Você está na página 1de 1

Relato da Palestra: “Encontro com a EJA” da professora Analise da Silva

O Brasil possui 14,1 milhões de pessoas com 15 anos ou mais não alfabetizadas e 52
milhões sem Ensino Fundamental, além de 22 milhões de pessoas com 18 anos ou mais
sem Ensino Médio, o que somado dá cerca de 43% da população brasileira. De acordo
com dados do Inep trazidos pela professora, desse total de pessoas, 85 milhões
estão fora das escolas. Somente 3 milhões desse total estão na escola, portanto,
fica claro a necessidade de uma ampliação da oferta de turmas do EJA principalmente
em áreas rurais, além da oferta de turmas diurnas para as pessoas que trabalham a
noite. O sujeito da EJA precisa saber que possui o direito a educação assegurado
peal lei, mas na maioria das vezes precisamos ir atrás deles para levar tais
informações, através de chamadas públicas que devem ser pensadas de maneiras
especificas para atingir o público alvo.
Os estudantes da EJA geralmente se matriculam no início do ano, mas em determinado
momento precisam sair para trabalhos sazonais, pois na maioria das vezes é a única
opção, então as chamadas públicas devem ser constantes, principalmente nas
comunidades, além da necessidade de um currículo adaptado para essas situações. Um
dado que a professora trouxe mostra que 70% dos jovens que não estudam e não
trabalham são mulheres, e 58% delas tem pelo menos 1 filho. Isso mostra que muitos
dos alunos da EJA precisam levar seus filhos às aulas e, se são impedidos de fazer
isso, eles acabam optando por largar os estudos. Como solução existe uma proposta
de Salas de Acolhimento, para atender essas crianças e assegurar melhores condições
de acesso e permanência nas escolas dessa parcela de alunos com filhos.
Em comparação com os alunos da educação básica, os alunos da EJA demandam mais
investimento, pois deve se considerar que esses alunos precisarão de uma
alimentação melhor, que as vezes será necessário um atendimento individualizado,
que será preciso uma infraestrutura mais reforçada (iluminação, mobílias). Isso
deve ser feito através do CAQ (custo aluno qualidade), que é um parâmetro do
montante a ser investido a cada ano, por estudante (considerando os custos da
manutenção), para garantir a melhoria da qualidade do ensino e a redução das
desigualdades
E é fundamental também, que haja investimento para ter um corpo docente
especializado para trabalhar com turmas de EJA, e também com seus filhos, se for o
caso, pois a escolarização precisa dialogar com a realidade dos alunos, com seu
trabalho e dia a dia, precisa também, levar em conta a diversidade, questões
geracionais e o modo de lidar com as tecnologias. A professora Analise trouxe uma
visão sobre a EJA da perspectiva da educação popular, que nos mostra que não
estamos falando de sujeitos que precisam aprender as coisas para que se tornem
adultos e participem ativamente da sociedade, mas sim de pessoas já adultas e com
suas próprias vivências. Então é necessário refletir sobre como relacionar os
assuntos teóricos abordados nas aulas com tais vivências.
É pedido que a educação trabalhada na EJA seja pública, gratuita, laica,
democrática, inclusiva, de qualidade social e livre de quaisquer formas de
discriminação e em oposição as desigualdades. Concluímos, então, que o primeiro
passo para que isso seja possível é um investimento maior tanto na formação de
educadores especializados quanto em infraestrutura e incentivo para os alunos da
EJA. Assim será possível promover uma educação capaz de incluir todas as
individualidades e necessidades das pessoas, consequentemente, tornando todos os
brasileiros aptos ao questionamento e a tomada de decisões afim de transformar sua
realidade, de sua comunidade e da sociedade em geral.

Você também pode gostar