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Relatório Antropológico: Estereótipos de género e a sua desconstrução

Introdução

A Antropologia é a ciência que estuda os diversos aspetos da vida social em diferentes culturas e
sociedades humanas, dedicando-se ao estudo da humanidade de forma abrangente, estudando tanto as
sociedades passadas como as contemporâneas.
A Antropologia procura compreender a diversidade cultural, social e biológica da espécie humana,
investigando as diferentes formas de vida, comportamentos, crenças, linguagem, rituais, entre outros
aspetos. Pelo facto de um dos grandes objetivos da Antropologia ser compreender a complexidade da
experiência humana e promover uma visão mais ampla e inclusiva da sociedade, concluí que seria
interessante e desafiante estudar no meu projeto da disciplina de Antropologia os estereótipos de género
(focando-me no género feminino e masculino) e como desconstrui-los, já que a sua desconstrução seria
benéfica para uma sociedade mais ampla, inclusiva e igualitária.
Chegando a essa conclusão, neste relatório irei expor o que já fiz para o avançar do meu projeto, que
será finalmente apresentado no terceiro período, e os conhecimentos que já adquiri com ele. Quero
também deixar claro que ainda tenho muito que trabalhar para a finalização do meu projeto, já que irei
usufruir de diversos métodos de pesquisa que requerem bastante tempo (observação, entrevistas, análise
de dados, etc.).

Desenvolvimento

Os estereótipos de género são crenças, expectativas e atribuições sociais (normalmente moldadas ao


longo do tempo) sobre como homens e mulheres se devem comportar, baseadas em noções simplificadas
e muitas vezes generalizadas de características associadas a cada género. Estes estereótipos têm um
grande marco na sociedade já que definem comportamentos, papéis, habilidades e características
consideradas apropriadas para cada género, criando ideias irreais e limitadas acerca do papel do homem e
da mulher.
Alguns pontos importantes para a formação de estereótipos de género são:
- Bases biológicas: Muitos estereótipos têm origem nas diferenças biológicas entre homens e
mulheres, tendo essas diferenças levado à atribuição de diferentes papéis para o homem e a
mulher na sociedade, por exemplo a suposta maior força física associada aos homens levou à
associação a trabalhos mais pesados, e a suposta fragilidade e sensibilidade da mulher foi ligada a
trabalhos domésticos.
- Cultura e tradição: Mitos, crenças, religiões, entre outros levaram também à ideia de papéis
específicos para homens e mulheres ao longo do tempo;
- Estruturas sociais e poder: Em muitas sociedades, homens tiveram acesso privilegiado a cargos
políticos, ao poder económico e social, entre outros, o que levou também ao reforço dessa divisão
de poderes e papéis entre o homem e a mulher;
- Media e representação: Os media tiveram um papel significativo no reforço dos estereótipos de
género. Representações tradicionais em filmes, literatura e outras formas dos media, ajudaram a
reforçar certas expectativas relativamente aos papéis do homem e da mulher na sociedade.
Ao longo do tempo foram feitos diversos estudos relacionados com os estereótipos de género, como por
exemplo o seu impacto no desenvolvimento infantil, nos media, no ambiente de trabalho, na saúde
mental, e na política. Estes foram algumas das áreas de pesquisa relacionadas com os estereótipos de
género. No entanto, a literatura académica está em constante evolução, à medida que os estudos evoluem
consigo continuando a explorar os vários aspetos dos estereótipos de género e os seus impactos na
sociedade de hoje em dia.
No dia 27 de abril de 2023 saiu uma notícia no jornal observador com o título “Estudo defende formação
para combater estereótipos de género das escolhas profissionais”. Este estudo foi apresentado em
Coimbra no âmbito do “Projeto Igual Pro – As Profissões não têm género”, que tem como objetivo
combater a segregação sexual nas escolhas educativas e vocacionais de raparigas e rapazes e a
consequente segregação das escolhas profissionais” e “desconstruir os estereótipos de género associados
às respetivas áreas de estudo e profissões, com especial enfoque nas áreas de formação em que se
verifique uma efetiva segregação entre raparigas e rapazes”. O estudo conclui que os estereótipos de
género influenciam as escolhas profissionais e as vivências nos locais de trabalho. Os autores deste estudo
deram variadas recomendações de forma a combater estes estereótipos, entre elas “levar a cabo formações
transformadoras de normas de género que promovam uma visão abrangente da igualdade de género e a
alteração de atitudes e comportamentos, por forma a parar a transmissão intra e inter geracional de
estereótipos”.

Um dos métodos de pesquisa que utilizei para o desenvolvimento deste trabalho até ao momento foi a
análise de dados, em que perguntei a 10 homens e 10 mulheres residentes em Lisboa com idades entre 14
e 45 anos, qual seria a atividade e característica emocional que mais associavam ao género oposto, de
forma a poder tornar o meu trabalho mais rico em informação real e atual. Os dados recolhidos podem ser
observados abaixo:
 Atividades que as mulheres associam ao género masculino: Carros; obras; rugby (2 respostas);
pilotagem; mecânica; futebol (2 respostas); andebol; construção civil.
 Características emocionais que as mulheres associam ao género masculino: emocionalmente
distantes; teimosos; ego alto (3 pessoas); práticos; agressivos; cavalheiros; defensivos; raiva.

 Atividades que os homens associam ao género feminino: Maquilhagem; ballet; dança (2


respostas); cuidadora (2 respostas); moda (2 respostas); yoga; ginástica.
 Características emocionais que os homens associam ao género feminino: frágeis (2 respostas);
responsáveis; emocionalmente inteligentes; ternurentas; amorosas (2 respostas); emotivas;
impulsivas; stressadas.

Depois de observar os dados recolhidos até ao momento podemos analisá-los. Estes dados revelam uma
grande diferença entre os tipos de atividades e características emocionais associadas ao género feminino e
masculino, sendo muito limitados para a sociedade contemporânea. As associações que podem ser
observadas acima não são obviamente regras fixas que têm que ser seguidas, pois cada pessoa
independentemente do género pode se interessar por uma ampla variedade de atividades, sejam estas
associada ao seu género ou não.
Mas se qualquer pessoa pode interessar-se por qualquer atividade seja esta qual for, quais são as
adversidades dos estereótipos de género? Estes estereótipos podem influenciar as perceções e
expectativas relativamente aos comportamentos adequados aos homens e às mulheres, levando a
preconceitos para com quem não vai ao encontro das expectativas do que seria considerado “normal” para
a forma de ser do seu género. Por esse motivo, é fundamental que se desafie e desconstrua os respetivos
estereótipos para promover a igualdade e inclusão entre todos, de forma a que as pessoas se possam
expressar e interessar-se pelos variados assuntos, sem que tenham que sentir algum preconceito das
pessoas à sua volta.

Conclusão

Os estereótipos de género são construções sociais complexas que afetam profundamente a vida das
pessoas, mesmo que estas possam não ter essa consciência. A sua desconstrução requer esforços
multifacetados a níveis individuais, institucionais e culturais. Ao desafiar e desconstruir essas limitações
de género, conseguiremos chegar a uma sociedade mais igualitária, diversificada e inclusiva para todos.
Este relatório, tendo em conta que o projeto ainda não está finalizado, oferece uma visão rica e
antropológica dos estereótipos de género e destaca a importância da desconstrução desses estereótipos
para alcançarmos uma sociedade mais equitativa e respeitosa das diferenças de género, sem inferiorizar
nenhum género.

Para a produção deste relatório utilizei a internet, a inteligência artificial, o jornal observador, e
comuniquei com diversas pessoas, pessoalmente e via telemóvel, de forma a conseguir recolher os dados
que precisava para o desenrolar do projeto.
Quero reforçar que apesar de difícil e desafiante, estou a gostar muito de fazer este trabalho e estudar
Antropologia!

Trabalho realizado por Carolina Silva, 12º9

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