Você está na página 1de 6

Psicologia: Ciência e Profissão

Print version ISSN 1414-9893

Psicol. cienc. prof. vol.20 no.3 Brasília Sept. 2000

http://dx.doi.org/10.1590/S1414-98932000000300003

ARTIGOS

“Masculinidade na história: a construção cultural da


diferença entre os sexos”1

Sergio Gomes da Silva*

Contexto Histórico

Até o século XVIII, não era possível encontrar um modelo de sexualidade


humana conforme entendemos hoje.

Foucault (1986) vai ressaltar que o próprio termo sexualidade é um termo


surgido no século XIX, portanto pertencente às sociedades modernas e pós-
modernas.

O modelo de perfeição estava representado na anatomia masculina, onde a


regra fálica5, distinguia perfeitamente o domínio de superioridade e
inferioridade masculina e feminina respectivamente. Concebida como um
homem invertido e inferior, a mulher será um sujeito “menos desenvolvido”
na escala da perfeição metafísica.6

inferioridade da mulher enquanto “fragilidade” do corpo (ossos e nervos) e


posteriormente quanto ao prazer erótico. A mulher seria mais frágil,
desprovida de calor vital e sofreria de menos privilégios que os homens.
A discussão sobre gêneros perpassou o campo fisiológico e chegou aos
ditames das regras e papéis sócio e culturalmente estabelecidos pela
sociedade burguesa do século XIX.9

Sob a ameaça de uma feminilidade inerente a alguns homens, decorrente


do medo de tornarem-se homossexuais10, e diante da obrigatoriedade de
por a prova o seu sexo forte, os homens tiveram que cultivar mais do que
nunca a sua masculinidade e a sua virilidade, caracterizando também a
primeira crise da identidade masculina.

A preocupação com uma possível feminilização por parte de alguns homens,


fizeram com que investissem e construíssem para si uma série de papéis e
traços representativos da sua condição “masculina”, de forma que
descrevesse melhor o atual homem vitoriano, em contraste com o seu
oposto, a mulher, e mais inadvertidamente, a seu inverso , o homossexual.

Da mesma forma como alguns homens costumam se descrever hoje, “ser


homem” no século XIX significava “não ser mulher”, e sobre todas as
hipóteses jamais ser homossexual. A identidade sexual e de gênero do
homem vitoriano, estava intrinsecamente ligada à representação do seu
papel na sociedade. Os traços que os descreviam, voltavam-se para a forma
de se vestir, a forma de andar, a maneira de se comportar, a entonação de
voz, etc., assim como também era ressaltado a forma física, a musculatura,
os contornos do corpo masculino, a elegância, o vigor físico e a beleza, e
por fim, as qualidades psicológicas do homem como a agilidade, a coragem,
a distinção, a bravura, o heroísmo, conforme as descrições pontuadas por
Gay (1995). A sociedade masculinista burguesa, dado essa premissa,
construía, assim, a nova imagem de homem, e como conseqüência vieram
as duras provas pelas quais o homem deveria enfrentar, como as lutas,
como um dos “componentes do comportamento masculino”.

Se a possibilidade de feminilização era mal-vista para os homens vitorianos,


a masculinização também o era para as mulheres. Masculinidade e
feminilidade, até certo ponto, eram cultuadas, ora mais para uns, ora mais
para outros no século XIX. Homens e mulheres deveriam restringir-se ao
seu papel social de acordo com a sua identidade biológica, de macho e
fêmea, e por conseguinte, sua escolha afetiva e sexual deveria voltar-se
para o sexo oposto ao seu. A norma desviante era totalmente repelida e
punida. Segundo alguns autores tais como Showalter (1993), Mosse (1998)
e Badinter (1993), seriam estes os marcos que pontuaram o estado
da decadência masculina, sobretudo após a noção de bissexualidade
introduzida por Freud.

////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////

A IDEIA DE MASCULINIDADE É APRENDIDA .

Fatores Culturais

As ideias e fundamentos que dito “masculino” foram abalados pelo contexto histórico e pelas
inúmeras e intensas transformações sociais;

A masculinidade é um espaço simbólico, cujo objetivo é sustentar uma estrutura modeladora


de comportamentos, pensamentos, atitudes , emoções , etc.

Falar em transformações da masculinidade nos remetem a um olhar sobre as transformações


da feminilidade. = sexo apenas por prazer e não para reprodução , espaço no mercado de
trabalho , direito ao voto, independência, etc...

Quando o homem vê que se atribuiu a ele as características que foram historicamente


determinadas como femininas , ele sente sua condição masculina ameaçada. Por exemplo, a
independência da mulher, a mulher que é provedora da sua casa, a mulher que não precisa de
homem para se satisfazer, a mulher que , por si só, segue a vida sem a necessidade do auxílio
do homem. Ops! A mulher pegou meu lugar e eu estou ficando no lugar que era dela. Como
assim?

Na pós-modernidade:

Cobra-se do homem que ele tenha comportamentos diferentes , mas não muito. O homem
tem que ser sensível, MAS NÃO MUITO. Deve ser másculo, ter pegada, presença , MAS SEM
SER UM OGRO.

//////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////
A identidade de gênero e sexual são processos complexos, impostos ora por
nossos pais e amigos, e cobrados direta ou indiretamente pela sociedade
em que vivemos, conjurando a heterossexualidade como modelo normativo
único e constitutivo das subjetividades da maioria dos homens.

Mas como se constitui nossa identidade de gênero e sexual,


enfim?

Para Robert Stoller (1993), psicanalista e especialista em transexualidade, a


masculinidade e a feminilidade são qualidades sentidas por quem a possui, ou seja,
um conjunto de convicções obtidas através dos pais, especialmente na infância e
mantidas pela sociedade. Stoller estabeleceu uma relação direta entre identidade
de gênero e identidade sexual a partir daquilo que ele denominou de núcleo da
identidade de gênero, ou seja:

• Uma força originária entre os cromossomos masculinos e femininos (identidade


biológica);

• Uma designação do sexo do bebê, que, por sua vez, é resultante da observação
dos genitais externos deste (identidade anatômica);

• Uma influência de atitudes dos pais e amigos e a interpretação dessas percepções


por parte do bebê (processos de socialização);

• Fenômenos biopsíquicos precoces (efeitos pós-natais), causados por padrões


habituais de manejo com o bebê;

• E, por último, o desenvolvimento do ego corporal, ou seja, qualidades e


quantidades de sensações pelas quais o indivíduo passa (processo de identificação -
uma das propriedades do complexo edipiano).

Masculinidade e feminilidade, assim, são encontrados em todas as pessoas, mas


em formas e graus diferentes. Ela começa com a percepção de que se pertence a
um sexo e não a outro, onde o núcleo da identidade de gênero dá a convicção de
que a atribuição do seu sexo foi correta.

“O que o gênero é e o que homens e mulheres são e o tipo de relação que ocorre
entre eles são produtos de processos sociais e culturais” (Almeida, 1995, p. 128),
porém, “os estereótipos de macho e fêmea, masculino e feminino estão vinculados
a uma crescente histeria, onde a sociedade se encontra numa busca por uma nova
noção de gênero, não sabendo mais por onde começar” (Spencer, 1996, p. 386).

Diferentemente de Stoller, Robert Connel vai situar a dinâmica das estruturas de


gênero através de um modelo de ordenação provisório que vai das relações de
poder, passando pelas relações de produção até aquilo que ele
No caso do homem, a norma social construída é clara: o homem deve
comportar-se como o modelo histórico e social definido pela maioria e
enquadrar-se nele, dirigindo sua sexualidade para o sexo oposto ao seu.
Ora, “nenhuma identidade sexual é automática, autêntica, facilmente
assumida, e existe sem negociação ou construção; toda a identidade sexual
é um construto estável, mutável e volátil.

Patriarcado

No caso do homem, a norma social construída é clara: o homem deve


comportar-se como o modelo histórico e social definido pela maioria e
enquadrar-se nele, dirigindo sua sexualidade para o sexo oposto ao seu.
Ora, “nenhuma identidade sexual é automática, autêntica, facilmente
assumida, e existe sem negociação ou construção; toda a identidade sexual
é um construto estável, mutável e volátil.

Patriarcado substituído pelo machismo

No caso do homem, a norma social construída é clara: o homem deve


comportar-se como o modelo histórico e social definido pela maioria e
enquadrar-se nele, dirigindo sua sexualidade para o sexo oposto ao seu.
Ora, “nenhuma identidade sexual é automática, autêntica, facilmente
assumida, e existe sem negociação ou construção; toda a identidade sexual
é um construto estável, mutável e volátil.

No caso do homem, a norma social construída é clara: o homem deve


comportar-se como o modelo histórico e social definido pela maioria e
enquadrar-se nele, dirigindo sua sexualidade para o sexo oposto ao seu.
Ora, “nenhuma identidade sexual é automática, autêntica, facilmente
assumida, e existe sem negociação ou construção; toda a identidade sexual
é um construto estável, mutável e volátil.
Significado Existencial da Sexualidade

o facto de sermos um ser no mundo que com ele se relaciona através do seu corpo e é através
do corpo que apreendemos o mundo dos outros, dos objectos e através dele também nos
damos a conhecer. Torna-se, deste modo, evidente que o nosso corpo e todas as suas funções,
possuem um papel de extrema relevância para o nosso conhecimento interior, como também
o conhecimento dos outros. O meu corpo é um veículo que me leva aos outros, ele é
expressão e fala da minha interioridade, é através do meu corpo que expresso quem sou e
quem sou com o outro.

demonstrar a relação que se estabelece entre expressão sexual e identidade que engloba em si
experiências e sentimentos. Como vivemos a sexualidade e como vivenciamos o outro nessa
relação, que significados atribuímos ao que experienciamos e ao que experienciamos do
Outro, como é que a sexualidade faz parte do Ser no Mundo e que papel desempenha nele,
pois a sexualidade não é uma forma de estar, é antes uma forma de sentir que pode ser muito
útil na psicoterapia.

Você também pode gostar