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BASES FILOSÓFICAS E NOÇÃO DE CIÊNCIA EM

ANÁLISE DO COMPORTAMENTO
Surgimento do Behaviorismo

• Distinção entre Behaviorismo Radical, enquanto


Filosofia, e Análise do Comportamento, enquanto
Ciência;

SURGIMENTO DO BEHAVIORISMO
• Final do Século XIX: Fechner, Wundt
• Estudo da consciência; método: introspecção
experimental;
Surgimento do Behaviorismo

• JOHN WATSON
• 1913: “A Psicologia como um behaviorista a vê”;
(Manifesto behaviorista)
• Críticas à introspecção experimental
• Falta de replicabilidade, de métodos objetivos;
• Diferenças individuais entre experimentadores;
Surgimento do Behaviorismo

BEHAVIORISMO DE JOHN WATSON


• Ênfase na “verdade por consenso”;
• Influência do Operacionismo; Conceitos definidos em
termos de operações
• Qual aspecto da “vida psíquica” do ser humano pode
ser estudado cientificamente?
• Objeto de estudo da Psicologia deveria ser:
comportamento (“ação observável”);
• Eventos “mentais” como consciência, imaginação,
intenções etc, são recusados como temas da ciência;
• Eventos complexos são reduzidos a descrições
fisicalistas: pensamento como “fala sub-vocal”;
Surgimento do Behaviorismo

BEHAVIORISMO DE JOHN WATSON


• Determinista;
• Previsão e controle: manipulações sistemáticas do
ambiente e observação dos efeitos sobre o ambiente;
• Evitar explicações que recorram a eventos no sistema
nervoso ou eventos mentais como causas;
Behaviorismo Radical de Skinner

• “Ciência e Comportamento Humano” (1953): questões


“filosóficas”;
• Behaviorismo como filosofia; Questões como:
 É possível uma ciência do comportamento?
 Pode ela explicar cada aspecto do comportamento
humano?
 Que métodos pode empregar? São suas leis tão
válidas quanto as da Física e da Biologia?
 Proporcionará ela uma tecnologia e, em caso
positivo, que papel desempenhará nos assuntos
humanos?
BEHAVIORISMOS E AS VICISSITUDES DO SISTEMA
SKINNERIANO

• Behaviorismo como: “mecanicista”, “simplista”,


“reducionista”, “psicologia da caixa-preta” etc.
• “Skinner, o mais radical dos behavioristas”;
• Confusão entre o Behaviorismo de Skinner e o
Behaviorismo Metodológico;
BEHAVIORISMOS E AS VICISSITUDES DO SISTEMA
SKINNERIANO
• “Dois Skinner” (Chiesa, 2006):
• De 1930-1938: influência da Física Clássica, filosofia do
reflexo;
• “Ruptura” em 1938: reflexo como correlação, não
determinação;
• "segundo" Skinner (1980-1990): modelo causal das
ciências biológicas; regularidade em vez de
causalidade;
• Determinismo probabilístico; similar ao da Física
contemporânea;
• Modelo de seleção por consequências, de Darwin;
Termos como “extinção”,
BEHAVIORISMOS E AS VICISSITUDES DO SISTEMA
SKINNERIANO

“Nascimento” do Behaviorismo Radical:


• “Análise Operacional de Termos Psicológicos” (1945);
(não traduzido)
• Certos eventos “internos” ou “subjetivos” voltam a ser
objeto de estudo da Psicologia;
• Definição de comportamento se “estende”, se
“radicaliza”;
 Termo “radical” remete ao conceito de “raiz”,
“origem”, não “intransigência” ou “dogmatismo”;
BEHAVIORISMOS E AS VICISSITUDES DO SISTEMA
SKINNERIANO

“Nascimento” do Behaviorismo Radical:


• Eventos privados: podem ser estudados com o mesmo
rigor que os eventos públicos; são da mesma
“natureza”
• “Minha dor de dente é tão física quanto minha
máquina de escrever” (?!)
• Fisicalismo: Descrição do comportamento é
compreensível em um discurso da Física;
• Mas o que é um evento não-físico? (Metafísico)
• Debate no cerne da Filosofia da Mente
BEHAVIORISMOS E AS VICISSITUDES DO SISTEMA
SKINNERIANO

“Nascimento” do Behaviorismo Radical:


• Recusa o critério de verdade por concordância;
• Distinção entre público-privado não é a mesma que
físico-mental;
• Conceito de “análise funcional”; estudo de correlações;
O MODELO DE SELEÇÃO POR CONSEQUÊNCIAS
• Darwin (1859); Skinner (1981)
• Analogia entre seleção das espécies e seleção do
comportamento;
• Dois processos importantes surgem na Evolução,
permitindo maior “flexibilidade da adaptação”;
 Condicionamento Reflexo
 Condicionamento Operante;
“Por meio do condicionamento respondente (pavloviano),
respostas preparadas previamente pela seleção natural e
poderiam ficar sob o controle de novos estímulos.
Por meio do condicionamento operante, novas respostas
poderiam ser fortaleci as ("reforçadas") por eventos que
imediatamente as seguissem" (Skinner, 1981/2007, p 129-130).
(“Adaptações” no tempo de vida de um indivíduo)
Terceiro Nível de Seleção: Seleção Cultural

• Musculatura vocal sob controle operante;


• Saber sobre um indivíduo é útil ao grupo;
• Perguntas como: “Está com fome?” “Quer ir ao cinema
no sábado?”etc...
• Perguntas que “se voltam a si mesmo”: consciência,
autoconhecimento;

• Sobrevivem as práticas culturais com “valor de


sobrevivência” para o grupo;
• Exemplos?
Causalidade e Explicação no Behaviorismo Radical

• Diversos modelos explicativos na Psicologia (e nas


ciências, em geral)
• Ex: indivíduo tem dificuldades de iniciar e manter uma
conversa com um a garota que ele ache atraente;
• Possíveis explicações:
 é tímido, introvertido
 tem medo de ser rejeitado
 tem baixa autoestima
• Ou: em outras vezes que abordou uma garota que
achou interessante as consequências foram
desastrosas
Causalidade e Explicação no Behaviorismo Radical

• Ao dizer que determinada variável causa um


comportamento, a tarefa passa a ser mostrar
evidências desse efeito;
• Proposições vagas: dificuldade de verificação;
• “os arianos costumam ser bastante ingênuos, porém
com espírito inquieto e selvagem às vezes”;
Causalidade e Explicação no Behaviorismo Radical

• Tipos explicações equivocadas do comportamento:


 Causas neurais
 Causas internas psíquicas; Causas internas
conceituais
Causalidade e Explicação no Behaviorismo Radical

• “Fulano está deprimido porque seus níveis de


serotonina estão muito baixos”;
 condições específicas do nosso sistema nervoso não
são as causas de um dado comportamento; são parte
do comportamento do indivíduo.

 Pessoa deprimida:
 pensamentos recorrentes de morte ou suicídio
 e níveis de serotonina podem estar baixos
 A causa relevante da depressão, para o psicólogo,
estará em acontecimentos da vida da pessoa (p. ex.,
perda de um ente querido).
Causalidade e Explicação no Behaviorismo Radical

• Causas internas psíquicas e conceituais;


• Problema: circularidade;
 Apresentam a ideia de outro ser ou agente que
causa nossos comportamentos.
 “fulano fuma demais porque tem o vício do fumo”,
 “ele joga bem xadrez porque é inteligente”,
 “ela briga por causa do seu instinto de luta”
 “sicrano toca bem piano por causa de sua
habilidade musical”
• Erro lógico: causa e efeito não podem ser a mesma
coisa;
• “Propriedade dormitiva do ópio”;
Causalidade e Explicação no Behaviorismo Radical

O problemas com agentes internos que causam o


comportamento
• “Fiz o que minha consciência me ditou”;
• “E quem ditou à sua consciência o que fazer?”
• Regressão ao infinito

Explicação mereológica
• Atribuir ao cérebro capacidades ou ações que só
fazem sentido quando atribuídas a um indivíduo todo
• “O cérebro decide”; “O cérebro escolhe”; “O cérebro
sente, interpreta etc.”;
Concepção de homem no behaviorismo radical

• “Se o homem muda em função das mudanças em seu


mundo, produzidas por ele mesmo (das
consequências de suas ações), então cada homem é
capaz de construir-se como homem, como pessoa, a
partir de suas próprias ações” (p.11)
• Indivíduo não é vitima de “motivações inconscientes,
de estruturas de sua personalidade, de instintos...”

• [Diferentemente do Behaviorismo Clássico de Watson]


Concepção de homem no behaviorismo radical

• Para o Behaviorismo, indivíduo não é passivo; seu


comportamento não se resume a reagir ao ambiente;
• “Os homens agem sobre o mundo, modificando-o, e,
por sua vez, são modificados pelas consequências de
sua ação” (Skinner, 1957/1978, p. 15).
• Concepção interacionista;
O objeto de estudo da análise do comportamento
• Interesse em interações comportamento-ambiente, e
não apenas o que o indivíduo faz, fala, pensa ou
sente.
• O que o indivíduo faz, fala, pensa ou sente deve
sempre ser contextualizado.
• Dizer, por exemplo, “Maria chorou” não é de muita
utilidade para o psicólogo...
• Estamos interessados nas condições em que este
fazer/pensar/sentir ocorre e nas consequências
(mudanças ambientais) relacionadas com esse
fazer/pensar/sentir.
A unidade básica de análise
• Interesse da Análise do Comportamento: Relações
entre as ações do organismo e o ambiente;
• Unidade básica de análise que descreve e relaciona
esses eventos: contingência, que pode ser definida
como uma descrição (do tipo se isso então aquilo) de
relações entre eventos (Skinner, 1969; Todorov, 2002).
• “O trabalho do psicólogo é, primordialmente,
encontrar e modificar tais relações” (p.14);
• Chamamos de análise funcional a identificação
dessas relações entre indivíduo e ambiente.
A unidade básica de análise
• “Se quisermos entender a conduta de qualquer
pessoa, mesmo a nossa própria, a primeira pergunta a
fazer é: ‘O que ela fez?’ O que significa dizer, identificar
o comportamento. A segunda pergunta é: ‘O que
aconteceu então?’ O que significa dizer, identificar as
consequências do comportamento.
• “Analistas do comportamento eficientes estão sempre
experimentando, sempre analisando contingências,
transformando-as e testando suas análises, observando
se o comportamento crítico mudou. (...) se a análise for
correta, mudanças nas contingências mudarão a
conduta” (Sidman, 1989/1995, p. 104-105).
Controle do comportamento
• Sentido de “controle” no senso comum: “obrigar a
fazer algo”;
• Sentido de “controle na Análise do Comportamento:
“influência”;
• Do momento em que acordamos até o momento em
que vamos dormir estamos o tempo todo influenciando
o comportamento dos outros, e os outros estão
exercendo controle sobre nosso comportamento.
Controle do comportamento
• Identificar regularidades no comportamento = Primeiro
passo para controlar esse comportamento, alterando
as variáveis das quais o comportamento é função
• depressões, transtornos de ansiedade, problemas de
aprendizagem, motivação, transtornos de
personalidade, criatividade...

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