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Conceitos e noções preliminares

sobre Diversidade Sexual e de


Gênero.
VAMOS
COMEÇAR?
REFLEXÕES
PRELIMINARES:

O QUE É SER HOMEM? | O QUE É SER


MULHER?
Simone de
Beauvoir

“Ninguém nasce
mulher, torna-
se!”
NOÇÕES
PRELIMINARES
● Nessa aula introdutória iremos
apresentar e discutir alguns dos termos e
conceitos relativos à Diversidade Sexual
e de Gênero que serão
amplamente utilizados no decorrer da
disciplina.

● Buscaremos, então, criar um glossário para


facilitar a compreensão de determinadas
nomenclaturas e conceitos, viabilizando o
entendimento da Diversidade Sexual e de
Gênero em seu sentido amplo.
CONSIDERAÇÕES
INICIAIS
● Precisamos desconstruir certas concepções, crenças e
preconceitos culturalmente inseridos na sociedade,
proporcionando o entendimento sobre os fenômenos
sociais de construção da exclusão e de preconceitos, a
partir da democratização do conhecimento.

● A partir de agora, vamos buscar a desmistificação e o


entendimento pleno dos principais termos relativos à
população LGBTǪIA+ e a Diversidade.
Corpo, gênero e ciência: na interface
entre biologia e sociedade

● “Na busca de qualidades que possam diferenciar os sexos, especialmente na espécie humana, certos
aspectos são naturalizados por um discurso que tende a colocar sobre a biologia a responsabilidade
pelas diferenças atualmente percebidas entre o que entendemos por homem e mulher ou por masculino
e feminino, prescrevendo uma concepção do corpo fundamentalmente pautada pelas explicações
biológicas, sem que aspectos sociais, culturais e políticos sejam considerados em sua devida relevância”
(SENKEVICS; POLIDORO, 2012).

● Herdamos nos mais variados meios de relações sociais, um discurso que


naturaliza uma essência, tanto masculina quanto feminina, eterna e
universal, por consequência, inquestionável (SENKEVICS; POLIDORO,
2012 apud Kehl, 1998).
DIVERSIDADE SEXUAL E DE
GÊNERO
Inexiste uma correlação fixa e linear entre
sexo, genêro e orientação sexual. São as
infinitas formas de vivência e expressão da
sexualidade. A sexualidade humana é formada
por uma múltipla combinação de fatores
biológicos, psicológicos e sociais, e é
basicamente composta pelos seguintes elementos:
sexo biológico, orientação
sexual, identidade de gênero e
expressão de gênero.
SEXO
BIOLÓGICO
É o conjunto de informações de acordo com o
Sexo genético (cromossômico), Sexo gonodal,
Genitália Externa, Genitália Interna e Características
fisiológicas secundárias que distinguem “machos” e
“fêmeas”.

Há, também, pessoas que nascem com uma


combinação diferente destes fatores e que podem
apresentar características de ambos os sexos. Essas
pessoas são denominadas de Intersexo.
SEXO
BIOLÓGICO
Portanto, o sexo biológico pode se dividir em três
categorias:

a) Homem/macho

b) Mulher/fêmea

c)Intersexo: pessoa que naturalmente desenvolve


características biológicas e sexuais típicas de sexo
masculino e do sexo feminino.

IMPORTANTE: Não existe somente uma maneira de ser


intersexo.
SEXO
BIOLÓGICO
ATENÇÃO!

O termo hermafrodita é ofensivo!


O movimento Intersexo acredita que
“hermafrodita” é um termo antiquado e
estereotípico, rejeitando a sua aplicação.

Devemos respeitar a posição dos movimentos


políticos, visto que a forma que eles devem ser
chamados é escolha deles!
CONCEITO DE
GÊNEROPara Judith Butler (2010), existe uma “ordem
compulsória”, construída socialmente e enxergada como
natural, que exige a coerência total entre sexo, gênero e
desejo/prática que são obrigatoriamente heterossexuais.

Nesse sentido, Gênero é a construção social do sexo


anatômico demarcando que homens e mulheres são produtos
da realidade social e não decorrência da anatomia dos seus
corpos.

Ou seja, o Gênero é o discurso que leva à manutenção


da tal ordem “natural” e compulsória. É a construção social de
um gesto performativo que produz significado.
IDENTIDADE DE
GÊNERO
É a percepção íntima. A identidade de gênero traduz o
entendimento que a pessoa tem sobre ela mesma, como ela
se descreve e deseja ser reconhecida.

A Identidade de Gênero pode se dividir em:

a) Cisgênero: Concordância entre a identidade de gênero


do indivíduo e o padrão de gênero designado ao seu
sexo biológico. Pessoa não trans.
b) Transgênero: Conceito “guarda-chuva”. Engloba todas
as pessoas que não se identificam com o gênero que
lhe foi atribuído ao nascer, levando em consideração
seu sexo biológico.
IDENTIDADE DE
GÊNERO
● O que há sob o Guarda-Chuva?

a) Transexual: Pessoa que possui uma identidade


de gênero oposta àquela designada ao seu sexo
biológico.
b) Travesti: Identidade de gênero
autônoma, assumindo papéis de gênero distintos
daqueles impostos pela sociedade.
Não reivindicam a identidade
“mulher”, entretanto, devem ser
tratadas como pertencentes ao gênero feminino.
Assumir a identidade travesti significa reivindicar
uma posição política.
IDENTIDADE DE
GÊNERO
● O que há sob o Guarda-Chuva?

c) Não-binários: pessoas que não se identificam com


gêneros
binários.

Algumas possibilidades são:

Não-binário Bigê

nero: Identifica-se mutuamente com ambos os gêneros.Não-


binário Agênero: Não se identifica com nenhum estereótipo
de gênero. Rompe com as imposições da binaridade.

Gênero Fluido: Transita entre os gêneros.


INFORMAÇÕES

IMPORTANTES!
EXPRESSÃO DE
GÊNERO
É a manifestação, de forma pública e social, da
identidade de gênero. Podendo expressá-la por meio do
nome social, da vestimenta, do corte de cabelo, dos
comportamentos, da voz e/ou características corporais,
bem como através da forma como interage socialmente.

Observação: Uma das grandes lutas políticas da causa


Trans é para que as expressões de gênero parem de ser
associadas a um gênero específico.
EXPRESSÃO DE
GÊNERO ● Alguns exemplos de expressões de gênero são:
a) Androginia: Pessoa que apresenta características, traços ou
comportamentos neutros ou ambíguos entre masculino e feminino.
b) Drag Ǫueen: Homem que se traveste de mulher, com fins artísticos e de
entretenimento.
c) Drag King: Mulher que se traveste de homem com fins artísticos e de
entretenimento.
ORIENTAÇÃO
SEXUALÉ a atração emocional, afetiva e/ou sexual que uma
pessoa sente em relação à outra.

● Existem três tipos majoritários de orientação sexual:


a) Heterossexual: Pessoa que se sente atraída afetiva e/ou
sexualmente por pessoas do sexo/gênero oposto.
b) Homossexual/Homoafetivo: Pessoa que se sente
atraída afetiva e/ou sexualmente por pessoas do
mesmo sexo/gênero. (Gays e Lésbicas).
c) Bissexual: atração emocional, afetiva e/ou sexualmente
por pessoas de ambos os sexos/gêneros. Contrapõe-se
às monossexualidades. A bissexualidade é um termo
“guarda-chuva” que abriga todas as nomenclaturas não
monossexuais.
ORIENTAÇÃO
SEXUAL
O que há sob o guarda-chuva da
bissexualidade:

Algumas sexualidades não monossexuais.


● Pansexual;
● Omnissexual;
● Polissexual;
● Fluid;
● Heteroflexível;
● Homoflexível;
● Ǫueer;
● Outras possibilidades...
TEORIA DA ESCALA
KINSEY
A escala de Kinsey tenta descrever o comportamento sexual de uma pessoa ao longo do
tempo. Ela usa uma escala iniciando em 0, com o significado de um comportamento
exclusivamente heterossexual, e terminando em 6, para comportamentos exclusivamente
homossexuais. Após a realização de um estudo exaustivo sobre o comportamento sexual
humano, Kinsey percebeu que ele não poderia ser perfeitamente descrito pela dicotomia
habitual entre heterossexuais e homossexuais.
ATENÇÃO!
QUEE
R
A palavra “Ǫueer” em inglês significa “estranho” e
já foi muito empregada no sentido pejorativo e ofensivo
para pessoas LGBTǪIA+.

Atualmente, o termo é utilizado para representar as


pessoas que não se identificam com os padrões e
definições impostos pela sociedade.

Essas pessoas podem transitar entre os gêneros e


orientações sexuais, sem concordar com rótulos, ou então,
não sabem/não querem definir seu gênero/orientação
sexual.
A SIGLA
LGBTQIA+
O principal objetivo dela é unir as pessoas
que fazem parte da comunidade para que se
sintam reconhecidas e representadas.

A evolução da Sigla:

● GLS
● GLBT
● LGBT
● LGBT+

Atualmente, a sigla LGBTǪIA+ se tornou a


mais conhecida para designar a comunidade.
O Contexto Histórico Mundial
dos Direitos da População
LGBTQIA+
Prof. Gabriela Carolina
NOÇÕES
PRELIMINARES
“NENHUM DIREITO VEM SEM LUTA!”

● O objetivo desse módulo é demonstrar. de forma ampla, todo o contexto histórico mundial e
nacional
do movimento LGBTǪIA+ que levaram à conquista dos Direitos LGBTǪIA+ no Brasil.
A COLONIZAÇÃO DA SEXUALIDADE E DO
GÊNERO

● Sociólogo Peruano Aníbal Ǫuijano (2002)


● A colonialidade do poder
● A colonização se sustentou por três pilares:
● A raça, a exploração capitalista e
as classificações de gênero
A HOMOSSEXUALIDADE NA HISTÓRIA
ANTIGA
● Na história primitiva, a relação entre homens
era uma prática comum e aceita, sendo
institucionalizada pela própria cultura.

● Essas relações eram constantemente


relacionadas aos rituais, mitos e lendas das
tribos da época.

● Durante a história primitiva, as pessoas não


se preocupavam com as definições da
sexualidade, tudo fazia parte de um mesmo
patamar.

● Por outro lado, quase nada é retratado em


relação ao amor entre mulheres na história
primitiva.
O INÍCIO DA HOMOFOBIA, AS
INTITUIÇÕES RELIGIOSAS E O ESTADO
HOMOFÓBICO
● Até meados do século XIX, a história e a religião
se entrelaçaram.

● Os judeus possuíam uma forte identidade


cultural, repudiando as demais culturas e
lutando ao máximo pela manutenção de seus
usos e costumes.

● Os judeus se opunham contra qualquer tipo de


“libertinagem sexual”.

● As concepções homofóbicas ganharam força


quando os reis e imperadores passaram a se
aliar ao cristianismo.

● Os imperadores cristãos aplicavam penas


bárbaras a qualquer custo contra aqueles que
afrontavam seus conceitos de certo e errado.
A HOMOSSEXUALDIADE NO BRASIL
COLÔNIA
● Antes da colonização portuguesa, a
homossexualidade já existia no Brasil.

● As concepções de gênero da maioria da


tribos ameríndias incluíam três gêneros:
masculino, feminino e dois-espíritos.

● Com a chegada dos colonizadores


cristãos, os portugueses encaravam a
homossexualdaide do índios como
advento da sua “crença pagã” e
“frouxidão de costumes”.

● Caso “índio tibira” em 1614.

● Código Penal do (1830):


Império Sodomia
A REVOLTA DE
STONEWALL
● O nascimento do movimento LGBTǪIA+, nos
Estados Unidos, ocorreu em 28 de junho de
1969.

● Os anos 60 era uma época de fortalecimento das


lutas pelos direitos e liberdades civis.

● Em 1968, cerca de 5 mil pessoas haviam sido


presas em Nova Iorque por crimes relativos à
orientação sexual.

● Invasão policial no bar Stonewall Inn, ponto de


encontro da população LGBTǪIA+ conhecida
como a “batalha de stonewall”.

● Posteriormente, foi organizada uma passeata de


visibilidade reunindo cerca de 2 mil pessoas para
lutar pela igualdade de direitos da população
LGBTǪIA+, surgindo a primeira parada do
orgulho e o movimento.
LAMPIÃO DA ESQUINA E CHANACOMCHANA
- MOVIMENTO LGBTQIA+ NO BRASIL

● Contexto histórico: ditadura militar (1964-1985).

● Fortalecimento dos Movimentos Estudantis e


Operários;

● Surgimento da imprensa alternativa: Lampião da


Esquina (1978-1981) e Chanacomchana (1981-
1987).

● Ferro’s Bar - “A revolta de Stonewall Brasileira”

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