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COLÉGIO ESTADUAL DE PLANALTO

ÁREA: LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS


DISCIPLINA: LÍNGUA PORTUGUESA SÉRIE: 3º ANO DATA: ____/____/____
TURNO TURMA UNIDADE
( ) MATUTINO ( )A ( ) SEDE
( ) VESPERTINO ( )B ( ) LUCAIA
Professor: JERFFSON ANDRADE
ALUNO/ALUNA:____________________________________________________________

Concordância verbal

Como já estudamos anteriormente, a concordância diz respeito à conformidade de palavras que mantêm
relações entre si.
As palavras que acompanham um substantivo ou substituem-no ficam no mesmo gênero e no mesmo
número que ele (normalmente, são artigos, adjetivos, numerais e pronomes).

Por exemplo: As palavras que acompanham um substantivo ou substituem-no, ficam no mesmo


gênero e no mesmo número que ele (normalmente, são artigos, adjetivos, numerais e pronomes); (as
palavras em azul concordam com as em negrito)
A concordância nominal trata da adequada variação em gênero e número dos determinantes
(artigos, adjetivos, numerais e pronomes) com o substantivo, pois tais classes dependem dele e
relacionam-se com ele!

Na concordância verbal, o conceito de concordância se mantém. O que ocorre nesse caso é a relação
entre o verbo e o sujeito.
Note, por exemplo, o primeiro período deste parágrafo anterior: “Na concordância verbal, o conceito de
concordância se mantém”. Imagine se ele estivesse escrito assim: “Na concordância verbal, o conceito de
concordância se mantêm, ...”
E aí? Alguma diferença?
É claro que sim! Sutil, mas sim, há diferença!
Nessa reescritura, o sujeito o conceito de concordância está na 3ª pessoa do singular, e o verbo
mantêm está na 3ª pessoa do plural. Por isso, não há concordância, pois o verbo deve concordar com
o sujeito, ficando na mesma pessoa e no mesmo número!

Imagine o seguinte período. Leia-o com atenção:


De todos os povos mais plurais culturalmente, o Brasil, mesmo diante de opiniões contrárias, as quais
insistem em desmentir que nosso país é cheio de “brasis” – digamos assim –, ganham disparado dos
outros, pois houve influências de todos os povos aqui: europeus, asiáticos e africanos.
Sublinhe os verbos e procure os sujeitos depois.
Partindo do pressuposto de que o verbo deve concordar com o sujeito, ficando na mesma pessoa e no
mesmo número, todos os verbos estão empregados corretamente?
De acordo com a concordância formal, o período acima deveria ficar
assim: De todos os povos mais plurais culturalmente, o Brasil, mesmo diante de opiniões contrárias, as
quais insistem em desmentir que nosso país é cheio de “brasis” – digamos assim –, ganha disparado dos
outros, pois houve influências de todos os povos aqui: europeus, asiáticos e africanos.
Verbo no singular, pois sujeito no singular.

Concordância verbal atrativa


Em certos casos, o verbo pode concordar com o termo mais próximo do sujeito. Dizemos que, nesses casos, há
uma concordância verbal atrativa. Veja:
– Conquistou o aluno e a aluna a tão sonhada vaga de Analista Judiciário.
É óbvio que o verbo poderia concordar com os dois núcleos do sujeito composto:
– Conquistaram o aluno e a aluna a tão sonhada vaga de Analista Judiciário.
Em outros casos, o verbo concorda com um sujeito implícito tendo como referente um ou mais termos.

Leia este texto (sujeito em azul, verbo em negrito):


Caberia aos cidadãos do Brasil, cujas leis são muitas vezes negligenciadas por eles mesmos, o direito de
reclamar. É por isso que deve ser levado a sério, pois quanto mais reclamações, maior possibilidade de se
corrigirem problemas.
“O que deve ser levado a sério?” Resposta: “o direito de reclamar”. Note que o sujeito de deve ser levado
está implícito; como ele está na 3ª pessoa do singular, o verbo fica igualmente na 3ª pessoa do singular.
Concordância Verbal com o Sujeito Simples

Toda vez que você quiser saber se o verbo está concordando em número e pessoa com o sujeito, busque
o verbo da oração. Depois de encontrado, procure o núcleo do sujeito. Em regra geral, o verbo
concorda com o núcleo do sujeito.
Os jogadores de futebol ganham um salário exorbitante.
Por que o verbo (ganham) está no plural? Porque o núcleo do sujeito simples (jogadores) está no plural.
Quem ganha um salário exorbitante? Os jogadores de futebol. Logo, eles ganham.

Como você pôde perceber, A ordem da direta da frase em português é sujeito + verbo + complemento
(objeto) (SVO). Muitas vezes, porém, é feita a inversão da ordem dos termos.
DICA PRECIOSA: sublinhe primeiramente o verbo da oração (veja qual é a pessoa e número dele); depois
disso, leia a oração e faça a pergunta “O que é que/Quem é que...?” ao verbo, a fim de achar o sujeito;
depois de achá-lo, veja se seu núcleo está na mesma pessoa e número do verbo. Se sim, houve
concordância.
Veja uma oração com inversão de termos:
No começo da semana, foi publicado, para o preenchimento de vagas no Ministério Público do Estado do
Rio de Janeiro (MPE-RJ) – cuja procura por parte dos candidatos é grande –, o tão aguardado edital.
Percebeu que o sujeito está bem depois do verbo? Colocando na ordem direta, fica mais fácil de
“enxergar”: O tão aguardado edital foi publicado no começo da semana ...

Vamos às regras agora.

1) O núcleo do sujeito é uma palavra de sentido coletivo.


O verbo fica no singular.
– A multidão gritou entusiasticamente o nome do jogador.
– O grupo, ontem à noite, decidiu que iria ao congresso.

Cuidado!!!
1.1) Coletivo especificado ou partitivo: a metade de, a maior parte de, a maioria de, uma porção de,
uma parte de, uma turba de, o resto de, um grupo de, um bando de, a metade de, o grosso de, um
grande número de, um bom número de... (verbo no singular, concordando com o núcleo do sujeito, ou
verbo no plural, concordando com o núcleo do adjunto).
– A multidão de torcedores gritou entusiasticamente.
– A multidão de torcedores gritaram entusiasticamente.

O gramático Cegalla recomenda que, se este tipo de sujeito vier deslocado, o verbo ficará no singular,
concordando com o núcleo:
– Gritou entusiasticamente a multidão de torcedores.

2) Sujeitos formados por milhão, bilhão, trilhão etc. seguem o mesmo modelo acima:
– Mais de um milhão de mulheres foi às ruas a fim de protestar contra o abuso sexual.
– Mais de um milhão de mulheres foram às ruas a fim de protestar contra o abuso sexual.

3) O sujeito é o pronome relativo que.


Neste caso, o verbo posterior ao pronome relativo (com função de sujeito!) concorda com o antecedente
do relativo.
– Depois de participar da promoção, presentearam a mim, que nunca ganhei um “par ou ímpar”.
– Quais são os limites do Brasil continental que se situam mais próximos e mais distantes do Meridiano?
Cuidado!!!
3.1) Se houver pronome pessoal reto seguido de outra palavra antes do pronome relativo, o verbo após o
relativo concordará com o pronome reto ou com a outra palavra.
No entanto, a maioria dos gramáticos enfatiza que, neste caso, o verbo fica na 3a pessoa.
– Não seremos nós os que, depois de tudo, mentiremos/mentirão.
3.2) Se houver dois substantivos antes do pronome relativo, pode o pronome concordar com um dos
dois, desde que o sentido da frase esteja claro.
– O resultado das pesquisas que se apurou/se apuraram provocou polêmica.
3.3) Com a expressão um(a) dos(as) + substantivo/pronome vindo antes do pronome relativo que,
o verbo pode concordar com um(a) ou com o substantivo/pronome.
– Aquela aluna é uma das pessoas que precisava/precisavam de ajuda.
Se o sentido da frase exigir que o verbo após o relativo fique no singular, só haverá esta possibilidade de
concordância:
– Santos Dumont foi um dos brasileiros que inventou o avião. (Só ele inventou.)
4) O sujeito é o pronome indefinido quem.
Por via de regra, o verbo fica na 3ª pessoa do singular concordando com quem.
– Fomos nós quem resolveu a questão.

Obs.: Se no lugar do pronome reto vier outra palavra, o verbo vai concordar obrigatoriamente com
quem: Foram os rapazes da Jovem Guarda quem fez sucesso.
Pode concordar com o pronome reto antecedente também, por razões de ênfase: Fomos nós quem
resolvemos a questão.

5) O sujeito é um pronome interrogativo, demonstrativo ou indefinido no plural + de nós/de


vós.
O verbo pode concordar com o pronome no plural (interrogativo, demonstrativo ou indefinido) ou com
nós/vós.
– Quais de vós me ajudarão? / Quais de vós me ajudareis?
– Aqueles de nós se expressam bem. / Aqueles de nós nos expressamos bem.
– Alguns de nós resolviam essas questões. / Alguns de nós resolvíamos essas questões.
Obs.: Com os pronomes interrogativos ou indefinidos no singular, o verbo concorda com eles em pessoa
e número: Qual de vós me ajudará agora?

6) O sujeito é formado de palavras pluralizadas, normalmente topônimos, como: Amazonas,


Alpes, Andes, Alagoas, Campinas, Campos, Buenos Aires, Emirados Árabes Unidos, Filipinas,
Marrocos, Minas Gerais, Montes Claros, Patos, Vassouras, etc.
Se o sujeito vier antecedido de artigo no plural, o verbo ficará no plural. Se o sujeito não vier antecedido
de artigo (ou de artigo no plural), o verbo ficará no singular.
– Os Estados Unidos continuam sendo a maior potência mundial.
– Santos fica em São Paulo.
– O Marrocos foi dominado pelos árabes no século VIII.
– Férias faz bem à saúde.
– Vozes verbais diz respeito, basicamente, a três formas diferentes do verbo.
– As vozes verbais são tradicionalmente divididas em ativa, passiva e reflexiva.

Obs.: Há muita polêmica em torno deste caso, mas, de um modo geral, quando o sujeito apresenta
nome de obra artística pluralizada (livros, filmes...), o verbo pode ficar no singular ou no plural,
quando antecedida de artigo no plural (Os Sertões, Os Maias, Os pastores da noite, etc.):
– Os Lusíadas imortalizou/imortalizaram Camões.
– Velozes e Furiosos marcou o cinema relativo a carros.

7) O sujeito é formado pelas expressões mais de um, cerca de, perto de, menos de, coisa de,
obra de etc.
O verbo concorda com o numeral.
– Mais de um aluno não compareceu à aula.
– Mais de cinco alunos não compareceram à aula.

Obs.: A expressão mais de um tem particularidades: se a frase indicar reciprocidade (pronome reflexivo
recíproco se), se houver coletivo especificado ou se a expressão vier repetida, o verbo fica no plural:
– Mais de um irmão se abraçaram.
– Mais de um grupo de crianças veio/vieram à festa na praia.
– Mais de um aluno, mais de um professor estavam presentes.

8) Sujeito formado de número percentual ou fracionário.


O verbo concorda com o numerador (o número antes da barra da fração) ou com o número inteiro (o
número antes da vírgula na porcentagem), mas pode concordar com o especificador dele. Se o numeral
vier precedido de determinante, o verbo concordará apenas com o numeral.
– Apenas 1/3 das pessoas do mundo sabe o que é viver bem.
– Apenas 1/3 das pessoas do mundo sabem o que é viver bem.
– Apenas 30% do povo sabem o que é viver bem.
– Apenas 30% do povo sabe o que é viver bem.
– Os 30% da população não sabem o que é viver mal.
Obs.: Note que, no primeiro exemplo, o verbo concordou com o 1 de 1/3, o mesmo ocorre com 0 em “Só
0,9% das pessoas sabe o que significa „lóxia‟.”.

9) Os verbos bater, dar e soar concordam com o número de horas ou vezes (sujeito), exceto se
o sujeito for a palavra relógio, sino, carrilhão...
– Deram duas horas e ela não chegou. (Duas horas deram...)
– Bateu o sino duas vezes. (O sino bateu...)
– Soaram dez badaladas no relógio da escola. (Dez badaladas soaram...)
– Soou dez badaladas o relógio da escola. (O relógio da escola soou dez badaladas.)

10) Sujeito em voz passiva sintética.


O verbo concorda com o sujeito paciente. Passe sempre para a voz passiva analítica para “enxergar” o
sujeito mais facilmente.
– Vendem-se casas de veraneio aqui. (Casas de veraneio são vendidas aqui.)
– Nunca se viu, em parte alguma, pessoa tão interessada. (Pessoa tão interessada nunca foi vista em
parte alguma.)

11) O sujeito é um pronome de tratamento.


O verbo fica sempre na 3ª pessoa do singular ou do plural, concordando em número com o sujeito.
– Por que Vossa Majestade está tão preocupada com sua imagem hoje?
– Suas Excelências precisam parar de colocar “panos quentes” no julgamento.

Concordância Verbal com o Sujeito Composto

Vamos às regras agora.

Se o sujeito é composto, o verbo concorda em número e pessoa com os núcleos do sujeito.


A Copa do Mundo e as Olimpíadas beneficiaram muito o Brasil em 2014 e em 2016?

12) Por concordância atrativa, o verbo pode concordar com o núcleo mais próximo do sujeito composto
posposto ao verbo. Pode também concordar com os dois núcleos. Se, porventura, o verbo vier
acompanhado de pronome reflexivo recíproco, aí o verbo fica obrigatoriamente no plural.
– Vai trazer benefícios, em 2014 e em 2016, a Copa do Mundo e as Olimpíadas.
– Vão trazer benefícios, em 2014 e em 2016, a Copa do Mundo e as Olimpíadas.
– Vão cumprimentar-se, em 2014 e em 2016, alguma autoridade brasileira e alguma autoridade
estrangeira, em virtude dos jogos a serem realizados aqui.

13) Núcleos do sujeito constituídos de pessoas gramaticais diferentes.


Para haver concordância adequada, segue-se a ordem de prioridade: a 1ª pessoa prevalece sobre a 2ª,
que prevalece sobre a 3ª.
– Eu e ele (= Nós) nos tornaremos pessoas melhores depois desses ensinamentos.
– Tu e ele (= Vós) vos tornareis pessoas melhores depois desses ensinamentos.
Cuidado!!!
13.1) No segundo exemplo, também é aceita a concordância do verbo com a terceira pessoa.
– Tu e ele (= Vocês) se tornarão pessoas melhores depois desses ensinamentos.
13.2) Se o sujeito estiver posposto, permite-se também a concordância por atração com o
núcleo mais próximo do verbo.
– Tornar-me-ei eu e meus amigos pessoas melhores depois desses ensinamentos.
13.3) No sujeito posposto, quando ocorre ideia de reciprocidade, a concordância é feita obrigatoriamente
no plural, concordando com ambos os termos do sujeito.
– Abraçaram-se o professor e ele.

14) Núcleos do sujeito ligados pela preposição com.


O verbo fica no plural, mas, se a expressão iniciada por com estiver entre vírgulas, o verbo concordará
com o primeiro sujeito.
– O ministro com seus assessores chegaram ontem de uma exaustiva viagem.
– O ministro, com seus assessores, chegou ontem de uma exaustiva viagem.

15) Núcleos do sujeito acompanhados da palavra cada ou nenhum.


O verbo fica no singular.
– Cada jogador, cada time, cada um deve manter o espírito esportivo.
– Nenhum diretor, nenhum coordenador, nenhum professor agrediria um aluno.

16) Os núcleos do sujeito são sinônimos e estão no singular.


O verbo pode ficar no singular ou no plural.
– A angústia e a ansiedade não o ajudava a se concentrar.
– A angústia e a ansiedade não o ajudavam a se concentrar.
17) Os núcleos do sujeito são sinônimos, o verbo fica no plural:
A ansiedade e a despreocupação andam lado a lado em um homem.

18) Gradação entre os núcleos do sujeito.


O verbo fica no singular ou no plural.
– Seu cheiro, seu olhar, seu toque bastou para me seduzir.
– Seu cheiro, seu olhar, seu toque bastaram para me seduzir.

18.1) Se, depois da gradação, vier um termo resumitivo, com ele o verbo concordará:
Seu cheiro, seu olhar, seu toque, tudo isso bastou para me seduzir.
Se vier um nome plural na gradação, o verbo ficará no plural:
Seu cheiro, seu olhar, seus toques bastaram para me seduzir.

19) Núcleos do sujeito no infinitivo.


O verbo fica no singular.
– Andar e nadar faz bem à saúde.
– Ver-te e não te querer é improvável, é impossível. (Skank – adaptado)

19.1) Se os infinitivos vierem determinados ou se forem antônimos, o verbo ficará no plural:


O andar e o nadar fazem bem à saúde. / Rir e chorar se alternam no ser humano.

20) Núcleos do sujeito resumidos por um aposto resumitivo (nada, tudo, ninguém...).
O verbo fica no singular.
– Os pedidos, as súplicas, o desespero, nada disso o comoveu.
Obs.: Cuidado com a concordância, que pode não ser com o termo resumitivo, mas com o que vem
depois do verbo: Os pedidos, as súplicas, o desespero, nada disso exigiam de seus servos os amos.

21) Sujeito constituído pelas expressões um e outro, nem um nem outro.


O verbo fica no singular ou no plural.
– Um e outro já veio/vieram aqui.
– Nem um nem outro já veio/vieram aqui.

Cuidado!!!
21.1) Ao indicar reciprocidade, é obrigatório o verbo no plural.
– Nem um nem outro se abraçaram aqui.
21.2) Se o sujeito for constituído pela expressão um ou outro, o verbo fica no singular.
– Uma ou outra conseguirá uma boa classificação.

22) Núcleos do sujeito ligados por nem... nem...


Verbo preferencialmente no plural.
– Nem a televisão nem a internet desviarão meu foco nos estudos.
– Nem você nem ninguém conseguirão desmotivar-me a ponto de eu desistir.

Cuidado!!!
22.1) Quando o sujeito está posposto ao verbo, há preferência pelo singular: “Não lhes faltava talento
nem disposição.”.
22.2) Quando “nem... nem” tem valor de exclusão, o verbo fica no singular: “Nem você nem ele será o
novo representante da classe.”.
22.3) Com pronomes retos, segue-se a lei da primazia: “Nem eu nem ela seremos condenados, por
falta de prova.”.

23) Núcleos do sujeito ligados por ou.


Se o ou indicar exclusão, retificação, sinonímia, o verbo concordará com o núcleo mais próximo. Se
indicar inclusão/adição, o verbo ficará no plural (neste caso, o singular não é proibido, segundo Cegalla e
Bechara).
– O Vasco ou o Corinthians ganhará o campeonato este ano. (exclusão)
– O Botafogo ou o Flamengo é pentacampeão brasileiro. (retificação)
– O Flamengo ou Mengão sempre morará em meu coração. (sinonímia)
– O Atlético-MG ou o Flamengo têm grande chance de conquistar o campeonato este ano.
(inclusão/adição)

23.1) Quando a conjunção ou liga termos antônimos, o verbo fica no plural: “O amor ou o ódio
exacerbados não fazem bem à saúde.”.
24) Entre os núcleos do sujeito aparecem as palavras como, menos, inclusive, exceto ou as
expressões bem como, assim como, tanto quanto (geralmente entre vírgulas).
A preferência é a concordância com o primeiro elemento do sujeito composto.
– Vocês, assim como eu, gostam/gostamos muito de Português.

25) Núcleos do sujeito ligados pelas séries correlativas aditivas enfáticas


(tanto...quanto/como/assim como; não só... mas também etc.)
O verbo concorda com o mais próximo ou com ambos. Há preferência pelo plural entre os gramáticos.
– Tanto Dilma quanto Lula mantém/mantêm sua popularidade em alta.
– Não só o Lula mas também a Dilma apresenta/apresentam o mesmo discurso.

26) Quando dois ou mais adjuntos modificam um único núcleo, o verbo fica no singular
concordando com o núcleo único. Mas, se houver determinante após a conjunção, o verbo fica
no plural, pois aí o sujeito passa a ser composto.
– O preço dos combustíveis e dos alimentos aumentou.
– O preço dos alimentos e o dos combustíveis aumentaram.

Concordância Verbal do Ser

Aí, a essa altura do campeonato eu pergunto: “Quando o verbo ser não é especial?” Não poderia ser
diferente na concordância! O fato é o seguinte: ora o verbo ser concorda com o sujeito, ora com o
predicativo do sujeito.
Vejamos as regras desse verbo todo especial.

27) O verbo ser concorda com o sujeito (pronome pessoal reto).


– Nós somos unha e carne.

28) O verbo ser concorda com o sujeito (pessoa).


– Fernando Pessoa foi muitos poetas; basta conhecer seus heterônimos.
Cuidado!!!
28.1) Quando o sujeito e o predicativo forem personativos, o verbo ser poderá concordar com
um dos dois. Logo...: Fernando Pessoa foi/foram muitos poetas; basta conhecer seus
heterônimos.
28.2) Quando pessoa concorre com pronome reto, o verbo ser concorda com o pronome reto
(sujeito):
– Fernando Pestana sou eu.
– Eles são vencedores.
28.3) Se os dois termos (sujeito e predicativo) forem pronomes, a concordância será com o
que aparecer primeiro, considerando-o como sujeito da oração.
– Eu não sou tu, e tu não és eu.

29) Quando, em predicados nominais, o sujeito for representado por um dos pronomes tudo,
nada, isto, isso, aquilo ou “coisas”, o verbo ser concordará com o predicativo
(preferencialmente) ou com o sujeito.
– No início, tudo é/são flores.
– Tua Palavra sempre foi/foram as Sagradas Escrituras.
– Vestidos, sapatos e bolsas são/é assunto de mulher.

30) O verbo ser concordará com o predicativo quando o sujeito for os pronomes interrogativos
que ou quem.
– Que são anacolutos?
– Quem foram os classificados?

31) Em indicações de horas, datas, tempo, distância (predicativos), o verbo concorda com o
predicativo.
– São nove horas.
– É frio aqui.
– Seria meio-dia e meia ou seriam doze horas?
– Daqui à Cidade são só dez quilômetros.

Cuidado!!!
31.1) Em indicações de datas, são aceitas as duas concordâncias, pois subentende-se a palavra dia.
– Hoje são 4 de setembro.
– Hoje é (dia) 4 de setembro.
31.2) Indicando horas e seguido de locuções como “perto de”, “cerca de”, “mais de”, o verbo
“ser” tanto pode ficar no singular como no plural.
– Era/Eram cerca de dez horas.

32) Fica o verbo “ser” no singular quando a ele se seguem termos como muito, pouco, nada,
tudo, bastante, mais, menos, etc. junto a especificações de preço, peso, quantidade, distância,
etc. Ou seguido do pronome demonstrativo o.
– Cento e cinquenta reais é nada, perto do que irei ganhar em São Paulo.
– Cem metros é muito para uma criança.
– Duas surras será pouco para ele aprender.
– Divertimentos é o que não lhe falta naquele parque temático.

33) Na expressão expletiva é que, se o sujeito da oração não aparecer entre o verbo ser e o
que, o ser ficará invariável. Se o ser vier separado do que, o verbo concordará com o
termo não preposicionado entre eles.
– Eles é que sempre chegam atrasados.
– São eles que sempre chegam atrasados.
– São nessas horas que a gente precisa de ajuda. (construção inadequada)
– É nessas horas que a gente precisa de ajuda. (construção adequada)

Casos Especiais de Concordância Verbal

I – Concordância do Infinitivo

34) Quando o sujeito for claro.


– Nós lutaremos até vós serdes bem tratados pela sociedade.

35) Mesmo não sendo explícito o sujeito, é possível a flexão do infinitivo (favorece muitas vezes a
clareza)
– Está na hora de começarmos o trabalho. (se fosse “começar”, não haveria clareza de quem praticaria
a ação; eu?, você?, ele?)
36) Frase contendo verbos com sujeitos diferentes
– ¹Falei sobre o desejo de ²aprontarmos o site logo. (¹eu, ²nós)

Obs.:
36.1)Se o sujeito implícito do verbo no infinitivo for o mesmo do verbo da outra oração, a flexão do
infinitivo não é necessária, mas não é proibida:
“Falamos sobre o desejo de aprontar/aprontarmos o site logo.” ou “Vocês estão aqui para
resolver/resolverem meu problema?” ou “Não existiam motivos suficientes a fim de ser/serem
reprovados.”.
36.2)Se o sujeito do infinitivo estiver explícito, terá de variar: “Falamos sobre o desejo de nós
aprontarmos o site logo.” ou “Vocês estão aqui para vocês resolverem meu problema?” ou “Não havia
motivos suficientes a fim de os alunos serem reprovados.”.

37) Quando iniciarem oração com preposição (preferencialmente).


– Até me encontrarem, vocês terão de procurar muito.

38) Com verbos pronominais ou acompanhados de pronome reflexivo ou apassivador.


– Para nós nos precavermos, precisaremos de víveres.
– Eles ficaram sem se cumprimentarem durante anos.
– Por se reunirem os familiares, tudo ficou bem.

6) Verbo ser indicando tempo, concorda com o numeral.


– Visto serem dez horas, deixei o local.

39) Querendo-se indeterminar o sujeito (3ª pessoa do plural).


– Estudo para não me considerarem um inútil.

40) Infinitivo pessoal composto: locução verbal formada por verbo auxiliar ter ou haver no infinitivo
pessoal simples + o principal no particípio, indicando ação passada em relação ao momento da fala;
segue as mesmas regras acima.
– Para vocês terem adquirido este conhecimento todo, precisou de muito estudo?
II - Falemos agora sobre os casos de não flexão do infinitivo (infinitivo não flexionado):

41) Nas locuções verbais (como auxiliar ou principal):


– Devo continuar trabalhando neste projeto.
– Elas não poderiam ter feito isso comigo.
– Tornou a discutir devaneios e vãs filosofias.
– Acabou de passar na prova.

41.1) Cuidado com o infinitivo que faz parte de uma locução verbal, mas vem distante do auxiliar ou este
está subentendido, é incrivelmente facultativo:
“Poderemos, depois das lutas acirradas, vencidas duramente, cantar/cantarmos vitória.”.

42) Quando o sujeito do infinitivo é um pronome oblíquo átono ou um substantivo no singular


(normalmente com verbos causativos – mandar, deixar, fazer e sinônimos – ou sensitivos – ver, ouvir,
sentir – e sinônimos).
– Deixei-os brincar aqui.
– Deixaram-nos brincar ali.
– Deixaste o garoto brincar lá?
– A menina deixou-se ficar na janela.

42.1) Quando o sujeito do infinitivo for um substantivo no plural, pode-se usar tanto o infinitivo
flexionado quanto o infinitivo não flexionado: “Mandei os garotos sair/saírem.”.

43) Quando o infinitivo não se refere a sujeito algum, com valor genérico.
– Navegar é preciso, viver não é preciso.

44) Quando complemento de adjetivo ou substantivo, precedidos, respectivamente, de


preposição de ou para.
– São casos difíceis de solucionar.*
– Eles têm aptidão para aprender línguas estrangeiras.
* Nesta construção com a preposição de, complementando um adjetivo, ele tem valor passivo e não
admite o se antes do infinitivo. Alguns gramáticos, como Hildebrando André, dizem que este é um terceiro
caso de voz passiva: São casos difíceis de solucionar. = São
casos difíceis de serem solucionados.

45) Quando der ao infinitivo valor de imperativo.


– Soldados, recuar!
– Esquerda, volver!
– Dar descarga ao usar o vaso. Grato.

Adendo final sobre concordância do infinitivo


Veja agora alguns casos em que o infinitivo não constitui oração, segundo Bechara, ou seja, tem valor
puramente nominal, classificado como substantivo.
– Acompanhado de determinante: O andar dela continua a provocar suspiros. (núcleo do sujeito)
– Sem referência a nenhum sujeito, de modo vago: Viver é lutar. (sujeito e predicativo do sujeito) /
Amar implica sofrer. (sujeito e objeto direto)
– Dentro de locução adjetiva: Comprei uma tábua de passar. (núcleo do adjunto adnominal)
– Equivalendo a um adjetivo na construção de + infinitivo: É de esperar (esperado) que voltem logo.
(núcleo do predicativo do sujeito)
– Dentro de expressões substantivadas ou simplesmente nomeando uma ação: “Ele subiu para cima,
pai.”; “Use subir apenas, filho.”. (objeto direto)

III – Concordância do Parecer

46) Com o verbo parecer, flexiona-se ou não o infinitivo.


– Pareceu-me estarem os candidatos confiantes.
Entenda: a construção nos mostra duas orações:
1ª: Pareceu-me (verbo que exprime dúvida)
2ª: estarem os candidatos confiantes (infinitivo flexionado por apresentar sujeito próprio).
Isto é, parafraseando: Pareceu-me que os candidatos estavam confiantes.
Note que, na paráfrase acima, o verbo estar se encontra no plural. Por isso o verbo estar, no infinitivo,
fica no plural. Note também que o verbo parecer fica na 3ª pessoa do singular, pois o sujeito dele é uma
oração subordinada substantiva subjetiva. Toda vez que o sujeito de um verbo for oracional, o verbo
ficará na 3ª pessoa do singular.

46.1) Saiba também que o verbo parecer pode ser auxiliar de uma locução verbal. Nesse caso, ele varia;
o infinitivo, como verbo principal da locução, não varia.
– Eles parecem estudar bastante.

IV – Concordância dos Verbos Impessoais

47) São aqueles que não possuem sujeito (oração sem sujeito). Ficarão sempre na 3ª pessoa do singular.
O “campeão” em aparições é o verbo haver, mas há também os verbos fazer, estar, verbos que indicam
fenômenos naturais etc.
– Havia sérios problemas na cidade.
– Fazia quinze anos que ele havia parado de estudar.
– Deve haver sérios problemas na cidade.
– Vai fazer quinze anos que ele parou de estudar. (...)
– Trata-se de problemas pedagógicos, meu caro.
– Geou muitas horas no Sul.

V – Concordância do Sujeito Oracional

48) Quando o sujeito é uma oração subordinada, o verbo da oração principal fica na 3ª pessoa do
singular.
– Ainda vale a pena investir nos estudos. (O que ainda vale a pena? Investir nos estudos.)
– Quem anda em demanda com o diabo anda. (Quem com o diabo anda? Quem anda em demanda.)
– Sabe-se que dois alunos nossos passaram na prova. (O que se sabe? Que dois alunos passaram
na prova.)
– Ficou programado que sairíamos à tarde. (O que ficou programado? Que sairíamos à tarde.)
– Urge que você estude! (O que urge? Que você estude.)
– Era preciso encontrar a verdade. (O que era preciso? Encontrar a verdade.)

Cuidado!!!
48.1) Muito, mas muito, mas muito cuidado mesmo com a frase abaixo!
– Havia muitos erros e complicações que já não estavam em suas mãos resolver.
O verbo estar deve ficar na 3ª pessoa do singular porque o seu sujeito é oracional, a saber: resolver erros
e complicações. Note que uma parte do sujeito oracional (erros e complicações) é retomada pelo pronome
relativo que, o qual tem função de objeto direto. É
como se juntássemos as duas orações abaixo...:
1) Havia muitos erros e complicações.
2) Resolver erros e complicações não estava em suas mãos.
... de modo que ela ficasse assim:
– Havia muitos erros e complicações que já não estava em suas mãos resolver.

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