resposta correta.”
informações verbais, normalmente intensas, sem per- Abordando o sentido crítico da escolha desse formato
der os traços musicais da linguagem da canção. Seu for- para a narrativa, o autor explica à Cult que, tendo sido
mato, menos música mais fala, é ideal para se fazer pro- criado nesse sistema, interessava-lhe mais a autocríti-
nunciamentos, manifestações, revelações, denúncias, ca. Escrevendo uma espécie de novela, lembrou-se da
etc., sem que se abandone a seara cancional. Podemos
prova e começou a brincar com esse formato. “No co-
dizer que o trabalho musical, no rap, é para restabelecer
meço foi divertido, como imitar as vozes das pessoas,
as balizas sonoras do canto, mas nunca para perder a
concretude da linguagem oral ou conter a crueza e o mas logo me dei conta de que também imitava minha
peso de seus significados pessoais e sociais. Atenuar a própria voz, até que de repente entendi que esse era o
musicalização é reconhecer que as melodias cantadas livro. A paródia e a autoparódia, a crítica e a autocrítica,
comportam figuras entoativas (modos de dizer) que o humor e a dor...” O formato de prova oferece diversas
precisam ser reveladas por suas letras. opções para completar e interpretar cada resposta, mas
(Adaptado de Luiz Tatit. Artigos disponíveis em http://www.luiztatit.
pede ao leitor um movimento duplo de leitura: testar
com.br/artigos/artigo?id=29/Cancionistas- Invis%C3%ADveis. possibilidades de respostas e erigir uma opção única e
html e http://www.scielo.br/pdf/rieb/n59/0020-3874- arbitrária. Zambra esclarece: “me interessam todos es-
rieb-59-00369.pdf. Acessados em 11/12/2017.) ses movimentos da autoridade. A ilusão de uma respos-
ta, por exemplo. Creio que este é um livro sobre a ilusão
A partir da leitura dos textos acima,
de uma resposta. Nos ensinaram isso, que havia uma
a) aponte dois argumentos de Luiz Tatit que defen- resposta única, e logo descobrimos que havia muitas
dem a ideia de que o rap é um tipo de canção. e isso às vezes foi libertador e outras vezes foi terrível.
b) cite duas características, apresentadas nos textos, Quem sabe algumas vezes nós também quisemos que
que corroboram que o rap é uma forma ideal de “can- houvesse uma resposta única.”
ção de protesto”.
(Adaptado de entrevistas de Alejandro Zambra concedidas ao
jornal Folha de São Paulo e à revista Cult em maio de 2017.
5. (UNICAMP 2018) Leia a seguir trechos das entrevistas
Disponíveis em https://revistacult.uol.com.br/home/alejandro-
concedidas pelo escritor chileno Alejandro Zambra ao zambra-multipla-escolha/ e em http://www1.folha.uol.com.br/
jornal Folha de São Paulo e à revista Cult sobre seu livro ilustrada/2017/05/1885551 -literatura-esta-ligada-a-desordem-diz-
Múltipla Escolha, lançado no Brasil em 2017. A obra imita escritor-chileno-alejandro-zambra.shtml. Acessados em 11/12/2017.)
o formato da Prova de Aptidão Verbal aplicada de 1966 a
2002 aos candidatos a vagas em universidades no Chile. a) Cite dois fatores que levaram Zambra a adotar a
forma narrativa empregada em Múltipla Escolha.
Falando à Folha, Zambra afirma que havia na prova de
múltipla escolha “uma grande sintonia com a ditadura b) Por que Múltipla Escolha não funciona como a Pro-
chilena. Para entrar na universidade, teríamos que saber va de Aptidão Verbal chilena? Justifique sua resposta
eliminar as orações. Havia censura, e nos aconselhavam com base no tipo de leitor solicitado pela obra.
Pelo conteúdo de sua redação, depreende-se que o personagem Manuel Goreiro (o “Manolito”), além de estudar,
exerce outra atividade. Transcreva o trecho em que esta outra atividade se mostra mais evidente.
No trecho “As lojas fecham mais tarde por quê não escurese mais tamcedo”, verificam-se alguns desvios em relação
à norma-padrão da língua. Reescreva este trecho, fazendo as correções necessárias.
Por fim, reescreva o trecho final da redação (“nós ficamos muito mais contentes com a primavera com a chegada
dela”), desfazendo a redundância nele contida.
37
7. (UNICAMP) Leia o excerto abaixo, adaptado do ensaio “Para que servem as humanidades?”, de Leyla Perrone-Moisés.
As humanidades servem para pensar a finalidade e a qualidade da existência humana, para além do simples alon-
gamento de sua duração ou do bem-estar baseado no consumo. Servem para estudar os problemas de nosso país
e do mundo, para humanizar a globalização. Tendo por objeto e objetivo o homem, a capacidade que este tem de
entender, de imaginar e de criar, esses estudos servem à vida tanto quanto a pesquisa sobre o genoma. Num mundo
informatizado, servem para preservar, de forma articulada, o saber acumulado por nossa cultura e por outras, estilha-
çado no imediatismo da mídia e das redes. Em tempos de informação excessiva e superficial, servem para produzir
conhecimento; para “agregar valor”, como se diz no jargão mercadológico. Os cursos de humanidades são um es-
paço de pensamento livre, de busca desinteressada do saber, de cultivo de valores, sem os quais a própria ideia de
universidade perde sentido. Por isso merecem o apoio firme das autoridades universitárias e da sociedade, que eles
estudam e à qual servem.
Adaptado de Leyla Perrone-Moisés, Para que servem as humanidades? Folha de São Paulo, São Paulo, 30 jun. 2002, Caderno Mais!.
a) As expressões “agregar valor” e “cultivo de valores”, embora aparentemente próximas pelo uso da mesma palavra,
produzem efeitos de sentido distintos. Explique-os.
b) Na última oração do texto, são utilizados dois elementos coesivos: “eles” e “à qual”. Aponte a que se refere, respecti-
vamente, cada um desses elementos.
Examine este anúncio de uma instituição financeira, cujo nome foi substituído por X, para responder às questões a
seguir.
8. (FUVEST) Compare os diversos elementos que compõem o anúncio e atenda ao que se pede.
a) Considerando o contexto do anúncio, existe alguma relação de sentido entre a imagem e o slogan “É DIFERENTE
QUANDO VOCÊ CONHECE”? Explique.
b) A inclusão, no anúncio, dos ícones e algarismos que precedem o texto escrito tem alguma finalidade comunicativa?
Explique.
38
9. (FUVEST) a) Aponte dois recursos expressivos empregados pelo
poeta na expressão “terrível prenda”.
Limite inferior b) Reescreva a resposta de Tom Jobim, eliminando as
marcas de coloquialidade que ela apresenta e fazen-
Aprendi muito com o economista-filósofo Roberto de
do as alterações necessárias.
Oliveira Campos, particularmente quando tive a honra
e a oportunidade de conviver com ele durante anos na 11. (UNICAMP) TENHO PENA DOS ASTRÔNOMOS.
Câmara dos Deputados. Sentávamos juntos e assistía- Eles podem ver os objetos de sua afeição – estrelas,
mos aos mesmos discursos, alguns muito bons e sábios. galáxias, quasares – apenas remotamente: na forma de
Frequentemente, diante de alguns incontroláveis cole- imagens e telas de computador ou como ondas lumino-
gas que exerciam uma oratória de alta visibilidade, com sas projetadas de espectrógrafos antipáticos.
os dois braços agitados tentando encontrar uma ideia, Mas, muitos de nós, que estudam planetas e asteroi-
Roberto me surpreendia com a afirmação: “Delfim, aca- des, podem acariciar blocos de nossos amados corpos
bo de demonstrar um teorema”. E sacava uma mordaz celestes e induzi-los a revelar seus mais íntimos segre-
conclusão crítica contra o incauto orador. dos. Quando eu era aluno de graduação em astronomia,
Um belo dia, um falante e conhecido deputado ensurde- passei muitas noites geladas observando por telescópios
ceu o plenário com uma gritaria que entupiu os ouvidos aglomerados de estrelas e nebulosas e posso garantir
dos colegas. A quantidade de sandices ditas no longo que tocar um fragmento de asteroide é mais gratificante
discurso com o ar de quem estava inventando o mundo emocionalmente: eles oferecem uma conexão tangível
fez Roberto reagir com incontida indignação. Soltou de com o que, de outra forma, pareceria distante e abstrato.
supetão: “Delfim, construí um axioma, uma afirmação Os fragmentos de asteroides que mais me fascinam são
preliminar que deve ser aceita pela fé, sem exigir prova: os condritos. Esses meteoritos, que compõem mais de
a ignorância não tem limite inferior”. E completou, com 80% dos que se precipitam do espaço, derivam seu nome
a perversidade de sua imensa inteligência: “Com ele dos côndrulos que praticamente todos contêm - minús-
poderemos construir mundos maravilhosos”. culas esferas de material fundido, muitas vezes menores
NETTO, Antonio Delfim, Folha de S. Paulo, 17/09/2014. Adaptado. do que um grão de arroz. (...) Quando examinamos finas
fatias de condritos sob um microscópio, ficamos sensibi-
a) Explique por que o axioma formulado por Roberto lizados da mesma maneira como quando contemplamos
de Oliveira Campos tornaria possível “construir mun-
pinturas de Wassily Kandinsky e outros artistas abstratos.
dos maravilhosos”.
b) Identifique o trecho do texto que explica o empre- (Alan E. Rubin*, Segredos dos meteoritos primitivos.
Scientific American Brasil. março 2013, p. 49.)
go da expressão “oratória de alta visibilidade”.
* Alan E. Rubin é geofísico e leciona na Universidade da Califórnia.
10. (FUVEST) Entrevistado por Clarice Lispector, para a
pergunta “Como você encara o problema da maturi- a) Esse trecho, que introduz um artigo científico sobre
dade?”, Tom Jobim deu a seguinte resposta: “Tem um meteoritos primitivos, apresenta um estilo pouco usual
verso do Drummond que diz: ‘A madureza, esta horrível nessa espécie de texto. Indique duas expressões no-
prenda...’ Não sei, Clarice, a gente fica mais capaz, mas minais ou verbais do texto que identificam esse estilo.
também mais exigente”. b) Nesse trecho, ocorre uma alternância entre o uso
Nota: O verso citado por Tom Jobim é o início do poema da primeira pessoa do singular e o da primeira pessoa
“A ingaia ciência”, de Carlos Drummond de Andrade, e do plural. Dê uma justificativa para o uso dessa alter-
sua versão correta é: “A madureza, essa terrível prenda”. nância na passagem.
12. (UNICAMP)
a) Os infográficos apresentam informações de forma sintética, utilizando imagens, cores, organização gráfica, etc. Indique
dois exemplos, do infográfico reproduzido acima, em que a informação é apresentada por meio de linguagem não verbal.
b) Considerando o veículo em que foi publicado, a revista Planeta Sustentável, qual é a finalidade desse infográfico?
39
13. (UNICAMP) 15. (UNICAMP) Leia a propaganda (adaptada) da Funda-
ção SOS Mata Atlântica reproduzida abaixo e responda
às questões propostas.
40
LITERATURA
41
SEGUNDA FASE DO MODERNISMO: PROSA
Os regionalismos
Para uma melhor compreensão da literatura regionalista crítica que se desenvolveu a partir dos anos 1930, é possível dividir a
produção ficcional em vários aspectos regionalistas.
Ficção experimental Três anos mais tarde, em 1946, Guimarães Rosa publicou o
livro de contos Sagarana, no qual as regiões brasileiras dos
As experimentações que acrescentaram direções novas ao sertões indefinidos transcendiam o âmbito da realidade
cursor literário no Brasil ganharam corpo com a publica- histórica e transformavam-se em espaços de seres míticos.
ção, em 1943, do romance Perto do coração selvagem, de Clarice Lispector aproximou da palavra escrita o ato de
Clarice Lispector. Nessa obra, a escritora esmiúça o interior pensar e de narrar com grande criatividade, e Guimarães
do ser humano, dando à luz a grandeza da vida e do signi- Rosa realizou uma verdadeira alquimia verbal ao fundir
ficado das experiências dos seres. na palavra sua experiência pessoal à experiência coletiva.
42
Os escritos de Clarice revelam uma ficcionista de aguda Da consciência para o inconsciente
sensibilidade, o que levaria a crítica literária ao espanto
diante de sua obra. Perplexos também ficaram os críticos A consciência de um ou mais personagens é flagrada e re-
com as obras de Guimarães Rosa, cujas ousadias mórficas latada numa época qualquer em lugar qualquer. Assim se
estabeleceram uma completa transformação linguística na dá também nos romances e contos de Clarice Lispector: um
literatura ao recriar o mundo sertanejo. acontecimento pode liberar ideais que vão até o inconsciente
da personagem.
Características de ficção do Narrativas em primeira pessoa
terceiro tempo modernista A narração em primeira pessoa não é um mero acaso na
ficção desse tempo. Ela proporciona ao relato um intimis-
Narrativas interiorizadas: mo inigualável, assim como lhe outorga verossimilhança.
fluxo da consciência O narrador funciona como uma pessoa que confessa e o
leitor ou ouvinte, como confidente.
Uma das marcas mais flagrantes da ficção experimental é
a interiorização da narrativa – o chamado fluxo da consci-
ência. Geralmente, as narrativas são centradas em momen- Na Poesia
tos de vivência interior dos personagens. Acontecimentos
exteriores provocam a interiorização. É assim em Grande João Cabral de Melo Neto
sertão: veredas, de Guimarães Rosa, em que Riobaldo – Ficou conhecido por ser o “poeta engenheiro”; Sua obra
personagem central – vê-se impelido a “lembrar” os acon- apresenta certo formalismo e rigor poético na mesma me-
tecimentos que viveu, em um longo monólogo, a partir de dida em que toca temas do cotidiano com simplicidade e
um evento cotidiano rotineiro, que é o ato de praticar tiro didática. Tenta construir uma obra que eduque. É o autor de
ao alvo no terreiro. Morte e Vida Severina (1966) e O cão sem plumas (1950).
43
§ verbal (aspecto sintático e semântico); ao sistema estabelecido. É, portanto, uma exclusão voluntária.
§ oral (aspecto sonoro); e
Explorando todas as possibilidades do papel – folhetos,
§ visual (aspecto gráfico).
jornais – os artistas desse movimento foram às praças,
A palavra libertou-se da distribuição linear da linguagem ver- aliaram-se à música e organizaram exposições.
bal e aproximou-se do imediatismo da comunicação visual; o
espaço de papel passou a integrar o significado do poema. Poesia mutante
Incorporação de técnicas visuais A poesia que floresceu nos anos 1970 é inquieta, anárquica:
não se filia a nenhuma estética literária em particular, embo-
A proximidade com as artes plásticas e visuais provocou ra se possam encontrar nela traços de algumas vanguardas
um “diálogo” entre poetas e pintores concretistas que, nos que a precederam, como o Concretismo dos anos 1950 a
anos 1950, pontificaram no Brasil e fora dele. Técnicas pró- 1960 e o poema-processo.
prias de outras artes passaram a ser utilizadas para compor Os jovens poetas posicionaram-se contra as portas
o poema: colagens, desenhos, grafismos, fotografias. fechadas da ditadura, contra o discurso organizado,
contra o discurso culto, contra a poesia tradicional e/
Pós-vanguarda e ou universal.
A poesia saiu da página impressa do livro e ganhou as
poesia marginal ruas, os muros, os sanitários públicos, as margens de ou-
Nos tristes e repressivos anos 1970, a poesia rompeu o tros textos em forma de carona literária. Estava em folhetos
compromisso com a realidade, com o intelectualismo e mimeografados, distribuídos de mão em mão, em bares,
com o hermetismo modernista e partiu para ser marginal, praias, feiras, em qualquer parte.
diluidora, anticultural, pós-modernista.
Sem constituir um movimento unificado, poetas jovens de- Poesia de domínio público
clararam-se marginais e surgiram de norte a sul do País, A opção por ser marginal, por estar fora dos circuitos co-
espalhando que a poesia perdera a pompa e a solenidade merciais do livro, circular de mão em mão, estar pichada
e decretando o fim da modernidade – e o início da pós-mo- nos muros, impressa em folhetos jogados do alto de edifí-
dernidade, nome empregado, inicialmente, para denominar cios, fez dessa poesia um trabalho coloquial e lúdico, que
uma literatura, cuja marca traz a resistência à ditadura mi- se voltou para a realidade mais imediata.
litar como emblema.
A descontração foi sua marca registrada. Com ela houve
certa alegria, uma forma de enfrentar a dureza dos dias
Características da poesia marginal em que “falar de flores é quase um crime”, como diz Ber-
Cumpre ressaltar, de início, que o adjetivo “marginal” refere- told Brecht.
-se exclusivamente à opção dos poetas de não se integrarem
44
LITERATURA LUSÓFONA CONTEMPORÂNEA:
PERCEPÇÕES CRÍTICAS SOBRE A LUSOFONIA
A aparição de uma literatura africana dentro de uma lista § Isabela Figueiredo
de vestibular pode ser lida sob diversas luzes. Uma delas § Luandino Vieira
é a da lusofonia, isto é, o fato de a língua oficial desses
países ser também o português. Tal aspecto, nos coloca em § Paulina Chiziane
face da questão colonial. Ler essas literaturas, assim como
ler a literatura dita brasileira, é estar próximo do pensa- Características
mento sobre de que forma, portanto, países como Brasil, Costumam abordar conflitos existenciais ligados a busca
Moçambique, Angola, entre outros, subverteram a lógica de uma ancestralidade que fora censurada pelo mundo
colonial por meio da linguagem. ocidental durante os anos em que os países foram colô-
Destacam-se autores como: nias, bem como, os processo de luta e independência de
cada uma das nações. O natural e místico é oposto, muitas
§ Mia Couto
vezes, ao lógico e humano, elementos que, na história, cul-
§ Pepetela minaram em guerra.
O TEATRO NO BRASIL
Século XIX: comédia Pode-se tomar como ponto inicial o encontro do ator João
Caetano com a peça de Gonçalves de Magalhães Antônio
Em paralelo à proclamação da independência do Brasil em José ou o poeta e a inquisição, em 13 de março de 1838.
1822, o teatro brasileiro emerge em meio ao mesmo es- José Veríssimo marcaria que desse encontro, que fez muito
pírito que abraça os demais gêneros literários durante o sucesso com o público, nascia o teatro nacional.
século XIX: a tentativa de tingir com o verde e amarelo o
Comédia de Costumes Comédia Moralizante
campo artístico. Assim, João Roberto Faria, em introdução
Martins Pena Machado de Assis
a uma antologia teatral do século XIX, ressalta sobretudo
dois momentos distintos, mas que, sem sombra de dúvidas, Joaquim Manuel de Macedo José de Alencar
são norteados pela subdivisão do gênero dramático cha-
mada de comédia.
45
Século XX: divismo tropical, § Teatro Moderno: foi somente com o espetáculo “Ves-
tido de Noiva”, de 1943, de Nelson Rodrigues, que teve
teatro moderno e ditadura início o teatro moderno, de acordo com os críticos.
§ Divismo tropical: uma espécie de motor alheio às § Ditadura: Durante a Ditadura Militar no Brasil, o teatro
correntes estéticas e aos dramaturgos, mas uma rela- funcionou como forma de resistência, ganhando desta-
ção passional em que, nas palavras de Tânia Brandão, que os grupos do Teatro de Arena e do Teatro Oficina.
pesquisadora do assunto, “este sistema teatral brasilei-
ro, cujos alicerces remontavam ao século XIX, e o motor § Nomes como Plínio Marcos e Ariano Suassuna também
era a força bruta do ator em sintonia com as paixões ganham destaque durante o século XX.
da plateia”.
LITERATURA DE CORDEL
Estudar a literatura de Cordel é ampliar as fronteiras do Aspectos Gerais do Cordel
que se entende por literatura. É aprofundar-se na nossa
§ Linguagem coloquial (informal);
língua e naquilo que ela tem de igual e de diferente em
todo território nacional. § Humor, ironia e sarcasmo;
§ Pluralidade temática: folclore brasileiro, religião, políti-
A literatura cordelista tem uma origem portuguesa, para a
ca, história, sociedade etc.
grande maioria da crítica literária, já que remonta o traba-
lho dos trovadores. Considera-se, assim, que o cordel tenha § Rimas e métrica, considerando a oralidade.
se fundamentado no Brasil, em plena maturidade, no sécu-
lo XIX, ainda que não seja possível precisar exatamente o
seu início.
Autores
Prosa Poesia
Geovani Martins Alice Sant'Anna
Aline Bei Ana Martins Marques
Julián Fuks Natasha Felix
Ricardo Lísias Angélica Freitas
46
U.T.I. - Sala 4
Com esse mesmo papel
Era na Espanha vendido
1. (UNESPAR 2015) Como “pliegos suetos”
Assim era oferecido
Em tabuleiro ambulante
Ao pescoço prendido
5
O cordel introduzido
No Brasil foi gradual
Maior parte dos folhetos
Como patrimônio oral
Ingressou principalmente
Como histórias de Sarau
6
Foi no Nordeste o local
Que lhe brasileirizou
As gravuras talhadas em madeira (imburana, cedro ou Nos serões familiares
pinho) possibilitaram aos artistas populares o domínio Dos sertões aonde chegou
de todo o processo de edição dos folhetos. Os desenhos Levando alegria ao povo
acompanham o conteúdo do folheto. A simplicidade das Pela voz do cantador
formas, as cores chapadas, a presença de motivos, paisa-
gens e personagens nordestinas, transportam os leitores 7
para o mundo da fantasia, imprimindo aos reis e rainhas, Conduzia o rumor
criaturas fantásticas e sobrenaturais, características que De histórias da redondeza
se aproximam do universo de experiências dos leitores. Noticiadas em versos
Dadas com toda clareza
MARINHO, Ana Cristina; PINHEIRO, Hélder. O Cordel no
cotidiano escolar. São Paulo: Cortez. 2012, 47-47. A uma população
Que se tornava freguesa
Associando a Xilogravura, isto é, gravura talhada em
madeira, ao processo do Cordel explique de que manei- 8
ra ela compõe o conjunto literário do que se denomina Dos peregrinos romeiros
literatura de cordel. Da mocinha apaixonada
Dos ciganos que viviam
2. Leia o Cordel a seguir A procura de estrada
Dos sinais vindos do céu
A HISTÓRIA DA LITERATURA DE CORDEL Anunciando a invernada
Abdias Campos
9
1
Sempre em versão cantada
Para lhes deixar a par
Assim o Cordel viveu
Sobre esta literatura
Antes de 1900
Que é a mais popular
Primeira edição se deu
E ainda hoje perdura
Se lá para cá permanece
Vamos direto ao começo
Mantendo o legado seu
Donde vem esta cultura
2 a) de acordo com o texto e os seus conhecimentos
Sua primeira feitura sobre o gênero, comente sobre a origem do nome
Na Europa aconteceu cordel.
Tipógrafos do anonimato b) o cordel lido dá uma pista dos assuntos tratados
Botaram o folheto seu nesse gênero literário. Comente alguns:
Pra ser vendido na feira
E assim se sucedeu 3. (UEL 2020 – ADAPTADA) Leia o texto a seguir.
3
Foi Portugal que lhe deu À medida que as obras de arte se emancipam do seu
Este nome de cordel uso cultual, aumentam as ocasiões para que elas sejam
Por ser vendido na feira expostas. A exponibilidade de um busto [...] é maior
Em cordões a pleno céu que de uma estátua divina, que tem sua sede fixa no
Histórias comuns, romances interior do templo. [...] a preponderância absoluta con-
Produzidos a granel ferida hoje a seu valor de exposição atribui-lhe funções
inteiramente novas, entre as quais a “artística”, a única
47
de que temos consciência, talvez se revele mais tarde
como rudimentar. U.T.I. - E.O.
BENJAMIN, Walter. “A obra de arte na era da sua reprodutibilidade
técnica (Primeira versão)”. In: Obras escolhidas I. Trad. Sérgio
1. (ENEM PPL) TEXTO I
Paulo Rouanet, 8ª ed. São Paulo: Brasiliense, 2012. p. 187-188. Quem sabe, devido às atividades culinárias da esposa,
nesses idílios Vadinho dizia-lhe “Meu manuê de milho
A mudança do valor de culto para o valor da exposição verde, meu acarajé cheiroso, minha franguinha gorda”,
da obra de arte revela transformações nas quais esta e tais comparações gastronômicas davam justa ideia de
passa a ser concebida a partir da esfera pública. Em ou- certo encanto sensual e caseiro de dona Flor a esconder-
tras palavras, a ideia de uma arte performática ganha -se sob uma natureza tranquila e dócil. Vadinho conhe-
espaço — ou necessidade — para se manifestar. Levan- cia-lhe as fraquezas e as expunha ao sol, aquela ânsia
do em consideração os seus conhecimentos e o mundo controlada de tímida, aquele recatado desejo fazendo-se
em que vivemos, que técnicas, literárias, teatrais, musi- violência e mesmo incontinência ao libertar-se na cama.
cais, entre outros tipos de arte, podem exemplificar o
AMADO, J. Dona Flor e seus dois maridos. São Paulo: Martins, 1966.
conceito do “valor da exposição da obra” colocado por
Benjamin. Escreva um parágrafo a respeito. TEXTO II
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO As suas mãos trabalham na braguilha das calças do fa-
lecido. Dulcineusa me confessou mais tarde: era assim
Contar é muito dificultoso. Não pelos anos que já se que o marido gostava de começar as intimidades. Um
passaram. Mas pela astúcia que têm certas coisas pas- fazer de conta que era outra coisa, a exemplo do gato
sadas de fazer balancê, de se remexerem dos lugares. que distrai o olhar enquanto segura a presa nas patas.
A lembrança da vida da gente se guarda em trechos Esse o acordo silencioso que tinham: ele chegava em
diversos; uns com outros acho que nem se misturam (...) casa e se queixava que tinha um botão a cair. Calada,
Contar seguido, alinhavado, só mesmo sendo coisas de Dulcineusa se armava dos apetrechos da costura e se
rasa importância. Tem horas antigas que ficaram mui- posicionava a jeito dos prazeres e dos afazeres.
to mais perto da gente do que outras de recente data.
Toda saudade é uma espécie de velhice. Talvez, então, a COUTO, M. Um rio chamado tempo, uma casa chamada
terra. São Paulo: Cia. das Letras, 2002.
melhor coisa seria contar a infância não como um filme
em que a vida acontece no tempo, uma coisa depois da Tema recorrente na obra de Jorge amara, a figura femi-
outra, na ordem certa, sendo essa conexão que lhe dá nina aparece, no fragmento, retratada de forma seme-
sentido, meio e fim, mas como um álbum de retratos, lhante à que se vê no texto do moçambicano Mia Couto.
cada um completo em si mesmo, cada um contendo o Nesses dois textos, com relação ao universo feminino
sentido inteiro. Talvez esse seja o jeito de escrever so- em seu contexto doméstico, observa-se que
bre a alma em cuja memória se encontram as coisas a) desejo sexual é entendido como uma fraqueza mo-
eternas, que permanecem... ral, incompatível com a mulher casada.
(Guimarães Rosa, Grande sertão: veredas.) b) a mulher tem um comportamento marcado por
convenções de papéis sexuais.
4. (Unifesp) No texto de Guimarães Rosa, como é fre- c) à mulher cabe o poder da sedução, expresso pelos
quente nos textos do autor, nota-se o emprego de fra- gestos, olhares e silêncios que ensaiam.
ses de aspecto proverbial.
d) a mulher incorpora o sentimento de culpa e age
a) Transcreva uma dessas frases e explique seu sentido. com apatia, como no mito bíblico da serpente.
b) Como se pode entender esse recurso, tendo como e) a dissimulação e a malícia fazem parte do repertó-
referência o projeto literário do autor? rio feminino nos espaços público e íntimo.
5. (UFMG) Leia estes poemas: 2. (UFES) A peça teatral Dois perdidos numa noite suja,
de Plínio Marcos; o conto “Famigerado”, presente em
POEMA 1 Primeiras estórias, de Guimarães Rosa; e o romance Ter-
Lar doce lar ra sonâmbula, de Mia Couto, apresentam a temática da
violência como eixo norteador.
Minha pátria é minha infância
Por isso vivo no exílio. Leia atentamente os fragmentos abaixo:
CACASO. Beijo na boca e outros poemas. São
PACO: — Boa, Tonho! Assim é que é. Homem macho não
Paulo: Brasiliense, 1985. p. 63. tem medo de homem. O negrão é grande, mas não é
dois. (Pausa)
POEMA 2
Você vai encarar ele?
Recuperação da adolescência TONHO: — Sei lá! Ele não me fez nada. Nem eu pra ele.
é sempre mais difícil
PACO: — Poxa, ele disse que você é fresco. Vai lá e briga.
ancorar um navio no espaço
Ele é que quer.
CESAR, Ana Cristina. A teus pés. São Paulo: Brasiliense, 1987. p. 57.
TONHO: — Você só pensa em briga.
Relacione os dois poemas, analisando a concepção, ex- (MARCOS, Plínio. Dois perdidos numa noite
pressa em cada um, sobre diferentes fases da vida. suja. São Paulo: Parma, 1984. p. 26).
48
Aquele homem, para proceder da forma, só podia ser deformada pelo espelho ordinário, o nariz tornado enor-
um brabo sertanejo, jagunço até na escuma do bofe. me como o de um palhaço de nariz de papelão. Olhou-se
Senti que não me ficava útil dar cara amena, mostras e levemente pensou: tão jovem e já com ferrugem.
de temeroso. Eu não tinha arma ao alcance. Tivesse,
a) Neste trecho, o fato de parecer, a Macabéa, não
também, não adiantava. Com um pingo no i, ele me
se ver refletida no espelho liga-se imediatamente ao
dissolvia. O medo é a extrema ignorância em momento
aviso de que seria despedida. Projetando essa ausên-
muito agudo. O medo O. O medo me miava. Convidei-o
cia de reflexo no contexto mais geral da obra, como
a desmontar, a entrar.
você a interpreta?
(ROSA, João Guimarães. Primeiras estórias. Rio de
b) Também no contexto da obra, explique por que o
Janeiro: Nova Fronteira, 1988. p. 55-56).
narrador diz que Macabéa pensou “levemente
De manhã, nossa mãe nos chamou. Nos sentamos, gra-
ves. Meu pai tinha o rosto no peito. Ainda dormia? Fi- TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
cou assim um tempo como se esperasse a chegada das
palavras. Quando finalmente nos encarou quase não A educação pela pedra
reconhecemos sua voz:
Uma educação pela pedra: por lições;
— Alguém de nós vai morrer.
para aprender da pedra, frequentá-la;
E logo adiantou razões: nossa família ainda não deixara captar sua voz inenfática, impessoal
cair nenhum sangue na guerra. Agora, a nossa vez se (pela de dicção ela começa as aulas).
aproximava. A morte vai pousar daqui, tenho a máxima A lição de moral, sua resistência fria
certeza, sentenciou o velho Taímo. Quem vai receber ao que flui e a fluir, a ser maleada;
esse apagamento é um de vocês, meus filhos. E rodou a de poética, sua carnadura concreta;
os olhos vermelhos sobre nossos ombros encolhidos. a de economia, seu adensar-se compacta:
(COUTO, Mia. Terra sonâmbula. São Paulo: lições da pedra (de fora para dentro,
Companhia das Letras, 2007. p. 18). cartilha muda), para quem soletrá-la.
Selecione um dos trechos acima e explique como o tema Outra educação pela pedra: no Sertão
da violência compõe o desenrolar da obra de onde foi (de dentro para fora, e pré-didática).
extraído o trecho escolhido. No Sertão a pedra não sabe lecionar,
e se lecionasse, não ensinaria nada;
3. (UNICAMP) Leia a seguinte passagem do conto “A lá não se aprende a pedra: lá a pedra,
sociedade”: uma pedra de nascença, entranha a alma.
O esperado grito do cláxon fechou o livro de Henri Ar- MELO NETO, João Cabral de. Poesias completas.
del e trouxe Teresa Rita do escritório para o terraço. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1975, p.11.
O Lancia passou como quem não quer. Quase parando.
5. (PUC-RJ) João Cabral de Melo Neto é considerado um
A mão enluvada cumprimentou com o chapéu Borsalino. dos mais importantes poetas da geração de escritores
Uiiiiia-uiiiiia! Adriano Melli calcou o acelerador. Na pri- que surgiu a partir de 1945. Indique duas características
meira esquina fez a curva. Veio voltando. Passou de novo. do modernismo brasileiro presentes no poema “A edu-
Continuou. Mais duzentos metros. Outra curva. Sempre cação pela pedra”
na mesma rua. Gostava dela. Era a Rua da Liberdade.
Pouco antes do número 259-C já sabe: uiiiiiauiiiiia! TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Antônio de Alcântara Machado,”Brás, Bexiga e Barra Funda”, em Desencontrários
“Novelas Paulistanas”. Rio de Janeiro: José Olympio, 1959, p. 25).
49
6. (UERJ) Mandei a palavra rimar, 8. (UEL 2019) Leia os fragmentos a seguir, do romance
ela não me obedeceu. O filho eterno, de Cristovão Tezza.
Falou em mar, em céu, em rosa, Já viu na enciclopédia que o nome da síndrome se deve
em grego, em silêncio, em prosa. (v. 1-4) a John Langdon Haydon Down (1828-1896), médico in-
glês. À maneira da melhor ciência do império britânico,
No fragmento acima, o emprego da palavra “prosa”
descreveu pela primeira vez a síndrome frisando a se-
possibilita duas interpretações distintas do verso subli-
melhança da vítima com a expressão facial dos mongó-
nhado: uma que reafirma o que ele expressa e outra
is, lá nos confins da Ásia; daí “mongolóides”. Que tipo
que se opõe a ele.
de mentalidade define uma síndrome pela semelhança
Apresente essas duas possibilidades de interpretação. com os traços de uma etnia? O homem britânico como
medida de todas as coisas.
7. (UNICAMP 2021) Leia abaixo alguns excertos do po-
ema Menimelímetros, de Luz Ribeiro, poeta do Slam das [...]
Minas de São Paulo. Esse poema foi apresentado per- O problema da normalidade. Talvez ele mesmo escreva
formaticamente em alguns slams de que ela participou um pequeno roteiro com o texto certo para as pessoas
no Brasil. recitarem no momento da confissão da tragédia. Algo
como “Não me diga! Mas imagino que hoje em dia já
os menino passam liso
há muitos recursos, não? Olha, precisando de alguma
pelos becos e vielas
coisa, conte comigo” – e então ele diria, obrigado, vai
os menino passam liso
tudo bem. Mudariam de assunto e pronto. Bem, em
pelos becos e vielas
grande número de encontros, não precisaria dizer nada:
os menino passam liso
são bilhões de pessoas que não o conhecem, contra
pelos becos e vielas
apenas umas dez ou doze que o conhecem. Essas já
você que fala em becos e vielas sabem; não preciso acrescentar nada. Na maior parte
sabe quantos centímetros cabem em um menino? dos casos, basta dizer: Sim, a criança vai bem. Felipe,
sabe de quantos metros ele despenca o nome dele. Obrigado. E nada mais foi perguntado e
quando uma bala perdida o encontra? nada mais se respondeu, dando-se por encerrado o as-
Sabe quantos nãos ele já perdeu a conta? (...) sunto e prosseguindo a vida em seus trâmites normais.
esses menino tudo sem educação Ele respira aliviado.
que dão bom dia, abrem até o portão TEZZA, C. O filho eterno. 7. ed. Rio de
tão tudo fora das grades escolares Janeiro: Record, 2009. p. 42-43.
nunca tiveram reforço – de ninguém
Os fragmentos transcritos do romance O filho eterno
mas reforçam a força e a tática
mostram reações do pai, ao saber que seu filho nasceu
do tráfico, mais um refém (...)
com Síndrome de Down. Suas impressões sobre a nova
que esses meninos sem nem carinho situação, neste excerto, revelam perspectivas diferen-
não tem carrinho no barbante tes para lidar com o problema.
pensa que bonito se fosse peixinho fora d’água Cite e explique duas perspectivas que são depreendidas
a desbicar no céu desses fragmentos.
mas é réu na favela
lhe fizeram pensar voos altos 9. (UNICAMP 2019) (...) Recordo-lhe que os revisores
voa, voa, voa...aviãozinho são gente sóbria, já viram muito de literatura e vida, O
e os menino corre, corre, corre meu livro recordo-lhe eu, é de história, Assim realmente
faz seus corres, corres, corres (...) o designariam segundo a classificação tradicional dos
géneros, porém, não sendo propósito meu apontar ou-
“ceis” já pararam pra ouvir alguma vez os sonhos
tras contradições, em minha discreta opinião, senhor
dos meninos?
doutor, tudo quanto não for vida, é literatura, A história
é tudo coisa de centímetros:
também, A história sobretudo, sem querer ofender,
um pirulito, um picolé
um pai, uma mãe (José Saramago, História do Cerco de Lisboa.
um chinelo que lhe caiba nos pés Rio de Janeiro: O Globo; São Paulo: Folha de São Paulo, 2003, p.12.)
um aviso: quanto mais retinto o menino (...) O que você quer dizer, por outras palavras, é que
mais fácil de ser extinto a literatura já existia antes de ter nascido, Sim senhor,
seus centímetros não suportam 9 milímetros como o homem, por outras palavras, antes de o ser já
porque esses meninos o era. Parece-me um ponto de vista bastante original,
esses meninos sentem metros Não o creia, senhor doutor, o rei Salomão, que há muito
a) O título Menimelímetros é um neologismo que fun- tempo viveu, já então afirmava que não havia nada de
de ao menos duas palavras. Quais são essas palavras? novo debaixo da rosa do sol.
Transcreva os versos que sintetizam o título do poema. (Idem, p.13.)
b) Na terceira estrofe, há um jogo de palavras. Iden-
tifique esse jogo de palavras e explique a relação de (...) Então o senhor doutor acha que a história e a vida
causa e consequência estabelecida por ele. real, Acho, sim, Que a história foi vida, real, quero dizer,
50
Não tenho a menor dúvida, Que seria de nós se não
existisse o deleatur, suspirou o revisor.
(Idem, p.14.)
a) Nos excertos acima, revisor e autor discutem uma
questão decisiva para a escrita do romance de José
Saramago. Identifique essa questão, presente no di-
álogo entre as duas personagens, e explique sua im-
portância para o conjunto da narrativa.
b) No terceiro excerto, o revisor utiliza a palavra de-
leatur. O que significa essa expressão e por que ela é
tão importante para o revisor?
TEXTO I
Enciclopédia
TEXTO II
I
Enquanto leio meus seios estão a descoberto. É difícil
concentrar-me ao ver seus bicos. Então rabisco as folhas
deste álbum. Poética quebrada pelo meio.
II
Enquanto leio meus textos se fazem descobertos. É di-
fícil escondê-los no meio dessas letras. Então me nutro
das tetas dos poetas pensados no meu seio.
CESAR, Ana Cristina. Sem título. In: Destino: poesia. Organização
de Italo Moriconi. Rio de Janeiro: Ed. José Olympio, 2016. p.39.
51
52
REDAÇÃO
REPERTÓRIO I: ORGANIZAÇÃO
b) Crie mapas mentais em fichas (Use frente e verso para cada eixo):
A partir dos mesmos eixos temáticos descritos acima, crie um mapa mental no qual você anote suas referências sobre aquele
assunto.
54
REPERTÓRIO II: INTERDISCIPLINARIDADE
A interdisciplinaridade costuma ser definida como a tentativa do homem de propor a interação entre dois ou mais campos
do conhecimento, por meio da relação entre saberes que podem ser aproximados. Nesse sentido, ao pensarmos na interdis-
ciplinaridade na prova de redação, tratamos de referências a outros campos do conhecimento, que podem ser utilizadas para
fortalecer argumentos ou introduzir o tema.
Portanto, procure sempre estabelecer relações entre os temas que você discute nas aulas de redação e seu conhecimento
teórico ou repertório cultural, verificando se esses cruzamentos podem reforçar os argumentos que você quer defender.
2. Sociologia/Filosofia
Ao sustentar seus argumentos por meio de um repertório sociológico ou filosófico, não se esqueça de relacioná-los ao contexto
que você está estabelecendo. Não deixe a informação solta e cuide para que as relações estabelecidas estejam próximas da
temática abordada.
3. História
Ao se valer de dados históricos na redação, procure estabelecer relações temporais próximas. Evite temporalidades muito
distantes, ou ainda contextos muito diferentes, como comparar a pré-história com a atualidade. Sempre busque relações
possíveis em que, realmente, haja uma semelhança com o contexto ou argumento discutido.
Citação Indireta
A citação indireta é caraterizada pela paráfrase de conceitos, ideias ou frases. Nesse caso, esses conceitos devem ser men-
cionados a partir das próprias palavras do aluno, e, portanto, a citação não requer o uso de aspas.
55
INADEQUAÇÕES DA LINGUAGEM I
1. Linguagem coloquial
Durante a escrita da redação, seja pelo nervosismo ou pela falta de vocabulário, muitos alunos constroem sentenças reche-
adas de coloquialismos, isto é, uso de termos da modalidade informal, geralmente associados à língua falada.
Para evitar essas construções, é preciso aprender a reconhecer o uso da coloquialidade dentro do texto e possuir bom reper-
tório lexical capaz de substituir tais inadequações.
Observe os usos empregados abaixo e suas respectivas possibilidades de correção.
INADEQUADO ADEQUADO
Muitos alunos se deixam levar pelas propagandas... Muitos alunos são induzidos pelas ...
Essa situação acaba acontecendo... Essa situação ocorre...
2. Clichês
O clichê é a expressão de um senso comum. Nas redações de vestibular, tais construções surgem com o intuito de impressio-
nar o corretor e causar um efeito positivo na leitura do texto. No entanto, elas apenas o depreciam, já que o uso constante
e cristalizado não surpreende e nem inova a ideia construída ao longo da redação.
Exemplos de clichês comuns no vestibular:
É fundamental que a sociedade reúna todas as suas forças e combata a desigualdade...
Só assim, a sociedade poderá viver cheia de esperanças...
3. Adjetivo inadequados
Muitas vezes, no momento da construção das opiniões dentro de uma redação, alguns alunos empregam adjetivos inade-
quados ao texto dissertativo-argumentativo exigido nos exames. Essas palavras denotam apenas a emoção do autor, sem
cumprir sua função de atribuir uma avaliação, a ser comprovada pelos argumentos apresentados.
4. Generalizações
Sabe-se que a generalização é uma ferramenta problemática para construir ideias em diferentes âmbitos da vida social. Isso
porque, ao generalizar, apagam-se as heterogeneidades existentes nos sujeitos, nos grupos sociais e nos conceitos. No entanto,
ao escrever a redação, muitos alunos tendem a se valer dessas construções para expor seu posicionamento e seus argumentos.
Assim, fique atento às formas de generalização mais comuns nas redações e supervisione seu texto sempre, evitando que
elas apareçam.
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5. Excesso de verbos
Nos textos de redação, é fundamental prezar pela objetividade e pela clareza das ideias. Essas diretrizes também são ob-
servadas pelos avaliadores no emprego que os alunos fazem dos verbos. Muitas vezes, o uso de locuções verbais, ou de
construções verbais acompanhadas de substantivos poderiam ser substituídas por apenas um verbo, deixando o texto mais
objetivo e preciso.
Portanto, sempre que possível, prefira as formas simples. Deixe as locuções apenas para os momentos em que elas forem
essenciais.
Boa parte das verbas não chegam na hora nos institutos... Boa parte das verbas chegam atrasadas aos institutos...
Muitos professores dizem que não são responsáveis... Muitos professores negam a responsabilidade...
As políticas públicas não são eficazes... As políticas públicas são ineficazes...
INADEQUAÇÕES DA LINGUAGEM II
1. Queísmo
O vocábulo “que”, na língua portuguesa, assume diferentes classes gramaticais. Ele pode funcionar como pronome relativo
(Alunos que trabalham...), conjunção coordenativa (Onde está, que não a vejo), conjunção integrante (É fundamental que a
população...),substantivo (Ela apresenta um quê de intelectual ), e ainda está presente em uma série de locuções conjuntivas
muito usadas nas redações de vestibular(já que, para que, ainda que, tão...que). Esse leque de funções torna frequente o uso
da palavra “que”. Tal uso, entretanto, não deve ser banalizado, por poder levar a um texto confuso.
Diante disso, é fundamental aprender formas de evitá-lo em sua redação. Os tópicos abaixo apresentam exemplos de como
reconhecê-lo e suprimi-lo.
a) Trocar orações adjetivas por adjetivos:
57
2. Desvios de concordância verbal e nominal
Outra dificuldade muito presente nas redações é a concordância de nomes e verbos. É comum encontrar esses desvios
gramaticais mesmo em redações avaliadas com nota máxima, já que muitos deles são dificilmente perceptíveis. Portanto,
é preciso atenção. Sempre releia o rascunho de seu texto procurando por quaisquer problemas de construção gramatical.
ONDE – Refere-se apenas a lugares físicos. Em outros casos, pode ser substituído por “no qual/na qual/em que”
A população desalentada vive uma situação onde a esperança de conseguir um emprego não existe mais.
A população desalentada vive uma situação na qual a esperança de conseguir um emprego não existe mais.
Essa produção começou numa época onde as pessoas não tinham tanta escolaridade.
Essa produção começou numa época em que as pessoas não tinham tanta escolaridade.
CUJO – Estabelece relação de posse. A concordância em gênero e número é feita com a palavra posterior
ao pronome.
Os problemas que a responsabilidade pertence ao governo deixam de ser mencionados.
Os problemas cuja responsabilidade pertence ao governo deixam de ser mencionados.
Os projetos que os textos foram reprovados estão em análise.
Os projetos cujos textos foram alterados estão em análise.
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7. Períodos longos
Muitas vezes, os alunos se esquecem de encerrar seus períodos com pontos finais, e, portanto, passam a subordinar as
orações, tornando a leitura da redação confusa. Portanto, lembre-se da dica: é melhor um texto coeso e coerente construído
com períodos curtos, que um texto recheado de períodos longos de difícil compreensão. Além do mais, os períodos curtos
diminuem consideravelmente o risco de possíveis problemas com conjunções, vírgulas e concordâncias.
A POLARIZAÇÃO DE POSICIONAMENTOS
NOS TEMAS DE REDAÇÃO
1. A importância da compreensão temática e da coletânea em propostas polêmicas
Em muitos vestibulares, é comum que os alunos sejam apresentados a discussões vinculadas a polêmicas dos mais variados
gêneros. São comuns recortes temáticos que envolvam a legalização das drogas, a adoção da pena de morte, a descrimi-
nalização do aborto, os limites do humor, entre outras abordagens que com frequência geram debates acirrados diante da
opinião pública.
A grande questão que paira para nossa conduta no vestibular é a forma como devemos encarar tais propostas. Às vezes, par-
te dos alunos afirma ter uma opinião pronta e definitiva para o assunto e, assim, resolve dissertar na prova de redação sem
fazer considerações importantes sobre o tema, começando por ignorar termos fundamentais do recorte temático abordado
e negligenciar uma leitura atenta e profunda da coletânea.
Muitas vezes, os recortes temáticos elaborados por essas bancas – como a VUNESP, em São Paulo – podem são semelhan-
tes, mas não são iguais. Eles contêm especificidades que não devem ser desprezadas pelos estudantes. Observe os recortes
temáticos abaixo:
Vestibular da
Eutanásia: entre a liberdade de escolha e a preservação da vida
UNIFESP 2019
Vestibular da
Eutanásia: é direito do paciente decidir a hora de morrer?
FACULDADE DE MEDICINA DE JUNDIAÍ 2019
Embora as duas propostas apresentem uma temática comum ( a eutanásia) a abordagem sugerida propõe dimensões dife-
rentes. No primeiro caso, pede-se a discussão sobre a eutanásia, considerando dois pontos de vista divergentes (liberdade x
preservação), porém, não há uma pergunta categórica a ser respondida. No segundo caso, o recorte propõe uma pergunta
ao aluno sobre o direito do paciente de optar pela eutanásia, o que pressupõe uma resposta – ainda que indireta – como
sim ou não.
Eis aí uma primeira questão chave para lidar com as temáticas polêmicas. Em outras palavras, devemos compreender exata-
mente qual é a polêmica proposta para que, a partir dela, possamos reunir nossos argumentos. Uma leitura desatenta dessa
questão pode facilmente levar o aluno a tangenciar o tema.
Diante disso, devemos procurar observar os posicionamentos e tentar entender qual deles nos parece ser mais válido para
compor a argumentação. Precisamos perceber qual dessas visões tem melhor sustentação, qual delas possui maior diálogo
com a realidade em que vivemos e também qual delas realiza uma leitura mais profunda sobre a temática em questão. Tudo
isso nos levará a uma decisão coerente com a proposta abordada.
59
3. Construindo teses para diferentes recortes temáticos
a) Propostas com perguntas “sim × não “:
A abordagens desses temas deve levar em consideração uma resposta à pergunta realizada. Não há a necessidade de essa
resposta ser completamente direta e objetiva. No entanto, é importante que o posicionamento do autor esteja claro em
relação à pergunta feita e não deixe dúvidas para o corretor a respeito desse ponto de vista.
Ex.:
Com as crescentes mobilizações ambientais de ONG’s, ONU e pessoas influentes, não demorará para
TESE
que o carro como conhecemos hoje passe a assumir, tal como o cigarro nos dias de hoje, um valor
(INTRODUÇÃO):
também negativo, ultrapassado e repudiado.
Diante dessa perspectiva, podemos analisar a ressignificação simbólica do carro para a sociedade do
RETOMADA DA TESE
(CONCLUSÃO):
século XXI, que vem perdendo seu valor positivo de sucesso para um valor negativo de poluição e
negligência para com o meio ambiente.
(Trechos extraídos de redação nota máxima do UNESP 2020 –
Estatísticas dos aprovados no curso de medicina da UNESP de 2020 – Disponível em @desempenhosmed)
Essas propostas são semelhantes às anteriores. É importante que o aluno assuma um posicionamento claro em relação à
temática, ainda que ele tenha ressalvas em relação à sua escolha.
Ex.:
Estatísticas dos aprovados no curso de medicina na Escola Paulista de Medicina / Universidade Federal de São Paulo
no processo seletivo Vunesp – sistema de seleção misto 2020 – Disponível em @desempenhosmed)
60
Ex.:
TEMA: EUTANÁSIA: ENTRE A LIBERDADE DE ESCOLHA E A PRESERVAÇÃO DA VIDA
Assim, a escolha pela eutanásia deve ser livre da ação do Estado, garantindo os direitos individuais
TESE
e limitando a ação estatal à preservação da vida no que diz respeito à garantia de acesso aos trata-
(INTRODUÇÃO):
mentos.
Por se tratar de uma escolha, a legalização da eutanásia não tem poder coercitivo, res-
Arg 1: peitando o direito de quem, dentro de suas convicções, prefere suportar o sofrimento e aguardar
a morte natural e, também, o direito de quem busca acabar com seu sofrimento.
Além disso, o papel do Estado, objetivando preservar a vida das pessoas, deve ser,
Arg 2: somente, o de proporcionar um ambiente propício para que a pessoa tome uma decisão
consciente
Em síntese, a eutanásia deve ser uma escolha livre de cada pessoa dentro de suas crenças pesso-
RETOMADA DA TESE
(CONCLUSÃO)
ais e da sua capacidade de suportar uma dor física ou psicológica, sendo a interferência de outros
nessa escolha uma ação indevida
(Trechos extraídos de redação nota máxima do UNESP 2020 –
Estatísticas dos aprovados no curso de medicina da UNESP 2020 - @desempenhosmed)
61
Como resolver?
Para não fugir ao recorte temático proposto nos exames, é possível criar algumas estratégias:
1) Transformar a proposta em uma ou mais perguntas;
2) Identificar as palavras-chave do recorte temático e trabalhar sobre elas
2. Leitura da coletânea
Outro erro comum cometido pelos alunos é deixar de ler a coletânea. Não se deve esquecer que a prova de redação pressu-
põe a leitura e a compreensão dos textos, o que torna essa etapa obrigatória.
Além disso, erram também aqueles que optam apenas por trabalhar as ideias presentes em um dos textos, sem atentar às
discussões abordadas pelos outros. Geralmente, as bancas separam os textos em mais ou menos fáceis de serem compreen-
didos, e, portanto, passam a avaliar melhor o candidato que conseguiu abordar as problemáticas desenvolvidas na maioria
desses textos.
Como resolver?
1) Partindo da leitura do recorte temático, procure ler a coletânea respondendo às perguntas propostas;
2) Destaque as informações mais relevantes (dados, exemplos, posicionamentos, leis, etc.)
3) Procure estabelecer relações entre eles, comparando-os. Se possível, escreva algumas orações para
organizar essa comparação.
Convém ressaltar que não se deve fazer referências diretas à forma de exposição da coletânea, e sim citar o texto como se
ele fosse uma informação proveniente do repertório de informações do próprio candidato. Cabe ao aluno compreender e
interpretar os dados, inserindo-os em seu texto, caso julgue necessário. Uma boa dica é o emprego de paráfrases.
Veja os exemplos:
Obs: Jamais invente dados estatísticos! Esse recurso – além de impertinente, dada a sua falsa natureza – é malvisto.
62
IMPRECISÕES COMUNS EM REDAÇÕES DE VESTIBULAR:
ESTRUTURA
1. Parágrafo expositivo
A presença do parágrafo expositivo nas redações do vestibular é um dos entraves mais comuns e mais difíceis de serem
solucionados. Esse fator ocorre em função da pouco experiência de muitos alunos em dissertar de modo argumentativo, isto
é, evidenciado seu posicionamento a partir de opiniões.
Para evitar esse deslize, é fundamental compreender e revisar a estrutura dissertativo-argumentativa. Vale lembrar que esse
texto pressupõe um conjunto de posicionamentos, opiniões (ligados a persuasão), sustentado por dados, fatos e informações
(ligados à exposição/comprovação das opiniões e posicionamentos).
Assim, o fundamental é garantir o equilíbrio entre essas duas esferas em seu parágrafo, conforme os exemplos abaixo.
2. Ausência de coesão
Ao construir orações, períodos e parágrafos do texto, o aluno precisa estar ciente da necessidade de conectar cada uma
dessas estruturas. Os pontos descontados em razão da coesão costumam ser altos e, portanto, extremamente prejudiciais
na somatória final da avaliação.
É fundamental fiscalizar a todo o tempo a manutenção da conexão entre os trechos. É possível se valer de conectivos e ver-
bos para cumprir tal função (coesão sequencial) e também de pronomes, sinônimos, hiperônimos, termos genéricos a fim
de retomar termos já expressos, mantendo uma coesão lógica dos fatos apresentados (coesão referencial). Convém lembrar
que os alunos são avaliados pela presença ou ausência dessas estruturas, conforme mostra o comentário da banca do INEP
a respeito de uma das redações nota mil do ano de 2017:
Há também um uso diversificado de recursos coesivos que garantem a fluidez de sua argu-
mentação por todo o texto, com a presença de articuladores tanto entre os parágrafos (“A
princípio”, “Além disso”, “portanto”) quanto entre as ideias dentro de um mesmo parágrafo
(“Também”, “Desse modo”, “pois”, “haja vista que”, “Ademais”; entre outros).
Redação no Enem 2018 - Cartilha do participante
3. Ausência de coerência
A coerência nas redações do vestibular avalia a capacidade do texto em garantir a sequência lógica e o encadeamento
correto das ideias. No entanto, a ausência de planejamento e de delimitação da tese e dos argumentos levam os alunos
a construírem parágrafos incoerentes, com informações contraditórias e impertinentes.
É comum encontrar casos em que os candidatos resolvem escrever um argumento para cada texto da coletânea, numa clara
tentativa de recriar as informações apresentadas sem o menor objetivo argumentativo. Como resultado, cria-se um texto
sem relação lógica, sem direcionamento, que coloca numa sequência linear informações contraditórias, ou sem relação direta
entre si.
63
Para evitar problemas de coerência em seu texto, lembre-se das estratégias abaixo:
§ SEMPRE faça um planejamento de texto;
§ Deixe sua tese muito clara para o leitor;
§ Observe se os argumentos apresentados realmente contribuem para a defesa dessa tese;
§ Verifique se os posicionamentos trabalhados em seu texto não estão em contradição;
§ Cuide para que seu título também esteja coerente em relação ao conjunto do texto.
4. Presença de lacunas
Um dos problemas que leva parte dos alunos a não atingirem a nota máxima em muitas avaliações é a presença de lacunas.
Lacunas são ausências criadas ao longo do texto, a partir de ideias que foram apresentadas, mas não comprovadas ou
discutidas. Para se ter uma ideia, a VUNESP estabelece a nota máxima no critério GÊNERO/TIPO DE TEXTO E COERÊNCIA
a partir da capacidade do candidato de não deixar lacunas em seu texto: “Bom desenvolvimento dos argumentos: ainda
que haja rara lacuna ou quebra, os argumentos são justificados/desenvolvidos de modo a convergir para o ponto de vista
defendido e há progressão argumentativa (texto estratégico)”.
5. Inexistência da tese/tese
A inexistência da tese no texto dissertativo-argumentativo é um erro bastante grave para o gênero. Isso porque ele com-
promete toda a estrutura de desenvolvimento do texto, ao não apresentar um fio condutor que oriente a apresentação das
ideias. A maior parte dos vestibulares exige tal elemento e o avalia como fundamental para a construção da redação. A
análise do próprio INEP feita para os textos nota mil revela essa preocupação:
Nota-se também um pleno domínio do texto dissertativo-argumentativo, uma vez que a par-
ticipante estrutura adequadamente sua redação, apresentando sua tese, argumentos que a
corroboram e conclusão que encerra a discussão.
Redação no Enem 2018 - Cartilha do participante
Em síntese, não caprichar na tese é comprometer a estrutura macro de todo o texto e ainda correr o risco de perder pontos
pelo não cumprimento do gênero.
1) Empregue verbos no presente que exprimam juízos A elite brasileira ignora a noção de cidadania e, assim, submete
de fato a respeito de uma situação. os outros a uma relação de hierarquia.
2) Use substantivos abstratos que apontem a ocorrên- É importante analisar a forte influência política no setor e a im-
cia de processos/eventos que ocorre, na sociedade. punidade das empresas que desrespeitam a legislação.
3) Use adjetivos para julgar e avaliar processos/ atitu-
As ações vinculadas à cultura são inexpressivas...
des/comportamentos
Diante disso, nota-se que o racismo continua presente no coti-
4) Empregue verbos de ligação para avaliar e criticar: diano brasileiro, ainda que parte da sociedade civil negue sua
existência.
64
SUGESTÃO DE ESTILO I
Ampliação do vocabulário
Sabemos que a composição do léxico de uma pessoa – isto é, o conjunto de vocábulos de que dispõe para uso da língua – é
uma construção feita ao longo de toda a vida. Ela ocorre em diferentes processos de contato com a língua, seja através da
compreensão oral ou de nossa compreensão escrita.
Ao nos dedicarmos à escrita de redações para o vestibular – tendo como foco o texto dissertativo-argumentativo – é
comum que empreguemos com frequência as mesmas palavras, até mesmo porque, ao longo do tempo, observamos que
algumas delas são capazes de precisar exatamente as ideias que queremos defender. No entanto, não podemos nos esque-
cer de que a ampliação do léxico é um processo contínuo, que deve ser estimulado e valorizado. Portanto, evite o apego a
fórmulas únicas de construção textual e aproveite as sugestões e análises abaixo para aumentar ainda mais suas formas de
construção textual.
Pelo fato das dissertações-argumentativas serem pautadas pela apresentação e defesa de ideias, é natural que boa parte do
léxico dessa unidade textual seja composto por substantivos abstratos. Estes são responsáveis por nomear ações, processos,
ideias, sentimentos, sensações, experiências entre outras convenções dentro de uma língua.
Leia os conjuntos de substantivos abaixo e procure empregá-los. O ideal, ainda, é criar uma lista própria de termos em seu
caderno de anotações para sempre consultá-la quando necessário.
65
b) Adjetivos
Os adjetivos também são itens lexicais importantes para a construção da opinião do autor dentro do texto. No entanto,
como vimos na aula 20, é preciso comedimento e atenção para empregar adjetivos adequados à norma padrão da escrita e
ao texto dissertativo-argumentativo. A lista abaixo pode te auxiliar a obter novos termos para aprimorar a criticidade de seu
texto nas provas de redação.
c) Construções verbais
Conhecer e saber manipular as construções verbais da língua é algo que certamente rende maior precisão vocabular aos
candidatos na hora do vestibular. Veja a lista abaixo e observe como alguns deles podem ser empregados num texto disser-
tativo-argumentativo:
66
SUGESTÃO DE ESTILO II
De acordo com a ordem canônica de apresentação sintática da língua portuguesa, advérbios, locuções ou orações adverbiais
devem aparecer sempre após a estrutura sujeito-verbo-complemento, como ocorre na sentença “Os deputados aprovaram
a sentença na última sexta-feira”. Entretanto, em algumas situações na escrita da redação, convém que essa informação
trazida pelo advérbio/locução adverbial/oração adverbial seja antecipada para o leitor.
Observe os períodos abaixo:
Ao longo do processo de formação da sociedade, o pensamento
Deslocamento de locução adverbial de tempo
cinematográfico consolidou-se em diversas comunidades.
Embora a Constituição Federal de 1988 assegure o acesso à cultura
Deslocamento de oração adverbial concessiva e de oração adverbial
como direito de todos os cidadãos, percebe-se que, na atual realida-
temporal
de brasileira, não há o cumprimento dessa garantia.
Assim como retratado no longa-metragem, não há, ainda, a plena
Deslocamento de oração adverbial comparativa
democratização do acesso ao cinema no Brasil.
(Trechos extraídos de redações nota máxima do ENEM 2019 , disponíveis na Cartilha Redação a mil 2.0.)
Em todas as situações, os termos adverbiais foram deslocados para o início ou para o meio da oração com objetivo de adian-
tar algumas informações para o leitor. O grande desafio, ao empregar tais estruturas, é estar atento para o uso da vírgula:
ela sempre será necessária para marcar esses deslocamentos.
Em outros casos, o uso do deslocamento pode tornar o texto ainda mais autoral. Veja os exemplos abaixo:
Ainda que haja forte pressão de parte dos cidadãos, as autoridades não devem abrir mão dos programas de
TESE
vacinação.
TÓPICO FRASAL Ao vincularmos nossas ações ao olhar do outro, perdemos nossa própria identidade.
RETOMADA DA TESE Portanto, seja em função do alto custo dos ingressos, seja devido à pouca oferta de espaços para espetáculo,
(CONCLUSÃO) o teatro continua a ser uma arte relegada apenas às camadas mais altas.
FECHAMENTO Se pertence ao homem o direito de escolher sua própria orientação religiosa, não cabe a nenhum Estado
ESPECIAL
(CONCLUSÃO) legislar sobre essa decisão.
FECHAMENTO Enquanto o individualismo for a regra da atualidade, a solidariedade continuará a ser um discurso incapaz
ESPECIAL
(CONCLUSÃO) de se transformar em ações e em práticas efetivas.
b) Inversão sintática
Eventualmente, a inversão da estrutura sujeito-verbo-complemento pode ser usada para melhorar a conexão com a oração
anterior, para dar mais ênfase a determinados elementos ou para tornar a redação mais autoral. Todavia, é preciso usar esse
recurso com comedimento, tendo atenção para não cometer equívocos nas concordâncias verbal e nominal das sentenças.
67
Observe abaixo a diferença entre a posição de sujeitos, verbos e complementos nas orações destacadas:
PERÍODO INVERTIDO PERÍODO NA ORDEM CANÔNICA
Diferentemente disso, no Brasil, são raras as políticas públicas na Diferentemente disso, no Brasil, as políticas públicas na área de
área de moradia e inexistem meios efetivos para a contenção da moradia são raras e meios efetivos para a contenção da especula-
especulação imobiliária. ção imobiliária inexistem.
Foram, justamente, os jovens os principais responsáveis pelas Jor- Os jovens, justamente, foram os principais responsáveis pelas Jor-
nadas de Junho, em 2013, no Brasil. nadas de Junho, em 2013, no Brasil.
Desse grande mal-entendido científico, surgiram diversas notícias Diversas notícias falsas surgiram desse grande mal-entendido
falsas. científico.
2. Redução de orações
Outro recurso que pode aprimorar a escrita dos alunos é a ação de reduzir orações subordinadas ou ainda de transformá-las
adjetivos, substantivos ou advérbios/locuções adverbiais dentro de um período simples. Esses empregos, além de deixarem o
texto mais curto e objetivo, podem melhorar a clareza nas ideias e conferir mais autoria à produção.
ORAÇÕES SUBSTANTIVAS
ORAÇÃO DESENVOLVIDA ORAÇÃO REDUZIDA
É preciso que as ofertas de trabalho nessa área sejam ampliadas É preciso ampliar as ofertas de trabalho e dirigi-las, sobretudo, à
e que elas sejam dirigidas, sobretudo, à população desalentada. população desalentada.
ORAÇÃO DESENVOLVIDA ORAÇÃO TRANSFORMADA EM SUBSTANTIVO
É notório que esses movimentos conquistaram sua liberdade. É notória a conquista da liberdade feita por esses movimentos.
ORAÇÕES ADVERBIAIS
ORAÇÃO DESENVOLVIDA ORAÇÃO REDUZIDA
Quando se considera a situação brasileira, nota-se... Ao se considerar a situação brasileira, nota-se...
ORAÇÃO DESENVOLVIDA ORAÇÃO TRANSFORMADA EM LOCUÇÃO ADVERBIAL
Embora haja críticas à medida, ela é fundamental... Apesar das críticas à medida, ela é fundamental
3. Uso de repertório
Ao longo do curso, você foi apresentado a diferentes recursos para usar seu repertório nas redações. Aqui, são apresentadas
apenas outras sugestões para você se inspirar e fazer paráfrases criativas de teorias ou conceitos de dos autores selecionados.
TEORIA/CONCEITO EMPREGO
Num sistema de direitos de cidadania assim baseado na imunida- Diante desse exemplo, é possível dizer que James Holston
de de alguns e na incapacidade de outros, os direitos se tornam acertara ao descrever a cidadania no Brasil: direitos tornam-
relações de privilégio que atuam sem a obrigatoriedade do dever. -se privilégios sem a obrigação dos deveres, o que apenas reforça
esse sentimento de hierarquia e distinção social tão presentes en-
James Holston, antropólogo norte-americano.
tre as camadas mais abastadas do país.
A escolha dos homens, que irão exercer funções públicas, é feita Nesse contexto, o interesse de parte da elite em promover pesso-
de acordo com a confiança pessoal que mereçam os candidatos, as próximas para altos cargos – sejam eles públicos ou privados –
não de acordo com as suas capacidades próprias. Falta a tudo a em nada se distancia da cordialidade descrita por Sérgio
ordenação impessoal que caracteriza a vida no Estado burocrático. Buarque de Hollanda: trata-se de uma seleção que despreza
as capacidades próprias dos candidatos e, em vez disso, seleciona
Sergio Buarque de Hollanda, sociólogo e historiador brasileiro.
aqueles com quem mantém relações de interesse e de confiança.
A racionalidade neoliberal tem como característica principal a ge- A busca desenfreada pelo sucesso e pelo desempenho em dife-
neralização da concorrência como norma de conduta. (...) O neoli- rentes instâncias da vida social é parte de uma nova racionalidade
beralismo pode ser definido como o conjunto de discursos, práticas em operação no momento contemporâneo: a concorrência. Tal
e dispositivos que determinam um novo modo de governo dos como descrevem Pierre Dardot e Christian Laval, os in-
homens segundo o princípio universal da concorrência. divíduos extraem a competição da esfera econômica e passam a
Pierre Dardot e Christian Laval, filósofos franceses contemporâneos. empregá-la em nas demais relações que estabelecem.
68
Proposta Enem
TEXTO 1
A história, como um campo do saber, é parte central dos embates políticos e sociais desde sua origem, pois ela faz parte da constituição das
nossas sociedades, ao fornecer representações formadoras de imaginários coletivos que instituem e dão legitimidade à comunidade. Ela é
fundamental para estruturar as identidades de diferentes grupos sociais, sejam nações, classes, grupos religiosos ou movimentos sociais, e, ao
mesmo tempo, pode oferecer inspiração para as escolhas políticas de tais grupos. Aí estão as razões pelas quais a história ocupa lugar central
nas batalhas políticas presentes, sendo objeto de tantas disputas e manipulações por parte de quem pretende justificar seus projetos de poder.
Rodrigo Patto Sá Motta “Desafios para uma história do tempo presente no Brasil” https://ufmg.br (06.06.2020) Adaptado.
TEXTO 2
A falta de interesse pela preservação da memória no Brasil, explícita no incêndio que atingiu o Museu Nacional na noite o dia 02 de setembro
de 2018, é uma característica histórica e cultural da sociedade brasileira. A análise é da historiadora, pesquisadora e professora Mary del Priore,
que lista, entre tantos motivos, a falta de investimentos das autoridades públicas na manutenção e valorização do patrimônio, os professores de
história que não transmitem a paixão sobre o passado para seus alunos, os pais que preferem levar seus filhos ao shopping e não a um museu.
A responsabilidade, diz a professora, é de toda a sociedade, que agora se sensibiliza ao ver um patrimônio depredado. “Todos nós temos que
jogar as cinzas do Museu na nossa cabeça. Foi culpa nossa”, disse em entrevista à Carta Capital.
“Nunca foi valorizado no Brasil o nosso passado, a nossa memória, a disciplina histórica. As faculdades de história, por exemplo, só começam
no país no século XX. A falta de prestígio da história é histórica”, afirma.
‘A falta de prestígio da História é histórica no Brasil’ https://www.cartacapital.com.br/ (03.09.2018 )
TEXTO 3
Nos últimos anos, o mundo tem vivenciado uma crescente negação de fatos históricos. Frases como “o Holocausto nunca existiu”, “o nazismo é
de esquerda”, “a ditadura militar foi branda” e “não houve genocídio indígena” estão se tornando comuns em conversas diárias, seja em redes
sociais ou em uma mesa de bar numa sexta à noite.
Inúmeros fatores contribuem para o aumento deste fenômeno no Brasil e no mundo. A revista Aventuras na História teve acesso à abertura do
evento “Negacionismos e Revisionismos: o conhecimento histórico sob ameaça”, organizado por docentes da Universidade de São Paulo (USP),
onde o tema aparece como um desafio que deve ser enfrentado através do diálogo.
Segundo a professora e historiadora da USP Mary Anne Junqueira, “o negacionismo está vinculado ao fortalecimento de grupos conservadores
em várias partes do ocidente e também em regiões do oriente . Negar a violência de temas do passado e do presente é uma ameaça ao conhe-
cimento histórico e à democracia, e deve ser visto como arma política usada por determinados setores”.
Independentemente de posições políticas, o debate sobre esses conteúdos deve ser mantido por todos os cidadãos dentro de termos racionais,
e construído com base em argumentos sólidos – afinal, a História é uma ciência como todas as outras.
“Negacionismo histórico: por que estamos negando os fatos?” www.aventurasnahistoria.uol.com.br (08.05.2019)
TEXTO 4
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Proposta vestibular
TEXTO 1
Novelas, filmes e séries são obras de ficção, certo? Mas quando essas obras retratam figuras e acontecimentos históricos, a maioria das pessoas
espera que aquilo que estão vendo seja o que realmente aconteceu ou que, pelo menos, se aproxime da realidade dos fatos e das pessoas retratados.
Isso não é o que vemos em Nos Tempos do Imperador, a atual novela das 18h da Globo.
Nos Tempos do Imperador se passa na época do Segundo Reinado, com recursos parecidos aos da novela anterior: um casal romântico fictício
protagoniza a história, com figuras históricas como pano de fundo — dessa vez, o romance entre Dom Pedro II e a Condessa de Barral. Porém, o
resultado está sendo bem diferente: a audiência está mais baixa do que nunca, e o público está criticando os vários erros históricos da produção.
Vejamos o primeiro casal protagonista romântico da novela: Pilar é uma moça rica que quer ser médica, em uma época na qual apenas homens
estudavam, e se apaixona por Jorge, um escravo que foge de seu dono e muda de identidade. Várias das sequências que mais geram críticas na
novela envolvem ambos.
O casal birracial anda pela rua, trocando carícias livremente — isso em uma época em que muitos negros ainda eram escravizados e nem eram
considerados humanos por parte dos brasileiros. É factível a existência do casal, porém demonstrar o amor à luz do dia, sem sofrer represálias, não
é algo que seria possível.
A cena mais incômoda foi quando Pilar acabou sendo impedida de morar na Pequena África, reduto dos negros libertos, e Jorge faz um comentário
comparando o que houve com a moça ao racismo. Afinal, ter de buscar outro lugar para dormir não é nada perto de séculos de escravidão e da falta
de direitos básicos.
“Dramas históricos precisam ter compromisso com a realidade?” https://www.megacurioso.com.br/ (02.09.2021)
TEXTO 2
A história, como um campo do saber, é parte central dos embates políticos e sociais desde sua origem, pois ela faz parte da constituição das nossas
sociedades, ao fornecer representações formadoras de imaginários coletivos que instituem e dão legitimidade à comunidade. Ela é fundamental
para estruturar as identidades de diferentes grupos sociais, sejam nações, classes, grupos religiosos ou movimentos sociais, e, ao mesmo tempo,
pode oferecer inspiração para as escolhas políticas de tais grupos. Aí estão as razões pelas quais a história ocupa lugar central nas batalhas políticas
presentes, sendo objeto de tantas disputas e manipulações por parte de quem pretende justificar seus projetos de poder.
Há iniciativas sistemáticas de alguns grupos sociais para construir representações da história que recuperam perspectivas tradicionais de inspiração
conservadora. Não se trata apenas da história presente, mas também de temas clássicos como a colonização do Brasil e a escravidão, fenômenos
que as lideranças e os intelectuais mais conservadores pretendem mostrar como processos sem conflito e violência.
Rodrigo Patto Sá Motta “Desafios para uma história do tempo presente no Brasil” https://ufmg.br (06.06.2020) Adaptado.
TEXTO 3
Poucos se dão conta de que, quando se vai montar uma peça, um filme, uma novela, no início está escrito “Baseado em...” Uma produção audio-
visual é uma nova produção que nasce em cima do livro, em cima da história, em cima de um episódio real. Trata-se de uma nova obra, uma nova
releitura, uma livre adaptação.
As linguagens artísticas existem justamente para não ter compromisso com a realidade. A ficção é uma narrativa imaginária, irreal, ou para redefinir
obras (de arte) criadas a partir da imaginação. Obras ficcionais podem ser parcialmente baseadas em fatos, mas sempre contêm algum conteúdo
imaginário. É o que chamo das transgressões artísticas. A arte cria ilusões de realidades, espaços e pessoas inexistentes para contar histórias que
nunca aconteceram. Que não se encontram na natureza, de forma a materializar visualmente as ideias que temos na cabeça. O ser humano é o único
animal que produz ficção, criando uma aparência de realidade para enganar a si próprio ou a seus similares. Assim, o nosso dia a dia, nossas tarefas
são a realidade que vivemos. Quem quiser viver alguns momentos de fantasia, abra um livro, assista a um filme, ouça uma música.
Ou, como eu digo, o papel do historiador é contar o fato como realmente aconteceu. O papel do escritor é imaginar, contar, fantasiar como o fato
poderia ter acontecido.
Emílio Figueira “A ficção não tem compromisso com a realidade” https://www.emiliofigueira.com.br/ (09.05.2020) Adaptado.
TEXTO 4
Por trazer a história para o cotidiano, as novelas e minisséries são um gênero televisivo que chama a atenção da população. As obras de época
possibilitam uma volta ao passado. As tramas históricas possibilitam um conhecimento sobre um determinado período ou figura histórica por meio
do entretenimento que a TV oferece. Muitas pessoas, ao assistirem as tramas, despertam seu interesse em pesquisar e se aprofundar sobre os fatos
históricos e a vida dos personagens, por meio de livros, internet, entre outros. Há uma relação de identidade, curiosidade e empatia que se constrói
entre o personagem e o telespectador.
70
Diante de um cenário como esse, até entendemos que as produções audiovisuais sejam um produto de ficção e que, portanto, não tenham um com-
promisso com o registro da história em si. No entanto, tais produções criam uma visão sobre aquilo que abordam, ao fornecerem uma interpretação
sobre episódios que efetivamente ocorreram. Ou seja, mesmo que a ficcção não tenha essa intenção, ela também constrói uma visão sobre a história.
Samanta Fernandes “As representações históricas como produto midiático”: Um estudo sobre a minissérie “Amazônia – de Galvez
a Chico Mendes”. Dissertação de Comunicação Contemporânea da Universidade Anhembi Morumbi, 2016. (Adaptado)
Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva um texto dissertativo-argumentativo, empregando a
norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema:
71
72
INGLÊS
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ESTUDO DA LÍNGUA INGLESA
TEXTO I
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
Language carries culture, and culture carries, partic-
Emily Carr (1871-1945) ularly through orature and literature, the entire body
of values by which we come to perceive ourselves and
Emily Carr was born on December 13, 1871, in Victoria, our place in the world. How people perceive themselves
British Columbia, to Richard and Emily Saunders Carr, the
affects how they look at their culture, at their politics
fifth child in a family of five girls. A brother, Dick, was
and at the social production of wealth, at their entire
born in 1875. Carr began her training as an artist in her
relationship to nature and to other beings. Language
late teens. After the death of both parents, rather than be
is thus inseparable from ourselves as a community of
subjected to the demands of her overbearing sister Edith,
human beings with a specific form and character, a spe-
Carr approached her legal guardian to secure funds to
cific history, a specific relationship to the world.
attend the California School of Design. Little of her work
survives from this period, but she seems to have received (Ngugi Wa Thiong’o)
basic instruction in oil painting and watercolour and was (GREENBLATT, S. et al. The Norton Anthology.
able, upon her return to Victoria in 1893, to make a living English literature. 8.ed., v.2. 2005. p.2538.)
as an art teacher. In 1907, she began documenting the
TEXTO II
First Nations cultures of British Columbia.
Carr continued to draw and paint throughout the 1930s Listen Mr. Oxford Don
until a heart attack in 1937 left her bedridden and un-
able to paint. She began to devote all of her creative en- Me not no Oxford don
ergy to writing. Ira Dilworth, teacher and CBC executive, Me a simple immigrant
became her confidant and literary advisor. Dilworth’s From Clapham Common
I didn’t graduate
support of her autobiographical sketches gave her both
I immigrate
the confidence and the means to secure publication for
But listen Mr. Oxford don
her work. Her writing, initially broadcast on CBC Radio,
I’m a man on de run
gathered popular appeal and endeared her to a public
And a man on de run
that for years had been hostile to her art.
Is a dangerous one
Klee Wyck, first published in 1941, was a huge popular
success and a critical success as well: Carr was awarded I ent have no gun
the Governor General’s Literary Award for non-fiction in I ent have no knife
1941. Some of her other titles were The Book Of Small but mugging de Queen’s English
(1942), The House Of All Sorts (1944), Growing Pains In the story of my life
(1946) and The Heart Of A Peacock (1953). I dont need no axe
Growing Pains tells the story of Carr’s life, beginning (Jhon Agard) (Disponível em:<http://year11protestpoetry.wikispaces.
with her girlhood in pioneer Victoria and going on to her co/Listen+Mr+Oxford+don>. Acesso em: 23 set. 2013.)
74
4. (FUVEST)
School
By Daniel J. Langton
75
U.T.I. - E.O.
1. (FUVEST)
2. (FUVEST)
Is this the
South Sea Bubble 2.0?
I saw her on
Wilt thou be my ThouTube...
Visagebook friend? How goeth ye
American Spring?
Twas GHASTLY! I hear Tom Paine’s all a-Twitter
THERE IS A great historical irony at the heart of the current transformation of news. The industry is being reshaped by
technology – but by undermining the mass media’s business models, that technology is in many ways returning the
industry to the more vibrant, freewheeling and discursive ways of the preindustrial era. Until the early 19th century
there was no technology for disseminating news to large numbers of people in a short space of time. It travelled
as people chatted in marketplaces and taverns or exchanged letters with their friends. The invention of the steam
press in the early 19th century, and the emergence of mass-market newspapers, marked a profound shift in news
distribution. The new technologies of mass dissemination could reach large numbers of people with unprecedented
speed and efficiency, but put control of the flow of information into the hands of a select few. In the past decade
the internet has disrupted this model and enabled the social aspect of media to reassert itself. In many ways news
is going back to its pre-industrial form, but supercharged by the internet. Camera-phones and social media such as
blogs, Facebook and Twitter may seem entirely new, but they echo the ways in which people used to collect, share
and exchange information in the past.
The Economist, July 9th 2011. Adaptado.
76
3. (UNICAMP) The World Without Us by Alan Weisman – a book review
77
6. (UEG) According to Paulo Freire, what is the effect TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
of the reading of the world – literacy – on the reader’s
Can science fiction still predict the future?
view of the world?
In the novel 2001: A Space Odyssey, Arthur C. Clarke
7. (UEG) shows us Dr. Heywood Floyd reading his “newspad”,
a) Change the following sentence from the passive where he can consult any newspaper he wishes. How
voice to the active voice. many future computer engineers read this science fic-
Every reading of the word is preceded by a reading tion classic – or saw the motion picture – and thought:
of the world. “I want one of those!”? As science fiction fans know,
finding examples in earlier fiction that resemble new
b) Change the following sentence into the present
technology brings a glow of satisfaction at seeing
perfect continuous tense.
our world foretold. But how has rapid technological
UNESCO has worked to examine the idea of varied development affected such forecasts?
usages of literacy.
Wondering how scientific advances would shape the future
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES is not a new preoccupation – indeed, rocket propulsion
may first have been suggested in a 1657 work by Cyrano
Personal Marketing: Selling yourself de Bergerac, who shoots his hero to the moon with fire-
crackers. But few have been so enthralled by imaginings
Before you begin a job search campaign you must have of the future as John Claudius Loudon. In the March 1828
a personal marketing strategy. A personal marketing issue of Gardener’s Magazine, Loudon ran a review of Jane
strategy provides you with a game plan for your job Webb’s The Mummy!, a novel about an Egyptian mummy
search campaign. resurrected in the 22nd century. So impressed was Loudon
by Webb’s steam-powered agricultural machines, air beds,
You should look at the job search as a marketing cam- milking machines and smokeless fuel that he arranged an
paign, with you, the job seeker, as the product. Every introduction to the young writer. They were later married.
product, even the best ones, won’t succeed without a
strong marketing strategy. This begins with a comprehen- Enthusiasm about such speculation hasn’t been uni-
versal. For example, Jules Verne’s 1863 novel Paris in
sive, yet flexible plan. First you must know to whom you
the Twentieth Century depicted a 1960s world of sky-
are marketing. You must identify the types of employers
scrapers, fax machines and even a proto-internet. It was
who would be looking for an employee with your quali-
turned down by his publisher as “unbelievable”, and
fications. Are they all within a certain industry? Are there
only finally published in 1994.
many industries that hire employees with your back-
ground? In the 20th century, emerging technologies made such
ideas more believable. In 1926, the first issue of the
You already know that personal marketing skills are im- science fiction magazine Amazing Stories enthused:
portant to your career and perhaps to find a better job, “Extravagant Fiction Today… Cold Fact Tomorrow”. In
but the only problem is that the art of self marketing is 1928, the British newspaper Daily Mail published an is-
difficult for a lot of people. sue forecasting the year 2000 – with giant flat-screen
Selling yourself well doesn’t mean talking just about tvs in public places -, which caused little surprise. As
yourself or arrogantly telling others how great you are. time goes by, though, it becomes increasingly difficult
By selling yourself, in an interview or an informal net- to distinguish between science fiction and reality.
working meeting, I mean thinking first about the em- Of course, some have argued that projecting a plausible
ployer’s needs and expectations and figuring out how future is more science than art. Robert Heinlein was one
you can create value for their organization. What does of many authors credited with “inventing” the cellphone,
the potential employer really need from a new employ- which appears in his 1948 novel Space Cadet. Those with
ee? What specific technical skills, workplace competen- an ache to foretell the future may want to take a page
cies and personal qualities is the employer looking for? out of his book: he maintained that his “prophecies” –
Now if you can ask those questions dispassionately, you which included atomic weapons and remote controls –
should be able to identify your own strengths that match were not born solely of his imagination, but rooted in
and gently weave them into every conversation you have his science education and knowledge of current research.
in the world of good jobs and prospective careers.
ANDY SAWYER. http://proxcool.com
(Adaptado de: http://careerplanning.about.
com e www.your-career-change.com) 10. (UERJ) No texto, observa-se a utilização de dois re-
cursos de coesão lexical: o emprego de palavras sinô-
8. (UNESP) Qual o significado da oração …if you can ask nimas e, também, o uso de palavras pertencentes a um
those questions dispassionately… no texto? A quais mesmo campo semântico.
perguntas se faz referência nessa oração? Retire do texto, em inglês:
§ dois verbos distintos que têm sentido equivalente
9. (UNESP) Liste quatro aspectos importantes a serem
a predict;
considerados, segundo o texto, para se realizar uma
§ dois substantivos que exemplifiquem tipos de publi-
propaganda de si mesmo com a finalidade de conseguir
cação que veiculam textos de ficção científica.
um emprego.
78
Caro aluno
Você está recebendo o terceiro livro da Unidade Técnica de Imersão (U.T.I.) do Hexag Vestibulares.
Este material tem o objetivo de retomar os conteúdos estudados nos livros 5 e 6, oferecendo um
resumo estruturado da teoria e uma seleção de questões que preparam o candidato para as provas
dos principais vestibulares. Além disso, as questões dissertativas permitem avaliar a capacidade de
análise, organização, síntese e aplicação do conhecimento adquirido. É também uma oportunidade
de o estudante demonstrar que está apto a expressar suas ideias de maneira sistematizada e com
linguagem adequada.
Aproveite este caderno para aprofundar o que foi visto em sala de aula, compreender assuntos que
tenham deixado dúvidas e relembrar os pontos que foram esquecidos.
Bons estudos!
Herlan Felini
SUMÁRIO
HISTÓRIA
HISTÓRIA GERAL 81
HISTÓRIA DO BRASIL 111
GEOGRAFIA
GEOGRAFIA 1 175
GEOGRAFIA 2 191
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© Hexag Sistema de Ensino, 2018
Direitos desta edição: Hexag Sistema de Ensino, São Paulo, 2021
Todos os direitos reservados.
Autores
Eduardo Antôno Dimas
Tiago Rozante
Alessandra Alves
Vinicius Gruppo Hilário
Márcio Cavalcanti de Andrade
Diretor-geral
Herlan Fellini
Diretor editorial
Pedro Tadeu Vader Batista
Coordenador-geral
Raphael de Souza Motta
Editoração eletrônica
Felipe Lopes Santos
Leticia de Brito Ferreira
Matheus Franco da Silveira
Imagens
Freepik (https://www.freepik.com)
Shutterstock (https://www.shutterstock.com)
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HISTÓRIA GERAL
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ESTADOS UNIDOS NO SÉCULO XIX
O século XIX marcou o desenvolvimento capitalista dos tude norte-americana em relação àqueles povos que não
Estados Unidos e o início da expansão do território em di- são reconhecidos como seus iguais.
reção ao Oeste. Na expansão ao Oeste, os pioneiros dessa conquista
Desde a colonização inglesa (século XVII), havia uma – criadores de gado, agricultores sem terra, granjeiros e
série de diferenças entre as colônias do Norte e do Sul. caçadores – eram imigrantes europeus e americanos sem
Aquelas formavam a Nova Inglaterra e suas atividades condições de sobrevivência na costa Leste. Com cavalos ou
econômicas estavam voltadas para a pesca, pecuária, em barcos pelos rios, punham-se em marcha para o Oeste.
atividades comerciais e produção manufatureira. Em vir- Expulsavam ou dizimavam as tribos indígenas, conquista-
tude da forte presença dos imigrantes puritanos ingleses, vam e povoavam as terras do interior e nelas desenvolviam
a região caracterizou-se pela vida disciplinada e ética do a agricultura, a pecuária e a mineração.
trabalho como forma de obtenção da prosperidade eco- A marcha para o Oeste era, em grande parte, justificada
nômica, sinal da salvação divina. A região foi marcada pela Doutrina do Destino Manifesto, segundo a qual os
pela tolerância religiosa e um estilo de vida voltado para norte-americanos tinham sido predestinados por Deus à
o isolamento. conquista dos territórios situados entre os oceanos Atlân-
As colônias centrais eram socialmente mais abertas e re- tico e Pacífico.
ceptivas aos grupos sociais que professassem diferentes Em 1862, o presidente Abraham Lincoln criou o Homeste-
crenças religiosas. Recebiam imigrantes de outras regiões ad Act (Lei da propriedade rural), que concedia terra aos
da Europa como suecos, holandeses e escoses, os quais imigrantes que nela se fixassem e produzissem qualquer
professavam diferentes credos. Tornaram-se importante gênero, acelerando ainda mais a ocupação territorial em
centro econômico e mantinham fortes laços com as colô- direção ao Pacífico.
nias do Norte. Ambas conseguiram um desenvolvimento
Os novos territórios incorporados pelos Estados Unidos ao
econômico autônomo da Inglaterra, o que sustentou as
longo da expansão para o Oeste foram adquiridos pela
revoltas quando a Inglaterra quis fazer valer as regras do
compra, pela diplomacia ou pela guerra.
colonialismo mercantilista, o que explica, de modo geral, a
precoce independência norte-americana. A Luisiana foi comprada da França por 15 milhões de
dólares; a Flórida, da Espanha por cinco milhões de dó-
As colônias do Sul organizaram-se nos limites da clássica
lares; e o Alasca, da Rússia por sete milhões de dólares.
exploração econômica mercantilista colonial, a plantation
Mediante tratado diplomático negociado com a Inglater-
– exploração agrícola monocultora e exploração do tra- ra, o Oregon, na costa Norte do Pacífico, foi anexado aos
balho escravo, com produção de tabaco, algodão, arroz e EUA. Em 1848, metade do território mexicano, formado
índigo (anil), exportados para a Europa. pelas atuais regiões de Nevada, Califórnia, Utah, Arizona,
Durante o século XIX, o território norte-americano assu- Texas e Novo México, foi anexado pela guerra. Não foi
miu dimensões próximas das atuais em virtude de uma à toa que o presidente mexicano Porfírio Diaz declarou:
série de fatores, dentre os quais a Doutrina do Destino “Pobre México, tão longe de Deus e tão perto dos Esta-
Manifesto, que ocupou uma posição de suporte da ati- dos Unidos”.
Após a conquista do Oeste, entre os anos 1861 e 1865, (Confederados). Como fora dito acima, a formação econô-
os Estados Unidos foram envolvidos pela guerra civil, co- mica das duas regiões foi muito distinta. Enquanto o Norte
nhecida como Guerra de Secessão, consequência dos an- pregava a liberdade individual e econômica, o Sul era es-
tagonismos entre os estados do Norte (União) e os do Sul cravista e praticava a plantation.
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grafo facilitou a transmissão de notícias. As tropas desloca-
vam-se rapidamente em direção às regiões onde estavam
sendo travados os combates.
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nos assuntos internos do continente americano, sintetiza- Unidos tomaram posse de Porto Rico, Guam e Filipinas.
do no lema “a América para os americanos”. Cuba passou a ser uma nação independente, mas sob a
influência dos Estados Unidos.
O intervencionismo norte-americano no Caribe atinge o
seu ponto máximo na virada do século XIX com a políti-
ca do presidente Theodore Roosevelt, denominada de Big
Stick (Grande Porrete). Roosevelt instiga a separação do
Panamá da Colômbia com a intenção de construir o ca-
nal do Panamá, em 1903, procurando satisfazer interesses
norte-americanos. Durante a administração de Roosevelt,
deu-se também a intervenção armada em Cuba e em São
Domingos. A determinação de “falar suavemente e carre-
gar um porrete” apresentava, assim, resultados convincen-
tes para os Estados Unidos.
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senvolvimento interno e lhe daria possibilidades de concor- gamento os condados da Savoia e de Nice, pertencentes
rência no mercado exterior, liberando a circulação de mer- ao Piemonte; este receberia a Lombardia-Veneza, perten-
cadorias dentro da Península, favorecendo as exportações cente à Áustria.
e impedindo as importações dos produtos concorrentes. O
Baseado nesse acordo, Cavour provocou a guerra contra a
nacionalismo desse reino, portanto, estava enraizado nas
Áustria no início de 1859. Franceses e sardo-piemonteses
necessidades específicas da expansão do capitalismo, que
obtiveram vitórias em Magenta e Solferino (Lombardia), mas
trilhou caminhos semelhantes aos da Prússia.
a ameaça de intervenção militar da Prússia levou a França a
No Sul da Itália, outra força poderosa era a dos Camisas se retirar da guerra, obrigando os piemonteses a firmar com
Vermelhas, liderada por Giuseppe Garibaldi, que defendia a a Áustria o Tratado de Zurique: a Áustria conservaria a região
criação da República com voto universal, pois acreditava que de Veneza e cederia a Lombardia ao Piemonte, que, por sua
somente a unificação poderia retirar a população humilde da vez, cederia à França as regiões de Nice e Savoia.
miséria. A Unificação Italiana contou com dois grupos cujo
Paralelamente à guerra contra a Áustria, Garibaldi promove-
objetivo da unificação eram convergentes; divergiam, porém,
ra várias insurreições de caráter nacionalista na Itália central.
no tocante à estrutura ideológica: o Norte (Risorgimento) era
As tropas garibaldinas conquistaram os ducados de Toscana,
elitista burguês e Garibaldi, popular e radical.
Parma e Modena, assim como a região da Romanha perten-
cente aos Estados Pontifícios. Em 1860, após a realização de
plebiscito, esses territórios foram incorporados ao Piemonte,
dos quais formou-se o Reino da Alta Itália.
Em 1860, Garibaldi atacou o Reino das Duas Sicílias, co-
mandando a Expedição dos Mil Camisas Vermelhas, que
culminou com a conquista de Nápoles, capital do Reino.
Nessa mesma época, as tropas piemontesas ocuparam a
parte Oriental dos Estados Pontifícios e estabeleceram a
ligação terrestre entre o Norte e o Sul da Itália. No ano
seguinte, esses territórios conquistados foram incorporados
à Alta Itália, que formaram o Reino da Itália, do qual Vitor
Emanuel II foi proclamado rei.
Com a unificação concluída, o rei Vitor Emanuel fez de
Roma a capital italiana. O Papa manteve o não reconheci-
mento e enclausurou-se na Basílica de São Pedro. Esse di-
lema, conhecido como a Questão Romana, foi resolvido
somente em 1929 com o Tratado de Latrão, acordo no qual
o governo fascista de Benito Mussolini indenizava a Igreja
pelos prejuízos sofridos com a perda de Roma e concedia-
Giuseppe Garibaldi
-lhe a soberania sobre a Praça de São Pedro, oportunidade
Já os Estados Pontifícios, que constituíam o centro da Pe- em que foi criado o atual Estado do Vaticano.
nínsula Italiana, eram contra a unificação, visto que o Papa A Itália concluíra tardiamente sua unificação política, já na
perderia o poder político para o chefe de Estado, caso a segunda metade do século XIX, em 1870, o que contribuiu
unificação constituísse uma política republicana ou uma muito para retardar seu desenvolvimento capitalista. O Sul
Monarquia Constitucional. do país permaneceu agrário e não desenvolvido, dominado
Após a tentativa frustrada de unificação em 1848, Cavour pelo latifúndio e pela aristocracia rural. O Norte conseguiu
tornou-se primeiro-ministro do Piemonte-Sardenha, em um relativo desenvolvimento industrial, mas a falta de mer-
1852. Contando com o apoio de partidários da unificação, cados e de matérias-primas impediu que a industrialização
estimulou a luta pela unidade italiana. Em 1858, Cavour alcançasse grandes proporções. A Itália chegou atrasada
firmou com Napoleão III da França uma aliança franco-pie- à corrida colonial, quando a divisão do mundo já estava
montesa, que resultou na organização de um pacto militar praticamente concluída e os mercados já dominados pela
antiaustríaco, o que favoreceu o Piemonte para iniciar em Inglaterra e pela França. A impossibilidade de formar um
1859 a luta pela Unificação Italiana. Napoleão III apoiaria império colonial contribuiu para retardar ainda mais o de-
o Piemonte numa luta contra a Áustria e receberia em pa- senvolvimento do capitalismo italiano.
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Unificação alemã (1871)
No início do século XVI, quando a Europa Ocidental firma-
va o processo de formação das monarquias nacionais, a
região da atual Alemanha ainda estava dividida em reinos,
principados, ducados e cidades autônomas. Um desses
reinos era a Prússia, localizado na região norte. Foi nesse
período que se levantou pela primeira vez a possibilidade
de unidade nacional. No entanto, nenhum grupo revolu-
cionário da época – burguesia em formação, campesinato
e pequena nobreza – era suficientemente forte para liderar
Otto von Bismarck
sozinho tal intento. Como não se uniram, lançando-se de
modo independente na luta contra a nobreza, o fracasso O sonho da unificação alemã só foi possível graças ao de-
foi inevitável. Os príncipes foram os grandes beneficiários senvolvimento econômico e social dos Estados, particular-
dessas “revoluções” e a região firmou-se como um mo- mente o da Prússia. A Áustria, que impedira a unificação
saico de pequenos Estados soberanos, que tratavam de alemã, tentada pela Prússia em 1850, não conseguiu im-
defender sua soberania e impedir a unidade nacional. pedir o desenvolvimento econômico de seus Estados, al-
cançado graças ao Zollverein – liga aduaneira adotada
Embora não estivesse sob o mesmo poder político, a popula- em 1834, que aboliu as tarifas alfandegárias no comércio
ção mantinha forte elo cultural com as narrativas mitológicas entre os Estados germânicos, o que propiciou o início da
que alimentaram um militarismo nobiliárquico apropriado sua unidade econômica.
pelos junkers – aristocracia prussiana que controlava a ad-
Após sucessivas guerras – Guerra dos Ducados (1864),
ministração e o exército. Outro fato que sustentava o orgulho
Guerra Austro-Prussiana (1866) e Guerra Franco-Prussiana
dos alemães era o I Reich É o Sacro Império):
(1870) – a Prússia, então liderada pelo ministro junker Otto
a existência do Sacro Império Romano-Germânico, unida-
von Bismarck, garantiu a unificação alemã. Cabe ressaltar
de política sob a qual estava a maior parte dos estados a Batalha de Sedan, que selou a vitória da Prússia sobre
alemães. Entretanto, os alemães foram humilhados por Na- a França e consolidou a anexação dos Estados do Sul da
poleão, que os submeteu à Confederação do Reno e, mes- Alemanha, em 1871. Na Sala dos Espelhos do Palácio de
mo depois do Congresso de Viena, em 1815, seu território Versalhes, Guilherme I, rei da Prússia, foi coroado impe-
continuava fragmentado, com 35 Estados independentes rador da Alemanha. Com a fundação do II Reich alemão,
e quatro cidades livres, dominados pela Áustria graças à estava concluída a unificação política do país.
Confederação Germânica.
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O Império Alemão destruiu o equilíbrio de poder estabele- ricas em jazidas de ferro e carvão, além de receber da Fran-
cido na Europa desde 1815 pelo Congresso de Viena. No ça uma pesada indenização de guerra. Tudo isso contribuiu
prazo de algumas décadas, a Alemanha se transformaria na para o desenvolvimento do revanchismo francês, que se
maior potência econômica e militar da Europa. O Tratado de transformou numa das principais causas da Primeira Guerra
Frankfurt, assinado em 1871 com a França, permitiu à Ale- Mundial.
manha anexar as províncias francesas da Alsácia-Lorena,
IMPERIALISMO E NEOCOLONIALISMO
A segunda metade do século XIX foi marcada por um novo racista acabou sendo utilizada para legitimar as invasões eu-
e vigoroso movimento do capitalismo, caracterizado pelo ropeias em outros continentes.
imperialismo, que submeteu a maior parte dos territórios da
Nesse contexto de violenta expansão imperialista, podemos
África e da Ásia à condição de colônia das potências eu-
destacar a Conferência de Berlim (1884–1885) como um
ropeias, principalmente as que haviam passado pela trans-
episódio fundamental. Dela participaram todos os países co-
formação industrial. Países como Inglaterra, Bélgica, França,
lonialistas, que estipularam entre si os princípios reguladores
Alemanha e Itália deram início a uma verdadeira corrida
do que se convencionou chamar “partilha da África”. A Con-
colonial. O novo colonialismo – neocolonialismo – pode ser
ferência impunha às potências colonizadoras a necessidade
entendido como fruto da política industrial e da expansão
de ocupação efetiva, demarcação e notificação de suas pos-
do capital financeiro, sem desprezar, contudo, as rivalidades
ses aos participantes da partilha. Depois da Conferência de
políticas europeias, que aguçaram o nacionalismo e transfor-
Berlim ocorreu a ocupação e exploração do imenso território
maram a conquista colonial em prestígio político.
africano, que foi palco de uma das mais sangrentas páginas
A propaganda a favor dos interesses imperialistas, vitais da história do colonialismo europeu.
para o desenvolvimento do capitalismo, deu origem a uma
Na medida em que representou a ocidentalização do mun-
série de teorias pseudocientíficas, muito populares a partir
do, a colonização destruiu estruturas sociais tradicionais –
da segunda metade do século XIX. Essas teorias buscavam
que muitas vezes não puderam ser recompostas. No Sudeste
justificar a conquista e a colonização de outros povos pelos
asiático, milhares de alqueires, antes dedicados à plantação
europeus. Em geral, elas tendiam a estabelecer uma hie-
de arroz para a autossuficiência dos povos locais, foram
rarquia rígida entre os diferentes povos, classificados como
transformados em imensas fazendas produtoras de borra-
“mais” ou “menos” civilizados ou evoluídos. Nessa hierar-
cha para exportação. Na Índia, o artesanato foi destruído.
quia, o primeiro lugar era ocupado pela sociedade europeia,
Pela primeira vez na história, o mundo encontrava-se intei-
cujo funcionamento deveria servir de modelo ideal para o
ramente partilhado, direta ou indiretamente, e submisso às
resto do mundo. Essa concepção é denominada eurocentris-
grandes potências europeias e aos Estados Unidos. As gran-
mo. Outra influente teoria da época foi o darwinismo social,
des potências passaram a viver uma situação de choque
que explica, à luz dos estudos de Charles Darwin sobre a
permanente entre si na tentativa de expandir suas áreas de
evolução das espécies, as conquistas dos homens de acordo
dominação econômica e política. Esse choque de imperia-
com seus ganhos econômicos e sociais como resultado da
lismos terminaria por deflagrar a Primeira Guerra Mundial.
“sobrevivência do mais apto”. Tal teoria pseudocientífica e
O estado de espírito predominante na Europa, no período mo. Esse período de euforia e otimismo que vai da segun-
anterior a 1914, era de orgulho pelas realizações da civili- da metade do século XIX até a eclosão da Primeira Guerra
zação Ocidental e de confiança em seu progresso futuro. Os Mundial, em 1914, foi denominado de Belle Époque.
avanços na ciência e na tecnologia, a elevação do padrão de
Porém, paradoxalmente, o período que abrange o final da
vida, a difusão das instituições democráticas, o incremento
Guerra Franco-Prussiana até o início da Primeira Guerra
da alfabetização das massas, a posição de poder da Europa
Mundial (1871-1914) ficou conhecido como “paz armada”.
no mundo, tudo contribuía para um sentimento de otimis-
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Um período caracterizado pelas fortes rivalidades políticas continente, como no caso do nacionalismo sérvio e no
(nacionalistas), econômicas (disputa por mercados e por expansionismo do chamado paneslavismo russo.
matérias-primas industriais) e imperialistas (concorrência
Logo, para o início da Grande Guerra, bastava um estopim,
colonial). A imprensa dos principais países europeus discutia
que foi aceso nos Balcãs, região conhecida como o “bar-
e propagandeava a guerra e todos garantiam que seu país
ril de pólvora da Europa”. Num domingo, o arquiduque
sairia vencedor. Esse militarismo criou um clima de tensão.
herdeiro do trono austro-húngaro, que estava em Sarajevo,
Um dos principais fatores da Primeira Guerra Mundial – cha- capital da Bósnia – região anexada pela Áustria –, sofreu
mada à época de Grande Guerra –, em 1914, foi o choque um atentado enquanto passeava de automóvel com a
de imperialismos, que possuía raízes econômicas – dis- esposa. Francisco Ferdinando e sua esposa foram assassi-
puta por novos mercados consumidores e matérias- nados pelo estudante bósnio, Gavrilo Princip, membro da
-primas industriais, expressando-se de modo político e organização terrorista secreta chamada Mão Negra, que
militar. Além disso, a Conferência de Berlim (1885) buscou a
lutava para livrar a Bósnia do domínio austríaco.
inserção do II Reich germânico e da Itália no neocolonialis-
mo através de uma série de negociações; no entanto, essa Acreditando que o atentado fora preparado pela Sérvia, o
estratégia fracassou, pois a Inglaterra e a França confirma- Império Austro-húngaro enviou-lhe um ultimato. Pelo teor
ram o controle sobre as regiões africanas alimentando o res- do pedido, os austríacos sinalizaram que desejavam a guerra
sentimento alemão, propiciando o aumento da militarização e que certamente contariam com o apoio da Alemanha. A
e a busca de mercados consumidores por meio da guerra. Sérvia, apoiada pela Rússia, recusou o ultimato. No dia 28
de julho, o Império Austro-húngaro invadiu a Sérvia, ao lado
de quem a Rússia tomou posição em 1º de agosto. A partir
de então, houve um verdadeiro efeito dominó: a Alemanha,
cumprindo seus compromissos com a Áustria, declarou guer-
ra à Rússia; a França, em socorro aos russos, declarou guerra
à Alemanha e, pouco depois, os ingleses aliaram-se aos fran-
ceses. Começava então a Primeira Guerra Mundial.
A Guerra estabeleceu-se em torno de dois grandes polos:
a Tríplice Entente e a Tríplice Aliança.
Soldados em uma metralhadora usando máscaras de gás
A Tríplice Aliança foi o acordo militar entre a Alemanha,
O boicote surgiu pela decadência da hegemonia econômi- a Áustria-Hungria e a Itália, feito em 1882, em que cada
ca e militar inglesa, inclusive perdendo seu histórico status uma garantia apoio às demais no caso de algum ataque de
de "rainha dos mares". Houve, por exemplo, grande de- duas ou mais potências sobre uma das partes. A Alemanha
senvolvimento da marinha alemã, fato comprovado pelo e a Itália ainda garantiam apoio entre si no caso de um
lançamento, em 1912, pela Alemanha, do maior navio do ataque vindo da França. A Itália, no entanto, especificava
mundo, o Imperator. que seu apoio não se estenderia contra o Reino Unido.
Além da corrida imperialista, vários movimentos naciona- A Tríplice Entente foi uma aliança feita entre a Inglaterra,
listas estavam presentes na Europa e promoviam o aumen- França e o Império Russo para lutarem na Primeira Guerra
to do ódio entre as nações. Um elemento desse naciona- Mundial contra o pangermanismo e as expansões alemãs
lismo foi o pangermanismo, que se caracterizou pela e austro-húngaras pela Europa. Foi feito após a criação da
defesa da ideologia segundo a qual era um direito do povo Entente anglo-russa.
alemão, devido ao seu passado mitológico e pureza racial,
controlar a Europa central, bem como interferir nos Bálcãs.
Na França, as novas gerações nasciam e educavam-se
sob o signo da revanche: vingar a humilhação militar e
política sofrida na Guerra Franco-Prussiana e recuperar
Alsácia-Lorena. Em 1906, França e Alemanha ampliariam
suas diferenças na luta pela dominação do Marrocos, con-
tribuindo para aumentar a tensão internacional e acelerar
a marcha rumo à guerra.
Além desse embate entre as três principais potências
europeias – Alemanha, França e Inglaterra –, questões
nacionalistas floresciam em diversas outras regiões do Aviões de guerra alemães
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A primeira fase do conflito caracterizou-se pela guerra de centrais da Tríplice Aliança. Diante das sucessivas derrotas
movimento, rápido deslocamento de tropas, com o objetivo do exército alemão, revoltas internas derrubaram o II Reich
de destruir o inimigo em batalhas sucessivas. O principal e o novo governo republicano assinou o armistício em 11
país a deslocar seus contingentes militares foi a Alema- de novembro de 1918, pondo fim à guerra.
nha. Usando uma tática chamada de Plano Schliefen, os
Com o fim da guerra, o presidente dos Estados Unidos,
alemães pretendiam primeiro vencer a França para depois
Woodrow Wilson, propôs um acordo de paz chamado
atacar a Rússia. Na invasão da França, violou o território
14 Pontos. Em linhas gerais, tratava da criação de uma
belga para evitar as fortificações da futuramente famosa
sociedade internacional que teria por finalidade manter a
linha Maginot, o que serviu de pretexto para a Inglaterra
paz mundial, eliminar a diplomacia secreta e promover a
declarar guerra à Alemanha.
liberdade total dos mares. Tratava, ainda, do fim da guerra
Os movimentos em massa tentados pelos exércitos tiveram sem anexações nem indenizações por parte dos países beli-
poucos resultados positivos. Cada avanço de alguns quilô- gerantes. Wilson insistia na ideia de que deveria haver uma
metros custava uma longa preparação e milhares de vidas. paz “sem vencedores nem vencidos”.
Durante três anos a frente imobilizou-se. Numa extensão de
França e Inglaterra não aceitaram todos os pontos apresen-
640 km, dos Alpes ao mar do Norte, os lados em confronto
tados pelo presidente estadunidense. A França exigia repa-
construíram uma vasta rede de trincheiras, que tinham abri-
rações de guerra em dinheiro, pressionada pelos vultosos
gos subterrâneos e eram cercadas de arame farpado. Atrás
prejuízos que tivera. A Inglaterra era contra a liberdade total
da frente de trincheiras havia outras linhas para as quais os
dos mares, uma vez que neles mantinha sua hegemonia.
soldados podiam se retirar e as quais podiam ser usadas
para o envio de auxílio. Entre os exércitos oponentes ficava Em junho de 1919, o Tratado de Versalhes fixava as
a “terra de ninguém”, uma vasta superfície de lama, árvo- penas a serem aplicadas aos vencidos. A Alemanha, consi-
res despedaçadas e troncos partidos. A guerra de trincheiras derada a “grande culpada” pelo conflito, foi despojada de
era uma batalha de nervos, resistência e coragem, travada um sétimo de seu território, um décimo de sua população,
ao som estrondoso da artilharia pesada. Era inevitavelmen- perdeu suas colônias, viu-se privada do território do Sarre
te uma carnificina. (rico em carvão), foi obrigada a desmilitarizar a região da
Em 1915, os italianos, apesar de aliados à Áustria e à Ale- Renânia (fronteira com a França) e a restituir o território da
manha, entraram na guerra ao lado da Entente, o que se Alsácia-Lorena à França, teve seus exércitos reduzidos para
justifica graças aos tratados secretos, segundo os quais a 100 mil homens, seu território foi separado em duas partes
França e a Inglaterra prometiam à Itália as regiões do Tren- por um “corredor” de terras (“corredor polonês”), que dava
to, Tirol e Ístria, então sob domínio austríaco. acesso para o mar à Polônia, a cidade alemã de Dantzig foi
transformada em porto livre e arcou com o pagamento de
Em novembro de 1917, a revolução socialista saiu vitoriosa uma indenização de 33 bilhões de dólares. Ainda pelo trata-
na Rússia. Em março de 1918, em Brest-Litovsk, o governo do, criou-se oficialmente a Liga das Nações, encarregada
da Rússia soviética assinou a paz com a Alemanha, aceitan- de preservar a paz mundial, desde que Alemanha e a re-
do suas condições que incluíam a entrega da Polônia, da cém-União Soviética fossem excluídas de sua composição.
Ucrânia e da Finlândia, e se retirava da guerra.
No mesmo período da revolução russa, a Alemanha de-
clarou guerra submarina, sem restrições, a todos os países
da Entente. Seriam afundados quaisquer navios de países
neutros ou não que se dirigissem aos países da Entente.
Os EUA romperam relações com a Alemanha. Em março do
mesmo ano, alguns navios norte-americanos em comércio
com a Inglaterra foram afundados por submarinos alemães.
Em 6 de abril, o Congresso norte-americano votou favora-
velmente à declaração de guerra à Alemanha.
Na primavera de 1918, a superioridade alemã era incontes-
Delegação alemã em Versalles
te a Oeste. A Entente estava ameaçada de perder a guerra
e os EUA, seus capitais. Os EUA enviaram mais soldados Um balanço da Primeira Guerra Mundial assinala o des-
para a França, que chegou a quase dois milhões de homens. locamento da supremacia econômica, financeira, política
Essa participação foi decisiva para a derrota dos impérios e militar da Europa para os Estados Unidos. No plano
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econômico, a guerra destruiu 40% do potencial industrial
europeu e 30% de sua agricultura. No plano financeiro, de
credora, a Europa transformou-se em devedora dos Esta-
dos Unidos.
Houve também uma mudança radical no mapa político
europeu. Surgiram os Estados independentes da Hungria,
Tchecoslováquia, Iugoslávia, Polônia, Letônia, Lituânia, Es-
tônia e Finlândia. Vários países tiveram seu território am-
pliado ou diminuído.
A Grande Guerra assinalou também o declínio do capita- Soldado canadense com sequelas dos gases tóxicos
lismo liberal baseado na livre concorrência, cedendo lugar, No plano demográfico, a guerra deixou um saldo de apro-
pouco a pouco, ao Estado intervencionista, com a econo- ximadamente oito milhões de mortos e 20 milhões de
mia passando a ser parcialmente regulada pelo poder go- mutilados.
vernamental.
No fim do século XIX, a Rússia possuía 22 milhões de qui- nários e defendiam a instauração do socialismo na Rússia
lômetros quadrados e mais de 150 milhões de habitantes. com base numa aliança entre operários e camponeses; e os
Sua principal característica era o gigante atraso econômi- mencheviques (de menschenstvo, minoria), liderados por
co em relação aos países da Europa Ocidental. Enquanto Martov, eram revolucionários que defendiam a aliança com
Inglaterra, França e Alemanha passavam por um processo a burguesia e a passagem gradual ao socialismo através de
acelerado de desenvolvimento urbano e industrial, adota- uma política de reformas progressivas.
vam regimes constitucionais e avançavam técnica e cienti-
ficamente, a Rússia permanecia atrasada econômica, social
e politicamente.
Como país predominantemente agrário e semifeudal, a
aristocracia rural e o clero ortodoxo detinham o controle da
terra. Cerca de 40% das terras aráveis pertenciam à nobre-
za. O processo de industrialização tivera início apenas no
final do século XIX, caracterizando-se por sua extrema con-
centração em algumas grandes cidades, como Kiev, Moscou
e São Petersburgo, então capital do país.
Essa industrialização tardia, dependente e concentrada pro-
duziu, por um lado, uma burguesia fraca e incipiente e, por
Cartaz bolchevique de 1920
outro, um proletariado forte, organizado e combativo, que,
dadas as suas origens rurais, mantinha estreitos vínculos Na virada ao século XX e com a construção da ferrovia tran-
com os camponeses. As péssimas condições de vida do pro- siberiana, os russos acabaram por se chocar com o imperia-
letariado expressavam-se nos baixos salários, nas jornadas lismo japonês, na Manchúria e na Coreia. Essa rivalidade em
de 11 ou 12 horas de trabalho e nas habitações miseráveis. torno dos mercados asiáticos acabou por provocar a eclosão
Inspirados por ideais iluministas e socialistas, surgiram no da Guerra Russo-Japonesa (1904-1905), na qual os rus-
país vários partidos clandestinos de oposição à autocracia sos foram fragorosamente derrotados. Pelo Tratado de Port-
czarista. Entre eles estava o Partido Social-Democrata Rus- smouth, o Japão ficou com o Sul da ilha de Sacalina, Port
so, baseado no socialismo marxista. Em 1903, a social-de- Arthur e o protetorado sobre a Coreia e a Manchúria. A der-
mocracia dividiu-se em duas facções: os bolcheviques (de rota frente ao Japão deixou clara e pública toda a crise que
bolchenstvo, maioria), liderados por Lenin, eram revolucio- se escondia sob o manto da autocracia do czar Nicolau II.
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Trabalhadores organizaram greves e manifestações em to- Apesar dos inquestionáveis avanços oriundos da Revo-
das as cidades importantes. Liderados pelo padre Gapon, lução de 1905, as diferenças entre as facções socialistas
um grupo de mais de três mil trabalhadores e suas famílias bolchevique e menchevique tornaram-se mais agudas, pois
reuniram-se para protestar pacificamente diante do palácio os bolcheviques, liderados por Lenin, passaram a defender
de inverno do czar, em São Petersburgo, a 22 de janeiro de o partido comunista, mesmo pequeno, formado por revo-
1905. Os manifestantes queriam entregar um abaixo-assi- lucionários profissionais que propagariam o conceito de
nado pedindo melhores condições de vida, direito de greve, uma revolução socialista capaz de destruir o czarismo e o
reforma agrária e convocação de uma assembleia nacional. capitalismo simultaneamente. Já os mencheviques propu-
Essa manifestação pacífica culminou com o massacre dos nham uma revolução por etapas: primeiro, a destruição do
manifestantes, recebidos a tiros pelas tropas da guarda (cos- czarismo; posteriormente, mediante uma nova revolução,
sacos), fazendo com que essa data ficasse conhecida como implantar o socialismo.
Domingo Sangrento. Em meio ao cenário de forte agitação política, eclodiu a
Primeira Guerra Mundial. A Rússia, participante da Entente,
fez parte da frente Oriental da guerra, lutando contra o Rei-
ch alemão. Contudo, em condições precárias e arcaicas de
combate, a guerra custou três milhões de mortos, destruíra
25% da indústria e 9% da agricultura do país e não trou-
xera nenhuma compensação. A inflação violenta desvalo-
rizava os salários; as empresas nacionais iam à falência,
acentuando ainda mais os descontentamentos sociais.
No início de 1917, a burguesia, apoiada pela esquerda
moderada, pressionava o governo do Czar, provocando
manifestações de trabalhadores nas ruas; uma greve ge-
ral paralisou os transportes na cidade de Petrogrado, novo
nome de São Petersburgo. Os gritos por “pão” e “abaixo
a guerra” transformaram-se em gritos de “abaixo a auto-
Cena do filme Devyatoe yanvarya, de 1925,
retratando o domingo sangrento
cracia”. A polícia era insuficiente para deter o movimento;
o exército foi mobilizado, mas no dia 12 de março, 27 de
O massacre de São Petersburgo criou uma onda de indig- fevereiro, pelo calendário russo, os soldados recusaram-se
nação pelo país seguida de greves e protestos. Os mari- a marchar contra o povo amotinado. No dia seguinte, sem
nheiros do Encouraçado Potemkin, ancorado em Odes- o apoio do exército, o poder imperial desapareceu com a
sa, e a guarnição de Kronstadt amotinaram-se. Os diversos abdicação do czar.
povos de nacionalidade não russa começaram a se movi-
mentar, tornando a situação bastante grave. A burguesia O Comitê da Duma transformou-se em Governo Provi-
sório após a abdicação oficial do Imperador, presidido por
apoiava a insurreição popular, procurando capitalizá-la
Lvov. Esse governo proclamava as liberdades fundamentais,
com o objetivo de instaurar no país um regime constitu-
deu anistia aos presos políticos e exilados – permitindo a
cional e parlamentar. Os sovietes (conselhos de operários,
volta de líderes bolcheviques que estavam no exílio, entre
camponeses e soldados) encabeçavam a luta contra o cza-
eles Trotsky e Lenin. A timidez da política social do novo
rismo. Nesses órgãos, os trabalhadores exerciam um poder
governo propiciou o avanço dos bolcheviques. A Rússia ia
ao mesmo tempo executivo e legislativo, elegendo seus re-
mal na guerra, e os fracassos provocaram reações inter-
presentantes a partir dos locais de trabalho e quartéis, des-
nas, como as manifestações de julho em Petrogrado, logo
tacando-se o soviete de Petrogrado, liderado por Trotsky.
reprimidas. Sob forte pressão, Lvov cede lugar a Kerenski,
Diante da grande onda revolucionária, o czar Nicolau II lan- apoiado pelos mencheviques. Os bolcheviques foram no-
çou um manifesto, em outubro de 1905, fazendo algumas vamente perseguidos e Lenin refugiou-se na Finlândia, en-
concessões, entre as quais a promessa de uma Constituição quanto Trotsky, presidente do soviete de Petrogrado, criou
que estabeleceria a eleição para o Parlamento (Duma). Tal uma milícia popular, a Guarda Vermelha.
foi a chamada Revolução de 1905.
O Governo Provisório de Kerenski perdia terreno, pois
Em 1906, reuniu-se a Duma, parlamento controlado pela insistia em continuar na Primeira Guerra Mundial, ne-
burguesia e pelos latifundiários, com o objetivo de redigir gava-se a distribuir terras aos camponeses e adiava as
uma Constituição para o país. eleições para a futura Assembleia Constituinte. Lenin pre-
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parou o povo para uma revolução armada. Na noite de para poder dar dois passos à frente”. Do ponto de vista
6 de novembro, 24 de outubro no calendário russo, os econômico, a NEP foi um sucesso; fez crescer a produção
bolcheviques ocuparam os pontos estratégicos de Petro- agrícola e industrial e impulsionou o comércio. Em 1924,
grado. O encouraçado Aurora bombardeou o Palácio de a produção industrial atingiu 50% e a produção agrícola
Inverno, sede do governo. Abandonado por suas tropas, equiparou-se aos índices de 1913.
Kerenski foi obrigado a fugir. Rapidamente, os bolchevi- Anos mais tarde, em 1924, Lenin teve uma morte preco-
ques ganharam terreno e assumiram o poder, consolidan- ce. Josef Stalin, secretário-geral do Partido Comunista, e
do a Revolução Russa de 1917. Leon Trotsky, comissário do povo para a guerra, passaram
Sem saída, o recém-formado governo soviético, a 3 de a travar uma luta ferrenha pelo poder, que resultou anos
março de 1918, assinou o Tratado de Brest-Litovsky mais tarde no assassinato de Trotsky e numa ditadura lide-
com a Alemanha: a Rússia perdia a Polônia, Finlândia, Es- rada por Stalin.
tônia, Lituânia e Letônia. Diversos setores apoiaram uma A ascensão de Stalin assinalou o início de uma nova polí-
contraofensiva contra o governo de Lenin, fazendo com tica econômica. A NEP foi abandonada e foram adotados
que eclodissse uma guerra civil no país entre o Exército os planos quinquenais. A Gosplan – comissão estatal de
Branco, formado pelos setores interessados na restauração planejamento econômico – passou a se encarregar da pla-
do Antigo Regime, comandado por militares ligados ao nificação da economia.
czarismo, e o Exército Vermelho, que chegou a contar com
Os dois primeiros planos quinquenais estabeleceram dois
três milhões de soldados e foi organizado por Trotsky para
objetivos básicos: criação de uma indústria pesada e co-
lutar pela preservação da nova ordem socialista.
letivização forçada da agricultura, através da qual a pro-
Lenin, então, criou o comunismo de guerra, política priedade privada da terra foi substituída por cooperativas
que implicou na completa estatização dos bancos, do agrícolas, proprietárias da produção, mas não da terra
comércio exterior e da indústria fabril, assim como a re- (kolkhozes), e por fazendas estatais cujas terras, máquinas
quisição compulsória da produção agrícola, o estabeleci- e produção eram do Estado (sovkhozes).
mento da igualdade de salários e o trabalho obrigatório.
Num processo de industrialização acelerado, os planos
Finalmente, em 1921, a guerra civil chegava ao fim com a
quinquenais desenvolveram a indústria pesada com a ex-
vitória do Exército Vermelho e um saldo de nove milhões
ploração de petróleo e de carvão e minério de ferro, nos
de mortos.
Urais, na Ásia Central e na Sibéria. Em 1940, a eletrificação
cresceu cerca de 80% em relação a 1928 e a produção de
aço cresceu cerca de 450%, no mesmo período.
Em termos políticos, Stalin implantou um governo centrali-
zado no Partido Comunista. As pessoas do Comitê Central
eram controladas por ele, para o que se criou uma buro-
cracia distante do cotidiano da população humilde. Esses
burocratas formaram uma elite chamada de nomenklatura.
Críticos da URSS chamavam-na burocracia de Estado. Para
esmagar a resistência e moldar um novo tipo de cidadão,
devidamente motivado e disciplinado, Stalin implantou um
estado totalitário na Rússia. A revolução do totalitarismo
englobou toda a atividade cultural: meios de comunica-
ções, literatura, artes, música, teatro passaram a ser força-
Lenin e Trotsky em comício
dos a se submeterem à ideologia soviética.
Os resultados econômicos do “comunismo de guerra” fo- O Estado soviético exerceu os “grandes expurgos” entre
ram desastrosos: a produção declinou, pois os trabalhado- os anos de 1936 e 1938, quando a oposição interna, bem
res não estavam habituados a gerir as empresas; a moeda como membros do próprio Partido Comunista foram afas-
foi inflacionada e o comércio, paralisado. Percebendo o pro- tados, expulsos, eliminados ou presos nos gulags – espécie
blema, Lenin iniciou, em março de 1921, a Nova Política de campos de concentração na Sibéria. Stalin permanece-
Econômica, NEP. Como ela continha alguns aspectos do ria a frente do Partido Comunista da União Soviética até
capitalismo, no Ocidente pensou-se que a Rússia voltava 1953, ano de sua morte.
à antiga ordem do capital. Na realidade, nas palavras de
Lenin, tratava-se de uma tática de “dar um passo atrás,
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CRISE CAPITALISTA DE 1929
O crescimento econômico norte-americano em alguns se- Como a economia estadunidense era o carro chefe do
tores estratégicos foi impressionante. A produção industrial capitalismo mundial, logo a crise fez-se sentir em todo o
cresceu 50% entre 1922 e 1929. Foram produzidos 600 mundo. Os Estados Unidos detinham 45% do ouro mun-
mil automóveis em 1928, o que correspondeu a 75% da dial e eram o grande centro econômico; deles dependiam
produção automobilística mundial. Os rádios, cuja produ- para importações e exportações quase todas as nações ca-
ção era mínima em 1920, atingiram 13 milhões de unida- pitalistas. Somente em 1929, os norte-americanos haviam
des em 1929. Essa intensificação do ritmo de crescimento emprestado a vários países sete bilhões e 400 milhões de
da produção norte-americana deveu-se a dois fatores: dólares, que reverteram em importações de produtos nor-
aceleração do progresso técnico decorrente da racionaliza- te-americanos. Com a crise, os capitais foram repatriados,
reduzindo as importações dos países estrangeiros a 32%
ção da utilização da mão de obra (taylorismo e fordismo)
do que tinham sido.
e processo de concentração industrial, que aumentava a
capacidade produtiva das empresas pela melhor utilização O número de desempregados em todo o mundo variou
dos seus recursos. Por outro lado, os investimentos maciços entre 25 e 30 milhões de pessoas, de 1929 a 1933. Na In-
ampliavam enormemente a produção, permitindo a redu- glaterra, onde a exportação diminuiu 70% nesse período, o
ção dos preços, bem como os investimentos crescentes dos número de desempregados atingiu 2,7 milhões, em 1931.
capitalistas norte-americanos no exterior. No plano político, as consequências não foram menos sig-
Por todas essas razões, os Estados Unidos concentravam, nificativas. O desemprego tinha profundas repercussões
em 1929, 44% da produção industrial do mundo. sociais e as manifestações contra os governos sucediam-se
por toda parte. Os movimentos políticos pregavam solu-
Entretanto, o poder aquisitivo da população não acompa- ções radicais e encontravam numerosos adeptos entre os
nhava esse crescimento industrial. Enquanto o valor dos descontentes. Os partidos socialistas viram crescer rapida-
produtos industriais subiu cerca de 10 bilhões de dólares mente suas fileiras. Contra eles surgiram os partidos fascis-
entre 1923 e 1929, o aumento global dos salários não foi tas – antiliberais e antidemocráticos –, que defendiam a
além de 600 milhões. Nessa situação, com o crescimento formação de governos autoritários para reprimir as agita-
dos salários menor que o aumento da produção, não havia ções das massas desempregadas.
quem consumisse boa parte do que se produzia. Embora
se comprasse mais que antes, essa demanda não acom-
panhava, na mesma proporção, o aumento da produção.
Além disso, os produtores agrícolas, que não encontravam
compradores para seus excedentes, também diminuíam o
consumo de produtos industrializados.
De 1920 a 1929, incentivados pela aparente prosperidade,
os estadunidenses compraram desenfreadamente ações
das mais diversas empresas, ações essas que atingiram em
pouco tempo cotações altíssimas, muito maiores que o cres- Bolsa de valores de Nova Iorque, em 1929
cimento real das empresas. No momento em que algumas
delas faliram, os proprietários delas deram-se conta de terem Em tal contexto, o candidato do Partido Democrata à pre-
pagado muito mais por elas do que realmente valiam. Em sidência, Franklin Delano Roosevelt, ganhou as eleições de
1932 com a promessa de restaurar a confiança na econo-
pânico, todos os investidores passaram a querer vender suas
mia e na sociedade. Como faziam os políticos do mundo
ações, provocando uma vertiginosa baixa no seu valor.
inteiro na época, fossem os social-democratas da Europa,
No dia 24 de outubro de 1929, conhecido como Quin- os stalinistas da Rússia ou os populistas da América Latina,
ta-feira Negra, a Bolsa de Valores de Nova Iorque sofreu Roosevelt reconheceu que a intervenção estatal massiva
a maior baixa de sua história. Mais de 16 milhões de ações era necessária para salvar o sistema econômico e aliviar o
não encontraram compradores. Esse episódio foi o estopim conflito social.
para a grande crise e ficou conhecido como o crack da Bol-
Ao tomar posse em 1933, Roosevelt lançou o New Deal, um
sa de Nova Iorque.
pacote de reformas – baseado nas ideias do economista in-
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glês John Maynard Keynes (keynesianismo) – para promover § criação do seguro-desemprego;
a recuperação industrial e agrícola, regular o sistema finan- § limitação da jornada de trabalho;
ceiro e providenciar mais assistência social e obras públicas. § aumento dos salários dos operários;
Dentre as principais medidas implementadas com o New § fixação de um salário mínimo;
Deal, são consideráveis: § ampliação do sistema de previdência social;
§ concessão de créditos aos bancos para frear as falên- § proibição do trabalho infantil.
cias no setor;
Os resultados decorrentes da aplicação do New Deal não
§ criação de um fundo para resguardar os depósitos po- tardaram. O número de desempregados foi reduzido de 14
pulares nos bancos; para 7,5 milhões, entre 1933 e 1937; os preços subiram
§ criação de um banco para financiar as exportações; 31%; a produção industrial, 64%; a renda nacional, 70%;
§ concessão de crédito aos fazendeiros endividados; e as exportações, 30%.
§ lançamento de um programa de grandes obras públi-
cas – estradas, casas, sistemas de irrigação, barragens
hidroelétricas – para absorção dos desempregados;
O FASCISMO ITALIANO
A palavra Fascismo tem suas origens no termo latino fasci, origens germânicas (Alemanha e Áustria), latinas (Itália),
feixe. Na Roma Antiga representava um símbolo e um prin- hispânicas (Espanha), lusitanas (Portugal) etc.; o racismo
cípio de autoridade. O feixe de varas paralelas, entrecorta- alimenta-se do nacionalismo e vice-versa;
das por um machado era um símbolo da autoridade dos § expansionismo – necessidade básica para os “povos
magistrados romanos. O movimento fascista nascido na vigorosos e dotados de vontade”, plenamente justifi-
Itália, no período entre guerras valeu-se dessa simbologia cado como forma de restabelecer o poderio do Império
e acrescentou-lhe novos significados. Romano;
§ militarismo essencial à expansão e à afirmação do
elemento nacional e racial. A vida militar é sinônimo de
cooperação do grupo, inerente aos “povos vigorosos”
na marcha para subjugar os “fracos e degenerados”;
reforça os laços entre poder econômico e poder militar
e desdobra-se necessariamente no expansionismo;
§ totalitarismo, submissão de todos aos interesses do
Estado forte e inquestionável, catalisador da vontade
nacional, elemento de preservação da identidade da
nação; o que conta são os deveres do indivíduo para
com o Estado;
§ culto à personalidade do líder, guia infalível, en-
carnação da vontade nacional, zelador da preservação
Benito Mussolini
da vontade nacional, graças à pureza da raça, à inte-
Dentre os princípios da ideologia fascista, a despeito de gridade do Estado e do partido-Estado; o fanatismo
suas vertentes nacionais, destacam-se: transforma o culto ao líder em uma apoteose mística,
§ nacionalismo exacerbado – para os fascistas, a na- uma vez que o “Duce é infalível”;
ção é o bem supremo; em nome dela qualquer tipo de § unipartidarismo, uma vez que o pluripartidarismo,
sacrifício deve ser exigido dos indivíduos; há de ser cul- a democracia e o parlamentarismo são causadores de
tuada, mistificada, preservada suas origens e mantida dissensão e conduzem à divisão da sociedade; o parti-
a “pureza” do povo; do único encarna e preserva a vontade da nação, con-
§ racismo – com vistas a “purificar” o elemento nacional funde-se com o próprio Estado e, por extensão, com a
de qualquer tipo de “contaminação”, há de se cultuar as própria vontade nacional;
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§ corporativismo à moda sindical baseavam em cor- dou Mussolini para ocupar o cargo de primeiro-ministro.
porações, no interior das quais patrões, empregados e Em 1923, Duce, como era conhecido, criou o Grande Con-
representantes do Estado encarregam-se de planejar a selho Fascista, composto pelos principais chefes do partido.
produção e decidir sobre os conflitos entre capital e tra- Ao lado do exército regular, transformou a milícia fascista
balho; típico da Itália, o corporativismo assumiu outras (camisas negras) em órgão de segurança nacional, sob o
características na Alemanha; comando do chefe de governo. Um longo período de re-
§ anticomunismo, na medida em que se deve preco- pressão e arbitrariedades se iniciou na Itália.
nizar a união e a harmonia das classes em prol do de-
senvolvimento da nação e não a luta de classes como
defendiam os comunistas.
Na Itália, diante da agitação social e política e da conse-
quente ameaça de uma revolução socialista, o Fascismo
fortaleceu-se com o apoio da classe média e o financia-
mento de grandes banqueiros, industriais e latifundiários.
Nas eleições de 1921, o Partido Fascista conseguiu eleger
35 deputados. Os camisas negras, como eram conhecidos
os militantes fascistas, invadiam e destruíam sindicatos,
assassinavam líderes socialistas, dissolviam manifestações Marcha sobre Roma
espancando os participantes e arrasavam as instalações No âmbito econômico, durante a década de 1930, cres-
dos jornais que os criticassem. ceu a intervenção estatal na economia, que incrementou
Aproveitando a total desorganização do regime parlamen- a indústria bélica italiana. O país militarizou-se, iniciando
tar, o líder fascista Benito Mussolini ordenou aos camisas a escalada expansionista. Em 1935, a Etiópia foi ocupada
negras a Marcha sobre Roma, em outubro de 1922. pelas forças italianas e, em 1939, foi a vez da Albânia. O
Cerca de 30 mil fascistas desfilaram pela capital e exigiram país aproximou-se da Alemanha nazista, assinando, em
a entrega do poder. O rei Vitor Emanuel III, pressionado por 1939, com Hitler, o Pacto de Aço, caminho traçado para a
militares, pela alta burguesia e pelos latifundiários, convi- Segunda Guerra Mundial.
NAZISMO
Nos últimos dias da Primeira Guerra Mundial, uma revolu- Prova-se que Weimar nasceria sob o signo da instabilidade.
ção derrubou o governo imperial alemão e levou à criação
Embora contivesse uma Constituição em moldes liberais, a
de uma república democrática. O novo governo, chefiado
qual organizava a República em duas câmaras – o Reichs-
pelo chanceler Friedrich Ebert, um social-democrata, assi-
tag, formado por deputados eleitos, e o Reichsrat, formado
nou em 11 de novembro de 1918 o armistício que pôs
pelos representantes dos estados federados –, a realidade
fim à guerra. Pouco depois, o humilhante Tratado de Ver-
econômica do país não permitia acordo político estável.
salhes impunha à Alemanha cláusulas que reduziram sua
área territorial e arrasaram sua economia. Comparada com
1913, a produção industrial diminuíra 57% e a agrícola,
50%. Tal situação de crise propiciava a instauração do caos
político e social.
O setor mais radical do Partido Social-Democrata, a Liga
Espartaquista, rompeu com o setor moderado e fundou o
Partido Comunista. Em janeiro de 1919, ocorreu o primei-
ro levante armado contra a recém-instaurada República
Weimar (1918-1933). A repressão foi imediata e brutal. O
Exército e setores voluntários monarquistas nacionalistas
lideraram a repressão. Oficiais de direita assassinaram Rosa
Luxemburgo e Karl Liebknecht, deixando seus corpos nos
esgotos da cidade. Rosa Luxemburgo
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Terminada a Primeira Guerra Mundial, a economia alemã Nas eleições de 1930, os nazistas elegeram 107 deputados
estava arruinada. Durante a guerra, sem poder aumentar para o Reichstag (Parlamento), com 6,5 milhões de votos.
os impostos sobre os ganhos de capital, as finanças fo- Em 1932, conquistaram 280 cadeiras, com 13,5 milhões de
ram equilibradas através da emissão monetária. O grande votos, seguidos do Partido Social-Democrata, com oito mi-
volume de dinheiro em circulação provocou a desvaloriza- lhões de votos. Assim fortalecido, o partido com um milhão
ção do marco (moeda alemã): em 1914, um dólar valia de membros passou a atacar o adversário com as SA (tropas
4,2 marcos e, no início de 1922, 182 marcos. O número de choque) e as SS (tropas de elite), que somavam 400 mil
de desempregados chegou a cinco milhões de pessoas; a homens e compunham um exército particular nazista. Hitler
inflação desvalorizou ainda mais o marco a ponto de um exigiu e recebeu o cargo de chanceler em 30 de janeiro de
dólar valer oito bilhões de marcos! A confusão instalou-se. 1933. Consumava-se assim a ascensão do nazismo ao poder.
O salário variava no decurso do mesmo dia, enquanto os
camponeses recusavam-se a ceder a produção em troca
de papel-moeda, fazendo ressurgir o sistema de escambo.
Nessa situação de ruína econômica, foi fundado em uma
cervejaria de Munique um partido semelhante ao fascista
da Itália. Um ano depois, ele assumia o nome de Partido
Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães ou
Partido Nazista. Em setembro de 1919, o ex-cabo do Exér-
cito alemão, Adolf Hitler, aderiu ao então minúsculo Partido
Nazista. Mostrando uma fantástica energia e uma extraordi-
nária capacidade como orador demagógico, propagandista
e organizador, tornou-se rapidamente o líder do partido. Lí-
der, Hitler insistiu na autoridade absoluta e total fidelidade,
exigência que coincidia com o anseio de pós-guerra de um Adolf Hitler
líder forte que consertasse a nação em ruínas. Em 27 de fevereiro de 1933, em meio a eleições parla-
Em 1923, aproveitando-se do clima geral de insegurança mentares, os nazistas incendiaram o Parlamento alemão
e crise que dominava a República de Weimar, Hitler liderou e culparam os comunistas, que foram presos junto com os
uma tentativa de golpe na Baviera, o Putsch de Munique, socialistas e os liberais hostis ao nazismo. Restabeleceu-se
apoiado por Ludendorff. O golpe fracassou, Hitler foi preso a pena de morte e foram suspensas as garantias individu-
e condenado a cinco anos de prisão. Mas foi libertado oito ais e civis. A pretensa conspiração comunista tinha a fina-
meses depois. Na prisão, aproveitou o tempo para escrever lidade de levar os eleitores a votar no Partido Nazista. Os
a primeira parte de seu livro Mein Kampf "Minha Luta", nazistas tiveram 44% dos votos e os comunistas eleitos
obra que contém os fundamentos da ideologia nazista: (81 deputados) foram excluídos do Parlamento, o que deu
repúdio ao Tratado de Versalhes, antissemitismo, antico- aos nazistas maioria absoluta. A 23 de março, Hitler con-
munismo, nacionalismo exacerbado, Estado totalitário, seguiu do Parlamento o voto que lhe dava plenos poderes.
unipartidarismo, superioridade da raça alemã (raça ariana),
Começou a aplicar alguns pontos do programa nazista: to-
expansionismo (“espaço vital”) e militarismo.
dos os partidos políticos foram suspensos (exceto o nazis-
ta), os sindicatos foram extintos, os privilégios dos Estados
foram diminuídos em favor do poder central, o direito de
greve foi cassado, os jornais da oposição foram fechados, a
censura à imprensa foi estabelecida e as primeiras medidas
antissemitas foram postas em prática.
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Com a morte do presidente Hindenburg, Hitler assumiu o tí- ministração pública e a política reduziu-se às manifestações
tulo de Führer (guia), acumulando as funções de chanceler anuais do partido, os congressos realizados em Nuremberg.
e presidente. Nessas condições, anunciou ao mundo a funda- O Parlamento, composto somente pelo partido nazista, reu-
ção do Terceiro Reich (Terceiro Império) alemão. Os mem- nia-se intermitentemente, dependendo da vontade de Hitler
bros do Partido Nazista ocuparam todos os cargos da ad- de convocá-lo. Foi a consolidação do totalitarismo alemão.
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Como a ditadura de Franco era extremamente centraliza- as fronteira da Europa, tendo como pano de fundo a con-
dora, catalães e bascos passaram a utilizar o esporte como corrência imperialista entre o capitalismo industrial mo-
trincheira nacionalista – clube do Atlético de Bilbao, onde nopolista inglês e francês em contraposição ao alemão,
só jogam atletas bascos ou de ascendência basca; parte da japonês e italiano, acrescido da óbvia divergência entre o
torcida do Barcelona (Catalunha) considera seu clube um capitalismo e o socialismo da recém-criada URSS. O im-
símbolo do ideal da autonomia catalã. perialismo permite afirmar que a Segunda Guerra Mun-
Durante a Segunda Guerra Mundial, o governo fascista de dial é uma continuação da Primeira, pois as disputas por
Franco não aderiu oficialmente ao Eixo, nem às pretensões mercado consumidor entre a burguesia da antiga Entente
da Alemanha, mas apenas como simpatizante, bem como contra a burguesia do extinto II Reich alemão não foram
durante a Guerra Fria, associou-se aos Estados Unidos na solucionadas com o término do conflito militar em 1918.
luta contra o socialismo soviético. Esse governo manteve- Em 1939, os blocos militares eram os Aliados, formados
-se no poder até a década de 1970. pela Inglaterra e a França, acrescidos pelos Estados Unidos
e pela União Soviética, em 1941: e o outro bloco bélico era
Entre os anos de 1939 e 1945, o mundo foi envolvido
por um conflito de grandes proporções, que ultrapassou o Eixo, formado pela Alemanha, Itália e Japão.
Na década de 1930, Hitler aproveitava-se das questões Foi nesse contexto que o parlamento britânico elaborou
internacionais para ampliar seu sistema de alianças. Apro- um plano diplomático chamado de Política de Apazigua-
ximou-se da Itália em 1935, prestando-lhe ajuda econômi- mento, que se caracterizava pela “permissão” de um re-
ca durante o embargo econômico aplicado pela Liga das lativo crescimento bélico alemão que teria o intuito de
Nações por causa da invasão da Etiópia. Juntamente com barrar um possível avanço do socialismo soviético, ou seja,
Mussolini, apoiou Francisco Franco na Guerra Civil Espa- o Estado inglês queria que o nazismo defendesse a civiliza-
nhola, de 1936 a 1939, aproveitando para testar a eficiên- ção Ocidental da “barbárie” comunista. Como resultado,
cia de seus tanques e aviões. Assinou com o Japão o Pacto Hitler conseguiu fortalecer-se e passou a buscar o controle
Anti-Komintern, em novembro de 1936, destinado a conter territorial de parte da Europa Central que ele chamava de
a União Soviética e a ação da Internacional Comunista. A “espaço vital”, apoiado veladamente pela Inglaterra e pela
Itália, a Hungria e a Espanha aderiram ao pacto. Ao mesmo França na formação do III Reich. Antes da Segunda Guerra
tempo, Hitler aproximava-se da Itália e Mussolini procla- Mundial começar, a Alemanha já tinha anexado a Áustria
mava o Eixo Roma-Berlim. (Anschluss) e a Tchecoslováquia, cuja invasão foi legalizada
pela Conferência de Munique, em setembro de 1938.
O III Reich germânico não aceitava as imposições do Tra-
tado de Versalhes e passou a mostrar sinais de ambicionar Para posterior desespero dos Aliados, Hitler e Stalin resol-
um crescimento bélico e territorial, principalmente sobre o veram criar o Pacto de não agressão Germano-Soviético.
corredor polonês, embora o próprio Tratado de Versalhes Esse acordo permitiria que, no futuro, a Alemanha pudesse
proibisse o militarismo alemão. invadir seus inimigos europeus Ocidentais (a Oeste) sem
dividir seu exército, pois estaria em “harmonia” com sua
inimiga URSS (a Leste). Também conhecido como Ribben-
trop-Molotov, esse pacto ajudaria o governo de Stalin, pois
a União Soviética não tinha estrutura militar que pudesse
protegê-la de um ataque nazista.
Na década de 30, já era nítido que outra guerra de grandes
proporções se aproximava. As causas da Segunda Guerra
podem ser resumidas em tais pontos:
§ O comportamento revanchista das nações vencedo-
ras da Primeira Guerra Mundial, especialmente da
França em relação à Alemanha, contou com vencidos
Hitler e Mussolini desgastados pela guerra e sobrecarregados com seus
98
compromissos financeiros para com os vencedores
(indenizações e reparações). Cresciam seus problemas
econômicos e sociais. Na Itália e na Alemanha, o des-
contentamento da população deu oportunidade ao
surgimento de partidos totalitários – fascista e nazista
–, culminando com a implantação de Estados militaris-
tas e expansionistas, com forte apelo nacionalista.
§ A crise de 1929 e suas graves consequências políticas
e sociais em quase todos os países da Europa: em ra-
zão de sua amplitude internacional, reduziu o mercado
consumidor de todas as nações capitalistas. Os países
atingidos pela Grande Depressão procuraram defender
seu mercado interno da concorrência estrangeira atra-
vés da elevação das tarifas alfandegárias. Esse nacio-
Pacto de não agressão Germano-Soviético
nalismo econômico intensificou as lutas pelo domínio
dos mercados entre as várias potências imperialistas. A França foi dividida em duas áreas, o Sul continuou, su-
postamente, independente com a República de Vichy li-
§ O surgimento de governos totalitários, militaristas e
derada pelo general francês Pétain, que não demonstrou
expansionistas: a partir de 1930, quando os efeitos da
resistência à ascensão de Hitler, por isso mesmo foi consi-
recessão econômica repercutiram em todo o mundo,
derado seu colaborador; já o Norte foi completamente ocu-
iniciou-se o expansionismo de alguns países imperia-
pado pelas tropas nazistas, que passaram a administrá-lo.
listas. A Itália ocupou a Etiópia, em 1935, situada no
As tropas francesas fixadas em solo inglês foram lideradas
Nordeste da África. A Alemanha, desrespeitando o Tra-
pelo general Charles de Gaulle. É importante salientar que
tado de Versalhes, remilitarizou a região da Renânia,
De Gaulle também utilizava emissoras inglesas de rádio de
em 1936, e anexou a Áustria e a Tchecoslováquia, em
ondas curtas para ser ouvido, reservadamente, por mem-
1938. O Japão, no segundo semestre de 1931, partiu
bros da Resistência e, com isso, articular ações contra o
para a conquista da Manchúria – que pertencia à Chi-
domínio germânico.
na –, começando assim a penetração naquele país do-
minado pelo governo de Chiang Kai-shek. Paralelamente se agravavam as tensões entre os Estados
Unidos e o Japão, na Ásia e no Pacífico. Em 1941, prosse-
§ O fracasso da Liga das Nações: ao longo da década de
guia a Guerra Sino-Japonesa. Com a queda da França, o
1930, o mundo contava com a Liga das Nações, órgão
Japão promoveu a ocupação da Indochina Francesa. Em
internacional que tinha por objetivo manter a paz e a
novembro, o governo norte-americano decretou o embar-
ordem entre os diversos países. No entanto, Inglaterra
go comercial ao Japão e exigiu a imediata evacuação da
e França dominaram o organismo, direcionando as de-
China e da Indochina. Em 7 de dezembro de 1941, en-
cisões em conformidade com seus interesses. Quando
quanto prosseguiam as negociações diplomáticas entre os
algum país menos importante era agredido, as decisões
dois países, o Japão atacou sem prévia declaração de guer-
da Liga das Nações eram quase sempre brandas em re-
ra a base naval norte-americana de Pearl Harbor, no Havaí.
lação aos agressores. França e Inglaterra temiam gerar
Logo depois, a Alemanha e a Itália declaravam guerra aos
conflitos com as potências expansionistas. Dessa forma,
Estados Unidos.
inúmeras vezes as pequenas nações foram sacrificadas.
Nesse contexto, o cenário da guerra já estava criado e, em 1º
de setembro de 1939, as forças bélicas de Hitler invadiram
o corredor polonês da cidade de Dantzig, hoje Gdansk. Em
resposta, o governo inglês, mais bem preparado, decretou
guerra à Alemanha; em 1940, com a blitzkrieg (guerra re-
lâmpago), a Alemanha invadiu a Dinamarca, a Noruega, a
Holanda, a Bélgica e a França. Diante dessa inusitada reali-
dade, os exércitos francês e inglês foram obrigados a retirar
seus combatentes do território francês em direção à Inglater-
ra, evento conhecido como Retirada de Dunquerque. Pearl Harbor
99
O ano de 1941 marcou a mudança do curso da guerra.
O Eixo, até então imbatível, tomou duas decisões nefastas
para a continuidade do seu domínio: invadir a União Sovi-
ética e atacar a base norte-americana de Pearl Harbor, no
Pacífico, pelo Japão.
Após o fracasso na Batalha da Inglaterra, a Alemanha re-
solveu ocupar a URSS em busca de reservas de matéria-pri-
ma e de petróleo, no Cáucaso, e aniquilar o que os nazistas
consideravam a suposta raça inferior dos eslavos. Em razão
disso, a invasão foi chamada de Operação Barbarossa (Barba
Ruiva). Pretendia também destruir o comunismo represen-
tado pelo governo de Stalin. Hitler acreditava que venceria
a União Soviética em semanas ou meses, mas experientes
generais alemães, como Rommel, sabiam que seu exército
possivelmente seria derrotado. Hitler estava cometendo os
mesmos erros de Napoleão Bonaparte. Foi o que realmente O Holocausto
ocorreu, uma vez que, utilizando a tática da terra arrasada Quando já era iminente a derrota do III Reich, Inglaterra, EUA
e o extremo frio, o Exército Vermelho aniquilou as forças e URSS reuniram-se em Ialta, na Crimeia, às margens do mar
alemãs em 1943 e passou a atacar a Alemanha. Por isso a Negro. Nesse encontro foi fixada oficialmente a Linha Cur-
Batalha de Stalingrado foi “o começo do fim da Alemanha”. zon como fronteira entre a União Soviética e a Polônia, e
Após a Batalha de Stalingrado, a Alemanha foi perdendo foram cedidas aos soviéticos as regiões ocupadas quando da
grande contingente de tropas no Leste em razão do incisi- partilha, em 1939; em compensação, a Polônia receberia a
vo avanço soviético, que fez diminuir o poder germânico no Leste os territórios alemães até as margens do rio Oder. De-
canal da Mancha. Consequência: o alto comando aliado cidiu-se também que Estados Unidos, a União Soviética e a
europeu Ocidental, nas mãos do general norte-americano Inglaterra manteriam controle sobre os países libertados da
Eisenhower, reuniu tropas norte-americanas, inglesas e Europa Oriental e que a Alemanha seria dividida em zonas
francesas e invadiu o território dominado pelos nazistas, de ocupação sob a direção de um Conselho Aliado.
libertando a França no episódio que se tornou conhecido
Outra decisão importante, com a anuência do presidente
como o Dia D, 6 de junho de 1944, quando as tropas alia-
Roosevelt, foi transformar os países da Europa Oriental em
das desembarcaram na Normandia.
área de influência da União Soviética. Finalmente se estabe-
leceu a intervenção da União Soviética na guerra contra o
Japão em troca de Port Arthur, ao Sul de Sacalina e das ilhas
Kurilas. Pela relevância de suas decisões e pelas consequên-
cias que produziu no pós-guerra, a Conferência de Alta foi
considerada a mais importante da Segunda Guerra Mundial.
A Batalha de Stalingrado
100
A Guerra não havia acabado. No Pacífico, apesar do inequí- e em Nagazaki (9 de agosto de 1945). À época, argumenta-
voco recuo, o Japão relutava em se render, pois acreditava va-se que o lançamento das bombas seria a única maneira
que a derrota seria um martírio religioso, já que o Imperador de findar com as esperanças japonesas. Contudo, muitos
Hirohito era considerado Deus. Em razão disso, muitos pi- historiadores acreditam que a real causa das detonações es-
lotos japoneses transformaram-se em kamikazes e pratica- teja relacionada à antecipação da Guerra Fria, já que os EUA
ram o suicídio bélico, utilizando seus aviões como mísseis queriam anular a ascensão das forças socialistas soviéticas.
para melhor se chocar contra os navios norte-americanos. Com a rendição japonesa, em 2 de setembro de 1945, a
Foi nesse contexto que o presidente norte-americano Harry Segunda Guerra Mundial terminava e com ela a hegemonia
Truman autorizou o bombardeio atômico em Hiroshima (6 europeia sobre o mundo, que assistiu ao surgimento de uma
de agosto de 1945), cuja bomba foi intitulada de Little boy, nova ordem mundial dominada pela Guerra Fria.
Com o término da Segunda Guerra Mundial, a Europa Oci- Já no início dessa nova era, a ONU (Organização das Nações
dental perdeu o poder hegemônico sobre as relações inter- Unidas) foi criada em 1945 com o objetivo de reorganizar
nacionais. Sua política imperialista entrou em decadência e as relações internacionais de modo a superar os acordos mi-
o mundo foi submetido a uma nova ordem mundial base- litares secretos entre os países para instaurar reuniões que
ada na expansão e na disputa pela hegemonia econômica, abrangessem os interesses das nações e fossem discutidos
militar e política das novas superpotências: Estados Unidos livremente entre todos os Estados membros. Com isso, as
e União Soviética, chamada Guerra Fria. Contudo, esse soluções de caráter pacífico nasceriam democraticamente e
novo modelo de relacionamento internacional se diferen- com mais viabilidade. Em abril de 1945, vários representan-
ciava dos anteriores, pois o embate não se dava somente tes de países reuniram-se na cidade norte-americana de São
por controle de territórios e riqueza, mas também pela con- Francisco e, evitando os erros da antiga Liga das Nações,
firmação ideológica entre capitalismo e socialismo, acresci- resolveram criar uma instituição que viabilizasse a paz mun-
da por uma monstruosa construção de arsenais nucleares dial e ao mesmo tempo se preocupasse com os problemas
que colocaria em risco a existência da humanidade. sociais e de cidadania. A partir dessa Conferência, a ONU
passou a contar com 192 países membros, da qual o Vatica-
no participaria apenas como observador, que se reúnem em
Assembleia Geral.
Apesar do suposto aspecto democrático da ONU, uma vez
que ela representa quase todos os países do mundo, trans-
mitindo a impressão de que é comandada segundo os inte-
resses dessas nações, na realidade o poder de decisão está
concentrado nas mãos dos cinco Estados fixos do Conselho
de Segurança. Esse conselho constitui-se de fato na autori-
dade máxima, pois, ao ter o poder de veto, possibilita que a
decisão de um único país tenha o poder de anular as deci-
sões da Assembleia Geral. Os cinco países fixos do Conselho
ONU em 1948 são EUA, Rússia (antiga URSS), Inglaterra, França e China.
GUERRA FRIA
Guerra Fria é a designação atribuída ao período históri- Temendo a presença soviética no Mediterrâneo Oriental e
co de disputas políticas, econômicas, ideológicas, tecnoló- ciente da fragilidade da Inglaterra nessa região, em março
gicas, estratégicas e conflitos indiretos entre os Estados de 1947 o presidente Harry Truman promulgou a Doutri-
Unidos e a União Soviética, compreendido entre o final na Truman: “Os Estados Unidos devem ter como política
da Segunda Guerra Mundial (1945) e a extinção da União apoiar os povos livres que estejam resistindo às tentativas de
Soviética (1991). subjugação por parte de minorias armadas ou de pressões
101
externas”. Essa doutrina foi a peça central da nova política que se estruturou através de planos estatais quinquenais,
de contenção – de manter o poder soviético dentro de suas foi integrado à economia dos Estados socialistas e serviu
fronteiras. Os Estados Unidos logo forneceram apoio militar como máquina política para perseguir oposicionistas den-
e econômico à Grécia e à Turquia, e a política externa nor- tro do Leste europeu; entretanto, como a Segunda Guerra
te-americana sofreu uma profunda inversão: o isolamento Mundial destruiu a infraestrutura soviética, o Comecon não
anterior à Grande Guerra deu lugar a uma vigilância mundial suplantou o dinamismo do Plano Marshall.
contra qualquer esforço soviético de expansão.
A Doutrina Truman tornou-se real quando, em junho de
1950, eclodiu uma guerra entre as duas Coreias. O Norte,
socialista e governada por Kim II Sung, apoiado pela URSS
e pela China maoísta, não aceitou a divisão da Península
e atacou a Coreia do Sul, que foi defendida pelas tropas
norte-americanas lideradas pelo general McArthur.
102
de negros ao lado dos brancos em algumas escolas, o que
revoltou agremiações racistas como a Ku Klux Klan.
O próximo presidente eleito foi o democrata John Kenne-
dy (1961-1963), que derrotou o republicano Nixon e iniciou
um governo marcado pela exploração do imaginário popular.
Aperfeiçoou o marketing político, promoveu um personalis-
mo festivo em torno do casal presidencial, particularmente
em torno da primeira-dama, Jacqueline Kennedy, incentivou
a corrida espacial, enfim, investiu no nacionalismo norte-a-
mericano. Entretanto, foi figura central de fatos que mostram
Yuri Gagarin e Neil Armstrong prepotência e autoritarismo, como a tentativa fracassada de
No primeiro momento, a corrida espacial foi vencida pela invadir a baía dos Porcos, em Cuba, em 1961, provocando um
URSS, pioneira ao lançar com sucesso o primeiro satélite dos momentos mais tensos da Guerra Fria: a crise dos mísseis
artificial chamado Sputnik, em 1957, enviar a cadela Lai- atômicos. O mundo ficou muito próximo de uma guerra nu-
ka como primeiro ser vivo a viajar pelo espaço e, princi- clear. Também pesa sobre os ombros desse governo o início
palmente, por promover a primeira viagem sideral de um do acirramento dos atritos que geraram a Guerra do Vietnã.
cosmonauta, Yuri Gagarin, em 1961, na nave Vostok I. Em
1963 levou ao espaço a primeira mulher, a cosmonauta
Valentina Tereshkova.
Os Estados Unidos somente conseguiram melhorar sua
performance quando a NASA passou a ser assessorada
por Wernher Von Braun, ex-chefe do órgão militar alemão
criador de bombas V-2 que destruíram grande parte de
Londres na Segunda Guerra Mundial. Von Braun liderou
a criação dos foguetes Saturno e, em 1969, à frente da
Apollo 11, o astronauta norte-americano Neil Armstrong
foi o primeiro homem a pisar na Lua. Krushchev e Kennedy
Os Estados Unidos
O vice-presidente Lyndon Johnson (1963-1969) assumiu
o governo em 1963 após o assassinato de Kennedy. Duran-
103
para a Presidência da República. Após a renúncia de Ni- que colocou o governo norte-americano de Kennedy em
xon, a presidência foi entregue ao parlamentar republica- dificuldades. É interessante notar que essa crise foi solucio-
no Gerald Ford (1974-1977) numa espécie de mandato nada com a retirada dos mísseis soviéticos da ilha cubana
tampão, pois Ford foi derrotado na eleição presidencial se- e, em contrapartida, com a retirada, pelos Estados Unidos,
guinte pelo democrata Jimmy Carter (1977-1981), que de seus mísseis nucleares da Turquia. Essa solução foi vista
praticou uma política externa voltada para o não financia- pelo Politburo soviético como um fracasso, que, somado
mento de algumas ditaduras na América Latina. à oposição da nomenklatura e dos militares, provocou a
queda de Kruschev num golpe branco em 1964.
O ex-ator de Hollywood Ronald Reagan foi eleito para
o mandato de 1981 a 1989. Anticomunista feroz, Reagan O secretário-geral escolhido Leonid Brejnev (1964-1982),
ocupou a Casa Branca com intenção de acelerar a con- que revitalizou muitos aspectos do stalinismo, manteve
tenção do comunismo mundial e posicionou-se contrário a coexistência pacífica implantando a détente, que abriu
à política de desarmamento nuclear que governos norte- caminho para a salutar negociação sobre armas nuclea-
-americanos haviam negociado nos anos 1970. Propôs um res com a criação do Plano Salt (Tratado de Limitação de
ambicioso programa chamado “Guerra nas Estrelas” – uso Armas Estratégicas) junto aos EUA.
de lasers e satélites para proteger os Estados Unidos de
mísseis soviéticos. A oposição massiva de europeus e nor-
te-americanos ao acirramento das relações entre os dois
superpoderes resultou na retomada de negociações em
1983. Reagan administrou os Estados Unidos no momento
em que a Guerra Fria chegava ao fim com a desagregação
da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas.
Na política interna, Reagan introduziu uma política neo-
liberal. Impostos foram cortados em 25% e regulamen-
Brejnev e Nixon
tações da economia, do meio ambiente e do direito do
consumidor foram desmanteladas. Cortes sucessivos nos Em 1982, Brejnev faleceu e foi sucedido por Yuri Andropov
programas sociais voltados apara a população carente ca- (1982-1984), dirigente da KGB. Naquele momento, a eco-
minharam ao lado de acordos de livre comércio negociados nomia soviética estava em declínio devido à burocratização
em nível internacional para abolir restrições à expansão de dos planos quinquenais, aos privilégios da nomenklatura e
mercados internacionais. ao militarismo exagerado da Guerra Fria, à defasagem na
criação de novas tecnologias do parque industrial e do cam-
A União Soviética po. Nem Andropov resolveu esses problemas estruturais nem
seu sucessor Konstantin Chernenko (1984-1985). Mikhail
durante a Guerra Fria Gorbachev (1985-1991) governou a União Soviética tentan-
do revitalizar sua estrutura econômica através da Perestroika
Stalin morreu em 1953, depois de uma sangrenta ditadura (reconstrução), utilizando-se de elementos de caráter liberal
de 25 anos. Após um período de incerteza política, o poder com a gradativa diminuição do poder estatal sobre a econo-
foi assumido por Nikita Krushchev, que, em 1956, no XX mia, permitindo a implantação de empresas privadas, e da
Congresso do Partido Comunista da União Soviética, fez Glasnost (transparência), aceitando uma relativa liberdade
uma estarrecedora denúncia dos crimes de Stalin e do culto de imprensa e partidária. Gorbachev passou a sofrer a opo-
à personalidade praticado pelo ditador falecido. sição da nomenklatura e dos altos oficiais das Forças Arma-
Krushchev deu então início a um processo de “desesta- das, que tentaram promover um golpe branco, mantendo-o
linização” que pôs fim ao terror de Stalin: as execuções numa prisão domiciliar; entretanto, a população russa reagiu
sumárias e os campos de trabalho forçado foram suprimi- a essa tentativa de golpe.
dos e a ação da polícia política tornou-se menos opressiva.
Não obstante, a estrutura totalitária do poder foi mantida,
assim como o controle sobre os países satélites da URSS.
Nesse contexto, uma tentativa dos húngaros em se libertar
do jugo soviético foi afogada em sangue, em 1956. No go-
verno de Kurshchev, a Guerra Fria foi levada ao seu limite
crítico com a Crise dos Mísseis de Cuba, em 1962.
Apesar de incentivar a coexistência pacífica, Kruschev teve
papel marcante na crise dos mísseis atômicos em Cuba em
Gorbachev
104
Bóris Yeltsin não apoiou a queda de Gorbachev, pois tinha
interesses pessoais de poder, usando a solidariedade à par-
cela da população que era contrária à queda de Gorbachev
em seu próprio benefício. Com sucesso isolou politicamente
a nomenklatura e os generais. Yeltsin considerava a Perestroi-
ka e a Glasnost muito lentas e não aceitou a autoridade do
secretário-geral Gorbachev, passando a tomar decisões go-
vernamentais na Rússia, tornando-a independente da URSS
e aproximando-se do ideal de separação das Repúblicas Bál-
ticas da Letônia, Estônia e Lituânia. Quando Gorbachev per-
cebeu que não possuía mais nenhum poder, restou somente
a tarefa de assinar o documento que selou o fim da União
das Repúblicas Socialistas Soviéticas, em dezembro de 1991.
105
U.T.I. - Sala
1. (FUVEST) Franklin D. Roosevelt assumiu a presidência dos Estados Unidos, no ano de 1933, em meio a uma grave
crise econômica, iniciada em 1929; também Barack Obama se deparou com um problema similar ao se tornar presi-
dente do mesmo país, em 2009.
a) Com relação ao governo Roosevelt, indique as medidas adotadas por ele para fazer frente à crise de 1929.
b) Com relação à crise de 2008, enfrentada pelo presidente Obama, indique os principais fatores que a desencadearam
e como ela se manifestou.
2. (UNESP) Quando da criação do Estado de Israel pela ONU, estava prevista a criação de dois estados, um judeu e
outro árabe, no território do antigo mandato britânico. Apenas o primeiro viabilizou-se.
Explique o contexto em que se deu a criação do Estado de Israel.
3. (UNICAMP)
O painel pintado por Pablo Picasso em 1937, Guernica, é uma referência ao bombardeio da área de mesmo nome,
durante a Guerra Civil Espanhola (1936-1939).
a) Apresente os principais aspectos visuais dessa obra de Picasso.
b) De que forma a imagem pode ser compreendida como uma crítica ao franquismo?
4. (UEL) Leia os textos a seguir. horrores não mecanizados, é o destino daqueles que
O reino recém-unido da Grã-Bretanha estava emergin- aumentam seus números sem passar por uma revo-
do como uma potência europeia, intelectual, militar e lução industrial.
comercial. Newton era reconhecido como o gênio su- (ASHTON, T. S. The Industrial Revolution, 1760-1830.
premo da época, enquanto a Royal Society de Londres London: Oxford University Press, 1948. p.161.)
era vista como seu árbitro científico supremo. Locke
estava fundando a Filosofia empírica e promulgando Com base nos textos e nos conhecimentos sobre o
as ideias políticas liberais que, na altura do fim do sé- tema, responda aos itens a seguir.
culo, seriam corporificadas na constituição americana.
a) Explique o contexto histórico da Revolução In-
Enquanto isso, Robinson Crusoé, de Defoe, e As Via-
dustrial.
gens de Gúliver, de Swift, satisfaziam, cada um à sua
maneira, a fome de aventuras estrangeiras do público. b) Situe o posicionamento dos autores desses textos
Essa era uma nação autoconfiante, experimentando quanto a esse evento histórico.
os primeiros rebuliços do que viria a ser a Revolução
5. (UNESP) A Revolução Russa é o acontecimento mais
Industrial – a máquina a vapor já estava sendo usada
importante da Guerra Mundial.
nas minas da Cornualha.
(LUXEMBURGO, Rosa. A revolução russa. Lisboa: Ulmeiro, 1975.)
(STRATHERN, P. Uma Breve História da Economia.
Rio de Janeiro: Zahar, 2003. p.62.)
A frase de Rosa Luxemburgo, polonesa então radicada
Há hoje, nas planícies da Índia e da China, homens e na Alemanha, associa diretamente a ocorrência da Re-
mulheres, infestados por pragas e famintos, vivendo volução Russa com a Primeira Guerra Mundial.
pouco melhor, aparentemente, do que o gado que Indique e analise possíveis vínculos entre os dois pro-
trabalha com eles de dia e que compartilha seu lo- cessos, destacando os efeitos da Guerra na vida interna
cal de dormir à noite. Esse padrão asiático, e esses da Rússia.
106
6. (FGV) Observe atentamente as imagens abaixo:
a) Por quais motivos a Revista Time elegeu o manifestante (protestador) como o homem do ano de 2011?
b) Aponte as semelhanças ideológicas entre a imagem reproduzida pela Time e a imagem elaborada pelo artista Banksy.
c) Diversos protestos desde 2011 vêm sendo denominados como “primaveras”, numa alusão à Primavera de Praga de
1968. Apresente as principais características desse movimento ocorrido na antiga Tchecoslováquia.
7. (UFSCAR) Se vendemos nossa terra a vós, deveis con- ção de guerras. Dê dois exemplos de conflitos ocorri-
servá-la à parte, como sagrada, como um lugar onde dos no século XX, que cada um desses organismos não
mesmo um homem branco possa ir sorver a brisa aro- conseguiu evitar. Justifique a relativa fragilidade desses
matizada pelas flores dos bosques. organismos internacionais.
Assim consideraremos vossa proposta de comprar nos-
sa terra. Se nos decidirmos a aceitá-la, farei uma condi- 9. (UNICAMP) Observe o gráfico e responda.
ção: o homem branco terá que tratar os animais desta
terra como se fossem seus irmãos.
Sou um selvagem e não compreendo outro modo. Te-
nho visto milhares de búfalos apodrecerem nas prada-
rias, deixados pelo homem branco que neles atira de
um trem em movimento. Sou um selvagem e não com-
preendo como o fumegante cavalo de ferro possa ser
mais importante que o búfalo, que nós caçamos apenas
para nos mantermos vivos.
(Carta do chefe índio Seattle ao presidente dos Estados Unidos,
que pretendia comprar as terras de sua tribo em 1855.)
107
tinha nos ensinado a lição: não ir para a guerra com qualquer momento, e devastar a humanidade. [...] Não
países que não estão nos ameaçando. É assustador ver aconteceu, mas por cerca de quarenta anos pareceu
o quão rápido a lição foi esquecida.” uma possibilidade diária.
Fonte: adaptado de entrevista de Peter Davies ao jornal “O (Eric Hobsbawm. Era dos extremos, 1995.)
Globo” de 01 de outubro de 2004, segundo caderno, p.2.
Identifique o conflito a que o texto se refere e caracte-
Apesar das diferenças no tempo e no espaço, as guerras rize as forças em confronto.
do Vietnã e do Iraque – a última iniciada em 2003 e ain-
da em curso – têm em comum resultarem de interven- 4. (FUVEST) “De puramente defensiva, tal qual era, em
ções militares norte-americanas ao redor do planeta. sua origem, a doutrina Monroe, graças à extensão do
poder norte-americano e às transformações sucessivas
a) Identifique um elemento da conjuntura internacional
do espírito nacional, converteu-se em verdadeira arma
que contribuiu para a eclosão da Guerra do Vietnã.
de combate sob a liderança de Theodore Roosevelt”
b) Explique um dos princípios da chamada Doutrina
Bush, adotada pelo governo norte-americano após os Barral-Montferrat, 1909.
atentados de 11 de setembro de 2001, que tenha ser- a) Qual a proposta da doutrina Monroe?
vido como justificativa para a invasão do Iraque. b) Explique a razão pela qual a doutrina se “conver-
teu em arma de combate sob a liderança de Theodore
Roosevelt”. Exemplifique.
U.T.I. - E.O. 5. (UNESP) Nunca houve um ano como 1968 e é impro-
1. (UNICAMP) A Primeira Guerra Mundial abalou pro- vável que volte a haver. Numa ocasião em que nações
fundamente todos os povos envolvidos, e as revoluções e culturas ainda eram separadas e muito diferentes —
de 1917-1918 foram, acima de tudo, revoltas contra e, em 1968, Polônia, França, Estados Unidos e México
aquele holocausto sem precedentes, principalmente eram muito mais diferentes um do outro do que são
nos países do lado que estava perdendo. Mas em cer- hoje — ocorreu uma combustão espontânea de espíri-
tas áreas da Europa, e em nenhuma outra mais que na tos rebeldes no mundo inteiro.
Rússia, foram mais que isso: foram revoluções sociais, (Mark Kurlansky. 1968 – O ano que abalou o mundo, 2005.)
rejeições populares do Estado, das classes dominantes
e do status quo. Indique dois movimentos de “espíritos rebeldes” ocor-
ridos em 1968 e identifique, em cada um deles, o cará-
(Adaptado de Eric Hobsbawm, Sobre História. São Paulo:
Companhia das Letras, 1998, p. 262-263.) ter “espontâneo” mencionado no texto.
a) Relacione a Primeira Guerra Mundial e a situação 6. (UNESP) Discorra sobre a experiência socialista inicia-
da Rússia na época. da na Europa no período entre as duas Guerras Mundiais.
b) Cite e explique um princípio da Revolução Russa
de 1917. 7. (FGV) A Primeira Guerra Mundial envolveu todas as
grandes potências, e na verdade todos os Estados euro-
2. (UNICAMP) Existem épocas em que os acontecimen- peus, com exceção da Espanha, os Países Baixos, os três
tos concentrados num curto período de tempo são países da Escandinávia e a Suíça. E mais: tropas do ul-
imediatamente vistos como históricos. A Revolução tramar foram, muitas vezes pela primeira vez, enviadas
Francesa e 1917 foram ocasiões desse tipo, e também para lutar e operar fora das suas regiões (...).
1989. Aqueles que acreditavam que a Revolução Rus-
sa havia sido a porta para o futuro da história mundial HOBSBAWM, E. Era dos extremos. O breve século XX (1914-
estavam errados. E quando sua hora chegou, todos se 1991). Trad., São Paulo: Companhia das Letras, 1995, p. 31.
deram conta disso. Nem mesmo os mais frios ideólogos a) Quais foram as motivações econômicas do conflito
da Guerra Fria esperavam a desintegração quase sem citado no texto?
resistência verificada em 1989. b) Como a guerra influenciou e dividiu os movimentos
(Adaptado de Eric Hobsbawm, “1989 – O que sobrou para os e partidos socialistas do período?
vitoriosos”. Folha de São Paulo, 12/11/1990, p. A-2.) c) Apresente duas transformações decorrentes direta-
a) No contexto entre as duas guerras mundiais, quais mente do conflito.
seriam as razões para a Revolução Russa ter simboli- 8. (UFF) “É intolerável e estranho ao espírito do mar-
zado uma porta para o futuro? xismo-leninismo exaltar uma pessoa e dela fazer um
b) Identifique dois fatores que levaram à derrocada super-homem dotado de qualidades sobrenaturais, se-
dos regimes socialistas da Europa após 1989. melhantes às de um deus. Esse sentimento a respeito
de Stalin existiu durante muitos anos (...). Tudo ele deci-
3. (UNESP) A Segunda Guerra Mundial mal terminara
dia, sozinho, sem consideração por qualquer um ou por
quando a humanidade mergulhou no que se pode en-
quem quer que fosse”.
carar, razoavelmente, como uma Terceira Guerra Mun-
dial, embora uma guerra muito peculiar. [...] Gerações (“Discurso de Kruschev, no XX Congresso do
inteiras se criaram à sombra de batalhas nucleares glo- Partido Comunista em 1956”. In: VVAA, L’époque
contemporaine, Paris, Bordas, 1971, p. 244.)
bais que, acreditava-se firmemente, podiam estourar a
108
Em janeiro de 1953 morreu Josef Stalin. Logo depois,
com a subida ao poder de Kruschev, a União Soviética
deu início a um período conhecido como a época do
degelo, baseada em um intenso processo de desesta-
linização.
a) Destaque duas características políticas do mencio-
nado processo.
b) Analise a política externa da Era Kruschev, no con-
texto da Guerra Fria.
109
110
HISTÓRIA DO BRASIL
111
A DITADURA DO ESTADO NOVO (1937-1945)
O Golpe de 1937 gestou a quarta Constituição brasileira, mediante a avaliação da capacidade em concursos públi-
redigida pelo jurista Francisco Campos, ficou conhecida cos e provas de habilitação.
como “Polaca”; baseava-se em modelos fascistas euro- Outra marca importante do Estado Novo foi a intensifi-
peus, destacadamente a Constituição polonesa. Outorgada cação da legislação trabalhista, que publicou a Conso-
por Getúlio Vargas em novembro de 1937, a Constituição lidação das Leis do Trabalho, CLT, inspirada na Car-
trazia como principais dispositivos: ta del Lavoro (Carta do Trabalho), implantada na Itália
§ ampliação dos poderes do presidente da República pelo ditador Benito Mussolini. Foram incorporadas à CLT
graças a uma rígida centralização governamental; as leis trabalhistas que vinham sendo promulgadas no
Brasil ao longo da década de 1930, como a jornada de
§ governo do presidente da República mediante decre- oito horas diárias, o descanso semanal obrigatório e as
tos-leis, suspensão de imunidades e Estado de Sítio; férias remuneradas. Foram regulamentados também os
§ mandato presidencial ampliado para seis anos; contratos entre patrões e empregados, que deveriam ser
registrados na Carteira de Trabalho. O funcionamento dos
§ perda da autonomia dos estados que passaram a ser
sindicatos foi permitido, desde que subordinados ao Esta-
governados por interventores nomeados pelo presi-
do, que os utilizava como instrumento de manipulação da
dente da República;
classe trabalhadora.
§ dissolução dos partidos políticos;
Em julho de 1940 foi criado o imposto sindical – instru-
§ censura da imprensa e dos meios de comunicação em mento básico de financiamento do sindicato e de sua su-
geral; bordinação ao Estado. Consistia de uma contribuição anu-
al obrigatória, correspondente a um dia de trabalho, paga
§ instituição do estado de emergência e permissão ao
por todo empregado sindicalizado ou não.
presidente de suspender imunidades parlamentares,
prender, exilar e invadir domicílios; Antes apoiadores do Estado Novo, os integralistas passa-
ram a promover duras críticas a Vargas. Para dar o Golpe
§ proibição das greves;
de 1937, Getúlio contou com o apoio dos integralistas.
§ pena de morte para os crimes contra a segurança na- Plínio Salgado e seus adeptos mostravam-se eufóricos,
cional. uma vez que também no Brasil o fascismo era o destino
Essa deveria ter sido submetida a um plebiscito, como de- do mundo. No entanto, consolidado no poder, Vargas tra-
terminava seu próprio texto, mas o ditador fez com que tou de descartar os integralistas. Em 2 de dezembro de
essa determinação não fosse cumprida. 1937, foram surpreendidos pela lei que punha fim aos
partidos políticos, sem excluir a AIB (Ação Integralista
A repressão recrudesceu. Por meio do Departamento Brasileira), bem como pela falta de oferta de algum cargo
de Imprensa e Propaganda, DIP, o governo controlava a eles pelo novo governo. Ignorados, passaram a conspi-
os meios de comunicação sob rígida censura, bem como rar contra o governo.
servia-se de jornais, cartilhas e, principalmente, rádio para
enaltecer a figura de Vargas e suas realizações. Com esse Em março de 1938 fizeram uma primeira tentativa de
objetivo, já em 1934, foi criado o programa radiofônico golpe, duramente reprimida. Logo depois, unidos a ou-
“Hora do Brasil”. tros oposicionistas, tentaram a queda de Vargas me-
diante um ataque ao Palácio da Guanabara, residência
A polícia política, principal organismo de repressão do do presidente. Assim fizeram na manhã do dia 10 de
Estado e comandada por Filinto Müller, encarregava-se de maio, obrigando Vargas e seus familiares a defenderem-
perseguir, prender e torturar opositores. -se de armas na mão. A ajuda militar ao presidente só
O Departamento Administrativo do Serviço Públi- chegou depois de quatro horas de tiroteio. Mas essa
co, Dasp, foi criado em 1938 com a finalidade de dar ao tentativa de golpe, conhecida por intentona integra-
Estado um aparato burocrático racional e modernizador da lista, também falhou, com inúmeros golpistas presos
administração pública. Com ele, generalizou-se o sistema e fuzilados no próprio palácio. Plínio Salgado, líder do
de mérito: o recrutamento de candidatos passou a ser feito movimento, foi exilado em Portugal.
112
1941, para evitar esse acordo e exigir o compromisso do
governo brasileiro, o governo norte-americano ofereceu ao
Brasil recursos para a construção da Companhia Siderúrgi-
ca Nacional, CSN.
Em contrapartida, o governo brasileiro cedeu bases milita-
res na região Nordeste para norte-americanos e ingleses,
e enviou tropas aos campos de batalha europeus. A Força
Expedicionária Brasileira, FEB, continha 25 mil homens e
foram comandados pelo general Mascarenhas de Mora-
es. A FEB foi incorporada ao IV Exército norte-americano
e lutou nos campos italianos contra o fascismo, de forma
surpreendentemente bem-sucedida.
113
aos sindicatos, trabalhadores e camadas médias urbanas. uma nova Constituição e convocaria eleições para a esco-
Getúlio atuou diretamente na fundação desses dois partidos lha de um novo presidente.
políticos, PSD e PTB, que lhe serviam de base de apoio. O apoio maciço ao Queremismo suscitou desconfian-
Enquanto o processo eleitoral desenvolvia-se, Vargas ça geral de que Getúlio preparava um golpe, visando à
apoiava e estimulava discretamente um movimento em permanência no poder. Para evitar que isso ocorresse, os
prol de sua continuidade na presidência da República: o generais Góes Monteiro, Eurico Gaspar Dutra e Otávio
Queremismo. Sob o slogan “Queremos Getúlio”, os que- Cordeiro de Farias lideraram as Forças Armadas na depo-
remistas defendiam a continuidade de Vargas na presidên- sição de Getúlio Vargas da presidência da República, no
cia até que fossem realizadas eleições para a formação dia 29 de outubro de 1945, pondo fim ao Estado Novo
de uma Assembleia Nacional Constituinte, que elaboraria e à Era Vargas.
O período democrático situado entre as ditaduras do Es- legislativos – senadores, deputados e vereadores – dos co-
tado Novo (1937-1945) e o Regime Militar (1964-1985) munistas foram cassados.
é chamado, por alguns historiadores de República Liberal
Em 1947 o presidente norte-americano Harry Truman
Populista. Nesse período, o país viveu uma relativa liberda- visitou o Brasil, quando foi realizada na cidade fluminense
de democrática, com grande atuação de partidos políticos, de Petrópolis a Conferência Interamericana de Manuten-
imprensa e movimentos sociais. ção da Paz e Segurança. Encerrando a Conferência, foi as-
Eleito pela coligação PSD/PTB, Partido Social Democrático sinado o Tratado Interamericano de Assistência Recíproca,
e Partido Trabalhista Brasileiro, com o apoio de políticos Tiar, mediante o qual os países das Américas estabeleciam
varguistas, logo que assumiu a presidência da República um pacto para defesa mútua, permitindo a intervenção dos
em janeiro de 1946, Dutra iniciou um processo de apro- EUA em qualquer área do continente para preservar a paz
ximação política com as elites nacionais, particularmente, e a segurança, o que deve ser entendido como combate ao
representadas pela UDN, União Democrática Nacional. comunismo no continente.
No cenário internacional marcado pela Guerra Fria, o
novo presidente definiu o posicionamento brasileiro pró-
-EUA, o que provocou uma série de problemas internos.
No governo Dutra foi promulgada a nova Constituição
brasileira, em 1946.
A Constituição de 1946 previa a intervenção nos sin-
dicatos e a censura a algumas manifestações artísticas e
culturais notadamente de caráter comunista. Foi mantido
o voto secreto para maiores de 18 anos, exceto para anal-
fabetos, cabos e soldados, e eleições diretas em todos os
níveis. O mandato presidencial foi fixado em cinco anos
sem possibilidade de reeleição e o cargo de vice-presidente
foi recriado. Além disso, os direitos trabalhistas do período
Dutra e Truman
getulista foram incorporados ao texto constitucional.
Em virtude do alinhamento do governo brasileiro à política
As consequências do alinhamento do governo brasileiro
norte-americana, Eurico Gaspar Dutra adotou uma política
com os EUA no contexto da Guerra Fria podem ser cons-
econômica liberal, caracterizada pela abertura ao capital
tatadas na política interna. Houve restrição ao direito de
estrangeiro e pela importação de vários produtos, princi-
greve pelo decreto-lei 9.070, de março de 1946. Baseada
palmente os supérfluos.
em justificativas fúteis, a maioria governista da Câmara vo-
tou pelo fechamento do Partido Comunista Brasileiro, PCB, Em 1948 foi lançado o Plano SALTE, que previa investi-
em maio de 1947 e, no ano seguinte, todos os mandatos mentos nas áreas de Saúde, Alimentação, Transportes e
114
Energia. “Em linhas gerais, o Plano SALTE visava estimular por Adhemar de Barros e seu PSP, que indicaram o candi-
e suprir a iniciativa privada através da ação do Estado na dato a vice-presidente, Café Filho. O acordo previa ainda
economia. O Estado, sem substituir as empresas particu- que Vargas apoiaria Adhemar nas próximas eleições pre-
lares, deveria investir para sanar as deficiências daqueles sidenciais. O PSD lançou o candidato Cristiano Machado,
setores identificados como ’pontos de estrangulamento do mas grande parte dos filiados do partido deu apoio a Var-
desenvolvimento nacional’”. gas, especialmente nos estados. A UDN lançou novamente
(CACERES, Florival. História do Brasil. o brigadeiro Eduardo Gomes.
São Paulo: Moderna, 1993, p. 303).
Getúlio Vargas venceu a eleição com 49% dos votos váli-
A sucessão presidencial ocorreria no final de 1950 e Getú- dos e pôde voltar ao Palácio do Catete, sede da presidên-
lio Vargas decidiu disputar a presidência pelo PTB, apoiado cia, “nos braços do povo”.
A candidatura de Vargas à presidência da República pro- dades, Vargas ainda fundou a Eletrobrás e iniciou a cons-
vocou a oposição sistemática e ruidosa da UDN, deter- trução da Usina Hidrelétrica de Paulo Afonso. Todavia, a
minada a evitar sua volta ao Catete a todo custo, como maior obra do segundo governo de Vargas foi a criação
podemos constatar na afirmação de Carlos Lacerda: “O da Petrobras, em 1953.
senhor Getúlio Vargas, senador, não deve ser candidato
Para proteger as riquezas petrolíferas nacionais de inte-
à presidência. Candidato, não deve ser eleito. Eleito não
resses estrangeiros, em 1953, um projeto de lei foi apro-
deve tomar posse. Empossado, devemos recorrer à revolu-
vado, garantindo com que a recém criada Petrobras, em-
ção para impedi-lo de governar”. A afirmação de Lacerda é
presa de capital misto controlada pelo governo brasileiro,
uma síntese da atitude dos udenistas durante a campanha
teria o monopólio de pesquisa, exploração e refino do pe-
presidencial e o governo Vargas até o seu trágico fim.
tróleo brasileiro, frustrando os interesses internacionais.
A polarização do sistema político deu-se em torno de Na- O monopólio não se estendia à distribuição de derivados
cionalistas e Entreguistas. do petróleo no Brasil, que poderia ser feita por grupos
O grupo dos nacionalistas era composto por intelectuais, privados e estrangeiros.
militares, burguesia nacional, estudantes e membros das ca- Em termos trabalhistas, Vargas, mesmo sob imensa
madas urbanas, que defendiam mais autonomia do Brasil pressão, aprovou, em 1º de maio de 1954, um reajuste
em relação ao capital estrangeiro, bem como a exploração de 100% no salário mínimo, o que lhe rendeu profun-
das riquezas nacionais por empresas brasileiras e a industria- das críticas das elites econômicas e de sua porta-voz a
lização baseada em capitais nacionais. imprensa.
Já os setores liberais eram compostos por políticos conser-
vadores, elites agrárias e membros da burguesia, militares
e parte da classe média na sua maioria congregados na
UDN. Eram chamados de “entreguistas”, por defende-
rem o desenvolvimento econômico nacional baseado na
abertura da economia brasileira ao capital estrangeiro,
particularmente norte-americano, através da montagem
de empresas multinacionais no Brasil, para utilizarem sua
tecnologia na exploração das riquezas nacionais.
Em seu mandato democrático, Vargas criou o BNDE (Ban-
co Nacional de Desenvolvimento Econômico) para inves-
timentos de longo prazo. Em 1952 foi aprovada a Lei de
Vargas com a mão suja de petróleo
Remessa de Lucros ao Exterior, que obrigava as empresas
estrangeiras a reinvestir no Brasil pelo menos 10% dos O principal veículo de crítica a Getúlio era o jornal Tribuna
lucros obtidos em território nacional. Apesar das dificul- da Imprensa, do jornalista Carlos Lacerda, correligionário da
115
UDN, que diariamente lançava ataques e graves acusações valores do trabalho. Os lucros das empresas estrangeiras
ao presidente. alcançaram até 500% ao ano. Nas declarações de valo-
res do que importávamos existiam fraudes constatadas
No dia 5 de agosto de 1954, Carlos Lacerda sofreu um de mais de 100 milhões de dólares por ano. Veio a crise
atentado próximo à sua residência, na rua Tonelero, do café, valorizou-se o nosso principal produto. Tenta-
no bairro de Copacabana, no Rio de Janeiro. O jornalista mos defender seu preço e a resposta foi uma violenta
foi atingido no pé e o major da Aeronáutica, Rubens pressão sobre a nossa economia, a ponto de sermos
obrigados a ceder.
Florentino Vaz, que o acompanhava, foi morto com um
tiro no peito. Tenho lutado mês a mês, dia a dia, hora a hora, resis-
tindo a uma pressão constante, incessante, tudo su-
portando em silêncio, tudo esquecendo, renunciando a
mim mesmo, para defender o povo, que agora se queda
desamparado. Nada mais vos posso dar, a não ser meu
sangue. Se as aves de rapina querem o sangue de al-
guém, querem continuar sugando o povo brasileiro, eu
ofereço em holocausto a minha vida.
Escolho este meio de estar sempre convosco. Quando
vos humilharem, sentireis minha alma sofrendo ao vosso
lado. Quando a fome bater à vossa porta, sentireis em
vosso peito a energia para a luta por vós e vossos filhos.
Quando vos vilipendiarem, sentireis no pensamento a
força para a reação. Meu sacrifício vos manterá unidos e
meu nome será a vossa bandeira de luta. Cada gota de
meu sangue será uma chamada imortal na vossa cons-
ciência e manterá a vibração sagrada para a resistência.
Carlos Lacerda logo após sofrer um atentado Ao ódio respondo com o perdão.
E aos que pensam que me derrotam respondo com a
No mesmo dia, Lacerda acusou o presidente pelo atentado.
minha vitória. Era escravo do povo e hoje me liberto
Vargas declarou-se inocente, mas as investigações aponta- para a vida eterna. Mas esse povo de quem fui escra-
ram como mandante do atentado o chefe da guarda pes- vo não mais será escravo de ninguém. Meu sacrifício
soal do presidente, Gregório Fortunato, o “Anjo Negro”, ficará para sempre em sua alma e meu sangue será
que foi acusado pelo pistoleiro que efetuou os disparos, o preço do seu resgate. Lutei contra a espoliação do
Alcino do Nascimento. Mesmo declarando-se inocente e Brasil. Lutei contra a espoliação do povo. Tenho luta-
como a grande vítima do atentado, Vargas perdeu o apoio do de peito aberto. O ódio, as infâmias, a calúnia não
abateram meu ânimo. Eu vos dei minha vida. Agora vos
da Aeronáutica, influenciada pelo Brigadeiro Eduardo Go-
ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamente dou
mes. Oficiais do Exército e da Marinha solidarizaram-se o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da
com a Aeronáutica e parte das Forças Armadas passou a vida para entrar na História”
exigir a renúncia do presidente. (Carta-testamento deixada pelo presidente
Getúlio Vargas. 24 ago. 1954).
Os militares enviaram ultimatum a Vargas exigindo sua
renúncia, o que deixava claro que um golpe de Estado
estava sendo preparado. Na noite do dia 23 de agosto
realizou-se uma reunião ministerial no Palácio do Cate-
te. Nela, foi cogitada uma licença do presidente, mas as
negociações não avançaram. Já de madrugada, Getúlio
retirou-se para seus aposentos.
Na manhã do dia 24 de agosto de 1954, o presidente Ge-
túlio Vargas foi encontrado morto sobre sua cama, com um
tiro no coração. Na cabeceira da cama havia uma carta-tes-
tamento, cuja divulgação comoveu a população.
“Não querem que o povo seja independente. Assumi o
Governo dentro da espiral inflacionária que destruía os Vargas em seu caixão
116
GOVERNO CAFÉ FILHO (1954-1955)
Logo que assumiu a presidência da República, o mineiro ao capital estrangeiro e estimulando a industrialização e o
Juscelino Kubitschek começou a pôr em prática seu plano crescimento econômico nacional.
de governo, chamado Plano de Metas. Utilizando o slo-
O termo “Plano de Metas” foi usado como referência ao
gan “50 anos em 5”, o presidente pretendia estimular o
Plano Nacional de Desenvolvimento, composto por 31
desenvolvimento nacional através de uma aliança entre o
Estado e a iniciativa privada, promovendo grande abertura metas, das quais a última sintetizava as demais: construir
117
a nova capital na região do Planalto Central, que deveria conseguiu o empréstimo, o que o levou ao rompimento de
ser inaugurada no dia 21 de abril de 1960. O plano con- relações do Brasil com o FMI.
templava ainda os setores de transporte, energia, saúde,
Os resultados do Plano de Metas foram impressionantes,
educação, indústria e agricultura.
sobretudo no setor industrial. Entre 1955 e 1961, o valor
Quanto à industrialização, houve grande desenvolvimento, da produção industrial cresceu em 80%, com altas porcen-
destacando-se o setor de bens de consumo duráveis, que tagens nas indústrias do aço (100%), mecânicas (125%),
recebeu volumosos investimentos externos atraídos por de eletricidade, de comunicações (380%) e de material de
facilidades concedidas pelo governo ao capital estrangei- transporte (600%).
ro. As diretrizes para uma efetiva implantação da indústria
De 1957 a 1961, o PIB, Produto Interno Bruto, cresceu a
automobilística partiram do Grupo Executivo da Indústria
uma taxa anual de 7%, correspondendo a uma taxa per
Automobilística (Geia), criado pelo decreto 39.412 e assi-
capita de quase 4%. Se considerarmos toda a década
nado por Juscelino em 16 de junho de 1956.
de 1950, o crescimento do PIB brasileiro per capita foi
Conforme o previsto, a capital foi transferida para Bra- aproximadamente três vezes maior que o do resto da
sília inaugurada em 21 de abril de 1960 –, bem como América Latina.
ministérios, tribunais, órgãos administradores e repartições No entanto, os gastos governamentais para sustentar o
públicas. Ainda em 1960, Juscelino indicou Darcy Ribeiro programa de industrialização, a construção de Brasília e
para planejar a Universidade de Brasília, com auxílio de um forte saldo negativo na balança comercial resultaram
Niemeyer, Ciro dos Anjos e Anísio Teixeira. A construção de em crescentes deficit do orçamento federal. O governo
Brasília criou na região Centro-Oeste um polo de desenvol- gastava mais do que arrecadava. Esse déficit passou de
vimento demográfico e econômico. Porém, a transferência menos de 1% do PIB em 1954 e 1955 para 2% em 1956
da capital federal para o Planalto Central brasileiro gerou e 4% em 1957.
certo distanciamento entre o centro das decisões do gover-
no e eventuais pressões políticas e sociais regionais. Além Esse quadro foi acompanhado do avanço da inflação. Em
disso, considera-se que esse isolamento proporcionou às 1956, a inflação estava em 19%; ao final do governo JK,
a inflação atingiu 30% ao ano. Houve também aumento
autoridades mais segurança institucional.
espetacular da dependência em relação ao capital exter-
no. Em setores como a indústria automobilística, cigarros,
eletricidade, material elétrico, produtos químicos e farma-
cêuticos, o domínio do capital estrangeiro passou a ser
de 80% a 90%.
Some-se a todos esses problemas um aumento significa-
tivo da dívida externa. Quando da posse de JK, a dívida
externa brasileira era de 1,5 bilhão de dólares; no final de
seu governo, saltara para 3,8 bilhões de dólares.
Quando da sucessão de Juscelino, nas eleições de 1960,
PSP, Partido Social Progressista, indicou Adhemar de Bar-
Juscelino Kubitschek e o Palácio do Planalto ros e o minúsculo PTN, Partido Trabalhista Nacional, com
o apoio da UDN, União Democrático Nacional, lançou a
A necessidade de grandes volumes de capital para a execu-
candidatura de Jânio Quadros, ex-vereador, ex-deputado,
ção do Plano de Metas forçava o governo a recorrer intensa-
ex-prefeito e ex-governador sempre por São Paulo.
mente a empréstimos externos. JK tentou obter um emprésti-
mo de 300 milhões de dólares junto ao Fundo Monetário Dotado de uma oratória envolvente e utilizando discur-
Internacional, que impôs condições severas ao Brasil para sos fortes e uma imagem que o aproximava das cama-
liberar os recursos, como corte de gastos públicos, contenção das populares, Jânio Quadros venceu as eleições com
de salários e redução de subsídios agrícolas. O governo bra- a maior votação já obtida até então por um candidato à
sileiro não aceitou as condições impostas, mas também não presidência.
118
GOVERNO JÂNIO QUADROS (1961)
Carismático, excêntrico, conservador, grande orador e aci- imprensa e da população dos reais problemas brasileiros e
ma de tudo populista, Jânio Quadros baseava suas cam- das medidas impopulares do governo, Jânio Quadros ado-
panhas na sua imagem e na sua personalidade, não se tou medidas polêmicas que o mantinham constantemente
ligando a partidos ou a correntes políticas. Isso fica claro na mídia, como proibições do uso de biquínis em desfiles,
nas constantes trocas de partido que fazia a cada eleição brigas de galo, corridas de cavalo em dias úteis e de lança-
e na vitória na campanha presidencial pela coligação de -perfumes em bailes de carnaval.
pequenos partidos, apesar do apoio da UDN, União Demo-
Mais uma vez, o ambiente político nacional foi agitado por
crática Nacional, encabeçada pelo PTN, Partido Trabalhista
Carlos Lacerda da UDN. Revoltado com as condecorações
Nacional, partido de pouca expressão política.
de Che Guevara, o então governador do estado da Gua-
nabara denunciou em 24 de agosto de 1961, aniversário
de morte de Getúlio Vargas, que Jânio Quadros preparava
um golpe de Estado. Contrariado, o presidente reuniu seus
ministros militares e exigiu que fosse mantida a ordem no
país. No dia seguinte, 25 de agosto, Jânio Quadros parti-
cipou pela manhã, em Brasília, de uma solenidade em ho-
menagem ao dia do soldado. No início da tarde enviou um
bilhete ao Congresso Nacional comunicando sua renúncia
à presidência da República.
Jânio Quadros e a “vassourinha”
A situação era tensa e o vice-presidente João Goulart es-
Desde o início de seu curto governo, Jânio Quadros definiu tava fora do país em visita oficial à China. Com medo da
que a política externa brasileira seria independente, não ascensão política do trabalhista Jango, o Congresso e os
alinhada automaticamente pelos interesses estrangeiros, militares aceitaram prontamente a renúncia do presiden-
especialmente os norte-americanos. O ponto crítico de te e a presidência da República foi ocupada por Ranieri
sua política ocorreu quando recusou-se a apoiar a inva- Mazzilli, presidente do Congresso Nacional. O Brasil viveria
são norte-americana à Baía dos Porcos, em represália à uma crise política sem precedentes.
Revolução Cubana, e condecorou o ex-guerrilheiro e um
dos líderes da Revolução ao lado de Fidel Castro, Ernesto
“Che” Guevara. Tais medidas não satisfizeram os setores
conservadores ligados ao capital estrangeiro, perdendo sua
base parlamentar com o afastamento da UDN do governo.
Para enfrentar a crise econômica, a moeda foi desvalori-
zada, foram cortados gastos públicos e reduzidos os sub-
sídios para a importação de trigo e petróleo, medidas que
geraram oposição ao presidente da República, pois provo-
caram recessão e inflação. Tentando desviar a atenção da João Goulart e Mao Tsé-Tung
A renúncia de Jânio Quadros mergulhou o país em uma Logo que soube da renúncia, Jango voltou ao Brasil, mas
séria crise política, pois militares e setores conservadores foi impedido de entrar no país pelos ministros militares bri-
opunham-se à posse do vice-presidente João Goulart, con- gadeiro Gabriel Grün Moss (Aeronáutica), almirantes Síl-
siderado herdeiro político de Getúlio Vargas e comunista. vio Heck (Marinha) e general Odílio Denys (Exército). Eles
119
contavam com o apoio da UDN e de Carlos Lacerda, que Diante da crise, o governo elaborou um plano para ser
defendiam o impedimento de Jango, uma reforma consti- aplicado entre os anos de 1963 e 1965, chamado Plano
tucional e a realização de novas eleições presidenciais. Trienal, que contemplava prioridades como combate à
inflação, retomada do crescimento econômico e renego-
João Goulart seguiu para o Uruguai e entrou no Brasil pelo
ciação da dívida externa, bem como Reformas de Base,
Rio Grande do Sul, de onde o governador Leonel Brizola
consideradas fundamentais para solucionar os problemas
organizava um movimento em prol do respeito à Consti-
sociais do país.
tuição e da posse de Jango. O movimento foi batizado de
“Campanha da Legalidade”. As Reformas de Base compreendiam reformas político-
-eleitorais – direito de voto aos analfabetos – e partidárias;
tributária – limitação da remessa de lucros ao exterior e
regulamentação de impostos de acordo com a renda; uni-
versitária – de acordo com exigências estudantis; constitu-
cional e agrária – baseadas na desapropriação de terras às
margens de rodovias e ferrovias federais.
O presidente recebia apoio de segmentos nacionalistas
e progressistas, como sindicatos, trabalhadores em geral,
Comando Geral dos Trabalhadores, CGT; União Nacional
dos Estudantes, UNE; Ligas Camponesas, Ação Popular –
católicos de esquerda –, Pacto de Unidade, Frente de Mo-
Goulart e Brizola bilização Popular, FMP, liderada por Leonel Brizola, políticos
O governador Leonel Brizola ameaçava distribuir armas do PTB e PSB; comunistas e intelectuais ligados ao Instituto
à população e o país estava à beira de uma guerra civil, Superior de Estudos Brasileiros, ISEB; e segmentos popu-
quando foi selado um acordo para resolver o impasse: o lares.
Congresso Nacional aprovou uma emenda à Constituição A oposição a Jango e às Reformas de Base congregava po-
de 1946, que estava em vigor, instituindo o parlamenta- líticos conservadores, especialmente da UDN, empresários,
rismo no Brasil durante um período, quando, através de militares, imprensa – com destaque para Carlos Lacerda e o
um plebiscito a ser realizado em 1965, coincidiria com o jornal O Globo –, parte da Igreja Católica, Instituto de Pes-
término do mandato de Jango. A população decidiria se quisas e Estudos Sociais, Ipes – composto por empresários –,
mantinha o sistema ou se o Brasil deveria retornar ao pre- Campanha da Mulher pela Democracia, Cade – financiada
sidencialismo. pelos Ipes –, Movimento Anticomunista, MAC, Frente da Ju-
ventude Democrática – formada por estudantes de classe
Ciente das dificuldades do país e da oposição dos meios
média e alta –, e setores de classe média assustados com a
elitistas, conservadores e militares, João Goulart iniciou a
amplitude das Reformas de Base, que poderiam, segundo a
primeira fase de seu governo procurando alternativas para imprensa conservadora, atingir seus bens.
restaurar o presidencialismo, o que lhe garantiria poderes
para tentar realizar as reformas necessárias ao Brasil. Para Diante da crise, João Goulart tentou implantar o Estado
tanto deveria conquistar o apoio ou quebrar a resistência de Sítio, mas o Congresso não aprovou tal medida. Jango
dos militares e acalmar a oposição conservadora sem per- decidiu então aproximar-se das massas e implantar as Re-
der o apoio popular e de setores progressistas de esquerda. formas de Base. No dia 13 de março de 1964 aconteceu
um comício no Rio de Janeiro, em frente à estação Central
Nessa fase, o país era governado de fato por um primei- do Brasil, organizado por sindicatos e entidades estudan-
ro-ministro, cargo ocupado respectivamente por Tancredo tis, com o objetivo de pressionar o Congresso Nacional a
Neves (PSD), Brochado da Rocha (PSD) e Hermes Lima aprovar as Reformas de Base. O comício reuniu cerca de
(PSB). Durante esses governos, não houve melhoria na 200 mil pessoas e contou com a participação do presidente
situação do país, o que fazia aumentar a crença de que João Goulart, que assinou dois importantes decretos: a de-
somente Jango poderia resolver os problemas nacionais. sapropriação e a nacionalização das refinarias de petróleo
O resultado do plebiscito provocou a restauração do presi- particulares e estrangeiras; a criação da Superintendência
dencialismo no Brasil. No dia 24 de janeiro de 1963 foi em- da Reforma Agrária, Supra, que desapropriaria latifúndios
possado o novo ministério montado pelo presidente João situados às margens de ferrovias e rodovias federais.
Goulart, com destaque para Almino Afonso (Trabalho), As medidas provocaram reações nos meios oposicionistas,
Celso Furtado (Planejamento e Coordenação Econômica) assustados com a amplitude das reformas. As críticas avolu-
e San Tiago Dantas (Fazenda). mavam-se na imprensa e, em São Paulo, foi organizado um
120
protesto por entidades femininas ligadas à Igreja Católica, navais designados para reprimir os amotinados aderiram
que ocupou as ruas do centro da cidade, no dia 19 de março: ao movimento e o Ministro da Marinha demitiu-se do car-
a Marcha da Família com Deus pela Liberdade. go. Tentando contornar a situação, o presidente interveio
anunciando que os revoltosos não seriam punidos, o que
foi visto pelos oficiais como quebra de hierarquia, pois o
presidente posicionava-se ao lado de marinheiros que ha-
viam desrespeitado o comando.
No dia 31 de março de 1964, os generais Olympio Mourão
Filho e Carlos Guedes iniciaram o movimento militar em
Minas Gerais, sob a chefia do general Castelo Branco, che-
fe do Estado-Maior das Forças Armadas, com o apoio dos
governadores Adhemar de Barros, Carlos Lacerda e Maga-
lhães Pinto, respectivamente de São Paulo, Guanabara e
Marcha da Família com Deus pela Liberdade Minas Gerais.
No Rio de Janeiro ocorreu um motim de marinheiros lide- Já no dia 1º de abril de 1964, o cargo de Presidente da
rados pelo Cabo José Anselmo dos Santos, presidente da República foi declarado vago e ocupado por Ranieri Maz-
Associação dos Marinheiros e Fuzileiros Navais, exigindo zilli, presidente da Câmara dos Deputados. Consumava-se
a demissão do ministro da Marinha, Silvio Mota. Fuzileiros o Golpe Civil-Militar de 1964.
Após a deposição do presidente João Goulart, a presidên- concluir o mandato do presidente deposto, João Goulart,
cia da República foi assumida por Ranieri Mazzili, presiden- que se estenderia até janeiro de 1966.
te da Câmara dos Deputados. Imediatamente foi formado
o Comando Supremo da “revolução”, como se denomi-
nava o Golpe de Estado, formado pelos ministros militares
almirante Augusto Rademaker, da Marinha; general Arthur
da Costa e Silva, da Guerra; e brigadeiro Corrêa de Melo,
da Aeronáutica.
O comando foi responsável pela publicação do Ato Insti-
tucional nº 1 (Al-1, de 9 de abril de 1964), que suspen-
deu as garantias constitucionais por sessenta dias, durante
os quais poderiam ser cassados mandatos e suspensos os
direitos políticos de qualquer cidadão. Além disso, o pre-
sidente, que seria eleito indiretamente, poderia propor Tanques nas ruas do Rio de Janeiro durante o Golpe de 1964
emendas à Constituição e decretar Estado de Sítio. O AI-1
Controlando o Congresso Nacional, composto basicamen-
atingiu, ainda, segundo Meira, “cerca de 122 oficiais que te por parlamentares que apoiavam o Regime Militar, já
passaram para a reserva e mais de 1.000 pessoas que fo- que seus principais opositores tiveram os mandatos cas-
ram afastadas de seus cargos; 50 parlamentares tiveram sados e os direitos políticos suspensos em virtude do AI-
seu mandato cassado; e 49 juízes foram atingidos pela 1, Castello Branco conseguiu a aprovação de importantes
medida de exceção” medidas para o Regime. Entre elas destaquem-se a aprova-
(MEIRA, Antônio Carlos. Brasil: recuperando a nossa História. ção da Lei de Greve, que tornava ilegais as greves, e da Lei
São Paulo: FTD, 1998, p.241). Suplicy, proposta pelo Ministro da Educação Flávio Suplicy
No dia 15 de março de 1964, a junta militar indicou o de Lacerda, que extinguia a UNE e todas as entidades estu-
marechal Humberto de Alencar Castello Branco dantis, bem como determinava o fechamento dos centros
para ocupar o cargo de presidente da República, devendo acadêmicos das universidades.
121
Também foi criado o Serviço Nacional de Informação, O AI-2 determinava que o presidente pudesse intervir nos
SNI, principal órgão de informação do governo, que teve estados e municípios “para prevenir ou reprimir a subver-
importante atuação na repressão aos opositores do Regi- são”; permitia ainda a decretação de recesso no Legislati-
me. Idealizado pelo general Golbery do Couto e Silva, o vo, podendo o presidente legislar através de decretos-lei;
SNI coletava, processava e fornecia informações úteis ao foram estabelecidas eleições indiretas para presiden-
combate à subversão interna, transformando-se em um te da República e vice; e o presidente poderia determi-
dos principais órgãos do Regime Militar no Brasil. nar a suspensão de direitos políticos por dez anos. O Al-2
determinava ainda a extinção de todos os partidos
A primeira grande preocupação do novo governo foi ado-
políticos no Brasil. No entanto, um decreto complemen-
tar uma rígida intervenção na economia, com o objetivo
tar estabeleceu o bipartidarismo e os políticos foram
de controlar a inflação. Foi criado o Plano de Ação Eco-
obrigados a se vincular a duas novas legendas criadas: a
nômica do Governo, Paeg, que estabeleceu o corte nos
Aliança Renovadora Nacional, Arena, e o Movimen-
gastos públicos (menos verbas para saúde, educação, salá-
to Democrático Brasileiro, MDB.
rios de funcionários) e o aumento de impostos. No mesmo
período foi criado o Banco Central (Lei 4.595, de 31 de Em outubro de 1966, o candidato imposto pela “linha
dezembro de 1964), tendo como principal função controlar dura”, Arthur da Costa e Silva, foi eleito presidente, tendo
a emissão monetária e o sistema bancário e foi introduzida como vice o civil Pedro Aleixo, ex-ministro da Educação do
uma nova moeda, o Cruzeiro Novo (NCr$). governo Castello Branco. Antes de concluir seu mandato,
Castello Branco publicou os atos institucionais 3, de 5
Castelo Branco limitou os reajustes salariais e facilitou as
fevereiro de 1966, e o 4, de 7 de dezembro de 1966. O
demissões e a rotatividade de mão de obra, ao substituir as
primeiro determinou a realização de eleições indiretas
garantias de estabilidade no emprego pelo FGTS, Fundo
para a escolha de governantes estaduais, prefeitos
de Garantia por Tempo de Serviço. Foi criado o Ban-
das capitais e de áreas consideradas de Segurança
co Nacional da Habitação, BNH, que deveria utilizar o
Nacional.
dinheiro dos depósitos do FGTS para financiar a construção
de casas populares. O AI-4 estabelecia um conjunto de normas a serem segui-
das pelo Congresso, para a elaboração de uma nova
Em 1965, houve eleições para governadores de onze esta-
Constituição, que seria o último ato de Castello Bran-
dos. Contudo, a importante vitória eleitoral de políticos do
co na Presidência, a Constituição de 1967. Foi incluída na
PSD e PTB contrariou a cúpula militar e demonstrou que o
Carta Magna a Lei de Segurança Nacional, que proibia
populismo ainda tinha força no país. A reação estimulada
manifestações ofensivas ao governo na mídia e oficializava
especialmente pela “linha dura” foi a promulgação do Ato
censura prévia à imprensa.
Institucional nº 2, de 27 de outubro de 1965, afirmando
em seu preâmbulo que “não se disse que a Revolução foi,
mas que é e continuará”.
122
presidente, organizaram uma Frente Ampla de oposição ao dente – demitir, remover ou pôr em disponibilidade funcio-
Regime Militar. O principal objetivo dessa Frente era restau- nários públicos federais, estaduais e municipais, fechar casas
rar a democracia e as eleições diretas para Presidente da legislativas, decretar estado de sítio e confiscar bens como
República e elaborar uma nova Constituição. A Frente Ampla forma de punição por corrupção e cassar mandatos eletivos
contou com o apoio dos ex-presidentes Juscelino Kubitschek federais, estaduais e municipais; demitir ou reformar oficiais
e João Goulart, o que demonstrava seu caráter eclético ao e membros das Forças Armadas e das polícias militares.
reunir antigos adversários.
O ano de 1968 foi marcado por grandes manifestações
estudantis de protesto contra a política educacional que o
governo desejava implantar através do acordo Mec-Usaid
e contra o próprio governo.
Em março desse ano, o estudante secundarista Edson Luis
de Lima Souto foi morto a tiros em um confronto entre ma-
nifestantes e policiais militares. Revoltados, os estudantes
realizaram o velório de Edson no prédio da Assembleia Le-
gislativa do Estado, onde vários discursos foram proferidos
contra a Ditadura. O enterro foi acompanhado por cerca de
50 mil pessoas, assim como a missa de sétimo dia, na igre- Protesto contra a Ditadura
ja da Candelária, que reuniu milhares de pessoas, apesar
Em 1969, o presidente Costa e Silva sofreu um derrame e
da rígida vigilância policial.
foi afastado do cargo, que deveria ser assumido pelo vice,
O resultado foi a realização de uma grande passeata con- o civil Pedro Aleixo, que se opusera ao AI-5. Os militares
tra o Regime Militar, organizada por estudantes, intelec- não admitiram a posse do vice e o governo foi assumido
tuais, artistas e membros da Igreja católica, realizada no por uma Junta Militar composta dos ministros do Exército,
dia 26 de junho de 1968. Conhecida como a Passeata Marinha e Aeronáutica, respectivamente, general Aurélio
dos Cem Mil, a manifestação foi um marco e serviu de Lyra Tavares, almirante Augusto Rademaker e brigadeiro
estímulo à manifestação em todo o país. Márcio de Sousa Melo. Em outubro, o Congresso Nacional
Diante das pressões, o governo editou o Ato Institucional foi reaberto para escolher o novo presidente. O Comando
Nº5, que suspendeu direitos e garantias constitucionais dos Supremo da Revolução indicou como candidato o general
cidadãos e o habeas corpus; ampliou os poderes do presi- Emílio Garrastazu Médici, que foi confirmado para o cargo.
O presidente general Emílio Garrastazu Médici era um fiel re- intuito de elevar o Brasil às grandes potências econômicas
presentante da “linha dura”. No seu governo empenhou-se mundiais, foi criado o Plano Nacional de Desenvolvi-
em combater toda e qualquer oposição ao Regime Militar. mento, PND, cujas principais metas eram manter os bai-
Aquele período – conhecido como os “anos de chumbo” xos índices inflacionários e promover o desenvolvimento
– foi o mais cruel e de mais repressão do Estado sobre a so- da economia nacional. Houve grande estímulo às expor-
ciedade civil e os meios de comunicação. Em nome da segu- tações, principal fonte de recursos da economia brasileira,
rança nacional, o governo promoveu perseguições, torturas bem como à importação de máquinas e equipamentos
e assassinatos contra seus opositores e contra os meios de industriais, fundamentais para o desenvolvimento do país.
comunicação, que foram bastante censurados.
Durante o período do chamado “milagre econômico”
A base política e econômica do governo Costa e Silva foi (1969-1973), o PIB cresceu na média anual 11,2% e alcan-
mantida por Médici, bem como o ministro da Fazenda, An- çou o pico em 1973, com uma variação de 13%. A inflação
tonio Delfim Netto, o que lhe permitiu colher os frutos da média anual não passou de 18%. Médici realizou grandes
política econômica implantada no governo anterior pelo investimentos no setor de infraestrutura e na construção de
Programa Estratégico de Desenvolvimento, PED. Com o grandes e portentosas obras, chamadas “faraônicas”, em
123
virtude do tamanho, como a Ponte Rio-Niterói e a rodovia A política econômica de Delfim Netto tinha o propósito de
Transamazônica, símbolos de um “Brasil grande”. fazer crescer o “bolo” pra só depois pensar em distribuí-lo.
Apesar desses indicadores positivos, no entanto, o “mila- Alegava-se que antes do crescimento pouco ou nada havia
gre brasileiro” também apresentou pontos negativos. Um para distribuir. Privilegiou-se assim a acumulação graças às
dos seus pontos vulneráveis estava em sua excessiva depen- facilidades já apontadas e da criação de um índice pré-
dência do sistema financeiro e do comércio internacional, vio de aumento dos salários em nível que subestimava a
responsáveis pela facilidade dos empréstimos externos, pela inflação. Do ponto de vista do consumo pessoal, a expan-
inversão de capitais estrangeiros, pela expansão das expor- são da indústria, notadamente no caso dos automóveis,
tações etc. Outro ponto negativo era a necessidade cada vez favoreceu as classes de renda alta e média. Os salários dos
maior de contar com determinados produtos importados, trabalhadores de baixa qualificação foram comprimidos,
dos quais o mais importante era o petróleo. Porém, o prin- enquanto os empregos administrativos de empresas e pu-
cipal aspecto negativo do “milagre” foi de natureza social. blicidade valorizaram-se ao máximo. Tudo isso resultou em
uma concentração de renda acentuada que vinha já
de anos anteriores.
Na sucessão de Médici, a indicação de Geisel represen-
tou um triunfo dos “castelistas” e uma derrota da “linha
dura”. Seria equivocado pensar, porém, que ele tivesse
recebido o mandato de uma corrente no interior das
Forças Armadas favorável à liberalização do Regime. No
âmbito da corporação, Geisel foi escolhido pela sua ca-
Médici visitando as obras da ponte Rio-Niterói pacidade de comando e suas qualidades administrativas.
O general Ernesto Geisel ocupava a presidência da Petro- Em outubro de 1973, ainda no governo Médici, ocorreu a
bras pouco antes de ser eleito e já havia exercido o cargo primeira crise internacional do petróleo, consequência
de Chefe da Casa Militar no governo Castello Branco. Sua da chamada Guerra do Yom Kippur, movida pelos Estados
posse representou o retorno da ala dos militares conside- Árabes contra Israel. A crise afetou profundamente o Brasil,
rada mais moderada, o grupo da Sorbonne, castelista, que que importava mais de 80% do total de seu consumo. Com
passa a defender o início da transição para a democracia o objetivo de combater a crise e retomar o crescimento eco-
de forma “lenta, gradual e segura”, nas suas palavras. nômico do país, a equipe econômica liderada pelo ministro
Com novas derrotas da Arena nas eleições parlamentares, da Fazenda Mário Henrique Simonsen elaborou o II Plano
foi promulgada a Lei Falcão, criada pelo Ministro da Justi- Nacional de Desenvolvimento, II PND. O plano elegia
ça Armando Falcão, que limitava a propaganda eleitoral no um novo setor prioritário para a economia nacional: a pro-
rádio e na televisão. Os candidatos não poderiam mais falar; dução de bens de capital – máquinas, derivados de petróleo,
portanto, não mais atacariam o governo. Na televisão seria eletricidade, ferro e aço.
mostrada a imagem do candidato enquanto um narrador O II PND seria responsável por uma ampliação da atu-
oficial expunha seu nome, número, partido e currículo. ação do Estado na economia, representado principal-
No governo de Geisel, a economia sofria com os sintomas mente pelas empresas estatais responsáveis pela exe-
do fim do “milagre econômico”, representados pela queda cução das medidas, com destaque para a Petrobras e a
do PIB e pelo retorno da inflação, que reduziriam o poder Eletrobrás. Houve também o acordo nuclear Brasil-
aquisitivo da população e o consumo, provocando aumen- -Alemanha, que seria um acordo de cooperação nu-
to do desemprego e crises no setor industrial e comercial. A clear entre os dois países, através do qual a Alemanha
dívida externa havia crescido muito e representava aproxi- forneceria tecnologia para a construção de oito usinas
madamente 25% do PIB nacional e a especulação retirava nucleares a custo de 10 bilhões de dólares e urânio para
investidores e impedia novos investimentos no país. abastecer suas centrais nucleares.
124
O Proálcool foi anunciado também em 1975 e consistia minava ainda que a escolha do presidente não seria mais
no incentivo ao desenvolvimento de carros movidos a álco- realizada pelo Congresso Nacional, mas por um Colégio
ol e na produção em larga escala de álcool combustível e Eleitoral, composto pelo Congresso Nacional e mais seis
de seu uso como matéria-prima na indústria química. Além representantes de cada Assembleia Legislativa Estadual.
disso, o álcool seria adicionado à gasolina.
Na política, o processo de abertura do presidente Geisel
sofria críticas constantes da “linha dura”, através de pan-
fletos distribuídos nos quartéis e nos bastidores, denotando
haver “briga” interna entre os membros das Forças Armadas
quanto à forma de condução das políticas governamentais.
Por outro lado foram mantidas a tortura, a repressão e até
mesmo o assassinato de opositores ao Regime, embora
Geisel deixasse ser difundida a versão de que tudo ocorria
à sua revelia. Em outubro de 1975, o jornalista Wladimir
Herzog, diretor de jornalismo da TV Cultura, foi assassinado
sob tortura nas dependências do DOI-Codi ("Destacamento
de Operações de Informação - Centro de Operações de De-
fesa Interna"), em São Paulo. A morte do jornalista provocou
grande comoção e mobilização da sociedade civil contra o
governo, acalorando as lutas contra o Regime. Wladimir Herzog enforcado
Tal descontentamento com o Regime fez-se sentir não so- A crise econômica que se abatia sobre o Brasil e a inflação
mente na população, mas na alta cúpula política. Por conta levaram segmentos da imprensa, da sociedade civil e dos
disso, em 1978, ano no qual ocorreriam eleições para go- trabalhadores a pressionar o governo pela abertura e a rea-
vernadores estaduais, deputados e senadores, havia uma lizar manifestações. Em maio de 1978, exigindo aumento de
clara ameaça para o governo de uma expressiva vitória salários, os metalúrgicos da região do ABC Paulista entraram
eleitoral do MDB. Vitória essa que impediria a aprovação em greve, liderados por Luís Inácio Lula da Silva, presidente
no Congresso de vários projetos do governo, especialmen- do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo e Diadema.
te um de reforma do Judiciário, já derrotado por influência
Em outubro de 1978, o governo anunciou a revogação do
do MDB, mas que o governo insistia em aprovar.
AI-5, que deixaria de vigorar a partir de 1º de janeiro de
Usando os poderes especiais conferidos pelo AI-5, em abril 1979, iniciando de fato a desmontagem do Estado Militar
de 1977 o presidente Geisel determinou o fechamento do autoritário. A medida agradava setores da sociedade civil –
Congresso Nacional e decretou o Pacote de Abril. Com Ordem dos Advogados do Brasil, OAB, Associação Brasileira
essa medida foram alteradas as regras eleitorais e estabe- de Imprensa, ABI, Igreja Católica, sindicatos, estudantes, bem
lecidas eleições indiretas para governador, criação dos se- como até mesmo o governo norte-americano, comandado
nadores biônicos (indicados pelo governo) e ampliação pelo presidente Jimmy Carter – que pressionavam pela rede-
do mandato presidencial para seis anos. O pacote deter- mocratização do Brasil.
O novo presidente da República João Figueiredo assumiu o A crise econômica, a elevada dívida externa e o crescimen-
cargo com o compromisso de manter o processo de aber- to da inflação eram sérias dificuldades que deveriam ser
tura política lenta, gradual e segura iniciada por Geisel. O superadas. Com esse intuito, Delfim Neto foi nomeado Mi-
novo governo deveria evitar o radicalismo político tanto na nistro da Fazenda e lançou o III Plano Nacional de Desen-
oposição ao Regime quanto na “linha dura”, contrária à volvimento – III PND, que não teve resultados favoráveis,
abertura, evitando que prejudicassem o processo de rede- especialmente em virtude da falta de recursos disponíveis
mocratização do Brasil. no mercado financeiro internacional.
125
Em junho de 1979, o presidente Figueiredo enviou ao Con- na sede do jornal oposicionista A Hora do Povo, na sede
gresso a Lei de Anistia, que foi aprovada em outubro do do Sindicato dos Jornalistas de Minas Gerais e no prédio
mesmo ano. O projeto previa anistia ampla, geral e irres- da OAB, no Rio de Janeiro. Além desses, alcançou grande
trita para crimes políticos e conexos, e beneficiou militares repercussão o atentado no Centro de Convenções do
envolvidos nos atos de torturas, mortes e desaparecimen- Rio de Janeiro, o Riocentro.
tos. A lei não incluía pessoas envolvidas em ações consi-
Em pleno estacionamento do prédio do Riocentro, explodiu
deradas terroristas pelo Estado e não apresentava solução
uma bomba em um automóvel que conduzia dois milita-
para o problema dos prisioneiros políticos desaparecidos,
res, matando o sargento do Exército Guilherme Pereira do
o que suscitou críticas de vários setores da sociedade civil,
Rosário e ferindo o capitão Wilson Luís Chaves Machado.
particularmente dos movimentos sociais e da imprensa.
As investigações da imprensa pareciam revelar que os dois
foram vítimas de um “acidente de trabalho” quando se
preparavam para executar um atentado terrorista de ex-
trema direita.
126
restabelecia as eleições diretas para presidente da Repú- para concorrer ao cargo. Ao fim, pelo PDS concorreu com
blica. A emenda foi votada no dia 25 de abril de 1984 e, Paulo Maluf.
para a frustração da população nacional, não foi aprovada,
As eleições ocorreram no dia 15 de janeiro de 1985 e fo-
pois necessitava de dois terços de votos favoráveis (320),
ram vencidas por Tancredo Neves, que deveria tomar pos-
mas recebeu apenas 298 votos. Com a não aprovação
se no dia 15 de março. Todavia, na véspera da posse, o
da Emenda Dante de Oliveira e a manutenção da eleição
presidente eleito sofreu um mal-estar e foi internado no
indireta para presidente da República, a oposição passou
Hospital de Base de Brasília, sendo, posteriormente, trans-
a se mobilizar para tentar derrotar o governo no Colégio
ferido para o Instituto do Coração, em São Paulo. No dia
Eleitoral, ou como dizia Ulysses Guimarães, “vamos matar
15 de março, o vice-presidente José Sarney tomou posse,
a cobra no seu próprio ninho”.
assumindo interinamente o cargo de Presidente. Tancredo
O PMDB lançou o nome de Tancredo Neves e o PDS, que Neves foi submetido a várias cirurgias, mas não resistiu.
tinha maioria no Congresso, acabou enfraquecido por uma Seu falecimento foi oficialmente anunciado no dia 21 de
divergência interna entre Mario Andreazza, Paulo Maluf e abril de 1985. Sarney foi então efetivado no cargo de Pre-
Aureliano Chaves, que disputavam a indicação do partido sidente da República.
José Sarney herdara do Regime Militar um país com sérios § aumento automático dos salários, todas as vezes que a
problemas econômicos, especialmente as altas taxas de in- inflação superasse os 20% mensais.
flação (223,8%, em 1984), crescente dívida externa, inves-
timentos produtivos baixos, especulação financeira, reces-
são e um Estado falido. Em fevereiro de 1986, o ministro
da Fazenda Dílson Funaro lançou um plano econômico: O
Plano de Estabilização Econômica ou Plano Inflação Zero,
que visava combater a inflação e manter o crescimento
econômico, tendo como principais disposições:
§ criação de uma nova moeda, o Cruzado;
§ congelamento de preços e salários, que foram reajus-
tados em 8%; Tancredo e Sarney
§ redução das taxas de juros; O plano ficou conhecido como Plano Cruzado e, em vir-
§ desindexação da economia; e tude da estabilização dos preços, da queda da inflação e
127
dos juros, recebeu o apoio da população. Tabelas de preços Mesmo sob a periclitante situação econômica e social, ela-
eram distribuídas diariamente e os brasileiros foram con- borada ao longo de um ano e meio, a nova Constituição foi
vocados a fiscalizar os preços, denunciando aumentos ir- promulgada no dia 5 de outubro de 1988 pelo presidente
regulares como “fiscais do Sarney”, assim denominados. O do Congresso Constituinte, Ulysses Guimarães. Ela apre-
consumo foi estimulado e a queda no rendimento das apli- sentava como principais características:
cações financeiras, inclusive a poupança, levou as pessoas
§ manutenção do Regime Republicano e do Sistema Pre-
a retirar seu dinheiro das aplicações financeiras e utilizá-lo
sidencialista;
na compra de mercadorias. O crescimento do consumo não
foi acompanhado pelo crescimento da oferta de mercado- § mandato presidencial de cinco anos;
rias, pois parte das empresas não estava preparada para § eleição direta para todos os níveis e em dois turnos,
ampliar rapidamente sua produção. sempre que um dos candidatos não conseguisse maio-
ria absoluta, do qual participariam os dois primeiros
candidatos, para os cargos dos Executivos federal, es-
tadual e municipal;
§ voto obrigatório para ambos os sexos entre 18 e 60
anos de idade e facultativo para pessoas de 16 e 17
anos de idade, maiores de 60, analfabetos, deficientes
físicos e indígenas;
§ ênfase aos poderes do Legislativo e transformação do
Broche de “fiscal do Sarney” Judiciário em poder verdadeiramente independente,
apto inclusive a julgar e anular atos do Executivo;
A escassez de mercadorias e o ágio provocaram a perda do
controle da situação por parte das autoridades econômicas. § consolidação dos princípios democráticos e defesa dos
Por razões políticas, o congelamento de preços foi mantido direitos individuais e coletivos dos cidadãos;
até as eleições de novembro de 1986, quando seriam es- § nacionalismo econômico, reservando várias atividades
colhidos os novos governadores estaduais. A vitória eleito- somente a empresas nacionais;
ral do PMDB foi devastadora: somente o estado de Sergipe
não elegeu um governador do partido do presidente Sarney. § assistencialismo social, com a ampliação dos direitos
Logo após as eleições veio o descongelamento de preços e dos trabalhadores; e
salários e a inflação voltou a subir descontroladamente. Para § ampliação da autonomia administrativa e financeira
contê-la, depois de Dílson Funaro vieram Luís Carlos Bresser dos estados da federação.
Pereira e Maílson da Nóbrega, responsáveis, respectivamen-
te, por mais dois choques econômicos: O Plano Bresser, em
1987, e o Plano Verão, em 1989. Este último substituía o
Cruzado (CZ$) pelo Cruzado Novo (NCz$).
A crise econômica e o desemprego provocaram desconten-
tamento geral da população com a situação econômica do
país. No último mês do Governo Sarney, março de 1990, a
inflação correspondente ao período de 15 de fevereiro a 15
de março atingiu o recorde histórico de 84,32%, chegando
ao índice acumulado de 4.853,90% nos 13 meses anterio-
res. O país foi marcado por greves e manifestações contra o
Aprovação da Constituição de 1988
governo, que perdia cada vez mais popularidade.
Em 1989, os brasileiros votaram para presidente da Repúbli-
ca após uma longa espera de 29 anos, em meio a um qua-
dro político-econômico e social bastante conturbado. Quase
todas as legendas lançaram candidaturas próprias, mesmo
as que tinham remotas chances de vitória, num total de 21
candidatos ou 22, se incluídos nesse grupo a tentativa de
candidatura do apresentador de televisão Sílvio Santos.
Porém, para o segundo turno, foram Fernando Collor e Luís
Greve no Grande ABC Paulista Inácio Lula da Silva.
128
Collor era na verdade o candidato das elites, dos empresários, dos latifundiários, dos usineiros e contava com o apoio dos
principais grupos que controlavam os meios de comunicação e a grande imprensa, especialmente as Organizações Globo.
Lula, de origem operária, era candidato pelo Partido dos Trabalhadores.
Collor explorou o medo no debate final às vésperas da eleição, alegando que Lula promoveria o confisco de todas as apli-
cações financeiras e investimentos dos cidadãos. Collor investiu também em ataques pessoais, alegando que seu oponente
defenderia o aborto, tendo inclusive contado para isso com a declaração de uma ex-namorada de Lula, além de assegurar
que Lula seria favorável à luta armada.
Collor venceu com uma pequena margem e Lula, apesar da derrota, saiu fortalecido como principal representante da oposição.
O governo Collor desde o início foi bastante conturba- competisse com os importados, em outros gerou a falência,
do, especialmente pela necessidade de criar mecanismos já que muitas dessas empresas não tinham condições de
eficientes de combate à inflação. Não era fácil, pois seu competir com as vantagens concedidas aos estrangeiros.
antecessor já tinha buscado em fórmulas denominadas pe-
Com a justificativa de debelar uma inflação de mais de
los economistas como "choques heterodoxos", controlar
80% ao mês, a equipe de Zélia, nas palavras do ex-minis-
a inflação. Todas as tentativas fracassadas. O presidente
tro Delfim Netto, transformou a economia do país em uma
divulgou o novo plano econômico de combate à inflação,
“experiência de laboratório e os brasileiros, em ratinhos”.
denominado de Brasil Novo, também conhecido por Pla-
As consequências para muitas famílias foram irreparáveis,
no Collor, articulado por um grupo de ministros chefia-
com mortes, suicídios e desemprego – provocado por uma
dos pela professora Zélia Cardoso de Melo, então ministra
recessão aguda logo no primeiro ano do plano. Em 1990, o
da Fazenda. Foi sem dúvida impactante, pois promoveu o
PIB caiu 4,5% e a economia permaneceu estagnada.
confisco geral da economia limitando os saques de inves-
timentos, aplicações financeiras, cadernetas de poupança Somados aos desgastes resultantes do fracasso dos pla-
entre outros, mudou novamente a moeda (retornou ao nos de combate à inflação, surgiram sérias denúncias de
Cruzeiro) e promoveu novo congelamento da moeda. corrupção na equipe de governo, algumas das quais envol-
viam até mesmo o presidente e a primeira-dama. A mesma
Além disso, o governo, assumindo princípios da política
mídia que trabalhara intensamente para garantir a eleição
econômica neoliberal, promoveu o enxugamento da má-
de Collor abastecia a opinião pública com novidades sobre
quina administrativa com a extinção de secretarias e minis-
os escândalos de corrupção no governo.
térios que resultou em demissões em massa, promoveu a
privatização de várias empresas e cortou subsídios a vários Uma das denúncias mais graves partiu do irmão mais ve-
setores da economia e da cultura. Ao mesmo tempo, o go- lho do presidente, o empresário Pedro Collor, que, em uma
verno facilitou a entrada de capitais e produtos estrangei- entrevista concedida à revista Veja em maio de 1992, acu-
ros no Brasil. Se em alguns casos essas medidas contribu- sava o presidente de se envolver em negociatas ilícitas e
íram para o aperfeiçoamento de produtos nacionais que ter recebido doações não contabilizadas em sua campanha
129
coordenada pelo tesoureiro, Paulo César Farias, o PC Farias, Insuflados pela mídia, a população foi tomada pela indig-
como era conhecido, numa operação conhecida popular- nação. Surgiam cada vez mais manifestações que exigiam o
mente como “Caixa 2”. afastamento do presidente. Ganhou destaque a atuação dos
estudantes em todo o país. Os jovens chamavam a atenção
Em junho de 1992, outra entrevista, agora na revista Isto
pintando o rosto de verde, amarelo e preto em sinal de pro-
É, com Eriberto França, motorista da secretária de Collor,
testo contra a corrupção em manifestações pelo país afora,
mudaria os rumos da investigação. O motorista revelou
ficando conhecidos como os “caras pintadas”. Essas ma-
detalhes da ligação de PC Farias com o presidente Collor,
nifestações foram amplamente divulgadas pelos meios de
que faziam uso de contas fantasmas, isto é, de pessoas ine-
comunicação e contribuíram decisivamente para engrossar
xistentes, para pagamentos de despesas pessoais do presi-
as fileiras dos que queriam ver Collor fora do governo.
dente – boa parte delas superfaturadas –, em sua mansão
em Brasília, a Casa da Dinda. Após a instalação de uma CPI para averiguar o caso, várias
denúncias acabaram surgindo; graças à pressão exercida
pela opinião pública, a CPI aprovou o impeachment do
presidente Fernando Collor de Melo no dia 29 de setembro
de 1992, que foi afastado do cargo até o julgamento no
Senado.
Tentando evitar a perda de seus direitos políticos, Collor
resolveu renunciar ao seu mandato horas antes da vota-
ção no Senado, em 29 de dezembro de 1992, mas não
adiantou, pois perdeu o mandato presidencial e os direitos
Protestos contra Collor políticos, tornando-se inelegível, por oito anos.
Com o afastamento de Collor, assumiu o cargo o vice-pre- A inflação continuava a ser o inimigo público número um
sidente Itamar Cautiero Franco, primeiro interinamente, em de todos os brasileiros. Os diversos choques na economia
2 de outubro de 1992, e empossado como Presidente em tinham se mostrado incapazes de solucionar o problema
29 de dezembro do mesmo ano, diante de uma situação da inflação de maneira definitiva. Itamar, no primeiro ano
econômica e política de crise devido à inflação e à des- de governo, também enfrentou essa crise que gerou uma
confiança da população na política após sucessivos escân- consecutiva substituição de ministros até a indicação de
dalos de corrupção. Como previa a Constituição de 1988, Fernando Henrique Cardoso para o ministério da Fazenda.
foi realizado um plebiscito em que a forma e o sistema de Inspirado em exemplos semelhantes no México e na Ar-
governo foram avaliados pela população, vencendo a for- gentina, FHC, como é conhecido, e uma equipe de econo-
ma Republicana e o Sistema Presidencialista de governo. mistas estruturaram um plano econômico fundamentado
na paridade da nossa moeda com a moeda norte-america-
na, inclusive com a criação de uma nova moeda chamada
Real. O plano fora criado para ser implantado em etapas.
Inicialmente foi criada a URV (Unidade Real de Valor), inde-
xador econômico que promoveria a transformação do valor
das compras em Cruzeiros reais para o Real.
130
Para manter o câmbio próximo ao dólar, entre outras medidas, foram tomados empréstimos destinados a reforçar as reservas
monetárias brasileiras. A elevação acentuada da taxa de juros foi outro artifício usado para controlar a inflação e para a
atração de capitais para o país. Essa medida acabou, no entanto, contribuindo posteriormente para um quadro recessivo e
para o aumento do desemprego.
A desconfiança logo deu lugar ao otimismo, na medida em que a inflação baixava, contribuindo decisivamente para a can-
didatura e para a vitória de FHC nas eleições presidenciais de 1994, contra o duplamente derrotado Lula, do Partido dos
Trabalhadores.
Ao tomar posse em 1º de janeiro de 1995, FHC fez um discussões e polêmicas, mas eram consideradas indispen-
discurso de acordo com sua formação acadêmica de so- sáveis pelo governo, para o crescimento e a modernização
ciólogo, destacando a necessidade de combater as desi- do país, bem como para garantir a manutenção da estabi-
gualdades sociais no país. Porém, suas primeiras medidas lidade econômica obtida a duras penas.
acarretaram frustrações para a população devido à autori-
Desses projetos polêmicos, destacaram-se:
zação do aumento do próprio salário, de parlamentares e
ministros, resultando em fortes críticas. § quebra dos monopólios do petróleo, das telecomunica-
ções, do gás canalizado e da navegação de cabotagem
A base de seu governo era composta principalmente pelo
(dentro das fronteiras nacionais);
PMDB e PFL (Partido da Frente Liberal, hoje DEM - Demo-
cratas). § alteração do conceito de empresa nacional, no sentido
de não discriminar o capital estrangeiro;
§ reforma administrativa;
§ reforma tributária;
§ reforma da Previdência, que ampliava as exigências
para aquisição da aposentadoria (medida justificada
pelo famoso déficit da Previdência, que necessitava ar-
recadar mais e pagar menos).
Para muitos, a gestão FHC provocou uma série de frustra-
ções, uma vez que se esperava de um sociólogo, professor
FHC e Bill Clinton universitário, o melhor conhecimento dos problemas do
país. Esse foi o sentimento de muitos que apostaram suas
Um dos recursos para a obtenção de apoio dos partidos era
fichas em um intelectual de prestígio internacional e com
a distribuição de cargos entre os parlamentares da base alia-
um handcap de ter apoiado a criação de um vitorioso pla-
da, a que os opositores acusam de estar sendo feito o lote-
no de estabilização econômica de combate à inflação.
amento do poder. Sem maioria no Congresso, as reformas
não avançam, afirmavam os representantes do governo, pois De fato, podemos constatar um certo imobilismo do go-
determinados partidos e figuras políticas conservadoras e re- verno ao atendimento das questões sociais, algumas das
trógradas só votavam favoravelmente se fossem recompen- quais foram até prejudicadas pelas reformas propostas
sados. Tais alianças e atitudes acabaram rendendo críticas ao pelo governo, como no caso da flexibilização das leis tra-
governo devido à contradição ideológica de interesses. balhistas. Se a educação básica ganhou fôlego com pro-
gramas como o Bolsa Escola, o ensino superior suscitou
Em termos políticos, uma marca registrada da gestão FHC
muitas críticas. As reclamações eram originadas pela falta
foi o grande número de Medidas Provisórias, se compa-
de apoio e de investimentos, provocando um progressivo
rada a outros governos que o antecederam. Diante disso,
sucateamento das universidades públicas.
também surgiram críticas, na medida em que tais medidas
acabavam dando ao Executivo o poder de legislar. Algu- Apesar do contexto econômico complicado ao final do seu
mas propostas de Emendas Constitucionais resultaram em primeiro mandato devido à crise na Ásia, FHC lançou-se
131
novamente como candidato reeditando a aliança vitoriosa
de 1994 com o PFL, desta vez com o foco no combate
ao desemprego. Usava o slogan: “O homem que acabou
com a inflação agora vai acabar com o desemprego”. Lula
perderia sua terceira eleição consecutiva.
FHC iniciou seu segundo mandato em 1º de janeiro de 1999
e tinha a sua frente grandes desafios a superar. O primeiro
deles referia-se à aprovação da Lei de Responsabilidade
Fiscal, aprovada em 2000, que restabelecia regras para o
uso do dinheiro público em todas as esferas (federal, estadu-
al e municipal). Todo gasto ou investimento deveria ser com-
provado, bem como a receita necessária para sua conclusão.
O objetivo era evitar que houvesse mais gastos do que a Protestos contra a ALCA
receita permitisse o que quase sempre ocorria, especialmen- Em 2002, Lula, derrotado nas últimas três eleições, enfren-
te nos momentos em que antecediam as eleições. A inob- tou José Serra. Embora Serra contasse com boa aprovação
servância dessas regras passaria a acarretar sérias punições, pessoal, por conta de sua atuação no Ministério da Saúde,
inclusive perda de direitos políticos, pagamento de multas, carregou uma dura realidade econômica herdada pelos
prisão e confisco de bens dos infratores. últimos anos de governo FHC. O desemprego acumulava
Houve, também, maciça política de privatizações. Os índices assustadores, além de a dívida externa brasileira
que eram contra alegavam a desmontagem do patri- ter crescido assustadoramente, sob o pretexto de conter o
mônio público nacional, bem como o preço defasado câmbio e a inflação.
que as empresas nacionais estariam sendo ofertadas, Nos bastidores da campanha de Lula, o principal reforço
valores bem menores que os praticados pelo mercado – foi a contratação do publicitário Duda Mendonça, consi-
indícios de favorecimento a determinados grupos parti- derado pelos especialistas um verdadeiro mago no ramo
culares interessados na compra das estatais. Criticavam do marketing político. Lula demonstrava uma postura dife-
ainda a inobservância dos interesses nacionais, já que rente da apresentada em outras campanhas eleitorais. Nos
não foram realizadas consultas públicas sobre a venda programas, passou a aparecer com ternos bem cortados,
das tais empresas. barba bem feita, palavras e gestos mais suaves, evitando
O programa de privatização atingiu setores considerados ao máximo os ataques aos adversários e concentrando
essenciais no país, como as telecomunicações (Telebrás), seus esforços na apresentação de propostas para o desen-
distribuição de energia (Eletrobrás), siderurgia (Usiminas, volvimento da nação. Lula definia essa sua nova fase como:
Cosipa e CSN, Cia. Siderúrgica Nacional) e recursos mine- “Lulinha Paz e Amor”.
rais (Companhia Mineradora Vale do Rio Doce), não sem Durante toda a campanha, Serra procura convencer a po-
muitos protestos, além de bancos estaduais. pulação da necessidade de ser experiente no exercício do
Naquele período, algumas políticas sociais foram consi- poder sem o que o país estaria ameaçado de total descon-
deradas excessivamente paternalistas e assistencialistas. trole, do caos generalizado e da perda das principais con-
Ainda que não tenha sido uma revolução, são inegáveis quistas obtidas no governo FHC, como e principalmente
alguns importantes avanços na área social postos em prá- a estabilidade econômica. Num dos momentos mais po-
tica na gestão FHC, que em boa parte serviram de esteio lêmicos da campanha, a atriz Regina Duarte afirmou no
para o governo Lula. horário eleitoral de Serra que tinha medo do governo Lula,
reavivando o temor das campanhas anteriores.
Destaque especial merece a atuação do Ministério da Saúde,
sob o comando de José Serra, com a quebra das patentes Às vésperas do encerramento da campanha, Lula reuniu-se
com empresários e tentou tranquilizar o mercado, afirman-
do setor de medicamentos usados no tratamento da
do que as regras seriam claras e que o desenvolvimento do
AIDS- Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, bem como
país estaria sempre em primeiro lugar. Proclamou ainda a
do lançamento de medicamentos genéricos, que usavam o
necessidade de um pacto social que envolvesse todos na
mesmo princípio ativo dos remédios patenteados a preços
luta contra a fome e a miséria.
mais baixos. Sem dúvida, a atuação como ministro da Saúde,
entre 1998 e 2002, juntamente com esses fatores,creden- Em 27 de outubro de 2002, com 61,3% dos votos válidos,
ciariam José Serra para concorrer à presidência da República Lula foi eleito o primeiro presidente operário da República
nos pleitos de 2002 e 2010. do Brasil.
132
GOVERNO LULA (2003-2010)
No dia 1º de janeiro de 2003, Lula tomou posse numa ce- Na parte externa, o pagamento antecipado de acordos
rimônia histórica em Brasília, marcada pelo estilo persona- firmados com o FMI provocou dúvidas na população e
lista do novo presidente. Várias caravanas saíram de todo resultou em polêmicas sobre as intenções e benefícios de
o país para assistir à posse do presidente, que havia sido ação. Lula teria antecipado o pagamento de empréstimos
operário e, como tantos outros brasileiros, veio de “baixo”. contraídos nas gestões passadas, chegando até a aportar
recursos no Fundo, tirando o país da condição de devedor
O PT sentiu nos primeiros dias do mandato o peso de ser e colocando-o na condição de credor. O governo alegava
governo. Promessas e ataques outrora feitos ao governo que, pagando esses acordos, o país teria mais liberdade
anterior passaram a ser mais bem dimensionados, como para estabelecer suas metas na área econômica sem se
a questão da redução da alíquota do imposto de renda. submeter às exigências feitas pelo FMI (especialmente no
Surgiram críticas dos setores mais à esquerda que exigiam superávit primário e na taxa de inflação) em troca dos em-
mudanças na política e na economia. Lula optou por se- préstimos. O problema é que, para muitos, o Brasil tinha
guir o modelo econômico de seu antecessor, começando zerado a centenária dívida externa, o que não era verdade,
a inovar na área social ao criar o programa denominado e que o governo teria tirado vantagem política desse equí-
Bolsa Família. voco. Os críticos alegavam que esses recursos destinados
As primeiras medidas do governo voltaram-se para o Pro- à antecipação do pagamento do crédito com o FMI po-
deriam ter sido aplicados em saúde, habitação, educação,
jeto Fome Zero, e todos os esforços se concentrariam em
transporte etc. Essa é uma longa discussão que deve ser
erradicar a fome no país. Foi formada uma comitiva com-
estudada com atenção, mas sem dúvida o pagamento da
posta pelo presidente e vários ministros e secretários de
dívida com o FMI deu ao Brasil liberdade de ação sem in-
Estado, que visitou algumas áreas críticas como a periferia
gerências externas na sua política-econômica.
de Recife e Teresina, que faziam parte do mapeamento do
projeto. Talvez esse tenha sido um dos mais bem sucedidos O governo Lula não escapou de escândalos envolvendo
projetos para a erradicação da fome já criados na história alguns de seus membros com denúncias de corrupção. A
da humanidade. título de exemplo, podemos citar a CPI dos Bingos e dos
Correios e outros escândalos. A CPI do “mensalão” indi-
ciou vários nomes que envolviam desde ex-ministros, par-
lamentares até dirigentes do PT. Por fim, alguns parlamen-
tares, diante de iminente cassação, acabaram renunciando
para não perderem seus direitos políticos. Efetivamente fo-
ram cassados apenas dois: Roberto Jefferson e José Dirceu,
homem forte do governo e Ministro Chefe da Casa Civil.
Mesmo sob constantes críticas da imprensa e de sequen-
tes escândalos de corrupção, Lula reelegeu-se com facili-
dade em 2006, vencendo o pleito contra Geraldo Alckmin
(PSDB – Partido da Social Democracia Brasileira). Lula
Lula na cerimônia de posse em 2003 havia prometido que, em caso de vitória e após a consoli-
Os maiores desafios do governo Lula foram provar a viabi- dação da estabilidade econômica, era hora do “espetáculo
lidade das propostas sociais concomitantemente ao desen- do crescimento”, que resultou na criação de um projeto
volvimento econômico sustentado do país, além de promo- conhecido como PAC, Programa de Aceleração de Cresci-
ver uma reforma constitucional visando reduzir os déficits mento. Tratava-se de um conjunto de políticas econômicas
comandadas pelo governo federal nas mais variadas áreas
do governo sem vender o patrimônio público e sem mexer
e previstas para o quadriênio 2007–2010.
nos direitos dos trabalhadores. Porém, não tardaram a vir
as primeiras críticas, especialmente pela proposta da Refor- O PAC teria como madrinha a Ministra-Chefe da Casa Civil,
ma da Previdência, que estabelecia a taxação da cobrança Dilma Rousseff. Dessa forma, Lula preparava sua sucessora
mensal dos aposentados (inativos) e que até então deixa- na presidência, que passou a aparecer frequentemente na
vam de pagar essa contribuição após a aposentadoria. inauguração das obras do PAC ao lado do presidente.
133
Milhões de pessoas saíram da linha de pobreza absoluta;
houve melhoria na redistribuição da renda; o número de
empregados cresceu; o governo Lula surpreendeu, ainda,
na política externa. Muitos analistas apostavam que um
presidente sem diploma de nível superior, operário, teria sé-
rias dificuldades para representar os interesses do Brasil no
cenário internacional. Pesava contra ele ainda o fato de seu
antecessor ser um homem culto, diplomata e de formação
acadêmica respeitável. Não foi bem assim que aconteceu.
Aos poucos, Lula foi ganhando prestígio internacional, in-
clusive na mediação de questões diplomáticas envolvendo
Programa Fome Zero
a ONU. Chegou inclusive a pleitear a indicação brasileira
para membro permanente do Conselho de Segurança, Além do Bolsa Família, do PAC e do Fome Zero, programas
órgão mais importante daquele organismo internacional. como Prouni, Programa Universidade para Todos, e Fies,
Nesse contexto, outra façanha do governo foi conseguir Programa de Financiamento Estudantil, na área da edu-
vencer, enfrentando fortes candidatos, a disputa pela rea- cação, e “Minha Casa Minha Vida”, na área da habitação,
lização da Copa do Mundo de Futebol, em 2014, e a dos contribuíram para uma imagem positiva do governo pela
Jogos Olímpicos, em 2016, os maiores e mais importantes maioria da população, cuja parcela significativa ganhou
eventos esportivos mundiais. promoção e ascensão social.
Lula discursando
134
nas ideias de governo, tendo como representante Mari- fantasma do “mensalão” e gerando desgaste logo no início
na Silva (PV – Partido Verde). de seu mandato. O resultado foi a troca de sete ministros em
seus treze primeiros meses de governo, além de inúmeros
Após um primeiro turno com as seguintes porcentagens
outros funcionários do governo afastados de seus cargos.
de voto, Dilma 47%, Serra 33% e Marina 19%, o segundo
turno foi uma clara demonstração da polaridade pró e con- Em 2012, foi criada uma importante comissão encarrega-
tra o projeto petista de governo, e, em virtude da enorme da de investigar violações contra os direitos humanos en-
força de Lula naquele momento, Dilma Rousseff foi eleita tre os anos de 1964 e 1988. Tal comissão ficou conhecida
no segundo turno recebendo mais de 55 milhões de votos nacionalmente como Comissão Nacional da Verdade,
(56%), frente aos quase 44 milhões de votos recebidos por e era formada por sete pessoas nomeadas pela presidente,
seu opositor José Serra (44%). tendo como principal foco os casos de tortura e desapa-
recimentos ocorridos durante a Ditadura Militar. O grande
senão dessa comissão seria o fato dela ter caráter apenas
investigativo e não punitivo, pois os indiciados por supos-
tos crimes na época não seriam presos pelos seus atos.
Economicamente, o governo Dilma ficou marcado pelo se-
gundo Programa de Aceleração de Crescimento (PAC 2),
que tinha como objetivo acelerar as obras de infraestrutura
nacionais e manter o Brasil fora da crise econômica que
assolava o mundo. Contudo a falta de investimentos ex-
ternos devido ao colapso global capitalista e os recorrentes
escândalos políticos envolvendo membros da alta cúpula
governamental, fizeram com que os recursos para as obras
ficassem escassos, levando o governo a desacelerar ou, em
alguns casos, paralisar as obras do PAC 2.
(Serra e Dilma se cumprimentam antes do último debate nacional) Essa crise também apertaria os programas de assistência
social, marca forte dos governos petistas, e que agora es-
135
Congresso Nacional tomado por manifestantes em junho de 2013
Tais problemas se somaram ao estouro da operação Lava do final, com Dilma sendo reeleita com 51,65% dos votos,
Jato, deflagrada pela Polícia Federal em março de 2014, a contra 48,35% de votos para Aécio Neves. A diferença de
qual expôs ao país uma série de investigações e denúncias votos foi a menor desde a adoção de segundo turno nas elei-
sobre lavagem e desvios de dinheiro público pela Petrobras, ções, tendo sido apenas de 3,5 milhões de votos, o que não
além do pagamento de propinas a políticos de inúmeros par- representa muito num país de 200 milhões de habitantes.
tidos (governistas e oposição) por parte de empreiteiras que
buscavam vantagens em licitações e concorrências de gran-
des obras públicas.
Tal cenário levou as eleições de 2014 novamente a uma
polaridade entre os apoiadores da manutenção do governo
e os seus críticos, os quais se aproveitavam dos esquemas
de corrupção revelados a todo o momento pela mídia para
atacar o governo. Após um primeiro turno marcado por acu-
sações e troca de ofensas, o resultado foi: Dilma (PT), 41,6%, Aécio e Dilma no último debate antes do
Aécio Neves (PSDB), 33,5% e Marina Silva (PSB - Partido So- segundo turno das eleições de 2014
136
U.T.I. - Sala Da enorme euforia? / Como vai proibir / Quando o galo
insistir em cantar?
Água nova brotando / E a gente se amando sem parar.
1. (UEL) Durante a Ditadura Militar, no Brasil, em espe-
cial após o AI-5 em 1968, inicia-se um período de in-
Quando chegar o momento / Esse meu sofrimento / Vou
tensa censura às produções culturais, inclusive das mú-
cobrar com juros. Juro!
sicas, quando vários cantores e compositores tiveram
partes e mesmo canções inteiras vetadas à divulgação, Todo esse amor reprimido, / Esse grito contido, / Esse
discos banidos das lojas, e, como punição, alguns foram samba no escuro.
condenados ao exílio. Pode-se afirmar que o cantor e
compositor Chico Buarque de Hollanda foi um dos alvos Você que inventou a tristeza / Ora tenha a fineza / de
prediletos da censura, o que o levou a adotar o pseudô- “desinventar”.
nimo “Julinho da Adelaide”, por um tempo. A canção Você vai pagar, e é dobrado, / Cada lágrima rolada /
Apesar de Você, de 1970, foi um dos alvos dos censores. Nesse meu penar.
Leia parte de sua letra a seguir.
Apesar de você / amanhã há de ser outro dia. / Eu per-
gunto a você onde vai se esconder
Hoje você é quem manda Falou, tá falado / Não tem
Da enorme euforia? / Como vai proibir / Quando o galo
discussão, não.
insistir em cantar?
A minha gente hoje anda Falando de lado e olhando
Água nova brotando / E a gente se amando sem parar.
pro chão. Viu?
Você que inventou esse Estado / Inventou de inventar Apesar de Você (compacto simples)/Álbum Chico Buarque – 1970.
Toda escuridão / Você que inventou o pecado / Esque- É possível perceber, por meio da canção de Chico Buar-
ceu-se de inventar o perdão. que, certas características da sociedade daquele perío-
do que o Regime Militar preferia que a grande maioria
Apesar de você / amanhã há de ser outro dia. / Eu per- da população não viesse a conhecer. Disserte sobre
gunto a você onde vai se esconder pelo menos uma dessas características.
2. (UFF)
O quadro apresentado ilustra o perfil das maiores indústrias existentes no Brasil durante a década de 1990 no tocante
ao tipo de propriedade. Ele engloba o período correspondente ao governo dos presidentes Fernando Collor, Itamar
Franco e Fernando Henrique Cardoso. Tomando por referência os anos de 1990 e 1998, duas marcantes alterações se
destacam na observação dos números.
Com base no quadro e na afirmativa:
a) mencione as duas transformações marcantes ocorridas na estrutura de propriedade das maiores empresas industriais
entre os anos indicados.
b) analise o significado econômico-social de ambas as transformações.
3. (UNESP) A década de 1930 no Brasil é normalmente associada ao varguismo. Além da liderança de Getúlio Vargas,
o período também apresentou forte radicalização política. Como podemos associar tal fenômeno ao panorama inter-
nacional de então? Cite dois exemplos de agrupamentos políticos radicais atuantes no Brasil dos anos 30 e algumas
de suas principais propostas.
137
4. (UFMG) Observe esta charge, em que se ironiza uma suposta reunião de ditadores latino-americanos para a criação
de uma jovem nação:
Identifique e explique um dos aspectos relacionados ao conjunto das ditaduras latino-americanas que se destaca
nessa charge.
5. (FGV-RJ) “Você que é explorado/não fique aí parado! 6. (FGV) Leia o texto abaixo e depois responda às ques-
O bramido era impressionante. Não eram mais os cór- tões propostas:
regos de estudantes na contramão, por entre os carros. Na plataforma do Bloco Operário de 5 de janeiro de
Era o rio Amazonas do povão que ocupava quarteirões 1927, apresentava-se a noção de ‘direitos políticos de
da Rio Branco. Depois do enterro de Edson Luís, era a classe’: defesa dos interesses dos trabalhadores ur-
primeira passeata legal, tolerada pelo governo (...) De banos e rurais, apoio às suas lutas e reivindicações e
manhã a cidade já estava toda cheia de gente. Uma gre- defesa das liberdades políticas dos trabalhadores (as-
ve geral tácita paralisou o centro, o povo todo foi para a sociação, reunião, pensamento e palavra).
rua (...). Como não ia haver pauleira – o governador Ne-
grão de Lima garantira, na véspera, pela TV, a ausência KAREPOVS, D., A classe operária vai ao Parlamento. O Bloco Operário
e Camponês do Brasil (1924-1930). São Paulo: Alameda, 2006, p. 57.
da PM – fomos todos apetrechados para a luta pacífica.
Sprays, panfletos e cordas vocais (...) O grande comí- a) Explique o que era o Bloco Operário Camponês.
cio na Cinelândia durou horas (...) Findo o comício, a b) Aponte as características políticas da crise política
passeata, que se calculava numas cem mil pessoas, no Brasil na década de 1920.
desceu a Rio Branco, rumo à Candelária. Era o carnaval c) Apresente quatro itens do programa do BOC.
na avenida. (...) Os cordões de gente sorridente, gritan-
7. (UEL) Analise a foto, a seguir, tirada durante o período
do, os braços entrelaçados, avançavam lentamente. Eu
do Regime Militar no Brasil (1964-1985).
descobria aqui e ali amigos de infância que nunca mais
tinha visto, pais de amigos, professores. A classe média
carioca comparecera em peso.
Era a réplica, em sentido inverso, da ‘Marcha da
Família’, com a qual essa mesma classe média saudara
o golpe de 64.”
SIRKIS, Alfredo. Os carbonários. Memórias da guerrilha
perdida. São Paulo: Global, 1980, pp. 75-77.
138
Com base nessa afirmativa: 2. (UEL) Leia a letra de canção a seguir.
a) indique uma das contradições que levaram ao gol-
pe de 1964 e mencione o presidente da República do Vai, minha tristeza, e diz a ela
qual Roberto Campos foi ministro; Que sem ela não pode ser
b) explique a relação entre o golpe civil-militar de Diz-lhe numa prece que ela regresse
1964 e o aprofundamento da desnacionalização da
economia brasileira. Porque eu não posso mais sofrer
139
Nada sobre uma granada que explodiu na Vila Militar, 6. (FUVEST)
matando um tenente e vários soldados; Nada contra a
Espanha; Proibidas quaisquer alusões ao regime brasi-
leiro anterior a 10 de novembro de 1937, sem prejuí-
zo de referências à democracia, pois o regime atual é
também uma democracia; Nada assinado por Oswald
de Andrade”.
(Depoimento do jornalista Hermínio Sacchetta ao repórter Noé Gertel
para a Folha de SãoPaulo em 1979. Disponível em: <http://almanaque.
folha.uol.com.br/memoria_6.htm>. Acesso em: 27 jul. 2011.)
4. (UFLA) Leia e analise as seguintes citações: Esta fotografia mostra São Paulo, em 1950. Observe-a
CITAÇÃO I: e responda:
“É para abrir mesmo. E quem não quiser que abra, en- a) Que símbolos da modernidade nela aparecem?
frento e arrebento.” b) Por que São Paulo, a exemplo de outras cidades
(João B. Figueiredo. In: BARROS, E.L. brasileiras, cresceu tanto a partir da década de 1950?
“Os governos militares”. SP: Contexto, 1991, p.90)
CITAÇÃO II: 7. (UNICAMP) Após o Ato Institucional nº 5, a ditadura
firmou-se. A tortura foi o seu instrumento extremo de
“Quando vemos manifestações como a que temos as-
coerção, o último recurso de repressão política desen-
sistido em todo o país, nos convencemos de que, haja
cadeada pelo AI-5. Ela se tornou prática rotineira por
o que houver e custe o que custar, a democracia jamais
conta da associação de dois conceitos. O primeiro re-
será varrida da consciência nacional.”
laciona-se com a segurança da sociedade: o país está
(Tancredo Neves - extraído de “Retrato do Brasil”. São Paulo
Política Editora, 1986. Depoimentos, vol.4, p.27-28) acima de tudo, portanto vale tudo contra aqueles que
o ameaçam. O segundo associa-se à funcionalidade do
a) Com base na CITAÇÃO I, apresente dois fatores funda- suplício: havendo terroristas, os militares entram em
mentais para caracterizar o processo de “Abertura Políti-
cena, o pau canta, os presos falam e o terrorismo acaba.
ca” (1977-1985), iniciado no governo do general Geisel
e completado no governo do general João Figueiredo. (Adaptado de Elio Gaspari, “A ditadura escancarada”.
b) Tomando como base a CITAÇÃO II, indique dois parti- São Paulo: Companhia das Letras, 2002, p. 13, 17.)
dos que atuaram nas manifestações populares desenca- a) Segundo o texto, de que maneiras o regime dita-
deadas a partir do processo de “Abertura Política”. torial implantado no Brasil após 1964 justificava a
c) Com base na CITAÇÃO II, indique qual foi o anseio tortura aos opositores?
político das manifestações populares ocorridas na época.
b) Por que o AI-5 representou uma ruptura com a le-
5. (UFF) “Do ponto de vista econômico, stricto sensu, o galidade?
golpe de 1964 não correspondeu a nenhum marco no
sentido da definição de um novo modelo de acumula- 8. (FGV) “...Nada mais vos posso dar a não ser meu
ção. Pelo contrário, seu papel foi apenas o de garantir a sangue. Se as aves de rapina querem o sangue de al-
consolidação definitiva do modelo implantado nos anos guém, querem continuar sugando o povo brasileiro, eu
50, aprimorando-o. Uma vez “limpa a casa”, em pleno ofereço em holocausto a minha vida... Cada gota de
auge da recessão econômica, a política econômica do meu sangue será uma chama imortal em vossa consci-
novo governo obedeceu a dois imperativos: a) recriar ência e manterá a vibração sagrada para a resistência.
condições para financiar as inversões necessárias à re- Ao ódio respondo com o perdão. E aos que pensam
tomada da expansão capitalista; e b) fornecer as bases que me derrotaram respondo com a minha vitória...
institucionais do processo de concentração oligopolista Lutei contra a espoliação do Brasil. Lutei contra a
a qual, até o momento, vinha se dando caoticamente”. espoliação do povo. Tenho lutado de peito aberto. O
MENDONÇA, Sonia Regina de. “Estado e Economia no Brasil: ódio, as infâmias, a calúnia não abateram meu ânimo.
Opções de Desenvolvimento”. 3a. ed., Rio de Janeiro, Graal, 2003. Eu vos dei a minha vida. Agora ofereço a minha mor-
te. Nada receio. Serenamente dou o primeiro passo no
Com base no texto acima,
caminho da eternidade e saio da vida para entrar na
a) indique duas medidas de política econômica, prati- história.”
cadas pelo governo militar pós-64, responsáveis pela
recriação das condições de financiamento da expan- “Carta-Testamento de Getúlio Vargas” in Documentos
são capitalista no Brasil; deHistória do Brasil, organizado por Mary Del PRIORE
e outros, São Paulo, Scipione, 1999, pp. 98-99.
b) explique por que o golpe de 64 não representou
mudança estrutural no modelo de desenvolvimento, A Carta-Testamento de Getúlio Vargas foi publicada
vigente desde a segunda metade da década de 50.
pela imprensa brasileira em 24 de agosto de 1954. O
140
suicídio do presidente da República foi um dos episó- 9. (UFSCAR) As duas Grandes Guerras do século passa-
dios mais dramáticos da História brasileira no século do afetaram significativamente nosso país, mas o Brasil
passado e ocorreu em meio a uma grave crise política. de 1939 a 1945 era bem diferente do Brasil de 1914 a
Analise tal situação, considerando: 1918. Levando em conta esses aspectos, indique a situ-
§ O panorama da crise política de 1954. ação e o posicionamento do nosso país na:
§ As características da política de massas do período. a) Primeira Guerra Mundial.
§ As consequências políticas da morte de Vargas. b) Segunda Guerra Mundial.
10. (UEL) No século XXI, o mundo ainda não conseguiu se desvencilhar do etnocentrismo, dos nacionalismos ou lo-
calismos radicais e dos preconceitos.
Com base nas imagens e nos conhecimentos sobre o tema, escolha um momento da história da humanidade para
discorrer sobre práticas de intolerância.
141
142
FILOSOFIA
143
ARTHUR SCHOPENHAUER (1788-1860)
O polonês Arthur Schopenhauer foi criado para ser um diante das formas a priori da minha própria consciência.
homem de negócios, com estudos de línguas e viagens a Numa relação subjetiva entre o objeto e o indivíduo, a qual
outros países, como seu pai; porém, após o falecimento do criamos a nossa representação diante do mundo. Assim,
pai, o jovem polonês escolheu a Filosofia, para o desalento não existe uma única resposta, nem uma única representa-
de sua mãe. ção dos fenômenos, isto é, do mundo. Com isso, o mundo
é um conjunto de representações.
Numa aproximação com o pensamento oriental, o filósofo
polonês é o primeiro pensador ocidental a valorizar essa
filosofia. Não seguindo uma dualidade cartesiana entre
razão e vontade, Schopenhauer define que a vontade é a
essência da subjetividade, ou seja, é a própria essência do
“eu”, isso para os animais se expressa como instinto.
Para ele, essa vontade é a essência do mundo, causando
a dor no indivíduo. Sendo fruto de um descontentamento
do próprio estado do ser, impulsionando uma realização
que não será alcançada, gerando, com isso, um arrependi-
mento, uma espécie de sofrimento. Para interromper essa
ordenação de vontade que gera sofrimento, Schopenhauer
aponta a arte como ferramenta de anulação da vontade
no homem, o que faz ele esquecer do seu sofrimento, e
não extingui-lo.
O filósofo da representação Com isso, o filósofo não extingue o sofrimento, ele apre-
e da vontade senta que é preciso saber que a razão não tem controle
Em 1818, surge uma de suas maiores obras, intitulada O total perante a vontade, mas é preciso saber conviver e
mundo como vontade e representação. Para o pensador observar as coisas boas desse sofrimento.
alemão, tudo o que existe para mim é o que eu percebo,
Nietzsche escreveu, sob a forma de aforismos (máximas De modo que, foi com Sócrates o começo da decadência
ou sentenças curtas que exprimem um conceito), a maior humana, pois foi o pensador ateniense, com sua dialéti-
parte de suas obras. O conjunto de suas obras revela como ca, que direcionava as conversas e moldava conforme os
preocupação básica uma crítica profunda e impiedosa à ci- seus próprios valores o rumo das falas, julgando os valores
vilização ocidental, crítica à massificação, à visão de mundo morais dos seus interlocutores, colocando como o cami-
burguesa e ao conservadorismo cristão. nho correto do pensamento, a sua interpretação dos fatos,
144
Além de conduzir o interlocutor a calar-se perante as impo- to coletivo, ressaltando uma essência de desqualificação
sições ilusórias revestidas de verdade. perante o outro. Nesses valores está a obediência, o des-
qualificar-se, humilhando-se perante os mandos dos ou-
Entretanto, Nietzsche acreditava que só o filósofo pode-
tros. Nietzsche define essa moral, como a ação ressentida
ria curar os males da civilização – visto que o mundo está
de “dar a outra face”, de aceitar completamente passivo
doente, pois os homens não estão sabendo viver –, sendo
aos mandos e desmandos dos outros.
que só os filósofos podem se colocar além dos juízos mo-
rais, e consegue enxergar que através da arte podemos nos Para o filósofo essa luta entre a moral do senhor e a moral
afastar da dor e do surgimento, fazendo o papel de um dos escravos está presente nos nossos dias. E para superar
médico que pretende sanar os males. Mas essa categoria essa dicotomia era preciso reavaliar a moral, para corrigir
de filósofo era baseada nos pensadores que aceitam as as inconsistências de ambas as morais. Num movimento
críticas como algo positivo, como “investigadores”, e não de transvaloração de todos os valores, ou seja, repensar
como a visão do filósofo construída após Sócrates, como nos valores morais, sem recair num dualismo que arruinou
o dono da verdade absoluta. Seria numa concepção de fi- a sociedade anteriormente.
lósofo como o próprio Zaratustra, personagem criado por
Nietzsche para ilustrar esse médico da sociedade. Assim falou Zaratustra
Em 1883, Nietzsche escreveu, segundo ele próprio, a sua
A moral do senhor e a maior contribuição para a humanidade, o livro “Assim
moral do escravo Falou Zaratustra – um livro para todos e para ninguém”.
Ao se debruçar sobre os valores que regem a sociedade, Nesse livro, o filósofo busca apresentar a necessidade da
Nietzsche analisa a existência de dois tipos de moral: a mo- mudança na sociedade, alertando da hipocrisia que consti-
ral do senhor e a moral do escravo. tuem o homem e a sociedade.
Seguindo uma polaridade, a moral do senhor consiste Com uma linguagem repleta de metáforas, guiada pelo
numa moral da força de vontade, voltada para um grupo choque de paradoxos, o livro retrata o ermitão Zaratustra,
dominante, que almeja controlar e se impor perante os ou- um personagem que após dez anos isolado nas monta-
tros. Numa clara valorização de si, tendo um orgulho imen- nhas, decide contar para a sociedade a boa nova: “Deus
so de seus atos. Seria uma vontade de agir, de dominar as está morto, e é a vez dos seres humanos”.
ações coletivas. Zaratustra também é o anunciador do “além do homem”
Enquanto a moral do escravo, também denominada moral (übermensch), um estágio que o ser humano pode alcançar
do rebanho caracteriza-se como os valores de rebaixamen- se souber viver bem, querendo sempre conhecer mais.
FILOSOFIA DA CIÊNCIA
145
A ciência consiste em grande parte em solucionar os pro-
blemas. Para o filósofo, uma teoria é científica somente se
for refutável por um evento concebível. Assim, todo teste
é uma tentativa de refutá-la ou falsificá-la. De modo que,
o filósofo estabelece uma distinção clara entre a lógica da
falseabilidade e sua metodologia aplicada. A lógica utiliza-
da é simples: se um único metal ferroso não é afetado por
um campo magnético, não é possível que todos os metais
ferrosos sejam afetados por campos magnéticos.
Dessa forma, enquanto defende a falseabilidade como o
critério de demarcação para a ciência, Popper afirma a pos-
sibilidade de que, na prática, uma única prova conflitante Kuhn rejeitou as visões tradicionais e as visões de Popper.
ou contrária nunca é metodologicamente suficiente para Isso ocorre pois a ciência só pode ter sucesso se houver um
refutar uma teoria. Esse fato condiciona que teorias cien-
forte compromisso da comunidade científica relevante com
tíficas sejam frequentemente mantidas, embora tenham
suas crenças, valores e técnicas.
sofrido o processo de refutação.
A constelação de compromissos compartilhados, é denomi-
FENOMENOLOGIA DO CONHECIMENTO
Edmund Husserl (1859-1938) de Husserl é uma meditação lógica, sem conter as incer-
tezas da própria lógica, excluindo mediante o uso de uma
O filósofo e matemático alemão Edmund Husserl rompe linguagem qualquer tipo de incerteza. Seu estilo filosófico
com uma orientação positivista e desenvolve uma estrutu- é direcionado para o interrogatório, o radicalismo e o ina-
ra mais objetiva, a Fenomenologia, definindo-a como uma cabamento essencial do fenômeno.
filosofia transcendental-idealista.
O Método Fenomenológico
Primeiro passo dessa corrente, é ter ciência que para com-
preender o fenômeno é preciso estar próximo dele, ou seja,
deve-se ir às coisas mesmas, tendo uma atitude intelectual.
Após isso, a próxima etapa seria a redução transcendental
ou redução fenomenológica, que consiste em reduzir o pro-
blema para compreendê-lo melhor. Com isso, ocorre um en-
tendimento, que se funda no rigor, valorizando o ser na sua
singularidade, tendo uma relevância com o que se manifesta.
Maurice Merleau-
Husserl sofre influência de Platão e Descartes, com uma
Ponty (1908-1961)
análise de uma psicologia descritiva dos atos, implicando O filósofo francês Merleau-Ponty desenvolve sua teoria sobre
uma nova concepção da subjetividade. A fenomenologia a fenomenologia, tendo grande influência do pensamento
146
de Edmund Husserl. Entretanto, ao desenvolver a sua própria mento o filósofo ultrapassou as visões de sua época, de
filosofia, nega a doutrina de Husserl. modo que o ser humano não possui um corpo, ele é corpo.
Assim, a verdade não está contida somente no interior do
Para Merleau-Ponty, a construção teórica se faz na manei-
homem, ela está em toda parte, sendo a base da consciên-
ra de se portar do corpo e na captação de impressões dos
cia. O corpo se torna meio de comunicação com o mundo,
sentidos. De modo que o corpo é um organismo como uma
enquanto a experiência motora representa uma forma de
configuração integral a ser explorada. Com isso, o homem
acessarmos esse mundo.
seria o núcleo de debates sobre o conhecer, como é criado e
percebido em seu corpo. Merleau Ponty converte o processo
fenomenológico para uma modalidade existencial.
EXISTENCIALISMO
147
realizar o que pretendia, fracassando diante de suas ex-
pectativas. Jean-Paul Sartre
(1905-1980)
O filósofo francês Jean-Paul Sartre consegue ser um pensador
cujas análises técnico-conceituais alcançam um rigor e uma
sistematicidade que se revestem muitas vezes de grande ari-
dez, o que não o impediu de ser, paradoxalmente, o mais
popular dos filósofos contemporâneos, e como romancista,
um escritor de forte imaginação e profunda originalidade.
Martin Heidegger
(1889-1976)
O filósofo alemão Martin Heidegger buscou compreender
o sentido do ser, a sua essência. Para ele, o ente é a exis-
tência, o modo de ser do homem. O ser é a essência, aquilo
que determina a existência ou o modo de ser do homem.
Simone de Beauvoir
um projeto.
Porém, o fato de estar no mundo compreendido como
possibilidade de ser gera a angústia, que pode ser enten-
dida como sentir-se no mundo em estado de carência ou
(1908-1986)
de temor indeterminado. A angústia é a compreensão da A filósofa e escritora francesa Simone de Beauvoir desenvol-
precariedade da condição humana. ve o primeiro pensamento a favor da mulher na sociedade.
148
Beauvoir formula a relação que há milênios estrutura a
relação homem e mulher: o homem vê, a mulher é vista;
o homem é sujeito, a mulher é irremediavelmente objeto.
Crítica dos discursos existentes (biologia, psicanálise, ma-
terialismo histórico), crítica da história, que mostra que “os
homens sempre detiveram todos os poderes concretos”,
crítica das representações literárias (os propagados “mi-
tos” que veiculam imagens contraditórias, da mãe e da
prostituta), crítica das atitudes adotadas e nas quais a mu-
lher se aliena (o narcisismo, o amor), Beauvoir apela enfim
à alforria, à independência, enfatizando o anseio de um
dia ver reinar não uma igualdade na diferença, mas uma
igualdade verdadeira.
Seu livro mais famoso, intitulado Segundo Sexo, consiste
em denunciar o caráter sócio-histórico vinculado à noção
de "mulher" e impedir qualquer redução desta última a
alguma natureza presumível. Segundo Beauvoir, "não se
nasce mulher, torna-se mulher". É o ato de existir que cria
condições para as formações identitárias.
ESCOLA DE FRANKFURT
149
tâncias, na literatura, no cinema ou nas artes plásticas. Em
seu ensaio A obra de arte na era da reprodutibilidade técni-
ca, Benjamin realiza uma reflexão sobre as mudanças esté-
ticas da sociedade contemporânea. Enquanto Adorno vê a
indústria cultural de maneira negativa e alienante, Benjamin
constata que a industrialização e a modernidade criaram
alterações estéticas significativas para a produção artística.
Se antes o contato estético com obras de arte era restrito e
Max Horkheimer elitizante, a indústria cultural retira o caráter único das obras
de arte (a aura da obra). Novas possibilidades estéticas são
Os filósofos Theodor W. Adorno e Max Horkheimer elabora-
possíveis a partir das mudanças criadas na modernidade.
ram a “Dialética do Esclarecimento”, publicada em 1947.
Esta obra sustenta a tese de que os conceitos de mito e es-
clarecimento não traçam uma simples relação de oposição, A Indústria Cultural
mas antes uma relação dialética, uma vez que o mito já com- Com a indústria cultural, nota-se que quase todas as merca-
porta algum elemento da racionalidade do esclarecimento, dorias que estão à venda – música, dança, imagens, roupas
enquanto no esclarecimento ainda permanece um conteúdo – trazem consigo a ideia de um estilo, que deve ser compra-
de irracionalidade mítica, que termina por encaminhá-lo à do ou – se isso não for possível – imitado.
barbárie.
Assim, além das artes, a religião e o esporte também viraram
Trata-se de uma crítica à ilusão do racionalismo, fundada no produtos. As pessoas deixam de praticar a religião e o espor-
Iluminismo, que seguindo apenas atos racionais tendem a te para assisti-los pela televisão. Para encontrar o sagrado,
atos contra a humanidade. Isso representa uma crítica da não é mais necessário estar juntos com os demais fiéis e fa-
razão instrumental. De modo que, a racionalidade merca- zer orações com eles, basta ligar a televisão ou o rádio no
dológica ilude o indivíduo, dando-lhe uma falsa esperança horário marcado e será possível ter o sagrado em domicílio.
de sucesso e uma falsa condição de liberdade de escolhas, Com o esporte, é mais fácil comer pipoca à frente da TV do
perante as poucas opções que temos. que ir a um estádio, ou jogar aquela partida com os amigos.
Como se vê, todas as emoções estão à venda, mas duram
Walter Benjamin (1892-1940) pouco para que voltemos a comprar outras.
O filósofo alemão Walter Benjamin discorre sobre a Arte, A filosofia dos frankfurtianos é conhecida como teoria crítica,
que, mesmo num mundo materialista e de puro consumo, em oposição à teoria tradicional, representada pelos filóso-
contém ainda uma aura de singularidade. Dessa forma, a fos desde Descartes e cujo racionalismo atingiu seu melhor
Arte precisa se desvincular do processo de reproduções que momento no Iluminismo. O que eles criticam? Eles sendo lei-
visam apenas ao lucro e se direcionar para humanizar o ser tores de Marx, Nietzsche, Freud e Heidegger, os pensadores
humano, mediante provocações que desencadeiem uma au- de Frankfurt sabem que não se adere à razão inocentemen-
tonomia nesse indivíduo, ou seja, uma iluminação interna. te. Concluem que a razão, exaltada tradicionalmente por ser
Benjamin afirma que o conhecimento é assegurado pelo "iluminada", também traz sombras em seu bojo, quando se
despertar do homem, pela via da arte, em toda as suas ins- torna instrumento de dominação.
150
A Banalidade do Mal de concentração. Em sua defesa, o oficial afirmou que fez só
por cumprir ordens e fazer o seu trabalho, e não por odiar
Hannah Arendt trata da questão do horror na sociedade, os judeus. Nesse caso, Arendt analisa que a falta de uma
consolidada como uma mera repetição do homem. Essa per- reflexão nas suas próprias ações faz o homem agir sem cons-
da da consciência do indivíduo perante o seu semelhante, ciência e tende a criar e reproduzir o mal, ou seja, o próprio
propicia a esse ser uma prática do mal sem reflexão. Assim, a horror, como uma mera engrenagem mecânica, banalizando
filósofa remete que o mal está enraizado em quem o pratica, o mal nas ações cotidianas.
gerando uma não identificação como o próximo, e conse- Diante disso, o mal banal fica caracterizado como a ausência
quentemente, uma mera ação sem juízo. do pensamento, desencadeando a privação de responsabili-
Esse conceito de banalidade do mal está inserido na obra dade. Com isso, é possível a compreensão da violência nas
Eichmann em Jerusalém, em que Arendt analisa o julgamen- sociedades contemporâneas, que atinge grupos e indivíduos
to do oficial nazista Adolf Eichmann, militar responsável por nessa sociedade. Um processo de violência que aumenta sig-
organizar a logística do transporte de judeus para os campos nificativamente nos últimos tempos.
151
Seguindo um movimento de que todos os campos do co- de uma democracia representativa, de modo que a ação
nhecimento se conversam e se interagem ao mesmo tempo. comunicativa desenvolve ações efetivas de uma ação cole-
No campo político, por sua vez, sua teoria se torna a base tiva e voltada para uma mudança social.
A FILOSOFIA E O PODER
152
O Leviatã contra a cidade grega: A formação pensada dade. Isso ocorre porque o sujeito acredita que o seu papel
por Hobbes direciona que poder do Soberano é superior não existe, devido às forças governamentais que tiraram
aos poderes existentes dos seus súditos. O poder grego es- qualquer tipo de relevância individual na sociedade.
tava associado ao cidadão, que queria viver bem numa so-
ciedade, pois vivia a cidade; entretanto, o homem moderno
não participa da cidade, só vive nela.
O direito remete a utilidade das coisas que quero. Desse
modo, a soberania é o único pilar de sustentação do corpo
político, visto que os homens se inclinam a seguir ordens,
a seguir a razão, mesmo que seja a razão do mais forte.
Um exemplo dessa relação pode ser notada na submissão
completa do cidadão diante das ações do governante atual.
O Leviatã e o Estado Burguês: as mudanças que a
modernidade fez com os cidadãos transfigurou o Estado
burguês, que modificou as relações sociais e políticas, asso-
ciando-as com as relações econômicas. Um dos principais
autores que debateram os princípios liberais e a sua rela-
ção com o Estado foi o intelectual John Locke.
Separando esse cidadão de uma participação efetiva do Es-
tado, que é guiado por instituições. Diante disso, o indivíduo
se insere no “estado civil” e se prende às amarras impostas
pelas autoridades. Sendo que essa prisão é revestida de uma
liberdade “natural” para que esse ser permaneça anestesia-
do e repetindo as ações condicionadas.
O exemplo típico desse poder, o sujeito acomodado em
associar todas as relações sociais sendo relações econômi-
cas, se vê afastado de qualquer interferência política, acaba
condicionado a repetir as suas ações cotidianas. E quando
faz algo, é meramente uma troca de favores.
A Comédia Liberal: o liberalismo fomentou as liberdades
civis, inserida numa esfera econômica. A crítica apontada
pelo autor é a ilusão construída pelo liberalismo, que ilude o
cidadão de um Estado que ele não participa, só é usado por
este, sendo manipulado.
Um exemplo dessa relação de poder, observamos quando
o indivíduo veste a camisa de um partido ou de um movi-
mento e sai para uma manifestação; porém, esse mesmo
sujeito não sabe as reais reivindicações da manifestação.
O Último Chefe: o individualismo contemporâneo pode le-
var a passar o poder para os representantes legais, que não
se importaram com esses cidadãos. A problemática aponta-
da pelo autor é que o poder atual está revestido por forças
econômicas, sociais e políticas que direcionam os cidadãos
de um grupo a seguirem ideologias que apontam diversos
“nortes” para esse ser, mas afastam esse indivíduo de qual-
quer participação efetivamente política.
Um exemplo dessa relação de poder denota no indivíduo
uma anulação plena nesse ser, a tal ponto que o sujeito
não vê nenhuma possibilidade de interferirem em sua reali-
153
U.T.I. - Sala c) compositores do século XIX, como, por exemplo,
Wolfgang Amadeus Mozart, compositor de uma
ópera de nome “Crepúsculo dos deuses”, parodia-
1. (UNESP) Nossa felicidade depende daquilo que somos, da no título.
de nossa individualidade; enquanto, na maior parte das
d) conceitos de razão e moralidade preponderantes
vezes, levamos em conta apenas a nossa sorte, apenas
nas doutrinas filosóficas dos vários pensadores que o
aquilo que temos ou representamos. Pois, o que alguém
antecederam e seus compatriotas e/ou contemporâ-
é para si mesmo, o que o acompanha na solidão e nin-
neos Kant, Hegel e Schopenhauer.
guém lhe pode dar ou retirar, é manifestamente mais es-
sencial para ele do que tudo quanto puder possuir ou ser 4. (UEM 2019) O filósofo alemão Nietzsche realizou
aos olhos dos outros. Um homem espiritualmente rico, em sua obra uma crítica das posições metafísicas dos
na mais absoluta solidão, consegue se divertir primo- filósofos anteriores. Ele afirma: “Contraponhamos a
rosamente com seus próprios pensamentos e fantasias, isso, afinal, de que modo diferente nós (- digo nós por
enquanto um obtuso, por mais que mude continuamente cortesia...) captamos no olho o problema do erro e da
de sociedades, espetáculos, passeios e festas, não conse- aparência. Outrora se tomava a alteração, a mudança, o
gue afugentar o tédio que o martiriza. vir-a-ser em geral como prova de aparência, como signo
(Schopenhauer. Aforismos sobre a sabedoria de vida, 2015. Adaptado.) de que tem de haver algo que nos induz em erro. Hoje,
inversamente, na exata medida em que o preconceito
Com base no texto, é correto afirmar que a ética de da razão nos coage a pôr unidade, identidade, duração,
Schopenhauer substância, causa, coisidade, ser, vemo-nos, de certo
a) corrobora os padrões hegemônicos de comportamen- modo, enredados no erro, necessitados ao erro; tão se-
to da sociedade de consumo atual. guros estamos, com fundamento em um cômputo rigo-
roso dentro de nós, de que aqui está o erro.”
b) valoriza o aprimoramento formativo do espírito como
campo mais relevante da vida humana. (NIETZSCHE, F. O crepúsculo dos ídolos. In: FIGUEIREDO,
c) valoriza preferencialmente a simplicidade e a humilda- V. (org.) Seis filósofos na sala de aula, v. 2. São
Paulo: Berlendis & Vertecchia, 2007, p. 175).
de, em vez do cultivo de qualidades intelectuais.
d) prioriza a condição social e a riqueza material como as Acerca das teses de Nietzsche sobre o ser, a aparência, a
determinações mais relevantes da vida humana. verdade e o erro, assinale o que for correto.
e) realiza um elogio à fé religiosa e à espiritualidade em 01) Nietzsche propõe que é ilusório conceber a verda-
detrimento da atração pelos bens materiais. de como algo único e permanente.
2. (ENEM) Sentimos que toda satisfação de nossos de- 02) A arte é um processo de falsificação pelo qual
sejos advinda do mundo assemelha-se à esmola que construímos um mundo verdadeiro.
mantém hoje o mendigo vivo, porém prolonga amanhã 04) O homem está “enredado no erro” porque preci-
a sua fome. A resignação, ao contrário, assemelha-se à sa contar com a previsibilidade e a racionalidade para
fortuna herdada: livra o herdeiro para sempre de todas sobreviver.
as preocupações. 08) A crítica de Nietzsche se dirige à maneira como a
filosofia moderna se desviou das teses dos pensado-
SCHOPENHAUER, A. Aforismo para a sabedoria
da vida. São Paulo: Martins Fontes, 2005.
res pré-socráticos Parmênides e Heráclito.
16) Segundo Nietzsche, a ciência moderna investiga
O trecho destaca uma ideia remanescente de uma tradi- as transformações dos fenômenos naturais, por isso
ção filosófica ocidental, segundo a qual a felicidade se compreende que o mundo é fundamentalmente um
mostra indissociavelmente ligada à processo de vir-a-ser.
a) a consagração de relacionamentos afetivos. 5. (UECE 2019) “[N]ão existe contraposição maior à exe-
b) administração da independência interior. gese e justificação puramente estética do mundo [...] do
c) fugacidade do conhecimento empírico. que a doutrina cristã, a qual é e quer ser somente moral,
d) liberdade de expressão religiosa. e com seus padrões absolutos, já com sua veracidade de
e) busca de prazeres efêmeros. Deus, por exemplo, desterra a arte, toda arte, ao reino
da mentira – isto é, nega-a, reprova-a, condena-a.”
3. (UFSJ) “A Filosofia a golpes de martelo” é o subtítulo
que Nietzsche dá à sua obra Crepúsculo dos ídolos. Tais NIETZSCHE, F. O nascimento da tragédia, ou helenismo e pessimismo.
– “Tentativa de autocrítica”.
golpes são dirigidos, em particular, ao(s) São Paulo: Companhia das Letras, 1992, p. 19.
a) conceitos filosóficos e valores morais, pois eles são
os instrumentos eficientes para a compreensão e o Nessa passagem, Nietzsche
norteamento da humanidade. a) apoia a valorização moral da obra de arte, negando
b) existencialismo, ao anticristo, ao realismo ante a que seja possível obras de arte divergentes da moral
sexualidade, ao materialismo, à abordagem psico- cristã.
lógica de artistas e pensadores, bem como ao anti- b) defende uma arte verdadeira, contra a arte cristã,
germanismo. que adere à mentira, pois não passa de uma moral.
154
c) concebe que os padrões absolutos do cristianismo e) A concepção de ciência que Popper sustenta é a pas-
são supraestéticos, suprassensíveis, e por isso valori- sivista ou receptacular, na qual as teorias científicas são
zam a arte. elaboradas por meio dos sentidos e o erro surge ao
d) critica a concepção moral da existência em defesa interferirmos nos dados obtidos da experiência.
do caráter sensível, estético do mundo, tal como se
configura na arte. 8. (UEPG-PSS 3 2019) Sobre a concepção científica con-
temporânea dos filósofos Karl Popper e Thomas Kuhn,
6. (UNIOESTE 2018) Considere os seguintes excertos: assinale o que for correto.
“Dionísio já havia sido afugentado do palco trágico e o 01) Karl Popper criticou o critério da verificabilidade
fora através do poder demoníaco que falava pela boca apreciado pelos filósofos do Círculo de Viena.
de Eurípedes. Também Eurípedes foi, em certo sentido, 02) Karl Popper propôs o princípio da falseabilidade
apenas máscara: a divindade, que falava por sua boca, como tentativa de provar a falsidade de uma teoria.
não era Dionísio, tampouco Apolo, porém um demônio 04) Thomas Kuhn desenvolveu a ideia de paradigma
de recentíssimo nascimento, chamado Sócrates”. para a ciência.
Nietzsche, F. O Nascimento da Tragédia ou Helenismo e Pessimismo. 08) De acordo com Thomas Kuhn, a transição entre as
Trad. J. Guinsburg. São Paulo: Companhia das Letras, 1996. teorias científicas acontece por meio de revoluções.
“O Nascimento da tragédia tem dois objetivos princi- 9. (UEM 2019) O filósofo Thomas Kuhn, em sua obra Estru-
pais: a crítica da racionalidade conceitual instaurada na tura das revoluções científicas, entende que o progresso
filosofia por Sócrates e Platão; a apresentação da arte da ciência acontece por meio da substituição dos para-
trágica, expressão das pulsões artísticas dionisíaca e digmas nos quais se baseiam os conhecimentos e as hipó-
apolínea, como alternativa à racionalidade”. teses científicas de uma época por novos paradigmas. Os
Machado, R. “Arte e filosofia no Zaratustra de Nietzsche” In: Novaes, paradigmas são questionados porque já não podem mais
A. (org.) Artepensamento. São Paulo. Companhia das Letras, 1994. resolver os problemas científicos acumulados, e o surgi-
mento de hipóteses que exigem princípios diferentes e
Os trechos acima aludem diretamente à crítica nietzs-
chiana referente à atitude estética que contraditórios para a explicação dos fenômenos revela
uma crise que poderá dar lugar à construção de um novo
a) subordina a beleza à racionalidade. modelo consensual para as ciências. Acerca das teorias
b) cultua os antigos em detrimento do contemporâneo. sobre as revoluções científicas, assinale o que for correto.
c) privilegia o cômico ao trágico.
01) Atualmente, os métodos das ciências humanas en-
d) concebe o gosto como processo social. tendem que as realidades sociais seguem uma progres-
e) glorifica o gênio em detrimento da composição são constante, de forma que encontramos na história
calculada. leis e padrões semelhantes àqueles das ciências naturais.
7. (UEL 2020) Leia o texto a seguir. 02) Segundo Kuhn, a ciência não possui pontos de
vista neutros, pois os cientistas sempre levam em con-
Esta é uma concepção de ciência que considera a abor-
ta o seu contexto histórico.
dagem crítica sua característica mais importante. Para
avaliar uma teoria o cientista deve indagar se pode ser 04) Karl Popper propôs que a verdade das proposi-
criticada - se se expõe a críticas de todos os tipos e, em ções científicas pode ser verificada por meio do méto-
caso afirmativo, se resiste a essas críticas. do lógico dedutivo.
08) O método da falseabilidade proposto por Karl Po-
POPPER, Karl. Conjecturas e refutações. Trad.
Sérgio Bath. Brasília: UnB, 1982. p. 284. pper permitiu que as proposições das ciências huma-
nas fossem avaliadas de acordo com critérios objetivos.
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a filoso- 16) Segundo Popper, uma proposição do tipo “choverá
fia de Popper, assinale a alternativa correta. ou não choverá aqui amanhã” não é um enunciado
a) A concepção de ciência da qual fala Popper é aque- científico, pois não pode ser refutada pela experiência.
la que possui o princípio de verificabilidade, com pro-
posições rigorosas que procuram corrigir as teorias 10. (UEM 2018) “Todo o universo da ciência é construído
científicas. sobre o mundo vivido, e se queremos pensar a própria
b) A ciência busca alcançar o conhecimento de tipo ciência com rigor, apreciar exatamente seu sentido e
essencial, pois ele garante a verdade de uma teoria seu alcance, precisamos primeiramente despertar essa
científica, permitindo o desenvolvimento em direção experiência do mundo da qual ela é a expressão segun-
à verdade objetiva visada pela ciência. da. [...] As representações científicas segundo as quais
c) Uma teoria científica é verdadeira se suas propo- eu sou um momento do mundo são sempre ingênuas e
sições são empiricamente falsificáveis via testes, per- hipócritas, porque elas subentendem, sem mencioná-la,
mitindo que sejam autocorrigidas e desenvolvidas na essa outra visão, aquela da consciência, pela qual antes
direção de uma verdade objetiva. de tudo um mundo se dispõe em torno de mim e come-
d) Os testes empíricos nas ciências humanas, tais como ça a existir para mim.”
psicologia e sociologia, visam confirmar seu valor de (MERLEAU-PONTY, M. Fenomenologia da Percepção.
cientificidade, pois suas teorias são falsificáveis. In: MELANI, R. Diálogo: primeiros estudos em
Filosofia. São Paulo: Moderna, 2013, p. 280).
155
A partir do texto citado assinale o que for correto. 01) A fenomenologia critica as distinções clássicas,
01) As representações científicas pressupõem dados tais como alma e corpo, sujeito e objeto, matéria e
da consciência, mas não os explicitam por desconhe- espírito, coisa e representação.
cimento (ingenuidade) ou dissimulação (hipocrisia). 02) O ponto de vista de Deus não é mais possível,
02) Não é a ciência que determina o ser no mundo, nem necessário, para a renovação da filosofia.
mas a experiência do ser no mundo que deve deter- 04) O positivismo é esta filosofia nova, pois revoga a
minar as explicações científicas. ontologia clássica.
04) As representações científicas, ao levarem em con- 08) Merleau-Ponty privilegia o corpo, pois, através
dele, o homem constitui-se de uma consciência fática
ta a consciência que temos do mundo, falseiam os
ou concreta.
seus resultados.
16) A situação do objeto e do sujeito é relativa, pois a
08) As representações científicas captam apenas um
fenomenologia é o retorno à isegoria dos gregos e ao
momento do ser no mundo.
“meio termo” de Aristóteles.
16) As representações científicas devem se ater so-
mente às coisas experimentadas no mundo, e não 13. (UFU 2018) Considere o seguinte trecho, extraído da
levar em consideração os dados da consciência. obra A náusea, do escritor e filósofo francês Jean Paul
Sartre (1889-1980).
11. (UEM) Um dos principais problemas de nosso tempo "O essencial é a contingência. O que quero dizer é que,
diz respeito à linguagem: seus limites, suas vinculações, por definição, a existência não é a necessidade. Existir
em suma, sua capacidade de traduzir em signos as coi- é simplesmente estar presente; os entes aparecem, dei-
sas. A esse respeito, o filósofo francês Merleau-Ponty xam que os encontremos, mas nunca podemos deduzi-
afirma: “A palavra, longe de ser um simples signo dos -los. Creio que há pessoas que compreenderam isso. Só
objetos e das significações, habita as coisas e veicula que tentaram superar essa contingência inventando um
significações. Naquele que fala, a palavra não traduz ser necessário e causa de si próprio. Ora, nenhum ser
um pensamento já feito, mas o realiza. E aquele que necessário pode explicar a existência: a contingência
escuta recebe, pela palavra, o próprio pensamento” não é uma ilusão, uma aparência que se pode dissipar;
(In: CHAUI, M. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 2011, p. 196). é o absoluto, por conseguinte, a gratuidade perfeita."
A partir do trecho citado, assinale a(s) alternativa(s) correta(s). SARTRE, Jean Paul. A Náusea. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1986.
01) A palavra torna real um pensamento por meio da Tradução de Rita Braga, citado por: MARCONDES, Danilo Marcondes.
Textos Básicos de Filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editora, 2000.
fala, conferindo-lhe existência.
02) A palavra não consegue expressar a totalidade do Nesse trecho, vemos uma exemplificação ou uma referên-
objeto enunciado. cia ao existencialismo sartriano que se apresenta como
04) A palavra, ouvida ou escrita, é o pensamento ma- a) recusa da noção de que tudo é contingente.
nifesto em sua realidade. b) fundamentado no conceito de angústia, que deriva
08) A palavra faz uma mediação entre as coisas e o da consciência de que tudo é contingente.
pensamento. c) denúncia da noção de má fé, que nos leva a admitir
16) A palavra vincula-se intimamente aos objetos re- a existência de um ser necessário para aplacar o sen-
ais, pois é parte do ser desse objeto. timento de angústia.
d) crítica à metafísica essencialista.
12. (UEM) “O pensamento moderno, não por objeção
frontal, mas pelo desenvolvimento do próprio saber, leva 14. (Upe-ssa 3 2018) Sobre a Liberdade Humana, anali-
a uma revisão das categorias clássicas, a uma reforma da se os textos a seguir:
ontologia clássica do sujeito e do objeto. O núcleo desse
desenvolvimento – que deve levar, por sua vez, a uma
nova filosofia – consiste na descoberta de que a situação,
seja do 'objeto', seja do 'sujeito', não é mais passível de
exclusão da trama do conhecimento. Dito de outra for-
ma: o objeto 'verdadeiro', aquele de que a ciência tra-
ta, não é mais aquele objeto absoluto de que falavam
os clássicos, mas se torna, intrinsecamente, relativo. Em
suma, não há mais um objeto puro, em si, um objeto tal
como o próprio Deus (isto é, um observador absoluto) o
veria. Também não há mais esse sujeito absoluto, aquele
que começava por afastar toda manifestação sensível,
isto é, que começava por afastar, correlativamente, seu
próprio corpo para colocar-se como puro espírito.”
(MOUTINHO, L. D. Merleau-Ponty: entre o corpo e a alma. In:
Antologia de textos filosóficos. Curitiba: SEEDPR, 2009, p. 494.)
Sobre a nova filosofia de que fala o texto, assinale o É o que traduzirei dizendo que o homem está conde-
que for correto. nado a ser livre. Condenado porque não se criou a si
156
próprio; e, no entanto, livre porque, uma vez lançado ao essa reprodução. Desse modo, o esclarecimento regride
mundo, é responsável por tudo quanto fizer. à mitologia da qual jamais soube escapar.
(SARTRE, Jean-Paul. O existencialismo é um ADORNO & HORKHEIMER. Dialética do esclarecimento.
Humanismo. São Paulo: 1973, p. 15.) Fragmentos filosóficos. Trad. Guido Antonio de Almeida.
Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1985. p.17; 21; 34.
Com base no pensamento filosófico de Sartre sobre a
liberdade, assinale a alternativa CORRETA. Com base no texto e nos conhecimentos sobre a crítica
à racionalidade instrumental e a relação entre mito e
a) O homem não é, senão o seu projeto, escolha e
esclarecimento em Adorno e Horkheimer, assinale a al-
compromisso.
ternativa correta.
b) O homem não está condenado à liberdade; ele tem
escolha. a) O mito revela uma constituição irracional, na medi-
da em que lhe é impossível apresentar uma explicação
c) O homem é livre sem escolha e sem compromisso.
convincente sobre o seu modo próprio de ser.
d) O homem é seu projeto responsável sem escolha.
b) A regressão do esclarecimento à mitologia revela um
e) O homem é responsável e livre sem escolha.
processo estratégico da razão, com o objetivo de am-
15. (UEM 2018) “Na percepção, sempre há algo perce- pliar e intensificar seus poderes explicativos.
bido: na fabricação de imagens, há algo representado c) A explicação da natureza, instaurada pela racio-
em imagens; na enunciação, há algo enunciado; no nalidade instrumental, pressupõe uma compreensão
amor, algo amado; no ódio, algo odiado; no desejo, algo holística, em que as partes são incorporadas, na sua
desejado; e assim por diante. É isso que se deve reter especificidade, ao todo.
de todos esses exemplos usados por Brentano quan- d) O esclarecimento implica a libertação humana da
do declarava: ‘Todo fenômeno [...] é caracterizado por submissão à natureza, atestada pelo poder racional de
aquilo que os escolásticos, na Idade Média, chamavam diagnosticar, prever e corrigir as limitações naturais.
inexistência intencional (ou mesmo mental) de um ob- e) O esclarecimento se caracteriza por uma explicação
jeto; é o que nós chamaremos – embora tenhamos que baseada no cálculo, do que resulta uma compreensão
usar expressões equívocas – de relação a um conteúdo, da natureza como algo a ser conhecido e dominado.
orientação para um objeto’. Há variedades essenciais e
específicas na relação intencional. Em suma: há varieda- 17. (ENEM PPL 2018) A maioria das necessidades comuns
des na intenção (que, para fazer apenas uma descrição, de descansar, distrair-se, comportar-se, amar e odiar o
consiste sempre em um ‘ato’). São diferentes o modo que os outros amam e odeiam pertence a essa categoria
como uma ‘simples imagem’ de um estado de coisas de falsas necessidades. Tais necessidades têm um conte-
visa ao seu objeto e o modo do juízo que considera ver- údo e uma função determinada por forças externas, so-
dadeiro ou falso o mesmo estado de coisas.” bre as quais o indivíduo não tem controle algum.
MARCUSE, H. A ideologia da sociedade industrial: o
(HUSSERL, Investigações lógicas. In: SAVIAN
homem unidimensional. Rio de Janeiro: Zahar, 1979.
FILHO, J. Filosofia e filosofias: existência e sentidos.
Belo Horizonte: Autêntica, 2016, p. 352). Segundo Marcuse, um dos pesquisadores da chamada
Escola de Frankfurt, tais forças externas são resultan-
De acordo com o texto acima, assinale o que for correto.
tes de
01) A essência ou ideia das coisas é o modo de ser
a) aspirações de cunho espiritual.
das coisas em sua autodoação à consciência.
02) Pode-se afirmar que Husserl é um filósofo da re- b) propósitos solidários de classes.
presentação. c) exposição cibernética crescente.
04) O termo ‘inexistência’, indicado acima, significa d) interesses de ordem socioeconômica.
‘existir dentro’. e) hegemonia do discurso médico-científico.
08) A intencionalidade é a unidade radical entre a
18. (ENEM) O conceito de democracia, no pensamento
consciência e o objeto.
de Habermas, é construído a partir de uma dimensão
16) O intelecto humano é como uma tábula rasa ou
procedimental, calcada no discurso e na deliberação.
folha em branco, na qual as impressões inscrevem
A legitimidade democrática exige que o processo de
dados.
tomada de decisões políticas ocorra a partir de uma
16. (UEL 2019) Leia o texto a seguir. ampla discussão pública, para somente então decidir.
O programa do esclarecimento era o desencantamento Assim, o caráter deliberativo corresponde a um proces-
do mundo. Sua meta era dissolver os mitos e substi- so coletivo de ponderação e análise, permeado pelo
tuir a imaginação pelo saber. [..] O mito converte-se em discurso, que antecede a decisão.
esclarecimento, e a natureza em mera objetividade. O VITALE. D. Jürgen Habermas, modernidade e democracia
preço que os homens pagam pelo aumento de poder é deliberativa. Cadernos do
CRH (UFBA), v. 19, 2006 (adaptado).
a alienação daquilo sobre o que exercem o poder. [...]
O conceito de democracia proposto por Jürgen Ha-
Quanto mais a maquinaria do pensamento subjuga o bermas pode favorecer processos de inclusão social.
que existe, tanto mais cegamente ela se contenta com De acordo com o texto, é uma condição para que isso
157
aconteça o(a) 20. (UEG) As histórias, resultado da ação e do discurso,
a) participação direta periódica do cidadão. revelam um agente, mas este agente não é autor nem
produtor. Alguém a iniciou e dela é o sujeito, na dupla
b) debate livre e racional entre cidadãos e Estado.
acepção da palavra, mas ninguém é seu autor.
c) interlocução entre os poderes governamentais.
ARENDT, Hannah. A condição humana. Apud SÁTIRO,
d) eleição de lideranças políticas com mandatos tem- A.; WUENSCH, A. M. Pensando melhor – iniciação
porários. ao filosofar. São Paulo: Saraiva, 2001. p. 24.
e) controle do poder político por cidadãos mais es- A filósofa alemã Hannah Arendt foi uma das mais re-
clarecidos. finadas pensadoras contemporâneas, refletindo sobre
19. (ENEM PPL) Na sociedade democrática, as opiniões eventos como a ascensão do nazismo, o Holocausto,
de cada um não são fortalezas ou castelos para que o papel histórico das massas etc. No trecho citado,
neles nos encerremos como forma de autoafirmação ela reflete sobre a importância da ação e do discur-
pessoal. Não só temos de ser capazes de exercer a ra- so como fomentadores do que chama de “negócios
zão em nossas argumentações, como também devemos humanos”. Nesse sentido, Arendt defende o seguinte
desenvolver a capacidade de ser convencidos pelas ponto de vista:
melhores razões. A partir dessa perspectiva, a verdade a) a condição humana atual não está condicionada
buscada é sempre um resultado, não ponto de partida: por ações anteriores, já que cada um é autor de sua
e essa busca inclui a conversação entre iguais, a polêmi- existência.
ca, o debate, a controvérsia. b) a necessidade do ser humano de ser autor e pro-
SAVATER, F. As perguntas da vida. São Paulo: dutor de ações históricas lhe tira a responsabilidade
Martins Fontes, 2001 (adaptado). sobre elas.
c) o agente de uma nova ação sempre age sob a influ-
A ideia de democracia presente no texto, baseada na ência de teias preexistentes de ações anteriores.
concepção de Habermas acerca do discurso, defende d) o produtor de novos discursos sempre precisa levar
que a verdade é um(a) em conta discursos anteriores para criar o seu.
a) alvo objetivo alcançável por cada pessoa, como
agente racional autônomo.
b) critério acima dos homens, de acordo com o qual
podemos julgar quais opiniões são as melhores.
c) construção da atividade racional de comunicação
entre os indivíduos, cujo resultado é um consenso.
d) produto da razão, que todo indivíduo traz latente
educativo.
e) resultado que se encontra mais desenvolvido nos
espíritos elevados, a quem cabe a tarefa de convencer
os outros.
158
SOCIOLOGIA
159
SOCIOLOGIA BRASILEIRA:
GILBERTO FREYRE
Gilberto Freyre
A casa-grande, recinto de propriedade dos senhores, abriga-
va alguns escravos selecionados para desenvolver afazeres
O sociólogo Gilberto Freyre foi um dos pioneiros das Ciên- domésticos. Essa relação conflituosa de opressor e oprimidos
cias Sociais no Brasil. Seus estudos revolucionaram a histo- gerava novas relações de poder entre os escravizados, carac-
riografia brasileira por analisar o cotidiano do povo a partir terizando uma desigualdade entre os próprios escravizados.
da tradição oral, além de diversos documentos, como ma- Aqueles que adentravam na casa-grande tinham um status
nuscritos e anúncios de jornais, fontes que, até o momento, diferenciado, como uma ilusória ascensão social.
não eram muito analisadas pelos estudiosos. Segundo Freyre, com a abolição da escravidão, a condição
material dos recém-libertos piorou substancialmente. Para
Freyre, a história social da casa-grande é a história íntima
de quase todo brasileiro, ou seja, com uma vida doméstica
conjugal sob o domínio de um patriarcado escravocrata e
polígamo.
160
SOCIOLOGIA BRASILEIRA:
CAIO PRADO JR. E SÉRGIO BUARQUE DE HOLANDA
Sérgio Buarque de
Holanda (1902-1982)
Com formação histórica e jurídica, o paulista Sérgio Bu-
arque de Holanda começa a esboçar sua teoria sobre a
No ano de 1942, publica a Formação do Brasil Contem- formação cultural, econômica e social do Brasil.
porâneo, livro que tratará da evolução histórica brasileira,
tendo como início o período colonial, a fim de apresentar
as estruturas sociais do país. Para Caio Prado Jr. o povo
passa por um processo de evolução, que necessariamente
têm um sentido de ser.
Dessa maneira, o sentido da colonização brasileira precisa
ser compreendido dentro de três séculos de atividade de
exploração, contendo elementos de dominação por parte
dos países europeus a partir do século XV. Isso quer di-
zer que os fatos históricos possuem enorme influência na
formação desse povo. Diante disso, não podendo dissociar
esses elementos para compreender a realidade atual.
Assim, o objetivo de Caio Prado Jr. era conhecer o Brasil
para mudá-lo. Segundo o autor, o país nunca foi um país
subdesenvolvido ou em desenvolvimento; mas é um país
rico e pobre, desenvolvido e atrasado, dependendo do ciclo
econômico de cada período histórico.
Seguindo essa lógica, o Brasil não passou por ciclos econô- Com forte influência de Max Weber, o pensamento de Sér-
micos bem definidos historicamente (ciclo do pau-Brasil, ci- gio Buarque de Holanda, um dos membros da geração de
clo açucareiro, ciclo do café, etc.). O que se passou foi uma 1930, pretende interpretar a identidade e singularidade do
superposição de fases econômicas, tendo um produto que povo brasileiro.
161
Raízes do Brasil Entretanto, essa cordialidade, não tem relação com o modo
cortês, mas sim pela forma flexível de se adaptar e tentar
Nessa obra publicada em 1936, Sérgio Buarque destaca as vantagens em certas situações. Diante dessa característica,
características que o povo brasileiro herda de suas influên- o brasileiro tem uma enorme dificuldade de discernir o pú-
cias ibéricas (Portugal e Espanha), como o ruralismo e o pa- blico do privado, misturando constantemente essas duas
triarcalismo, que acabaram criando um comportamento de esferas. Com isso, essas ações interferem na transição para
predomínio dos interesses privados sobre a esfera pública. a urbanização dessa sociedade.
O brasileiro, consequência desses costumes, é descrito Dessa maneira, Raízes do Brasil apresenta as ideias we-
como um “homem cordial”, ou seja, é um sujeito que berianas diante de uma série de contraposições, como o
age pelo coração e pelo sentimento, preferindo relações racional e o cordial, o pessoal e o impessoal, salientandoo
sociais mais flexíveis ao invés de cumprir as leis objetivas conceito de Weber de patrimonialismo para descrever as
e imparciais. relações politicamente promíscuas entre o Estado, os go-
vernos e as classes dominantes no Brasil.
SOCIOLOGIA BRASILEIRA:
FLORESTAN FERNANDES (1920-1995)
162
SOCIOLOGIA BRASILEIRA:
DARCY RIBEIRO E HERBERT DE SOUZA
Herbert de Souza -
O sociólogo Darcy Ribeiro é um dos exemplos de que só
Betinho (1935-1997)
analisar a realidade não é o bastante, é preciso vivenciá-la, A sociologia sempre pautou pela análise e possível mudan-
para assim saber apontar e realizar transformações. ça da sociedade. Vivendo num país onde a desigualdade
social é gritante aos olhos o sociólogo brasileiro Herbert
Nascido em Minas Gerais, Darcy Ribeiro preocupou-se em en-
José de Souza, o Betinho, não se limitou só a documentar
tender a origem do povo brasileiro, procurando compreender
essa situação, mas tratou de modificá-lo. Foi um dos princi-
os primeiros agrupamentos sociais que habitaram o território
pais ativistas pelos direitos humanos no Brasil.
brasileiro: os indígenas. Ribeiro analisou as misturas culturais,
como os contatos entre europeus, africanos, asiáticos e nati-
vos. Com base nesses estudos, escreveu sua maior obra, inti-
tulada O Povo Brasileiro, publicada em 1995.
Nessa obra, o sociólogo afirma que essa mistura de raças do
povo brasileiro foi sustentada por quatro pilares:
§ as matrizes que compuseram o nosso povo;
§ as proporções que essa mistura tomou o país;
§ as condições ambientais em que ela ocorreu e;
§ os objetivos de vida e produção assumidos por cada Inconformado com as desigualdades e injustiças, Betinho
uma dessas matrizes. desenvolveu diversas ações práticas, com o intuito de trans-
formar a realidade a sua volta. Herdou da mãe a hemofilia,
A esses pilares se somam três forças: a ecologia, a economia
e, em 1986, descobriu ter contraído o vírus da AIDS em uma
e a imigração. Ele sustenta que somos muito mais marcados
transfusão sanguínea.
hoje pelas nossas semelhanças do que pelas diferenças. Sur-
Fundou, em 1986, a ABIA (Associação Brasileira Interdiscipli-
gia assim no Brasil uma estrutura social totalmente inédita,
nar de AIDS), uma organização não governamental sem fins
cuja economia era baseada no escravismo e no mercantilis-
lucrativos, para orientar os portadores da doença e mobilizar
mo, que se constituiu pela supressão de qualquer identidade
a sociedade para enfrentar a epidemia da AIDS no Brasil.
étnica discrepante da do conquistador, através do etnocídio
Seu trabalho mais importante foi a “Ação da Cidadania con-
e do genocídio, cuja ideologia era sustentada pela igreja.
tra a Fome, a Miséria e pela Vida”, em 1993, que formou
Diante disso, a formação do brasileiro se desenvolve no uma imensa rede de mobilização de alcance nacional, com
conflito, que sempre é mascarado. O autor apresenta diver- o intuito de ajudar os brasileiros que estavam abaixo da li-
sos exemplos desses conflitos, como Canudos e Palmares. nha da pobreza, que na época registravam 32 milhões de
Isso só caracteriza a política de extermínio que existe nesses pessoas.
conflitos, de modo que, não existe a possibilidade da tolerân- O legado do sociólogo segue atuante na sociedade, demons-
cia étnica; e nem mesmo a tolerância no espaço geográfico, trando a fragilidade e incompetência do Estado perante seus
desencadeando mortes ao longo de nossa história. cidadãos.
163
SOCIOLOGIA BRASILEIRA: ROBERTO DAMATTA
O antropólogo brasileiro Roberto Augusto DaMatta dedi- Para DaMatta, a sociedade brasileira é frequentemente ins-
ca sua obra a estudar os dilemas e as contradições sociais tituída por essas relações, consolidando uma contradição
do Brasil. constante na formação social brasileira. A sociedade brasi-
leira tem aspectos extremamente autoritários, hierarquiza-
dos e violentos, mas tem também a busca de um mundo
harmônico, democrático e não conflitivo. No mundo da
casa, reina a paz e harmonia, enquanto no mundo da rua
os indivíduos lutam pela vida. E, nesse espaço público, sur-
ge o elemento do malandro, que será aquele sujeito que
sabe das regras oficiais, mas faz as suas próprias regras
sociais, beirando as normas já conhecidas. Essa relação
bipolar aparece constantemente nessa sociedade, condi-
cionando normas de condutas para os integrantes dessa
sociedade.
O Carnaval
Em sua análise, o antropólogo aborda duas espécies de su-
jeito, o indivíduo e a pessoa, que desencadeiam dois tipos Segundo Roberto DaMatta, o carnaval é o espaço onde os
de espaço social, a casa e a rua. Sendo que nesse instante o múltiplos da realidade acontecem; porém, esse espaço é
brasileiro acaba por vivenciar um dilema, desencadeado pela diferente do cotidiano, pois possuem suas próprias regras,
oscilação entre as duas unidades sociais distintas, que são: sendo organizados por uma nova lógica organizacional. O
ritual contido no espaço carnavalesco se mescla com a di-
Sujeito que respeita as leis universais e
Indivíduo cotomia Privado x Público, porque contém vários aspectos
igualitárias.
Sujeito que desenvolve as relações sociais da ordem pública, com desfiles e grupos formalizados e
que conduzem as dimensões de uma hierar- organizados, conjunto com uma certa desordem e liberda-
Pessoa
quização do sistema, pautada na lógica dos de. Essa mistura é permitida numa fusão dos dois espaços
privilégios e status social. em um só, acontecendo uma libertação de qualquer tipo
de repressão.
Com essa duplicidade, o brasileiro tem dificuldade em sa-
ber se é indivíduo ou pessoa, pois no primeiro caso existe Assim, o carnaval torna-se um lugar de questionamento
a respeitabilidade das regras e no segundo surge o jeito das normas, do padrão. No passado, a festa carnavalesca
malandro de ser, que adapta as regras. Esse chamado “jeiti- questionava temas como a nudez e a sensualidade, e atu-
nho brasileiro” tão conhecido, que afeta diretamente o par- almente as temáticas apresentadas nas festividades carna-
ticular. No âmbito coletivo, surge a relação do privado e do valescas versam sobre o racismo, as desigualdades sociais.
público, qual o temos o conceito de Casa e Rua.
O carnaval se tornou um símbolo da alegria do povo bra-
Privado Público sileiro, tendo também características de uma fuga da rea-
Casa Rua lidade. Aqui, notamos que essa festa popular é frequente-
Regras válidas Regras não valem mente criticada, por proporcionar ao sujeito um processo
Punições Não tem punições de alienação; entretanto, torna-se também um espaço de
Segregação Integração transformação dos padrões da sociedade.
Valorização Desvalorização
164
MODERNIDADE LÍQUIDA: ZYGMUNT BAUMAN
Zygmunt Bauman (1925-2017) Entretanto, inserido nessa nova conjuntura social, o indivíduo
se eleva diante o coletivo, salientando a fluidez do contato
O sociólogo polonês Zygmunt Bauman, um dos expoentes social, trazendo uma sensação de liberdade. Só que essa li-
da “sociologia humanística”, uma área da sociologia que berdade não gera um estado de satisfação.
estuda os seres humanos como compositores de valores, Influenciado pelas teorias de Marx, mas também pela psica-
desenvolve reflexões sobre a era contemporânea, debru- nálise de Freud, Bauman salienta que o ser humano almeja
çando-se sobre a sociedade do consumo, as relações afeti- a felicidade, só que é uma felicidade individual, o que não
vas e a globalização. garante necessariamente uma satisfação plena. Um dos pro-
blemas é que o indivíduo pode perder a identificação com o
grupo social no qual está inserido, pois só o que têm impor-
tância são as suas necessidades, a sua figura, e não mais o
grupo social.
Diante desse cenário, o sociólogo evidencia que o futuro
se torna incerto, pois o sentimento é que se deve viver o
presente, voltando-se exclusivamente para si. Seguindo essa
fórmula, o ser humano mergulha numa ausência de pers-
pectiva, gerando uma angústia. Pois essa incerteza afeta
drasticamente as relações sociais, que não são valorizadas,
e o indivíduo não consegue suportar essa indiferença, provo-
cada por ele de forma inconsciente e pelos outros indivídu-
os. Como consequência dessa angústia, nota-se o aumento
constante do uso de antidepressivos para afastar, de modo
artificial, a sensação de angústia e tristeza.
As novas relações sociais se consolidam nos moldes das re-
A relação social líquida lações das redes sociais, onde a conexão e a desconexão são
As formas da vida contemporânea se caracterizam pelo feitas sem muito critérios e cada vez mais rápido.
uso excessivo de tecnologias, e por uma sociabilidade que Esse processo de liquidez está inserido nos pilares da socie-
se perfaz com laços frágeis, temporários e inconstantes. dade, adentrando na família, política, economia e na segu-
rança. Onde tudo se torna fugaz, perdendo a sua concretude.
Num movimento de valorização do particular e do indivi-
De modo que, tudo que envolve o homem, até o próprio ser
dualismo exacerbado, as relações sociais se esvaem num
humano, tornou-se efêmero, sem valor significativo.
ritmo frenético.
165
O desencanto com a razão iluminista Ulrich Beck (1944-2015)
Para Giddens, vivemos num momento histórico que radicali-
O sociólogo alemão Ulrich Beck analisou as mudanças nas
zouas consequências da modernidade, pois a racionalidade,
últimas décadas do século XX, constatando a formação de
propagada pelos ideais iluministas, não condiciona os ho- uma sociedade de risco.
mens para o domínio da natureza e da própria sociedade.
De modo que não podemos mais confiar plenamente nos
ideais do iluminismo francês, que depositava somente na
razão o poder de resolver todos os problemas da huma-
nidade.
A razão carrega consigo elementos de desordem que es-
cravizam os homens. Assim, a modernidade apresenta uma
característica de duplicidade, podendo, ao mesmo tempo,
criar uma estrutura que possibilita inúmeras oportunidades
no campo científico, como a criação de novos maquinários
para a facilidade humana, mas também produzir conse-
quências degradantes para o indivíduo, como a exploração
do trabalho, o autoritarismo e as guerras.
Nesse sentido, é possível questionar o próprio processo
científico e sua credibilidade. O sociólogo aponta para o
perigo das fake news, que são produções baseadas no pro- O sociólogo defende a ideia de que a modernidade passa
cesso científico sem a existência de nenhum crivo científico por um momento de ruptura histórica, ou seja, caracteri-
e que vêm gerando a aceitação das notícias divulgadas zando a passagem para a pós-modernidade, de modo que
sem nenhum questionamento prévio. a sociedade está num processo de reconfiguração social e
tecnológica.
A Teoria da Estrutura, apresentada por Giddens, pretende
entender como as práticas sociais se mantêm estáveis e Trata-se da mudança da sociedade industrial clássica, fo-
como essas práticas são reproduzidas. Dessa forma, a roti- mentada pela produção e distribuição de bens produzidos,
na dos hábitos humanos precisa ser analisada, salientando para uma sociedade de risco, onde a produção de riscos
como essas práticas também proporcionam uma duplicida- domina a lógica da produção de bens.
de: algo positivo e outro negativo. Em outras palavras, os bens coletivos não estão mais ga-
A rotina (tudo que é feito habitualmente) constitui um rantidos porque a produção social das riquezas é acompa-
elemento básico da atividade social cotidiana [...]. A na- nhada pela produção de riscos sociais e ambientais. Essa
tureza repetitiva de atividades empreendidas de maneira sociedade é caracterizada pela incerteza, já que alguns de-
idêntica dia após dia é a base material do que eu chamo sastres ambientais podem acontecer pela forma acelerada
de “caráter recursivo” da vida social. [...] A rotinização de extração de bens naturais.
é vital para os mecanismos psicológicos por meio dos
quais um senso de confiança ou segurança ontológica é
sustentado nas atividades cotidianas da vida social. Sociedade de risco
Contida primordialmente na consciência prática, a rotina Devido ao uso insustentável da água e do solo, criados
introduz uma cunha entre o conteúdo potencialmente pela própria ação humana, surgem diversos tipos de riscos,
explosivo do inconsciente e a monitoração reflexiva da
ação que os agentes exigem.
como deslizamentos de encostas com soterramentos, de-
sertificação progressiva de muitas regiões e esgotamento
GIDDENS, Anthony.
A Constituição da sociedade, 1984, p. 25 de solos, risco de resíduos nucleares, assoreamento de rios
e águas pluviais, enchentes, entre outros tipos de aconte-
Na sociedade contemporânea predominam riscos inten-
cimentos.
sificados e produzidos pela humanidade. Seguindo uma
estrutura de transformação do espaço, o ser humano vem Segundo o sociólogo Beck, a sociedade de risco compre-
alterando a natureza numa velocidade assustadora. A par- ende um mundo de incertezas fabricadas pelo uso da tec-
tir do século XX, o aumento da produção e o estímulo ao nologia acelerada, produzindo um novo cenário de risco
consumo em massa provocaram grandes desequilíbrios so- global, de incertezas não quantificáveis. Nesse instante,
ciais e ambientais, resultados de uma construção da ideia Beck desenvolve uma crítica ao progresso tecnológico,
de“progresso”.
166
que, buscando somente a acumulação do lucro, omite-se Essa problemática socioambiental vem desencadeando
perante os graves problemas ambientais e sociais que gera. várias ações políticas e sociais no mundo todo, com mani-
Pois, com base no avanço científico, diversas transforma- festações, passeatas e protestos a favor do clima, pedindo
ções ambientais estão se concretizando nesse momento. pela intervenção de líderes governamentais para conter o
avanço das mudanças climáticas no planeta. Como exem-
Assim, Beck critica a ideia de determinismo da racionalida-
plo desses protestos na atualidade, destaca-se o ativismo
de científica perante a sociedade na produção de verdades.
juvenil da sueca Greta Ernman Thunberg.
Pierry Lévy (1956) sem precisar da burocracia das mídias tradicionais, como as
edições de papel, tal qual os jornais e revistas.
O sociólogo franco-tunisiano é um dos maiores estudiosos
do universo da internet, principalmente na área da ciberné-
tica e da inteligência artificial.
Segundo Lévy, a tecnologia tem um papel fundamental na
vida humana do século XXI, afetando a comunicação, a
economia e a própria cultura das sociedades. Para o so-
ciólogo, esse sujeito do século XXI está no momento da
globalização da informação e da desmaterialização dos
suportes da informação. Isso significa que as pessoas têm
acesso a uma variedade infinita de informações em grande
velocidade. Para Lévy, essa difusão das informações na in-
ternet ocorre de uma maneira mais democrática e inclusiva,
167
Inteligência coletiva Não podemos pensar que o ser humano pensa sozinho, ele
pensa numa rede intrincada de coisas, palavras, equipa-
O termo inteligência coletiva, cunhado por Pierre Lévy, re- mentos, sons e outras pessoas.
presenta um princípio no qual as inteligências individuais
são somadas e compartilhadas por toda a sociedade, sen- Cibercultur@
do potencializadas com o surgimento de novas tecnolo- O conceito de cibercultura, segundo Levy, é um movimento
gias, como a internet. Com isso, desencadeia um compar- que gera novas formas de comunicação, com a criação de
tilhamento da memória, da imaginação e da percepção, novos valores e novos comportamentos.
e mediante isso vai resultar numa aprendizagem coletiva. Para o sociólogo, a cibercultura é a herdeira legítima do Ilu-
Diante disso, as informações são cruzadas e selecionadas minismo, por difundir valores como fraternidade, igualdade
por uma pessoa, gerando um ecossistema. e liberdade. Com isso, a rede da internet é um instrumento
de comunicação que auxilia os membros dessa comunida-
Por razão de cada um poder gerar uma árvore de conheci-
de. Desencadeando um progresso da democracia, a cha-
mento, não podemos subjugar ninguém, seja por seu em-
mada ciberdemocracia, com uma maior transparência, as
prego ou condição social. Dessa maneira, todos os seres
pessoas terão maior oportunidade de participar.
são inteligentes e possuem seus conhecimentos. Assim,
segundo Levy, a inteligência coletiva seria uma forma do Entretanto, para que a ciberdemocracia seja realmente
homem pensar e compartilhar seus conhecimentos com válida, é necessário o desenvolvimento da educação, me-
outras pessoas utilizando a tecnologia, como a internet. lhorando a humanidade, num combate à pobreza e com a
facilitação do acesso ao universo da internet.
168
A sociedade informacional U.T.I - Sala
A Finlândia é um bom exemplo de uma sociedade informa-
1. (UNIOESTE 2019) O filósofo francês, Michel Foucault,
cional, pois privilegia um bem-estar social. A relação entre ao iniciar os estudos sobre arquitetura hospitalar na
o Estado e a sociedade surge numa distribuição homogé- segunda metade do século XVIII, percebeu que grande
nea dos benefícios advindos das tecnologias de informa- parte dos projetos arquitetônicos tinham como caracte-
ção e comunicação por toda a sua população. A identidade rística uma centralização do olhar voltada para indivídu-
do povo finlandês está consolidada mediante uma com- os, corpos e coisas. Segundo Foucault, os modelos arqui-
tetônicos seguiam os princípios formulados por Jeremy
preensão Estado e indivíduo, em promover as relações com
Bentham em sua obra “O Panopticon”, publicada no final
setores público e privado. do século XVIII. Foucault encontrou o mesmo princípio
Isso ocorre, porque as novas tecnologias permitem uma do panopticon na arquitetura das escolas, nos hospitais
coordenação diferenciada conforme a capacidade de infor- e, sobretudo, nos grandes projetos prisionais do início do
século XIX. Em 1975, ele retoma o tema em sua obra “Vi-
mação e de comunicação.
giar e Punir”, quando se refere ao tema da tecnologia de
poder e o da vigilância no sistema prisional.
Sobre o panopticon, é CORRETO afirmar.
a) O princípio arquitetônico prisional do panopticon
segue a lógica da masmorra, cuja função é trancar e
privar o preso da luz solar.
b) No princípio arquitetônico prisional do panopticon,
as celas não são trancadas e permitem ao preso a
liberdade de contato com outros presos sem que seja
vigiado.
c) O princípio do panopticon é baseado na privaci-
dade do preso e na invisibilidade de suas ações. O
detento nunca é vigiado em sua cela.
d) O modelo arquitetônico prisional do panopticon
necessita de muitos vigilantes e o custo do sistema é
muito alto para ser mantido pelo Estado.
e) O modelo arquitetônico prisional do panopticon
foi pensado como um espaço fechado em forma de
círculo, com uma torre no centro. Todos os movimen-
tos das celas são controlados e registrados por um
sistema de vigilância ininterrupto.
169
fomos e somos em essência. Uma classe dominante de c) são exemplos de protestos que promovem a desor-
caráter consular-gerencial, socialmente irresponsável, dem social e põem em risco os direitos e a cidadania
frente a um povo-massa tratado como escravaria, que conquistados historicamente pela sociedade.
produz o que não consome e só se exerce culturalmen- d) ao se constituírem, atuam aleatoriamente, sem
te como uma marginália, fora da civilização letrada em foco nem direção, apenas movidos pela ideia da mo-
que está imerso. bilização.
(RIBEIRO, Darcy. O povo brasileiro: a formação e o sentido
do Brasil. São Paulo: Cia das Letras, 1995. p.178-179.) 4. (UECE 2019) Atente para o enunciado a seguir:
“O Movimento dos Trabalhadores Sem Terra – MST – é
Levando em consideração a hipótese do autor, em re- um dos mais importantes movimentos sociais do Brasil,
lação à formação da sociedade brasileira, às dinâmicas
tendo como foco as questões do trabalhador do campo,
sociais e às formas de dominação, é correto afirmar:
principalmente no tocante à luta pela reforma agrária
a) O fortalecimento das elites empresarial, burocrática e brasileira”.
eclesiástica se deu num processo de correlação de forças
que visaram, num processo histórico de longa duração, Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/mst.htm.
a constituir um domínio econômico, a partir do qual as No que diz respeito ao conceito de “movimentos so-
classes inferiores, por não disporem de poder e capital, ciais”, é correto afirmar que são
foram alijadas do processo de dominação.
b) A igreja teve papel central na organização da vida co- a) ações coletivas de segmentos socialmente orga-
lonial e imprimiu um sentido sagrado à dominação por nizados que têm como objetivo alcançar mudanças
longo tempo. Sua importância em relação à burocracia sociais por meio do embate político, dentro de uma
civil e às elites econômicas no Brasil foi de tal maneira determinada sociedade e de um contexto específico.
preponderante, que a Inquisição se fez presente como b) expressões individuais dos sujeitos em seus coti-
forma de manutenção da ordem e do domínio dos portu- dianos na busca de realização de seus desejos e so-
gueses sobre nativos indígenas e escravos africanos. nhos a serem alcançados no mercado de trabalho e
c) As mudanças sociais que ocorreram no Brasil desde no reconhecimento de seus méritos pelo Estado.
sua colonização produziram um tipo de dominação se- c) organizações governamentais com o objetivo de
cular, que associou as elites empresarial, burocrática e mobilizar setores da população para fazerem valer
eclesiástica a um processo civilizacional intimamente os direitos sociais e civis, tendo como referências o
associado a um estado de barbárie, em que as camadas acesso a serviços que reconheçam a plena cidadania.
subalternas sempre cumpriram um papel marginal no d) organizações de interesse público mantidas por
seu processo emancipação e esclarecimento. meio de fundos públicos com o objetivo de cooperar
d) O objetivo principal da cúpula patricial, toda ela oriun- na organização das instituições privadas da socieda-
da da metrópole, era formar uma sociedade que fosse de, em parceria com os governos.
capaz de contribuir com a expansão dos limites territo-
riais da Coroa Portuguesa. Em contrapartida, essas po- 5. (ENEM PPL) Penso, pois, que o Carnaval põe o Brasil
pulações nativas teriam o direito ao reconhecimento da de ponta-cabeça. Num país onde a liberdade é privilé-
cidadania lusitana. gio de uns poucos e é sempre lida por seu lado legal e
cívico, a festa abre nossa vida a uma liberdade sensu-
e) O autor frisa que, apesar da dominação severa, ain-
al, nisso que o mundo burguês chama de libertinagem.
da assim havia algum senso de solidariedade por parte
Dando livre passagem ao corpo, o Carnaval destitui
das elites empresarial, burocrática e eclesiástica, sendo
posicionamentos sociais fixos e rígidos, permitindo a
esses três grupos sociais responsáveis pela colonização
“fantasia”, que inventa novas identidades e dá uma
do Brasil e possibilitando que camadas sociais inferiores,
enorme elasticidade a todos os papéis sociais regu-
o povo, as massas, participassem da construção do país,
ladores.
de sua cultura e de sua unidade como “povo brasileiro”.
DAMATTA, R. O que o Carnaval diz do Brasil.
3. (UECE 2019) Os movimentos sociais revelam ações Disponível em: http://revistaepoca.globo.com. Acesso em: 29 fev. 2012.
presentes nas sociedades democráticas e são expressão
Ressaltando os seus aspectos simbólicos, a abordagem
da organização e luta da sociedade civil. Atuam cole-
apresentada associa o Carnaval ao(à)
tivamente na afirmação de direitos e na resistência à
exclusão social. a) inversão de regras e rotinas estabelecidas.
Considerando a afirmação acima, é correto dizer que os b) reprodução das hierarquias de poder existentes.
movimentos sociais c) submissão das classes populares ao poder das elites.
d) proibição da expressão coletiva dos anseios de
a) foram criados pelo Estado como meio de colaborar
cada grupo.
com a administração dos governos e de suas propos-
tas políticas. e) consagração dos aspectos autoritários da socieda-
de brasileira.
b) são importantes para a sociedade civil porque, por
meio deles, direitos de cidadania são conquistados e
a democracia é fortalecida.
170
6. (UEM) “Constata-se que, no Brasil, o transporte de d) a materialização da oposição popular ao trabalho
massa mais comum é o automóvel, sendo até mesmo e ao imperialismo europeu, como característica de re-
exclusivo em alguns casos, em detrimento de todas as sistência de classe.
outras formas de condução pública. Com efeito, a vio- 8. (UEM) “A cada minuto que passa, novas pessoas
lência nas ruas e no trânsito tornou-se mais palpável passam a acessar a Internet, novos computadores são
na medida em que elegemos formas individualizadas interconectados, novas informações são injetadas na
e pessoais de circulação motorizada, em pleno descaso rede. Quanto mais o ciberespaço se amplia, mais ele
pelo transporte público ou coletivo, sem a preocupa- se torna ‘universal’, e menos o mundo informacional se
ção simultânea de tornar seus usuários obedientes às torna totalizável. O universo da cibercultura não possui
regras que esse tipo de mobilidade determina e sem nem centro nem linha diretriz. É vazio, sem conteúdo
qualquer discussão mais aprofundada no sentido de particular. Ou antes, ele os aceita todos, pois se con-
atualizar as normas que gerenciam o movimento de ve- centra em colocar em contato um ponto qualquer com
ículos e pessoas na sociedade brasileira.” qualquer outro, seja qual for a carga semântica das en-
(DAMATTA, Roberto. Fé em Deus e pé na tábua ou Como e por que o tidades relacionadas.”
Brasil. Rio de Janeiro: Rocco, 2010, p.17 e 18).
trânsito enlouquece no (LEVY, P. Cibercultura. São Paulo: Ed. 34, 1999, p. 113)
Considerando o texto citado e conhecimentos sobre as Considerando as recentes contribuições da sociologia
relações entre indivíduo e sociedade no Brasil, assinale da comunicação sobre o tema da cultura midiática e o
o que for correto. trecho citado, assinale o que for correto.
01) A expansão da indústria automobilística e a 01) O ciberespaço suprime as particularidades cultu-
crescente inserção dos automóveis na vida urbana rais e as desigualdades sociais, ao organizar de modo
brasileira, a partir da década de 1950, ocorreram si- imparcial as informações que são distribuídas em um
multaneamente à renovação da malha ferroviária do nível planetário.
país e à valorização de equipamentos já amplamente 02) A internet é responsável pelos atuais problemas
utilizados para a mobilidade nas cidades, tais como educacionais, pois aliena os estudantes ao torná-los
bondes e bicicletas. receptores passivos de informações fragmentadas e
02) Acidentes de trânsito não podem ser considera- imprecisas sobre a vida social.
dos expressões da violência urbana, pois são resulta- 04) O conceito de cibercultura pode ser utilizado para
do de situações de risco que extrapolam a capacidade descrever o aparecimento de novos modos de ser e
de prevenção e de previsão das ações humanas. de pensar que produzem mudanças cognitivas e so-
04) O predomínio de formas individualizadas de ciais por meio da interação virtual.
mobilidade em nossa paisagem urbana evidencia a 08) Ainda que inserida na indústria cultural, a internet
persistência de relações hierarquizadas de convívio tem o potencial de democratizar o acesso ao conhe-
social, marcadas por profundas diferenças sociais en- cimento por meio da criação de novos espaços de
tre os indivíduos. produção, troca e difusão de informações.
08) A partir de uma perspectiva sociológica, a deso- 16) O ciberespaço representa uma mudança tecnoló-
bediência às regras de trânsito pode ser interpreta- gica e não cultural, pois altera os modos de organizar
da como um comportamento coletivo e não apenas e distribuir a informação e não os modos de produção
como resultado de impulsos ou decisões pessoais. do conhecimento.
16) Aprender a dirigir pode ser considerado um pro-
cesso de socialização no qual o indivíduo internaliza 9. (ENEM (Libras)) Esse sistema tecnológico, em que
e externaliza formas de condutas nas ruas que, em estamos totalmente imersos na aurora do século XXI,
grande medida, reproduzem os modos sociais de con- surgiu nos anos 1970. Assim, o microprocessador, o
vivência já existentes no espaço público. principal dispositivo de difusão da microeletrônica, foi
inventado em 1971 e começou a ser difundido em me-
7. (UFU) Dentre as várias interpretações sobre a brasili-
ados dos anos 1970. O microcomputador foi inventado
dade, destaca-se aquela que atribui a nós, brasileiros, os
em 1975, e o primeiro produto comercial de sucesso, o
recursos do jeitinho, da cordialidade e da malandragem.
Apple II, foi introduzido em abril de 1977, por volta da
De acordo com as leituras weberianas aplicadas à reali- mesma época em que a Microsoft começava a produzir
dade brasileira (por autores tais como: Sérgio Buarque sistemas operacionais para microcomputadores.
de Hollanda, Gilberto Freyre, Roberto Damatta), a ma-
landragem significaria CASTELLS, M. A sociedade em rede: a era da informação.
São Paulo: Paz e Terra, 1999 (adaptado).
a) a manifestação prática do processo de miscigena-
ção que combinou elementos genéticos pouco incli- A mudança técnica descrita permitiu o surgimento de
nados ao trabalho. uma nova forma de organização do espaço produtivo
b) a consagração do fracasso nacional representado global, marcada pelo(a)
pela incapacidade de desenvolver formas capitalistas a) primazia do setor secundário.
de relações sociais. b) contração da demanda energética.
c) a inovação de um estilo especial de se resolver os c) conectividade dos agentes econômicos.
próprios problemas, que tem sua origem nas tradi-
d) enfraquecimento dos centros de gestão.
ções ibéricas.
e) regulamentação das relações de trabalho.
171
10. (ENEM PPL) Os movimentos sociais do século XXI, 12. (UNIOESTE) “Na segunda metade do século XX, a
ações coletivas deliberadas que visam à transforma- tendência à superação das ideias racistas permitiu que
ção de valores e instituições da sociedade, manifes- diferentes povos e culturas fossem percebidos a partir
tam-se na e pela internet. O mesmo pode ser dito do de suas especificidades. Grupos de negros pressiona-
movimento ambiental, o movimento das mulheres, ram pela adoção de medidas legais que garantissem a
vários movimentos pelos direitos humanos, movimen- eles igualdade de condições e combatessem a segre-
tos de identidade étnica, movimentos religiosos, mo- gação racial. Chegamos então ao ponto em que nos
vimentos nacionalistas e dos defensores/proponentes encontramos, tendo que tirar o atraso de décadas de
de uma lista infindável de projetos culturais e causas descaso por assuntos referentes à África”.
políticas. Marina de Mello e Souza. A descoberta da África.
RHBN, ano 4, n. 38, novembro de 2008, p.72-75.
CASTELLS, M. A galáxia da internet: reflexões sobre a internet,
os negócios e a sociedade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2003.
A partir deste texto e do conhecimento da sociologia
De acordo com o texto, a população engajada em pro- a respeito da questão racial em nosso país, é possível
cessos políticos pode utilizar a rede mundial de compu- afirma que
tadores como recurso para mobilização, pois a internet a) autores como Gilberto Freyre, Florestan Fernandes,
caracteriza-se por Fernando Henrique Cardoso, Darcy Ribeiro, entre ou-
a) diminuir a insegurança do sistema eleitoral. tros tantos autores, são importantes por chamarem a
atenção do país para o papel dos negros na constru-
b) reforçar a possibilidade de maior participação qua-
ção do Brasil e da brasilidade, e as formas de exclusão
lificada.
explícitas e implícitas que sofreram.
c) garantir o controle das informações geradas nas
b) apesar de relevante a luta contra o preconceito
mobilizações.
racial, o estudo da África só diria respeito ao conheci-
d) incrementar o engajamento cívico para além das mento do passado, do período do Descobrimento do
fronteiras locais. Brasil até a abolição da escravidão entre nós.
e) ampliar a participação pela solução da escassez de c) estudar a África só nos indicaria a captura e a es-
tempo dos cidadãos. cravidão de diferentes povos africanos, tendo em vis-
11. (ENEM) O sociólogo espanhol Manuel Castells sus- ta que raça e o racismo são categorias ideológicas as
tenta que “a comunicação de valores e a mobilização quais servem para encobrir as fortes tensões sociais
em torno do sentido são fundamentais. Os movimen- existentes entre a imensa classe de pobres e o seu
tos culturais (entendidos como movimentos que têm oposto a dos ricos.
como objetivo defender ou propor modos próprios de d) a autora quer dizer que devemos hoje operar cada
vida e sentido) constroem-se em torno de sistemas de vez mais com categorias tais como a especificidade
comunicação – essencialmente a internet e os meios da raça negra, da raça branca, da raça amarela e ou-
de comunicação – porque esta é a principal via que tras mais.
esses movimentos encontram para chegar àquelas e) nenhuma das alternativas está correta.
pessoas que podem eventualmente partilhar os seus
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
valores, e a partir daqui atuar na consciência da socie-
dade no seu conjunto”.
Leia a charge a seguir e responda à(s) questão(ões).
Disponível em: www.compolitica.org.
Acesso em: 2 mar. 2012 (adaptado).
172
Sobre o contexto sociopolítico e os fundamentos pre- a) Sociedade do espetáculo, devido à falta de profundi-
sentes nesse debate, assinale a alternativa correta. dade da vida humana.
a) Os protestos coletivos urbanos, a partir dos anos 1990, b) Sociedade infeliz, devido à transformação do homem
em coisa.
quando ocorrem, demonstram ser uma ferramenta polí-
tica empregada primordialmente pelos indivíduos mais c) Sociedade do consumo, uma vez que as pessoas pas-
sam a ser definidas pelo que compram.
pobres e menos escolarizadas.
d) Modernidade líquida, devido às formas fluídas de
b) Os novos movimentos sociais têm apresentado como
existência humana.
grandes traços a heterogeneidade dos atores envolvidos,
e) Pós-modernidade, devido às transformações geradas
a valorização das adesões individuais e as alianças pontu-
pela internet.
ais independentes do pertencimento de classe.
c) O liberalismo econômico é o referencial teórico dos 16. (UNIOESTE) Os estudos realizados por Michel Fou-
movimentos contra a globalização, revelando a descrença cault (1926-1984) apresentam interfaces que corrobo-
geral com os grandes projetos inspirados nos ideais socia- ram para estudos em diversas áreas de conhecimento,
listas e o fim das grandes narrativas. entre as quais a Filosofia, Ciências Sociais, Pedagogia,
d) Para teóricos do “fim da linha” ou do “fim da história”, Psiquiatria, Medicina e Direito. Em 1975, Foucault publi-
a pós-modernidade está marcada pela ausência de pers- cou a obra “Vigiar e Punir: história da violência das pri-
pectivas para superar a cristalização de valores, práticas sões”, na qual propunha uma nova concepção de poder,
e projetos sociais defendidos na época da modernidade. a qual abandonava alguns postulados que marcaram
e) O “fim da linha” é o reconhecimento de que os valores a posição tradicional da esquerda do período. Sobre a
criados pela modernidade foram cumpridos, restando às concepção de poder foucaultiana, é CORRETO afirmar.
novas gerações, garanti-los sem alterações significativas. a) Só exerce poder quem o possui, por se tratar de um
privilégio adquirido pela classe dominante que detém o
14. (ENEM PPL) Tendo se livrado do entulho do maqui- poder econômico.
nário volumoso e das enormes equipes de fábrica, o ca- b) O poder está centralizado na figura do Estado e está
pital viaja leve, apenas com a bagagem de mão, pasta, localizado no próprio aparelho de Estado, que é o ins-
computador portátil e telefone celular. O novo atribu- trumento privilegiado do poder.
to da volatilidade fez de todo compromisso, especial- c) Todo poder está subordinado a um modo de produ-
mente do compromisso estável, algo ao mesmo tempo ção e a uma infraestrutura, pois o modo como a vida
redundante e pouco inteligente: seu estabelecimento econômica é organizada determina a política.
paralisaria o movimento e fugiria da desejada compe- d) O poder tem como essência dividir os que possuem
titividade, reduzindo a priori as opções que poderiam poder (classe dominante) daqueles que não têm poder
levar ao aumento da produtividade. (classe dos dominados).
BAUMAN, Z. Modernidade líquida. Rio de Janeiro: Zahar, 2001. e) O poder não remete diretamente a uma estrutura po-
lítica, ao uso da força ou a uma classe dominante: as re-
No texto, faz-se referência a um processo de transfor-
lações de poder são móveis e só podem existir quando
mação do mundo produtivo cuja consequência é o(a)
os sujeitos são livres e há possibilidade de resistência.
a) regulamentação de leis trabalhistas mais rígidas.
b) fragilização das relações hierárquicas de trabalho. 17. (UNIOESTE) Em seu texto, O Enfraquecimento da So-
c) decréscimo do número de funcionários das empresas. ciedade Civil, Michael Hardt salienta que na obra de Mi-
d) incentivo ao investimento de longos planos de carreiras. chel Foucault, a intermediação institucional que define a
e) desvalorização dos postos de gerenciamento corpora- relação entre sociedade civil e Estado aparece em uma
tivo. funcionalidade totalmente projetada para fins autoritá-
rios e antidemocráticos. Foucault se refere às múltiplas
15. (INTERBITS) A internet opera preferencialmente formas de organização e produção de forças sociais pelo
com a escrita, a escrita curta e imediata. A velocidade Estado que impedem que forças pluralistas e interesses
de escrita e de leitura está relacionada à agitação mais da sociedade civil se sobressaiam sobre o Estado.
ou menos alucinada da vida cotidiana, estimulada pelas Tendo em vista essa intermediação entre Estado e so-
tecnologias comunicacionais. A sociedade mediatizada ciedade civil, assinale a alternativa que corresponda à
não é uma sociedade feliz; ao contrário, é uma socie- concepção foucaultiana de Estado.
dade da compulsão, da cobrança invisível, dos apelos a) Na concepção de Foucault, o Estado é considerado a
permanentes de estar conectado, pois, caso contrário, a fonte central das relações de poder na sociedade, cujo
pessoa estará "morta". controle exerce através da máquina burocrática.
Ciro Marcondes Filho. Entrevista. In: IHU On-line. b) Segundo Michel Foucault, o poder está limitado ape-
09 abr. 2011. Adaptado. Disponível em: <http://bit. nas ao âmbito do Estado, portanto, ele reconhece um
ly/RGR7Xg>. Acesso em 06 nov. 2012.
distanciamento teórico entre Estado e sociedade civil.
Alguns sociólogos desenvolveram conceitos que nos c) Para Michel Foucault, o Estado não detém o mono-
ajudam a compreender o contexto apresentado no tex- pólio legítimo da força. Nesse sentido, podemos dizer
to acima. Um desses pensadores, Zygmunt Bauman, de- que o monopólio da força não é a condição necessária
fine esse tipo de contexto como sendo uma: para a existência do Estado.
173
d) Michel Foucault prefere usar o termo Governo em possuir direito sobre aquilo que produz e se constitui
lugar de Estado para indicar a multiplicidade e a ima- somente em mercadoria, ele se aliena do fruto de seu
nência pluralista das forças de estatização no interior trabalho e se “coisifica”. A escravidão leva ao limite
do campo social. Para Foucault, a sociedade civil está essa transformação do homem em coisa.
fundada na disciplina e na normatização. b) A escravidão causou efeitos perniciosos para a cons-
e) Segundo Foucault, na sociedade disciplinar, há ape- tituição da própria sociedade brasileira. Isso porque
nas Estado, pois ele pode ser concretamente isolado e possibilitou, entre outras coisas, a existência do racis-
contrastado num plano separado da sociedade civil. O mo, que se mantém até hoje.
exercício do poder dá-se por intermédio de dispositivos c) A discriminação racial não existe mais no Brasil. Uma
de poder organizados na sociedade civil. vez que o Brasil já está em um regime democrático e
a escravidão foi abolida há mais de cem anos, as ba-
18. (UNIMONTES) Entre as décadas de 1920 e 1940, ses sociais que sustentavam essa discriminação já não
foram publicados alguns dos mais instigantes estudos existem mais.
sobre a formação da sociedade brasileira, que perma-
d) Não se pode compreender a constituição do Brasil
necem sendo objeto de leituras críticas e de debate até sem ter em consideração o período colonial e a impor-
hoje pelos cientistas sociais. Esses estudos podem ser tância do escravo negro para a cultura brasileira. Ape-
caracterizados como ensaios de interpretação do Brasil, sar de ter sofrido brutalmente durante esse período, o
pois apresentam discussões sobre as instituições políti- negro vindo da África trouxe consigo diversos elemen-
cas, as classes sociais, a produção econômica, o passa- tos culturais que, posteriormente, foram incorporados à
do, o espaço rural e o espaço urbano, as tensões entre o “cultura brasileira”.
tradicional e o moderno, e, finalmente, sugeriram uma
e) A escravidão ainda existe no Brasil. Ainda que não
série de impasses e possibilidades para o presente e
seja institucionalizada, ainda existem pessoas traba-
o futuro da sociedade brasileira. Sobre esses estudos,
lhando de maneira forçada e em condições desumanas
relacione as colunas, fazendo a correspondência entre
no país. Não por acaso, diversas associações e empre-
autor e respectiva obra.
sas são signatárias de um Pacto Nacional pela Erradi-
1. Mário de Andrade ( ) Raízes do Brasil cação do Trabalho Escravo no Brasil.
2. Sérgio Buarque de Holanda ( ) Casa-grande & senzala 20. (UDESC 2019) Leia o trecho a seguir:
3. Caio Prado Jr. ( ) Macunaíma “Não existe democracia racial efetiva, onde o inter-
4. Gilberto Freyre ( ) Evolução política do Brasil câmbio entre indivíduos pertencentes a ‘raças’ distintas
começa e termina no plano da tolerância convenciona-
A sequência CORRETA é lizada. Esta pode satisfazer as exigências do bom-tom,
a) 3, 1, 2, 4. de um discutível espírito cristão e da necessidade práti-
b) 2, 1, 3, 4. ca de ‘manter cada um no seu lugar’. Contudo, ela não
c) 2, 4, 1, 3. aproxima realmente os homens senão na base da mera
coexistência no mesmo espaço social e, onde isso che-
d) 1, 3, 4, 2.
ga a acontecer, da convivência restritiva, regulada por
19. (INTERBITS) O principal, e pior, impacto da escravidão um código que consagra a desigualdade, disfarçando-a
seria o de negar ao trabalhador sua humanidade. Reduzi- e justificando-a acima dos princípios de integração da
ria o homem à sua “mais simples expressão, pouco senão ordem social democrática”.
nada mais que o irracional”, já que para o empreendi- Florestan Fernandes, 1960.
mento colonial interessaria dele “o ato física apenas, com
exclusão de qualquer outro elemento ou concurso moral. Florestan Fernandes se refere à ideia de “democracia
A ‘animalidade’ do Homem, não a sua ‘humanidade’”. É racial” que, durante um período, foi considerada cons-
difícil imaginar algo mais brutal. [...] titutiva da identidade nacional brasileira. Esta tese era
caracterizada por:
Caio Prado nota também que, em razão da escravidão,
“existiu sempre um forte preconceito discriminador de a) pressupor uma miscigenação harmoniosa entre os
raças” no Brasil. Considera, portanto, que esse preconcei- diferentes grupos étnicos constitutivos da nação bra-
to não tem motivos biológicos, mas históricos e sociais. sileira.
b) apregoar que representantes de todos os grupos
RICUPERO, B. Sete lições sobre as interpretações do Brasil.
2ª ed. São Paulo: Alameda, 2008, p. 144-145. étnicos deveriam ter representatividade política em
âmbito legislativo.
O texto acima, de Bernardo Ricupero, apresenta uma c) promover a denúncia de práticas racistas contra ne-
explicação da forma como Caio Prado Jr. compreende gros, mulheres e indígenas.
os efeitos da escravidão para a constituição da socieda-
d) reivindicar a instauração de processos e eventuais
de brasileira. Tendo em conta essa abordagem, assinale
julgamentos dos responsáveis pelo processo de fave-
a alternativa incorreta:
lização nas grandes capitais brasileiras, a partir de fins
a) A noção de que a escravidão destitui o homem da do século XIX.
sua humanidade está relacionada ao conceito marxista e) defender as candidaturas plurirraciais nos processos
de alienação. Na medida em que o homem deixa de eleitorais, pós 1964.
174
GEOGRAFIA 1
175
TRANSPORTES: MATRIZ DE TRANSPORTES,
RODOVIAS, FERROVIAS E PORTOS
URBANIZAÇÃO
§ O processo de urbanização ocorreu no início do capita- § Melhores condições sanitárias.
lismo comercial, intensificando-se, sobretudo, após as
§ Fácil acesso aos produtos, bens de consumo e serviços.
revoluções industriais.
§ Maior interação cultural.
§ Corresponde à modernização dos aglomerados urbanos, do-
tando-os de infraestrutura, ao mesmo tempo que concentra
as atividades industriais e comerciais no espaço da cidades; Fatores repulsivos
§ O crescimento das cidades vincula-se às atividades in- § Inchaço urbano.
dustriais e comerciais. § Baixos salários.
176
Hierarquia urbana Configuração interna das
§ As cidades podem ser classificadas em diferentes níveis cidades brasileiras
hierárquicos de influência socioeconômica. As maiores
aglomerações urbanas exercem uma polarização so- § A cidade é palco das interações sociais com o espaço.
bre as menores, formando um sistema integrado. No § Contraditoriamente, é lugar do encontro e do desen-
Centro-Sul do país, essa rede é mais densa e existem contro com seus condomínios fechados e shoppings
cidades em todos os níveis hierárquicos. centers, onde o espaço está segregado.
§ Para delimitar essas áreas de influência, o IBGE consi-
dera o fluxo de consumidores que utilizam o comércio
e os serviços públicos e privados no interior da rede e
mapeia a rede de transportes entre os municípios e os
principais destinos das pessoas que buscam produtos e
serviços fora do seu município de origem.
URBANIZAÇÃO NO BRASIL
177
2. Do início do século XX até meados dos anos 1940:
§ a urbanização se concentra nos núcleos da região Sudeste, São Paulo e Rio de Janeiro;
§ fase da modernização da economia e criação de laços entre as economias regionais;
§ mudanças sociais com o crescimento da massa do operariado urbano;
§ expansão e instalação de redes de infraestrutura (rodovias, ferrovias, energia e saneamento), dando um conteúdo mais
técnico ao território;
§ implantação de indústrias de base;
§ subordinação das demais regiões com o Sudeste, levando à estagnação ou redução da população de várias cidades.
§ as grandes cidades tornaram-se o meio técnico aptos para receber as inovações tecnológicas;
§ atuação de empresas transnacionais;
§ São Paulo e Rio de Janeiro se consolidam como os centros mais importantes na economia e das finanças e se articulam
com outras regiões;
§ forte concentração urbana regional em capitais como Porto Alegre, Curitiba e Belo Horizonte;
§ crescente metropolização;
https://www1.folha.uol.com.br/infograficos/2013/11/78700-censo-das-favelas-ibge.shtml
http://www.ocotidiano.com.br/2013/11/censo-das-favelas-ibge.html
FONTES DE ENERGIA
§ A maior parte da energia elétrica no mundo é obtida Embora seja considerada renovável, seu impacto ambien-
por meio da rotação de uma turbina, que converte tal é considerado grande, pois além das áreas inundáveis
179
provocarem impactos imprevisíveis no microclima das regi-
ões, as árvores submersas pela barragem são decompostas
Petróleo
anaerobicamente, liberando gás metano e aumentando o § O petróleo se caracteriza por ser uma energia não re-
efeito estufa. novável pelo descompasso entre seu lento processo de
Existem ainda os impactos sociais às populações próximas formação e seu crescente consumo.
das barragens. Atingidas direta e concretamente através do § Esse hidrocarboneto foi formado pelo soterramen-
alagamento de suas propriedades, casas, áreas produtivas to de materiais de origem animal e vegetal que,
e até cidades, também sofrem os impactos indiretos como isolada do oxigênio do ar, foi lentamente sendo de-
a perda de laços comunitários, separação de comunidades composta por bactérias anaeróbicas, gerando uma
e famílias, destruição de igrejas, capelas, escolas, entre mistura de substâncias.
outras instituições que guardam a cultura e a história de
comunidades inteiras, principalmente comunidades tradi-
cionais.
Termoelétricas
§ Países que não dispõem de recursos suficientes para
a obtenção de energia, como muitos países europeus,
costumam utilizar usinas termoelétricas, onde a rotação
das turbinas é feita pela alta pressão de vapor d’água,
obtido pela queima de carvão, óleo ou biomassa.
https://escolaeducacao.com.br/combustiveis-fosseis/
Eólica
§ Nesse tipo de usina, o movimento de rotação das turbi-
nas é promovido pelo vento.
§ No Brasil, é crescente o número dessas torres com
imensas pás, que alcançam mais de 20 metros de com-
primento. Biodigestores
§ Apesar de ser uma fonte reconhecida como limpa, sua § A existência do biogás é conhecida pelo menos des-
eficiência é pequena e depende de ventos constantes e de 1806, quando o químico inglês Humphry Davy
com velocidade adequada. identificou um gás rico em carbono e CO2 que re-
§ O impacto ambiental está ligado a sua estética, a co- sultava da decomposição de dejetos animais em
lisão de aves e ao ruído gerado pela rotação das pás. lugares úmidos.
§ Com o passar dos anos, vários estudos e experiências
desenvolveram dois modelos principais de biodigestor:
o chinês, mais simples e econômico, e o indiano, mais
técnico e sofisticado.
§ Os biodigestores são equipamentos de fabricação rela-
tivamente simples, que possibilita o reaproveitamento
de detritos para gerar gás e adubo, também chamados
de biogás e biofertilizantes.
180
http://www.usp.br/portalbiossistemas/?p=7972
§ Para o uso de biodigestores, assim como a retomada de técnicas tradicionais para aumentar a autonomia energética de
uma sociedade, é preciso investimento no desenvolvimento de pesquisas na área técnica e na área social, bem como o
diálogo entre ambas as produções, para estimular a a agricultura através dos biocompostos, reduzindo perdas de trans-
missão, gerando autonomia energética e know-how tecnológico.
Hidrografia
Planaltos da Amazônia Planície e tabuleiros
oriental litorâneos
§ Predomínio de baixas altitudes. Planaltos e chapadas da
bacia do Parnaíba
181
Clima § Plano de Integração Nacional (PIN).
§ Projetos de mineração.
§ Predominância de clima equatorial § Arco do desmatamento: Leste do Pará, Maranhão, To-
1. Chuvas abundantes e bem distribuídas ao longo do ano. cantins, Mato Grosso e Rondônia.
Características populacionais
§ Rápido crescimento demográfico (período de 1970 -
2010), superando as médias nacionais.
Climograma da Região Norte, município de Uaupés, AM. § Processo migratório para região: sobretudo de con-
tingentes populacionais oriundos da região nordeste
Vegetação e sul.
§ Predominância de população jovem.
§ Floresta Amazônica (vegetação de grande porte).
§ Grande expansão de novos centros urbanos (além de
§ Perfil relevo-vegetação na bacia amazônica: novos municípios); crescimento das cidades médias.
1. Matas de terra firme;
Impactos ambientais
§ Construção hidrelétricas.
Perfil do Rio Amazonas com suas respectivas vegetações § Desmatamento e poluição provocados pela mineração,
https://www.estudokids.com.br/floresta-amazonica/ pecuária e o cultivo de soja.
182
REGIÃO NORDESTE
http://brasilregionalisado.blogspot.com/2014/09/
sub-regioes-do-nordeste.html
Zona da Mata
§ Clima tropical úmido: influência oceânica.
§ Relevo de predomínio de planícies costeiras.
183
Aspectos socioeconômicos Rio São Francisco
§ Produção de gêneros agrícolas de subsistência: carne, § Nasce em São Roque das Minas, MG; deságua no oce-
couro, leite, café, algodão, sisal. ano Atlântico entre os estados de Alagoas e Sergipe.
§ Pecuária. § Grande importância econômica e social (pesca e na-
§ Espaço da policultura e de pequenas propriedades. vegação).
§ Artesanato. § Projeto de integração do Rio são Francisco com a ba-
cias do Nordeste Setentrional.
Sertão § Problema da seca e a questão social: Indústria da seca
– apropriação de recursos públicos por grandes pro-
Aspectos físicos prietários.
https://curtageografia.wordpress.com/2013/07/18/a-transposicao-do-rio-sao-francisco/
184
Aspectos socioeconômicos § Plantio de arroz.
§ Produção local: artesanato utilizado com base da ve- § Porto de Itaqui: escoamento de minério da Serra dos
getação local. Carajás (PA).
§ Lançamento de foguetes (base de Alcântara - MA). § Ferrovia norte-sul: exportação de soja e carne.
REGIÃO SUDESTE
Região Centro-Oeste
Aspectos Naturais
§ Relevo: planalto central, planalto meridional e planície do Pantanal.
https://brasilescola.uol.com.br/brasil/aspectos-naturais-centro-oeste.htm
185
Clima Regiões metropolitanas
§ Tropical, com verão quente e chuvoso e inverno seco. § Região Metropolitana de Goiânia.
§ Região Metropolitana de Cuiabá.
Vegetação § Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Fe-
§ Predomínio do Cerrado. deral e Entorno.
§ Floresta amazônica no norte do Mato Grosso.
§ Pantanal.
Região Sul
Hidrografia Formação social
§ Rios Principais: rio Xingu, rio Juruena, rio Teles Pires,
§ Reduções jesuítas.
rio Paraguai, rio Araguaia, rio Paraná, rio Tocantins.
§ Usinas Hidrelétricas: Complexo de Urubupungá, São § Açorianos.
Simão e Cachoeira Dourada. § Comércio de tropas com Minas Gerais (abastecimentos
das regiões mineradoras).
Aspectos socioeconômicos § Colônias europeias: italianos, alemães e holandeses.
§ Distribuição da população
Economia
Unidade Densidade demográfica 2010
§ Agricultura moderna – produção de grãos: soja, milho,
Federativa (hab/km²)
arroz, feijão e trigo.
Mato Grosso 3,36
Mato Grosso do Sul 6,86 § Pequenas propriedades em maioria, com base familiar
Goiás 17,65 (herança da colonização).
Distrito Federal 444,66 § Produção de café, soja, cana-de-açúcar (norte do Paraná).
186
U.T.I. - Sala 6. Leia o texto a seguir.
Em 2010, o país possuía 6.329 aglomerados subnormais
1. Dentre os quatro sistemas de transportes de passa- (assentamentos irregulares conhecidos como favelas,
geiros e de cargas utilizados no Brasil – o rodoviário, o invasões, grotas, baixadas, comunidades, vilas, ressacas,
ferroviário, o aeroviário e o aquaviário/hidroviário – in- mocambos, palafitas, entre outros) em 323 dos 5.565
dique o modelo mais usado e discuta um dos problemas municípios brasileiros. Eles concentravam 6,0% da po-
desta opção modal. pulação brasileira (11.425.644 pessoas), distribuídos
em 3.224.529 domicílios particulares ocupados (5,6%
2. O Complexo Portuário de São Luís (Porto do Itaqui do total). Vinte regiões metropolitanas concentravam
e os Terminais da Ponta da Madeira e da Alumar) é o 88,6% desses domicílios, e quase metade (49,8%) dos
segundo maior do Brasil em movimento de carga, com domicílios de aglomerados estavam na Região Sudeste.
mais de 117 milhões de toneladas operadas em 2010. IBGE. Censo 2010. Disponível em: <www.ibge.
gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.
Disponível em: http://www.antaq.gov.br/portal/ php?id_noticia=2051>. Acesso em: 19 jan. 2012.
pdf/palestras. Acesso em: 13 out. 2013.
Considerando-se as condições subnormais em que vive
Apresente duas condições que permitem ao Complexo
parte considerável da população brasileira,
Portuário de São Luís situar-se entre os mais expressi-
vos portos mundiais e brasileiros. a) descreva duas características de um aglomerado
subnormal;
3. “Os esforços conjugados dos trabalhadores subal- b) apresente duas consequências para a saúde da po-
ternizados da cidade para construir abrigos para eles pulação que vive na situação descrita pelo texto, nas
e suas famílias nunca foram devidamente reconhecidos grandes cidades brasileiras.
pela sociedade, em geral, e pelo próprio Estado. [...] A
incompletude do acesso e a precariedade da oferta de 7. As primeiras regiões metropolitanas foram criadas,
serviços públicos fundamentais (educação, saúde, sane- no Brasil, no ano de 1974, justificadas pela necessidade
amento) são expressões contundentes de processos de de planejamento desses espaços. Explique o que é Re-
distinção territorial de direitos, demonstrando, inequi- gião Metropolitana e, citando uma em particular, apon-
vocamente, que cidadãos de uma mesma cidade pos- te alguns dos seus problemas de planejamento.
suem direitos respeitados e garantidos de acordo com
os bairros onde residem [...]”.
(BARBOSA, J. L. As favelas na reconfiguração territorial
da justiça social e dos direitos à cidade. In: CARLOS,
U.T.I. - E.O.
A. F. A.; ALVES, G.; PADUA, R. F. de. Justiça espacial e 1. (UFSC 2020) A busca por uma matriz energética di-
o direito à cidade. São Paulo: Contexto, 2017). versificada constitui estratégia de planejamento adota-
Com base no texto acima e nos conteúdos de Geogra- da por várias nações para evitar desabastecimento ou
fia Urbana, descreva quais são os principais sujeitos da diminuir os impactos das crises econômicas [...]. A busca
produção do espaço urbano, suas ações na cidade e os pela maior eficiência energética e pela mitigação das
processos e conflitos resultantes de tais ações. Aponte mudanças climáticas globais, provocadas pela intensifi-
ainda ao menos duas formas de se alcançar o “direito cação do efeito estufa, tem levado os países a investir
à cidade” e/ou a “justiça espacial” nas cidades contem- em fontes menos poluentes de energia.
porâneas do Brasil. MOREIRA, J. C.; SENE, E. Geografia geral e do Brasil: espaço
geográfico e globalização. 3. ed. São
Paulo: Scipione, 2016. p. 53.
4. Para planejar um sistema eficiente de transportes para
a circulação de mercadorias e pessoas, quais modais de- a) Conceitue “matriz energética” e “matriz de ener-
vem ser priorizados para deslocamentos de grandes e de gia elétrica” e informe, para cada conceito, qual é o
pequenas distâncias? Justifique sua resposta. tipo de fonte de energia (renovável ou não renovável)
predominante no Brasil.
5. Em 2004, o Governo Federal lançou o Programa de b) Considerando a matriz energética brasileira, qual é
Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica o combustível fóssil mais utilizado para gerar eletrici-
(Proinfa), que tem por objetivo promover a diversifica- dade no país?
ção da matriz energética brasileira, buscando alterna- c) Identifique a bacia hidrográfica de maior potencial
tivas às usinas hidrelétricas com grandes reservatórios e a bacia hidrográfica de maior geração de energia
e às termonucleares, para aumentar a segurança no no Brasil.
abastecimento de energia elétrica, além de permitir a c1) Bacia de maior potencial:
valorização das características e potencialidades regio- c2) Bacia de maior geração:
nais e locais.
d) Quais são as duas regiões geográficas brasileiras,
(www.mme.gov.br. Adaptado.) com base na definição do IBGE, que possuem a maior
Indique duas fontes alternativas de energia elétrica que concentração de parques eólicos geradores de ener-
podem ser encontradas no território brasileiro e men- gia?
cione dois benefícios oferecidos pelo uso delas.
187
2. (UNICAMP 2018)
A tira acima retrata a transformação de uma paisagem urbana associada aos processos de refuncionalização espacial
e gentrificação (do inglês gentrification).
a) Dê dois exemplos de refuncionalização espacial ilustrados na tira acima.
b) O que é gentrificação? A partir de qual momento da urbanização mundial esse fenômeno passa a ocorrer?
3. (UNB) Na ultimas décadas, um novo ciclo de expan- Nesse sentido, explique a concentração de frigoríficos
são econômica avizinha-se da região Norte do Brasil. a) na área 1, citando ao menos duas características
É esperada a intensificação dos impactos ambientais geográficas dessa área.
e sociais negativos nessa região, que tem sido alvo de
b) na área 2, considerando ao menos um aspecto físi-
profundas interferências em seus ecossistemas. Consi-
co-natural e um histórico-geográfico dessa área.
derando essas informações, redija um texto acerca das
consequências do crescimento econômico da região 6. (UFBA) Os transportes são fundamentais para que um país
Norte para o meio ambiente e para a população. Em seu tenha competitividade no mercado internacional. Na era
texto, utilize pelo menos três das seguintes palavras ou dos blocos econômicos e da luta por mercados, é preciso po-
expressões: migrações, ocupações irregulares, poluição, der contar com uma rede de transportes bem estruturada.
perda de biodiversidade, conflitos sociais.
Há muito tempo, nosso país sofre perdas constantes
nesse setor, em virtude do alto custo dos investimentos.
4. (UDESC) Descreva o significado da expressão “indús-
tria da seca”, caracterizando a região brasileira onde (ALMEIDA; RIGOLIN, 2005, p. 500).
esse processo se desenvolveu. Considerando o texto e os conhecimentos sobre a articula-
ção e a racionalização dos meios de transportes, no Brasil:
5. (FUVEST) A distribuição espacial dos frigoríficos de
carne bovina no Brasil obedece a lógicas distintas. Por § justifique o porquê da necessidade de criação de
exemplo, algumas empresas distribuem seus frigorífi- uma rede de transportes adequada e eficiente, em
cos por diferentes estados, em função de problemas sa- um país de dimensões continentais, incluído entre as
nitários. No entanto, é possível observar a existência de grandes economias do mundo e que almeja crescer
algumas importantes concentrações espaciais, a exem- ainda mais;
plo das destacadas no mapa com os números 1 e 2. § relacione dois problemas ligados ao planejamento
imprevidente das vias de transporte, originados de
projetos políticos que, muitas vezes, sobrepõem os
interesses individuais e econômicos aos coletivos.
188
1
Segundo a ONU (Organização das Nações Unidas), com
base em dados de 2004.
(www.un.org/.02.09.2005.)
2
Segundo Beaverstock; Smith; Taylor. A roster of world
cities. GaWC, 1999.
(www.iboro.ac.uk/. 02.09.2005.)
189
190
GEOGRAFIA 2
191
REGIÕES SOCIOECONÔMICAS MUNDIAIS: ÍNDIA E SUDESTE ASIÁTICO
Organização socioespacial
taque para o planalto do Decã; planícies ao longo do
litoral e em torno dos principais rios (Indo e Ganges);
dobramentos modernos ao norte, no prolongamento § Segunda maior população mundial: 1,3 bilhão de
da cordilheira do Himalaia. habitantes.
§ Densidade demográfica: 600 hab/km2 .
§ Concentra-se nos vales e nos deltas dos grandes rios,
como as planícies indo-gangéticas, onde fica Nova Delhi.
§ No litoral, onde se localiza a cidade de Mumbai, está o
maior aglomerado urbano.
§ Altas taxas de crescimento econômico:
§ Êxodo rural;
§ “Inchaço” urbano;
§ Problemas ambientais.
§ Mais da metade da população ainda vive em zonas rurais.
Clima
§ Desigualdades sociais.
§ O ritmo de vida da população é ditado pelo clima tro-
pical de monções. Durante o verão no hemisfério nor- § Sistema de castas, que embora abolido ainda permane-
te, as altas temperaturas do continente formam uma ce na cultura indiana.
zona de baixa pressão que atrai ventos da zona de alta
pressão, que neste momento está no oceano e que
portanto, sopra ventos carregados de umidade para o
continente, provocando chuvas torrenciais. No inverno,
a zona de alta pressão é no continente e a de baixa no
oceano, fazendo com que os ventos secos do interior
do continente soprem em direção ao oceano.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Sistema_de_castas_na_%C3%8Dndia_
moderna#/media/Ficheiro:Structure_of_the_Indian_society_PT.gif
http://geoconceicao.blogspot.com/2012/04/
moncoes-em-certas-regioes-da-terra.html
192
Integridade territorial: Recursos naturais
questões separatistas § Bom potencial hidrelétrico.
§ Caxemira: de maioria muçulmana e descontentes com § Jazidas de ferro, manganês, carvão e tório no planalto
a dominação indiana, deseja sua anexação ao Paquis- do Decã, que permitiu o desenvolvimento de um im-
tão. Há também um movimento minoritário que reivin- portante centro siderúrgico nessa região.
dica independência. § Reservas de urânio, com a produção de energia nuclear para
§ Punjab: o povo sikhi reivindica separação. atender a demanda de energia da economia em ascensão.
§ Assã: fica no leste da Índia, onde a Frente Unida de Liber-
tação do Assã é a principal organização representativa Tigres asiáticos
desse povo, convertendo-se num partido político. § Coreia do Sul, Taiwan, Cingapura e Hong Kong.
§ Receberam investimentos maciços, principalmente do
Aspectos econômicos Japão e dos EUA.
§ Desenvolvimento da indústria de bens de consumo.
§ Prioridade do desenvolvimento industrial a partir da in-
dependência, em 1947, conduzido e centralizado pelo § Prioridade para o mercado externo.
Estado. § Pequena dimensão territorial.
§ Instalação de um grande parque energético. § Intensa exploração da mão-de-obra, com longas jorna-
§ Grande potencial de consumo. das e baixos salários.
§ Crescimento econômico acelerado. § Grande destaque para a produção de eletrônicos.
§ Integrante do BRICS. § Elevação da renda per capita IDH elevado.
§ Indústria têxtil está entre as maiores do mundo. § Acumulação de excedentes de dólares que permitiu
investir nos chamados “Novos Tigres” ( Malásia, Tai-
§ Maior produtor mundial de remédios genéricos.
lândia, Indonésia, Filipinas e Vietnã).
§ Importante centro de pesquisas e produção de tecno-
§ Apesar do elevado crescimento econômico, a base eco-
logias da informação, com trabalhadores altamente
nômica da maioria dos países do sudeste asiático ainda
qualificados.
é a agricultura, com o emprego da agricultura de jardi-
§ Um dos maiores produtores mundiais de arroz, feijão, nagem (técnica agrícola que consiste na aplicação de
trigo, algodão e batata, que atende principalmente a abundante mão-de-obra em pequenas propriedades),
demanda interna. com destaque para rizicultura.
§ importam matéria-prima pois são pobres em recursos
naturais.
Aspectos naturais
Relevo
§ O relevo é constituído basicamente pelo planalto da Anatólia, o Iraniano e o Arábico.
§ Nos dobramentos modernos encontramos os Montes Zagros, Elburz e Iêmen.
§ A maior planície é a da Mesopotâmia, cuja maior extensão fica no Iraque.
§ Na foz do rio Jordão encontra-se a depressão do Mar Morto.
193
Oriente Médio - Físico
194
Agricultura § 1947: ONU encaminha a partilha da Palestina em
2 Estados:
§ As condições naturais para o desenvolvimento da agricul- Estado Judeu (57% da área e 30% da população)
tura são adversas em função do clima árido e semiárido.
Estado Árabe (43% da área e 70% da população)
§ Há necessidade de empregar um conjunto de técnicas
agrícolas, mas em geral, os cultivos são desprovidos de § Jerusalém: controle internacional.
tecnologia e resultam em baixa produtividade.
§ A Turquia produz tabaco, algodão, azeitonas e cítricos
em áreas mais úmidas, e cevada e trigo no interior. Na
Planície da Mesopotâmia há produção de cereais e
tâmaras para exportação.
§ Síria, Líbano, Jordânia e Israel produzem cítricos, uvas
e azeitonas.
§ A agricultura israelense é praticada nos kibutzim, pro-
priedades coletivas que ganharam notoriedade por
transformar regiões áridas em áreas de excelente apro-
veitamento agrícola.
§ Quando a Grã-Bretanha antecipou sua retirada da Pales-
Conflitos no Oriente Médio tina para o dia 15 de maio de 1948, o líder judeu David
Bem Gurion proclamou a independência de Israel.
§ Formação de um governo Palestino autônomo. § Fechamento do porto de Eilat, no golfo de Ácaba pelo
presidente Nasser, que ameaçavam os projetos judeus
Criação do Estado de Israel de irrigação do deserto de Negrev.
§ França, Reino Unido e Israel X Egito (apoio da URSS).
§ Fim da II Guerra Mundial. § Em 29 de outubro, as tropas israelenses invadem a fai-
§ Bipolaridade: EUA passou a apoiar Israel, como medida xa de Gaza egípcia e a Península do Sinai, em direção
geoestratégica na região. ao Canal de Suez, controlando o golfo de Ácaba e rea-
brindo o porto de Eilat.
195
§ Pressões da URSS e dos Estados Unidos fizeram Israel § A ONU condenou a ocupação através da resolução
recuar a fronteira, sob supervisão das tropas da ONU. 242, que exigia o restabelecimento das fronteiras an-
Egito fica com o canal, mas garante livre navegação. teriores à guerra, mas Israel não cumpriu a resolução.
196
Segunda Intifada Guerra do Golfo (1991)
§ Os palestinos iniciaram a revolta quando o 1º ministro § Iraque nunca aceitou a independência do Kuwait.
de Israel, Ariel Sharon, visitou a Esplanada das Mesqui- § Kuwait se tornou um dos principais credores do Iraque.
tas em setembro de 2000 e entrou calçado no templo,
§ Em agosto de 1990 as tropas iraquianas invadem o
gesto que foi interpretado como uma provocação.
Kuwait.
§ Argumentando que Israel deveria proteger suas frontei-
§ A ONU condena a ação iraquiana que não legitima a
ras, Sharon inicia a construção de um muro de 600km
reivindicação histórica sobre o Kuwait.
em torno da Cisjordânia.
§ EUA entram na guerra a favor do Kuwait.
Revolução islâmica (1979) Resultados:
§ Irã: regime monárquico, sob liderança do Xá Reza § Kuwait vence a guerra com o apoio dos EUA.
Pahlevi. § ONU declara embargo econômico ao país.
§ Governo pró-ocidente. § Saddam perde a guerra mas não o cargo pois não ha-
via sucessor confiável.
§ Aiatolá Ruhollah Khomeini, líder xiita, anti-ocidente e
anti-americano, coordenou da França, onde estava exi-
lado, a Revolução Islâmica no Irã. Guerra do Iraque (2003)
§ Após os atentados de 11 de setembro, a política esta-
§ Reza Pahlevi foi derrubado e fugiu, sendo instaurada a
dunidense instaura a “guerra contra o terror”;
nova República Islâmica do Irã (Estado Teocrático).
§ A primeira vítima foi o Afeganistão, governado pela
Guerra Irã – Iraque milícia Talebã.
§ 1975: Protocolo de Argel, documento que definiu a § “Eixo do mal”: Irã, Iraque, Coreia do Norte.
fronteira entre Irã e Iraque nas imediações do estuário
§ EUA justificavam a invasão pela existência de armas
de Chat el Arab;
nucleares e decide agir sem aprovação da ONU, apoia-
§ A Revolução Iraniana preocupa os dirigentes dos de- da pela “Doutrina Bush”.
mais estados do Golfo Pérsico, pois muitos muçulma-
§ Em 20 de março de 2003 tropas estadunidenses
nos aprovavam a opção islâmica na política;
invadem o Iraque e em apenas um mês Bagdá cai e
§ 1979: o vice-presidente iraquiano, Saddam Husseim, Saddam Hussein é deposto.
sobe ao poder; Resultados:
Em setembro de 1980, o Iraque invade o Irã, com o apoio § A força e a legitimidade da ONU é questionada.
das monarquias do Golfo, Kuwait, EUA e Grã-Bretanha.
§ O unilateralismo estadunidense é confirmado no plano
Resultados: geopolítico mundial.
§ 300 mil mortos. § Inicia-se uma série de atentados terroristas e ações de
guerrilha de várias correntes políticas e religiosas, que
§ 700 mil feridos e inválidos.
se opõem à ocupação norte-americana.
§ Enriquecimento da indústria bélica mundial.
§ Caos generalizado.
§ Endividamento dos dois países.
§ Mais de 2 mil soldados americanos morreram.
Relevo
§ Predominância de imensos tabuleiros e planaltos pouco elevados.
§ Altitude média – 750 metros.
197
§ Cadeia Atlas – Norte do continente.
§ No leste, temos a falha geológica (Rift Valley), com fendas
Vegetação
vulcânicas que deram origem a lagos do tipo tectônico. § Mediterrânea.
§ Tropical.
Estreito de Gibraltar a
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§ Guerras civis.
TRÓPICO DE CAPRICÓRNIO
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Cabo da Boa Esperança
Hidrografia
§ Rio Nilo.
§ Rio Congo.
Clima
§ Clima desértico.
§ Clima tropical.
§ Mediterrâneo.
§ Frio de montanha.
§ Clima equatorial.
Equatorial
Tropical
Desértico
Semiárido
Mediterrâneo
Frio de montanha
198
Descolonização Africana § Epidemias: AIDS e Ebola.
§ Crises étnicas, gerando grandes conflitos sociais (exem-
plo de Ruanda).
África Portuguesa
§ Cabo Verde. “Duas” Áfricas
§ São Tomé e Príncipe. § África do norte ou África mediterrânea – etnia próxima
das características do oriente médio.
§ Guiné-Bissau.
§ África Subsaariana – maior concentração de população
§ Moçambique.
negra.
§ Angola.
Obs.: Movimentos de independência ocorreram após a Economia
segunda metade do século XX.
§ Continente menos desenvolvido.
Teoria malthusiana
§ Segundo o economista inglês Tomas Malthus, a população mundial cresceria em um ritmo muito rápido e a produção de
alimentos cresceria em um ritmo lento.
§ “Sujeição moral”: a população deveria adotar uma postura de privação voluntária dos desejos sexuais, com o objetivo
de reduzir a natalidade.
199
Teoria Neomalthusiana
§ Defende o controle do crescimento populacional para conter o avanço da miséria nos países subdesenvolvidos.
§ Preconiza a difusão de medidas governamentais para intensificar o controle do crescimento da população.
Teoria reformista
§ Os reformistas atribuem a pobreza à má distribuição de renda da sociedade, ocasionada, sobretudo, pela exploração a
que os países desenvolvidos submetem os países subdesenvolvidos.
Ecomalthusianismo
§ Teoria demográfica que questiona a relação entre crescimento populacional e a preservação da natureza;
§ A maior quantidade de habitantes da Terra gera mais impactos ambientais.
200
Taxa de mortalidade
§ Representa o número de falecimentos durante o período de um ano para cada mil habitantes.
Saldo migratório
§ É o resultado do número de imigrantes menos o número de migrantes.
Transição demográfica
§ Descreve a dinâmica do crescimento populacional decorrente dos avanços da medicina, da urbanização, bem como do
desenvolvimento de novas tecnologias.
Transição demográfica
https://brasilescola.uol.com.br/geografia/transicao-demografica.htm
POPULAÇÃO BRASILEIRA
202
Emigração brasileira
§ Entre as décadas de 1980 e 1990, milhões de brasileiros deixaram o Brasil movidos por sucessivas crises econômicas e
pelo crescente desemprego.
§ Os países desenvolvidos são sempre os principais destinos: Estados Unidos e Japão.
§ As cidades dos Estados Unidos que atraem os brasileiros são Nova York, Boston e Miami.
Migração e xenofobia
§ Ocorre em regiões em que há alta concentração de imigrantes, sendo mais acentuada em relação àqueles oriundos de
países menos desenvolvidos, ou de culturas e etinias minoritárias.
§ Os nativos acreditam que os imigrantes são responsáveis pelo desemprego e criminalidade.
203
U.T.I. - Sala 3. (UERJ)
4. (UEG) Os Tigres Asiáticos eram países subdesenvolvidos até a década de 1970, quando promoveram uma rápida e
eficiente industrialização. Cite três fatores que favoreceram esse processo de industrialização.
5. Leia a seguir um trecho da Declaração final do 14º Acampamento Terra Livre: pela garantia dos direitos originários
dos nossos povos!, realizado em Brasília em abril de 2017:
“Nós, povos e organizações indígenas do Brasil, mais de quatro mil lideranças de todas as regiões do país, reunidos
por ocasião do XIV Acampamento Terra Livre, realizado em Brasília/DF de 24 a 28 de abril de 2017, diante dos ataques
e medidas adotadas pelo Estado brasileiro voltados a suprimir nossos direitos garantidos pela Constituição Federal
e pelos Tratados Internacionais ratificados pelo Brasil, vimos junto à opinião pública nacional e internacional nos
manifestar. Denunciamos a mais grave e iminente ofensiva aos direitos dos povos indígenas desde a Constituição
Federal de 1988, orquestrada pelos três Poderes da República em conluio com as oligarquias econômicas nacionais e
internacionais, com o objetivo de usurpar e explorar nossos territórios tradicionais e destruir os bens naturais, essen-
ciais para a preservação da vida e o bem-estar da humanidade, bem como devastar o patrimônio sociocultural que
milenarmente preservamos”.
Levando em conta essa publicação, aponte quatro causas e quatro consequências das recentes decisões políticas
nacionais envolvendo os povos indígenas e seus territórios.
204
Razão de dependência corresponde ao peso da pop- 2. Leia o texto a seguir
ulação considerada inativa sobre a população ativa. A chuva tem sido considerada uma das principais in-
Determine, a partir das informações da tabela, as déca- imigas do resgate dos 12 meninos presos em uma cav-
das que apresentaram a maior e a menor razão de de- erna com seu técnico de futebol no norte da Tailândia.
pendência para a população brasileira. Apresente duas E a previsão para as próximas duas semanas é de tem-
condições que determinam o processo de transição de- pestades diárias na região, o que é comum nesta época
mográfica analisado. do ano conhecida como período das monções no sud-
este asiático. O complexo de cavernas de Tham Luang
7. (UNICAMP 2020) O tântalo (Ta) é um elemento metá- está alagado e o nível da água pode subir e atingir o
lico encontrado em baixíssima concentração na crosta grupo, que hoje está abrigado em uma área mais alta
terrestre. É o “rei” da era digital, pois seu uso em capa- dos túneis. As autoridades da Tailândia consideram que
citores tem contribuído para a miniaturização de circui- o resgate pode demorar até quatro meses justamente
tos eletrônicos. Em Bandulu, no leste do Congo, onde as em função da época das monções, dependendo da
minas de coltan (columbita-tantalita) são abundantes, opção de salvamento que será empregada.
existe um único painel solar para carregar os celulares,
e os poucos que existem não são smartphones. A explo- Disponível em noticias.r7.com
ração de coltan não é ordenada, uniforme ou pacífica. Com base nos conhecimentos sobre chuvas torrenciais,
Analistas da geopolítica contemporânea o consideram explique o que são as monções, quais as suas causas e
a estrela dos “minerais de sangue”. como esse fenômeno ocorre no sudeste asiático.
(Adaptado de Gemma Parellada, Viagem ao berço do coltan, o 3. (UEL) Leia o texto a seguir.
coração dos smartphones. Disponível em https://brasil.elpais.com/
brasil/2016/02/19/internacional/1455896992_924219.html. O Brasil é signatário da Convenção das Nações Unidas
Acessado em 20/09/2019.) de 1951 sobre o Estatuto dos Refugiados e do seu Pro-
tocolo de 1967. Em julho de 1997, promulgou a Lei de
a) Que país colonizou a atual República Democrática Refúgio nº 9.474/1997, que contempla os principais in-
do Congo? Em que período se deu a independência strumentos regionais e internacionais sobre o tema e
desse país africano? que garante documentos básicos aos refugiados, inclu-
b) Explique por que não há smartphones na região do indo carteira de identidade e de trabalho, da liberdade
Congo referida, e por que o coltan é considerado um de ir e vir no território nacional e outros direitos civis.
dos “minerais de sangue”. Nos últimos cinco anos, as solicitações de refúgio no
Brasil passaram de 966, em 2010, para 28.670, em 2015.
U.T.I. - E.O.
Adaptado de: <http://www.justica.gov.br/noticias/brasil-tem-quase-9-
mil-refugiados-de-79-nacionalidades-1>. Acesso em: 3 out. 2016.
205
206
Caro aluno
Você está recebendo o terceiro livro da Unidade Técnica de Imersão (U.T.I.) do Hexag Vestibulares.
Este material tem o objetivo de retomar os conteúdos estudados nos livros 5 e 6, oferecendo um
resumo estruturado da teoria e uma seleção de questões que preparam o candidato para as provas
dos principais vestibulares. Além disso, as questões dissertativas permitem avaliar a capacidade de
análise, organização, síntese e aplicação do conhecimento adquirido. É também uma oportunidade
de o estudante demonstrar que está apto a expressar suas ideias de maneira sistematizada e com
linguagem adequada.
Aproveite este caderno para aprofundar o que foi visto em sala de aula, compreender assuntos que
tenham deixado dúvidas e relembrar os pontos que foram esquecidos.
Bons estudos!
Herlan Fellini
SUMÁRIO
BIOLOGIA
BIOLOGIA 1 209
BIOLOGIA 2 227
BIOLOGIA 3 241
FÍSICA
FÍSICA 1 259
FÍSICA 2 273
FÍSICA 3 291
QUÍMICA
QUÍMICA 1 309
QUÍMICA 2 325
QUÍMICA 3 339
© Hexag Sistema de Ensino, 2018
Direitos desta edição: Hexag Sistema de Ensino, São Paulo, 2021
Todos os direitos reservados.
Autores
Caco Basileus
Edson Yukishigue Oyama
Felipe Filatte
Herlan Fellini
Kevork Soghomonian
Joaquim Matheus Santiago Coelho
Larissa Beatriz Torres Ferreira
Marcos Navarro
Diretor-geral
Herlan Fellini
Diretor editorial
Pedro Tadeu Vader Batista
Coordenador-geral
Raphael de Souza Motta
Editoração eletrônica
Felipe Lopes Santos
Leticia de Brito Ferreira
Matheus Franco da Silveira
Imagens
Freepik (https://www.freepik.com)
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Todas as citações de textos contidas neste livro didático estão de acordo com a legis-
lação, tendo por fim único e exclusivo o ensino. Caso exista algum texto a respeito do
qual seja necessária a inclusão de informação adicional, ficamos à disposição para o
contato pertinente. Do mesmo modo, fizemos todos os esforços para identificar e loca-
lizar os titulares dos direitos sobre as imagens publicadas e estamos à disposição para
suprir eventual omissão de crédito em futuras edições.
O material de publicidade e propaganda reproduzido nesta obra é usado apenas para
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BIOLOGIA 1
209
ANGIOSPERMAS
Pseudofruto múltiplo
ou infrutescência
Origina-se do desenvolvimento de uma inflorescência, ou
seja, várias flores reunidas, como é o observado em cacho
de uvas, amora, jaca e espiga de milho.
O abacaxi, por sua vez, é um caso de pseudoinfrutescência
partenocárpica: comem-se dele os receptáculos hipertrofia-
dos das diversas flores reunidas.
Arroz, orquí-
dea, palmeira,
coqueiro,
trigo, abacaxi,
Fasciculada; Apresenta estru- Em geral, não forma tronco e não banana, cana
Costuma ser estreita, - de - açúcar,
os ramos tura trimera, isto cresce em espessura. Apresenta
com nervuras para- Um cotilédone milho, grama.
radiculares são é, os elementos caules herbáceos, colmos, bulbos
lelas e bainha geral- reduzido, sem reserva.
equivalentes florais são três ou e rizomas. Os feixes vasculares
mente desenvolvida.
em tamanho. múltiplos de três. são dispostos irregularmente.
210
Eudicotiledôneas
Raiz Flores Caule Folha Semente Exemplos
Beterraba,
feijão, café, soja,
alface, amen-
Têm estrutura Normalmente com cresci- doim, eucalipto
tetrâmera ou mento em espessura. São
Geralmente é
Pivotante ou axial. pentâmera, isto comuns caules lenhosos.
larga, com nervuras
é, os elementos Dois cotilédones com
Têm raiz em Os feixes vasculares reticuladas e
florais são em nú- ou sem reserva
eixo principal. dispostos em círculo. bainha quase
mero de quatro ou
sempre reduzida.
cinco, ou múltiplos Em muitas espécies
desses números. formam-se troncos.
MORFOFISIOLOGIA VEGETAL
Tecidos vegetais
Meristema
O tecido meristemático é o responsável pelo crescimento e desenvolvimento de um vegetal. As células desse tecido são vivas, indiferencia-
das, pequenas, de parede fina, contêm vários vacúolos pequenos pelo citoplasma e apresentam capacidade de sofrer divisões sucessivas.
Os meristemas são responsáveis pela formação dos diversos tecidos que formam o corpo de um vegetal. Há dois tipos deles:
§ meristemas primários ou apicais, responsáveis pelo crescimento em comprimento e representados pela protoderme,
pelo procâmbio e pelo meristema fundamental; e
§ meristemas secundários ou laterais, responsáveis pelo crescimento em espessura e representados pelo câmbio e
pelo felogênio.
Meristema apical
Meristemas primários:
Protoderma
Meristema fundamental
Procâmbio
Líber
Lenho
Epiderme
Parênquima
Feixe liberolenhoso
Câmbio
vascular }
Meristemas
Felogênio secundários
Caule Caule
estrutura
estrutura secundária
primária
211
Epiderme raízes, frutos e flores. Suas células são vivas e apresentam
paredes com reforço de celulose.
É o tecido mais externo dos órgãos vegetais em estrutura
§ Esclerênquima: é um tecido mais rígido que o co-
primária, sendo substituída pela periderme em órgãos com
lênquima, encontrado em diferentes locais do corpo de
crescimento secundário. Geralmente é composta por uma uma planta. Suas células são mortas devido a deposi-
única camada de células vivas, vacuoladas, perfeitamente ção de lignina.
justapostas e sem espaços intercelulares.
§ Parênquima: relacionado com as mais variadas fun-
Suas funções incluem revestimento, proteção, restrição ções no vegetal, entre elas, o armazenamento de subs-
contra perda de água, trocas gasosas pelos estômatos e tâncias, fotossíntese, secreção e transporte. Pode ser
absorção de água e sais minerais através de pelos radicula- dividido em três tipos:
res ou pelos absorventes.
§ parênquima de preenchimento
Solo § parênquima de reserva – aerífero e aquífero
§ parênquima clorofiliano
Pelos
radiculares Os dois tipos de parênquimas clorofilianos mais comuns en-
contrados no mesofilo foliar são: o parênquima clorofiliano
Epiderme
paliçádico, cujas células alongadas se apresentam dispostas
perpendicularmente à epiderme e o parênquima clorofiliano
Representação da epiderme na raiz, onde há presença lacunoso, cujas células, de formato irregular, se dispõem de
de pelos radiculares (absorventes) maneira a deixar numerosos espaços intercelulares.
Os tricomas são tipos especiais de células epidérmicas Cutícula
polinizadores. CO2 O2
Epiderme
inferior
Células-guarda Estômatos
Raiz
Raiz, caule e folha são os órgãos vegetativos de uma planta.
Tricomas A principal função da raiz é a absorção dos nutrientes mi-
nerais, sendo que, no solo, também é responsável pela fi-
Súber ou cortiça xação do vegetal ao substrato.
É um tecido formado por células justapostas e mortas devi- Uma raiz padrão possui partes bem definidas:
do a suberificação (deposição de suberina) de suas paredes
celulares. O súber exerce proteção e substitui a epiderme
no caule e na raiz, quando do crescimento secundário.
zona de ramos secundários
ou zona suberosa
e parênquima pilífera
212
O sistema radicular pode se apresentar basicamente em
dois tipos: pivotante, com uma raiz principal, ou fasci-
b
culado, sem raiz principal, que tem seus ramos equivalen- monocotiledônea
tes em tamanho e crescendo em todas as direções.
As raízes distribuem-se amplamente pelo solo, mas há
algumas plantas que possuem raízes aéreas e outras que
possuem raízes submersas. Alguns tipos de raízes também medula
desempenham outras funções:
§ raízes tuberosas; floema
xilema
§ raízes respiratórias ou pneumatóforos;
§ raízes sugadoras ou haustórios.
Disposição dos vasos condutores em raiz de
Anatomia interna eudicotiledôneas (a) e de (b) monocotiledôneas
Em corte transversal, é possível observar em raízes jovens a O córtex radicular possui proeminentes espaços inter-
sua estrutura primária, uma vez que ainda não cresceram celulares para facilitar a entrada de água e nutrientes.
em diâmetro, somente em comprimento. No entanto, na endoderme se nota o oposto, dada sua
A estrutura primária da raiz, esquematizada a seguir, é cons- função de desviar o fluxo de solutos do apoplasto (via os
tituída por epiderme, córtex, endoderme e um cilindro central espaços intercelulares) para o simplasto (via citoplasma
formado pelo periciclo e pelos vasos de xilema e floema. das células). As paredes das células da endoderme pos-
suem as estrias de Caspary, reforço de suberina em forma
de fita, impermeável.
estria de Caspary
endoderme
floema
A periciclo xilema
x
rte
a
eudicotiledônea A estrutura secundária é representada pelo crescimen-
to diametral ou em espessura do órgão. Nas eudicotile-
dôneas, esse crescimento deve-se à ação dos meristemas
secundários, o câmbio vascular e o felogênio. Observe,
na sequência das figuras, a ação do câmbio vascular no
crescimento em espessura das raízes de eudicotiledôneas
floema
lenhosas, que permite a formação progressiva de novas ca-
madas de xilema, internamente ao câmbio, e de floema,
xilema
externamente a ele.
213
Estrutura secundária de raiz
214
Tecidos de proteção Nas eudicotiledôneas, os feixes dispõem-se regularmente
no interior do caule como se estivessem ao longo de uma
Os tecidos protetores, ou de revestimento, de uma traque- circunferência e rodeiam uma medula parenquimática.
ófita são o súber e a epiderme.
Nas monocotiledôneas, eles dispõem-se desorganizada-
A estrutura primária do caule mente no interior do parênquima, não existindo córtex
nem medula definidos.
Nos caules, xilema e floema não se encontram alternados,
mas agrupados, formando os chamados feixes liberolenho-
sos. Nesses feixes, os vasos de floema ficam do lado de fora A estrutura secundária do caule
e os de xilema ficam do lado de dentro. O caule de muitas eudicotiledôneas é capaz de crescer em
espessura, o que é possível pela ação de dois tecidos me-
ristemáticos, o câmbio vascular e o felogênio. O primeiro é
responsável pela elaboração de novos vasos de xilema e de
floema. O segundo é responsável pela elaboração anual do
novo revestimento da árvore (do caule e da raiz), ou seja, da
casca suberosa.
Folha
A fotossíntese, a transpiração, a eliminação e absorção de gases atmosféricos por meio dos estômatos, a condução e dis-
tribuição da seiva e, por fim, a reserva de nutrientes são fenômenos fisiológicos importantes que são realizados pela folha.
Morfologia interna
Vista
externa
Em
corte
215
A ação dos estômatos na Abertura e fechamento dos estômatos
Curva de fechamento
Adaptações da folha aos
DIFERENÇA
diferentes ambientes
DE As folhas das angiospermas apresentam grande variação
PESO (g)
de estrutura, devido à disponibilidade ou não de água.
TEMPO (Min) § Caracteres hidrofíticos
EESTABILIZAÇÃO:
stabilização: fechamento dos estômatos
FECHAMENTO DOS ESTÔMATOS § Caracteres mesofíticos
ANTESADA
ntesESTABILIZAÇÃO: : transpiração estomática
da estabilizaçãoTRANSPIRAÇÃO ESTOMÁTICA E CUTICULAR
e cuticular
APÓS Após estabilização:TRANSPIRAÇÃO
ESTABILIZAÇÃO: Transpiração cuticular
CUTICULAR § Caracteres xerofíticos – geralmente, são folhas peque-
A abertura e o fechamento dos estômatos são influencia- nas e compactadas. As folhas de xerófitas são, frequen-
temente, espessas e coriáceas, com cutícula bem de-
dos pela umidade do ar e pela luz.
senvolvida e grande quantidade de tricomas.
Possíveis mecanismos para abertura/
fechamento dos estômatos Condução de nutrientes
Ambos têm como base o mecanismo osmótico. Podem
ocorrer por dois modos:
Absorção dos minerais
A absorção da maioria dos elementos essenciais ocorre na
§ Concentração de amido-glicose;
forma iônica, a partir da solução presente no solo.
§ Íons potássio.
Os elementos essenciais são classificados como macronu-
Na prática, ambos os mecanismos ocorrem. De qualquer trientes e micronutrientes. Aqueles necessários em maior
modo, a possibilidade de reposição da água perdida por quantidade são os macronutrientes, representados por
transpiração tem grande impacto, ou seja, solo com dispo- N, P, K, Ca, Mg e S; e os necessários em menor quantidade
nibilidade de água indica estômatos abertos, e o contrário são os micronutrientes, representados por B, Cl, Cu, Fe,
também é valido. Mn, Mo, Ni e Zn. Carbono, oxigênio e hidrogênio também
são considerados macronutrientes, mas são retirados do ar
§ claro: fotossíntese → solução vacuolar básica (entra
e da água, respectivamente, na forma de CO2 e de H2O.
k+) → ganha água → estômatos abertos.
A absorção de sais depende de fatores internos e externos,
§ escuro: sem fotossíntese → solução vacuolar ácida
como aeração e temperatura.
(sai k+) → perde água → estômatos fechados.
Tecidos condutores
O xilema (lenho) conduz seiva bruta (inorgânica) da raiz às
folhas, enquanto o floema (líber) conduz seiva elaborada
(orgânica) da folha aos órgãos consumidores ou armaze-
nadores de reserva. No caule, o floema fica disposto mais
externamente que o xilema, praticamente colado à casca.
Xilema
Mecanismo de abertura/fechamento estomático. No escuro,
a acidez aumenta devido ao acúmulo de CO2 e a glicose é Os vasos condutores de seiva inorgânica são formados
convertida em amido, levando ao fechamento estomático. Na
por células mortas – devido à impregnação por lignina – e
presença de luz, o CO2 é consumido e o pH aumenta, levando
à conversão do amido em glicose e o estômato se abre.
216
ocas. Por ser constituído de células com paredes rígidas, o
xilema também participa da sustentação do vegetal.
Existem dois tipos de células condutoras no xilema: traque-
ídes e elementos de vaso.
Floema
Os vasos do floema são formados por células vivas. A pas-
sagem da seiva orgânica se dá célula a célula – há placas
crivadas nas paredes terminais de células que se tocam.
1. A glicose é bombeada do parênquima clorofiliano para o vaso
liberiano e provoca aumento de concentração do soluto – hipertonia.
A condução da seiva elaborada A água é absorvida por osmose;
De modo geral, os materiais orgânicos são translocados 2. A entrada de água gera pressão que impulsiona
a seiva elaborada pelo floema;
para órgãos consumidores e de reserva, podendo haver
3. Quando a solução chega à raiz (ou outras regiões consumidoras),
inversão do movimento (isto é, dos órgãos de reserva o açúcar penetra nas células radiculares e a água retorna ao xilema;
para região em crescimento), quando necessário. 4. Por fim, o xilema, novamente, transporta a água em
direção aos centros produtores de seiva orgânica.
A hipótese de Münch
A hipótese mais aceita atualmente para a condução da sei- Anel de Malpighi
va elaborada é a que foi formulada por Münch e se baseia A retirada de um anel de casca do tronco principal leva
na movimentação de toda a solução do floema, incluindo a árvore à morte, pois, devido à morte de suas raíz-
água e solutos. É a hipótese do arrastamento mecânico da es, não recebe mais suprimento de água e sais min-
solução, também chamada de hipótese do fluxo por pres- erais, essenciais para a fotossíntese. O espessamento
são. O transporte de compostos orgânicos seria devido a
do tronco acima do anel é relacionado ao aumento
um deslocamento rápido de moléculas de água que arras-
da atividade meristemática nessa região, graças ao
tariam, no seu movimento, as moléculas em solução.
acúmulo de composto orgânico.
Acompanhe no esquema a seguir as etapas envolvidas
nesse mecanismo:
HORMÔNIOS VEGETAIS
Assim como em animais, nos vegetais também há uma série de fatores que controlam o funcionamento fisiologicamente.
Os hormônios vegetais ou fitormônios – substâncias orgânicas reguladoras de processos vitais, como o crescimento, a ger-
minação de sementes e amadurecimento de frutos – são importantes no controle do metabolismo das plantas.
Auxinas
O AIA tem a capacidade de estimular ou inibir o crescimento, em razão disso, sua ação depende da sua concentração e
também da região onde se encontra. Observe o gráfico a seguir.
217
Gráfico da sensibilidade de diferentes estruturas de um vegetal a diferentes concentrações de AIA
Giberelinas Etileno
É o único fitormônio gasoso.
§ Estimulam o crescimento de caules e folhas, através da
ação na divisão e no alongamento celular. § Estimula o amadurecimento em frutos.
§ Estimulam a quebra de dormência em sementes, para § Também está envolvido na abscisão ou queda foliar e
a germinação. de frutos.
§ Quando aplicadas a determinadas plantas podem
estimular a floração e o desenvolvimento de frutos Ácido abscísico
partenocárpicos, como as auxinas.
A principal função do ácido abscísico (ABA) é impedir a
germinação prematura de sementes, mantendo-as dor-
Citocininas mentes. Além disso também tem importante papel no es-
tímulo ao fechamento estomático, quando em ocasiões de
§ Em conjunto com as auxinas, estimulam a ocorrência carência de água, que estimula sua síntese.
de divisão celular.
As giberelinas quebram a dormência de sementes, enquan-
§ Esse hormônio, junto à auxina, ainda influencia a to o ácido abscísico as mantém dormentes.
dominância apical, mas de modo oposto à auxina.
§ Atrasam a senescência das folhas, ou seja, têm ação
antienvelhecimento em folhas.
MOVIMENTOS VEGETAIS
Em resposta a estímulos, os vegetais apresentam movimentos, que, de modo geral, podem ser classificados em tactismo, tipo
de movimento com deslocamento, tropismo e nastismo, ambos movimentos sem deslocamento.
Tactismos
Movimento no qual há deslocamento, o qual acontece em gametas vegetais, como os anterozoides de briófitas e pteridóf-
itas, denominado quimiotactismo.
As euglenas, algas unicelulares, apresentam fototactismo positivo, se movendo em direção à luz.
218
O aerotactismo é o movimento de organismos em relação
ao gás oxigênio, que pode ser observado em bactérias.
Tigmotropismo
Neste movimento o estímulo é mecânico. É observado em
Tropismos
gavinhas que se enrolam ao redor de suportes.
A força da gravidade é o estímulo por trás desse movi- Outros casos de nastismo
mento. De modo geral, os caules apresentam geotropismo
São exemplos: abertura e fechamento dos estômatos, o
negativo, enquanto a raiz apresenta geotropismo positivo.
recolhimento dos folíolos da planta sensitiva ou dormideira
Quimiotropismo (Mimosa pudica), o aprisionamento de insetos pelas folhas
de certas plantas carnívoras, e os movimentos “de dormir”,
Ocorre em decorrência de um estímulo químico. Um exem- comuns em leguminosas.
plo de quimiotropismo é o que ocorre no crescimento do
tubo polínico em direção ao óvulo.
FOTOPERIODISMO
A resposta dos seres vivos à periodicidade luminosa diária é denominada fotoperiodismo e demonstra influência sobre
processos fisiológicos dos vegetais, como a floração e a queda de folhas. No entanto, atualmente, sabe-se que o período de
duração contínua de escuro exerce maior influência na floração.
Tomando como exemplo a floração, vamos distinguir como podem ser classificadas as plantas de acordo com a influência
do fotoperiodismo sobre elas.
§ Plantas indiferentes
§ Plantas de dia curto e de dia longo
Planta de dia curto (PDC) (planta de noite longa) Planta de dia longo (PDL) (planta de noite curta)
219
Fitocromos
A percepção da duração do dia ou da noite nos vegetais depende da existência de pigmentos proteicos fotorreceptores, os
fitocromos, produzidos nas folhas ou em sementes e responsáveis por captar comprimentos de onda específicos. Assim, além
da floração, os períodos de luminosidade influenciam – estimulando ou inibindo – também a germinação de sementes. Por
exemplo, numa planta de dia curto, um dos tipos de fitocromo atua inibindo a floração em períodos de escuridão particu-
larmente curtos; e em uma planta de dia longo, sob as mesmas condições, o mesmo fitocromo que agia inibindo a floração
naquelas plantas, age de maneira oposta, induzindo a floração.
220
U.T.I. - Sala 4. (UNESP) Um pesquisador investigou se havia dife-
rença no número de frutos formados a partir de flores
autofecundadas e a partir de flores submetidas à fecun-
1. (UERJ) O padrão de movimentação das plantas é in- dação cruzada em uma determinada espécie de planta.
fluenciado por diferentes estímulos, de natureza quími- Sabendo que a planta apresentava flores hermafrodi-
ca ou física. Considere as plantas como a dama-da-noi- tas, montou três experimentos.
te, que abrem suas flores apenas no período noturno.
Experimento 1: Marcou 50 botões (grupo 1), cobriu-os com
Identifique o tipo de movimento vegetal que promove tecido fino para impedir a chegada de insetos e acompa-
a abertura noturna das flores da dama-da-noite e indi- nhou seu desenvolvimento até a formação de frutos.
que o estímulo responsável por esse movimento.
Experimento 2: Marcou outros 50 botões (grupo 2), co-
Em relação às flores que se abrem à noite, apresente briu-os com tecido fino. Quando as flores se abriram,
duas características morfológicas típicas responsáveis depositou pólen trazido de outras flores sobre os estig-
pela atração de polinizadores noturnos. mas, cobriu-as novamente e acompanhou seu desenvol-
vimento até a formação de frutos.
2. (UNICAMP) Escreve James W. Wells em “Três mil mi-
lhas através do Brasil”: Experimento 3: Marcou mais 50 botões (grupo 3), re-
tirou cuidadosamente as anteras de cada um deles e
“A aparência desta vegetação lembra um pomar de fru- cobriu-os com tecido fino. Quando as flores se abriram,
tas mirrado na Inglaterra; as árvores ficam bem distan- depositou pólen trazido de outras flores sobre os estig-
tes uma das outras, ananicadas no tamanho, extrema- mas, cobriu-as novamente e acompanhou seu desenvol-
mente retorcidas tanto de troncos quanto de galhos, e vimento até a formação de frutos.
a casca de muitas variedades lembra muito a cortiça; a
folhagem é geralmente seca, dura, áspera e quebradiça; Concluídos os experimentos, com que grupo, 2 ou 3, os
as árvores resistem igualmente ao calor, frio, seca ou dados obtidos no experimento 1 devem ser compara-
chuva [...]”. dos para se saber se há diferença no número de frutos
formados a partir de flores autofecundadas e a partir
a) A que tipo de formação vegetal brasileira o texto de flores submetidas à fecundação cruzada? Justifique.
se refere?
b) Qual é a principal causa do aspecto “ananicado” 5. (UFF) O gráfico a seguir representa curvas de transpi-
das árvores? ração de três plantas de um mesmo tipo e tamanho, que
c) Qual é a principal causa do aspecto da casca? foram mantidas em uma estufa com temperatura cons-
d) Cite outra característica importante das plantas tante e luminosidade natural. Nesse experimento, cada
dessa formação vegetal que não esteja descrita no planta foi submetida a uma das seguintes condições de
texto. A que se deve essa característica? suprimento de água: I – muita água, somente no início
da manhã e médio suprimento no resto do dia; II – pou-
3. (UFTM) Foram retirados dois anéis em torno do cau- ca água durante todo o dia; III – amplo suprimento de
le de duas plantas (cana-de-açúcar e laranjeira), como água o dia todo.
ilustra o esquema.
221
6. (UFC) Atualmente é comum haver, em muitos super- exemplo, é o fruto da mamoneira. Não é uma fruta, pois
mercados da cidade, verduras que foram cultivadas não se pode comê-la. Já o mamão, fruto do mamoeiro, é
através da técnica da hidroponia, ou seja, do cultivo em obviamente uma fruta.
soluções de nutrientes inorgânicos e não no solo. (Veja, 04.02.2015. Adaptado.)
Pergunta-se:
O texto faz um contraponto entre o termo popular “fru-
a) Como são classificados os nutrientes inorgânicos
ta” e a definição botânica de fruto. Contudo, comete
essenciais adicionados à solução? Cite 2 (dois) exem-
um equívoco ao afirmar que “toda fruta é um fruto”.
plos de cada grupo.
Na verdade, frutas como a maçã e o caju não são frutos
b) Por que a solução de nutrientes utilizada na hidro-
verdadeiros, mas pseudofrutos.
ponia deve ser continuamente aerada?
Considerando a definição botânica, explique o que é
um fruto e porque nem toda fruta é um fruto. Explique,
U.T.I. - E.O. também, a importância dos frutos no contexto da diver-
sificação das angiospermas.
1. (UNISA – MEDICINA) A figura 1 mostra uma abelha na
flor de uma laranjeira e a figura 2 indica o local em que 3. (UFU) A ilustração a seguir representa, com um es-
foi removido um anel completo de um ramo (cintamen- quema tridimensional, a morfologia interna de uma fo-
to ou anel de Malpighi) dessa planta. lha. Analise-a e responda as questões que seguem.
222
5. (UNESP) Um professor de biologia solicitou a um alu- a) A que grupo de plantas se refere o texto?
no que separasse, junto com o técnico de laboratório, b) Que estrutura mencionada no texto permitiu essa
algumas plantas monocotiledôneas de um herbário conclusão?
(local onde se guardam plantas secas e etiquetadas). c) Quais são os outros grupos de plantas vasculares?
O aluno, pretendendo auxiliar o técnico, deu-lhe as se-
guintes informações: 10. (UFLAVRAS) A figura representa uma planta e seus
I. a semente de milho tem dois cotilédones e a semente órgãos vegetativos 1, 2 e 3.
de feijão, apenas um.
II. as plantas com flores trímeras devem ficar juntas
com as de raízes axiais.
a) Após ouvir as informações, o técnico deve concor-
dar com o aluno? Justifique.
b) Cite duas características e dê dois exemplos de
plantas dicotiledôneas diferentes daquelas informa-
das pelo aluno.
1 – Citar:
6. (UERJ) O controle da abertura dos estômatos das fo-
lhas envolve o transporte ativo de íons de potássio. a) Uma função do órgão vegetativo 1.
a) Descreva a importância do potássio no processo de b) Um tecido característico deste mesmo órgão.
abertura dos estômatos. 2 – Citar:
b) Nomeie as células responsáveis pelo controle des- a) Uma função do órgão vegetativo 2.
sa abertura. b) Um tecido característico deste mesmo órgão (não
repetir os citados em 1).
7. (UFSCAR) O grande sucesso das gimnospermas e das
angiospermas pode ser atribuído a duas importantes 11. (UFRJ) Nos países de clima frio, a temperatura do
adaptações ao ambiente terrestre. Responda: ar no inverno é, muitas vezes, inferior a 0°C. A água do
solo congela, o ar é frio e muito seco. Nesse período,
a) quais são estas duas adaptações?
muitas espécies vegetais perdem todas as folhas.
b) qual dessas adaptações permitiu a classificação das
fanerógamas em gimnospermas e angiospermas? Justifique. A perda das folhas evita um grande perigo para essas
plantas.
8. (UERJ) Experimentos envolvendo a clonagem de ani- Que problema a planta poderia sofrer caso não perdes-
mais foram recentemente divulgados. No entanto, ain- se as folhas? Justifique sua resposta.
da há uma grande dificuldade de obtenção de clones a
partir, exclusivamente, do cultivo de células somáticas 12. (UDESC) Folhas são órgãos vegetais cuja função
de um organismo animal, embora estas células possu- mais citada é a realização da fotossíntese. No entanto,
am o potencial genético para tal. esses órgãos podem apresentar inúmeras outras fun-
Por outro lado, a clonagem de plantas, a partir de cul- ções, de acordo com modificações que apresentam.
turas adequadas “in vitro” de células vegetais, já é exe- Os cactos apresentam uma típica modificação foliar. De
cutada com certa facilidade, permitindo a produção de que forma a folha modificada apresenta-se nesse vege-
grande número de plantas geneticamente idênticas, a tal e qual a função que ela desempenha?
partir de células somáticas de um só indivíduo original.
a) Indique o tipo de tecido vegetal que está em per- 13. (FAC. SANTA MARCELINA – MEDICINA) A imagem ilus-
manente condição de originar os demais tecidos ve- tra células especiais presentes nas folhas dos vegetais.
getais e justifique sua resposta.
b) Estabeleça a diferença, quanto ao número de cro-
mossomas, entre células somáticas e células germina-
tivas da espécie humana.
223
14. (UNINOVE – MEDICINA) Respiração celular e fotos-
síntese são reações bioquímicas que se inter-relacio-
nam em alguns seres vivos.
a) Considere os seres vivos: musgo, mosca, levedura,
polvo, alga parda e ameba. Quais destes seres vivos
possuem células que podem realizar respiração celu-
lar e fotossíntese simultaneamente?
b) Cite as organelas e as substâncias trocadas durante
a respiração celular e fotossíntese destes seres vivos.
a) Como são denominadas as estruturas I, II e III?
15. (UFES) A torta capixaba, como o próprio nome indi- b) Como o processo ilustrado na figura é denominado
ca, é um prato típico do Estado do Espírito Santo. Serve e qual sua consequência para a planta A?
de sugestão, para a preparação da torta, a seguinte lis- c) Por que é importante que a estrutura II seja transporta-
ta de ingredientes: 150 g de bacalhau, 150 g de cama- da pelo inseto entre flores de plantas diferentes, em vez
rão, 150 g de carne de siri, 150 g de mexilhões cozidos, de ser transportada para outra flor da mesma planta?
300 g de palmito pupunha, 200 g de cebola, 200 g de d) Quanto à evolução das angiospermas, cite duas
tomate, 50 g de colorau, 100 g de azeitonas, 3 dentes adaptações das flores relacionadas à atração de inse-
de alho picadinhos, 8 ovos, suco de 11/2 limão, coentro tos que promovem o processo evidenciado na figura.
a gosto, azeite de oliva, sal a gosto.
(Disponível em:< http://digamaria.com/2014/04/torta-
19. (UNIFESP) A hidroponia consiste no cultivo de plan-
capixaba-com-bacalhau-camarao-frutos-mar-palmito/#.U_
tas com as raízes mergulhadas em uma solução nutritiva
Nd18VdWSo>. Acesso em: 18 ago. 2014). que circula continuamente por um sistema hidráulico.
Nessa solução, além da água, existem alguns elemen-
Levando em consideração a lista de ingredientes acima,
tos químicos que são necessários para as plantas em
faça o que se pede.
quantidades relativamente grandes e outros que são
a) Relacione os ingredientes da torta capixaba prove- necessários em quantidades relativamente pequenas.
nientes do Reino Animalia com o filo a que cada um a) Considerando que a planta obtém energia a partir
deles pertence. dos produtos da fotossíntese que realiza, por que, en-
b) Entre os ingredientes da torta capixaba prove- tão, é preciso uma solução nutritiva em suas raízes?
nientes do Reino Plantae, identifique os que repre- b) Cite um dos elementos, além da água, que obrigatoria-
sentam frutos. mente deve estar presente nessa solução nutritiva e que
c) Todos os ingredientes da torta capixaba que são as plantas necessitam em quantidade relativamente gran-
provenientes do Reino Plantae pertencem às angios- de. Explique qual sua participação na fisiologia da planta.
permas. Explique o processo de dupla fecundação das
20. (UFES) “Boa parte da floresta Amazônica e das caatingas
angiospermas, que ocorre após a polinização. do Nordeste coincidem na sua latitude. Assim, a quantidade
de luz que recebem é semelhante. No entanto, o tipo de ‘pai-
16. (PUC-RJ) O arroz (Oryza sativa) é um dos grãos sagem vegetal’ é totalmente diferente nas duas regiões.”
mais consumidos no mundo. Seu valor nutricional
I. “O clima da região amazônica reúne as condições
está relacionado ao albume (endosperma), que é
necessárias ao desenvolvimento de uma vegetação
a reserva de nutrientes para o embrião da semen- exuberante. Nela destacam-se árvores de grande por-
te. Considerando que as células somáticas do arroz te com a castanheira-do-pará, a seringueira e o caucho,
possuem 24 cromossomos, quantos cromossomos plantas produtoras de madeira como o angelim, a sucu-
podem ser encontrados nas células do albume? Justi- pira, a amburana e a copaíba, etc.”
fique sua resposta. II. “A caatinga, na seca, tem uma fisionomia de deserto.
As cactáceas como o mandacaru, a coroa-de-frade, o
17. (PUC-RJ) As angiospermas apresentam muitas ma- xiquexique, o facheiro são exemplos de sua vegetação
neiras de reprodução e compõem a principal fonte de típica. Também algumas bromeliáceas como a macam-
alimento dos seres humanos. Nesse grupo de plantas, bira. Todas elas apresentam várias adaptações que lhes
os órgãos sexuais estão presentes nas flores; e a gran- permitem sobreviver na época da seca”.
de maioria exibe reprodução sexuada. No entanto,
muitas se reproduzem também assexuadamente; e,
para algumas, a reprodução assexuada predomina.
Descreva a importância desses dois tipos de reprodu-
ção para a agricultura.
224
a) Relacione o comportamento de abertura e fecha-
mento estomático, que está representado no gráfico
pelas linhas a e b, com o grupo de plantas citadas
nos textos I e II.
Justifique sua resposta.
b) A intensidade da fotossíntese das plantas repre-
sentadas nas linhas a e b no gráfico é semelhante?
Justifique sua resposta.
225
226
BIOLOGIA 2
227
SISTEMA RESPIRATÓRIO
Para que o pulmão realize a hematose (trocas gasosas) A pressão interna da caixa torácica se reduz e fica menor
necessária à sobrevivência dos organismos, o ar deve per- que a pressão atmosférica. O ar, então, penetra nos pulmões.
correr todos os componentes do sistema respiratório:
§ Na expiração os músculos respiratórios relaxam:
§ Nariz; Diafragma sobe;
§ Faringe;
§ Músculos intercostais fazem com que as costelas volt-
§ Laringe;
em à posição original.
§ Traqueia;
§ O volume da caixa torácica diminui e a pressão interna
§ Brônquios;
aumenta, forçando a saída do ar.
§ Pulmões:
§ Bronquíolos O bulbo (componente do sistema nervoso central) é al-
§ Alvéolos tamente sensível ao aumento de CO2 no sangue e à di-
minuição do pH sanguíneo decorrente do acúmulo desse
Ventilação pulmonar gás, assim, quando em situações de pouca oxigenação,
o aumento da acidez e o próprio CO2 em solução física
§ Na inspiração, ocorre a contração da musculatura res-
no plasma estimulam os neurônios do centro respiratório.
piratória, composta por:
Consequentemente, impulsos nervosos seguem pelo nervo
Diafragma: se achata e desce. que está ligado, ao inervar o diafragma e a musculatura
Músculos intercostais: dirigem as costelas para cima e intercostal, promovendo a sua contração e a realização in-
para a frente. Como consequência, amplia-se a caixa toráci- voluntária dos movimentos respiratórios, na tentativa de
ca, aumentando o seu volume interno. expulsar o CO2 e obter de O2.
SISTEMA DIGESTÓRIO
Digestão é o processo de transformação de moléculas de grande contém principalmente pepsina, enzima com capacida-
tamanho, por hidrólise enzimática, em unidades menores que de de quebrar proteínas. O suco alimentar resultante da
possam ser absorvidas e utilizadas pelas células. De maneira ge- digestão gástrica é denominada quimo.
ral, pode ser de dois tipos: extra e intracelular. No homem e em § Intestino delgado: na região do duodeno, onde há
todos os vertebrados, a digestão é extracelular e ocorre inteira- produção do suco entérico e também recebe a secreção
mente na cavidade do tubo digestório composto por: do suco pancreático, ocorre a maior parte da digestão
§ Boca, língua e dentes: diz-se que a digestão se inicia dos nutrientes. Suas paredes são repletas de pregas
na boca, pois é nesse local que se iniciam os movimen- circulares, vilosidades e microvilosidades de forma a
tos mecânicos (mastigação) e processos químicos (ação aumentar a superfície de contato, pois é no intestino
enzima amilase salivar/ptialina). delgado que a absorção de nutrientes ocorre, além de
outros eventos da digestão.
§ Faringe: onde se iniciam os movimentos peristálti-
cos que continuam pelo trato digestório com a função § Intestino grosso: após a absorção dos resíduos úteis
pelo intestino delgado, os restos alimentares são envia-
de empurrar o bolo alimentar em direção ao ânus.
dos ao intestino grosso, misturados com grande quanti-
§ Esôfago: através de movimentos peristálticos, o dade de água e sais, que são quase totalmente absorvi-
esôfago empurra o alimento para o estômago. dos pelas paredes do intestino grosso.
§ Estômago: os movimentos peristálticos continuam, Além dos órgãos citados, é importante lembrar dos órgãos
misturando o bolo alimentar no suco gástrico que que agem como glândulas:
228
§ Fígado: maior glândula do organismo. Produz a bile e armazena glicose, ferro, cobre e vitaminas.
§ Vesícula biliar: situado na face inferior do fígado, armazena a bile;
§ Pâncreas: é considerada uma glândula mista por secretar enzimas digestivas (suco pancreático) e hormônios (insulina e glucagon).
SISTEMA URINÁRIO
O metabolismo celular dos animais decorrente da alimentação a formação de vênulas, que culminarão na veia renal, pos-
produz excretas nitrogenadas tóxicas ao organismo e que, por sibilitando o retorno do sangue para a circulação sistêmica
esse motivo, deve ser eliminadas do corpo, buscando estabele- contendo o que é útil ao organismo, como os íons.
cer a homeostase. O aparelho que permite filtrar aquilo que é
O filtrado glomerular segue pelos túbulos néfricos onde irá
tóxico e o que é útil ao organismo é composto por:
passar pelos processo de reabsorção (de glicose e aminoáci-
§ Dois rins; dos, por exemplo) e secreção ativa de outras substâncias que
§ Vias urinárias (formada pelas pelves renais, ureteres, não foram filtradas, mas precisam ser excretadas pela urina.
bexiga urinária e uretra).
SISTEMA NERVOSO
A relação do mundo exterior com o organismo se dá graças à existência do sistema nervoso que detecta alterações no mun-
do exterior e até mesmo perturbações e diferentes sensações no interior do próprio organismo. Tais informações percebidas
são levadas até um centro de comando, onde devem ser processadas e interpretadas para gerar uma resposta.
229
A condução dos Lei do tudo ou nada
estímulos nervosos Existem duas situações: ou o estímulo não consegue atin-
gir o limiar de excitação e não gera impulso, ou é suficiente
O impulso nervoso se propaga em um único sentido: para atingir o limiar e gera impulso. Esse fenômeno obe-
dendrito → corpo celular → axônio. dece à chamada lei do tudo ou nada.
Ao chegar às extremidades do axônio, são liberados neuro-
transmissores na fenda sináptica, substâncias que permitem
Arco reflexo
ao impulso nervoso ser transmitido a outro neurônio. Para Arco reflexo se caracteriza por uma rápida resposta a um
que o impulso percorra as fibras nervosas com maior veloci- estímulo, como retirar a mão de algo danoso. Participam
dade, a existência da bainha de mielina é fundamental, desse processo a medula espinhal e os neurônios.
promovendo a condução saltatória, a qual acontece
Três tipos básicos de neurônio podem ser reconhecidos
“aos pulos” na região dos nódulos de Ranvier.
com relação à atividade que desempenham:
§ neurônios sensoriais;
§ neurônios de associação (interneurônios);
§ neurônios efetores (ou motores).
Organização do sistema
nervoso dos vertebrados
Dois grandes componentes fazem parte do sistema
nervoso humano:
Sistema Nervoso Central: encéfalo e medula espinhal
§ Encéfalo: cérebro, diencéfalo, cerebelo e bulbo.
Sistema Nervoso Periférico : receptores, nervos e gânglios
§ Sistema nervoso somático: ações voluntárias;
§ Sistema nervoso autônomo: ações involuntárias:
§ Simpático;
Potencial de ação e sentido do impulso nervoso. § Parassimpático.
230
e. Fotorreceptores contato com o epitélio nasal e outra parte (axônio) se
encontra com outros axônios ligados pelo bulbo olfató-
§ Compostos que absorvem luz – localizados no olho.
rio — o conjunto de axônios caracteriza o nervo olfativo,
f. Dor responsável por encaminhar ao SNC as informações rela-
cionadas a esse sentido.
§ Terminações nervosas livres – localizadas em todo o
corpo.
Gustação
Visão Os botões gustativos localizados em diferentes regiões
da língua são responsáveis por captar as substâncias quími-
Fazem parte da estrutura ocular humana: córnea, íris, pu-
cas que dão sabor aos alimentos. Somos capazes de distin-
pila, cristalino/lente, humor aquoso, humor vítreo, verno
guir o amargo, o ácido, o salgado, o doce e o umami.
óptico e retina — local onde se concentram cones (sen-
síveis à cores) e bastonetes (sensíveis à luminosi-
dade). Ao vermos um objeto, a luz é captada por fotorre- Audição
ceptores na retina. Depois disso, a luz é “convertida” em A orelha – órgão que se assemelha a uma concha para
impulso nervoso e, então, sinais são enviados ao cérebro. captar melhor as ondas sonoras – pode ser dividida em:
Olfato
§ Orelha externa: pavilhão da orelha e canal auditivo
(delimitado pelo tímpano).
O número de células olfativas varia de acordo com a es- § Orelha média: contém três ossículos, o martelo, a bi-
pécie, justificando o ótimo olfato que os cães possuem, gorna e o estribo, que atuam na amplificação do som.
por exemplo.
§ Orelha interna: também relacionada ao equilíbrio.
O epitélio olfativo é composto por três diferentes tipos Contém a cóclea. Da cóclea, a mensagem é conduzida
celulares: células receptoras, células de suporte, e células pelo nervo auditivo até o cérebro.
basais. Uma parte (dendrito) do neurônio receptor está em
DROGAS E O SNC
Droga é qualquer substância natural ou sintética que provoca mudanças físicas ou psíquicas. As drogas podem ser adminis-
tradas ou ingeridas de diferentes maneiras, que incluem a via oral, absorção cutânea (ou pelas mucosas), injeção e inalação –
as duas últimas responsáveis por causar efeitos mais fortes e instantâneos, pois alcançam mais rápido a corrente sanguínea
e, consequentemente, seus receptores específicos. Estes estão localizados no cérebro, de maneira geral.
Ao alcançar seu receptor alvo, essas substâncias influenciam, podendo ser:
§ Drogas agonistas: imitam ou aumentam a ação de determinado neurotransmissor, como a nicotina (presente no cigar-
ro), uma agonista da acetilcolina, e o LSD (ácido lisérgico), um agonista da serotonina;
§ Drogas antagonistas: bloqueiam a ação de algum neurotransmissor, como a cafeína, uma antagonista da adenosina;
§ Bloquear ou afetar sua reabsorção: importante mecanismo que ocorre após o estímulo da membrana pós-sináp-
tica. A cocaína tem esse efeito, pois bloqueia a reabsorção de norepinefrina e de dopamina, causando a continuidade
de sua ação.
A maioria dessas drogas passíveis de serem usadas de maneira abusiva é classificada como drogas psicotrópicas ou psi-
coativas, pois agem no cérebro alterando o humor, o comportamento e os processos de pensamento. São comumente assim
classificadas:
§ estimulantes: como a cocaína, o crack, a nicotina, a cafeína e as anfetaminas;
§ calmantes (ou depressoras): como o álcool, barbitúricos, opioides e os inalantes ou solventes;
§ alucinógenas (ou perturbadoras): como a maconha (THC), o LSD, a mescalina, certos tipos de cogumelos e o ecstasy.
231
SISTEMA ENDÓCRINO E MÉTODOS CONTRACEPTIVOS
O sistema endócrino é composto por glândulas endócrinas (ou anfícrinas, as quais possuem também a porção endócrina),
hormônios e receptores de membrana específicos para determinados hormônios.
A função primordial das glândulas é secretar hormônios no sangue para que se liguem aos seus receptores específicos e
iniciem sua ação no metabolismo. As ações são muito variadas, dentre elas estão contração de músculos, crescimento, de-
senvolvimento das características sexuais secundárias, entre outras.
Além dos componentes básicos do sistema endócrino, uma região fundamental para o organismo e, particularmente, para o
controle de hormônios, o hipotálamo tem a função de estimular ou inibir a secreção de hormônios, função esta desempenhada
pela hipófise/glândula pituitária. A hipófise é dividida em neurohipófise/hipófise posterior e adenohipófise/hipófise anterior.
Hormônios Atuação
Age no crescimento de vários tecidos e órgãos, particularmente nos ossos. Na infância, a deficiência desse
Crescimento –
hormônio pode levar ao quadro de nanismo; e o excesso dele, ao gigantismo. No adulto, o excesso provoca
GH (somatotrofina)
acromegalia (aumento das extremidades – mãos, pés, mandíbulas).
(porção anterior)
Adrenocorticotrófico – Age na região cortical das glândulas adrenais, estimulando-as a produzirem os hormônios cortisol e aldoste-
Adenoipófise
ACTH rona.
Folículo estimulante – Age nos ovários, estimulando o desenvolvimento dos folículos ovarianos. No homem, estimula a formação dos
FSH (gonadotrofina) espermatozoides.
Luteinizante – Atua nas gônadas femininas e masculinas. Nos ovários age na ruptura dos folículos ovarianos, que resulta na
LH (gonadotrofina) liberação do óvulo. No homem, age nos testículos, estimulando a síntese de testosterona.
Tireotrofina –
Age estimulando a síntese dos hormônios tireoidianos.
TSH
Prolactina Atua estimulando a produção de leite pelas glândulas mamárias e a secreção de progesterona pelos ovários.
(porção posterior)
A porção posterior libera dois hormônios produzidos pelo hipotálamo: a oxitocina e o hormônio antidiurético.
Neuroipófise
O primeiro estimula a contração uterina durante o trabalho de parto e a contração dos músculos lisos das
Oxitocina e Antidiurético glândulas mamárias para expulsão do leite. O segundo, cuja sigla é ADH, atua nos ductos coletores dos né-
(ADH) ou vasopressina frons, promovendo a reabsorção de água e nas glândulas sudoríparas, diminuindo a sudorese. Em elevadas
concentrações provoca aumento da pressão sanguínea. A produção deficiente desse hormônio leva ao quadro
de diabetes insípido.
232
Principais glândulas
do corpo humano
§ Glândula pineal: responde a estímulos luminosos, regu-
lando o ciclo circadiano do indivíduo. Secreta melatonina.
§ Glândula tireóidea/tireoidiana: apresentam iodo em
sua composição e agem regulando o metabolismo atra-
vés da secreção de T3 e T4. Na foto estão ilustradas as estruturas do sistema
reprodutor masculino e feminino.
§ Glândulas paratireóides: secretam o paratormônio
que possui função de regular os níveis de cálcio circulan-
tes, através da degradação de tecido ósseo.
Ciclo menstrual e sua importância
O ciclo menstrual é um processo cíclico. Seu funciona-
§ Pâncreas: destacado pelo fato de ser anfícrina (porção mento é diretamente dependente da secreção alternada
endócrina e exócrina). Porção exócrina secreta sucos de quatro principais hormônios: estrógeno e progesterona
pancreáticos e a porção endócrina secreta a insulina e o (secretados principalmente pelos ovários), Hormônio Lutei-
glucagon. nizante (LH) e Hormônio Folículo Estimulante (FSH) secre-
§ Suprarrenais: localizadas acima de cada rim. tados pela hipófise.
a) Medula adrenal – as principais secreções da medula Esse ciclo, que dura, em média, 28 dias, permite que os
adrenal são: adrenalina (epinefrina) e noradrenalina (nore- gametas femininos amadureçam, cria condições para que
pinefrina). Suas células secretam quando recebem estímulo este gameta maduro seja fertilizado e, quando fertilizado,
nervoso. os hormônios também criam um ambiente propício à im-
plantação do embrião no útero, ou seja, deixam a camada
b) Córtex adrenal – as principais secreções do córtex do endométrio mais espessa. Caso não ocorra fecundação,
adrenal são: cortisol (glicocorticoides) que são esteroides de esta camada do endométrio será expelida (menstruação).
ampla ação sobre o metabolismo dos carboidratos e das
proteínas; aldosterona (mineralocorticoides) que são essen-
ciais para a manutenção do balanço de sódio e do volume Métodos anticoncepcionais
do líquido extracelular. § Preservativo/camisinha masculina e feminina:
§ Timo: órgão linfoide que também atua como glândula agem como barreira física, único que impede também
endócrina, pois produz hormônios relacionados à matu- a transmissão de doenças sexualmente transmissíveis
ração dos linfócitos T, também formados no timo. (DST).
§ Pílula anticoncepcional: contém hormônios sintéti-
Controle hormonal na cos que inibem a ovulação.
§ Dispositivo intrauterino (DIU): o DIU de cobre fun-
reprodução humana ciona como barreira física, impedindo que os esperma-
Os hormônios sexuais ou gonadotrofinas são fundamen- tozoides cheguem ao ovócito. O DIU de mirena também
tais para o controle do amadurecimento e o correto fun- libera hormônios, , assim, além de funcionar como bar-
cionamento, como um relógio biológico dos órgãos repro- reira física, também inibe a ovulação.
dutores (gônadas); desde o nascimento, puberdade até o § Diafragma: funciona como barreira física, pois tampa a
envelhecimento dos órgãos e sistemas reprodutores. entrada da tuba uterina.
No homem, o FSH estimula a espermatogênese (produção § Tabelinha/método do calendário: ausência de re-
de espermatozoides) e o LH favorece a produção de tes- lações sexuais entre o casal durante o período fértil da
tosterona pelo testículo. A testosterona é responsável por mulher. Método de baixa eficácia, pois o ciclo menstrual
desenvolver as características sexuais masculinas. não é totalmente regulado.
Na mulher, o FSH e o LH participam do ciclo menstrual. § Vasectomia: parte dos ductos deferentes é seccionada,
No organismo feminino a ação hormonal, no que tange à impedindo a passagem dos espermatozoides. Método
reprodução, se inicia ainda na vida intrauterina (quando os irreversível.
folículos ovarianos são formados num número limitado) e
se desdobra em eventos complexos a partir da puberdade. § Laqueadura das tubas uterinas: as tubas uterinas
são costuradas, impedindo que os espermatozoides
Neste período, o estrógeno estimula o desenvolvimento dos
atinjam o ovócito. Método irreversível.
caracteres sexuais secundários.
233
INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS
234
U.T.I - Sala a) Como uma pessoa que apresenta predisposição
genética às doenças cardiovasculares pode adotar
medidas profiláticas contra esses males?
1. (UEL) Além do transporte de gases, a circulação san- b) O modo de vida atual nas grandes cidades leva
guínea transporta outros solutos, calor e nutrientes. as pessoas a consumirem cada vez mais alimentos
Cada classe de vertebrados tem um tipo muito unifor- industrializados ricos em sódio e gordura. Cite as con-
me de circulação, mas as diferenças entre as classes são sequências para a saúde humana de uma dieta com
substanciais, principalmente quando se comparam os estes compostos.
vertebrados aquáticos com os terrestres. c) No esquema que segue sobre o coração, identifi-
As figuras a seguir representam dois tipos de circulação que os vasos numerados de 1 a 5, informando o tipo
sanguínea observados em vertebrados. A letra V repre- de sangue que circula pelo vaso indicado.
senta os ventrículos e a letra A representa os átrios. As
setas indicam a direção do fluxo sanguíneo. 3 4 5
2
Organismo X Organismo Y
1 2
AD AE
VD VE
1
A A
V
Aorta
A V V
Aorta
3. (UFU) “Em aves que voam pouco, como galinhas
e perus, os músculos peitorais, que movimentam as
asas, são formados principalmente por fibras bran-
cas. Em aves migratórias acontece o contrário: os
músculos peitorais são formados predominantemente
Capilares que irrigam órgãos e tecidos corporais
(Adaptado de: <http://wikiciencias.casadasciencia.org/wiki/ por fibras vermelhas”.
index.php/Sistemas_de_Transporte_nos_Animais>,
Acesso em: 31 jul. 2015.) Adaptado de LOPES, Sônia. São Paulo: Saraiva, 2003. p. 393. v. 1.
De acordo com a descrição acima, faça o que se pede.
Com base na figura e nos conhecimentos sobre circula-
ção sanguínea, responda aos itens a seguir. a) Estabeleça diferenças fisiológicas e morfológicas
entre fibras musculares brancas e vermelhas.
a) Que órgãos são representados pelos números 1 e 2?
b) Determine as principais formas de obtenção de
b) Que vantagens apresenta a circulação dupla com- energia pelas fibras musculares vermelhas e brancas
pleta, no organismo Y, em relação à circulação encon- durante a atividade contrátil.
trada no organismo X?
4. (FMJ) O sistema nervoso é formado por bilhões de
2. (USF) Segundo a Organização Mundial da Saúde
neurônios, que possibilitam a condução do impulso
(OMS), as doenças cardiovasculares são as principais
causas mundiais de morte. No Brasil, 300 mil pessoas nervoso em um único sentido. Cada neurônio é cons-
morrem anualmente, ou seja, um óbito a cada dois mi- tituído por três regiões específicas, sendo que apenas
nutos é causado por esse tipo de enfermidade. uma delas é envolvida pelo estrato mielínico (bainha
de mielina).
Embora fatores não modificáveis, como predisposição
genética, contribuam para a ocorrência de tais doen- a) Cite as três regiões do neurônio que permitem a
ças, para o cardiologista Leonardo Spencer, do Hospital propagação do impulso nervoso num sentido único.
do Coração do Brasil, em Brasília, essas estatísticas po- Qual é a vantagem da presença do estrato mielínico
dem ser explicadas principalmente pelos maus hábitos na condução do impulso nervoso?
de vida da população. “Alimentação não balanceada, b) Explique como um neurônio consegue “se comuni-
rica em gordura saturada, aliada ao sedentarismo, ao car” com outro neurônio sem ter contato físico.
sobrepeso, à hipertensão, ao diabetes e ao tabagismo,
por exemplo, aumenta consideravelmente o risco de o 5. (UFPR) A figura 1 apresenta um esquema da orga-
indivíduo ter um problema cardíaco no futuro”. nização do sistema nervoso autônomo e a figura 2
Várias enfermidades estão no guarda-chuva das doen- um esquema da sinapse entre o axônio de um neurô-
ças cardiovasculares. O Dr. Leonardo Spencer enumera nio motor e uma fibra muscular estriada esquelética
as 4 que mais levam a óbito no Brasil: infarto agudo do (junção neuromuscular).
miocárdio, doença vascular periférica, acidente vascular FIGURA 1 FIGURA 2
cerebral e morte súbita.
Disponível em: <http://coracaoalerta.com.br/fique- Neurônio pré-ganglionar Neurônio pós-ganglionar Neurotransmissor 1
simpático Neurônio motor
alerta/4-doencas-cardiovasculares-que-mais-matam- simpático somático
pais-2/>. Acesso em: 02/10/2015, às 09h35min.
235
1 FIGURA 2 2. (UERJ) Os mergulhadores de profundidade rasa, ou
seja, de menos de 7m, com o objetivo de aumentar o
o pós-ganglionar Neurotransmissor 1
tempo de permanência em apneia sob a água, realizam
o Neurônio motor
somático
a manobra conhecida como hiperventilação: inspirar ra-
Neurotransmissor 3
pidamente, várias vezes, a fim de remover da corrente
sanguínea uma quantidade de CO2 maior do que o or-
Fibra muscular
o pós-ganglionar
mpático
Neurotransmissor 2
esquelética ganismo é capaz de produzir. No entanto, como a con-
centração de CO2 é responsável por produzir a necessi-
a) Nomeie os neurotransmissores 1, 2 e 3. dade de respirar, essa mesma manobra pode, também,
b) Qual é o efeito do neurotransmissor 3 sobre fibras provocar desmaios sob a água, com risco de morte para
musculares estriadas cardíacas? o mergulhador que a pratica. Observe nos gráficos as
c) Qual é o efeito do neurotransmissor 1 sobre fibras diferentes concentrações de O2 e CO2 em duas situações
musculares estriadas cardíacas? de mergulho.
6. (UDESC) Os Jogos Paraolímpicos representam uma mergulho normal mergulho após hiperv
questão de superação de desafios e preconceitos. Par- respiração mergulho respiração normal hiper- mergulho
normal necessidade ventilação
ticipam dessas competições atletas com deficiências urgente
limite de O
atingido
físicas congênitas, como síndromes, malformação ou de respirar ocorre desm
lesões adquiridas de forma definitiva. Uma dessas de-
ficiências é a visual que pode surgir a partir do deslo-
camento da retina e do comprometimento do cristalino
(catarata que em situações graves leva à cegueira).
Pergunta-se:
a) Qual a diferença entre síndrome e malformação limite de O2 para ocorrência de desmaio ______ nível de O2
congênita? mergulho normal mergulho após hiperventilação
limite de CO2 para disparo da respiração ______ nível de CO2
zona de desm
respiração mergulho
retina e do cristalino narespiração
b) Qual a função danormal visão? normal hiper-
ventilação
mergulho
necessidade limite de O2 necessidade
urgente atingido; urgente
de respirar
U.T.I. - E.O.
ocorre desmaio de respirar
mergulho normal mergulho após hiperventilação
respiração mergulho respiração normal hiper- mergulho
normal necessidade ventilação
limite de O2 necessidade
urgente atingido; urgente
de respirar ocorre desmaio de respirar
1. (UNICID – MEDICINA) A figura representa um modelo
artificial para demonstrar como ocorrem os movimen-
tos respiratórios no ser humano.
Uma garrafa tem seu fundo cortadolimite deeO2substituído por
para ocorrência de desmaio ______ nível de O2
de desmaio zona
______de desmaio
limite de O para ocorrência nível de O por falta dedesmaio
O2 por falta de O
uma borracha, no interior dela hálimite
uma de bexiga amarrada
2 2
zona de
CO2 para disparo da respiração ______ limitenível
de CO de
para CO
disparo da respiração
2 2
______ nível de CO 2
2
236
V. Cascavéis projetam constantemente sua língua para 7. (UFG) A Figura I corresponde a uma etapa da ação
fora e para dentro da boca. A língua entra em contato da vitamina K no processo de coagulação sanguínea,
com um órgão situado no teto da boca e o animal ob- enquanto a Figura II mostra o efeito da interação entre
tém então informações sobre o ambiente. derivados da cumarina, classe de medicamentos antico-
a) Identifique em cada exemplo se o estímulo perce- agulantes orais, e da vitamina K.
bido pelos diferentes animais, para sua orientação e Figura I O2 CO2
comunicação, é de natureza física ou química. carboxilação
Protrombina Trombina + Ca2+
b) Que órgãos são responsáveis pela percepção do
estímulo nos exemplos II, III e IV, respectivamente? coagulação
sanguínea
Identifique pelo menos dois casos entre os cinco
exemplos citados em que a percepção do estímulo Vitamina K ativa
2.3 - epoxi-redutase da vitamina K
Vitamina K inativa
(vit. K-H2) (vit. K-O)
pode estar relacionada com a captura de presas.
a) Qual a importância da estrutura apontada pela Conteúdo Valores de referência Carlos Sérgio Camila
seta Y? Qual cavidade cardíaca recebe sangue prove- sanguíneo
niente dos pulmões, por meio das veias pulmonares? glóbulos
3,9 – 5,6 milhões/mm3 4,2 3,5 5,0
b) Qual o nome da estrutura apontada pela seta X? Expli- vermelhos
que qual a sua importância para o metabolismo humano. leucócitos 3,8 – 11,0 mil/mm3 12,0 5,8 6,7
5. (FAC. SANTA MARCELINA – MEDICINA) O sangue hu- plaquetas 150 – 450 mil/mm3 230 350 50
mano é formado pelo plasma, que contém água, gases,
excretas, proteínas, e pelos elementos figurados, tais Em relação aos resultados, responda:
como eritrócitos, leucócitos e plaquetas. a) Qual estudante pode apresentar quadros hemorrá-
a) Além dos componentes citados do plasma, há um gicos e qual pode desenvolver uma possível infecção,
monossacarídeo que quando em excesso, pode ser respectivamente?
um indicativo de diabetes. Qual é esse monossaca- b) Qual deles pode estar anêmico? Explique por que
rídeo? Qual é a importância desse monossacarídeo pessoas com anemia normalmente apresentam um
para o metabolismo celular? quadro de cansaço físico.
b) Dos elementos figurados, qual deles realiza a dia-
pedese? Explique como esse processo ocorre. 9. (UDESC) As complicações cardiovasculares resultam
de fatores genéticos, do envelhecimento que provoca a
6. (UNISA – MEDICINA) Os eritrócitos ou hemácias são constrição de vasos sanguíneos (artérias e veias), do se-
as células que estão em maior quantidade no sangue dentarismo, de maus hábitos alimentares e de drogas so-
de um homem saudável. São anucleadas e ricas em he- ciais, que provocam, como por exemplo, a arteriosclerose.
moglobina. Como consequência dessas complicações cardiovascula-
res, na maioria das vezes, ocorre a alteração na pressão
a) Em qual tecido de um homem adulto os eritrócitos arterial e na frequência dos batimentos cardíacos.
são produzidos? Cite um órgão em que os eritrócitos
adultos são destruídos. Pergunta-se:
b) Baixa quantidade de eritrócitos no sangue ou a) O que é arteriosclerose?
deficiências nas moléculas de hemoglobina podem b) Qual a pressão arterial de uma pessoa jovem, nor-
desencadear quadros anêmicos. Explique por que as mal, e quantos batimentos cardíacos por minuto tem
pessoas anêmicas ficam frequentemente cansadas. em média?
237
c) Qual a diferença entre veias e artérias quanto às restre com pouca água. Justifique sua resposta a partir
características histológicas? da função desempenhada pela alça néfrica.
Considerando os três principais tipos de excretas nitro-
10. (UERJ) Cientistas produzem primeiro hambúrguer
de laboratório genados, nomeie aquele mais adequado a ambientes
muito secos. Cite, ainda, uma das propriedades desse
O primeiro hambúrguer totalmente cultivado em labora-
excreta que justifique sua escolha.
tório foi preparado e degustado durante uma entrevista
coletiva em Londres. Cientistas transformaram células- 13. (UEMA) A maior parte do axônio é envolvida por
-tronco de uma vaca em fibras musculares esqueléticas, uma camada de natureza lipídica chamada de bainha
em quantidade suficiente para preparar um hambúrguer mielínica que funciona como isolante elétrico, aumen-
de 140 gramas. Os pesquisadores disseram que a tecno- tando a velocidade de condução do impulso nervoso.
logia poderia ser uma forma ecologicamente sustentável
Algumas doenças, como, por exemplo, a síndrome de
de atender à demanda crescente por carne no planeta,
Guillain-Barré, têm origem na destruição da bainha de
pois sua produção gasta 45% menos energia, emite 96%
mielina com perda gradual da atividade motora.
menos gás metano e gasta 99% menos hectares de terra
para a mesma quantidade de carne convencional. Fonte: LINHARES, Sergio; GEWANDJNAJDER,
Fernando. Biologia hoje. São Paulo: Ática, 2011.
Adaptado de O Globo, 06/08/2013.
Nomeie as duas proteínas mais abundantes das fibras Explique como a destruição da bainha de mielina afeta
musculares, responsáveis por sua contração. Explique, a atividade muscular.
ainda, a relação entre a expansão mundial dos reba-
nhos de bovinos e o aumento do efeito estufa. 14. (UEMA) Nossos sentidos funcionam em determina-
das regiões do nosso corpo a partir de estímulos que
11. (UNICAMP) “Ciência ajuda natação a evoluir” recebemos do meio ambiente. Eles são baseados em
“sensores” muito sofisticados que foram desenvolvidos
Com esse título, uma reportagem do jornal “O Estado ao longo de milhões de anos, fruto da evolução. Cada
de S. Paulo” sobre os jogos olímpicos (18/09/00) infor- um deles foi se transformando devido aos estímulos
ma que: “Os técnicos brasileiros cobiçam a estrutura do meio ambiente, favorecendo as configurações mais
dos australianos: a comissão médica tem 6 fisioterapeu- adaptadas aos desafios impostos pelo meio. Costuma-
tas, nenhum atleta deixa a piscina sem levar um furo na
-se ter muita confiança no que os nossos sentidos nos
orelha para o teste do lactato e a Olimpíada virou um
transmitem. Em particular, a visão é um dos que consi-
laboratório para estudos biomecânicos – tudo o que é
deramos mais confiáveis. Quando vemos alguma coisa,
filmado em baixo da água vira análise de movimento”.
ficamos mais seguros sobre aquilo a que se refere.
a) O teste utilizado avalia a quantidade de ácido lác-
tico nos atletas após um período de exercícios. Por OLIVEIRA, Adilson de. Física sem mistério: um olhar para
além dos sentidos. 2010. Disponível em: <http://cienciahoje.
que se forma o ácido láctico após exercício intenso? uol.com.br/colunas/fisica-sem-misterio/um-olhar-para-
b) O movimento é a principal função do músculo es- alem-dos-sentidos>. Acesso em: 20 out. 2013.
triado esquelético. Explique o mecanismo de contra-
ção da fibra muscular estriada. a) A visão funciona de maneira extremamente sofisti-
cada. Nossos olhos se ajustaram para captar uma faixa
12. (UERJ) Observe nas ilustrações dois tipos de néfrons: de 400 a 700 nm, porque grande parte da luz do Sol
o néfron cortical, com alça néfrica ou alça de Henle, cur- que chega até nós está dentro dessa faixa de compri-
ta; o néfron justamedular, com alça néfrica longa. mento de onda. A partir dessas informações, explique o
funcionamento dos nossos sensores visuais.
b) Por que motivo, quando sofremos algum abalo na
cabeça, ou temos, por exemplo, uma crise de enxaque-
ca, as imagens que vemos aparecem distorcidas?
238
Considerando a hipótese de o modelo descrito ser 19. (UFG) Os rins mantêm o equilíbrio hídrico no corpo
bem-sucedido e aceito sem rejeição pelo organismo por meio da regulação da quantidade e dos componen-
humano, no caso de implante, descreva a função a ser tes do líquido dentro e fora das células. Quaisquer dis-
desempenhada pelo rim artificial, em cada uma das eta- túrbios dos canais de água nos néfrons, ou do hormô-
pas descritas. nio antidiurético (ADH), podem levar a doenças, como
a desidratação.
16. (UERJ) A amônia é produzida pelos organismos vivos,
especialmente durante o catabolismo dos aminoácidos. O gráfico a seguir representa duas situações diferentes,
Por ser muito tóxica, alguns vertebrados a incorporam, em que as duas curvas se sobrepõem até a metade da
antes da excreção, como ácido úrico ou como ureia. porção D do néfron.
Cite um vertebrado que excreta diretamente amônia e Curva 1
Amostras /
Quantidade Ácido
Substâncias Amônia Ureia
de água úrico
excretadas
1 grande + - -
2 pequeno - - +
Considerando o exposto, explique:
3 grande - + -
a) as diferenças encontradas entre os peixes nos valores
a) Identifique, na tabela, qual amostra corresponde às dos parâmetros medidos e identifique o tipo de aclima-
substâncias excretadas por pombos. Explique a van- tação que corresponde aos pontos 1 e 2 do gráfico;
tagem desse tipo de excreção para as aves. b) a atuação do rim no processo de controle hídrico de
b) Identifique, na tabela, qual amostra corresponde às salmões adaptados em água do mar e em água doce.
substâncias excretadas por girinos e qual correspon-
21. (UFG) Um estudante da área biológica foi solicitado
de às dos sapos. Explique a relação entre o tipo de
a apresentar argumentos teóricos para o fato de de-
substância excretada por esses animais e o ambiente
terminados peixes viverem normalmente em oceanos,
em que vivem.
enquanto um náufrago (homem) pode apresentar grave
239
desidratação se ingerir a água salgada. Com relação a
esse tema:
a) Forneça um hormônio que participa do controle do
volume hídrico no ser humano e descreva o seu me-
canismo de ação.
b) Descreva duas diferenças entre os mecanismos res-
ponsáveis pelo equilíbrio hídrico nos peixes marinhos
e no homem.
240
BIOLOGIA 3
241
FATOR RH E IMUNOLOGIA BÁSICA
Órgãos e células do
de um eventual segundo filho que também seja Rh+.
242
dade vascular, vasodilatação, eritema, edema e dor, conjun- intensa, garantindo uma eliminação do antígeno estranho
to de alterações conhecido como inflamação. antes que ele prolifere causando infecção e os sinais e sin-
tomas característicos da doença. Observe o gráfico abaixo:
Caso a resposta inflamatória não seja eficaz na contenção
da infecção, o sistema imune passa a depender de meca-
nismos mais específicos e sofisticados, dos quais tomam
parte vários tipos celulares, o que chamamos de resposta
imune adaptativa ou adquirida.
A resposta imune
adaptativa ou adquirida
Estas células são responsáveis por discriminar pequenas
diferenças entre os antígenos estranhos presentes na
natureza e montar respostas de defesa mais eficazes do
que aquelas realizadas pelo sistema imune inato. Exis- Gráfico mostrando a diferença de tempo entre
as respostas primária e secundária
tem três grandes subpopulações de linfócitos: linfócito
B (LB), linfócito (LT) e células matadoras naturais (célu-
las NK). Excetuando-se as células NK, que participam da Fases da resposta imune adaptativa
resposta inata, os LB e LT são células da resposta imune
Nessa resposta específica atuam os macrófagos e linfócitos.
adaptativa. Os LB são as únicas células produtoras de
anticorpos ou imunoglobinas (lg), enquanto os LT são § Macrófagos: são células especializadas em fagocitar
divididos em duas subpopulações celulares, os LT auxi- os agentes estranhos e se tornam células apresentado-
liares (LTa) ou T CD4 e os LT citotóxicos (LTc) ou T CD8. ras de antígenos.
§ Linfócitos T: o linfócito T CD4 ativa o linfócito B, após
As propriedades da o reconhecimento dos antígenos apresentados pelos
resposta adaptativa macrófagos; enquanto o linfócito T CD8 atua destruin-
do as células já invadidas pelo agente estranho.
1. Especificidade
§ Linfócitos B: depois de ativados pelo linfócito T os
2. Memória linfócitos B se multiplicam rapidamente, se diferenciam
A vantagem das respostas imunes com memória é permitir em plasmócitos e são capazes de produzir anticorpos.
que a próxima resposta de defesa seja mais rápida e mais
No experimento, ele cruzou uma planta produtora de sementes amarelas e lisas, homozigota para as duas características,
com outra, duplo-homozigota, produtora de sementes verdes e rugosas. Em F1 surgiram plantas di-híbridas ou duplo
heterozigotas produtoras de sementes amarelas e lisas, ambas determinadas por alelos dominantes.
No próximo passo, realizou a autofecundação dessas plantas, resultando numa geração F2 que apresentou quatro diferentes
fenótipos, na proporção aproximada de 9: 3: 3:
243
♀
VR Vr vR vr
♂
VVRR VVRr VvRR VvRr
Amarela/lisa Amarela/lisa Amarela/lisa Amarela/lisa
VR
Em cada cromossomo, na verdade, há muitos genes que gametas de recombinação, ou seja, com cromossomos
atuam na expressão de diferentes características. A essa diferentes dos presentes na célula precursora. Quando
condição deu-se o nome de linkage , ou genes ligados. o crossing-over não ocorre, são formados apenas ga-
Sabe-se que os genes ligados ao mesmo cromossomo são metas com genótipo parental, determinando o linkage
encaminhados juntos ao mesmo gameta. total ou completo.
244
Disposição dos genes Mapas gênicos
nos cromossomos § Os genes devem estar dispostos linearmente no
cromossomo;
§ Frequência do crossing-over deveria refletir, de alguma
A a A a
forma, a distância entre os genes;
§ Se a porcentagem de crossing-over for baixa, os ge-
nes devem estar próximos um do outro, o que torna
menos provável a quebra e a troca de pedaços entre
os homólogos.
HERANÇA E SEXO
De modo geral, nos organismos vivos há dois tipos de cro-
mossomos: os autossomos – comuns a ambos os sexos Sistema X0
– e os heterossomos – que diferem entre os sexos. Regu- As fêmeas são representadas por A + XX (homogaméticas)
larmente, as células diploides humanas contêm 23 pares de e os machos, por A + X0 (heterogaméticos), uma vez que
cromossomos homólogos, 2n = 46, dos quais 44 são autos- um de seus gametas terá um cromossomo a menos. Por-
somos, e dois são os cromossomos sexuais ou heterossomos. tanto, quem determina o sexo da prole é o macho, pois é o
sexo heterogamético.
Cromossomos sexuais
O cromossomo Y, menor cromossomo humano, é mais curto e Sistema ZW
possui menos genes que o cromossomo X e contém uma por-
Para não gerar confusão com o sistema XY, a simbologia
ção encurvada, na qual há genes exclusivos do sexo masculino.
utilizada nesses casos é diferente: os cromossomos sexuais
Sexo feminino é homogamético – só produz um tipo úni- dos machos são representados por ZZ e os cromossomos
co de gameta –, enquanto o masculino é heterogaméti- sexuais das fêmeas são representados por ZW. Portanto,
co – produz dois tipos de gametas. nesse sistema é a fêmea quem determina o sexo da prole.
245
Heranças ligadas ao sexo Hemofilia
É uma alteração genética em que o sangue apresenta
Daltonismo grandes dificuldades de coagulação, decorrente da falta
de produção ou funcionamento anormal de um ou mais
No daltonismo, o indivíduo é incapaz de distinguir – ou fatores que atuam na coagulação sanguínea.
tem uma visão alterada – uma ou algumas cores primárias
(vermelho, azul e verde).
Genótipos Fenótipos
Genótipos Fenótipos XHXH mulher normal
XDXD mulher normal XXH h
mulher normal portadora
XDXd mulher normal portadora XXh h
mulher hemofílica
XdXd mulher daltônica XHY homem normal
XY
D
homem normal XY
h
homem hemofílico
XY
d
homem daltônico
INTERAÇÃO GÊNICA
Em todos os casos de heranças analisados, dentre eles os alelos múltiplos, verificou-se que cada par de genes está envolvido
com a determinação de uma certa característica. Uma vez que ocupam o mesmo locus no par de cromossomos homólogos,
os dois alelos atuam no mesmo caráter. Há muitos casos, porém, em que vários genes, situados em cromossomos diferentes,
somam seus efeitos na determinação de uma mesma característica fenotípica, em uma verdadeira interação gênica.
246
Forma de fruto de abóbora § a dominante, em que é necessário apenas um alelo
dominante no par epistático;
§ a recessiva, em que o par epistático deve estar em dose
dupla.
Epistasia Genótipos
A_C_
fenótipos
aguti
Trata-se de um caso especial de interação gênica, no qual aaC_ preto
um par de alelos bloqueia a ação do outro par, inibindo sua A_cc albino
manifestação. O par que exerce a inibição é chamado epis- aacc albino
tático; o par inibido, hipostático. Há dois tipos de epistasia:
Genótipos e fenótipos envolvidos na coloração de pelagem de ratos
HERANÇA QUANTITATIVA
A herança quantitativa ou poligênica também é um caso particular de interação gênica. Nela, diferentes fenótipos de uma dada
característica mostram variações lentas e contínuas e mudam gradativamente, saindo de um fenótipo “mínimo” até chegar a
um fenótipo “máximo”. Assim, esses genes possuem efeitos aditivos na composição dos fenótipos.
247
Calculando o número de fenótipos sem o quadro de cruzamentos
Simplesmente acrescentando 1 ao número de genes envolvidos na expressão de dado caractere, chega-se ao número de
fenótipos possíveis em F2. Por exemplo: se quatro alelos estiverem envolvidos (A_B_), então 5 (4 + 1) serão os tipos de
fenótipos. Inversamente, a partir da quantidade de fenótipos, é possível saber o número de genes da herança. Caso haja
nove fenótipos em F2, então subtraindo 1 (9 – 1), teremos que 8 alelos, dispostos em quatro pares, atuam em tal herança.
Em herança quantitativa, a proporção fenotípica, por sua vez, para cruzamento entre indivíduos heterozigotos, pode ser cal-
culada a partir do triângulo de Pascal. Considerando dois heterozigotos para dois genes, e partindo do número de fenótipos
igual a 5, montamos um triângulo com essa quantidade de linhas:
1
1 1
1 2 1
1 3 3 1
1 4 6 4 1
Na primeira linha, é colocado o número 1, pelo qual também todas as demais linhas são iniciadas e terminadas. Os números
seguintes ao inicial de cada linha são resultados da soma do número imediatamente acima com aquele à esquerda (caso
não haja um número acima ou à esquerda, é considerado zero).
9 : ___
___ 3 : ___
3 : ___
1
Interação gênica Forma da crista nas aves 16 16 16 16
noz rosa ervilha simples
9 : ___
___ 6 : ___
1
Interação gênica Forma dos frutos em abóbora 16 16 16
discoide esférica alongada
16 : ___
___ 3 : ___
1
Epistásia dominante Cor da pelagem nos cães 16 16 16
branca preta marrom
9 : ___
___ 3 : ___
4
Epistácia recessiva Cor da pelagem nos ratos 16 16 16
aguti albino preto
MUTAÇÕES
A mutação é qualquer alteração no material genético. Há dois tipos básicos de mutação, a gênica e a cromossômica. As mu-
tações gênicas são pequenas alterações que ocorrem na cadeia de nucleotídeos (gene) do DNA e em razão disso podem levar
à alteração do fenótipo. A mutação cromossômica é uma mudança no número ou na estrutura dos cromossomos.
Mutações gênicas
§ Adição: inserção de um nucleotídeo à sequência já existente do DNA.
§ Deleção: eliminação de um nucleotídeo da sequência presente no DNA.
248
§ Substituição: ocorre a troca de um nucleotídeo por outro. Caso clássico dessa condição é a que resulta em hemácias
falciformes (com formato de foice).
Aneuploidia
Qualquer perda ou ganho de cromossomos – que altere a condição normal das células. Gera a monossomia e a trissomia.
Síndrome de Down
Os indivíduos portadores dessa anomalia apresentam uma cópia extra do cromossomo 21.
Síndrome de Edwards
O cromossomo 18 está envolvido nessa condição. Trissomia do 18.
Síndrome de Patau
O cromossomo 13 está envolvido nessa mutação. Trissomia do 13.
Síndrome do duplo Y trissomia 44A + XYY (óvulo com X + espermatozoide com YY)
249
GENÉTICA DE POPULAÇÕES
A genética de populações estuda a distribuição dos genes Observe neste quadro de Punnet a representação do cruzamento:
em populações, os fatores que podem alterar ou modificar
a frequência gênica (ou alélica), bem como a frequência A a →A + a = 1
genotípica ao passar de gerações.
A AA Aa
O princípio de Hardy- A+a=1
a Aa aa
-Weinberg
Em razão disso, as frequências genotípicas são determina-
Graças à reprodução sexuada, os genótipos possíveis serão das pela seguinte expansão binomial:
AA, Aa e aa, e as frequências genotípicas em cada geração:
(p + q)2 = 1 ou p2 + 2pq + q2 = 1
§ probabilidade de AA: p x p = p 2
↓ ↓ ↓
§ probabilidade de aa: q x q = q2 AA + 2Aa + aa = 1
§ probabilidade de Aa: com gameta feminino (A) e ga-
Uma vez que p + q = 1, logo: q = 1 – p.
meta masculino (a):
p x q = pq A fórmula de Hardy-Weinberg também pode ser escrita
desta maneira:
§ probabilidade de Aa: com gameta feminino (a) e game- p2 + 2p(1 – p) + (1 – p)2 = 1
ta masculino (A) é:
*Lembre-se que o “1” ao final da fórmula representa 100%.
q x p = qp
250
Criação de DNA recombinante
Um DNA recombinante é uma molécula de DNA formada pela união de duas ou mais moléculas desse ácido nucleico.
Terapia gênica
Trata-se da utilização de genes normais que substituiriam genes alterados causadores de diversas doenças humanas, que
possuem caráter gênico. Esse material genético será introduzido (por um vetor) no indivíduo afetado, com o objetivo de
corrigir uma informação que está errada ou ausente no DNA desse indivíduo, atenuando os sintomas ou ainda o curando.
Clonagem
A clonagem reprodutiva produz uma “cópia” de um indivíduo existente mediante uma técnica chamada transferência
nuclear, que se baseia na remoção do núcleo de um óvulo que é substituído pelo núcleo de outra célula somática. Feita a
fusão, as células passam a se diferenciar.
251
U.T.I. - Sala Proporções observadas nos descendentes
Frutos Frutos Frutos Frutos
1. (FAC. SANTA MARCELINA – MEDICINA) As imagens vermelhos vermelhos amarelos amarelos
Cruzamentos
mostram alguns fenótipos em coelhos. Sabe-se que o com polpas com pol- com polpas com pol-
normais pas firmes normais pas firmes
alelo C determina a pelagem selvagem, o alelo cch de-
termina pelagem chinchila, o alelo ch determina a pela- 1 9 3 3 1
gem himalaia e o alelo ca determina a pelagem albina. A 2 3 1 - -
ordem de dominância entre eles é C > cch > ch > ca Por que, nos cruzamentos, os fenótipos dos genitores,
selvagem chinchila mesmo sendo iguais, originaram
Himalaia albino proporções fenotípi-
cas diferentes nos descendentes?
252
5. (UFMG) Analise o quadro:
U.T.I. - E.O.
frequentemente o tipo O – o mais procurado, pois pode
ser recebido por qualquer paciente. O tipo de sangue é
definido pela presença ou ausência dos antígenos A e B
1. (UFG) Analise o cartaz a seguir. na superfície dos glóbulos vermelhos. A compatibilida-
de é fundamental para a transfusão, pois esses antíge-
nos podem reagir com anticorpos presentes no plasma
e levar à morte em alguns casos. A equipe de Qiyong
Liu, da empresa ZymeQuest (EUA), obteve enzimas ca-
pazes de remover da superfície dos glóbulos vermelhos
as moléculas responsáveis pela reação imune.
As enzimas foram desenvolvidas em laboratório a partir
de proteínas produzidas pelas bactérias Elizabethkingia
meningosepticum e Bacteroides fragilis. O método,
descrito na página da revista Nature Biotechnology na
internet, precisa ainda ter sua eficácia e segurança ava-
liadas em testes clínicos.
(Disponível em: <http//www.cienciahoje.uol.com.br>.
Acesso em: 20 set. 2009. Adaptado.)
253
c) Nas respostas imunológicas são envolvidos diferentes b) Um único par de alelos de uma espécie de mamí-
grupos de células, dentre as quais os macrófagos. Carac- fero é responsável pela manifestação do formato das
terize os macrófagos em relação às estruturas e organelas orelhas e pelo comprimento do pelo.
envolvidas em sua ação durante o processo imunológico. INTERAÇÃO GÊNICA – PLEIOTROPIA – HERANÇA POLIGÊNICA
3. (UERJ) As vacinas são um meio eficiente de preven- c) Cruzou-se uma variedade de grãos brancos com
ção contra doenças infecciosas, causadas tanto por ví- outra variedade de grãos vermelhos. Após o cruza-
rus como por bactérias. mento entre si dos indivíduos da geração F2, obtive-
ram-se grãos brancos, grãos de cores intermediárias
Indique três princípios ativos encontrados nas vacinas e
e grãos vermelhos.
explique como atuam no organismo.
HERANÇA QUANTITATIVA – INTERAÇÃO EPISTÁSICA –
4. (FUVEST) HIPOSTASIA
104 d) Uma determinada doença é manifestada por alelos
recessivos. Um casal em que ambos são portadores
Concentração de anticorpo
portadores.
102 HERANÇA LIGADA AO SEXO – HERANÇA AUTOSSÔMICA
– CODOMINÂNCIA
10 e) Em uma determinada anomalia fenotípica, a po-
pulação afetada apresenta diferentes intensidades de
1 B manifestação do fenótipo, o que pode depender de
outros genes ou de outros fatores que influenciam
0
0 2 4 6 8
nessa intensidade de manifestação.
Semanas AUSÊNCIA DE DOMINÂNCIA – PENETRÂNCIA GÊNICA –
EXPRESSIVIDADE GÊNICA
As duas curvas (A e B) do gráfico mostram a concentra-
ção de anticorpos produzidos por um camundongo, du- 7. (UNICAMP) Horas depois de uma pequena farpa de
rante oito semanas, em resposta a duas injeções de um madeira ter espetado o dedo e se instalado debaixo da
determinado antígeno. Essas injeções foram realizadas pele de uma pessoa, nota-se que o tecido ao redor desse
com intervalo de seis meses. corpo estranho fica intumescido, avermelhado e dolori-
a) Identifique as curvas que correspondem a primeira do, em razão dos processos desencadeados pelos agen-
e a segunda injeção de antígenos. tes que penetraram na pele juntamente com a farpa.
b) Quais são as características das duas curvas que a) Indique quais células participam diretamente do
permitem distinguir a curva correspondente à pri- combate a esses agentes externos. Explique o meca-
meira injeção de antígenos daquela que representa nismo utilizado por essas células para iniciar o pro-
a segunda injeção? cesso de combate aos agentes externos.
c) Por que as respostas a essas duas injeções de antí- b) Ao final do processo de combate forma-se muitas
genos são diferentes? vezes uma substância espessa e amarelada conheci-
da como pus. Como essa substância é formada?
5. (UNICAMP) Suponha uma planta superior originada
de um zigoto no qual dois dos pares de cromossomos, A 8. (UFJF) O esquema a seguir ilustra de forma sintética
e B, têm a constituição A1A2B1B2. o processo de formação de gametas (meiose) de um in-
divíduo de genótipo AaBb.
a) Qual será a constituição cromossômica da planta
adulta originada desse zigoto? Justifique. a) Complete o esquema:
b) Se essa planta se reproduzir por autofecundação,
a constituição cromossômica de seus descendentes
será igual à da planta mãe? Justifique.
254
b) Qual é a probabilidade deste indivíduo formar o Tabela 2
gameta ab? Justifique sua resposta.
c) Qual é a importância da meiose para a manuten- Fenótipos Caso 1 Caso 2
ção de uma espécie?
A- B- 9 7
d) Considere que os genes A e B estão envolvidos na
determinação da cor das flores. O alelo A permite a A- BB 3 7
formação de pigmentos e é dominante sobre o alelo aa B- 3 1
a, que inibe a manifestação da cor. O alelo B determi- aa BB 1 1
na a cor vermelha e é dominante sobre o alelo b, que
Total 16 16
determina a cor rosa. Se uma planta de flores verme-
lhas, oriunda das sementes de uma planta de flores Identifique qual dos dois casos tem maior probabilida-
brancas (aabb), é autofecundada, que fenótipos são de de representar dois locos no mesmo cromossomo.
esperados na descendência e em que proporções? Justifique sua resposta.
9. (UFU) Na espécie humana, assim como em todas as
outras espécies de seres vivos, existem vários fenóti- 11. (UNICAMP) Considere duas linhagens homozigotas
pos dos quais as heranças provêm de um par de alelos de plantas, uma com caule longo e frutos ovais e ou-
com relação de dominância completa. Dentre esses fe- tra com caule curto e frutos redondos. Os genes para
nótipos podem ser citados: 1) sensibilidade gustativa comprimento do caule e forma do fruto segregam-se
para feniltiocarbamida (PTC) é dominante sobre a não independentemente. O alelo que determina caule longo
sensibilidade; 2) a forma do lobo da orelha, lobo solto é dominante, assim como o alelo para fruto redondo.
é dominante sobre lobo aderente; 3) a capacidade de a) De que forma podem ser obtidas plantas com caule
dobrar a língua é dominante sobre a incapacidade de curto e frutos ovais a partir das linhagens originais?
fazê-lo. Explique indicando o(s) cruzamento(s). Utilize as le-
Um casal, cujo marido tem lobo da orelha aderente, é tras A, a para comprimento do caule e B, b para forma
heterozigoto para a sensibilidade ao PTC e não é capaz dos frutos.
de dobrar a língua. A esposa tem heterozigose para a b) Em que proporção essas plantas de caule curto e
forma do lobo da orelha, para a sensibilidade ao PTC e frutos ovais serão obtidas?
para a capacidade de dobrar a língua.
Com base nesses conhecimentos, qual é a probabilida- 12. (UNESP) Em abelhas, a cor do olho é condicionada
de deste casal ter uma criança masculina e com lobo da por uma série de alelos múltiplos, constituída por cinco
orelha aderente, não sensível ao PTC e não ser capaz de alelos, com a seguinte relação de dominância:
dobrar a língua?
marrom>pérola>neve>creme>amarelo.
10. (UFRJ) Um pesquisador está estudando a genética
de uma espécie de moscas, considerando apenas dois Uma rainha de olho marrom, porém, heterozigota para
locos, cada um com dois genes alelos: pérola, produziu 600 ovos e foi inseminada artificial-
Loco 1 – gene A (dominante) ou gene a (recessivo); mente por espermatozoides que portavam, em propor-
ções iguais, os cinco alelos. Somente 40% dos ovos des-
Loco 2 – gene B (dominante) ou gene b (recessivo).
sa rainha foram fertilizados e toda a descendência teve
Cruzando indivíduos AABB com indivíduos aabb, foram a mesma oportunidade de sobrevivência. Em abelhas,
obtidos 100% de indivíduos AaBb que, quando cruza- existe um processo denominado partenogênese.
dos entre si, podem formar indivíduos com os genóti-
pos mostrados na Tabela 1. a) O que é partenogênese? Em abelhas, que descen-
dência resulta deste processo?
Sem interação entre os dois locos, as proporções fe-
b) Na inseminação realizada, qual o número esperado
notípicas dependem de os referidos locos estarem ou
de machos e de fêmeas na descendência? Dos machos
não no mesmo cromossomo.
esperados, quantos terão o olho de cor marrom?
Na Tabela 2, estão representadas duas proporções fe-
notípicas (casos 1 e 2) que poderiam resultar do cruza- 13. (UERJ) Admita uma raça de cães cujo padrão de co-
mento de dois indivíduos AaBb. loração da pelagem dependa de dois tipos de genes. A
Tabela 1 presença do alelo e, recessivo, em dose dupla, impede
que ocorra a deposição de pigmento por outro gene,
Gametas AB Ab aB ab resultando na cor dourada. No entanto, basta um único
gene E, dominante, para que o animal não tenha a cor
AB AABB AABb AaBB AaBb dourada e exiba pelagem chocolate ou preta. Caso o ani-
Ab AAbB AAbb AabB Aabb mal apresente um alelo E dominante e, pelo menos, um
aB aABB aABb aaBB aaBb alelo B dominante, sua pelagem será preta; caso o alelo
E dominante ocorra associado ao gene b duplo recessivo,
ab aAbB aAbb aabB aabb
sua coloração será chocolate. Observe o esquema.
Considerando as informações do texto, explique por
que as mulheres portadoras da mutação em geral são
assintomáticas (não desenvolvem a doença).
Se uma mulher portadora da mutação, assintomática,
estiver grávida de um casal de gêmeos, e o pai das
crianças for um homem não portador da mutação,
quais as probabilidades de seus filhos desenvolverem
a doença? Justifique.
256
19. (UNESP) José é uma pessoa muito interessada na a) Explique a formação dessas manchas do ponto de
criação de gatos. Um de seus gatos apresenta hipopla- vista genético.
sia testicular (testículos atrofiados) e é totalmente es- b) Por que esse mosaico não pode aparecer em um
téril. José procurou um veterinário que, ao ver as cores homem?
preta e amarela do animal, imediatamente fez o seguin-
te diagnóstico: trata-se de um caso de aneuploidia de 22. (UFRJ) A massa de um determinado tipo de fruto
cromossomos sexuais. As cores nos gatos domésticos depende da ação de dois genes A e B, não alelos, inde-
são determinadas por um gene A (cor amarela) e outro pendentes e de ação cumulativa (polimeria).
gene P (cor preta), ambos ligados ao sexo, e o malhado Esses genes contribuem com valores idênticos para o
apresenta os dois genes (A e P). acréscimo de massa. Os genes a e b, alelos de A e B respec-
tivamente, não contribuem para o acréscimo de massa.
a) O que é e qual o tipo de aneuploidia que o gato de
José apresenta? O fruto de uma planta de genótipo AABB tem 40 gra-
mas de massa enquanto o de uma planta de genótipo
b) Qual a explicação dada pelo veterinário relacio-
aabb tem 20 gramas.
nando a anomalia com as cores do animal?
Determine a massa do fruto de uma planta de genótipo
20. (UFRN) Seguindo a representação a seguir e con- AABb. Justifique sua resposta.
siderando que os indivíduos apresentam, simultanea-
mente, dois caracteres genéticos com mecanismos de 23. (FUVEST) Uma mulher é portadora de um gene letal
herança distintos: ligado ao sexo, que causa aborto espontâneo. Supondo
que quinze de suas gestações se completem, qual o nú-
mero esperado para crianças do sexo masculino, entre
= hemofílico albino as que nascerem? Justifique sua resposta.
= hemofílico albino XLXI X XLY
= não-hemofílico albino
= não-hemofílico albino
= hemofílico com pigmentação normal XLXL XLXI XLY XIY
a) indique os genótipos dos indivíduos. a) A que corresponde tal corpúsculo e em que tipo
de células (somáticas ou germinativas) ele aparece?
b) construa um heredograma no qual três desses
b) Qual a sua importância e por que ele não ocorre
indivíduos sejam os filhos biológicos (legítimos) dos
nas células masculinas?
outros dois.
c) discuta a possibilidade de uma mulher hemofílica e
albina ser filha biológica dos pais propostos no here-
dograma que você construiu.
257
258
FÍSICA 1
259
TRABALHO DE UMA FORÇA CONSTANTE
t = F ∙ d ∙ cos q
tFr = ttotal
P = F ∙ v ∙ cosq
P=F∙v
Potência e energia
tFt = Ft ∙ d
E
Pm = ___
t
260
Rendimento
P
h = __
u
Pt
ENERGIA
mv
2
EC = ___
2
mv 2 mv A2
tAB = ___
B – ___
2 2
kx
2
EP = ___
2
261
PRINCÍPIO DA CONSERVAÇÃO DA ENERGIA
“A energia não é criada, a energia não é perdida, a energia apenas se transforma de um tipo em outro, em quantidades iguais.”
Antoine Lavoisier
Energia mecânica
EM = EC + EP
Quantidade de movimento
= F
I · Dt I = DQ
262
QUANTIDADE DE MOVIMENTO EM UM SISTEMA DE PARTÍCULAS
___
› ___
› ___
› ___
› ___
›
Q
1 +
sistema =
Q
2 +
Q
3 + ... +
Q
n
Q
vf – vf v rel (afastamento)
e = ______
v B – v A
= _______________
iA i B vrel (aproximação)
263
GRAVITAÇÃO
O modelo heliocêntrico
de Copérnico
A linha que liga o Sol a um planeta varre áreas iguais
em intervalos de tempo iguais.
A Sol A`
a a
264
LEI DA GRAVITAÇÃO UNIVERSAL
Campo gravitacional
Existe uma força de atração entre duas partículas de
massa m1 e m2, cuja intensidade F é diretamente pro-
porcional ao produto das massas e inversamente pro-
porcional ao quadrado da distância R entre elas.
m · m2
F = G · ______
1 2
R
G · M
g = ______
dXXXXX
G ·
v = _____
R
M __
T2 4p2
G · M
R3 = _____
(R + h)2
Satélite geoestacionário
M2
gsuperfície = G · _____
R
G · M = constante
R3 = _____
__
T2 4p2
Velocidade de escape
M ·m
EPg = G · _____
T
R
________
e
√ 2 · G · MT
V = ________
R
265
ESTÁTICA
Equilíbrio estático
FRx = SFx = 0 e FRy = SFy = 0
Centro de massa
m1 ⋅ x1 + m2 ⋅ x2 + m3 ⋅ x3 + ... + mn ⋅ xn
xCM = _____________________________
m + m + m + ... + m
1 2 3 n
m ⋅ y + m2 ⋅ y2 + m3 ⋅ y3 + ... + mn ⋅ yn
yCM = ___________________________
1 1 m
+ m2 + m3 + ... + mn
1
Binário
Mbinário = F · b
MR = SM = 0
MFO = F · d
266
Talha exponencial
Pn
FM = __
2
P
vantagem mecânica = __
FM
267
U.T.I. - Sala
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Prata, francês compara vaias no Rio às recebidas por
Jesse Owens em 1936
Gustavo Franceschini e Rodrigo Mattos
Do UOL, no Rio de Janeiro
1. (UFSC) Responda:
a) O número de flexibilidade de uma vara para saltos
é a sua deflexão x medida em centímetros, quando
um peso padrão, usualmente 22,7 kg é suspenso no
meio da vara na posição horizontal, conforme ilus-
trado na figura A, abaixo. Portanto, flexibilidade 20.5
significa deflexão x = 20,5 cm, flexibilidade 24,3 sig-
nifica deflexão x = 24,3 cm, e assim por diante. Con-
siderando que a vara se comporta como uma mola Quando está na posição x = 20 m com velocidade
ideal, esboce o gráfico da deflexão x em função do de v = 72 km/h (20 m/s), ele percebe que na posição
peso quando pesos variados são suspensos de forma x = 120 m há uma pedra ocupando toda a estrada. Se
consecutiva no meio da vara. Dr. Lando não acelerar ou acionar os freios, o automóvel
(devido a atritos internos e externos) chega na posição
da pedra com metade da energia cinética que teria,
caso não houvesse qualquer dissipação de energia.
a) Com que velocidade o automóvel chocar-se-á com a
pedra, se o Dr. Lando não acelerar ou acionar os freios?
b) Que energia tem que ser dissipada com os freios
acionados para que o automóvel pare rente à pedra?
268
4. Uma metralhadora de massa M = 16 kg dispara balas 3. Um bloco de massa 4,5 kg é abandonado em repou-
de massa m = 80 g com velocidade de 500 m/s. O tempo so num plano inclinado. O coeficiente de atrito entre o
de duração de um disparo é igual a 0,01 s. bloco e o plano é 0,50.
a) Calcule a velocidade do “coice” na arma após um Considere: g = 10 m/s2; AC = 3 m; BC = 4 m
disparo.
b) Calcule a força média exercida sobre uma bala.
Determine:
a) a velocidade desse corpo quando se destaca da mola;
b) seu deslocamento sobre o plano inclinado, até parar.
269
6. Observe o esquema do elevador E de massa 800 kg, 10. Uma espingarda de massa 2,00 kg, inicialmente em
com carga interna de 500 kg, um contrapeso B de massa repouso, dispara na horizontal uma bala de 0,05 kg com
800 kg e acionados por um motor M. (g = 10 m/s2). velocidade de 400 m/s. A arma, apoiada no ombro do ati-
rador, empurra-o, deslocando-se durante 0,50 s até parar.
M a) Calcule a velocidade inicial de recuo da arma, des-
prezando a reação inicial do ombro.
B b) Calcule o módulo F da força horizontal exercida
pelo ombro sobre a arma, supondo-a constante.
E
11. Dois carrinhos iguais, com 1 kg de massa cada um,
estão unidos por um barbante e caminham com veloci-
dade de 3 m/s. Entre os carrinhos há uma mola compri-
mida, cuja massa pode ser desprezada. Num determina-
do instante, o barbante se rompe, a mola se desprende
a) Calcule a potência fornecida pelo motor com o ele- e um dos carrinhos para imediatamente.
vador subindo à velocidade constante de 1 m/s.
V
b) Calcule a força aplicada pelo motor por meio do
cabo para acelerar o elevador em ascensão a 0,5 m/s2.
Determine:
a) o módulo da velocidade vC após a explosão;
b) o ângulo que o vetor vc forma com o vetor vO.
A hB
V0 B
mA
Determine:
a) a velocidade v’B imediatamente após a colisão;
b) o módulo e o sentido da velocidade v’A após a colisão;
Sendo v1 = 15 m/s e v2 = 20 m/s, determine: c) a diferença entre a energia mecânica do sistema
antes e depois da colisão.
a) a quantidade de movimento da partícula no ponto A; d) A colisão foi perfeitamente elástica? Justifique.
b) o impulso da força F no trecho AB.
270
14. De quantos dias seria, aproximadamente, o período 19. Uma barra rígida e homogênea de 2 kg está li-
de um planeta, girando em torno do Sol, se sua distân- gada numa das extremidades a um suporte, através
cia ao centro de gravitação fosse de 8 vezes a distância de uma mola de constante elástica k = 200 N/m. Na
Terra-Sol? outra extremidade, articula-se a um rolete que pode
girar livremente. Nessa situação, a mola está defor-
mada de 5 cm.
15. Seja g a intensidade da aceleração da gravidade na
superfície terrestre. A que altura acima da superfície a
aceleração da gravidade tem intensidade g/2? Conside-
re a Terra como uma esfera de raio R. g = 10 m/s2
45° B C M
0,5 m 0,5 m 0,5 m 0,5 m
(2)
(1) S1 B S2 E2
E1
a) Determine o peso do bloco 2. 0,10 m
g
b) Determine a tração no fio AB.
100
kg
271
272
FÍSICA 2
273
OSCILAÇÕES
Oscilações periódicas
k ⋅ A
2
Em = ____
2
x(t) = A ⋅ cos(ω t + ϕ)
v(t) = –A ω sen(ω t + ϕ)
a(t) = –A ω² cos(ω t + ϕ)
Período do MHS
__
m
T = 2p __ √
k
Pêndulo simples
x1 > 0 e F1 < 0
x2 < 0 e F2 > 0
Fel = –k ⋅ x
XX
T = 2p __ d
gL
274
PULSOS E ONDAS
Ondas longitudinais
275
O espectro eletromagnético caracteriza as ondas dependendo de suas frequências.
Cada intervalo recebe classificações diferentes, desde as ondas de rádio até os raios gama.
__ v †1
v1 = __
2 †
2
Reflexão com inversão de fase
Equação da onda harmônica
y = A ∙ cos (ωt + θ0)
FRENTE DE ONDA
Princípio de Huygens
Cada ponto de uma frente de onda, em determinado ins-
tante, é fonte de ondas secundárias que têm característi-
cas iguais às da onda inicial.
276
Reflexão de ondas
Refração de ondas
Polarização
n = _ vc
sen i
____ __n2 __ †1 __ v1
sen r = n1 = † = v2 pulsos de ondas superpostos
2
a2
a1
a2
277
Interferência de ondas bidimensionais
( )
† (n = 0, 2, 4, 6, ...)
∆d = n __
2
Interferência construtiva
( )
† (n = 1, 3, 5, 7, ...)
∆d = n __
2
Interferência destrutiva
Experiência de Young
d.y
D = ____
L
278
Interferência em lâminas delgadas
PRODUÇÃO DO SOM
Qualidades do som
§ altura ou tom;
§ intensidade ou volume;
§ timbre.
279
Altura ou tom Efeito Doppler
A altura do som está atrelada à sua frequência. Os sons
graves têm frequências menores e os agudos, frequências
maiores.
fonte sonora
Intensidade
Timbre
Nessa figura, a ambulância está se afastando da moça e se aproximando do rapaz.
( )
v±v
f’ = f · _____
v ± v0
F
interferência construtiva
280
interferência destrutiva.
Onda estacionária
Cordas vibrantes
2º
† = __ __v __ 2º __v
n é f = n é fn = n 2º
n
281
Tubos sonoros
Tubo aberto
2º é f1 = __
1º harmônico: †1 = __ v = __
v
1 †1 2º
2º é f2 = __
2º harmônico: †2 = __ v = __ v = __
2v é f2 = 2f1
2 †2 __ 2º
2º
2
2º é f3 = __
3º harmônico: †3 = __ v = __ 3v é f2 = 3f1
v = __
3 †3 __ 2º
2º
3
: : : : : :
2º
n-ésimo harmônico: †n = __ v = __
__
n é fn = † v = __
nv é f2 = nf1
n
__2º
n 2º
Tubo fechado
(1º modo de vibrar)
v = __
1º harmônico: †1 = 4º é f1 = __ v
†1 4º
4º
†2n – 1 = _____ v ä f2n – 1 = (2n – 1) · f1
ä f2n – 1 = (2n – 1) · __
2n – 1 4º
282
HIDROSTÁTICA
m
d = __
V
Pressão
py = px + dgh ou py = pz + dgh
Princípio de Pascal
Uma pressão externa aplicada a um líquido dentro de
__›
um recipiente é transmitida, sem diminuição, para todo
pm =
__F
A o líquido e às paredes do recipiente.
Lei de Stevin
pC = pB + d · g · h
patm j 1,013 · 105 N/m2 ä 1atm = 1,013 · 105 Pa j 105 Pa
283
EMPUXO
Um corpo que esteja total ou parcialmente submerso num fluido em equilíbrio (e sob a ação da
gravidade) recebe a ação de uma força vertical para cima, ou seja, de sentido oposto ao da gravidade.
Essa força é o que chamamos de empuxo.
Princípio de Arquimedes
O módulo do empuxo é igual ao módulo do peso do líquido do recipiente que caberia dentro do
espaço ocupado pelo corpo.
E = d · VF · g
Z = ___
DV
Dt
A1 · v1 = A2 · v2
Z = ___ A · Ds
DV = _____
Dt Dt
= A · v
Equação de Bernoulli
284
d · v12 d · v22 Equação de Torricelli
p1 + d · g · h1 + _____
= p2 + d · g · h2 + _____
2 2
d · v2
p + d · g · h + ____
= constante
2
V = d XXXXXXX
2 · g · h
dv = constante
2
p + ___
2
285
U.T.I. - Sala de posições de alta intensidade sonora e pontos de silên-
cio (intensidade sonora nula). Dado que a velocidade do
som é de 340 m/s, quantos pontos de intensidade nula o
1. (PUC-RJ) Um longo tubo cilíndrico e vertical possui pedestre vai contar ao atravessar o túnel?
uma seção reta de 10,0 cm2. São colocados dentro dele
100 cm3 de água (densidade dA = 1 g/cm3) e 100 cm3 de 6. Coloca-se dentro de um vaso aberto 2 kg de água. A
óleo (dO = 0,800 g/cm3), que não se mistura com a água. seguir, coloca-se dentro do líquido um pequeno corpo,
Considere g = 10,0 m/s2. de 1000 g de massa e 100 cm3 de volume, suspenso por
um fio, conforme indicado na figura.
a) Calcule a altura total da coluna de óleo + água.
b) Dentro do cilindro com óleo e água, coloca-se uma
esfera de plástico com densidade dE = 0,900 g/cm3,
massa 15,0 g e raio menor que o do cilindro. O que
acontece com a esfera? Ela cai no fundo do recipiente
ou flutua? Justifique e faça um desenho da posição
da esfera dentro do tubo, no equilíbrio.
c) Calcule a pressão manométrica (P - Patm) no fundo do reci-
piente cilíndrico contendo o óleo, a água e a esfera.
Sabendo que g = 10 m/s2 e dágua = 1000 kg/m3, calcule:
2. Uma pessoa apresenta deficiência visual, conseguin- a) a tração no fio;
do ler somente se o livro estiver a uma distância de 75 b) a força exercida pelo líquido no fundo do vaso.
cm. Qual deve ser a distância focal dos óculos, apropria-
dos para que ela consiga ler, com o livro colocado a 25
cm de distância?
U.T.I. - E.O.
3. Um corpo de massa m está preso em uma mola de 1. (UFPR) Um corpo com peso P1 flutua em um líquido de
constante elástica k e em repouso no ponto O. O corpo maneira que o volume submerso é de 1,1 m3. Sobre ele
é então puxado até a posição A e depois solto. O atrito é colocado um outro corpo com peso P2 = 1050 N. Com
é desprezível. Sendo m = 10 kg, k = 40 N/m, π = 3,14, esse procedimento, verificou-se que o conjunto dos dois
pede-se: corpos afunda mais um pouco, de maneira que o volume
a) o período de oscilação do corpo; submerso passa a ser de 1,2 m3, conforme é mostrado na
b) o número de vezes que um observador, estacioná- figura a seguir. Considere o valor da aceleração gravitacio-
rio no ponto B, vê o corpo passar por ele, durante um nal como 10 m/s2.
intervalo de 15,7 segundos.
m
k
286
3. (UFJF-PISM 3) Consideremos uma corda fixa nas suas Com base neste gráfico, encontre a frequência desco-
extremidades e sujeita a uma certa tensão. Se excitar- nhecida do segundo diapasão.
mos um ponto desta corda por meio de um vibrador de
frequência qualquer ou pela ação de uma excitação ex- 4. (UFU) Uma montagem experimental foi construída a
terna, toda a extensão da corda entra em vibração. É o fim de se determinar a frequência do som emitido por
que acontece, por exemplo, com as cordas de um violão. um alto-falante. Para isso, tomou-se um recipiente cilín-
Existem certas frequências de excitação para as quais a drico, dentro do qual foi espalhado talco, e colocou-se,
amplitude de vibração é máxima. Estas frequências pró- em uma de suas extremidades, o alto-falante, o qual emi-
prias da corda são chamadas modos normais de vibra- tia um som de frequência constante. No interior do reci-
ção. Além disto, formam-se ondas estacionárias exibindo piente formaram-se regiões onde o talco se acumulou,
um padrão semelhante àquele mostrado na figura 1a. segundo o padrão representado pelo esquema a seguir.
287
deslocamento dessa “antena-mola” seria de 1 mm e a tes. Um modo de se conseguir imagens distintas em cada
massa de 1 g para um rádio portátil. Considere um sinal olho é através do uso de óculos com filtros polarizadores.
de rádio AM de 1000 kHz. a) Quando a luz é polarizada, as direções dos
a) Qual seria a constante de mola dessa “antena-mola”? campos elétricos e magnéticos são bem de-
__
finidas. A intensidade da luz polarizada que
A frequência de oscilação é dada por: f = ____ 1 ∙ m
(2π)
__
√
k atravessa um filtro polarizador é dada por
onde k é a constante da mola e m a massa presa à mola. I = I0 ∙ cos2θ, onde I0 é a intensidade da___
›
luz incidente e
b) Qual seria a força mecânica necessária para deslo- θ é o ângulo entre o campo elétrico E e a direção de
polarização do filtro. A intensidade luminosa, a uma
car essa mola de 1 mm?
distância d de uma fonte que emite luz polarizada, é
8. Um relógio de pêndulo marca o tempo corretamente P
quando funciona à temperatura de 20°C. Quando este dada por I0 = _____
0
em que P0 é a potência da fonte.
4πd2
relógio se encontra a uma temperatura de 30°C, seu pe- Sendo P0 = 24 W, calcule a intensidade luminosa que
ríodo aumenta devido à dilatação da haste do pêndulo. atravessa um polarizador que se encontra a d = 2 m
a) Ao final de 24 horas operando a 30°C, o relógio da fonte e para o qual θ = 60°.
atrasa 8,64 s. Determine a relação entre os períodos b) Uma maneira de polarizar a luz é por reflexão.
T30 a 30°C e T20 a 20°C, isto é, T30/T20. Quando uma luz não polarizada incide na interface
b) Determine o coeficiente de expansão térmica linear entre dois meios de índices de refração diferentes com
do material do qual é feita a haste do pêndulo. Use a o ângulo de incidência θB, conhecido como ângulo de
aproximação: (1,0001)2 =1,0002. Brewster, a luz refletida é polarizada, como mostra a
figura abaixo. Nessas condições, θB + θr = 90° em que
9. Ondas circulares propagam-se na superfície da água θr é o ângulo do raio refratado. Sendo n1 = 1,0 o índi-
de um grande tanque. Elas são produzidas por uma ce de refração do meio 1 e θB = 60° calcule o índice
haste cuja extremidade P, sempre encostada na água, de refração do meio 2.
executa um movimento harmônico simples vertical, de
Raio iniciante Raio refletido
frequência 0,5 s−1. não polarizado polarizado
a) Quanto tempo o ponto P gasta para uma oscilação
completa?
UB UB
b) Se as cristas de duas ondas adjacentes distam entre si meio1
2,0 cm, qual a velocidade de propagação dessas ondas?
Meio 2
288
14. O radar é um dos dispositivos mais usados para coi- b) Determine a pressão no interior do sino.
bir o excesso de velocidade nas vias de trânsito. O seu
princípio de funcionamento é baseado no efeito Do- § pressão atmosférica: 1,0 × 105 N/m2
ppler das ondas eletromagnéticas refletidas pelo carro § aceleração da gravidade: 9,8 m/s2
em movimento. § massa específica da água do mar: 1,2 × 103 kg/m3
Considere que a velocidade medida por um radar foi
vm = 72 km/h para um carro que se aproximava do aparelho. 18. O organismo humano pode ser submetido, sem
consequências danosas, a uma pressão de no máximo
Para se obter vm o radar mede a diferença de frequências 4 . 105 N/m2 e a uma taxa de variação de pressão de no
Vm máximo 104 N/m2 por segundo. Nessas condições:
Δf, dada por Δf = f – f0 = ±___
⋅f0, sendo f a frequência da
C
a) qual a máxima profundidade recomendada a um
onda refletida pelo carro, f0 = 2,4 . 1010 Hz a frequência da
mergulhador?
onda emitida pelo radar e c = 3,0 · 108 m/s a velocidade
da onda eletromagnética. O sinal (+ ou -) deve ser escolhi- b) qual a máxima velocidade de movimentação na
do dependendo do sentido do movimento do carro com vertical recomendada para um mergulhador?
relação ao radar, sendo que, quando o carro se aproxima, Adote a pressão atmosférica igual a 105 N/m2.
a frequência da onda refletida é maior que a emitida.
19. Dois vasos comunicantes, A e B, um dos quais fe-
Determine a diferença de frequência f medida pelo radar. chado em sua parte superior, contêm água na situação
indicada pela figura. Seja d a massa específica (densida-
15. Um pescador desenvolveu um método original para
de) da água, P0 a pressão atmosférica e g a aceleração
medir o peso dos peixes pescados: utiliza uma vara com
da gravidade.
uma linha de 2 m de comprimento e um frequencíme-
tro. Ao pescar um peixe, ele “percurte” a linha na po-
sição vertical e mede a frequência do som produzido.
O pescador quer selecionar a linha adequada de modo
que para um peixe de peso 10 N obtenha uma frequên-
cia fundamental de 50 Hz. Determine a massa da linha
que deve ser utilizada para obter o resultado desejado.
sino submarino
Alta
150 m
pressão
289
290
FÍSICA 3
291
LEI DE OHM GENERALIZADA
VA – VB = S« – S«‘ – Reqi
Diminui VA VA – R · i R·i
Resistor
Aumenta VA VA + « – r · i –«+r·i
Gerador
Receptor
As Leis de Kirchhoff
Lei de Kirchhoff das correntes (LKC) ou lei dos nós Lei de Kirchhoff das tensões (LKT) ou lei das ma-
– a somatória das correntes que chegam a um nó é igual lhas – ao se percorrer uma malha segundo alguma orien-
à somatória das correntes que saem deste nó. tação, a somatória algébrica das tensões é nula.
292
MAGNETISMO - ELETROMAGNETISMO
___›
A bússola é então retirada e desenha-se o vetor B
indicando a direção e o sentido do campo magnético.
293
CAMPO MAGNÉTICO CRIADO POR CORRENTE
ELÉTRICA EM CONDUTORES RETILÍNEOS
m
· _ri
B = __
2
N · i
B = m __
º
294
FORÇA MAGNÉTICA SOBRE CARGAS ELÉTRICAS
F = |q| · v · B · sen £
Direção e sentido da
força magnética
Partícula lançada no
campo magnético
__
1° caso: lançamento paralelo
›
F às linhas do campo
__
›
B
__
› Partícula lançada paralelamente às linhas de campo.
v
__› ___›
Lançamento de uma carga positiva: v ' B .
295
3º caso: lançamento numa
direção não particular
F = |q| · v · B · sen £
Trajetória circular descrita por uma partícula de carga positiva,
lançada perpendicularmente às linhas do campo magnético.
No lançamento de uma carga em um campo magnético
|F1|=|F2|=|F3|=|F4|=q.v.b uniforme, temos os seguintes casos:
1º caso: £ = 0º ou £ = 180º; F = 0 ä MRU
Determinação do raio R da trajetória 2º caso: £ = 90º ä MCU
3º caso: £ i 0º, £ i 90º e θ i 180º; F i 0 ä movi-
m ⋅ v
R = _____ mento uniforme helicoidal
|q| ⋅ B
§ O dedo indicador
___› coincide com a direção do campo
magnético B
;
§ O dedo médio coincide com a direção da corrente
elétrica i;
§ O dedo polegar
_›_ indica a direção e o sentido da força
magnética F .
F = B · i · L · sen £
296
Força magnética entre dois 2º caso: as correntes possuem
sentidos contrários, então há uma
fios retilíneos e paralelos força de repulsão entre os fios
1º caso: as correntes possuem
o mesmo sentido, então há uma _›_ _›_
força de atração entre os fios F
F
_›_ _›_
F
F
fio 1 fio 2
m·i ·i
F1 é 2 = _______ · º
1 2
2pr
m·i ·i
1 2 F2 é 1 = _______ · º
1 2
fio fio
2pr
INDUÇÃO MAGNÉTICA
A Lei de Lenz
movimento
Quando o fluxo magnético que atravessa o circuito elétri- O sentido da corrente induzida é tal que o campo mag-
co fechado variar no tempo, uma corrente elétrica induzi- nético por ela produzido se opõe à variação do fluxo que
da circula no circuito. a originou.
297
§ A variação de fluxo magnético no anel gera uma corrente induzida – lei de Faraday.
§ A corrente induzida polariza magneticamente o anel. O polo formado deve repelir o polo sul do ímã. Então, em relação
ao ímã, o polo formado é um polo sul – lei de Lenz.
ε = BLv
FLUXO MAGNÉTICO
«m = – ____
DF
Dt
F = B · A · cos a
298
v = 2pf
i
ieficaz = ___
máx j 0,707 imax
d
XX
2
U
Ueficaz = ____
máx j 0,707 Umáx
d
XX
2
Transformador
Up Np
__
= __
Us Ns
P = Upip = Usis
O gerador eletromagnético
Gerador elétrico
Campos induzidos
Corrente alternada senoidal
Campo magnético variável produz campo elétrico.
299
MECÂNICA QUÂNTICA
E=h·f
h = 6,63 · 10–34 J · s
O efeito fotoelétrico
E = Ec + W
1 m · v2 + W
hf = __
2
300
e
2
E = Ec + Ep = –k __
2r
E = hf
Partículas elementares
E = Ef – Ei = hf
h , ou
O produto de mvr deve ser um múltiplo inteiro de ___
2p
h (onde n = 1, 2, 3, ...).
seja, mvr = n ___
2p
h
l = __
Q
Quarks
A mecânica quântica Cargas elétricas de quarks e antiquarks
Quark Símbolo Carga
h
l = __
Q
Up U 2 e
+ __
3
Top T 2 e
+ __
O princípio da incerteza 3
DE · Dt ≥ h Antibotton X
b
+ __1 e
3
301
Fissão nuclear
TEORIA DA RELATIVIDADE
Os postulados de Einstein
As leis da Física são as mesmas em todos os referenciais inerciais.
A velocidade da luz no vácuo tem o mesmo valor c em qualquer referencial inercial, independen-
temente da velocidade da fonte da luz.
302
A relatividade do tempo
2d’ = c · Dt’
Quantidade de movimento
Dt = ______
Dt’
_____ ___
√ v22
1– __ › m0 __›
c = ______
Q
v
d XXXXX
v2
2
1 – __
c
A relatividade do comprimento
m
m = ______
0 2
d
XXXXX
v
1 – __
c2
Massa e energia
DE = (Dm) · c2
Energia de repouso
E = m · c2
_____
√ v2 E0 = m0 · c²
2
1 – __
L = L’ · c
Ec= (m – m0)c²
Ec= m · c² – m0 · c²
E = E0 + Ec
303
U.T.I. - Sala sitiva de carga q move-se na direção z com velocidade
constante v (conforme a figura 1).
1. A figura mostra um circuito elétrico no qual as fontes figura 1
de tensão ideais têm f.e.m. E1 e E2. As resistências de +++++++++++++++++
x x x x x x x
ramo são R1 = 100 Ω, R2 = 50 Ω e R3 = 20 Ω; no ramo de x x x x x x x
v x x x x x x x
R3 a intensidade de corrente é de 125 miliampères com x x x x x x x
q x x x x x x x Z
o sentido indicado na figura. A f.e.m. E2 é 10 volts. x x x x x x x
x x x x x x x
x x x x x x x
--------------------
i = 125 mA
R1
E1 R2 a) Faça uma representação da força elétrica e da força
R3 magnética que atuam na partícula assim que ela entra na
E2 região de campos cruzados, indicando suas magnitudes.
b) Determine a velocidade que a partícula deve ter,
para não ser desviada.
Determine o valor de E1.
___
› 5. A figura mostra uma barra metálica que faz contato
2. (UERJ) Em um campo magnético uniforme B de inten- com um circuito aberto, fechando-o. A área do circuito
sidade igual a 2,0 × 10-3 T, um fio condutor com 50 cm é perpendicular a um campo magnético constante B =
de comprimento é posicionado perpendicularmente à 0,15 tesla. A resistência total do circuito é de 3,0 ohms.
direção do campo, conforme mostra o esquema.
x x x x x x x x
Bb = 0,15T (entrando na página)
x x x x x x x x x x
x x x x x x x x x x
50 cm v = 2,0 m/s
x x x x x x x x x x
x x x x x x x x x x
Sabendo que a corrente elétrica i estabelecida no con- 6. Lasers pulsados de altíssima potência estão sendo
dutor é contínua e igual a 300
__›
mA, determine, em new- construídos na Europa. Esses lasers emitirão pulsos de
tons, a intensidade da força F
que age no condutor. luz verde, e cada pulso terá 1015 W de potência e dura-
ção de cerca de 30 ⋅ 10-15 s. Com base nessas informa-
3. Os fios 1 e 2 da figura são retilíneos e muito compri- ções, determine:
dos. Ambos estão no ar e situados no plano da folha.
a) o comprimento de onda λ da luz desse laser;
fio 2 b) a energia E contida em um pulso;
c) o intervalo de tempo Δt durante o qual uma lâmpa-
fio 1 i1 da LED de 3 W deveria ser mantida acesa, de forma a
consumir uma energia igual à contida em cada pulso;
15 cm
45 cm P d) o número N de fótons em cada pulso.
Note e adote:
No fio 1, a corrente é i1 = 5,0 A e, no fio 2, a corrente é Frequência da luz verde: f = 0,6 ⋅ 1015 Hz
i2. Deseja-se que o campo magnético resultante devido
Velocidade da luz: c = 3 ⋅ 108 m/s
aos fios seja nulo no ponto P. Para que isso aconteça:
Energia do fóton: E = h ⋅ f
a) determine qual deve ser o sentido da corrente i2
h = 6 ⋅ 10-34 J ⋅ s
no fio 2;
b) calcule qual deve ser o valor de i2.
304
e vale 0,5 × 10-10 m, e a velocidade de cada órbita é tron faz uma transição do estado excitado n = 2 para o
vn = v0/n, onde v0 = (3/137) × 108 m/s. Com base nestas estado fundamental n = 1. Admitindo que a massa do
informações, DETERMINE: átomo de hidrogênio é igual à massa do próton
a) A energia potencial, em elétron-volts, de interação MP = 1,6 × 10-27 kg , faça o que se pede nos itens seguintes.
entre o elétron e o próton do núcleo do átomo de
Hidrogênio quando o elétron estiver no nível n = 3.
b) A energia cinética, em elétron-volts, quando o elé-
tron estiver no nível n = 3.
c) A energia total, em elétron-volts, quando o elétron
estiver no nível n = 3.
Dados: k = 9 × 109 N · m2/C2; e = 1,6 × 10-19 C;
me = 9 × 10-31 kg; 1eV = 1,6 × 10-19 J.
305
Onde n é o número de espiras por unidade de compri- 12. A figura representa as trajetórias de duas partículas
mento e I é a corrente. Sendo μ0 = 4π ⋅ 10-7 N/A2: eletrizadas que penetram numa câmara de bolhas, onde
a) Qual é o valor de B ao longo do eixo do solenoide? há um campo magnético uniforme, orientado perpendi-
cularmente para dentro do plano do papel. A partícula
b) Qual é a aceleração de um elétron lançado no in-
p1 penetra na câmara no ponto A e sai em C. A partícula
terior do solenoide, paralelamente ao eixo? Justifique.
p2 penetra em B e sai em A.
8. Duas retas paralelas conduzem correntes com a mes-
ma intensidade i = 10 A. Calcule a intensidade do cam- C
po magnético no ponto P, situado no plano das retas,
conforme a figura.
B V2
A
dado: μ=4π.10-7 N/A² V1
9. Duas espiras circulares concêntricas, de 1 m de raio a) Quais os sinais das cargas q1 e q2 das partículas?
cada uma, estão localizadas em planos perpendiculares.
b) Sendo |q1| = |q2|, v1 = v2 e AB = BC, qual a relação
Calcule o módulo campo magnético resultante no centro
entre as massas m1 e m2 das partículas?
das espiras, sabendo que cada uma delas conduz 0,5 A.
dado: μ=4π.10-7 N/A² 13. A utilização de campos elétrico e magnético cru-
zados é importante para viabilizar o uso da técnica
10. A fonte indicada na figura emite um feixe de elé- híbrida de tomografia de ressonância magnética e de
trons com velocidade inicial horizontal que vai atingir o raios X. A figura a seguir mostra parte de um tubo de
centro O do anteparo vertical. Aplica-se na região entre raios X, onde um elétron, movendo-se com velocidade
a fonte e o anteparo, um campo de indução magnética v = 5,0 ⋅ 105 m/s ao longo da direção x, penetra na
B e um campo elétrico E, ambos verticais e uniformes. região entre as placas onde há um campo magnético
uniforme, B, dirigido perpendicularmente para dentro
z do plano do papel. A massa do elétron é me = 9 ⋅ 10-31
Fonte kg e a sua carga elétrica é q = –1,6 ⋅ 10-19 C. O módulo
y da força magnética que age sobre o elétron é dado
por F = qvBsenθ em que θ é o ângulo entre a velocida-
de e o campo magnético.
V X
-
horizontal
10 cm
Admitindo-se que o campo magnético entre os polos a) Sendo o módulo do campo magnético B = 0,010 T,
do ímã é uniforme, o elétron fica sujeito a uma força qual é o módulo do campo elétrico que deve ser apli-
magnética de intensidade 8,0 ⋅ 10−14 N. cado na região entre as placas, para que o elétron se
a) Determine a intensidade, a direção e o sentido do mantenha em movimento retilíneo uniforme?
vetor indução magnética entre os polos N e S. b) Numa outra situação, na ausência de campo elé-
b) Determine a direção e o sentido da força magnéti- trico, qual é o máximo valor de B para que o elétron
ca que age no elétron. ainda atinja o alvo? O comprimento das placas é de
10 cm.
306
14. No esquema, o condutor AB permanece em equilí- 17. Uma espira em forma de U está ligada a um condu-
brio na posição indicada, quando atravessado por cor- tor móvel AB. Este conjunto é submetido a um campo
rente. Sendo B = 0,1 T a intensidade do vetor indução, de indução magnética B = 4,0 T, perpendicular ao papel
P = 0,1 N o peso do bloco suspenso e 1 m o comprimen- e dirigido para dentro dele. A largura de U é de 2,0 cm.
to do condutor imerso no campo, determine:
a) o sentido da corrente AB;
b) a intensidade da corrente.
A
N
Determine a tensão induzida e o sentido da corrente,
B sabendo que a velocidade de AB é de 20 cm/s.
308
QUÍMICA 1
309
OSMOSE
Osmose é um fenômeno espontâneo que ocorre quando o solvente passa através de uma membrana semipermeável (MSP)
em sentido a uma solução, ou quando o solvente de uma solução menos concentrada (mais diluída) passa através de uma
membrana semipermeável (MSP) em sentido a uma solução mais concentrada (menos diluída).
Osmose entre solvente e solução:
As
H2O moléculas
Membrana semipermeável
Molécula de soluto
de água
passam
através da
membrana
310
OXIRREDUÇÃO
Cálculo do Nox +6 –2 +4 –2 +3 –2 +6 –2
311
Acertada a equação pelo método das tentativas, finalmen- Na ligação C e H, o carbono é mais eletronegativo que o
te obtém-se: H, recebendo um elétron dele. Já no caso da ligação C e O,
2CrO3 + 3SO2 → 1Cr2O3 + 3SO3 o oxigênio é o mais eletronegativo, retirando dois elétrons
do carbono. Assim, o Nox desse carbono será dado pela
consideração do total de perdas e ganhos de elétrons, isto
Cálculo do Nox em é, se ele ganhou dois elétrons e perdeu dois, então seu Nox
compostos orgânicos é igual a zero.
Para os compostos orgânicos, aplicam-se as mesmas regras Se quisermos calcular o Nox médio do carbono, basta so-
vistas anteriormente. A diferença será que em alguns com- mar todos os Nox e dividir pela quantidade de carbonos,
postos orgânicos há mais de um carbono e, para isso, faz-se conforme mostrado a seguir:
uma média do Nox dos carbonos, assim como pode ser feita C6 H12 O6
a medida do Nox de cada carbono individualmente.
6x + 12 ∙ (+1) + 6 ∙ (–2) = 0
Em compostos em que se deseja calcular o Nox dos car- 6x + 12 –12 = 0
bonos separadamente, basta analisar a eletronegatividade
6x = 12 – 12
dos elementos.
x=0
PILHAS
A pilha de Daniell
Na pilha de Daniell, os dois eletrodos metálicos são unidos externamente por um fio condutor, e as duas semicelas são
unidas por uma ponte salina.
A ponte salina é um dispositivo que contém uma solução de sal inerte, como nitrato de potássio (KNO3) ou
cloreto de potássio (KCℓ), cuja função é permitir o intercâmbio de íons entre as semicélulas e fechar o cir-
cuito para a corrente contínua produzida entre os eletrodos mergulhados nas soluções eletrolíticas dessas
semicélulas. Outra função da ponte salina é manter a neutralidade elétrica das soluções nas semicélulas: no ânodo, a con-
tínua oxidação produz um excesso de carga positiva e, no cátodo, a redução provoca excesso de carga negativa. Os ânions
presentes na ponte salina dirigem-se para o lado com excesso de carga positiva e os cátions para o lado com excesso de
carga negativa, fazendo com que as soluções mantenham-se eletricamente neutras.
e- e-
Cℓ- Cℓ- K+ K+
Zn(s) Cu(s)
ZnSO4(aq) CuSO4(aq)
Ânodo Polo - Cátodo Polo +
Oxidação Redução
312
Pode-se observar o seguinte:
Semirreações de
1. No eletrodo de cobre (polo positivo): redução E0 (Volt)
Li+(aq) + 1 e– → Li (s) –3,05
ânodo: Zn → Zn2+ + 2e– ΔE0 = (E0 oxi maior) – (E0 oxi menor)
(aq)
cátodo: Cu2+(aq) + 2e– → Cu(s) Os valores dos E0 não dependem do número de mol das es-
______________________________________________________________ pécies envolvidas; eles são sempre constantes nas condições
reação global: Zn(s) + Cu2+(aq) → Zn2+(aq) + Cu(s) padrão para cada espécie. Em outras palavras, ao multiplicar
uma semirreação por uma constante, o valor do E0 não muda.
A reação global pode ser representada da seguinte maneira:
Consideremos, como exemplo, uma pilha formada por ele-
Zn0 → Zn2+ + 2e– Cu2+ + 2e– → Cu0 trodos de alumínio e cobre, cujos E0red são:
ou
E0 (Aℓ3+ / Aℓ0) = –1,68 V E0 (Cu2+ / Cu0) = +0,34 V
Zn / Zn
0 2+
Cu / Cu
2+ 0
Potencial de redução
com maior potencial de redução, reduz-se, ao passo que o
alumínio, oxida-se:
Numa pilha, a espécie que apresenta maior potencial de
redução sofre redução. Portanto, a outra espécie, de menor Cu2+(aq) + 2e– → Cu(s) E0red = +0,34 V
potencial de redução, sofre oxidação. Aℓ(s) → Aℓ3+(aq) + 3e– E0oxi = +1,68 V
313
A equação global da pilha pode ser obtida pelo uso de Se esse calor (energia) obtiver um rendimento da ordem de
coeficientes que igualem o número de elétrons cedidos e 40%, ele pode ser usado em usina termoelétrica para pro-
recebidos nas semirreações: duzir eletricidade. Considerando que as combustões são
reações de oxirredução, a ideia das pilhas de combustão
Semirreação de redução: é obter a energia liberada pela combustão diretamente na
3Cu2+(aq) + 6e– → 3Cu(s) E0red = +0,34 V forma de energia elétrica, o que eleva o rendimento para
cerca de 55%.
Semirreação de oxidação:
Pilhas desse tipo foram usadas nas espaçonaves Gemini,
2Aℓ(s) → 2Aℓ3+(aq) + 6e– E0oxi = +1,68 V Apolo e, agora, nos ônibus espaciais. Elas funcionam pela
_____________________________________
reação de combustão entre o hidrogênio e o oxigênio, pro-
Reação global: duzindo água.
2Aℓ(s) + 3Cu2+
(aq)
→ 2Aℓ3+
(aq)
+ 3Cu(s) ΔE0 = +2,02 V
e–
ΔE = (E
0 0
) – (E 0
)
red maior red menor ânodo cátodo
ΔE0 = (+0,34 V) – (–1,68 V)
ΔE0 = +2,02 V H2 O2
As pilhas, em geral, apresentam ΔE > 0, tornando a reação
0
eletrodos de
espontânea. Caso o ΔE0 seja menor que zero, a reação não carbono (grafite)
será espontânea, ou seja, as condições ambientes não se- 2H+ contendo catalisadores
H2(excesso) metalíticos
rão adequadas o suficiente para que a reação seja iniciada.
H 2O
ou metal de sacrifício
As pilhas de combustíveis apresentam três compartimen-
Para proteger o metal – ferro ou aço – da corrosão, convém tos separados uns dos outros por eletrodos porosos e
utilizar um metal que apresente maior tendência para a inertes. O H2 é injetado num compartimento e o O2, em
perda de elétrons (maior potencial de oxidação). Esse me- outro. Esses gases difundem-se pelos eletrodos e reagem
tal oxida-se e evita a corrosão do ferro, razão pela qual é com uma solução eletrolítica de caráter básico contida no
chamado de metal de sacrifício. compartimento central. Os eletrodos são inertes, formados
Regularmente, um metal utilizado com essa finalidade é o de grafita e impregnados de platina. As semirreações que
magnésio, cujo potencial de redução é menor – e, consequen- ocorrem são:
temente, cujo potencial de oxidação é maior – que o ferro:
no cátodo: O2 + 4H+ + 4e– → 2H2O
E0red Mg = –2,36 V < E0 red Fe = –0,44 V no ânodo: 2H2 + O2 → 2H2O
________________________________
_
reação global: 2H2 + O2 → 2H2O
Assim, o magnésio sofrerá oxidação no lugar do ferro.
314
ELETRÓLISE
Na+()
Em razão disso, deve-se obedecer à ordem de descarga:
C–()
NaC (fundido)
^ Hidroxila
315
Somadas as quatro equações, obtém-se a reação global do processo:
dissolução: 2NaCℓ → 2Na+ + 2Cℓ–
autoionização: 2H2O → 2H+ + 2OH–
cátodo (redução): 2H+ + 2e– → H2
ânodo (oxidação): 2Cℓ– → Cℓ2 + 2e–
__________________________________________________________________________
Conclusão: a eletrólise do NaCℓ(aq) é um processo que permite obter soda cáustica (NaOH), gás hidrogênio (H2) e gás
cloro (Cℓ2).
TITULAÇÃO
Esquema da titulação
316
Princípio da titulometria Em geral, o pH de viragem dos indicadores está com-
preendido entre 4 e 10. Portanto, qualquer indicador
Ao abrir a torneira da bureta, ocorrerá a reação entre o poderá ser usado.
ácido e a base.
Depois que o ácido ou a base do erlenmeyer for consumido Titulação de ácido fraco com base forte
totalmente, a titulação termina (fecha-se a torneira), cujo O sal formado produz solução básica. Logo, no ponto final,
sinal é a mudança de cor da solução no erlenmeyer. o meio será básico.
Considerando duas soluções aquosas, A e B:
Indicadores
Indicador Ácido Base
Tornassol róseo azul
Fenolftaleína incolor vermelho
H3CCOOH(aq) + NaOH(aq) é H3CCOO–Na+(aq) + H2O()
Alaranjado de metila vermelho amarelo ácido acético
317
QUÍMICA DESCRITIVA E QUÍMICA AMBIENTAL
318
U.T.I. - Sala Com base no texto, resolva os itens a seguir.
a) Considerando que na formulação houvesse apenas
1. (USF) Na análise volumétrica de 0,5 g de uma amostra Na2CO3, escreva a reação química envolvida nessa titulação.
de remédio constituído por ácido acetilsalicílico (AAS), b) Calcule a concentração do carbonato de sódio na
foram utilizados 15 mL de hidróxido de potássio com amostra analisada.
concentração 0,01 mol/L. Considerando que a reação
com a base ocorre apenas para o ácido acetilsalicílico, 4. (FUVEST) Em uma oficina de galvanoplastia, uma
não tendo participação das outras substâncias consti- peça de aço foi colocada em um recipiente contendo
tuintes da amostra, responda. solução de sulfato de cromo (III) [(Cr2 (SO4)3], a fim de
receber um revestimento de cromo metálico. A peça de
Dados valores das massas em g ∙ mol-1: H = 1,0; C= 12,0;
aço foi conectada, por meio de um fio condutor, a uma
K = 39,0 e O = 16,0
barra feita de um metal X que estava mergulhada em
uma solução de um sal do metal X. As soluções salinas
dos dois recipientes foram conectadas por meio de uma
ponte salina. Após algum tempo, observou-se que uma
camada de cromo metálico se depositou sobre a peça de
aço e que a barra de metal X foi parcialmente corroída.
A tabela a seguir fornece as massas dos componentes
metálicos envolvidos no procedimento:
Massa Massa
a) Qual a outra função orgânica oxigenada existente inicial (g) final (g)
nesse composto além do grupo ácido carboxílico? Peça de aço 100,00 102,08
b) Qual é a reação completa de neutralização ocorrida
Barra de metal X 100,00 96,70
entre o ácido acetilsalicílico e o hidróxido de potássio?
c) Qual a porcentagem de AAS presente no fármaco a) Escreva a equação química que representa a semir-
analisado? reação de redução que ocorreu neste procedimento.
2. (USCS – MEDICINA) A obtenção industrial de alumí- b) O responsável pela oficina não sabia qual era o
nio é feita a partir da bauxita, que deve ser purificada metal X, mas sabia que podia ser magnésio (Mg),
para se obter óxido de alumínio. Em seguida, o óxido zinco (Zn) ou manganês (Mn), que formam íons di-
é submetido à eletrólise, produzindo Aℓ(s). Para reduzir valentes em solução nas condições do experimento.
a energia consumida para fundir o óxido de alumínio, Determine, mostrando os cálculos necessários, qual
ele é misturado com criolita (Na3AℓF6). Um diagrama da desses três metais é X.
eletrólise está apresentado a seguir.
Note e adote:
massas molares (g/mol)
Mg=24; Cr = 52; Mn = 25; Zn = 65
319
uma solução com uma massa conhecida de soluto. Polo negativo:
Determine a massa molar de uma amostra de 3,20 g
de polietileno (PE) dissolvida num solvente adequado, Pb(s) + SO4–2(aq) → PbSO4(s)+2e–
que em 100 mL de solução apresenta pressão osmó- E0 = +0,36 V
tica de 1,64 × 10–2 atm a 27 °C.
Polo positivo:
Dados: π = iRTM, onde i (fator de n=van’t Hoff) = 1
R = 0,082 atm.L.K−1.mol−1 PbO2(s) + SO4-2(aq) + 4H+ + 2e- → PbSO4(s) + 2H2O(ℓ)
T = temperatura Kelvin E0 = +1,68 V
M = concentração em mol.L−1
(www.qnint.sbq.org.br. Adaptado.)
SINTO
MUITO! MAS NÃO
POSSO ANTENDER ÀS SUAS
REIVINDICAÇÕES!
2. (FAC. SANTA MARCELINA – MEDICINA) Nesta última 4. A obtenção de novas fontes de energia tem sido
década, assistiu-se a um aumento na demanda por pi- um dos principais objetivos dos cientistas. Pesqui-
lhas e baterias cada vez mais leves e de melhor desem- sas com células a combustível para geração direta
penho. Consequentemente, existe atualmente no mer- de energia elétrica vêm sendo realizadas, e dentre as
cado uma grande variedade de pilhas e baterias que células mais promissoras, destaca-se a do tipo PEMFC
utilizam níquel, cádmio, zinco e chumbo em suas fabri- (Proton Exchange Membran Fuel Cell), representada
cações. Usadas em automóveis, as baterias de chumbo, na figura. Este tipo de célula utiliza como eletróli-
conhecidas como chumbo-ácido, apresentam um polo to um polímero sólido, o Nafion®. A célula opera de
negativo, constituído de chumbo metálico, e um polo forma contínua, onde os gases oxigênio e hidrogê-
positivo, constituído de óxido de chumbo (IV). nio reagem produzindo água, convertendo a energia
320
química em energia elétrica e térmica. O desenvolvi- 5. (UNESP) Utilizando os dados do texto, apresente a
mento dessa tecnologia tem recebido apoio mundial, equação balanceada de neutralização envolvida na ti-
uma vez que tais células poderão ser utilizadas em tulação e calcule a concentração da solução de Ca(OH)2.
veículos muito menos poluentes que os atuais, sem o
uso de combustíveis fósseis. 6. (UNESP) Para preparar 200 mL da solução-padrão
de concentração 0,10 mol . L-1 utilizada na titulação, a
estudante utilizou uma determinada alíquota de uma
solução concentrada de HNO3 cujo título era de 65,0%
(m/m) e a densidade de 1,50 g . mL-1.
Admitindo-se a ionização de 100% do ácido nítrico,
expresse sua equação de ionização em água, calcule o
volume da alíquota da solução concentrada, em mL, e
calcule o pH da solução-padrão preparada.
Dados:
Massa molar do HNO3 = 63,0 g . mol-1
pH = –log[H+]
321
c) O SF6 tem uma capacidade de absorver radiação in- A pilha empregou eletrodos de zinco e de cobre, cujas
fravermelha cerca de 20 mil vezes superior à do CO2. semirreações de redução são:
Para responder à questão proposta a seguir, conside- Zn2+(aq) + 2e- → Zn0(s) E0 = –0,76 V
re as informações contidas nestes dois gráficos. Cu2+(aq) + 2e- → Cu0(s) E0 = +0,34 V
A eletrólise empregou eletrodos inertes e houve de-
posição de todos os íons prata contidos na solução
de AgNO3.
Calcule a diferença de potencial da pilha, em volts, e a
massa, em gramas, do ânodo consumido na deposição.
Dados: Zn = 65,5; Ag = 108
322
de coleta e tratamento de esgoto do país, de acordo com mais de seis bilhões de habitantes, a produção de ali-
um levantamento do Instituto Trata Brasil. Cerca de 99% mentos na Terra suplanta nossas necessidades. Embora
da população urbana é atendida e 100% dos dejetos são um bom tanto de pessoas ainda morra de fome e um
tratados. A coleta e o tratamento de lixo são apontados outro tanto morra pelo excesso de comida, a solução
como os melhores de Minas Gerais. Todas as casas do da fome passa, necessariamente, por uma mudança dos
município são servidas de água tratada – nas Estações paradigmas da política e da educação.
de Tratamento (ETA) – e energia elétrica. Apesar disso, as Não tendo, nem de longe, a intenção de aprofundar nes-
autoridades já planejam um novo sistema de captação de sa complexa matéria, essa prova simplesmente toca, de
água capaz de atender uma população de 3 milhões de
leve, em problemas e soluções relativos ao desenvolvi-
pessoas – cinco vezes a atual. A rede de saúde local, a
mento das atividades agrícolas, mormente aqueles ref-
melhor do próspero Triângulo Mineiro, conta com nove
erentes à Química. Sejamos críticos no trato dos danos
hospitais e, obviamente, atrai pacientes de toda a região.
ambientais causados pelo mau uso de fertilizantes e de-
Para reduzir a pressão sobre o serviço de saúde, a cidade fensivos agrícolas, mas não nos esqueçamos de mostrar
está investindo na construção de mais um hospital, com os muitos benefícios que a Química tem proporcionado
258 leitos. Todos os 384 ônibus que circulam pelo município à melhoria e continuidade da vida.
dispõem de elevadores para o acesso de deficientes físicos.
Nenhuma capital brasileira atingiu padrão semelhante. 15. (UNICAMP 2007) No mundo do agronegócio, a cria-
Revista Veja, 1º de setembro de 2010, p. 124-125. Reportagem ção de camarões, no interior do nordeste brasileiro,
“5 exemplos a serem seguidos” de Igor Paulin, Leonardo usando águas residuais do processo de dessalinização
Coutinho e Marcelo Sperandio. (Texto modificado). de águas salobras, tem se mostrado uma alternativa de
A partir do texto e de seus conhecimentos em Química, grande alcance social. A dessanilização consiste num mé-
responda o que se pede. todo chamado de osmose inversa, em que a água a ser
a) Explique um processo que ocorre no tratamento da purificada é pressionada sobre uma membrana semiper-
água em Estações de Tratamento (ETA). meável, a uma pressão superior à pressão osmótica da
b) Aponte um benefício do tratamento do lixo e justi- solução, forçando a passagem de água pura para o ou-
fique sua resposta. tro lado da membrana. Enquanto a água dessalinizada é
c) Destaque e explique uma vantagem ambiental para destinada ao consumo de populações humanas, a água
os rios e lagos do Triângulo Mineiro em decorrência residual (25 % do volume inicial), em que os sais estão
do tratamento do esgoto da cidade de Uberlândia. concentrados, é usada para a criação de camarões.
a) Supondo que uma água salobra que contém ini-
14. A figura apresenta a eletrólise de uma solução
cialmente 10.000 mg de sais por litros sofre a dessali-
aquosa de cloreto de níquel(II), NiCℓ2.
nização conforme descreve o texto, calcule a concen-
tração de sais na água residual formada em mg L−1.
b) Calcule a pressão mínima que deve ser aplicada, num
sistema de osmose inversa, para que o processo referente
ao item “a” anterior tenha início. A pressão osmótica π de
uma solução pode ser calculada por uma equação seme-
lhante à dos gases ideais, onde “n” é o número de moles
de partículas por litro de solução. Para fins de cálculo, su-
ponha que todo o sal dissolvido na água salobra seja clo-
reto de sódio e que a temperatura da água seja de 27°C.
Dado: constante dos gases, R = 8.314 Pa L K−1 mol−1.
c) Supondo que toda a quantidade (em mol) de cloreto de
sódio do item “b” tenha sido substituída por uma quantida-
de igual (em mol) de sulfato de sódio, pergunta-se: a pres-
São dados as semirreações de redução e seus respecti- são a ser aplicada na osmose à nova solução seria maior,
vos potenciais: menor ou igual à do caso anterior? Justifique sua resposta.
Cℓ2(g) + 2e– → 2Cℓ–(aq) E0 = + 1,36 V
Ni2+(aq) + 2e– → Ni(s) E0 = – 0,24 V
323
324
QUÍMICA 2
325
REAÇÕES DE SUBSTITUIÇÃO EM AROMÁTICOS
Os principais grupos orto-para-dirigentes são os grupos Essa reação é idêntica a da cloração do metano e ela pode
que apresentam somente ligações simples: prosseguir em presença de excesso de cloro:
– NH2 – OH, – OCH3, radicais alquila (–CH3,–CH2–CH3,
etc), halogênios (– F,– Cℓ,– Br,– I)
Exemplo:
CH3 CH3
CH CH3
3 C
Cℓ
Observe, por fim, uma diferença importante:
+ C - C ++ + HC
C
326
Reação de eliminação Essa reação segue a regra de Zaitzev, que diz que carbo-
nos menos hidrogenados tendem a perder hidrogê-
As reações de eliminação são reações orgânicas em que nio com mais facilidade. Na reação abaixo, por exemplo,
ocorre a eliminação de átomos ou grupos de átomos de existem duas possibilidades de eliminação do 2-bromobutano:
moléculas, num processo inverso às reações de adição. KOH
CH3 – CH – CH – CH3 CH3 – CH = CH – CH3 + HBr
Álcool
As principais reações desse tipo são constituídas pela per- produto majoritário
da de dois átomos ou grupos adjacentes, formando uma H Br
ligação dupla na estrutura.
KOH
CH2 – CH – CH2 – CH3 CH2 = CH – CH2 – CH3 + HBr
Esquema genérico da reação de eliminação: Álcool
produto minoritário
R R R R H Br
C C HW + C C
3. Eliminação de água ou desidratação: Ocorre a elimi-
R R R R
nação de uma ou mais moléculas de água. Os álcoois,
H W por exemplo, podem sofrer desidratação e esse processo
pode ocorrer de duas formas: intramolecular, quando a
Abaixo seguem as principais reações de eliminação. reação se dá na própria molécula de álcool; ou intermo-
lecular, quando a reação acontece entre duas moléculas
1. Eliminação de halogênios ou de-halogenação: Halo- de álcool.
gênios são eletronegativos, por isso, sua eliminação é
facilitada pela ação de elementos eletropositivos, como Desidratação Intermolecular:
magnésio ou zinco metálico em meio anidro: CH3 – CH2 – OH + HO – CH2 – CH3
140 °C
CH3 – CH2 – O – CH2 – CH3 + H2O
H2SO4
éter
H2C – CH2 + Zn CH2 = CH2 + ZnBr2
Desidratação intramolecular:
Br Br alceno 170 °C
CH2 – CH2 CH2 = CH2 + H2O
H2SO4
2. Eliminação de halogenidretos (HCℓ, HBr ou Hl): alceno
a eliminação ocorre por meio da ação de hidróxido de H OH
potássio (KOH) em solução alcoólica.
As reações de oxirredução caracterizam-se pela transferên- 1. Metanol: O metanol é o único álcool que possui três
cia de elétrons entre pelo menos duas espécies envolvi- hidrogênios ligados ao carbono que sofrerá a oxidação.
das: a que se oxida (perdendo elétrons) e a que se reduz Nesse caso, ocorrerão três oxidações sucessivas, formando
(ganhando elétrons). Entretanto, quando a espécie a ser re- gás
1ª carbônico
Etapa: e água:
oxidação do álcool a aldeido
duzida (agente oxidante) é apenas oxigênio e/ou um único (metanol a metanal)
1ª Etapa: oxidação do álcool a aldeído (metanol a metanal)
produto é gerado, usualmente refere-se apenas a nomen-
clatura oxidação. Na química orgânica, os dois principais H O
compostos que são estudados na oxidação são: álcool (e HOH()
[O] H—C—O—H H—C—H + HOH
seus derivados) e alcenos. KMnO4/H3O+
H metanal água
Os álcoois podem sofrer oxidação quando expostos a al-
metanol
gum agente oxidante, como uma solução aquosa de di- 2ª Etapa: Oxidação do metanal a ácido metanoico
cromato de potássio (K2Cr2O7) ou de permanganato de 2ª Etapa: Oxidação do metanal a ácido metanoico
potássio (KMnO4) em meio ácido. O O
HOH()
§ Oxidação de álcoois: O produto da reação irá de- H—C + [O] H—C
pender do tipo de álcool que foi oxidado, se é primário, KMnO4/H3O+
H OH
secundário, terciário ou se é o metanol.
metanal ácido metanoico
327
3ª Etapa: Oxidação do ácido3ªmetanoico
Etapa: Oxidação
e ácido do ácido metanoico e ácido carbônico
carbônico
O
O
HOH()
H—C + [O] C
KMnO4/H3O +
OH OH OH
C CO2 + H2O
OH OH
ácido carbônico
2. Álcool primário: Nesses compostos, o carbono da hidroxila está ligado a apenas um átomo de carbono. Primeiramente,
haverá a formação de um aldeído, mas a oxidação continua, porque os reagentes utilizados para oxidar o álcool são mais
fortes do que os usados para oxidar um aldeído, produzindo um ácido carboxílico:
O O
HOH() HOH()
H3C — CH2 — OH + [O] H3C — C + [O] H3C — C + HOH
K2Cr2O2/H3O+ KMnO4/H3O+
H OH
H O
R — C — O — H + [O] R — C — R’ + HOH
R’ cetona água
álcool
secundário
4. Álcool terciário: Os álcoois terciários são aqueles em que o carbono que possui o grupo hidroxila faz três ligações com
outros átomos de carbono. Como eles não fazem ligações com hidrogênios, não há nenhum ponto na molécula que possa
ser atacado. Devido a esse fato, os álcoois terciários não sofrem oxidação.
§ Oxidação de alcenos: Os hidrocarbonetos e, mais especificamente, com os alcenos, oxidam de quatro formas diferen-
tes, que são: combustão, oxidação branda, oxidação enérgica e ozonólise.
1. Combustão: Nesse caso, o oxigênio é denominado de comburente e o alceno é o combustível. Existe a combustão
completa e a incompleta. A completa ou oxidação total é a mais importante, sendo que seus produtos sempre serão gás
carbônico (CO2) e água (H2O). O Nox do carbono passará a ser o maior possível para esse elemento.
Exemplo:
328
2. Oxidação Branda: A oxidação branda se dá com o 4. Ozonólize: Como o próprio nome indica, o agente oxi-
uso de um reativo de Bayer, isto é, uma solução aquosa de dante utilizado para romper a dupla ligação do alceno é o
permanganato de potássio (KMnO4) diluída, neutra ou leve- ozônio (O3) em presença de água e zinco metálico. A dupla
mente básica, a frio. A ligação dupla é desfeita, formando ligação é totalmente rompida e os átomos de oxigênio se
uma ligação simples no lugar. O produto será um diálcool: ligam ao carbono, podendo gerar os seguintes produtos:
H3C CH3 OH OH § Se o carbono da dupla for terciário: o produto
H2O()
C=C + 2 [O] H3C – C – C – CH3 será uma cetona;
KMnO4/OH- § Se o carbono da dupla for secundário: o produ-
H CH3 H CH3
metilbut-2-eno metilbutan-2,3-diol
to será um aldeído;
§ Se o carbono da dupla for primário: o produto
3. Oxidação Enérgica: Na oxidação enérgica usa-se so-
será o metanal.
lução de permanganato de potássio concentrado em meio
carbono carbono
ácido e a quente. Nessa reação, a oxidação do alceno é terciário secundário
mais energética, pois a ligação dupla é totalmente rompida
CH3 – C = C – CH3 O3 CH3 – C = O O = C – CH3
e os átomos de oxigênio se ligam ao carbono, podendo +
Zn / H2O
gerar os seguintes produtos: H3C CH3 CH3 CH3
2,3-dimetil-but-2-eno propanona propanona
§ Se o carbono da dupla for terciário: o produto será uma
carbono carbono
cetona; terciário secundário
§ Se o carbono da dupla for secundário: o produto será
um ácido carboxílico; CH3 – C = C – CH3 O3 CH3 – C = O O = C – CH3
+
Zn / H2O
§ Se o carbono da dupla for primário: o produto será o H3C H CH3 H
O OMg C OH
H3O+
H3C – CH2 – C – CH3 + H3C – MgC H3C – CH2 – C – CH3 H3C – CH2 – C – CH3 + H3C – MgC
CH3 CH3
329
ESTERIFICAÇÃO,
REAÇÕES HIDRÓLISE
DE SUBSTITUIÇÃO E
EM AROMÁTICOS
CONDENSAÇÃO AMÍDICA
Uma reação de esterificação é aquela em que se forma um O O
éster. Esse tipo de reação ocorre entre um ácido carboxílico R–C + R – NH2 R–C + H2O
e um álcool, formando também água, além do éster. amina
OH NH – R
Quando a água reage com o éster e regenera o ácido ácido amida
carboxílico
carboxílico e o álcool, essa reação inversa é chamada de
hidrólise. A união estabelecida entre dois aminoácidos adjacentes
numa molécula recebe o nome de ligação peptídica.
esterificação
Ácido + Álcool Estér + Água
Esse tipo de ligação ocorre sempre por meio da reação en-
hidrólise tre o grupo amina de um aminoácido e o grupo carboxila
do outro. No entanto, essa molécula de água produzida
O O não estabelece propriamente a ligação peptídica, uma vez
esterificação
R–C + HO – R’ R–C + H2O que ela é eliminada, sendo assim, a união entre dois ami-
hidrólise
OH O – R’ noácidos consiste numa reação de condensação amídica.
H O H O
TRANSESTERIFICAÇÃO E SAPONIFICAÇÃO
A reação de transesterificação é uma reação química que pode ocorrer entre um éster e um álcool, sempre tendo a formação
de um novo éster.
Na atualidade, a reação de transesterificação de óleos vegetais ou gordura animal (triglicerídeos – moléculas que possuem
três grupos funcionais dos ésteres em sua estrutura) com alcoóis vem despertando muito interesse, sendo que o principal
produto da reação (éster) possui propriedades similares às do diesel de petróleo, podendo ser utilizado puro ou adicionado
ao diesel fóssil, comumente conhecido como biodiesel.
O O
CH2 – O – C – R CH2 – OH CH3 – CH2 – O – C – R
O O
CH – O – C – R’ + 3CH3 – CH2 – OH CH – OH + CH3 – CH2 – O – C – R’
O O
CH2 – O – C – R’’ CH2 – OH CH3 – CH2 – O – C – R’’
330
Em termos gerais, a reação de saponificação ocorre quando um éster em solução aquosa de base inorgânica origina um sal
orgânico e álcool.
A reação de saponificação também é conhecida como hidrólise alcalina. Falando quimicamente, seria a mistura de um éster
(proveniente de um ácido graxo) e uma base (hidróxido de sódio) para se obter sabão (sal orgânico).
POLÍMEROS DE ADIÇÃO
Polímeros de adição, como o próprio nome indica, são formados pela adição ou soma de vários monômeros exatamente
iguais entre si e sem que haja perda de massa.
A união desses monômeros se dá por meio de uma reação de polimerização por adição, em que ocorre a ruptura de uma ligação
π e a formação de duas novas ligações simples, o que permite a união sucessiva das moléculas do monômero. Isso significa que
todo monômero usado na formação de polímeros de adição deve possuir obrigatoriamente ligações duplas entre carbonos.
Exemplo:
H H H H
n C=C –C–C–
H H H H n
331
Copolímero § Buna-S: É formado pelo o eritreno (but-1,3-dieno) e
pelo estireno (vinilbenzeno), que, em inglês, escreve-se
styrene, por isso, o “S” no final. O buna-S é usado em
É um plástico (polímero) formado por pelo menos dois di- isolamento de cabo elétrico, bandas de rodagem de
ferentes monômeros. pneus, solados e artefatos diversos.
C N
Na
– H2C=CH – CH2 – CH = CH – CH2 – CH – CH2
C N
n
ABS
POLÍMEROS DE CONDENSAÇÃO
Os polímeros de condensação são aqueles obtidos por meio de reações entre monômeros (iguais ou diferentes), onde há
saída de uma molécula pequena, geralmente a água.
A seguir, temos uma reação genérica de polimerização por condensação:
P.t. catalisador
nHO – C – C – OH + nH – C – C – H –C–C–C–C– + nH2O
332
ACIDEZ E BASICIDADE DE COMPOSTOS ORGÂNICOS
Em química orgânica, o caráter ácido-básico das sub- Na tabela acima, observa-se que as aminas alifáticas são
stâncias se deve a alguns fatores: valor do Ka (constante mais básicas que a amônia (maior valor de Kb) e aminas
de ionização do ácido) ou Kb (constante de ionização da aromáticas são menos básicas que amônia. As amidas são
base) , efeito indutivo, efeito de substituintes, ressonância muito menos básicas que as aminas (tanto alifáticas quan-
e distância. Esses efeitos valem para os dois caracteres de to aromáticas), apesar de ter nitrogênio na sua estrutura.
compostos orgânicos.
Em termos gerais, a basicidade em compostos orgânicos,
1. Valor do Ka: A força de um ácido depende da sua em ordem decrescente, é:
constante de equilíbrio ácido-base em água, ou seja, do Aminas Secundárias > Aminas Primárias > Aminas Terciárias >
seu valor de pKa (–log Ka). Quanto maior o valor do Ka (ou > Amônia > Aminas Aromáticas > Amidas
menor o valor do pKa), mais ácido esse composto é. Analo-
gamente, quanto maior o valor do Kb (ou menor o valor do 2. Efeito Indutivo e dos Substituintes: Esse tipo de
pKb), mais básico esse composto é. efeito ocorre quando átomos de diferentes eletronegativi-
Abaixo segue uma tabela de acidez de alguns compostos dades se encontram ligados perto no composto. O átomo
orgânicos (a 25 °C): mais eletronegativo tem a tendência de trazer os elétrons
para perto dele, criando assim um dipolo e facilitando a sa-
Composto Ka pKa (–log Ka) ída do H+, deixando-o mais ácido. Analogamente, átomos
Ácido metanoico 1,7 · 10–4 3,77 menos eletronegativos tem a tendência de doar os elétrons
Ácido etanoico (acético) 1,7 · 10 –5
4,76 para cadeia, dificultando a saída do H+, deixando-o menos
Ácido cloroacético 1,4 · 10 –3
2,86 ácido.
Ácido tricloroacético 2,2 · 10–1 0,65 Podemos explicar os valores abaixo com mais facilidade pelo
Ácido benzoico 6,3 · 10 –5
4,20 efeito indutivo dos substituintes em relação a ácido acético:
Ácido ciclohexanóico 1,3 · 10–5 4,87
Composto Ka pKa (–log Ka) Explicação
Fenol 1,3 · 10–10 9,90
O grupo –CH3 tem efeito
Metanol 3,2 · 10–16 15,5 Ácido elétron-doador, que se propa-
1,3 · 10–5
4,87
Etanol 10–16 16 propanoico ga pela cadeia carbônica, difi-
cultando a saída do H+.
Etino (Acetileno) 10–25 25
Num composto de cadeia
Eteno (etileno) 10 –44
44 Ácido carbônica menor, o efeito
etanoico 1,7 · 10–5 4,76 elétron-doador do CH3 di-
Na tabela acima, o composto mais ácido é o ácido triclo- (acético) minui em relação ao ácido
roacético, que possui maior valor de Ka (ou menor valor propanoico.
de pKa). Também pode-se observar que o etanol é muito O Cℓ tem efeito elétron-re-
pouco ácido e o etileno tem um valor tão baixo de Ka que ceptor, que se propaga pela
Ácido
praticamente não haverá possibilidade de o hidrogênio ser cloroacético
1,4 · 10–3 2,86 cadeia carbônica, diminuin-
liberado do mesmo. do a densidade eletrônica e
facilitando a saída do H+.
Em termos gerais, a acidez em compostos orgânicos, em
ordem decrescente, é: Nesse caso, temos 2 átomos
Ácido
5,6 · 10–2 1,25 de cloro, que reforça o efeito
Ácidos Carboxílicos > Fenóis > Água > Álcoois dicloroacético
elétron-receptor.
> Alcinos > Alcenos Nesse ácido, temos 3 átomos
Abaixo segue uma tabela de basicidade de alguns com- Ácido triclo-
2,2 · 10–1 0,65
de cloro, que reforça mais o
roacético efeito elétron-receptor, deix-
postos orgânicos (a 25 °C):
ando o ácido forte.
Composto Kb pKb (– log Kb) Nesse ácido, temos 3 áto-
Amônia 1,8 · 10 –5
4,75 mos de flúor, que é mais
eletronegativo que cloro,
Metilamina 4,4 · 10 –4
3,36 Ácido triflu-
5,9 · 10–1 0,23 reforçando mais ainda o
oracético
Dimetilamina 5,9 · 10 –4
3,23 efeito elétron-receptor, deix-
ando o ácido mais forte que
Trimetilamina 6,3 · 10–5 4,20
o anterior.
Anilina (aminobenzeno) 4,2 · 10 –10
9,38
333
3. Ressonância: Muitos dos compostos orgânicos podem 4. Distância: O efeito do substituinte é mais eficiente quan-
parecer ser estáticos, entretanto muitos dos que apresen- to mais perto do centro reacional. Substituintes com efeito de
tam carga (ou não) podem ter formas híbridas instantâne- elétron-receptor diminuem o pKa (aumenta o Ka) de ácidos car-
as que são mais estáveis teoricamente que a forma origi- boxílicos. Analogamente, substituintes com efeito de elétron-do-
nal. Se a base conjugada do composto for mais estável que ador aumentam o pKa (diminuem o Ka) de ácidos carboxílicos.
o seu ácido, ele será mais ácido.
Composto Ka pKa (– log Ka)
Composto Ka pKa (– log Ka)
Ácido benzoico 6,3 · 10 –5
4,20
Ácido benzoico 6,3 · 10–5 4,20
Ácido orto-clorobenzoico 1,1 · 10 –3
2,94
Ácido ciclohexanoico 1,3 · 10–5 4,87
Ácido meta-clorobenzoico 1,4 · 10 –4
3,84
Fenol 1,3 · 10–10 9,90
Ácido para-clorobenzoico 1,0 · 10 –4
3,99
Cicloexanol 10–16 16
O conceito de ácido-base na atualidade é explicado por três Nesta reação inversa, o íon hidrônio (H3O+) doou um pró-
teorias diferentes: Arrhenius, Brönsted-Lowry e Lewis. ton para o íon cloreto (Cℓ-), assim o hidrônio é o ácido e
o cloreto é base de Brönsted-Lowry. Forma-se o par ácido-
A teoria ácido-base de Arrhenius é utilizada na Química In-
-base conjugado: HCℓ e Cℓ–; e um segundo par conjugado
orgânica, enquanto que na Química Orgânica se usa muito
ácido-base : H2O e H3O+. Chama-se de par conjugado, por-
as teorias ácido-base de Brönsted-Lowry e a de Lewis.
que em ambos os casos, um doa o próton e se transforma
1. Ácido e base de Arrhenius no outro: o HCℓ doa o próton e se transforma em Cℓ– e o
H3O+ doa o próton e se transforma em H2O.
Ácido de Arrhenius: são compostos que, em solução aquosa,
se ionizam, produzindo somente o cátion hidrogênio (H+): HC + H2O H3O+ + C
ácido base ácido base
HCℓ → H+ + Cℓ– conjugado conjugada
334
C C
+
C – A + CH3OCH3 C – A – O – CH3
C C CH3
AC3 Dimetiléter
ácido de Lewis base de Lewis
335
U.T.I. - Sala 5. O fármaco havia sido destruído pela explosão e pelo
fogo. O que, porventura, tivesse sobrado, a chuva le-
vara embora. Para averiguar a possível troca do pro-
1. Dois isômeros de fórmula molecular C4H10O, rotula- duto, Estrondosa pegou vários pedaços dos restos das
dos como compostos I e II, foram submetidos a testes embalagens que continham o fármaco. Eram sacos de
físicos e químicos de identificação. O composto I apresen- alumínio revestidos, internamente, por uma película de
tou ponto de ebulição igual a 83°C e o composto II igual polímero. Ela notou que algumas amostras eram bas-
a 35°C. Ao reagir os compostos com solução violeta de tante flexíveis, outras, nem tanto. No laboratório da
permanganato de potássio em meio ácido, a solução empresa, colocou os diversos pedaços em diferentes
não descoloriu em nenhum dos casos.
frascos, adicionou uma dada solução, contendo um re-
a) Que tipo de isomeria ocorre entre esses compostos? agente, e esperou a dissolução do metal; quando isso
Por que o isômero I apresenta maior ponto de ebulição? ocorreu, houve evolução de um gás. Com a dissolução
b) Explique por que o isômero I não reagiu com a solução do alumínio, o filme de plástico se soltou, permitindo
ácida de KMnO4. Qual o nome IUPAC do composto I? a Estrondosa fazer testes de identificação. Ela tinha a
2. Três frascos, identificados com os números I, II e III, informação de que esse polímero devia ser polipropile-
possuem conteúdos diferentes. Cada um deles pode con- no, que queima com gotejamento e produz uma fumaça
ter uma das seguintes substâncias: ácido acético, acetal- branca. Além do polipropileno, encontrou poliestireno,
deído ou etanol. Sabe-se que, em condições adequadas: que queima com produção de fumaça preta. Tudo isso
reforçava a ideia da troca do fármaco, ou de uma parte
I. a substância do frasco I reage com substância do fras-
dele, ao menos, incriminando o vigia.
co II para formar um éster;
II. a substância do frasco II fornece uma solução ácida a) Escreva a equação que representa a reação de dis-
quando dissolvida em água, e solução do alumínio, admitindo um possível reagente
III. a substância do frasco I forma a substância do frasco utilizado por Estrondosa.
III por oxidação branda em meio ácido. b) Pode-se dizer que a diferença entre o poliesti-
a) Identifique as substâncias contidas nos frascos I, II reno e o polipropileno, na fórmula geral, está na
e III. Justifique sua resposta. substituição do anel aromático por um radical me-
b) Escreva a equação química balanceada e o nome tila. Se o poliestireno pode ser representado por
do éster formado, quando as substâncias dos frascos —[CH2CH(C6H5)]— n, qual é a representação do
I e II reagem. polipropileno?
3. Uma das substâncias responsáveis pelo odor caracte-
rístico do suor humano é o ácido capróico ou hexanóico,
C5H11COOH. Seu sal de sódio é praticamente inodoro por
U.T.I. - E.O.
ser menos volátil. Em conseqüência desta propriedade,
1. Uma maneira de distinguir fenóis de álcoois é reagi-
em algumas formulações de talco adiciona-se bicabor-
-los com uma base forte. Os fenóis reagem com a base
nato de sódio (hidrogeniocarbonato de sódio, NaHCO3),
forte, como o NaOH, formando sais orgânicos, enquanto
para combater os odores da transpiração.
que os álcoois não reagem com essa base.
a) Escreva a equação química representativa da rea-
ção do ácido capróico com o NaHCO3. a) Considerando a reatividade com a base forte, com-
b) Qual é o gás que se desprende da reação? pare os valores das constantes de ionização (Ka) dos
fenóis e dos álcoois. Justifique a sua resposta.
c) Qual no nome do sal formado na reação do item a?
b) Escreva a equação química para a reação do hi-
4. Os ácidos orgânicos têm a sua acidez alterada pela droxibenzeno com o NaOH, e dê o nome do sal or-
substituição de átomos de hidrogênio na cadeia carbô- gânico formado.
nica por grupos funcionais. A tabela a seguir mostra as
constantes de acidez de alguns ácidos carboxílicos, em 2. Equacione a reação do benzeno com:
água, a 25°C. a) cloreto de etila sob catálise de AℓCℓ3
b) brometo de acetila sob catálise de FeBr3
336
a) Equacione a reação que acontece. Escreva a fórmula estrutural e os nomes dos compostos
b) Qual é a substância produzida na reação que sai X, Y e Z formados (escreva todas as possibilidades dos
na forma de vapor e chega até o papel indicador de produtos formados).
pH, fazendo com que ele adquira cor característica do
meio ácido. 6. Equacione as seguintes reações de esterificação:
4. Os nitrotoluenos são compostos intermediários im- a)
portantes na produção de explosivos. Os mononitroto-
luenos podem ser obtidos simultaneamente, a partir do
benzeno, através da seguinte sequência de reação:
b)
c)
337
a) Desenhe um pedaço da estrutura do trans-poliace- 13. Os monômeros buta-1,3-dieno e 2-cloro-buta-1,-
tileno. Assinale, com um círculo, no próprio desenho, 3-dieno são muito utilizados na fabricação de borrachas
a unidade de repetição do polímero. sintéticas, sendo, este último, também conhecido como
b) É correto afirmar que a oxidação do transpoliaceti- cloropreno, uma substância resistente a mudanças de
leno pelo iodo provoca a inserção de elétrons no po- temperatura, à ação do ozônio e ao clima adverso.
límero, tornando-o condutor? Justifique sua resposta. a) Escreva as fórmulas estruturais dos monômeros
mencionados.
10. O nitrogênio é um macro-nutriente importante para
as plantas, sendo absorvido do solo, onde ele se encon- b) A partir do monômero 2-cloro-buta-1,3-dieno é
tra na forma de íons inorgânicos ou de compostos or- obtido o poli2-cloro-but-2-eno conhecido comer-
gânicos. A forma usual de suprir a falta de nitrogênio cialmente como neopreno, um elastômero sintético.
no solo é recorrer ao emprego de adubos sintéticos. O Escreva a reação de obtenção do neopreno a partir do
quadro a seguir mostra, de forma incompleta, equações cloropreno e indique o tipo de isomeria espacial que
químicas que representam reações de preparação de ocorre nesse elastômero.
alguns desses adubos. 14. O volume de glicerina (propanotriol, fórmula mole-
+HNO3 cular C3H8O3) produzido como resíduo na obtenção de
biodiesel excede em muito a necessidade atual do mer-
cado brasileiro. Por isso, o destino atual da maior parte
+H2SO4
da glicerina excedente ainda é a queima em fornalhas,
utilizada como fonte de energia. Uma possibilidade
mais nobre de uso da glicerina envolve sua transforma-
NH3 +CO2 ção em propeno e eteno, através de processos ainda em
fase de pesquisa. O propeno e o eteno são insumos bá-
sicos na indústria de polímeros, atualmente provenien-
+H3PO4 tes do petróleo e essenciais na obtenção de produtos
como o polietileno e o polipropileno.
a) Escreva a equação química balanceada da com-
bustão completa de um mol de glicerina.
a) Escolha no quadro as situações que poderiam re- b) Sabendo que o polietileno é produzido pela reação
presentar a preparação de uréia e de sulfato de amô- de adição de um número n de moléculas de eteno,
nio e escreva as equações químicas completas que escreva a equação genérica de formação do polímero
representam essas preparações. polietileno a partir de eteno, utilizando fórmulas es-
b) Considerando-se apenas o conceito de Lowry- truturais de reagente e produto.
-Bronsted, somente uma reação do quadro não pode
ser classificada como uma reação do tipo ácido-base.
Qual é ela (algarismo romano)?
c) Partindo-se sempre de uma mesma quantidade de
amônia (reagente limitante), algum dos adubos su-
geridos no quadro conteria uma maior quantidade
absoluta de nitrogênio? Comece por SIM ou NÃO e
justifique sua resposta. Considere todos os rendimen-
tos das reações como 100 %.
338
QUÍMICA 3
339
EQUAÇÃO DE VELOCIDADE
A velocidade de uma reação é diretamente proporcional 2H 2(g) + 2NO (g) → 1N 2(g) + H 2O (g)
ao produto das concentrações em quantidades de matéria As etapas dessa reação são dadas por:
dos reagentes, elevadas a determinados expoentes.
Etapa 1 (lenta): 1H2(g) + 2NO(g) → 1N2O(g) + 1H2O(ℓ)
Em uma reação:
Etapa 2 (rápida): 1N2O(g) + 1H2 → 1N2(g) + 1H2O(ℓ)
xA + yB +... → produtos...
Equação global: 2H2(g) + 2NO(g) → 1N2(g) + 2H2O(ℓ)
A equação da velocidade é dada por:
Os expoentes na lei da velocidade são dados pelos coefi-
V = k · [A]x · [B]y = cientes dos reagentes na etapa lenta:
V = velocidade da reação
v = k [H 2] 1 · [NO] 2.
k = constante da velocidade (a uma dada temperatura)
[A] e [B] = concentrações em mol/L dos reagentes Essa reação é de 1ª ordem em relação ao H2, de 2ª ordem
x e y = expoentes determinados experimentalmente, em relação ao NO e de 3ª ordem em relação à reação
denominados ordem da reação global (soma dos expoentes: 1 + 2 = 3).
Uma observação importante é que existem algumas re-
Mecanismo de reações ações que são de ordem zero, porque a velocidade não
depende da concentração dos reagentes.
Mecanismo de uma reação é a série de etapas que levam
os reagentes aos produtos. Nesse mecanismo há etapas Em reações de primeira ordem, quando dobra-se a quantidade
lentas e rápidas. A etapa mais lenta é a determinante de reagente, dobra-se, de forma proporcional, a velocidade.
da velocidade.
Em reações de segunda ordem, o aumento dos reagentes
Seja a reação 2A + 3B → A2B3, que se processa em para o dobro quadruplica a velocidade de reação.
duas etapas:
Em reações de terceira ordem, ao dobrar a concentração
§ Primeira etapa: 2A + B → A2B (lenta) aumenta-se a velocidade da reação em oito vezes.
§ Segunda etapa: A2B + 2B → A2B3 (rápida)
v = k[A]2 · [B] Determinação experimental da
Compostos sólidos não entram na equação. equação da velocidade da reação
Ordem de uma reação Exemplo 1
Observe a reação:
1. Reação elementar: 2A + 3B → C
Observe nesta tabela a variação da velocidade com as con-
2CO (g) + O 2(g) → 2CO 2(g) centrações, obtida experimentalmente:
Como é uma reação elementar, o expoente na lei da [A] mol/L [B] mol/L V mol/L · min
velocidade é igual ao coeficiente do reagente: primeira
0,3 0,1 0,5
experiência
v = k · [CO] · [O 2]
2 1
segunda
0,6 0,1 1,0
experiência
Assim, temos que essa reação é de ordem 2 em relação ao
CO, de ordem 1 em relação ao O2 e sua ordem global é 3 terceira
0,6 0,2 4,0
(2 + 1 = 3). experiência
340
Segundo a lei de Guldberg Waage, a equação da velocidade, três experiências e modificadas as concentrações (mol/L)
baseada na equação global (portanto, inadequada), seria: iniciais dos reagentes:
EQUILÍBRIO QUÍMICO
Reações reversíveis De fato, reagiram até o equilíbrio 2,0 – 0,4 = 1,6 mol/L e
formaram-se, simultaneamente, 1,6 mol de PCℓ3 e 1,6 mol
O equilíbrio químico é um estado dinâmico. Isso não sig- de Cℓ2, uma vez que os coeficientes da equação são 1 : 1.
nifica paralisação da reação. Como as velocidades direta e
inversa são iguais, as concentrações dos reagentes e dos Reação PCℓ5 (g) PCℓ3 (g) + Cℓ2 (g)
produtos permanecem constantes (mas não necessaria-
mente iguais). A reação continua se processando, sem, no Início 2,0 mol 0 0
entanto, alterar as concentrações em quaisquer sentidos.
Suponhamos que ao alcançar o equilíbrio: Reagem 1,6 mol — —
Restam no
Mede-se a concentração de PCℓ5 e encontra-se: 0,4 mol 1,6 mol 1,6 mol
equilíbrio
[PCℓ5] = 0,4 mol/L
341
Grau de equilíbrio Constante de equilíbrio
O grau de equilíbrio (α) de um reagente corresponde a em termos de pressões
relação entre a quantidade de mol consumida e a quanti-
dade de mol inicial desse reagente. parciais (Kp)
quantidade de mol de reagente consumido
α = ________________________________
aA(g) + bB(g) cC(g) + dD(g)
quantidade de mol de reagente no início
Constante de equilíbrio
Relação entre Kp e Kc
Num sistema reversível genérico de única etapa:
1
aA+bB cC+dD
2
A velocidade da reação direita (v1) vai diminuir em razão Essa relação pode ser facilmente demonstrada a partir da
do consumo gradual de A e de B. A velocidade da reação expressão da equação dos gases perfeitos (equação de
inversa (v2) vai aumentando com o tempo em razão da for- Clapeyron) em pressões parciais.
mação de C e D.
Certo tempo depois – que varia de acordo o tipo de reação Equilíbrios heterogêneos
–, as concentrações de A, B, C e D permanecem inalteradas. Equilíbrios heterogêneos são aqueles em que pelo me-
Nessa fase, as velocidades v1 e v2 igualam-se, sinal de que nos umas das substâncias participantes da reação está
o sistema atingiu o equilíbrio químico. em um estado físico diferente das demais, geralmente no
estado sólido. Com isso, o aspecto do sistema não fica
uniforme, mas é possível visualizar diferentes fases. Nesse
caso não se deve escrever as substâncias sólidas na equa-
ção de Kc e Kp.
Logo,
[C]c · [D]d
Kc = _______
a
[A] · [B]b
342
DESLOCAMENTO DE EQUILÍBRIO
Influência da variação
de temperatura
Aumento da temperatura favorece a reação que absorve calor,
ou seja, desloca o equilíbrio para o sentido endotérmico.
Diminuição da temperatura favorece a reação que libera cal- Da qual teq 1 > teq 2
or, ou seja, desloca o equilíbrio para o sentido exotérmico. Em todos os casos, os compostos sólidos não entram na
equação
Exemplo
343
EQUILÍBRIOS IÔNICOS
Ki = a2 · M HCN H+ CN–
Se uma base (NaOH, por exemplo) for adicionada à solu-
De acordo com essa equação, quanto maior for a constan-
ção desse ácido, vai ocorrer a dissociação da base ocorren-
te de ionização Ki mais ionizado estará o ácido (maior é α),
do liberação de íons OH–:
ou seja, maior será sua força.
Se a ionização ocorrer em etapas, é necessário escrever NaOH → Na+ + OH–
tantas constantes quantas forem as etapas.
Os íons OH– da base vão neutralizar os íons H+ do ácido, de
acordo com a reação:
Efeito do íon comum H+ + OH– → H2O
O efeito do íon comum é o deslocamento da posição de
equilíbrio de um eletrólito (um ácido ou base geralmente Portanto, haverá uma menor quantidade de H+ na solução. De
fracos), causado pela adição de um segundo eletrólito (ge- acordo com o princípio de Le Chatelier, haverá deslocamento
ralmente mais forte, como um sal muito solúvel), que tem um de equilíbrio para a direita, aumentando a ionização do ácido.
íon em comum com o primeiro.
pH E pOH
Cálculo do pH e pOH
O pH é um parâmetro utilizado para indicar se o meio reacional é ácido, básico ou neutro.
O potencial hidrogeniônico (pH) é o cologaritmo da concentração hidrogeniônica:
344
O potencial hidroxiliônico (pOH) é o cologaritmo da con- 2. Solução ácida
centração hidroxiliônica:
a 25 °C, [H+] > 10-7 ⇒ pH < 7
pOH = colog [OH–] = –log [OH–] [OH-] < 10-7 ⇒ pOH > 7
HIDRÓLISE SALINA
I. Sal de ácido forte e base forte: não sofre hi- O equilíbrio que se forma na solução aquosa de cianeto
drólise e o pH da solução é 7. de sódio é:
Na+ + CN– + H+ + OH- Na+ + OH– + HCN
Exemplo: NaCℓ.
Na+ + Cℓ– + H+ + OH- → Na+ + OH- + H+ + Cℓ– Forma-se o ácido e há íons OH- livres na solução. A solução
resultante é básica. Praticamente nada acontece com Na+.
Não há hidrólise porque, sendo o ácido e a base fortes, O que ocorreu foi a hidrólise do ânion:
esse equilíbrio não permite sua formação e os íons perma-
necem em solução. CN– + H2O HCN + OH–
Pode-se dizer que, nesse caso, a solução é neutra (pH = 7 a
A constante de hidrólise a 25 °C é:
25 °C) e não há constante de hidrólise nem grau de hidrólise.
IV. Sal de ácido fraco e base fraca: sofre hidrólise e
II. Sal de ácido forte e base fraca: sofre hidrólise e
o pH da solução pode ser superior, igual ou inferior
o pH da solução é menor que 7.
a 7, dependendo das forças relativas do ácido e da
Exemplo: NH4Br. base.
O equilíbrio que se forma na solução aquosa de brometo
Exemplo: (NH4)2S.
de amônio é:
NH+4 + Br – + H+ + OH- NH4OH + H+ + Br – O equilíbrio que se forma na solução aquosa de sulfeto de
amônio é:
Forma-se a base e há íons H+ livres na solução. A solução
resultante é ácida. Repare que praticamente nada aconte- 2NH4+ + S–2 + 2H+ + 2OH– 2NH4OH + H2S
ce com Br –. O que ocorreu foi a hidrólise do cátion:
NH4+ + H2O NH4OH + H+ Como o ácido e a base são fracos, o equilíbrio está desloca-
A 25 °C, Kw = 10-14 do para a direita; formam-se o ácido e a base.
345
Grau de hidrólise (∆H) Solução-tampão
São soluções que mantêm o pH aproximadamente cons-
Constante de hidrólise para um tante, mesmo que elas venham a receber ácidos ou bases
sal de ácido forte e base fraca fortes. As soluções-tampão são geralmente formadas por
um ácido fraco e um sal desse ácido ou por uma base fra-
K ca e um sal dessa base. As soluções-tampão são usadas
Kh = __w
Kb sempre que um químico necessita de um meio com pH
aproximadamente constante. Elas são preparadas com a
dissolução dos solutos em água.
Constante de hidrólise para um
sal de ácido fraco e base forte Exemplo de alguns sistemas tamponantes
K
Kh = __w NH4OH / NH4Cℓ; H2CO3 / NaHCO3; NaCN / HCN
Ka
Para o cálculo de pH de uma solução tampão utiliza-se as
Constante de hidrólise para um seguintes fórmulas
sal de ácido e base fracos
[sal]
pH = – log Ka + log ______
(para tampões ácido / sal)
[ácido]
Kw [sal]
Kh = _____
pH = – log Kb + log _____
(para tampões base / sal)
Ka ⋅ Kb [base]
– log Ka pode ser chamado de pKa, portanto, pKa = – log
O grau de hidrólise de um sal (αh) Ka. Quanto menor o pKa, maior o Ka, o que faz com que seu
grau de ionização seja maior, logo, o composto será mais
(quantidade de mol hidrolisados)
_________________________
αh =
ácido. Quando um tampão é preparado com concentrações
(quantidade inicial de mol)
iguais do ácido e do ânion, o pH é igual ao pKa desse ácido
(pH = pKa)
PRODUTO DE SOLUBILIDADE
346
Qual é o Kps do cloreto de prata?
Observe: a concentração de íons prata corresponde à concentração existente na solução saturada, ou seja, corresponde à
concentração de íons que existe no equilíbrio de solubilidade.
Observe: [Ag+] = [Cℓ–] porque a proporção dos coeficien- Solução: concentração de cada íon em solução:
tes é 1 : 1.
Pb(NO3)2 Pb2+ + 2NO3–
Portanto, a expressão de Kps é: 0,2 0,2 0,4
KPS = [Ag ] · [Cℓ ]
+ – KI K +
+ I –
Previsão de precipitação e rados. A precipitação ocorre se QPS for maior ou igual ao KPS.
347
U.T.I. - Sala 4. (Santa Marcelina) A tabela apresenta os valores da
concentração de íons H+ em mol/L, medidos a 25ºC de
um grupo de produtos.
1. (FAC. SANTA MARCELINA) Um estudo publicado pela
revista Nature aponta que a quantidade de metano Produto [H+]
(CH4) liberada por alguns poços de gás de xisto (cuja
Refrigerante 10-3
composição química padrão apresenta, além de outros
compostos, o óxido de ferro (III) e o óxido de alumí- Alvejante caseiro 10-12,5
nio) seria cerca de 4 vezes maior que o previsto, o que Vinho 10-3,5
o tornaria uma fonte de energia emissora de gás de
Leite de magnésia 10-10
efeito estufa tão nociva quanto o carvão. A combustão
completa do metano produz outro gás estufa, o CO2 de Cerveja 10-4,5
acordo com a reação:
a) Na tabela reproduzida abaixo, complete o valor
CH4(g) + 2O2(g) → CO2(g) + 2 H2O(ℓ) medido de pH a 25 ºC.
348
U.T.I. - E.O. 4. (Uninove) Em um laboratório, foi estudado o efeito de
algumas variáveis sobre o seguinte sistema em equilíbrio:
1. (UERJ) Considere a equação química global entre os CH3COOH(aq) + H2O CH3COO-(aq) + H3O+(aq)+ calor
compostos HBr e NO2: O comportamento desse sistema foi estudado frente
2HBr + NO2 → H2O + NO + Br2 à diminuição da temperatura, à adição de HCℓ(aq) e à
adição de H3CCOONa(aq). O efeito dessas diferentes va-
Para desenvolver um estudo cinético, foram propostos riáveis foi acompanhado pela medida da variação da
os mecanismos de reação I e II, descritos na tabela, am- concentração de [H3O+](aq).
bos contendo duas etapas. Em uma das experiências, obteve-se o seguinte gráfico:
Mecanismo
Etapa
I II
lenta HBr + NO2 → HBrO + NO 2HBr → H2 + Br2
rápida HBr + HBrO → H2O + Br2 H2 + NO2 → H2O + NO
6 35 30 15 Amostra pH a 25 ºC
10 30 20 20 1 Saliva 6,4
2 Plasma sanguíneo 7,4
A partir dessas informações, determine: 3 Urina 5,0
a) a velocidade média da reação no período de 4 4 Suco gástrico 3,0
(quatro) a 6 (seis) minutos;
5 Suco pancreático 8,0
b) a relação entre a velocidade média de consumo do ace-
tileno e a velocidade média de consumo do hidrogênio. (www.uff.br)
a) Distribua as amostras de 1 a 5 na escala de pH abaixo.
3. (UFTM) Uma forma de obter ferro metálico a partir do
Escala de pH
óxido de ferro(II) é a redução deste óxido com monóxi-
do de carbono, reação representada na equação:
FeO(s) + CO(g) Fe(s) + CO2(g) DH0 > 0
349
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO 9. (Ufg) O extrato de amora pode funcionar como um
indicador natural de pH, apresentando diferentes colo-
Grande parte dos pacientes com hiperparatiroidismo rações de acordo com o caráter ácido ou alcalino das
brando exibe poucos sinais de doença óssea e raras
soluções, conforme demonstrado na tabela a seguir.
anormalidades inespecíficas, em consequência da ele-
vação do nível do cálcio, mas apresenta tendência ex- pH Cor
trema à formação de cálculos renais. Isso se deve ao
fato de que o excesso de cálcio e fosfato absorvidos 1–2 Rosa
pelos intestinos ou mobilizados dos ossos no hiperpara- 3–6 Lilás
tiroidismo será finalmente excretado pelos rins, ocasio- 7 – 10 Roxo
nando aumento proporcional nas concentrações dessas
substâncias na urina. Em decorrência disso, os cristais 11 – 12 Roxo-azulado
de oxalato tendem a se precipitar nos rins, dando ori- 13 Azul
gem a cálculos com essa composição. 14 Amarelo
350
11. (Fuvest) A oxidação de SO2 a SO3 é uma das etapas da produção de ácido sulfúrico.
2SO2(g) + O2(g) 2SO3(g) DH < 0
Em uma indústria, diversas condições para essa oxidação foram testadas. A tabela a seguir reúne dados de diferentes testes:
Note e adote:
Para a reação dada, KC – 250 a 1000 ºC
Você está recebendo o terceiro livro da Unidade Técnica de Imersão (U.T.I.) do Hexag Vestibulares.
Este material tem o objetivo de retomar os conteúdos estudados nos livros 5 e 6, oferecendo um
resumo estruturado da teoria e uma seleção de questões que preparam o candidato para as provas
dos principais vestibulares. Além disso, as questões dissertativas permitem avaliar a capacidade de
análise, organização, síntese e aplicação do conhecimento adquirido. É também uma oportunidade
de o estudante demonstrar que está apto a expressar suas ideias de maneira sistematizada e com
linguagem adequada.
Aproveite este caderno para aprofundar o que foi visto em sala de aula, compreender assuntos que
tenham deixado dúvidas e relembrar os pontos que foram esquecidos.
Bons estudos!
Herlan Fellini
SUMÁRIO
MATEMÁTICA
MATEMÁTICA 1 355
MATEMÁTICA 2 367
MATEMÁTICA 3 387
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Direitos desta edição: Hexag Sistema de Ensino, São Paulo, 2021
Todos os direitos reservados.
Autores
Herlan Fellini
Pedro Tadeu Vader Batista
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Diretor-geral
Herlan Fellini
Diretor editorial
Pedro Tadeu Vader Batista
Coordenador-geral
Raphael de Souza Motta
Editoração eletrônica
Felipe Lopes Santos
Leticia de Brito Ferreira
Matheus Franco da Silveira
Imagens
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Todas as citações de textos contidas neste livro didático estão de acordo com a legis-
lação, tendo por fim único e exclusivo o ensino. Caso exista algum texto a respeito do
qual seja necessária a inclusão de informação adicional, ficamos à disposição para o
contato pertinente. Do mesmo modo, fizemos todos os esforços para identificar e loca-
lizar os titulares dos direitos sobre as imagens publicadas e estamos à disposição para
suprir eventual omissão de crédito em futuras edições.
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MATEMÁTICA 1
355
FUNÇÃO INVERSA E PARIDADE
( )
3x + 1
2 _____ – 1
Função par
f[f (x)] = 2
___________ 3x +
1 – 1
=________
3x = x
= __
–1
Dada uma função f(x), uma função é denominada par se,
3 3 3
para qualquer x no domínio de f, tem-se f(x) = f(–x).
§ apenas as funções bijetoras possuem inversa.
Como consequência, toda função par apresenta simetria
em relação ao eixo 0y:
Determinando a função inversa
Para se obter a inversa de uma função (caso a função Exemplos:
admita inversa, isto é, seja bijetora), deve-se 1. f(x) = x²
proceder da seguinte maneira:
Para verificar se uma função é par, deve-se comparar f(x)
§ Troca-se x por y e y por x. e f(-x):
§ Coloca-se o novo y em função do novo x. f(–x) = (–x)² = x²
356
Assim, f(–x) = f(x); portanto, a função é par.
Observe o gráfico da função f(x) = x²:
Função ímpar
Dada uma função f(x), uma função é denominada ímpar
se, para qualquer x no domínio de f, tem-se f(–x) = –f(x).
Como consequência, toda função ímpar apresenta simetria
em relação à origem:
NOÇÕES DE SEQUÊNCIA E
PROGRESSÃO ARITMÉTICA
Onde r = 2y
onde k ∈ R é o primeiro termo da sequência e r ∈ R é a
razão da PA. S = (x – 3y) + (x – y) + (x + y) + (x + 3y) = 4x
357
SOMA DOS TERMOS DE UMA PA FINITA
Fórmula
n(a + an)
Sn = ___________
1
2
PROGRESSÃO GEOMÉTRICA E
SUA INTERPOLAÇÃO
358
NÚMEROS COMPLEXOS
z = z
1 + z2 1 + z
2 (o conjugado da soma
R
é igual à soma dos conjugados)
4. Se z1 e z2 são números complexos: 6. A associação dos números complexos z = a + bi aos
z
1z2 = z
1 · z
2 (o conjugado de um produto indi- vetores permite o uso, em diversos campos, dos números
cado é igual ao produto dos conjugados) complexos e os de suas respectivas grandezas. Exem-
plo disso é o estudo da eletricidade no nível superior.
A corrente elétrica, a voltagem e a impedância, dentre
outros, são tão grandes que podem ser representados
Divisão de números complexos por números complexos.
z
O quociente __
z 1 entre dois números complexos, com z2 ≠ 0,
2
—
z z1 · z
é dado por __
z 1 = ____
—2 .
2 z ·
2
z
2
359
Interpretação geométrica Multiplicação de números
do conjugado complexos na forma trigonométrica
z1z2 = |z1||z2| [cos(q1 + q2) + i · sen(q1 + q2)]
Geometricamente, o conjugado z de z é representado pelo
simétrico de z em relação ao eixo x.
Im +
Divisão de números complexos
na forma trigonométrica
R
__ z1 ___ |z1|
z 2 = |z | [cos(q1 – q2) + i · sen(q1 – q2)]
2
Potenciação de números
complexos na forma
Módulo de um número complexo trigonométrica – primeira
|z|2 = a2 + b2 ä |z| = d aXXXXXX
+ b2
fórmula de De Moivre
2
Im
zn = |z|n[cos(nq) + i · sen(nq)]
R
[ (
|z| cos __
wk = dn XXX 2π
___
) ( __ 2π
___
)]
n + k · n + i · sen n + k · n
dos números complexos Recaímos então nas equações anteriores, pois y’ = xn e y’’ = xn.
z = |z|(cos q + i · sen q) Ao resolvê-las, temos as raízes da equação inicial.
360
EQUAÇÕES POLINOMIAIS
Observações
Se a = 1, o valor numérico de p(x) será a soma de seus coeficientes:
p(1) = an · 1n + an – 1 · 1n – 1 + an – 2 · 1n – 2 · 1n – 2 + ... + a1 · 1 + a0 ä p(1) = an + an – 1 + an – 2 + ... + a1 + a0
Se a = 0, o valor numérico de p(x) será o termo independente:
p(0) = an · 0n + an – 1 · 0n – 1 + an – 2 · 0n – 2 + ... + a1 · 0 + a0 ä p(0) = a0
Igualdade de polinômio
Dois polinômios são iguais ou idênticos se, e somente se, seus valores numéricos forem iguais para todo a [ C:
p(x) = q(x) à p(a) = q(a)(? a [ C)
Para que isso ocorra, a diferença p(x) – q(x) deve ser o Pin. Portanto, dois polinômios p(x) e q(x) são iguais se, e somente se,
tiverem coeficientes respectivamente iguais (os coeficientes dos termos de mesmo grau são todos iguais).
Raiz de um polinômio
Já sabemos que p(a) e o valor numérico do polinômio p(x) para x = a. Agora, se um numero complexo (real ou imaginario)
a for tal que p(a) = 0, esse número a será chamado de raiz do polinômio p(x).
361
Equações polinomiais ou algébricas Relações de Girard
Equação polinomial ou algébrica é toda equação que pode 1. A soma das raízes é:
ser escrita na forma: a 1
x1 + x2 + x3 + ... + xn = – ____
an –
anxn + an – 1xn – 1 + ... + a2x2 + a1x + a0 = 0 (com an ≠ 0) n
O valor a (raiz) de x que satisfaz a igualdade, ou seja, o 3. A soma dos produtos das raízes, quando tomadas:
valor tal que: a) duas a duas, é:
a 2
ana + an – 1a + ... + a1a + a0 = 0 x1x2 + x1x3 + ... + xn – 1xn = ____
n n–1
an –
n
362
POLINÔMIOS
–x2 + 3x x–2
Portanto, dizemos que: –2x + 6
§ p(x) é o dividendo; 2x – 6
0 –2(x – 3) = –2x + 6
§ h(x) é o divisor;
§ q(x) é o quociente; Trocando o sinal: 2x – 6
Para dividir o polinômio, usamos o método da chave, sem- p(x) h(x) q(x) r(x)
elhante ao empregado para números inteiros. x – 5x + 6
2 (x − 3) (x − 2) 0
33 : 8 é 4
17
Roteiro desse dispositivo prático na
17 : 8 é 2 divisão de
2º) »
33 7 8 4º) »
33 7 8 p(x) = 3x3 – 5x2 + x – 2
–32 4 –32 42 por h(x) = x – 2
1 17
1.
–16
Subtraindo (ou
1
somando com o 2.
sinal trocado): 2 · 8 = 16
33 – 32 = 1 17 – 16 = 1
3. Repetimos (ou “baixamos”) o primeiro coeficiente
Observamos que: do dividendo:
337 8 42 1
resto
divisor quociente
dividendo
363
4. Multiplicamos o termo repetido pelo divisor e soma-
mos o produto com o próximo termo do dividendo:
1·2=2e2+1=3
5. Repetimos o processo para obter o novo termo
do quociente:
3 · 2 = 6 e 6 + (–2) = 4
De acordo com o quadro, obtemos:
q(x) = 3x2 + x + 3
r(x) = 4
que é o mesmo resultado obtido pelo método da chave.
Logo:
p(x) = 3x3 – 5x2 + x – 2 = (x – 2)(3x2 + x + 3) + 4
364
U.T.I. - Sala b) Determine o número de fósforos necessários para
que seja possível exibir concomitantemente todas as
primeiras 50 figuras.
1. (FUVEST)
a) Prove que numa PA (a1, a2, a3,...),a1 + a9 = a2 + a8. 3. (FUVEST - ADAPTADA) No plano cartesiano, os com-
b) Sabendo que a soma dos 9 primeiros termos da PA primentos de segmentos consecutivos da poligonal,
é 17874, calcule seu 5º termo. que começa na origem 0 e termina em B (ver figura),
formam uma progressão geométrica de razão q, com
2. (FUVEST) Em uma progressão aritmética a1, a2, a3, ..., an, 0 < q < 1. Dois segmentos consecutivos são sempre per-
... a soma de n primeiros termos é dada por Sn = bn2 + n, pendiculares. Então, se OA =1, qual é o valor a abscissa
sendo b um número real. Sabendo-se que a3 = 7 determine: x do ponto B = (x, y) ?
a) O valor de b e a razão da progressão aritmética.
b) O 20° termo da progressão.
c) A soma dos 20 primeiros termos da progressão.
365
z = i é chamado “unidade imaginária”. 12. (UNIFESP) Considere as funções quadráticas q1(x) e
q2(x) cujos gráficos são exibidos na figura.
lm (z)
gráfico de q1 y
y A
-1 0 1 3 4 x
θ
Re(z)
x
gráfico de q2
a) Determinar os números reais x tais que z = (x + 2i) é 4
um número real.
b) Se uma das raízes quartas de um número complexo
z é o complexo z0, cujo afixo é o ponto (0, a), a > 0,
determine |z|. a) Faça o esboço de um possível gráfico da função
produto q(x) = q1(x)q2(x).
8. (UFBA) Na figura, tem-se uma circunferência de cen-
tro na origem dos eixos coordenados e raio igual a b) Calcule o quociente do polinômio h(x) = xq(x) pelo
2 u.c. O comprimento do menor arco de origem em A polinômio k(x) = x + 1 e exiba suas raízes.
e extremidade em P1 é igual a __π
u.c. Considere os pon-
3 13. (UNESP) Uma raiz da equação
tos P1, P2 e P3 vértices de um triângulo equilátero ins-
crito na circunferência e representados, nessa ordem, x3 – (2a – 1) x2 – a(a + 1)x + 2a2 (a – 1) = 0 é (a – 1).
no sentido anti-horário. Sendo P1, P2 e P3, respectiva-
Quais são as outras duas raízes dessa equação?
mente, afixos dos números complexos z1, z2 e z3, calcule
|z— 1 + z25 + z3|.
y
2
O A
-2 2 x
P1
-2
2 Z1
Z2
2
Re
2√3
366
MATEMÁTICA 2
367
COMBINAÇÃO SIMPLES
( )
Indica-se por Cn , p, Cpn ou p n o número total de combina- Exemplos
ções de n elementos tomados p a p e calcula-se por
An , p 100 · 99
§ C100, 98 = C100, 2 = _______ = 4950
2·1
n!
Cn,p = ________ ou Cn,p = ____
p!(n – p)! p! § C43, 42 = C43, 1 = 43
Propriedade 3
0
3
1
3
2
3
Dois números binomiais são iguais, se tiverem o mesmo 0 1 2 3
numerador e: 4 4 4 4 4
0 1 2 3 4
§ se suas classes forem iguais; ou ∙ ∙ ∙ ∙ ∙
§ se a soma de suas classes for igual ao numerador (bi- n n n n
... n
nomiais complementares). 0 1 2 3 n
368
Calculando cada número binomial, obtém-se:
Propriedades dos
1 números binomiais
1 1 n n
1. = , pois a + b = n (binomiais complementares)
a b
1 2 1
1 3 3 1 n–1 n–1 n
2. + = (relação de Stifel)
p–1 p p
1 4 6 4 1
n n n n n n
1 5 10 10 5 1 3. + + + + ... + + = 2n
0 1 2 3 n–1 n
BINÔMIO DE NEWTON
n n n n n
(x + y)n = xn + xn – 1 y + xn – 2 y2 + … + xn – k yk + … + yn
0 1 2 k n
CÁLCULO DE PROBABILIDADES
§ Evento B: “ocorrência de número maior que 6” ⇒ no § C: ocorrência de número par ⇒ C = {2, 4, 6};
dado não existe número maior que 6. Portanto, B = ∅. § D: ocorrência de múltiplo de 3 ⇒ D = {3, 6};
Se um evento coincidir com o espaço amostral, ele é chama- § E: ocorrência de número par ou número múltiplo de 3 ⇒
do evento certo. Se um evento for vazio, ele é chamado E = C ∪ D = {2, 4, 6} ∪ {3, 6} = {2, 3, 4, 6} (união
evento impossível. de eventos);
369
§ F: ocorrência de número par e múltiplo de 3 ⇒
F = C ∩ D = {2, 4, 6} ∩ {3, 6} = {6} (intersecção de
Cálculo de probabilidades
eventos); e
n(A)
número de elementos de A = ____
_____________________
p(A) =
§ H: ocorrência de número ímpar ⇒ H = {1, 3, 5}. número de elementos de Ω n(Ω)
O evento complementar de C em relação a W é indicado p(A) =
número de resultados favoráveis
____________________________
número total de resultados possíveis
= C U C.
H = C
C e H são chamados eventos complementares. Ob-
serve que C ∩ H = ∅ e C ∪ H = W.
Certeza e impossibilidade
§ Se p(A) = 0, o evento A é o evento impossível; não há
Se a intersecção de dois eventos for o conjunto vazio, eles possibilidade de que ele venha a ocorrer.
serão chamados eventos mutuamente exclusivos.
§ Se p(A) = 1, o evento A é o evento certo e há certeza
de que ele ocorrerá.
PROBABILIDADE: ADIÇÃO
p(A) = 1 – p(A)
A ∪ B = (A ∩ B ) ∪ (A ∩ B) ∪ (A ∩ B)
A n(A)
p(A) = ____
n(Ω)
A
1 – p(A)
370
PROBABILIDADE CONDICIONAL
Ao aplicar essa fórmula, estamos aplicando o método binomial. Recordemos o quadro de possibilidades com suas respec-
Essa probabilidade é um termo da expansão binomial tivas probabilidades.
(p + q)n.
ESTATÍSTICA
371
Indivíduo ou objeto Representação gráfica
Cada elemento que compõe a amostra é um indivíduo A representação gráfica fornece uma visão de conjunto
ou objeto. mais rápida que a observação dos dados numéricos. Por
isso, os meios de comunicação oferecem com frequência a
Variável informação estatística por meio de gráficos.
Variável quantitativa
As variáveis de uma pesquisa, como altura, peso, idade em
anos e números de irmãos, são quantitativas, uma vez que
seus possíveis valores são númericos.
As variáveis quantitativas podem ser discretas, tratando-se
de contagem (números inteiros), ou contínuas, tratando-se
de medida (números reais).
Gráfico de barras
Quadro-resumo dos tipos de variável de uma pesquisa
Tabela de frequências
A tabela que mostra a variável e suas realizações (valores),
com as frequências absoluta (FA) e relativa (FR), é chamada
tabela de frequências. Gráfico de setores
Nacionalidade FA FR
brasileira 6 60%
espanhola 3 30%
argentina 1 10%
Total 10 100%
372
Histograma § o número que ocupar a posição central, se n for ímpar; e
§ a média aritmética dos dois números que estiverem no
Se uma variável tiver seus valores indicados por classes (in-
centro, se n for par.
tervalos), é comum o uso de um tipo de gráfico conhecido
por histograma.
Medidas de dispersão
As medidas de tendência central mais usadas são a mé-
dia aritmética, a moda e a mediana, cujo objetivo é con-
centrar em um único número os diversos valores de uma
variável quantitativa.
Variância (V)
A ideia básica de variância é tomar os desvios dos
valores x1 em relação à média aritmética (x – MA).
Mas a soma desses desvios é igual a 0 (graças a uma
Medidas de tendência central propriedade da média). Uma opção possível é consi-
n
n
e expressar a variância (V) como a medida dos qua-
∑
n
x1 + x2 + x3 +...+ xn i = 1 x i ∑
(x
i – MA)2
MA = _______________
n = drados dos desvios, ou seja: i = 1 .
n
n
Média aritmética ponderada
Desvio padrão (DP)
Caso de um aluno que faz vários trabalhos com pesos dife-
rentes, isto é, com graus de importância diferentes.
O desvio padrão (DP) é a raiz quadrada da variância. Ele fa-
A média aritmética é empregada como medida de tendên- cilita a interpretação dos dados, uma vez que é expresso na
cia central, ou seja, como forma de, mediante um único mesma unidade dos valores observados (conjunto de dados).
número, dar uma ideia das características de determinado n
373
Estatística e probabilidade
A estatística também é usada para estimar a probabilidade de ocorrência de um evento, principalmente se ela
evento .
____________
não puder ser calculada teoricamente pela razão P =
espaço amostral
Previsões do tempo, resultados eleitorais, mortalidade causada por doenças, entre outras, são probabilidades calculadas por
frequências relativas de pesquisas estatísticas. Nesses casos, quanto maior for o histórico de dados a ser analisado, melhor
será a previsão.
MATRIZ
Definição Portanto,
§ para representar o elemento de uma matriz, usa-se
Sejam m e n dois números naturais não nulos. uma letra com dois índices: o primeiro indica em que
Denomina-se matriz m x n (lê-se m por n) uma tabela re- linha o elemento encontra-se, e o segundo, em que
tangular formada por m · n números reais, disposta em m coluna; por exemplo, a23 é o elemento que está na se-
linhas e n colunas. gunda linha e na terceira coluna;
Diz-se que a matriz é do tipo m × n ou de dimensão m × n. § o elemento genérico de uma matriz A será indicado
por aij, do qual i representa a linha e j representa a
§ 2 3 é uma matriz do tipo 2 × 2 (dois por dois). coluna na qual o elemento encontra-se; ele é chamado
5 1 de ij-ésimo elemento da matriz; e
§ a matriz A, do tipo m × n, será escrita, genericamente,
1 –5 1
__
§ 2 é uma matriz do tipo 2 × 3 (dois por três). deste modo:
2 dXX3 0
a11 a12 a13 ... a1n a11 a12 a13 ... a1n a11 a12 a13 ... a1n
a21 a22 a23 ... a2n a21 a22 a23 ... a2n a21 a22 a23 ... a2n
a31 a32 a33 ... a3n ou a31 a32 a33 ... a3n ou a31 a32 a33 ... a3n
. . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . .
am1 am2 am3 ... amn am1 am2 am3 ... amn am1 am2 am3 ... amn
Matriz quadrada 1 3 10
Consideremos uma matriz m × n. 3 2 –3 0 8
–1 6
Se m = n (o número de linhas é igual aos números de colu- 5 –1 6
nas), diz-se que a matriz é quadrada de ordem n. diagonal principal diagonal principal
§ 3 5 é uma matriz quadrada de ordem 2 (m = n = 2). A outra diagonal da matriz quadrada nomeia-se de dia-
2 6 gonal secundária (são os elementos aij com i + j = n + 1).
5 3 10 1 3 10
3 2 –3 0 8
§ –1 –4 6 é uma matriz quadrada de ordem 3
–1 6
d 1 (m = n = 3).
2 0 – __
XX 5 –1 6
2 diagonal secundária diagonal secundária
374
Se os elementos acima ou abaixo da diagonal principal elementos são iguais a zero, é chamada matriz identidade,
forem todos nulos, diz-se que a matriz é triangular. cujo símbolo é In
1 5 7 –9
0 3 2
8 – __ I3 = I2 =
2 0 0 3
8 3 0 0 0 0 –1
7 9 –5 0 0 0 4
Adição de matrizes
Propriedades da adição de matrizes
Números reais Matrizes m × n
Comutativa a+b=b+a A + B = B +A
Associativa (a + b) + c = a + (b + c) (A + B) + C = A + (B + C)
Elemento neutro a+0=0+a=a A + 0 = 0 +A =A
Elemento oposto a + (–a) = (–a) + a = 0 A + (–A) = (–A) + A = 0
Cancelamento a=bàa+c=b+c A = B àA + C = B + C
Subtração de matrizes
Se A e B forem duas matrizes do tipo m × n, denomina-se diferença entre A e B (representada por A – B) a soma da matriz
A com a matriz oposta de B.
A – B = A + (–B)
375
Propriedades
Se a e b forem números reais e A e B, matrizes de mesmo tipo, a demonstração é esta:
(a + b) A = a · A + b · A a (b · A) = (a · b)A
a(A + B) = a · A + a · B 1 ·A =A
MULTIPLICAÇÃO DE MATRIZES
Se A, B e C são matrizes, tal que AB = AC, não se pode garantir que B e C sejam iguais.
Na multiplicação de matrizes não vale a propriedade do anulamento.
Se A e B são matrizes, tal que AB = 0 (matriz nula), não se pode garantir que uma delas seja nula.
Notas
A definição de multiplicação de matrizes e o fato de ela não ser comutativa obriga a análise cuidadosa da
propriedade do elemento neutro.
376
MATRIZ INVERSA E EQUAÇÕES MATRICIAIS
Equações matriciais –1 –3 –1 3 –2 0
Definidas as operações de adição, subtração e multipli-
cação de matrizes e de multiplicação de um número real X= 1 –5 + –1 –5 = 0 –10
por uma matriz, é possível resolver equações cujas incóg-
2 4 –2 0 0 4
nitas são matrizes.
Essas equações são chamadas equações matriciais.
–2 0
1 –3 –1 –3 Assim, a matriz pedida é X = 0 –10 .
Se A = 1 5 eB= 1 –5 , obtenha a matriz X, 0 4
2 0 2 4
tal que X + A = B.
DETERMINANTES
377
Determinante de matriz Quarta propriedade: multiplicação
de uma fila por uma constante
quadrada de ordem maior que 3
Se todos os elementos de uma linha – ou de uma coluna –
Conhecida como regra de Chió, essa regra consiste no “re- de uma matriz quadrada são multiplicados por um mesmo
baixamento” da ordem da matriz, mantendo-se constante número real k, seu determinante fica multiplicado por k.
o valor de seu determinante.
Consequência: multiplicação
Teorema de Laplace da matriz por uma constante
Dada uma matriz A, o cofator de um elemento aij é dado
por Aij = (-1)i+j . Dij , onde Dij é o determinante da matriz Se uma matriz quadrada M de ordem n é multiplicada por um
restante ao eliminar a linha i e a coluna j da matriz A. número real k, seu determinante fica multiplicado por kn:
det (kMn) = kn · det Mn
Propriedades dos
Quinta propriedade:
determinantes determinante da transposta
Primeira propriedade: fila de zeros O determinante de uma matriz quadrada M é igual ao deter-
minante de sua transposta, isto é, det M = det (Mt).
Se todos os elementos de uma linha ou coluna de uma
matriz quadrada M forem iguais a zero, seu determinante
será nulo, isto é, detM = 0.
Sexta propriedade: determinante
da matriz triangular
O determinante de uma matriz triangular é igual ao produto
–1 –4 9 –1 –4
dos elementos da diagonal principal.
2 8 3 2 8 =0
0 0 0 0 0
0 0 0 0 0 0
378
Teorema de Laplace Cofator
Se A é uma matriz quadrada de ordem n $ 2, ela é deno-
Menor complementar minada cofator do elemento aij de A o número real:
Se A é uma matriz quadrada de ordem n $ 2, ela é deno- Aij = (–1)i + j · Dij, do qual Dij é o menor complementar de A
minada menor complementar de A pelo elemento aij, cujo pelo elemento aij.
determinante é Dij, associado à matriz quadrada que se ob-
tém de A, ao se suprimir a linha e a coluna que contêm o ele-
mento aijconsiderado. Esse determinante é indicado por Dij. Observação1
Observe:
Note que Aij = Dij, se i + j for par; e Aij = –Dij, se i + j for
ímpar.
Então sim, o teorema de Laplace pode ser enunciado:
O determinante associado a uma matriz quadrada A de
ordem n $ 2 é o número obtido da soma dos produtos
dos elementos de uma linha (ou de uma coluna) qualquer
pelos respectivos cofatores.
O menor complementar de A pelo elemento a23 é um nú-
mero indicado assim: Observação2
Se a linha escolhida para o cálculo do determinante tiver
elementos iguais a zero, não há necessidade de multipli-
car os cofatores pelos zeros, uma vez que o produto será
nulo, independentemente, do valor do cofator. Por isso,
ao empregar o teorema de Laplace, as melhores linhas
ou colunas para o cálculo do determinante serão as que
tiverem maior quantidade de zeros. Se não houver termos
iguais a zero, eles podem ser criados, mediante o emprego
da oitava propriedade dos determinantes (teorema de
Nota Jacobi).
SISTEMAS LINEARES
Classificação de um
sistema linear 2 × 2
380
Se D = 0, o sistema (3 × 3 ou n x n) não é SPD (portanto,
Observação ou SPI ou SI).
381
São sistemas lineares homogêneos:
É importante observar que um sistema linear homogêneo n x n (com n > 2) é sempre possível, uma vez que admite pelo
menos a solução (0, 0, 0), denominada solução trivial, nula ou imprópria.
Esses sistemas homogêneos, sempre possíveis, são os únicos que podem ser classificados apenas a partir do cálculo deter-
minante. Como não há chance de o sistema homogêneo ser SI, se o determinante for nulo, o sistema homogêneo será SPI.
Ainda assim, para resolver o sistema de D = 0, ele deve ser escalonado.
382
U.T.I. - Sala Sabe-se que a média aritmética dessas notas é 8,2.
[ ]
recer obrigatoriamente e uma única vez? a11 a12 a13
b) Qual é a probabilidade de se escolher um segredo 4. (UNICAMP) Considere a matriz A = a 22 a23 , cujos
a21
coeficientes são números reais. a a a
no qual todos os dígitos são distintos e o dígito 3 31 23 33
U.T.I. - E.O.
Poliedros regulares 1. (UNIFESP) Em uma pesquisa de mercado realizada
nas cidades de São Paulo e de Santos, cada entrevis-
Tetaedro 4 faces tado teve que escolher apenas uma dentre seis marcas
Cubo 6 faces de sabonete (A, B, C, D, E e F). Os gráficos de radar in-
Octaedro 8 faces dicam os resultados dessa pesquisa nas duas cidades.
Por exemplo, cinco pessoas escolheram a marca A em
Dodecaedro 12 faces São Paulo, e três em Santos; três pessoas escolheram a
Icosaedro 20 faces marca B em São Paulo, e duas em Santos.
383
um voto. Levando em consideração apenas essas in- quer combinação de times por grupo pode ocorrer, com
formações, calcule o total de configurações diferentes igual probabilidade). Suponha, também, que os times
possíveis de um gráfico de radar (no mesmo formato do Brasil e da Alemanha participem do torneio.
das pesquisas de São Paulo e Santos) com os resulta- a) Qual será o número total de jogos na Fase 1 desse torneio?
dos da pesquisa realizada em Campinas.
b) Nas condições estabelecidas no enunciado desta
2. (PUC-RJ) Temos um baralho comum, com 52 cartas, questão, qual é a probabilidade de que Brasil e Ale-
das quais 4 são ases. manha se enfrentem na Fase 1 do torneio?
c) João é fã de futebol e conseguiu ingressos para
a) Tiramos uma carta ao acaso. Qual é a probabilida-
dois jogos da Fase 1 do referido torneio. Considere
de de que ela seja um ás?
que a chance de João obter ingresso para qualquer
b) Tiramos (do baralho completo) 5 cartas (simultane- dos jogos da Fase 1 seja a mesma. Nessas condições,
amente). Qual é a probabilidade de que, entre essas qual é a probabilidade de que João assista a pelo me-
cartas, não haja nenhum ás? nos um jogo da seleção do Brasil?
3. (PUC-RJ) Uma urna tem 9 bolas, cada uma marcada 8. (FGV) A tabela mostra a série de um indicador eco-
com uma das letras de A a I: nômico de um país, em bilhões de US$, nos 12 meses
de 2013.
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
21 24 20 23 22 22 18 17 16 17 16 18
Esmeralda sorteia duas bolas para entrarem na caixa I,
três bolas para entrarem na caixa II, e as quatro bolas
restantes são colocadas na caixa III. a) Calcule a média, a(s) moda(s), a mediana e a maior taxa
mensal de crescimento (em porcentagem) dessa série.
b) Sabe-se que, em janeiro de 2014, esse indicador
econômico atingiu um valor positivo para o qual a
nova série (de janeiro de 2013 até janeiro de 2014)
passou a ter mediana de 18 bilhões de US$, e um nú-
mero inteiro de bilhões de US$ como média mensal.
a) Qual é a probabilidade de que a bola A esteja na Calcule o desvio médio (DM) dessa nova série.
caixa I? n
384
Estabeleça um sistema de equações que permita de- a) Sabendo que m = ___ 3n
e que a pessoa gastou o
4
terminar os valores de x, y e z que tornam a matriz
(
mesmo número de forminhas vermelhas e azuis, de-
)
-2x + 3 z x + 2y +1
+ 9
A =
x + y +
-y
2
-x+8
+ 8
um quadrado mágico termine o número de brigadeiros da bandeja.
-4z + 5 y - z + 1 -x + z +4 b) Se a pessoa compra a massa do brigadeiro já pronta,
e calcule esses valores. em latas de 1 litro, e se cada brigadeiro, antes de rece-
ber o chocolate granulado que o cobre, tem o formato
11. (UEMA) Uma matriz A (m × n) é uma tabela retangular de uma esfera de 2 cm de diâmetro, quantas latas ela
formada por m × n números reais (aij), dispostos em tem que comprar para produzir 400 brigadeiros? (Dica:
m linhas e n colunas. O produto de duas matrizes lembre-se de que 1 litro corresponde a 1000 cm³.)
A (m × n) = (aij) e B (n × p) = (bij) é uma matriz C (m × p) = (cij),
em que o elemento cij é obtido da multiplicação ordenada 15. (UNICAMP) Pedro precisa comprar x borrachas, y lá-
dos elementos da linha i, da matriz A, pelos elementos da pis e z canetas. Após fazer um levantamento em duas
coluna j, da matriz B, e somando os elementos resultantes papelarias, Pedro descobriu que a papelaria A cobra R$
das multiplicações. A soma de matrizes é comutativa, ou 23,00 pelo conjunto de borrachas, lápis e canetas, en-
seja, A + B = B + A. Faça a multiplicação das matrizes quanto a papelaria B cobra R$ 25,00 pelo mesmo mate-
A e B e verifique se esse produto é comutativo, ou seja: rial. Em seu levantamento, Pedro descobriu que a pape-
A × B = B × A. laria A cobra R$ 1,00 pela borracha, R$ 2,00 pelo lápis
[ ] [
e R$ 3,00 pela caneta e que a papelaria B cobra R$ 1,00
1 2
A =
0 1
0 0 1
3 0
2 e B = 1
1
-2
-2
0 1
]
3
0
pela borracha, R$ 1,00 pelo lápis e R$ 4,00 pela caneta.
a) Forneça o número de lápis e de borrachas que Pe-
12. (UFPR) Na função dro precisa comprar em função do número de canetas
que ele pretende adquirir.
a +
f(a + bi) = det
–i
bi 1
[
+ i
1 – 2i
, ] b) Levando em conta que x ≥ 1, y ≥ 1 e z ≥ 1, e que
essas três variáveis são inteiras, determine todas as
são números reais e i é a unidade imaginária. Consid- possíveis quantidades de lápis, borrachas e canetas
erando que para calcular o determinante acima usa- que Pedro deseja comprar.
se a mesma regra de determinantes de matrizes com
números reais:
a) Calcule f(1 + i) e f(0).
b) Encontre números reais a e b tais que f(a + bi) = 0.
x 2
13. (UNICAMP) Seja dada a matriz A = 2 x
x é um número real.
0
[
6 e m que
0 6 16x
]
a) Determine para quais valores de x o determinante
A é positivo.
3
[ ]
b)Tomando C = 4 e supondo que, na matriz A, x = –2
-1
calcule B = AC.
385
386
MATEMÁTICA 3
387
ESFERAS
GEOMETRIA ANALÍTICA
Coordenadas do baricentro
de um triângulo
x + xB + xC
xG =_________
A
3
xA – xP _____ y –y y + yB + yC
AP =
r = ___ _____ = y A – y P yG =_________
A
PB x P – xB P B 3
388
Condição de alinhamento em função de uma terceira variável, t, mediante expressões
do primeiro grau. A variável t é chamada de parâmetro.
de três pontos Exemplo
Pode-se dizer que, se três pontos A(x1, y1), B(x2, y2) e C(x3, y3) x=t+1
A reta r é definida na forma paramétrica por .
estiverem alinhados: y = 2t
x=5+1=6
x1 y1 1 Para t = 5, temos .
y = 2 ⋅ 5 = 10
D= x y2 1 = 0. Logo, (6, 10) é um ponto dessa reta. Generalizando, pode-
2
Coeficiente angular
de uma reta Posições relativas de
m = tg a duas retas no plano
Dy y2 – y1 Duas retas r e s contidas no mesmo plano são paralelas ou
m = ___
= _____
Dx x2 – x1 concorrentes. Observe:
iguais (coincidentes), se r ∩ s = r
Equação da reta, conhecidos Paralelas
distintas, se r ∩ s = ∅
Forma paramétrica da
equação da reta Uma vez que P pertence às duas retas, suas coordenadas
Vimos que a equação de uma reta pode aparecer nas for- devem satisfazer, simultaneamente, as equações dessas
mas geral, reduzida e segmentária. duas retas.
Além delas há mais uma, conhecida como forma paramétri- Para determiná-las, basta resolver o sistema formado pelas
ca. Nela, as coordenadas x e y dos pontos da reta são dadas equações das duas retas.
389
Para u agudo:
Nota m – m2
tg u = ________
1
|1 + m1m2|
Pela resolução de sistemas é possível verificar a posição
relativa de duas retas de um mesmo plano. § Se r e s forem paralelas, m1 = m2 e u = 0º.
§ Sistema possível e determinado (um único § Se r e s forem perpendiculares, m1 . m2 = –1 e u = 90º.
ponto comum): retas concorrentes; § Se uma das retas for vertical:
§ Sistema possível e indeterminado (infinitos
pontos comuns): retas coincidentes; e
§ Sistema impossível (nenhum ponto comum):
retas paralelas distintas.
x1 y1 1
da qual D = x2 y2 1
x3 y3 1
CIRCUNFERÊNCIA
390
Posições relativas de um ponto e uma circunferência
§ d(P, C) = r ⇔ (x1 – a)2 + (y1 – b)2 = r2 ⇔ (x1 – a)2 + (y1 – b)2 – r2 = 0 ⇔ P ∈ λ
§ d(P, C) < r ⇔ (x1 – a)2 + (y1 – b)2 < r2 ⇔ (x1 – a)2 + (y1 – b)2 – r2 < 0 ⇔ P é interno a λ
§ d(P, C) > r ⇔ (x1 – a)2 + (y1 – b)2 > r2 ⇔ (x1 – a)2 + (y1 – b)2 – r2 > 0 ⇔ P é externo a λ
Posições relativas de
Nesse caso, a distância do centro da circunferência à reta duas circunferências
é menor que o raio.
1. Dois pontos comuns:
A reta e a circunferência têm dois pontos comuns.
Secantes
2. Um ponto comum:
Tangentes exteriores
d(C1 , C2) = r1 + r2
391
Tangentes interiores
ou
ELIPSE
A elipse, portanto, é o lugar geométrico dos pontos de um plano, tal que a soma de suas distâncias a dois pontos fixos,
denominados focos F1 e F2, seja constante, igual à 2a e maior que a distância entre os focos (2a > 2c).
Na figura temos:
§ F1 e F2, focos da elipse, cuja distância entre eles é a distância focal (2c);
——
§ A
1A2, eixo maior da elipse, cuja medida é a soma que consta da definição (2a);
——
§ B 1B2, eixo menor da elipse, cuja medida é 2b;
—— —— ——
§ o centro da elipse (intersecção dos eixos da elipse e ponto médio de F 1F2, A
1A2 e B 1B2) ; e
§ o número e = __a c , chamado excentricidade da elipse (0 < e < 1).
392
Equação da elipse
2
y
x2 + __
2
__ 2 = 1
a b
——
1. F 1F2 é paralelo ao eixo x, a = OA1, b = OB1 e a > b.
(x – x0)2 ______
______ (y – y0)2
2
+ 2
=1
a b
——
2. F 1F2 é paralelo ao eixo y, a = OA1, b = OB1 e a > b.
A1
F1
B1 B2
O (X0, Y0)
F2
A2
(x – x0)2 ______
______ (y – y0)2
2
+ 2
=1
b a
393
U.T.I. - Sala 3. (PUC-RJ) Sejam os pontos A =(0, 0) e B =(3, 4).
a) Qual é a distância entre A e B?
1. (UNICAMP) Seja dada a reta x – 3y + 6 = 0 no plano b) Sabemos que a área do triângulo ABC é igual a 4 e
xy. que o vértice C pertence à reta de equação x + y = 2.
Determine o ponto C.
a) Se P é um ponto qualquer desse plano, quantas
retas do plano passam por P e formam um ângulo de 4. (UNIFESP) Na figura, as retas r, s e t estão em um
45º com a reta dada acima? mesmo plano cartesiano. Sabe-se que r e t passam pela
b) Para o ponto P com coordenadas (2,5), determine origem desse sistema, e que PQRS é um trapézio.
as equações das retas mencionadas no item (a). y
r s
Q t
2. (UNESP) Determine as equações das retas que for- 7
P
mam um ângulo__ de 135º com o eixo dos x e estão à
distância √
2 do ponto (–4, 3). R
3,5 S
y
√2
√2 x
(-4, 3) 0 3,5 8
U.T.I. - E.O. P
B) Qual é a razão entre o volume das três bolas e o a) Considere o quadrilátero T com vértices em (0,0), P,
volume da lata? Q e (a, 0). Para a = 2, verifique que a área de T é igual
ao quadrado da distância de P a Q.
b) Seja r a reta que passa pela origem e é ortogonal à
reta que passa por P e Q. Determine o valor de a para
o qual o ponto de intersecção da reta r com o gráfico
da função f tem ordenada y = a/2.
394
a) Determine a equação da reta r que passa pelo pon- 10. (PUC-RJ) Considere o quadrado ABCD como na figura.
to M (ponto médio de AC) e pelo ponto P = (1,1), Assuma que A = (5, 12) e B = (13, 6).
justificando sua resposta.
D
b) Determine a medida do lado do quadrado ABCD,
justificando sua resposta.
c) Aumentando em 50 por cento o comprimento dos
lados do quadrado ABCD, em que porcentagem a
área da nova figura será aumentada em relação à A C
área do quadrado original? Justifique sua resposta.
O P O B x
x
a) expresse as coordenadas dos pontos P, Q e R em a) Determine as coordenadas do ponto C em função
termos dos coeficientes a e b. de a.
b) determine a, b e c sabendo que a área do triângulo b) Supondo, agora, que a = 3, determine as coorde-
POR é o dobro da área do triângulo ORQ e que o nadas do ponto A e a equação da circunferência com
triângulo OPQ tem área 1. centro em A e tangente ao eixo x.
395
14. (UNICAMP) Um círculo de raio 2 foi apoiado sobre as 15. (UFAM-Adaptada) Dê a equação que melhor repre-
retas y = 2x e y = – __x, conforme mostra a figura abaixo. senta o gráfico da elipse abaixo.
2
y y
-2 2
C x
-3
396