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Universidade Federal de São Paulo

Instituto de Saúde e Sociedade – Campus Baixada Santista

Maria Gabriela Martins e Geovanna Santos da Silva

“A desconstrução de um ideal”

Ensaio reflexivo sobre Natureza, Cultura, Diferença, Gênero e Raça

Santos
2023
Resumo

O presente ensaio acadêmico tem por objetivo apresentar questões sobre a relação entre diferença,
raça, gênero, cultura e natureza. Para isso, partiu-se de uma contextualização de que esses tópicos
citados andam lado a lado. Verificou-se que a natureza e a cultura consistem em sinônimos distintos:
enquanto a cultura é uma criação do ser humano, a natureza não – e mesmo assim, a cultura (humana)
intervém nesse espaço natural. Além do mais, questões a respeito de diferenças, raça e gênero são
divisões existentes dentro de um espaço social e ditado por diferentes culturas, o que por sua vez,
causa um impacto no meio natural. A partir da análise, conclui-se que está sendo apanhado um grupo
de pessoas atrás de uma desconstrução do ideal imposto desde os primórdios da sociedade atual.

Introdução
Este ensaio trata-se de uma reflexão com o intuito de analisar a forma como a sociedade construiu
seus ideais e como ela mesma lida com as diferenças.

A Cultura e sua formação histórica

Há 1,5 milhão de anos, segundo historiadores, o ser humano passou a existir; não da forma que
conhecemos hoje, mas vivendo sob outras circunstâncias, o que é datado como gênero homo,
primeiro vestígio do que entendemos sobre ser humano. Com a evolução dessa espécie, em meio
aos desafios de uma vida submissa à natureza e ao que ela oferecia, o ser humano passou a dominar
esse meio: com a caça, agricultura e formação de um espaço social por meio de uma comunicação
entre os seus iguais, o que conhecemos por sociedade.
A etimologia da palavra sociedade vem do latim societes, que significa “associação amistosa com
outros”, ou seja, é um relacionamento entre indivíduos amigos, no qual não engloba um todo, e sim
os escolhidos para participar deste meio.
Com a divisão da sociedade, estes indivíduos passaram a se espalhar com seus respectivos grupos
pelo mundo. Todavia, devido a essa separação social, criou-se, implicitamente, conflitos entre os
diferentes grupos – surgiu então, as diferenças sociais e culturais, impostas por esses seres humanos
que agora vivem distintamente. Essas diferenças sociais constituem a cultura de um povo, onde
mediante as distinções, contribuem para o corpo (social).

No entanto, parafraseando o historiador Lucas Rodrigues, “não existe sociedade sem ordem social”,
ou seja, nem toda essa divisão construída ao longo da história é ruim, depende do referencial.

Santos
2023
Dentre as inúmeras divisões é válido destacar o conceito de raça e gênero, características
humanizadas e não naturalizadas – o ser Homem e ser Mulher existe desde sempre corporalmente
falando. O ser em um corpo masculino e negro ou branco foram divisões que o próprio ser humano
criou para inferiorizar algum grupo social.

A relação entre os diferentes

Na Segunda Guerra Mundial, no governo preconceituoso de Adolf Hitler, foi disseminado a


superioridade dos Arianos – denominada raça alemã, branca e hetera – e a inferioridade de todos
que não se encaixavam neste grupo – negros, homossexuais, religiosos e judeus, no qual sofreram
incontáveis perseguições e torturas.
O ódio dos Nazistas inseminada pelo mal do antissemitismo é um marco histórico de como o ser
humano não é capaz de lidar com seus diferentes – e lidar educadamente assim como lidam com
seus iguais.
Ademais, não só na Segunda Guerra Mundial, toda a história aponta para um momento em que
algum grupo se ascendeu e aniquilou todos que eram contra seu Governo ou que não cultivavam os
mesmos costumes apresentavam o mesmo biotipo ou aparência.
No entanto, é necessário distinguir o mal da divisão social e o “bem”, como a ética e moral que a
humanidade criou para organizar a sociedade. Sendo assim, fica claro que não existe sociedade sem
ordem social. Não há sociedade autorreguladora sem que exista uma ordem pré-determinada (leis).
Em uma sociedade justa, não existe a questão de elevação social por meio do egoísmo teoricamente
falando. É crucial a presença de um corpo regulador dessa sociedade – espécie de política – para
garantir que as leis e a ordem social prevaleçam.
Em suma, a divisão social, ao olhar crítico da antropologia, vê a sociedade como um grande e
complexo sistema de cadeias, assim como a natureza também possui. Alterar essas cadeias torna a
sociedade instável. Essa visualização aparece mais clara quando existem mudanças bruscas de
governo ou de sistema político, que fazem grandes civilizações caírem ao solo – vide o Brasil entre
os anos 1860 a 1960.
Diante de toda essa exposição, fica claro que cultura e os conceitos de raça e gênero é criação
humana, e por meio dessa invenção o próprio ser humano desconstruiu a palavra humanização e
passou a lidar negativamente com as diferenças existentes na sociedade.

A relação entre Natureza e Cultura e o impacto dela na sociedade

Outrossim, o ser humano, com suas novas perspectivas de se relacionar com o meio em que vive,
distorceu não só sua própria criação (relação com os iguais) como também com o ambiente em que
estava inserido – a Natureza.
Santos
2023
Para entender melhor a relação entre natureza e cultura basta voltar para os períodos históricos
citados acima – o homem pré-histórico estava submisso à natureza e passou a dominá-la.
Conforme o artigo a respeito da “relação do ser humano e natureza a partir da visão de alguns
pensadores históricos”, o ser humano começou a comportar-se como um “engenheiro” que já não
necessitava direcionar qualquer valor à natureza, ou seja, a relação natureza e ser humano passou
a ser de domínio e para o proveito do sujeito homem e mulher.
Analisando essa relação, qual o impacto dela na sociedade? O impacto do ser humano na natureza
varia de acordo com a cultura que o individuo está inserido.
Em comunidades indígenas, por exemplo, há um respeito aos processos naturais: caçam o que
precisam para sanar suas vontades físicas sem exterminar uma espécie inteira; e buscam formas de
usar a natureza sem precisar danificá-la – pois para o indígena, a Natureza é a casa, e não um
utensílio para se usar e jogar fora, como a sociedade atual age.
No entanto, ao estudar o comportamento do ser humano inserido em um ambiente urbano, é notório
a falta de empatia com o que vem da natureza, e mesmo diante de tantas chamadas para visionar
uma alternativa harmônica entre homem e natureza, o ser humano contemporâneo não se importa
com e prefere gerencia-la à mercê do homem.

Conclusão

Portanto, diante dessa explanação, a Natureza está intimamente relacionada com a Cultura – e esta
está ligada diretamente com as diferenças sociais explicadas por meio da criação humana dos
conceitos de raça e gênero.
É necessário mais do que nunca uma desconstrução do ideal imposto desde os primórdios da
sociedade. Desconstruir os preconceitos enraizados em cada indivíduo ao se encontrar com seus
diferentes e construir um ambiente aberto as relações humanas independente da cultura, raça ou
gênero e como estas vivem com a natureza.

Referencias
Artigo “a relação ser humano e natureza a partir da visão de alguns pensadores históricos”
https://scholar.google.com.br/scholar?hl=pt-
BR&as_sdt=0%2C5&q=rela%C3%A7%C3%A3o+do+ser+humano+com+a+natureza&btnG=#d=g
s_qabs&t=1686751660319&u=%23p%3Dddpuhq69qrAJ

SciELO - Brasil - A dor, o indivíduo e a cultura A dor, o indivíduo e a cultura


Raça e gênero | Oxfam Brasil

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