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Ética Cristã e Ideologia de Gênero

As Ciências Sociais ensinam que as desigualdades sociais entre os sexos sã o o


resultado de relaçõ es histó ricas de opressã o e preconceito. A esse entendimento
dá -se o nome de “questã o de gênero”. Essa concepçã o nã o reconhece que as
características físicas e bioló gicas de alguém devam ser usadas como parâ metro
comportamental. Nessa perspectiva, refutam ideia de que o “sexo masculino” deva
se comportar como menino e de que o “sexo feminino” deva se comportar como
menina. Alegam que o comportamento social esperado de homens e mulheres é
estabelecido pela cultura e nã o pelas questõ es físicas e bioló gicas.

1.0 QUE É A IDEOLOGIA DE GÊNERO

A ideologia de gênero pretende desconstruir os papéis dos sexos masculino e


feminino. A ideologia de gênero, também conhecida como “ausência de sexo”, é um
mal presente na sociedade pó s-moderna e indica o grau da corrupçã o da espécie
humana.

A palavra “ideologia” é composta pelos vocá bulos gregos eidos, que 111 dica
“ideia”, e logos, com o sentido de “raciocínio”. Assim, ideologia significa qualquer
conjunto de ideias que se propõ e a orientar o comportamento, a maneira de pensar
e de agir das pessoas, seja individualmente, seja em sociedade. Em um sentido
amplo, a ideologia se apresenta como aquilo que seria ou é ideal para um
determinado grupo.

Na busca da hegemonia política, o filó sofo e político italiano Antô nio Cramsci
(1891-1937) Gramsci recomenda a reforma intelectual e moral da sociedade por
meio de pessoas influentes como políticos, mú sicos, artistas, famosos,jornalistas e
por todos os meios disponíveis que possam manipular a opiniã o pú blica. Mediante
essas açõ es, é possível modificar o senso comum do “certo” e do “errado”. Com o
uso intenso da mídia, das artes da literatura, das escolas, universidades e por via
de palavras de ordem e a massificaçã o de uma “nova cultura”, cria-se o “homem
coletivo”, que passivamente assimila a “filosofia nova” e passa a pensar como todo
o mundo. A partir desse momento, quem ousar discordar do “senso comum
modificado” sofrerá o patrulhamento ideoló gico.

Esse patrulhamento tem como objetivo desqualificar quem faz oposiçã o e pensa
diferente, O propó sito é desprestigiar quem se manifesta contrá rio à ideologia. As
pessoas que oferecem resistência sã o estigmatizadas e sã o acusadas com termos
pejorativos tais como “fundamentalista”, “homofó bico”, “preconceituoso”,
“machista”, “racista” e “reacioná rio” dentre outros. Desse modo sã o construídas
muralhas invisíveis que amordaçam o cidadã o temeroso da censura. Assim, a
liberdade de expressã o é controlada pelas grades do “politicamente correto”.

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2. Ideologia de Gênero

A palavra “gênero” tem origem no grego genos e significa “raça”. Na concepçã o da


Ló gica, o termo indica “espécie”. Usualmente, deveria indicar o “masculino” e o
“feminino”. Nesse sentido, a expressã o é inofensiva, porém, na sociedade pó s-
moderna, tal significado é relativizado e desvirtuado em “ideologia de gênero”.
Essa ideologia também é conhecida como “ausência de sexo”. Esse conceito ignora
a natureza e os fatos bioló gicos, e alega que o ser humano nasce sexualmente
neutro. Afirmam que os gêneros — masculino e feminino — sã o construçõ es
culturais impostas pela sociedade.

Quanto à sexualidade, a ideologia ensina que o gênero e a orientaçã o do desejo


sexual nã o sã o determinados pela constituiçã o anatô mica do corpo humano. Nesse
caso, consideram que a atraçã o pelo sexo oposto corresponde a determinados
estereó tipos e papéis sociais previamente estabelecidos pelo contexto histó rico,
político e cultural da sociedade.

A ideologia de gênero e sua propagação

Como acontece com toda a ideologia, a identidade de gênero vem sendo


amplamente divulgada pela grande mídia em busca da construçã o do “homem
coletivo”. Na tentativa de desqualificar seus oponentes, imprime-se, por exemplo, a
ideia de que o relacionamento afetivo entre pessoas de mesmo sexo é objeto de
discriminaçã o e preconceito homofó bico. Desse modo, instituiu-se a denominada
“mordaça gay”, em que, por meio do “patrulhamento ideoló gico”, cidadã os de bem
convivem com o cerceamento de sua liberdade de expressã o, nada podendo dizer
em contrá rio à ideologia de gênero sob pena de ser considerado preconceituoso.

3. Marxismo e Feminismo como Fonte dessa Ideologia

O marxismo exerceu forte influência no feminismo, especialmente o livro A Origem


da Família, a Propriedade Privada e o Estado (1884), em que a família patriarcal é
tratada como sistema opressor do homem para com a mulher. Desse modo, a ideia
central do conceito de gênero nasceu com a feminista e marxista Simone de
Beauvoir, autora da obra “O Segundo Sexo” (1949), em que é afirmado que “nã o se
nasce mulher, torna-se mulher”.

Assim, do contexto social marxista que deu origem à “luta de classes” surgiu na
pó s-modernidade a ideologia culturalista como sendo “luta de gêneros”, ou seja,
uma fantasiosa “luta de classes entre homens e mulheres”.

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O conceito marxista de família

O conceito marxista acerca da família patriarcal está desenvolvido no livro A


Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado (1884), elaborado pelo
soció logo alemã o Karl Marx, porém organizado e assinado por Friedrich Engeis,
dado à morte de Marx antes da publicaçã o da obra (ENGELS, 2014, p. 1-3).

Nesse livro, ele pretende explicar a gênese da realidade familiar por meio de um
viés de liberdade sexual desraigada e casamento dissolú vel. Marx dividiu os tipos
familiares de quatro maneiras, quais sejam: família consangü ínea, família
punaluana, família sindiá smica e família monogâ mica. Sua veraz crítica e seu
conceito de patriarcado é com a família monogâ mica, pois em seu entendimento
ela “baseia-se no triunfo do homem” e “os laços conjugais nã o podem ser rompidos
por qualquer uma das partes” (ENGELS, 2014, p. 67).

Na visã o marxista, esse modelo de matrimô nio escraviza o cô njuge a ter relaçõ es
sexuais apenas com o seu cô njuge, e, na opiniã o do soció logo, isso é uma
discrepâ ncia, tendo em vista que a liberdade sexual é necessá ria para a sociedade
(ENGELS, 2014, p. 70-72). Desse modo, a intençã o de Marx é desconstruir o
sistema patriarcal e promover a liberdade sexual. Por isso, afirma-se que a
ideologia de gênero é desdobramento do marxismo que também pretende eliminar
o modelo familiar monogâ mico, patriarcal e heterossexual.

O conceito feminista de gênero

A francesa Simone de Beauvoir (1908-1986), considerada uma das mais


importantes feministas da histó ria, escreveu, como já afirmado, uma polêmica obra
a respeito do feminismo, o livro O Segundo Sexo (1949). Filó sofos afirmam que as
mais de 800 pá ginas de seu livro podem ser sintetizadas pela frase já imortalizada
pelos adeptos da ideologia de gênero: “Nã o se nasce mulher, torna-se mulher”.
Beauvoir afirma em sua obra que “todo ser humano do sexo feminino nã o é,
portanto, necessariamente mulher; cumpre-lhe participar dessa realidade
misteriosa e ameaçada que é a feminilidade.” (BEAUVOIR, 2009, p. 13).

Diante de tal construçã o teó rica e filosó fica, surgiu o conceito feminista de gênero,
isto é, que a pessoa do sexo feminino nã o nasce mulher, sendo a construçã o social
da sociedade machista que a transforma em mulher. A partir daí nasceu a
expressã o “empoderamento”, para sinalizar a luta pela igualdade de gêneros e a
busca da libertaçã o sexual, em que todos podem fazer opçã o de querer ser homem
ou mulher.

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II. CONSQUÊNCIAS

A ideologia de gênero pretende desconstruir os papéis de homens e mulheres e


assim descontinuar o casamento e a família tradicional. AsEscrituras Sagradas
ensinam que o pecado provoca graves consequências e o ser humano recebe em si
mesmo o resultado de seus erros (Rm 1.27).

1. Troca de Papéis entre Homens e Mulheres

A ideologia de gênero ensina que os papéis dos homens e das mulheres foram
socialmente construídos e que tais padrõ es devem ser desconstruídos. Essa
posiçã o nã o aceita o sexo bioló gico (macho e fêmea) como fator determinante para
os papéis masculino e feminino. Sob esse aspecto, alguém pode ser biologicamente
homem e desejar desenvolver comportamento típico de mulher e vice-versa. Faz-
se ainda apologia à prá tica do homossexualismo e do lesbianismo. Tal posiçã o
despreza os papéis biblicamente constituídos (Rm 1.25-32; Ef 5.22-33).

O perigo da inversão de valores

Na época do profeta Isaías, a ordem social, o estado moral, ético e espiritual do


povo de Judá era lamentá vel e em muito se assemelha aos dias que vivemos, O mal
era caracterizado pela inversã o dos valores.

O profeta fora enviado a uma naçã o que se recusava ouvir a palavra de Deus (Is
1.2-6,10-17; 6.9-13). Nesse cená rio de podridã o moral e espiritual, Deus levantou
um atalaia para profetizar contra a naçã o. Dentre as reprimendas, o profeta
vaticinou “seis ais” que confrontavam o comportamento inadequado daquele povo.

O primeiro “ai” era contra o materialismo desenfreado e o enriquecimento ilícito


(Is 5.8-10).

O segundo “ai” duplamente anunciado condenava a bebedeira e a embriaguez que


conduzia à ociosidade (Is 5.11,12,22).

O terceiro “ai” repreendia os que zombavam da verdade e duvidavam do juízo


divino apostando no ceticismo (Is 5.18,19).

O quarto “ai” era um alerta acerca da perversã o dos valores. Tratava-se de uma
dura advertência acerca do extremo perigo do relativismo cultural (Is 5.20).

O quinto “ai” era uma condenaçã o aos presunçosos que se julgavam sá bios e ú nicos
donos da verdade (Is 5.21).

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E o sexto e ú ltimo “ai” repreendia a corrupçã o, o suborno e a perversã o do direito
(Is 5.23). Essas atitudes reprová veis e imorais causaram a derrocada daquela
naçã o (Is 5.24,25).

Em nosso tempo, a situaçã o nã o é diferente; a sociedade está em está gio de


putrefaçã o moral e ética, pois a verdade vem sendo modificada por intensa
manipulaçã o do pensamento. Homens inescrupulosos afrontam a verdade de Deus
e a sua Palavra promovendo ideologias contrá rias à revelaçã o divina. A ideologia
de gênero, com a sua inversã o de valores, tem invadido, inclusive, diversos setores
da igreja que se autodenomina cristã .

O farisaísmo — como dissimulaçã o da verdade — tem adentrado em nosso meio. A


reprimenda de Cristo os classificando como “Condutores cegos! Coais um mosquito
e engolis um camelo” (Mt 23.24) vem sendo ignorada por um nú mero considerá vel
da igreja e de sua liderança. Contudo, as Escrituras sã o categó ricas em revelar que
nã o haverá escape para os transgressores. Aos que relativizam a verdade, a Palavra
de Deus vaticina: “nã o será tardia a sentença, e a sua perdiçã o nã o dormita” (2 Pe
2.1-3). A igreja nã o pode fechar os olhos para a inversã o dos papéis de homens e
mulheres divinamente revelados nas Escrituras (Ef 5.22-33).

2. Confusão de Identidade para o Ser Humano

Os adeptos dessa ideologia fazem questã o de criar conceitos relativistas. Afirmam


que a sexualidade (desejo sexual) e o gênero (homem e mulher) nã o estã o
relacionados com o sexo (ó rgã os genitais). Desse modo, a identidade de gênero e a
orientaçã o sexual passam a ser moldadas ao longo da vida. Por exemplo, a criança
passa a decidir depois de crescida se quer ser menino ou menina. No entanto, essa
indefiniçã o acerca da pró pria identidade produz efeito dramá tico no ser humano
por causa da confusã o de papéis, e provoca sérios problemas de ordem espiritual e
psicossocial. Tal ideologia induz, inclusive, à insolência de a criatura questionar o
seu Criador (Rm 9.20).

Identidade de gênero

Biblicamente, a orientaçã o e o desejo sexual estã o direta e intrinsecamente


relacionados à s características físicas do sexo (masculino e feminino), e nã o com o
construto cultural da sociedade. O conceito de “identidade de gênero” nã o aceita o
sexo bioló gico (masculino e feminino) como fator determinante da sexualidade.
Ensinam que os indivíduos desenvolvem sua “identidade de gênero” durante o
processo de socializaçã o com a cultura na qual estã o inseridos. Assim, o propó sito
dessa ideologia na á rea da moralidade é desassociar o sexo da sexualidade e com
isso provocar a inversã o dos valores também do casamento e da família.

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3. Desvalorização do Casamento e da Família

A ideia é de que o desaparecimento dos papéis ligado ao sexo provoque um


destruidor impacto sobre a família. A ideologia considera que a atraçã o pelo sexo
oposto, o casamento e a família correspondem a determinados estereó tipos e
papéis sociais previamente estabelecidos pela sociedade.

Tudo passa a ser relativizado e permitido, isto é, ninguém poderá afirmar que
algum modo de relaçõ es entre os sexos possa ser mau ou antinatural. O casamento
heterossexual e a família tradicional sã o totalmente desconsiderados. Esses e
outros males sã o resultados da depravaçã o humana e sinais da iminente volta de
Cristo (2 Tm 3.1-5).

A depravação da sexualidade

Quando se adota a identidade de gênero como parâ metro ou medida, os valores e


os conceitos morais tornam-se relativos. Caso fosse verdadeiro que o ser humano
tenha capacidade para “autoconstruir” seu pró prio gênero “nenhum modo de
relaçã o sexual poderá ser considerado puro ou impuro, certo ou errado” (SCALA,
2011, p. 65). Assim, instala-se o relativismo e a resultante inversã o/alteraçã o de
valores (Is 5.20).

A partir disso, nã o se poderá restringir a liberdade sexual de ninguém. A começar


pelo postulado bá sico da “identidade de gênero” de que nã o existe uma identidade
bioló gica em relaçã o à sexualidade e que todas as relaçõ es sexuais sã o apenas o
construto da sociedade, entã o toda relaçã o sexual consentida será considerada
moralmente boa e, portanto, lícita e aceitá vel, nã o sendo passível de crítica ou
condenaçã o por parte da sociedade e das autoridades pú blicas.

Em vista disso, serã o desconstruídas as relaçõ es familiares, o casamento, a


reproduçã o, a educaçã o, a religiã o, a sexualidade, dentre outros. Prá ticas que hoje
sã o moralmente condenadas passarã o a ser consideradas igualmente lícitas tanto
do ponto de vista moral, legal e jurídico. Depravaçõ es sexuais como zoofilia (sexo
do homem com animais); necrofilia (atividade sexual com cadá ver) e até a
pedofilia (sexo de adultos com criança) serã o toleradas como resultado da
aceitaçã o da “ideologia de gênero”.

Convém aqui registrar que a prá tica da zoofilia é tipificada como crime (Art. 32, Lei
9.605/1998), a necrofihia (Art. 212, Có digo Penal Brasileiro), bem como a
pedofilia, é considerada crime contra vulnerá vel previsto no Có digo Penal
Brasileiro (Art. 217-A), além de ser tipificada como doença na categoria
“Transtornos da preferência sexual” listada na Classificaçã o Internacional de
Doenças (CID-10, Có digo F65.4).

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Apesar de estarmos conscientes desses fatos, sabemos que a cultura se modifica e
seus conceitos e valores podem ser relativizados. Entretanto, as Escrituras
Sagradas ensinam que as verdades divinamente reveladas independem da cultura,
e, portanto, nã o sã o passíveis de alteraçã o. Para o cristã o, a autoridade e a
inspiraçã o divina das Escrituras sã o fatos inquestioná veis.

O reformador alemã o Martinho Lutero (1483- 1546) compreendia que o sentido


de “Sola Scriptura” era literal, ou seja, somente a Escritura — e nã o a Escritura
somada à interpretaçã o dos homens ou a cultura dos povos — é a fonte de
revelaçã o cristã . Sua defesa era pela centralidade da palavra de Deus. (LUTERO, v.
2, 2010. p. 403). O reformador holandês Jacó Armínio (1560-1609) igualmente
defendeu a centralidade das Escrituras e ensinou que todas as doutrinas
necessá rias para o cristã o já nos foram transmitidas pela revelaçã o da Palavra de
Deus (ARMINIO, v. 1,2015, p. 377). Portanto, para o cristã o as doutrinas bíblicas se
constituem em ú nica autoridade infalível de fé e prá tica.

III. O IDEAL DIVINO QUANTO AOS SEXOS

A Palavra de Deus revela que o homem foi criado macho e fêmea (Gn 1.27). Entre
outros propó sitos divinos estava a uniã o heterossexual entre um homem e uma
mulher. Portanto, a revelaçã o divina contida na Bíblia Sagrada está acima da
ideologia de gênero e transcende a cultura pó s-moderna relativizada de nossa
época.

1. Criação de Dois Sexos

Deus criou dois sexos anatomicamente distintos: “E criou Deus o homem à sua
imagem; à imagem de Deus o criou; macho e fêmea os criou” (Gn 1.27). Portanto,
biologicamente, o sexo está relacionado à s formas do corpo humano e aos ó rgã os
genitais. Assim sendo, os seres humanos nascem pertencendo ao sexo masculino
ou ao sexo feminino, O homem é designado como macho e a mulher como fêmea.
Por conseguinte, nã o podemos alterar a verdade bíblica para acomodar a ideologia
de gênero, pois a cultura permanece sob o julgamento de Deus (1 Pe 4.17)

Não podemos mudar a verdade

Paulo alerta a igreja de Corinto: “nada podemos contra a verdade, senã o pela
verdade” (2 Co 13.8). No contexto dessa passagem, tanto o “evangelho” quanto a
“retidã o moral” é apresentado como conceito da verdade. Essa expressã o paulina
indica que rejeitar a verdade, seja ela no campo da ética, seja da moral, implica
combater contra aquEle que é a verdade — Cristo e seu evangelho. Portanto, nã o é
possível anular a verdade, ainda que alguma ideologia o queira fazer.

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Aqui está evidenciado um princípio geral: nã o importa o que o homem faça para
torcer a verdade, no final, quer queira quer nã o, a verdade triunfará sobre a
falsidade e o engano. Pode até ser que a verdade fique oculta ou subjugada por um
determinado espaço de tempo, mas por fim ela ressurgirá triunfante.

Por conseguinte, diante da exortaçã o paulina, nã o podemos alterar a verdade


bíblica para acomodar a fé cristã aos valores da cultura secular. Nem tampouco
devemos ceder ao conformismo e assistir passivamente à deturpaçã o da verdade.
Nã o estamos autorizados a acrescentar ou retirar algo da verdade revelada por
Deus (Ap 22.18,19). As Escrituras sã o enfá ticas ao revelar que Deus criou apenas
dois sexos: macho e fêmea (Gn 1.27). Portanto, enquanto a Igreja estiver na terra,
temos que oferecer resistência à tentativa de deturpaçã o da verdade.

2. Casamento Monogâmico e heterossexual

Ao instituir o casamento, Deus ordenou: “o homem deixará pai e mã e e se unirá à


sua mulher, e eles se tornarã o uma só carne” (Gn 2.24, NVI). Isso significa que a
uniã o monogâ mica (um homem e uma mulher) e heterossexual (um macho e uma
fêmea) sempre fez parte da criaçã o original de Deus. A diferenciaçã o dos sexos visa
à complementaridade mú tua na uniã o conjugal: “nem o varã o é sem a mulher, nem
a mulher, sem o varã o” (1 Co 11.11). Assim, mudam-se as culturas e os costumes,
mas a palavra do nosso Deus permanece inalterá vel (Mt 24.35).

O modelo da família cristã

A Declaraçã o de Fé das Assembleias de Deus no Brasil crê, professa e ensina que a


família é “instituiçã o criada por Deus, que tem por princípios reguladores e
estruturantes a monogamia [...] e a heterossexualidade” (SOARES, 2017, p. 205).
Por essas razõ es, nossa confissã o de fé rejeita a homossexualidade (1 Co 6.10) e
qualquer configuraçã o social que se denomina família cuja existência é
fundamentada em prá tica, uniã o ou qualquer conduta que atenta contra a
monogamia e a heterossexualidade, consoante ao modelo instituído pelo Criador e
ensinado pelo Senhor Jesus (Mt 19.4-6). Esse tema será discutido novamente com
maior profundidade no capítulo 9, que abordará o planejamento familiar.

3. Educação dos Filhos com Distinção dos Sexos

Educar nã o consiste apenas em suprir os meios de subsistência e proporcionar o


bem-estar necessá rio. Cabe também aos pais educar os filhos na admoestaçã o do
Senhor (Ef 6.4), promover o diá logo e o amor mú tuo (Ef 6.1,2). A família cristã nã o
pode perder a referência bíblica na educaçã o de seus filhos. Explicar e orientar que
homens e mulheres, por exemplo, possuem ó rgã os sexuais distintos que os
diferenciam sexualmente é responsabilidade dos pais.

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Deve-se ensinar, ainda, o respeito e a nã o discriminaçã o, mas também a
diferenciaçã o entre os sexos a fim de coibir a inoportuna “luta de gêneros” (Gn
1.27; 1 Co 11.11,12; Ef 5.22-25).

A ideologia de gênero na educação secular

Nesse aspecto, os pais ou os responsá veis pelos estudantes devem redobrar a


atençã o. Ativistas labutam para implantar a “ideologia de gênero” nas escolas por
meio de material didá tico e uma nova pedagogia voltada para a desconstruçã o
sexual e o doutrinamento das crianças e alunos em geral.

No Brasil, em 2014, durante a tramitaçã o no Congresso Nacional do PNE (Plano


Nacional de Educaçã o), que dita as diretrizes e metas da educaçã o para os
pró ximos dez anos, apó s diversas pressõ es de parlamentares cristã os, a ideologia
de gênero foi retirada do texto. Apó s uma série de debates, o Ministério da
Educaçã o manteve a ideologia de gênero na Base Nacional Comum Curricular,
porém, agora na disciplina de ensino religioso. A Base Nacional se limita, por
enquanto, ao ensino infantil e fundamental (basenacionalcomum. mec.gov.br).

Por fim, o que se pode afirmar é que a ideologia de gênero pretende relativizar a
verdade bíblica e impor ao cidadã o aquilo que deve ser considerado como ideal.
Acuada pelo “patrulhamento ideoló gico”, parcela da sociedade nã o esboça reaçã o,
faz concessõ es em nome do “politicamente correto”, e o mal vem sendo propagado.
No entanto, os cristã os possuem o dever de reagir e “batalhar pela fé que uma vez
foi dada aos santos” (Jd 3).

Evangelista Isaias Silva de Jesus


Igreja Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Setor I - Em Dourados – MS
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