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BEHAVIORISMO RADICAL

CONCEITOS E MODELOS EXPLICATIVOS DO


COMPORTAMENTO

Ms. BEATRIZ ALBUQUERQQUE


CONCEITOS SOBRE COMPORTAMENTO

Natural
Fictício
Público
Privado
CONCEITOS SOBRE COMPORTAMENTO
Privado- Pensamentos, sentimentos e sensações são even­
tos privados, porque só um a pessoa pode relatá-los.

A única diferença entre eventos públicos e privados é o


número dê pessoas que podem relatá-los.
CONCEITOS SOBRE COMPORTAMENTO
Privado - comportamentos privados são aquelas relações
entre sujeito e ambiente que podem ser percebidas apenas
por uma única pessoa.

O sonhar, o imaginar e o lembrar são exemplos de ações


privadas.

Ex.: Cliente relata na sessão que sonhou com sua casa


(evento público é o relato do sonho).
CONCEITOS SOBRE COMPORTAMENTO
Público x Privado
A diferença entre público e privado é de acesso e não de
natureza;

Segundo Skinner (2000), o homem faz ações


públicas e privadas, e isto não implica em dividir o homem
em duas naturezas distintas.
CONCEITOS SOBRE COMPORTAMENTO
Público x Privado
Skinner afirma que a única distinção que o
behaviorismo radical faz entre comportamentos
públicos e privados ocorre na metodologia de
investigação, pois os eventos privados exigem uma
metodologia mais complexa (Skinner, 1982).

O Behaviorismo Radical valoriza o comportamento


privado, e coloca a investigação do pensar, do sentir, do
lembrar e do sonhar como essencial para explicar os
fenômenos humanos.
CONCEITOS SOBRE COMPORTAMENTO
Público x Privado
 A ansiedade é pública ou privada? Depende, a
ansiedade geralmente apresenta elementos públicos e
privados. O pensar que vai morrer em situações de
ataque de pânico é privado, mas o suor frio que
algumas pessoas apresentam quando ansiosas é
público.
 Estar apaixonado é público ou privado? Depende
também. Algumas pessoas se apaixonam e não
apresentam nenhum comportamento público de
paixão, outras têm sua paixão tão pública que se
tornam inconvenientes.
CONCEITOS SOBRE COMPORTAMENTO
Natural x Fictício;
Os adjetivos natural e fictício são utilizados quando um
autor quer enfatizar a possibilidade do evento ser estudado
pelo modelo de ciência atual.

Afirmar que um evento é fictício não é a mesma coisa que


dizer que ele não existe. São questões diferentes. Ser fictício
quer dizer apenas que não se pode considerá-lo objeto da
ciência, ou seja, a ciência não se considera apta a explicar a
natureza utilizando estes eventos
CONCEITOS SOBRE COMPORTAMENTO
Natural x Fictício;
Para que um evento seja considerado natural ele precisa
de alguns pré-requisitos:
1. Precisa ter uma localização no tempo
2. Precisa ter uma localização no espaço
3. O evento estudado deve ter o potencial de ser
submetido a uma prova (um teste)
Um dragão que cospe fogo pelas ventas vive na minha garagem.
Suponhamos (...) que eu lhe faça seriamente esta afirmação. Com certeza
você iria querer verificá-la, ver por si mesmo. São inúmeras as histórias de
dragões no decorrer dos séculos, mas não há evidências reais. Que
oportunidade!
- Mostre-me – Você diz. Eu o levo até a minha garagem. Você olha para dentro
e vê uma escada de mão, latas de tintas vazias, um velho triciclo, mas nada de
dragão.
- Onde está o dragão? – Você pergunta.
- Oh, está ali – respondo, acenando vagamente. – Esqueci de dizer que é um
dragão invisível.
Você propõe espalhar farinha no chão da garagem para tornar visíveis as
COMPORTAMENTO É...
 Evento natural, que pode ser público ou privado.
 Comportamento é a interação com ambiente, no qual o ser
humano atua sobre o mundo, o modificando e sendo
modificado pelas consequências.
ERROS DE CATEGORIA
O filósofo Gilbert Ryle (1900-1976) também atacou o
mentalismo, mas seguiu uma abordagem diferente de Skinner.

Skinner afirmava não fazer sentido dizer que existe uma coisa
dentro da cabeça das pessoas que se chama personalidade. Ele
perguntava: onde estava a entidade personalidade? Os que
respondiam esta pergunta diziam que a personalidade não era
algo físico, o que piorava a situação em vez de resolver o
problema da divisão “mente X corpo” (MAIA, 2007)

Ryle achava que esse termos poderiam ser entendidos como


categorias conceituais de comportamentos e não como
entidades causadoras.
MENTALISMO E BEHAVIORISMO
RADICAL

O termo mentalismo foi adotado por B. F. Skinner para


se referir a um tipo de “explicação” que na verdade e
não explica nada;

“O mentalismo é a prática de invocar ficções mentais para


tentar explicar o comportamento”
PROBLEMAS COM AS EXPLICAÇÕES
MENTALISTAS

• O comportamento é atribuído a partes dos organismos,


particularmente a partes ocultas.
“Por que você fez isso?” responde “Porque me deu
vontade”

• Quando os eventos são atribuídos a alguma entidade


interna oculta, não apenas a investigação científica é
desviada para a tarefa impossível de compreender aquela
entidade oculta; também a curiosidade tende a cessar.
PROBLEMAS COM AS EXPLICAÇÕES
MENTALISTAS
• Leva a uma redundância: “Por que Fábio tem amor por
Juliana?”, “Porque ele fica vermelho perto dela!”, “E por
que ele fica vermelho perto dela?”, “Porque ele tem
amor por Juliana.
• Dirige a investigação para entidades inventadas e não
para a história relacional do sujeito com o mundo
(Baum, 2006; Skinner, 1982)
Modelo causal do comportamento

A Análise do Comportamento utiliza um modelo


chamado “seleção por consequências”, onde ação humana não é
explicada como um sintoma (efeito) de causas internas ou
externas, mas sim como um objeto de estudo que pode ser
explicado através da análise da sua função na história de vida do
sujeito.

Para a Análise
do Comportamento não há entidades internas que mandam
“ordens” para o corpo executar (modelo
dualista), quem pensa e se movimenta é a pessoa inteira (modelo
monista)
Modelo explicativo do comportamento para o
Behaviorismo Radical

Como os comportamentos são determinados?

Os comportamento são determinados por três histórias de interação


do organismo com o ambiente que selecionam aspectos diferentes
do repertório de cada indivíduo (BANACO et al., ).
Modelo explicativo do comportamento para
o Behaviorismo Radical
FILOGÊNESE
 Seleção Natural - Charles Darwin
variação, reprodução e sucesso diferencial.

Seleção natural de caraterísticas físicas mais adaptativas;


Teoria da evolução e reforço
Seleção Natural - Charles Darwin
Teoria da evolução e reforço
• Os reflexos ou respondentes são produto da seleção
natural.

• Se seu nariz está coçando, você espirra. Se você


recebe um sopro no olho, você pisca. Se você está com
frio, você treme. A cócega, o sopro e o frio são
estímulos; o espirrar, o piscar e o tremer são
respostas reflexas.

• Reflexo Intato + Reflexo Aprendido


.
Reflexos

• Reação de luta ou fuga (estresse, ansiedade)


• Congelar (Freeze)
FILOGÊNESE
 O que há de individual na herança de padrões de
comportamento é a intensidade com que cada evento do
ambiente afeta cada organismo, individualmente
 Tome como exemplo o órgão da visão e sua sensibilidade
a um aspecto do ambiente importante para nós: a luz.
Algumas pessoas têm os olhos bem sensíveis e uma
“capa- cidade” (que chamamos comumente de acuidade
visual) de enxergar bem, tanto de perto, quanto de longe.
 A história de interação ao longo da vida;

(BANACO, et. al., 2018).


FILOGÊNESE
 Reflexos condicionados (ou aprendidos), reflexos
aprendidos ao logo da história de vida.
 Estudo de Pavlov

Ex.: Fobias.
ONTOGÊNESE
Ontogênese= ontos, 'ser, ente' e γένεσις génesis, 'criação’.

O nível ontogenético está relacionado a história de vida do


indivíduo, suas experiências de reforçamento, punição,
extinção e validação de seus comportamentos, sejam eles
públicos e/ou privados.

São selecionados ao longo da história de vida do indivíduo e


cada pessoa possui repertório individual e diferente das
demais
ONTOGÊNESE
São os comportamentos operantes (operam no ambiente e
produzem consequências).

Circunstância – Comportamento – Consequências

Ambiente- Comportamento – Consequências

S–R-C
ONTOGÊNESE
Em aprendi­zagem operante, sucesso e fracasso
correspondem a reforço e punição. Uma atividade bem-
sucedida é aquela que é reforçada; uma atividade
malsucedida é aquela que é menos reforçada ou punida.

Ex.: Bebê aprendendo a falar.


A RELAÇÃO ENTRE FILOGÊNESE E
ONTOGÊNESE

 Primeiro, nenhum reforçador funciona como


reforçador o tempo todo.
 É possível que venhamos ao mundo fisiologicamente
preparados para determinados tipos de reforçamento.
Ex.: sabor doce, sinais de aprovação/desaprovação social.
 A estrutura do nosso corpo favorece certas aprendi­
zagens. Ex.: falar.
A RELAÇÃO ENTRE ONTOGÊNESE e
CULTURA

Na sociedade humana, os eventos que se tornam


reforçadores e punidores condicionais são numerosos e
variados, eles diferem de cultura para cultura, de pessoa
para pessoa, e de tempos em tempos ao longo da vida de um
indivíduo.
CULTURA
 Skinner (1971) defi­niu a cultura concretam ente ao
indicar as práticas, tanto verbais como não-verbais, que
um grupo poderia compartilhar.
 Cultura é o comportamento aprendi­do de um grupo.
 Os costumes não apenas diferem de um local para o outro,
mas mesmo dentro de um mesmo grupo podem mudar
drasticamente ao longo do tempo. Ex.: Infância; Padrão
de beleza.
CULTURA
 Uma criança que cresce no Japão ou nos Estados Unidos
carrega parte do conjunto gênico populacional em que
nasceu e eventualmente, à medida que aprende os
costumes da cultura em que vive, carrega também parte do
conjunto de traços desta cultura (BAUM, 2003).
CULTURA
 O reforço social modela o comportamento que é
aceitável para aquela cultura;

 O comportamento verbal que tornou possível aos


indivíduos da espécie humana desenvolver padrões
comportamentais de cooperação, formação de regras e
aconselhamento, aprendizagem por instrução,
desenvolvimento de práticas éticas, técnicas de autogestão
e, além disso, o desenvolvimento do autoconhecimento ou
da consciência (BAUM, 2003).
CULTURA
CULTURA
TRIBO DA INDONÉSIA QUE MANTÉM OS MORTOS EM CASA POR ATÉ 1 ANO

FONTE: HTTPS://WWW.BBC.COM/PORTUGUESE/INTERNACIONAL-39646627
CULTURA

CAFÉ DA MANHÃ NORTE AMERICANO


 Especialmente no ser humano, quase todos os
comportamentos podem ser caracterizados como
apresentando elementos que perpassam estes três níveis.
TRANSTORNOS ALIMENTARES
 FILOGENIA

• Todos os indivíduos da espécie humana nascem sensíveis ao


alimento como reforçador (sensação de prazer, bem estar)

• Há muitas defesas contra a subnutrição, e poucos mecanismos


de regulação eficazes no evento de supernutrição.

(VALE, ELIAS, 2011)


TRANSTORNOS ALIMENTARES
 ONTOGÊNESE
• Os momentos em que uma criança é reforçada com alimento são
acompanhados também de outros reforçadores, tais como atenção
social, afeto dos pais, interação com estes.

• Neste tipo de situação a comida possui vários papéis contraditórios.


Tanto ela é aquilo que elicia prazer, como também é aquilo que
aumenta o peso e implica em sentimentos de vergonha e culpa.

• Ex.: Para perder peso a adolescente pode começar a elaborar


práticas que possam rapidamente resolver o problema do ganho de
peso sem ter que perder a comida como fonte de prazer, tais como:
vomitar, praticar atividades físicas em excesso, usar anorexígenos,
etc.
(VALE, ELIAS, 2011)
TRANSTORNOS ALIMENTARES
CULTURA
• A mídia de consumo coloca frequentemente o corpo magro como meio
para obter reforçadores como aceitação e sucesso social.

• A indústria da beleza confirma este raciocínio declarando que a


mudança no corpo promove mudanças nas contingências aversivas e
nos respondentes emocionais.

• Existe uma expressiva divulgação de fórmulas de rápido


emagrecimento, de mensagens explícitas ou implícitas da magreza
como sinônimo de reforçadores generalizados, tais como status social,
competência, e atratividade sexual.

(VALE, ELIAS, 2011)


REFERÊNCIAS
BAUM, W. M. (1999). Compreender o behaviorismo: ciência,
comportamento e cultura (M. T. A. Silva, M. A. Matos, G. Y.
Tomanari, E. Z. Tourinho, trads.). Porto Alegre: ARTMED. 3ª edição,
2018.
Skinner, B. F. (1982). Sobre o Behaviorismo. São Paulo:
Cultrix/EDUSP

VALE, Maia. A Natureza do Comportamento. Disponível em


https://www.researchgate.net/publication/280112259 , 2007.
VALE, Antonio Maia Olsen do  e  ELIAS, Liana Rosa.Transtornos
alimentares: uma perspectiva analítico-comportamental. Rev. bras. ter.
comport. cogn. [online]. 2011, vol.13, n.1, pp. 52-70. ISSN 1517-5545.

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