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Resumo: Esta pesquisa tem como tema a Língua Brasileira de Sinais (Libras) presente na Educação
Infantil. Tem-se como objetivo geral investigar os benefícios que a inserção da Língua Brasileira de
Sinais, ainda na Educação Infantil, pode trazer para a inclusão socioeducacional dos surdos. Para tal,
utilizou-se como metodologia uma pesquisa bibliográfica, realizada por meio de uma revisão sistemática
da literatura feito no Portal Google Acadêmico. Fez-se uso dos descritores “Libras” e “Educação Infantil”,
selecionando textos mais atuais e que se enquadravam na temática e no objetivo desta pesquisa.
Selecionou-se oito textos, sendo quatro deles de 2021. Após a leitura e análise desses textos, chegou-se
à conclusão de que a Libras, na Educação Infantil, é um direito de todos (ouvintes e surdos). Sua
inserção no meio escolar diminui diferenças e promove a inclusão educacional, consequentemente, o
respeito com a língua dessa classe minoritária, que é a Comunidade Surda.
Abstract: this research has as its theme the Brazilian Sign Language (BSL) present in early childhood
education. the general objective is to investigate the benefits that the inclusion of Brazilian Sign Language,
even in early childhood education, can bring to the socio-educational inclusion of the deaf. to this end, a
bibliographic research was used as a methodology, carried out through a systematic literature review
carried out on the academic google portal. the descriptors “libras” and “Educação Infantil” were used,
selecting the most current texts that fit the theme and objective of this research. eight texts were selected,
four of them from 2021. after reading and analyzing these texts, it was concluded that libras, in early
childhood education, is a right for everyone (hearing and deaf). their inclusion in the school environment
reduces differences and promotes educational inclusion, consequently, respect for the language of this
minority class, which is the deaf community.
1 INTRODUÇÃO
A Língua Brasileira de Sinais (Libras) é reconhecida por lei como a língua oficial
da comunidade surda. Por isso, os alunos surdos têm o direito de ter um intérprete
dentro de sala de aula fazendo a tradução/interpretação o tempo todo. Para além disso,
1
Mestra em Educação Profissional Tecnológica pelo Instituto Federal Goiano (IFGOIANO, 2019),
Graduada em Letras (UEG, 2006) e Pedagogia (ALFAMÉRICA, 2020), pós-graduada em: Educação
Especial (APOGEU, 2010); Psicopedagogia Clínico e Institucional (UNINTER, 2017); Educação a
Distância (ALFAMÉRICA, 2020) e Português Jurídico (ALFAMÉRICA, 2020). Formou-se como Intérprete
de LIBRAS pela Associação de Surdos de Goiânia (ASG, 2011). Atua como professora universitária em
instituições de ensino superior privadas na cidade de Caldas Novas/GO. E-mail:
rosangelalopes@atca.com.br
2
filtramos apenas artigos científicos mais atuais e que se enquadravam mais na temática
aqui debatida.
A metodologia estabelecida para a análise e discussão dos dados embasou-se
na Análise de Conteúdo de Bardin (2016). Sendo realizada em três etapas principais: a)
selecionar a amostra do material para a análise; b) estabelecer a unidade de análise, c)
determinar as categorias de análises, d) analisar e comparar as categorias de cada
texto. Também foram utilizados os principais itens para relatar Revisões Sistemáticas
de Moher et al. (2015). Tais recomendações são do PRISMA (Principais Itens para
Relatar Revisões sistemáticas e Meta-análises) e o organograma e quadros
construídos, na seção posterior, foram produzidos com base nos 27 itens sugeridos
neste documento.
16.800 Descritores
14.801
Recorte Temporal
2001 a 2021
135
Relevância
Português
Artigos Completos
26
Título
Resumo
Temática
Capítulo de Karnopp e
1 Educação Infantil para Surdos 2001
livro Quadros
Prática bilíngue na Educação Infantil: Libras e
2 Klein 2012
Português - reflexões de uma prática Anais
O Ensino da Língua Brasileira de Sinais na Educação
Marques,
Infantil para crianças ouvintes e surdas:
3 Rev. Bras. Ed. Barroco e 2013
considerações com base na Psicologia Histórico-
Esp Silva
Cultural
Formação de Docentes de Libras para a Educação
Revista
4 Infantil e séries iniciais: a pedagogia numa Leite 2016
Diálogos
perspectiva bilíngue
Revista
Fonseca e
5 Aquisição de Libras na Educação Infantil Faculdade 2021
Araújo
FAMEN
Revista de
O Desenvolvimento do Ensino e aprendizagem da Estudos em
6 Máximo 2021
Libras para Crianças Surdas de 4 a 5 Anos Educação -
REEDUC
A importância do ensino da Língua Brasileira de Brazilian
Azevedo e
7 Sinais - (LIBRAS) para educação infantil e formação Journal of 2021
Alencar
dos professores das séries iniciais Development
IPL -
O ensino da Língua Brasileira de Sinais na Educação Repositório Ramos e
8 2021
Infantil: caminhos para o uso e difusão Politécnico de Alves
Lisboa
Fonte: Organizado pela Autora (2021).
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Sigla referente a expressão “Child of deaf adult” refere-se a uma pessoa que foi criada por um ou mais
pais ou responsáveis surdos.
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aprendizagem ganhe mais respaldo e tragam novas ideias para esses alunos que
necessitam de inclusão” (MÁXIMO, 2021, p. 224).
O sétimo texto do Quadro 1, também aborda questões relacionadas à formação dos
professores para trabalhar com alunos surdos na Educação Infantil. Azevedo e Alencar
(2021) relatam que “Hoje dentro das escolas muitos professores por não serem
capacitados para atender as especificidades dos alunos surdos, passam a ignorá-lo” (p.
5658). Mesmo com a presença do intérprete é que preciso que o professor tenha um
conhecimento amplo sobre a pessoa dos surdos, sua cultura, sua identidade e sua
língua para atendê-lo de maneira adequada e legal.
A sociedade atual, para os autores supracitados, não valoriza as classes
minoritárias (no caso, os surdos), e com isso, surgem as desigualdades e os
preconceitos. E para mitigar esses resquícios de uma história de sofrimento, que a
Comunidade Surda, vem suportando é preciso que se ofereça uma educação de
qualidade, com direitos de aprendizagem iguais.
Ramos e Alves (2021), o último texto do Quadro 1, realizou uma pesquisa, na
rede municipal de educação de São Gonçalo/RJ. Motivados pela professora/intérprete
da Sala de Recursos Multifuncionais, os autores selecionaram os alunos de 04 e 05
anos que estavam matriculadas no Pré-Escolar I e II. A ideia foi realizar um trabalho de
ensino de Libras, como segunda língua, para crianças ouvintes.
Os pesquisadores partiram do pressuposto de que as crianças ouvintes não
possuem garantido o direito de serem bilíngues e comunicarem-se com as pessoas
surdas. Com isso, inseriram uma (1) hora de aula semanal de Libras (totalmente
sinalizada) para essa turma de 15 alunos. Para isso, utilizaram atividades lúdicas,
narrativas e contação de histórias.
Ao final desse projeto, foi proposta uma feira de alimentação. Nela os alunos
simulavam a venda de alimentos para as outras crianças, e na oportunidade,
ensinávamos os sinais dos alimentos em Libras. Compreendemos com essa pesquisa
que há a necessidade de se repensar as práticas pedagógicas utilizadas em sala para
promover a inclusão. Nesse contexto, elas devem objetivar a construção de uma
sociedade que não seja exclusivamente ouvinte.
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3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Podemos dizer que a temática da Libras não seja mais novidade, ainda mais se
levarmos em consideração o ano de seu reconhecimento, em âmbito nacional.
Entretanto, no meio educacional, parece haver ainda certa resistência das escolas e
docentes em compreender que se trata da segunda língua brasileira e não apenas um
código linguístico utilizado por pessoas surdas.
Inicialmente levantamos a hipótese de que a temática da Libras na Educação
Infantil não seria muito discutida no meio acadêmico-científico e que haveria uma
carência na literatura, nessa área. Não localizamos tal “carência”, ao contrário disso,
encontramos uma quantidade substancial de textos que abordam essa temática e
outras correlatas a ela. Compreendemos, portanto, que a ausência da Libras nas
escolas infantis não está necessariamente ligada à falta de literatura e pesquisas a
respeito.
Outra hipótese levantada foi a de que encontraríamos, no levantamento da
literatura, textos defensores do uso da língua ainda na infância. Essa hipótese foi
confirmada, todos os textos lidos, defendiam que as crianças surdas deveriam ser
apresentadas à Libras, ainda na infância, e que essa língua deveria ser ofertada de
modo mais efetivo nas escolas.
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4 REFERÊNCIAS
KARNOPP, Lodenir; QUADROS, Ronice Muller de. Educação Infantil para Surdos, In:
ROMAN, Eurilda Dias; STEYER, Vivian Edite. (Orgs.). A criança de 0 a 6 anos e a
Educação Infantil: um retrato multifacetado. Canos, 2001, p. 214-230.
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MARQUES, Hivi de Castro Ruiz; BARROCO, Sonia Mari Shima; SILVA, Tânia dos
Santos Alvarez da. O Ensino da Língua Brasileira de Sinais na Educação Infantil para
crianças ouvintes e surdas: considerações com base na Psicologia Histórico-Cultural.
Rev. Bras. Ed. Esp., Marília, v. 19, n. 4, p. 503-518, Out.-Dez., 2013.
MOHER, D.; LIBERATI, A.; TETZLAFF, J.; ALTMAN, D. G. The PRISMA Group.
Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses: The PRISMA
Statement. Epidemiol. Serv. Saúde, Brasília, 24(2): abr-jun 2015.
RAMOS, Alex Sandro Lins; ALVES, Marli de Souza. O ensino da Língua Brasileira de
Sinais na Educação Infantil: caminhos para o uso e difusão. 2021. Disponível em:
https://repositorio.ipl.pt/handle/10400.21/13129. Acesso em: 20 mai. 2021.