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CIÊNCIA NORMAL,

PARADIGMAS, METÁFORAS,
DISCURSOS E GENEALOGIA
DA ANÁLISE

de Gibson Burrell
por Rafael Fernandes Teixeira
GIBSON BURRELL
Sociólogo e teórico organizacional britânico,
professor de Teoria da Organização na
Universidade de Manchester, professor honorário da
Universidade de York, e anteriormente da
Universidade de Leicester.
Ficou conhecido como escritor do livro de 1979
paradigmas sociológicos e análise
organizacional com Gareth Morgan, é
reconhecido por introduzir o projeto de gestão
crítica para a Universidade de Leicester
1. Explanandum e explanans

2. Metáfora bíblica na administração

3. Diáspora dos construtores

4. Falta de consenso
TÓPICOS 5. Natureza do empreendimento
DE 6. Leito de Procusto

ABORDAGEM 7. Thomas Kuhn e o ciclo da ciência

8. Paradigmas de Burrell e Morgan

9. Gareth Morgan e as metáforas

10. Michel Foucault

11. Conclusões
EXPLANANDUM
E EXPLANANS
Explanandum é uma frase que
descreve um fenômeno que deve
ser explicado.

Explanans são as frases


aduzidas como explicações desse
fenômeno.
METÁFORA BÍBLICA
PARA COMPREENDER A
ADMINISTRAÇÃO

Vídeo:
a Torre de Babel

Construtores representam a humanidade;


A construção da torre é vista como uma tentativa de
alcançar o divino e a imortalidade;
Metáfora para a arrogância humana e a necessidade
de humildade diante de Deus;
METÁFORA BÍBLICA
PARA COMPREENDER A
ADMINISTRAÇÃO
A diáspora dos construtores após o abandono do
projeto;
O importante é o projeto compartilhado e não a
linguagem;
A babel de vozes vem da interrupção da tarefa
conjunta.
Os estudos organizacionais carecem de linguagem e
projeto compartilhados.
ELEMENTOS DA ESTRUTURA DOS
ESTUDOS ORGANIZACIONAIS
Natureza da fragmentação da administração nas escolas de pensamento
e a fragilidade de uma elite universalmente aceita que está no controle

Deficiência de explanans compartilhados

Natureza móvel da administração


A DIÁSPORA DOS CONSTRUTORES

OS CONSTRUTORES DA
TEORIA DA ORGANIZAÇÃO
UTILIZAM E CONTAM COM
DIFERENTES SUPOSIÇÕES
SOBRE A NATUREZA DO
MUNDO SOCIAL E
PSICOLÓGICO -
DEPENDENDO DE...ONDE
SE ENCONTRAVAM NUM
DETERMINADO MOMENTO

ISSO MUDOU NO PÓS-GUERRA


COM A INFLUÊNCIA AMERICANA
NA RECONSTRUÇÃO DA EUROPA
A DIÁSPORA DOS CONSTRUTORES

UMA VEZ IMOBILIZADA,


A ESTRUTURA DE
PENSAMENTOS
TRANSFORMA-SE EM
OBJETO DE LEGENDA.

PARALISAR, ESTAGNAR, FAZER DE


TUDO PARA QUE A VÍTIMA
CIENTÍFICA SE MANTENHA ESTÁVEL
PARA SER ESTUDADA.
A DIÁSPORA DOS CONSTRUTORES

PARADIGMAS, METÁFORAS,
DISCURSOS E GENEALOGIAS
SÃO TODOS LESÕES
ENTALHADAS NO CORPO DA
VIDA ORGANIZACIONAL

CONCEITOS VISTOS COMO


ELEMENTOS APRISIONADORES E
LIMITADORES.
FALTA DE CONSENSO SOBRE OS
EXPLANANS

DIFERENTES EXPLICAÇÕES
DE PROBLEMAS
DIFERENTEMENTE
CONCEBIDOS RAPIDAMENTE
SE TORNARAM
XXX
PROEMINENTES

MAIOR FRAGMENTAÇÃO
DOS TIPOS CONCEITUAIS
NATUREZA MÓVEL DO
EMPREENDIMENTO

O EXPLANANDUM EM
TRANSFORMAÇÃO

ASSIM COMO A FALTA DE


CONSENSO DOS TEÓRICOS,
O OBJETO DE ESTUDO
SOFRE MUTAÇÕES.
LEITO DE PROCUSTO

Vídeo:
Procusto

Metáfora para a intolerância


Pessoas e ideias diferentes seriam
moldadas à força;
Também interpretado e usado para se
referir a indivíduos que tentam se
livrar ou menosprezar todos que
consideram melhores do que eles
LEITO DE PROCUSTO

FORÇARAM A ANÁLISE
ORGANIZACIONAL PARA UM
LEITO DE PROCUSTO
...O QUE TODO CONCEITO
FAZ É EXCLUIR, TANTO
QUANTO INCLUIR.

CRÍTICA AOS ESTUDIOSOS


QUE TENTAVAM ENCAIXAR
FORÇADAMENTE CONCEITOS
E IDEIAS EM MOLDES
De aluno a professor de Física em Harvard
THOMAS KUHN Lecionou uma disciplina de ciências para alunos de ciências
humanas. A estrutura desta disciplina baseava-se nos casos mais
famosos da história da ciência, pelo que Kuhn foi obrigado a
familiarizar-se com este tema. Este fato foi determinante para o
desenvolvimento da sua obra.
Em 1962, com a publicação do livro Estrutura das Revoluções
Científicas, que Kuhn se tornou conhecido não mais como físico,
mas, sim, como intelectual voltado para a história e a filosofia da
ciência.

1922-1996
KUHN E O CICLO
DA CIÊNCIA

A CIÊNCIA SE DESENVOLVE
POR MEIO DE TENSÕES
POLÍTICAS ENTRE A
CIÊNCIA NORMAL E A
CIÊNCIA REVOLUCIONÁRIA.
OS PARADIGMAS DE
BURRELL E MORGAN

MAPEAMENTO DAS
DIMENSÕES
PARADIGMÁTICAS FOI
CRITICADA PELO FATO DE
FORÇAR AS TEORIAS
SOCIAL E ORGANIZACIONAL
EM 4 CATEGORIAS
ESTÁTICAS
GARETH MORGAN Teórico Organizacional britânico, consultor de administração e
professor emérito da Universidade de York, conhecido como o
criador do conceito de “Metáfora Organizacional” e autor do best-
seller “Imagens da Organização”.
Na obra, apresenta a “imaginização” como uma nova forma de
pensar a Organização; além disso, introduz o uso de metáforas para
entender e tratar os problemas organizacionais.

1943 (80 ANOS)


METÁFORAS DE
MORGAN

TODA TEORIA E PRATICA


DA ORGANIZAÇÃO E DA
ADMINISTRAÇÃO BASEIA-SE 1. MOBILIZA NOVAS MANEIRAS DE
EM IMAGENS, OU VER A ORGANIZAÇÃO;
METÁFORAS, QUE NOS 2. O ESTUDIOSO COMO “AUTOR” E
LEVAM A ENTENDER “LEITOR” DA VIDA
SITUAÇÕES DE MANEIRA ORGANIZACIONAL
EFICAZ, MAS PARCIAL. 3. PONTOS DE VISTA DE ALGO
ESTÁTICO
MICHEL
FOUCAUL Filósofo francês contemporâneo que se dedicou à reflexão entre
poder e conhecimento.
Estudou vários problemas sociais. Dentre eles, o sistema
penitenciário, a instituição escolar, a psiquiatria e a psicanálise
praticadas de forma tradicional e a sexualidade.
Aversão a ter suas ideias encaixotadas e categorizadas
Na obra A Arqueologia do Saber (1969), analisa com
profundidade as práticas discursivas para a compreensão de
profundas diferenças de significado.

1926 - 1984
ARQUEOLOGIA E
DISCURSO DE
MICHEL FOUCAUL

AGIR COMO ARQUEÓLOGO E


TENTAR DESCOBRIR AS
REGRAS QUE GOVERNAM SUA
AUTO-REGULAÇÃO

1. SE UTILIZA DA “EPISTEME”:
CONJUNTO DE PRÁTICAS
DISCURSIVAS QUE EXISTE EM
QUALQUER MOMENTO;
GENEALOGIA DE
MICHEL FOUCAUL

ATIVIDADE DE
INVESTIGAÇÃO
TRABALHOSA, QUE PROCURA
OS INDÍCIOS NOS FATOS
DESCONSIDERADOS,
DESVALORIZADOS E MESMO
APAGADOS PELOS
PROCEDIMENTOS DA
HISTÓRIA TRADICIONAL,
NA BUSCA DA CONFIRMAÇÃO
DE SUAS HIPÓTESES.
GENEALOGIA DE
MICHEL FOUCAUL
1. OPOSIÇÃO AO MÉTODO HISTÓRICO
TRADICIONAL;
TODAS AS ORGANIZAÇÕES
2. BUSCA PEQUENOS DETALHES
ASSEMELHAM-SE A PRISÕES
3. PRÁTICAS SOCIAIS MÍNIMAS
ENCONTRAM A GRANDE ESCALA DA
ORGANIZAÇÃO DO PODER
4. ANÁLISE DAS ORGANIZAÇÕES COM
NOVAS NOÇÕES
ABORDAGENS ANALÍTICAS DE
FOUCAULT
CONCLUSÕES

ADOTAR FLUIDEZ,
MUDANÇA DA FORMA SAIR DO ESTÁTICO,
FLUXOS E
DE COMPREENSÃO APRISIONADO,
LIQUIDEZ.
DOS ESTUDOS CATEGORIZADO,
UNIFICANDO A
ORGANIZACIONAIS ENCAIXOTADO
ORGANIZAÇÃO COMO
ELA REALMENTE
FUNCIONA.
Muito obrigado!
Paradigmas
Sociológicos nos
Estudos
Organizacionais
Rafael Fernandes Teixeira
Sumário
1. Artigo Motivador
2. Objetivo
3. Estrutura
4. Teoria de Desenvolvimento do Conhecimento de Thomas Kuhn
5. Paradigmas Sociológios de Gibson Burrell e Gareth Morgan
6. Círculo das Matrizes Epistêmicas de Ana Paula Paes de Paula
7. Metodologia
8. Conclusões
Artigo Motivador:
Para além dos paradigmas nos Estudos
Organizacionais: o Círculo das Matrizes
Epistêmicas (2016)

Autora:
Ana Paula Paes de Paula, Professora Titular da
FACE-UFMG (Faculdade de Ciências
Econômicas).
Objetivo
Apresentar esboço de proposta alternativa ao
diagrama de paradigmas sociológicos para
orientar os estudos organizacionais: o Círculo
das Matrizes Epistêmicas
Estrutura
do Artigo
Importância do debate Apresentação de novo Discutir a dinâmica que
sobre a tese da referencial para os anima o círculo,
incomensurabilidade dos estudos organizacionais: apresentando uma nova
paradigmas intriduzidos o Círculo das Matrizes teoria do
por Gibson Burrell e Epistêmicas desenvolvimento do
Gareth Morgan, bem conhecimento
como a necessidade de
tentar superar os
impasses trazidos por ela.

1ª parte 2ª parte 3ª parte


Teoria de Desenvolvimento do
Conhecimento de Thomas Kuhn

anomalia e crises
Paradigma Ciência normal busca enquadrar
(adesão) tais fenômenos nos limites
rupturas
Comunidade Científica preestabelecidos

revoluções científicas

Velho Paradigma Novo Paradigma

Padrões científicos diferentes;


Definições diferentes;
Como mensurar e comparar?

Incomensurabilidade dos Paradigmas


Paradigmas Sociológios de
Gibson Burrell e Gareth Morgan
Debate da Natureza
Debate Ontológico Debate Epistemológico Debate Metodológico
Humana

Antipositivis
Realismo Nominalismo Positivismo Determinismo Voluntarismo Nomotética Idiográfica
mo

Homem fruto do Homem Protocolo


Concreto Nomes Regularidade Relativo Subjetividade
ambiente autônomo sistemático

Ponto de vista Valor do


Tangível Conceitos Relação causal Técnico
introspectivo Contexto

Investigador Investigador Teste de


Imutável Rótulos Histórico de Vida
Observador Participante Hipóteses

Rigor Científico Insights


Paradigmas Sociológios de
Gibson Burrell e Gareth Morgan
Status quo Mudança radical
Ordem social Conflito estrutural
Consenso Modos de
Integração e coesão dominação
Solidariedade Contradição
Satisfação de Emancipação
necessidades Privação
Realidade Potencialidade

Sociologia da Sociologia da
Regulação Mudança Radical
Paradigmas Sociológios de
Gibson Burrell e Gareth Morgan
Círculo das Matrizes Matriz Hermenêutica

Epistêmicas Procura evitar ruptura da


comunicação, preservando o
conhecimento da
Ana Paula Paes de Paula autobiografia e da tradição
coletiva pelos sujeitos;
Tradução para além da
exposição dos fenômenos e
da linguagem.
Matriz Empírico-Analítica
Busca indagar o sentido das
proposições;
Rigor científico via lógica formal;
Viés conservador.
Matriz Crítica
Interesse pelo que não está
evidente e insere a dúvida;
Reflexão para superação da
realidade;
Círculo das Matrizes
Epistêmicas
Ana Paula Paes de Paula

Círculo Dinâmico
Ideia de continuidade, flexibilidade
Pensamento Orgânico
Interesses cognitivos complementares
Técnico x Prático x Emancipatório; se
complementam

“As abordagens sociológicas produzem suas


teorias e metodologias, e se orientam com 3
matrizes epistêmicas, que se inspiram em uma
filosofia e lógica de pensamento particulares”
(p.35)
Círculo das Matrizes Incompletudes
cognitivas

Epistêmicas “...o conhecimento nas ciências


sociais e nos estudos
organizacionais não se desenvolve
Ana Paula Paes de Paula
devido a rivalidades paradigmáticas,
incomensurabilidades e revoluções
Nova forma de fazer científicas, mas porque na
investigação de fenômenos sociais
ciência
Missão do cientista social ocorrem incompletudes cognitivas
e estudioso das “...ao considerar um objeto empírico, que levam os pesquisadores a
o investigador deveria levar em buscarem outras teorias,
organizações conta os três tipos de interesses metodologias, abordagens
“Dentro do seu domínio de atuação, cognitivos que o circundam, fazendo sociológicas, ou mesmo outras
ampliar seus horizontes de uma escolha consciente, que deixe matrizes epistêmicas ” (p.38)
conhecimento, realizando trabalhos claras as limitações cognitivas que
que procurem abranger os três tipos sofrerá ” (p.38)
de interesse, mas sempre ciente de
suas limitações cognitivas” (p.38)
Metodologia
Criação de teorias e
metodologias de fronteira

Analisar posicionamento das


abordagens selecionadas no
modelo em construção

Análise das 6 principais


abordagens sociológicas

Pesquisa Qualitativa em
periódicos e encontros
Conclusões
“As matrizes epistêmicas representam espaços diferentes
nos quais se utilizam linguagens específicas, orientadas por
tipos diferentes de filosofia, lógica e interesse cognitivo”
(p.41)

“As matrizes epistêmicas constituem a unidade do


conhecimento, integrando os três interesses cognitivos”

“Para superar a incompletude cognitiva, as teorias e


metodologias transitam entre as matrizes epistêmicas e
geram reconstruções epistêmicas”

“Constituindo uma nova teoria do desenvolvimento do


conhecimento”
Agradeço!

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