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Capítulo 10

A noção de hábito no modelo


explicativo de John B. Watson.
Maríana /aflo Caslelli
Universidade de São Paulo (IP-USP)

Marcus Bentes de Carvalho Neto


Universidade Federal do Pará (UFPA)

Apesar de estarmos atualmente pouco familiarizados com o emprego técnico


do termo “hábito", ele foi correntemente utilizado na psicologia experimental do final do
século XIX e inicio do século XX - isso pode ser notado, por exemplo, nas obras do Hull
(1930), James (1890), Thorndike (1911), e, mais especificamente para este trabalho,
em Watson (1930). O termo designava um conceito muito amplo, que circunscrevia um
objeto de estudo por bastante tompo considerado uma das principais preocupações de
diferentes e eminentes psicólogos.
Embora os autores citados tivessem divergências quanto às explicações da
formação do hábito e de seu papel num esquema geral de aprendizagem, suas
conceltuações de hábito são relativamente hornogôneas e podem ser expressas numa
única formulação sucinta1o hábito consiste em uma combinação ordenada e integrada
de respostas que se tornaram a reação padrão de um organismo mediante o contato
com determinado estímulo.
Apresentada esta formulação genérica, pretende-se aqui abordar o tratamento
especifico dado ao hábito no modelo explicativo de John B. Watson, tomando como
base principal o livro “Behaviorism", de 1924, do autor. Para tanto, uma primeira dimen­
são a ser considerada é aquela em que Watson tece o pano de fundo para abordar a
formação de hábito. Nessa dimensão, ainda não se trata de tentar responder como os
hábitos se formam, mas sim por que eles se formam. A resposta dada por Watson para
essa questão, para ser adequadamente compreendida, necessita de uma digressão
sobre alguns pressupostos teóricos.
Watson concebe um ambiente sempre em modificação; conseqüentemente,
concebe um organismo numa condição de constante, ininterrupta estimulação,
estimulação que pode ser proveniente tanto do ambiente externo quanto do ambiente
intorno - o próprio organismo (Watson, 1924). Não apenas a distinção entre ambiente
externo e interno é feita literalmente por Watson, como também os estímulos provenien­
tes de cada um são colocados em pó de igualdade, sem nenhuma diferença qualitativa
apontada entre eles além daquela expressa pela própria nomenclatura dada;
“Toda a gama do estímulos viscerais, de temperatura, musculares o glandularos,
tanto condicionados como incondicionados, prosentos no interior do corpo, são
objotos do estimulação tão genuínos quanto mosas o cadoiras." (Watson, 1924,
p. 198)

7 () Mariurw Zago C a tta * a Marcus Santa* d« Carvalho Nato


Todos os organismos, humanos e nâo humanos, teriarn uma estrutura biológi­
ca construída (evolutivamente) de forma a, quando estimulados pelo ambiente interno
ou externo, moverem-se na direção de uma adaptação (Watson, 1924). É claro que,
num contexto em que os organismos são ininterruptamente estimulados, o estado de
adaptação passa a ser uma abstração teórica. No momento em que o organismo
consegue se adaptar frente a um estimulo, ele se encontra em contato com um outro
estímulo e inicia um novo processo de adaptação. Watson (1924) enfatiza isso ao
escrever: “[..] o organismo não ó e não pode se manter adaptado por um período mais
longo do que o correspondente praticamente a um ponto matemático.”(p.199) e "O
behaviorista acredita que a única pessoa adaptada é uma pessoa morta - aquela de
quem nenhuma resposta pode surgir em reação a nenhum estímulo."(p.199). Entretan­
to, o termo "adaptação" é um recurso apropriado - utilizado e permitido pelo próprio
Watson para explicar suas proposições teóricas - desde que se tenha em vista o seu
caráter não relacionado à normatividade ou à patologia, mas relacionado ao que Watson
compreendia em sua obra como movimentação própria de tudo que é vivo, de forma a
constituir um estado de adaptação essencialmente transitório.
Watson (1924) descreve e exemplifica duas possibilidades de relação entre o
organismo e o estimulo que resultam em adaptação. Em uma delas, o organismo
responde de forma a eliminar o estímulo; na outra, o organismo responde de forma a
bloquear o estímulo ou colocar-se fora de seu alcance. Para exemplificar o primeiro
caso, Watson (1924) sugere uma situação em que as contrações do estômago que
acompanham o que chamamos "fome" são o estímulo; o indivíduo responde ingerindo
algum alimento, o depois de pouco tempo, as contrações cessam. Para exemplificar o
segundo, Watson (1924) sugere uma situação em que o estímulo é uma luz que entra
pela fresta de uma janela de um quarto no qual um indivíduo tenta dormir: o indivíduo
ontão responde posicionando na fresta da janela um pedaço grosso do papel, bloque­
ando a entrada de luz.
Para algumas situações, uma única resposta reflexa pode ser suficiente para a
adaptação, como, por exemplo, quando, sob intensa luz do sol, as pupilas de uma
pessoa so contraem. Entretanto, se a luz for muito intensa, o reflexo pupilar não soré
suficiente, e a pessoa em questão precisará colocar a mão sobre o rosto, ou um cha­
péu, ou se locomover até um local com sombra. Partindo-se disso, é possível estabele­
cer o hábito no modelo de Watson como um produto da movimentação dos organismos
adaptando-se a um estímulo, nos casos em que não existe nos seus repertórios uma
resposta reflexa única que permita tal ajuste.
O que levaria à formação de hábito agora então pode ser organizado e enume­
rado: um ambiente (por natureza sempre em modificação), que estimula (provoca, inci­
ta) ininterruptamente o organismo; um organismo evolutivamente construído para res­
ponder aos estímulos na direção de uma adaptação, a ser conseguida através da
eliminação do estímulo ou do impedimento do contato com ele, a existência de situa­
ções (ou estímulos) para as quais o organismo não dispõe de uma resposta reflexa
simples que permita adaptação.
A sistematização feita acima tem como uma de suas conseqüências o enqua­
dre do hábito como recurso de adaptação a estímulos náo previstos pela filogênese, e
polariza as respostas reflexas e os hábitos, alinhando as primeiras ao que seria inato e
as segundas ao que seria aprendido. Essa perspectiva parece proceder na obra de
Watson, uma vez que eventualmente a aprendizagem e a formação de hábito são utiliza­
dos como equivalentes:

Strfxa Compnrtwnantn» Coflniçio 7 7


"St», quando ele [indivíduo) encontra a mesma situação novamento, olo consegue
atingir um ou outro desses resultados [eliminar o estimulo ou colocai-se fora do
seu alcance] mais rapidamente o com menos movimentos, ontâo dizemos quo ale
»prendeu ou formou um hábito." (Watson, 1924 p.200).
Entretanto, o tema demanda esclarecimentos O hábito, apesar de ser conside­
rado uma resposta aprendida, é uma resposta aprendida constituída, em última instân­
cia, de respostas nâo aprendidas.
Para Watson (1924), todo o repertório de um organismo, jovem ou adulto, é
formado a partir de respostas inatas. Os organismos nasceriam com um repertório
com muito mais unidades de respostas do que eles de fato usam e precisam em sua
vida (Watson, 1924). Uma forma de entender melhor essa afirmação ó pensar na enor­
me variedade de sons possíveis de serem produzidos pelo aparelho vocal humano
como respostas inatas, e a seguir, em como o número de sons utilizados para se falar
uma determinada língua é menor do que o número de sons possíveis, além de os
grupos de sons serem diferentes entre as diferentes línguas.
Assim, toda e qualquer nova resposta, não importa quão rofinada ou complexa,
seria formada por combinações de unidades de respostas inatas, integradas no pro­
cesso de formação de hábito. Isso tem uma forte implicação para o conceito de hábito;
ele é a ponte entre a abordagem teórica de comportamentos simples e mais facilmente
rotulados como “mecânicos" e a possibilidade da abordagem teórica de respostas
novas e complexas, muitas delas tidas como tipicamente humanas, como a linguagem,
a simbolização, a criatividade. Nâo ó coincidência que nos capítulos X Talking and
thinking, XI. Do we always think in words? e XII. Personality (Watson, 1924), o termo
hábito seja retomado freqüentemente, e como unidade explicativa,
Ao mesmo tempo em que se torna muito importante, o hábito constitui tambóm
uma onorme fragilidade: a consistência do projeto de psicologia do Watson como um
projeto que pretende abarcar, num mesmo esquema conceituai e som recorrer á
introspecção ou aos seus termos, hornens e animais (Watson, 1913), doponde dirotamente
da consistência de suas hipóteses de explicação para a formação de hábito.
Cabe passar então ao exemplo de formação de hábito a partir do qual Watson
(1924) delineia melhor a descrição dosso mocanismo e desenvolve suas hipóteses
expiicativas. Uma caixa só pode ser aberta pressionando-se nela um botão de madeira.
A caixa é recheada de doces e então mostrada, aberta, a uma criança, Diz-se à criança
que ela poderá comer um doce se abrir a caixa, a caixa ó então fechada e entregue à
criança. Cada vez quo a criança consegue abri-la, deixa-se que coma um doce, e então
a caixa é novamente fechada e entregue.
Supondo que a criança tem em seu repertório 49 respostas e designando a
combinação de respostas que abre a caixa como resposta número 50, Watson (1924)
representou o processo de formação do hábito de abrir a caixa da seguinte maneira:
"Primeira tentativa: 47, 21.03, 07, 14, 16, 19, 38, 28, 02, etc.............................50.
Sogunda tentativa: 18, 6, 9, 16, 47, 19, 23, 27, otc.......................................50. Ter­
ceira tentativa. 17, 11, 29, 66, 71, 18, etc..........................50. Nona tentativa: 14, 18,
etc.....................50. Décima tentativa o todas as subseqüentos: 50". (p. 205)
No momento em que recebe a caixa, a criança passa a experimentar as respos­
tas quo conhoco para abri-la, e eventualmente apresentará as respostas quo, combina­
das e na seqüência correta, abrem a caixa. A partir daí, duas coisas devem ser notadas no
perfil das tentativas: a combinação de respostas que abre a caixa, a resposta número 50,
aparece cada vez mais cedo na série de respostas e, embora a citação não mostro,

Marimui Zayo C«»tnlN <i Maruj« Bairtas da Carvalho Noto


Watson (1924) também menciona que sua latôncia cai, além disso, as respostas desne­
cessárias para a abertura da caixa vão deixando de ocorrer (Watson, 1924),
Watson (1924) relata sua tentativa de explicar esses dois fenômenos a partir do
quo elo relata chamarem-se fatores de freqüência e de recéncia. O fator de freqüôncia
faz referência à condição que determina que a resposta 50 invariavelmente ocorra em
todas as tentativas, uma vez que se ela não ocorrer, não ocorre a próxima tentativa;
dessa forma, a resposta 50 tende a ser também a mais froqüento entre todas as outras
respostas. O fator de recôncia determina que, pela resposta 50 ser a última numa
tentativa, ela tende a aparecer mais cedo na próxima tentativa. O fator de recência não
constitui uma explicação, propriamente, porque é dado por Watson como fenômeno
Quanto mais cedo a resposta 50 aparece na série do respostas da tentativa,
menos tempo existe para que ocorram outras respostas (Watson, 1924). Como a res­
posta 50 aparece em todas as tentativas e por último, o processo é progressivo, há a
cada tentativa menos tempo para ocorrência de outras rospostas, que acabam por
desaparecer e a resposta 50 se estabelece.
Agora, é preciso notar que, das três características distintivas do processo de
formação de hábito - (1) integração de diferentes respostas na formação de uma nova
resposta que permite adaptação; (2) aparecimento cada vez mais cedo da resposta
nova nas séries de respostas conforme avançam as tentativas; (3) desaparecimento
gradual das respostas desnecessárias - apenas duas ( a 2 e a 3) são explicadas pelos
fatores de freqüência e de recência.
A integração das respostas existentes no reportório do organismo na formação
de uma nova resposta, definidora do valor do hábito para o projeto do psicologia de
Watson, não é explicada. Uma explicação para a integração só será introduzida quando
Watson se propõe a rever a questão da formação de hábito a partir do trabalho de Pavlov
sobre rofloxos condicionados. Um reftoxo condicionado, definido de forma simplificada,
é um reflexo R que passou a ser eliciado por um estimulo N (anteriormente neutro para
oste reflexo) por meio de um processo em que N é apresentado ao organismo
concomitantemente ou pouco antes do um ostlmulo E naturalmente eliciador do reflexo
R (Pavlov, 1927 citado por Pessoti, 1979). Esse processo é freqüentemente denomina­
do "substituição de estímulos" (Skinner, 1953; Watson, 1924).
É interessante levantar que o conceito de hábito estava entre os conceitos
utilizados por Watson desde o início de suas publicações, já aparecendo no texto "Psi­
cologia como o behaviorista a vê" (Watson, 1913). Isso é provavelmente devido ao
hábito ser um conceito corrente na psicologia experimental desde antes de Watson,
como já foi mencionado. Os reflexos condicionados, por sua vez, nem sempre foram
parte integrante do modelo explicativo de Watson. No mesmo texto de 1913, não há
nenhuma menção a elos. Só num segundo momento, do revisão, o condicionamento
clássico foi Incorporado como parte dos métodos da análise comportamental.
Na revisão empreendida por Watson (1924), é proposta uma relação de parte
para todo entre os reflexos condicionados e o hábito, respectivamente. E importante
notar que essa revisão não é redundante. O hábito como combinação e integração de
respostas inatas - e, portanto, reflexas - é uma hipótese sempre presente na noção de
hábito para Watson, entrotanto, o hábito como formado por reflexos condicionados tem
maiores implicações para a explicação do fenômeno.
Para demonstrar essas implicações, é pertinente trazer um exemplo elaborado
por Watson (1924) que ilustra aquela que é talvez uma das contribuições mais interes­
santes de sua obra. O exemplo se refere a uma pessoa aprendendo a tocar uma

tiobm CornpoiUHiionto o CuytiiçAo


melodia no piano. Cada símbolo na partitura corresponde a uma nota que deve ser
tocada. No início do aprendizado, o estímulo visual de cada símbolo evoca uma respos­
ta motora de pressionar uma tecla especifica (Watson, 1924). A melodia é tocada de
forma lenta e truncada, uma vez que o procedimento de olhar a partitura precisa ser
repetido quase a cada nota.
Há trôs grupos de elementos a serem evidenciados nessa atividade: os estí­
mulos visuais, símbolos na partitura; as respostas motoras de pressionar cada tecla e
os estímulos internos que acompanham as respostas motoras. Com um número sufi­
ciente de repetições, os estímulos visuais seriam substituídos pelos estímulos Inter­
nos. A partir dal, o estímulo que evoca a resposta de pressionar a tecla que omite o som
da próxima nota passa a ser o estímulo interno da própria resposta de pressionar a
tecla anterior. Essa passagem transforma a atividade de tocar a melodia em uma ca­
deia de respostas. O tocar da melodia torna-so então fluido e independente de estímu­
los externos, excetuando-se aquele necessário para o inicio da cadeia.
é claro que, no exemplo do piano, cada resposta de pressão a uma tecla não se
trata de uma unidade de resposta reflexa do repertório inato do organismo. Mas ó
pressuposto que essas respostas são em si hábitos, e que as suas respostas consti­
tuintes também o são, e assim por diante até que se chegue na menor unidade de
hábito que integra a resposta do pressão á tecla, e esta menor unidade sim seria
composta de respostas reflexas simples.
A articulação entre o processo de condicionamento reflexo proposto por Pavlov
e o processo de formação de hábito empreendida por Watson ó um ponto decisivo em
seu modelo explicativo, porque explica a integração de respostas - elemento da forma­
ção de hábito diretamente ligado ao surgimento de novas respostas, e nâo explicado
pelos fatores de recência e de freqüência. Cabo notar ainda que a articulação é feita
tendo como vértice os estímulos provenientes do ambiente interno.
Pode-se avançar a compreensão do papel dos reflexos condicionados, argu­
mentando que oles também explicariam a diminuição das latências e o desapareci­
mento gradual de respostas desnecessárias. A integração elimina a necessidade da
Interrupção da atividade para entrar em contato com o estímulo externo. O estímulo para
prosseguir a atividade é um dos estímulos interiores que ocorrem provocados pelas
respostas da própria atividade.
Não ficou claro, porém, nas obras aqui adotadas, se Watson abandona as
explicações pelos fatores de freqüência e recência no momento da adoção dos reflexos
condicionados.
Por outro lado, alguns pontos se fizeram claros:

1) O conceito de hábito, mais especificamente o de formação de hábito, ocupa uma


posição central no modelo explicativo de Watson, pois estabelece como surgem novas
e complexas respostas, concretizando a possibilidade da extensão da abordagem
comportamental de Watson aos seres humanos e, portanto, conferindo viabilidade ao
seu projeto de psicologia.
2) Uma das contribuições mais interessantes de Watson consistiu em aplicar os con­
ceitos do reflexo condicionado de Pavlov de forma a elaborar um modelo de transferên­
cia da estimulação do ambiente externo para o interno durante o exercício de atividades
complexas, de forma a criar uma cadeia de respostas.
3) Essa articulação com as descobertas pavlovianas constitui um passo decisivo no

0 Mortana /ag e ( « M l o Mmctis 0«nt«s (ta Carvalho Noto


desenvolvimento do modelo teórico de Watson, uma voz que ela explica como se dá a
integração de respostas, não abarcada pelos fatores de freqüência e recência que
anteriormente fundamentaram a compreensão de Watson sobre hábito.
O presente trabalho consiste numa tentativa de resgatar uma discussão sobre
o conceito de hábito, não por vislumbrar qualquer espécie de atualidade ou potencial de
aplicação prática do conceito, mas por sua potencial utilidade como ferramenta para
promover uma compreensão mais ampla e refinada da obra de Watson.

Referências

Mull, C. L. (1930). Knowledge and purpose as hobii mechanisms. Psychological Review, 37(6), 511-
525.
James, W. (1890/1893). The Principles of Psychology. Cambridge, Massachussets: Harvard Univer­
sity Press.
Pessotti, I. (1979). Pavlov: psicologia. Säo Paulo: Atica.
Skinner, B. F. (1989). Ciência e Comportamento Humano. Säo Paulo: Martins Fontes, Originalmente
publicado em 1953.
Thorndike, Edward L. (1911). Laws and hypothosos for bohavior laws of bohavior in gonoral. In
Animal Intelligence [On line]. Disponível: http://psychclassiC8.asu.edu/Thorndike/Anlmal/chap5.htm.
Resgatado em [17/04/2010J
Watson, J. B. (1913) Psychology as the behaviorist viows it. Psychological Roviow, 20, 158-177
Watson, J. B. (1930) Behaviorism. New York: W. W. Norton & Company. Originalmente publicado em
1924

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