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Mitos, construções e

naturalizações de gênero
Concepções
Hegemônicas de Discursos e
Gênero linguagens dos
mecanismos de
Crítica ao poder tem suas
Binarismo bases na matriz
de Gênero heterossexual
Como são produzidos os
gêneros masculino e feminino
na ordem simbólica e nas
práticas sociais
Textos indicados:

BENTO, Berenice. Na escola se aprende que a diferença faz diferença. Estudos Feministas, v. 19, n.2, p. 549-559, 2011.

SENKEVICS, Adriano, Souza; POLIDORO, Juliano Zequini. Corpo, gênero e ciência: na interface entre biologia e sociedade. Revista Biologia. v. 9, n. 1, p. 16-21, 2012.
Desenvolvimento

Gênero, identidade de gênero, produção


de seres abjetos

(tecnologias sociais: trechos de animês,


filmes, reportagens, propagandas)
Como os gêneros masculino e
feminino são produzidos na ordem
simbólica e nas práticas sociais?
Na linguagem sexista
Nas tecnologias
Nas relações de trabalho (super
mulher/maternagens/doméstico)

Políticas
Saint Seya - Cavaleiros do Zodíaco
Masami Kurumada - +/-1985; +/-1994; 2019.

O enredo aborda a
saga de cinco
guerreiros,
portadores de
armaduras de bronze,
que possuem como
missão proteger a
humanidade.
Shun de Andrômeda
Shun de Andrômeda
Shun de Andrômeda
https://www.omelete.com.
br/series-tv/saint-seiya-o
s-cavaleiros-do-zodiaco-
e-a-polemica-mudanca-d
e-genero-de-shun
de autoria de Camila
Souza que causou
inúmeras reações. (179
comentários no site, 2,2
mil reações no facebook
e mais de 200
compartilhamentos)
Alguns Comentários no site omelete
Deixem o Shun em paz! Elx já era uma menina antes, só saiu do armário
(COMENTÁRIO 6).
Já tinha cara de menina mesmo, se for pra ter uma mulher no grupo pra
agradar a torcida que seja ele... detalhe pra barriga de fora, porque mulher
super herói tem que ser sexy (COMENTÁRIO 11).
Poderia ser pior.... ele e o Yoga poderiam ter um caso (COMENTÁRIO
8).
Sem maldade, mas aquele Shun, sendo super covarde, na maioria do
tempo como era, broxava muito as cenas! (COMENTÁRIO 13).
Alguns Comentários no site omelete
Os sites chorões conseguiram. Influenciaram tanto a molecada, que
criaram essa geração de “fãs” reclamando e exigindo representações.
Nisso os criadores de conteúdo acham que essas reclamações precisam
ser atendidas e acabam desagradando os verdadeiros fãs, enquanto os
mimimizentos apenas ignoram, não consomem e partem pra reclamar de
outra coisa (COMENTÁRIO 16).
Eu acho que muito mais simples teria sido colocar a Atena em cenas de
luta. Modernizar este aspecto seria muito bacana, e um plot twist, porque
os outros deuses masculinos lutam (Netuno e Hades) mas a Atena, que
justamente era uma deusa de tempos de guerra (a deusa da estratégia
militar), só ficava chorando “me salve Seya” (COMENTÁRIO 2).
Alguns Comentários no site omelete

Mudar o sexo do Shun é justamente o oposto de agenda


progressista. Shun é um homem poderoso, com a alma de Hades
dentro de si, que não gosta de lutar e sempre chorou pelo destino
que seu irmão teve que aguentar por defender ele. Isso, pra mim,
é o mesmo que dizer que um homem não pode ser sensível e
forte ao mesmo tempo, “vamos mudar pra uma mulher”
(COMENTÁRIO 3).
O fato de que somos seres decodificadores de
significados, absorvidos através de experiência,
nos leva a compreender o mundo conforme
nosso filtro subjetivo e nossas referências
culturais. Conforme Zago (2013, p. 31), a
sexualidade é como um dispositivo que “estimula
a produção de corpos coerentemente sexuados,
generificados e sexualizados”.
É possível falar de um “destino biológico” para mulheres e homens?

Laerte Coutinho
Ciência: campo carregador de poder; as explicações científicas
funcionam ideologicamente dentro de uma arena política e social.
X
“Truque de Deus”: produção de conhecimento vinda de cima, que nega
a participação do/da estudioso/a num mundo real e problemático.

Donna Haraway
"A natureza só faz
mulheres quando não
pode fazer homens. A
mulher é, portanto, um
homem inferior."

Aristóteles (filósofo,
guia intelectual e
preceptor grego de
Alexandre, o Grande,
século IV A.C.)
“A mulher deve
adorar o homem
como a um deus.
Toda manhã, por
nove vezes
consecutivas, deve
ajoelhar-se aos
pés do marido e,
de braços
cruzados,
perguntar-lhe:
Senhor, que
desejais que eu
faça?”

Zaratustra (filósofo
persa, século VII
a.C)
"Que as mulheres estejam
caladas nas igrejas,
porque não lhes é
permitido falar. Se
quiserem ser instruídas
sobre algum ponto,
interroguem em casa os
seus maridos.“

São Paulo (apóstolo


cristão, ano 67 D.C.)
"Quando um homem for
repreendido em público
por uma mulher, cabe-lhe
o
direito de derrubá-la com
um soco, desferir-lhe um
pontapé e quebrar-lhe o
nariz para que assim,
desfigurada, não se deixe
ver, envergonhada de sua
face. E é bem merecido,
por dirigir-se ao homem
com maldade de linguajar
ousado."

Le Ménagier de Paris
(Tratado de conduta
moral e costumes da
França,século XIV)
"Todas as mulheres
que seduzirem e
levarem ao
casamento os
súditos de Sua
Majestade mediante
o uso de perfumes,
pinturas, dentes
postiços, perucas e
recheio nos quadris,
incorrem em delito de
bruxaria e o
casamento fica
automaticamente
anulado."

Constituição
Nacional Inglesa (lei
do século XVIII)
"As crianças, os idiotas,
os lunáticos e as mulheres
não podem e não têm
capacidade para efetuar
negócios.“

Henrique VII (rei da


Inglaterra, chefe da Igreja
Anglicana, século XVI)
"O pior adorno
que uma mulher
pode querer usar
é ser sábia.“

Lutero (teólogo
alemão,
reformador
protestante,
século XVI)
No Brasil, século XX
“O lugar dela é no lar.
O trabalho fora de casa
masculiniza".

(Revista Querida, 1955)


🙢

"A esposa deve vestir-se depois de casada com a mesma


elegância de solteira, pois é preciso lembrar-se de que
a caça já foi feita,
mas é preciso mantê-la bem presa."
(Jornal das Moças, 1955)
🙢
"Sempre que o homem sair com os amigos e voltar tarde
da noite, espere-o linda, cheirosa e dócil"
(Jornal das Moças, 1958)

"É fundamental manter sempre a aparência impecável


diante do marido"
(Jornal das Moças, 1957)
"A mulher deve fazer o marido descansar
nas horas vagas, servindo-lhe uma
cerveja bem gelada. Nada de incomodá-
lo com serviços ou notícias domésticas".
(Jornal das Moças, 1959)

"Se o seu marido fuma, não discuta pelo


simples facto de cair cinzas no tapete.
Tenha cinzeiros espalhados por toda
casa".
(Jornal das Moças, 1957)

"O noivado longo é um perigo, mas


nunca sugira o matrimônio. ELE é quem
decide - sempre".
(Revista Querida, 1953)
"Se desconfiar da infidelidade do
marido, a esposa deve redobrar seu
carinho e provas de afecto, sem
questioná-lo".
(Revista Claudia, 1962)

"A desordem em um banheiro desperta no


marido a vontade de ir tomar banho fora de
casa".
(Jornal das Moças, 1965)
Esses discursos e linguagens
dos mecanismos de poder,
pedagogias discursivas, tem
suas bases na matriz
heterossexual
expectativas suposições

A materialidade do corpo só adquire vida inteligível quando se


anuncia o sexo do feto

Ficção Ficção
reguladora reguladora
Brinquedos
Cores das roupas
Projetos para o futuro
Produção do feminino e do masculino: próteses
identitárias/códigos de feminilidade e masculinidade (no singular)

O gênero é o resultado de TECNOLOGIAS SOFISTICADAS que produzem


corpos-sexuados TECNOLOGIAS NORMATIZADORAS
MASCULINO FEMININO
Objetividade Senso Comum
Universalidade Localidade
Racionalidade Sensibilidade
Neutralidade Emoção
Dominação Passividade
Cérebro Coração
Controle Descontrole
Conhecimento Natureza
Civilizado Primitivo
Público Privado

(CITELI, 2004)
Normas de gênero

Dado
natural
Corpo sexuado essência

BINARISMO

Fronteiras pré-estabelecidas
Interpretação construtora de significados
Vídeo 2 - Tomboy
Corpos que escapam da unidade tão sonhada/desobediência às normas de gênero/possibilidade de
transformação das normas

Mecanismos sociais que


produzem nas subjetividades a
sensação de anormalidade

Instituições que
naturalizam o
gênero

Tecnologias
discursivas
Pedagogia dos gêneros
hegemônicos:

Coerção Regulação

Vídeo 1 – Igreja Católica

Vídeo 2 – Deputado Marco Feliciano


Objetivo da pedagogia dos gêneros: preparar os corpos para a vida
referenciada na heterossexualidade construída a partir da ideologia
da complementariedade do sexo.

heteroterrorismo
“Meninos não choram,!
Regimes de Meninos não brincam
verdade com bonecas!
Isso é coisa de bicha!

Produção das margens: do “outro”, do estranho, do


diferente, do anormal, monstro, doente
Regimes de
verdade:
Controle produtor
minucioso da Produção de
produção da corpos
Vídeo 3 - Butler
heterossexualidade abjetos
(engenharia social-
regime político)
“O gênero não é o efeito de
um sistema fechado de poder
nem uma ideia que recai
sobre a matéria passiva, mas
o nome do conjunto de
DISPOSITIVOS
Paul Beatriz
Preciado SEXOPOLÍTICOS (da
Testo Yonqui,
medicina à representação
2008. pornográfica, passando pelas
instituições familiares) que
serão o objeto de uma
reapropriação pelas minorias
sexuais”.
“Não existe isso ou aquilo. Antes,
existem nuances de diferença [...]
rotular alguém homem ou mulher
é uma DECISÃO SOCIAL.
Podemos utilizar o conhecimento
Paul Beatriz científico para nos ajudar a tomar
Preciado a decisão, mas só nossas crenças
Anne Fausto Sterling
Testo Yonqui, sobre o gênero – e não a ciência –
2008.
Anne Fausto Sterling podem definir nosso sexo. Além
disso, nossas crenças sobre o
gênero também afetam o tipo de
conhecimento que os cientistas
produzem sobre o sexo”.
Síntese precária - gênero - Distinção entre o biológico e o social
que serve para mostrar que uma pessoa não pode ser definida em
seu gênero por causa do seu sexo biológico, e que nem sempre o sexo
biológico tem seu igual correspondente em gênero. A linguagem e
a cultura fazem a construção da masculinidade e da feminilidade,
deste modo podemos dizer que a masculinidade não é medida, por
exemplo, pelo ditado ‘homem não chora”. Assim como a feminilidade
não é medida pelo choro, ou pela menor ou maior força física, mas pela
experiência que esta pessoa faz a respeito de si mesma e do lugar
que ocupa em gênero. Ser mulher, ou ser homem, em uma determinada
cultura, é parte de um processo da própria reprodução da cultura que
se expressa nos discursos, nos nomes, nos rituais, nas normas, nas
hierarquias, nos poderes e nos valores a respeito do que se considera
adequado ao masculino e ao feminino.

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