Você está na página 1de 29

BASES FILOSÓFICA DA ANÁLISE DO

COMPORTAMENTO: BEHAVIORISMO
RADICAL DE B.F. SKINNER

Cristiane Matos
Behaviorismo Radical
• “O Behaviorismo não é a ciência do comportamento
humano, mas, sim, a filosofia dessa ciência. Algumas das
questões que ele propõe são: É possível tal ciência? Pode
ela explicar cada aspecto do comportamento humano?
Que métodos pode empregar? São suas leis tão válidas
quanto as da Física e da Biologia? Proporcionará ela
uma tecnologia e, em caso positivo, que papel
desempenhará nos assuntos humanos? “
(SKINNER, 1974, p.7.)
Caracterização do Behaviorismo Radical
⚫ Monista- (entende evento privados e públicos como
sendo de mesma natureza);
⚫ Rejeita a verdade por consenso
⚫ Determinismo probabilístico
⚫ Uma natureza interativa nas relações
organismo-ambiente;
⚫ Eventos privados como legítimos objetos de estudo-
regaste da introspecção e o estudo da consciência, não
como método, mas como comportamento.
A Concepção de Comportamento

“o que denominamos comportamento evoluiu como um


conjunto de funções que promovem o intercâmbio entre
organismo e ambiente” (SKINNER, 1981, p.129)
A Concepção de Comportamento

“ O comportamento é uma matéria difícil, não porque seja


inacessível, mas porque é extremamente complexo. Desde
que é um processo, e não uma coisa, não pode ser
facilmente imobilizado para observação. É mutável,
fluido e evanescente, e, por esta razão, faz grande
exigências técnicas da engenhosidade e energia do
cientista.” (SKINNER, 1953/2003, p.16)
Níveis de Determinação do comportamento
Níveis de Determinação do
comportamento

“o comportamento humano é o produto conjunto de a)


contingências de sobrevivência responsáveis pela
seleção natural das espécies, e b) contingências de
reforçamento responsáveis pelos repertórios adquiridos
por seus membros, incluindo c) contingências especiais
mantidas por um ambiente cultural evoluído” (SKINNER,
1981, p 131)
Por que os organismo se
comportam?
⚫ Causais neurais: Maria estava à flor da pele, joão tem
miolo mole., Carla está com deprimido porque seus níveis
de serotonina estão baixos

⚫ Causas internas psíquicas: João te uma personalidade


desordenada, sua consciência é seu guia

⚫ Causas internas conceituais : João fuma porque é


viciado em cigarro; Maria joga xadrez porque é inteligente
Por que os organismo se comportam?
⚫ Explicações circulares
Pessoa 1: por que fulano fuma tanto?
Pessoa 2: porque ele é viciado
Pessoa 1: Ah!, mas como você sabe que ele é viciado?
Pessoa 2: Ora! Porque ele fuma demais!
Pessoa 1: Mas por que ele fuma demais?
Pessoa 2: porque ele tem esse vício!
Pessoa 1: não estou entendendo! Ele fuma demais porque é
viciado em cigarro ou é viciado em cigarro porque fuma
demais?
Pessoa 2: os dois, ora!
Por que os organismo se
comportam?
O problema como agentes internos que causam
comportamento.
⚫Fiz o que minha consciência me ditou.
⚫Falácia mereológica: atribuir ao cérebro capacidades ou
ações que só fazem sentido a um indivíduo íntegro, como
um todo, e não parte desse indivíduo.
⚫Cérebro decide; o cérebro escolhe, as mãos de fulano
pegaram a caneta
Por que os organismo se
comportam?
E para o Behaviorismo Radical ?
⚫as causas dos comportamentos não devem ser atribuídas a
processos ou estruturas internas inferidas a partir da
observação do próprio comportamento do indivíduo.
⚫As explicações para o que as pessoas fazem, falam, pensam
ou sentem devem ser buscadas na sua história de interações
com seu ambiente, sobretudo interações com outras
pessoas.
Modelo de Causalidade Skinneriano

⚫ O Behaviorismo Radical recusa as noções de forças,


espírito ou agência na explicação do comportamento;

⚫ Ênfase na explicação das relações funcionais entre


eventos
⚫ Seleção pela consequências
Modelo de Causalidade Skinneriano

“Como um modo causal, a seleção por conseqüências


foi descoberta muito tardiamente na História da
Ciência – de fato, há menos de um século e meio – e não
é ainda completamente reconhecida ou entendida,
especialmente em relação aos níveis ontogenético e
cultural” (SKINNER, 1981, p.133)
Concepção Skinneriana de Ambiente
• “O abandono de uma perspectiva naturalista para o
conceito de ambiente implica admitir que o universo é, em
larga medida, para cada um, um material indiferenciado.
É apenas a partir do momento em que interage com
partes do universo de um modo particular que o indivíduo
passa a se comportar discriminativamente diante das
mesmas – e que elas, então, se convertem em ambiente.”
(TOURINHO, 2001,p.222)
Concepção Skinneriana de Ambiente

UNIVERSO
AMBIENTE
A concepção de homem no Behaviorismo Radical

“Quando dizemos que o comportamento é função do


ambiente, o termo “ambiente” presumivelmente significa
qualquer evento no universo capaz de afetar o
organismo. Mas parte do universo está encerrada dentro
da própria pele de cada um” (SKINNER, 1953/2003, p.
281)
A concepção de Homem no Behaviorismo Radical

⚫ “Os homens agem sobre o mundo, modificando-o e, por


sua vez, são modificados pelas consequências de sua
ação” (SKINNER, 1957/1978, p.15)

⚫ Os homens modificam seu mundo (essas modificações são


descritas como as consequências de suas ações)

⚫ Os homens são modificados pelas consequências de suas


ações (MOREIRA; HANNA, p. 112, 2012)
A concepção de Homem no Behaviorismo Radical

⚫ O homem é ser histórico;

⚫ O homem é um ser inerentemente social;

⚫ O homem aprende com suas interações com o mundo,


muda seus comportamento em função das modificações
que produz nesse mundo;
Subárea da ciência da Análise do
Comportamento
A proposta de uma ciência do
comportamento
⚫ Objeto de estudo da Análise do comportamento

estudar interações comportamento-ambiente, e não apenas o


que o indivíduo faz, fala, pensa ou sente. O que o
indivíduo faz, fala, pensa ou sente deve sempre ser
contextualizado.
A proposta de uma ciência do
comportamento
⚫ A unidade básica de análise

A unidade básica de análise que descreve e relaciona esses


eventos chama-se contingência, que pode ser definida
como uma descrição (do tipo se isso então aquilo) de
relações entre eventos (Skinner, 1969; Todorov, 2002).
A proposta de uma ciência do
comportamento
⚫ A unidade básica de análise
✔ O que ele fez?: identificar o comportamento
✔ O que aconteceu então: identificar as consequência do
comportamento
✔ Esta é a essência da análise de contingências: identificar o
comportamento e as consequências; alterar as
consequências; ver se o comportamento muda.
A proposta de uma ciência do
comportamento
⚫ A unidade básica de análise
✔ Análise de contingências é um procedimento ativo, não
um a especulação intelectual.
✔ Analistas do comportamento eficientes estão sempre
experimentando, sempre analisando contingências,
transformando-as e testando suas análises, observando se
o comportamento crítico mudou. (...) se a análise for
correta, mudanças nas contingências mudarão a conduta”
(Sidman, 1989/1995, p. 104-105).
Previsão e controle
⚫ Previsão do comportamento
⚫ Quando estudamos o comportamento para tentar prevê-lo,
estamos tentando identificar que fatores o influenciam,
que fatores alteram sua probabilidade de ocorrência.
⚫ Tentar prever o comportamento é tentar responder, por
exemplo, perguntas como “o que pode levar um
indivíduo à depressão?”; “por que algumas crianças
aprendem mais rapidamente que outras?”; “que
circunstâncias podem levar uma pessoa a desenvolver
um transtorno obsessivo-compulsivo?” etc.
Previsão e controle
⚫ Previsão do comportamento
⚫ Só é possível prever o comportamento porque existe certa
ordem, certa regularidade na maneira como as pessoas se
comportam. Essa previsibilidade do comportamento,
muitas vezes, é mais óbvia do que pensamos.
Previsão e controle
⚫ Controle do comportamento

⚫ Controle aqui não significa obrigar alguém a fazer alguma


coisa; controle deve ser entendido como influência.
⚫ Buscar as variáveis que controlam um comportamento
significa buscar as variáveis que influenciam a ocorrência
desse comportamento, que o tornam mais ou menos
provável de ocorrer;
O método de pesquisa
⚫ O método de pesquisa de uma abordagem, ou de uma
ciência, é a maneira como tal abordagem produz
conhecimento.
A proposta de uma ciência do
comportamento
⚫ Objeto de Estudo: interações comportamento-ambiente

⚫ Unidade Básica de Análise: contingência

⚫ Objetivos: previsão e controle do comportamento

⚫ Método: delineamento experimental de sujeito único


REFERÊNCIAS
CARRARA, K. Behaviorismo Radical:c rítica e metacrítica. São Paulo: Editora UNESP, 2005.
MOREIRA, M. B., HUBNER, M. M. Temas clássicos da psicologia sob a óptica da análise do
comportamento. São Paulo: EDUSP, 2012.
MOREIRA, M. B. & MEDEIROS, C. A. Princípios Básicos de Análise do Comportamento.
Porto Alegre: Artmed, 2007
SKINNER, B. F. Sobre o behaviorismo. 6 ed. São Paulo: Cultrix, 2003.(originalmente publicado
em 1974)
__________Ciência e comportamento humano. 12 ed. São Paulo: Martins, 2001.
(originalmente publicado em 1953)
_________ Seleção pelas consequências. Revista Brasileira de Terapia Comportamental e
cognitiva. Nº9, pp. 129-137, 2007. (originalmente publicado em 1981)
__________ Comportamento Verbal. São Paulo: cultrix, 1978 9 originalmente publicado em
1957)
TOURINHO, E.Z. Privacidade, comportamento e o conceito de ambiente interno. In: BANACO,
R.A (Org.) Sobre comportamento e cognição: aspectos teóricos, metodológicos e de
formação em análise do comportamento e terapia cognitiva. Santo André: ESETec., v.1,
pp.213-225, 2001

Você também pode gostar