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Categorias Fundamentais em

Psicologia Social
Gênero

Prof. Ma. Thaís Alves


Gênero

• Pontos que merecem atenção:

❖Distinção Sexo e gênero


❖Funcionamento do Sistema de Gênero
❖Gênero como um Operador: Desigualdade de Gênero
❖O Gênero na psicologia
Localizando palavras – noções e conceitos
Gênero: o que é? De onde veio?

• É um conceito/categoria das ciências sociais, elaborada no interior do


pensamento feminista, que diz respeito às diferenças socialmente
atribuídas ao feminino e ao masculino, cujas marcas se inscrevem,
sobretudo, nos corpos das pessoas.

• Gênero foi criado no seio do pensamento feminista para superar


dificuldades do uso da categoria “mulher”. Mas, compartilha vários dos
pressupostos da luta feminista em prol do reconhecimento desse sujeito
político mulher/mulheres e da sua “opressão” específica.

• As marcas de gênero se intersectam a outras marcas - raciais, étnicas, de


classe, de idade, de orientação sexual, etc. – produzindo hierarquias, ou
seja, relações sociais assimétricas e desiguais em termos de poder.
Gênero

❖Dentro da psicologia social científica, os temas de gênero tinham pouca


expressão e, no máximo, apareciam como sexo, indicando as diferenças
encontradas entre homens e mulheres em experimentos de laboratório ou
de campo.
❖Para reverter esse quadro foi necessário tanto o estabelecimento da
conhecida crise da psicologia social, quanto as pressões dos crescentes
movimentos feministas, que iniciaram antes do século XX, mas que tiveram
seu apogeu há poucas décadas.
❖Hoje gênero, embora seja um conceito que perpasse todas as áreas de
estudo da psicologia e de outras áreas do conhecimento, tem íntima
afinidade com a psicologia social, principalmente a psicologia social que
lança seu olhar para a história, para a sociedade e para a cultura, não
conseguindo entender o ser humano separado dessas instâncias.
Para que serve?

• É uma categoria analítica relacional, envolvendo uma construção


sócio-cultural, sendo um fenômeno multidimensional que se
preocupa com as relações de dependência, poder e prestígio
entre os sexos e que é determinado históricamente.
Gênero oferece a possibilidade de um outro olhar sobre a
realidade, permitindo ler como as desigualdades afetam, de modos
distintos, homens e mulheres nas suas relações uns com os outros:
homens-homens; homens-mulheres; mulheres-mulheres.
Possibilita analisar como operam as hierarquias e qual a
centralidade que as outras marcas assumem.
Sexo

• Embora muitos autores e autoras possam utilizar os termos sexo e gênero


como sinônimos, trata-se de dois conceitos que se referem a aspectos
distintos da vida humana.
• Sexo não é gênero. Ser uma fêmea não significa ser uma mulher. Ser um
macho não significa ser um homem.
• Sexo diz respeito às características fisiológicas relativas à procriação, à
reprodução biológica.
• O sexo biológico, ou seja, as características anátomo-fisiológicas das pessoas
vêm determinadas, em geral, pela dotação cromossômica, pelas estruturas
gonadais e pela dotação hormonal (fetal, pós-natal e puberal) responsáveis
da estruturação genital interna e externa dos caracteres sexuais secundários
(desenvolvidos na puberdade).
Gênero
• As diferenças sexuais são encontradas em todos os mamíferos.
• Entretanto, os humanos desde sua origem têm interpretado e dado uma nova
dimensão a seu ambiente físico e social através da simbolização (LANE, 1995).
Humanos são animais autorreflexivos e criadores de cultura.
• O sexo biológico com o qual se nasce não determina, em si mesmo, o
desenvolvimento posterior em relação a comportamentos, interesses, estilos de vida,
tendências das mais diversas índoles, responsabilidades ou papéis a desempenhar,
nem tampouco determina o sentimento ou a consciência de si mesmo(a), nem das
características da personalidade, do ponto de vista afetivo, intelectual ou emocional,
ou seja, psicológico.
• Isso tudo seria determinado pelo processo de socialização e outros aspectos da vida
em sociedade e decorrentes da cultura, que abrange homens e mulheres desde o
nascimento e ao longo de toda a vida, em estreita conexão com as diferentes
circunstâncias socioculturais e históricas.
Gênero

• Enquanto as diferenças sexuais são físicas, as diferenças de gênero são


socialmente construídas.
• Conceitos de gênero são interpretações culturais das diferenças de gênero
(OAKLEY, 1972).
• Gênero está relacionado às diferenças sexuais, mas não necessariamente
às diferenças fisiológicas como as vemos em nossa sociedade.
• A construção cultural do gênero é evidente quando se verifica que ser
homem ou ser mulher nem sempre supõe o mesmo em diferentes
sociedades ou em diferentes épocas.
CONCEITO DE RELAÇÕES DE GÊNERO
Categoria relacional: o gênero não existe no absoluto e fora do contexto das
desigualdades entre homens e mulheres.

Construção sócio-cultural: os mecanismos sociais, econômicos e culturais é que


são os responsáveis pela estratificação por gênero e não as características
biológicas. O gênero é um elemento constitutivo das relações socais.

Relações de dependência, poder e prestígio: a desigualdade de gênero se dá em


várias dimensões, pois existem assimetrias e hierarquias nas relações entre homens
e mulheres, com diferentes graus de acesso e controle sobre os recursos, com
desigualdade no processo de tomada de decisões e com a presença de relações de
dominação/subordinação entre os sexos.

Categoria historicamente variável: as relações entre os sexo são assimétricas mas


não estáticas, isto é, são relações dinâmicas, mutáveis e que sofrem variações tanto
estruturais, quanto conjunturais e precisam ser contextualizadas historicamente.
Sistema de gênero

• Toda a sociedade possui um sistema de gênero


• Definido conjunto de arranjos através dos quais a
sociedade transforma a biologia sexual em produtos
da atividade humana e nos quais essas necessidades
transformadas são satisfeitas.
• Este sistema incluiria vários componentes, entre
outros a divisão sexual do trabalho e definições
sociais para os gêneros e os mundos sociais que
estes conformam.
Desigualdade de Gênero


• No entanto, é necessário lembrar que esta capacidade simbólica, tanto de
produzir como de interpretar, de ler a realidade e de significar, tem sido, e
ainda de certa forma é, unilateral e excludente, posto que se faz
prioritariamente desde o ângulo masculino. É sobre essa visão distorcida
que os estudos de gênero buscam lançar luz (SCOTT 1995).
• Os estudos de gênero são importantes na psicologia, na antropologia, na
sociologia, na história. O conceito de gênero abre uma brecha no
conhecimento sobre a mulher e o homem, na qual torna possível uma
compreensão renovadora e transformadora de suas diferenças e
desigualdades. Para além das diferenças individuais, é importante salientar
as interações sociais que influem nos resultados educativos e
ocupacionais, entre outros tantos.

O Gênero na psicologia

• Na psicologia, as tentativas de olhar mais detidamente as mulheres e os homens


têm sido mais frequentemente associadas com as diferenças sexuais (DEX & KITE,
1987). São discutidas se essas diferenças são biológicas ou fruto de práticas de
socialização, mas quase sempre enfocadas no indivíduo como sendo a fonte das
mesmas.
• Ainda nessa perspectiva, vemos inúmeros estudos que buscam diferenças em
características de personalidade e comportamentos sociais; atitudes emocionais;
comportamentos agressivos; comportamentos de ajuda; comunicação não verbal;
influência social. Mais especificamente no que diz respeito às mulheres, saltam à
luz conceitos tais como o medo ao sucesso ou uma ênfase na moralidade do apego
e questões ligadas à responsabilidade.
• Uma variante na vertente das diferenças tem sido uma tentativa de definir as
dimensões psicológicas da masculinidade e da feminilidade. São buscadas a
verificação das diferenças entre homens e mulheres, mas, acima de tudo, se elas
realmente existem e quais seriam os seus determinantes.
O Gênero na psicologia

• Apesar disso, como bem salientam Dex & Kite (1987), ainda existem muitas crenças
sobre diferenças de gênero que persistem, tanto no senso comum como no campo
científico, o que leva à manutenção de estereótipos no senso comum e distorções
nos estudos ditos científicos. Nessas crenças sobre gênero aparecem e se
entrelaçam elementos descritivos (como são as diferenças) e prescritivos (como
deveriam ser as diferenças).
• Atualmente, o gênero, na psicologia social histórico-crítica, é visto como uma
construção histórica, social e cultural. Assim, o estudo das diferenças de qualquer
tipo entre homens e mulheres (ou das semelhanças), inclusive as psicológicas,
deveria ser evocado sob esse prisma. Além disso, mais importante que diferenças
ou semelhanças, é o reparto de poder entre ambos os sexos que permite que uns
dominem outros, que uns tenham maior possibilidades de realizações que outros.
A Psicologia tem que estar atenta a este tipo de questões que aceitam e
incentivam a multiplicidade e a plenitude dos indivíduos e coletivos,
independentemente do sexo.
Gênero e Psicologia

• As desigualdades de Gênero são particularmente central na


psicologia social de cunho histórico-crítico, pois a análise e o
estudo das situações e condições sociais geradoras de
desigualdade, o desenvolvimento conceitual e de modelos
teóricos explicativos, a proposta de estratégias de intervenção e
de programas de ação eficazes, têm como objetivos fundamentais
a erradicação de situações e condições geradoras de
desigualdade. Vemos então convergirem nesse sentido os estudos
de gênero e a psicologia social histórico-crítica.
Referência Bibliográfica:

Strey, Marlene Neves et al. (2013). Psicologia social contemporânea: livro-


texto. Petrópolis, RJ: Vozes.

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