Relato da Palestra: “Educação, gênero e diversidade sexual” do professor Paulo
Henrique de Queiroz Nogueira
O assunto principal da palestra foi basicamente identidade de gênero, e de imediato vimos que a sociedade vive e experiência gênero o tempo inteiro. O professor trouxe uma visão filosófica/sociológica sobre isso que diz que nós estamos atravessados pelo gênero, ou seja, de acordo com essa visão, os vários âmbitos da nossa existência estão contaminados por relações e por perspectivas de gênero. As diferenças entre as pessoas se expressam através das desigualdades da sociedade, que é sexista, racista e homofóbica, o que quer dizer que as pessoas são separadas pelas diferenças que as constituem. Isso gera uma construção social de desigualdade, de assimetria nas relações entre os diversos tipos de pessoas, e essas próprias pessoas que tem origens e vivências diferentes, vão reproduzir e amplificar tais desigualdades. O gênero é uma das dimensões mais antigas e prevalentes que acompanham a história do ser humano e diz respeito aos aspectos sociais atribuídos ao sexo. Ou seja, gênero está vinculado a construções sociais e, portanto, se refere a tudo aquilo que foi definido ao longo tempo e que a sociedade entende como o papel, função ou comportamento esperado de alguém com base em seu sexo biológico. Para ilustrar o fato de gênero ser uma construção social o professor trouxe exemplos de grupos sociais mais isolados onde quem exerce o papel de cuidado e proteção (características consideradas femininas) são os homens e não as mulheres. As situações em que as pessoas não seguem os padrões socias de gênero pré-determinados é chamada dissidência de gênero e, nesses casos, tais pessoas geralmente são vistas com péssimos olhos pela sociedade. As mulheres ocupam majoritariamente cargos, como professoras, enfermeiras, assistentes sociais, que são relacionados ao cuidado e proteção que, por sua vez, são extensões de características vistas como femininas, por outro lado áreas como ciências e engenharias são majoritariamente compostas por homens. Além do fato de mulheres com a mesma formação e que ocupam o mesmo cargo que homens muitas vezes ganharem menos, isso é um exemplo de que a cultura da sociedade transforma uma diferença (nesse caso, de gênero) em uma desigualdade. A violência de gênero é uma expressão dessas assimetrias que existem entre homens e mulheres. Um exemplo de manifestação desse tipo de violência é o fato de as mulheres serem extremamente cobradas, inclusive por si mesmas, para atender determinados padrões estéticos impostos pela sociedade, em relação ao cabelo, ao peso, a aparência, entre outros, o que não costuma acontecer com tanta intensidade no caso dos homens. Durante esse período de pandemia as mulheres se tornam ainda mais vulneráveis, devido à sua sobrecarga de trabalho em relação ao cuidado (dos filhos, das casas, dos mais velhos), além do próprio emprego, o que intensificou tais violências de gênero. No fim o professor Paulo trouxe uma reflexão, de que identidade de gênero não é o que a pessoa é (homem ou mulher), mas sim o que ela faz com o que ela é, ou seja, existem diversas masculinidades e feminilidades, o que quer dizer que as mulheres podem ser corajosas e intrépidas e os homens podem ser frágeis e gentis, e essas características não os tornam menos homens ou menos mulheres. E, por fim, apesar do atraso do professor, no geral a palestra trouxe uma reflexão muito importante sobre o que é gênero, quais consequências isso traz e qual é o papel exercido por ele na sociedade, além de trazer também reflexões sobre os padrões e as desigualdades sociais e culturais que nos permeiam.