Psicologia Aplicada ao

Direito

Comportamento

Profª Mª Mayra Campos Frâncica dos Santos

• Unidade de Ensino: 03
• Competência da Unidade: Compreender o que é comportamento,
identificando os componentes, os fatores condicionantes para a ocorrência e
a mudança deste comportamento, estabelecendo padrões de normalidade
dentro de uma visão jurídica, mas pontuada por conceitos da Psicologia
Comportamental
• Resumo: Ao longo da aula de hoje o aluno irá compreender conceitos que
definem o comportamento numa visão psicológica, como a questão da
normalidade, da aprendizagem e do condicionamento, bem como aprenderá
sobre as funções mentais superiores. Além disso, compreenderá acerca dos
transtornos comportamentais, como os de conduta e as psicopatias. Essas
são situações que servem de objeto de estudo da Psicologia e demanda para
o Direito pelas consequências que tais transtornos podem gerar para
terceiros e para a sociedade.
• Palavras-chave: Psicologia; Direito; Transtornos Comportamentais.
• Título da Teleaula: Comportamento
• Teleaula nº: 03
Contextualização
Tal processo é dinâmico e é
categorizado a partir das
ações e dos eventos do
ambiente, chamadas de
Para Skinner (1987, p. 51),
estímulos, com a interação
comportamento é um
das ações do organismo,
conjunto de funções que
chamadas de respostas
promovem o intercâmbio
entre o organismo e o
ambiente em que este
organismo está inserido

Qual a relação organismo X

ambiente?
 Definição de
Comportamento
Comportamento
Linha teórica proposta por Watson, mas que se
desenvolveu com Skinner

Comportamento: conjunto de funções que promovem o

intercâmbio entre o organismo e o ambiente em que este
organismo está inserido.

TEORIA
Processo é dinâmico
BEHAVIORISTA

Categorizado a partir das ações e dos eventos do ambiente,

chamadas de estímulos, com a interação das ações do
organismo, chamadas de respostas.

Reúne ações do organismo na interação com o local em

que este se encontra
Aprendizagem e Condicionamento Para abordar o
comportamento humano,
SKINNER desenhou a
teoria denominada
“Análise Experimental do
Comportamento” –
COMPORTAMENTO
RESPONDENTE

FONTE: https://www.championdog.com.br/o-cao-de-pavlov/
O comportamento reflexo ou respondente

Em que certos
eventos
São interações ambientais
Comportamentos estímulo-resposta confiavelmente
reflexos (ou (ambiente-- eliciam certas
respondentes) sujeito) respostas do
incondicionadas organismo que
independem de
“aprendizagem”

E–R ou S–R
B. F. Skinner e o Behaviorismo Radical

Estudo e manipulação do
O organismo é ativo e
Comportamento comportamento do
gera respostas ao
Operante organismo que opera no
explorar o ambiente
ambiente

O organismo então se Ou seja, o

condiciona e aprende a comportamento é
partir das consequências controlado pelas
R S
produzidas pelo meio consequências
 Princípios básicos que regem o Condicionamento
Operante
Consequência

Reforço positivo e
Fortalecimento Reforçadoras negativo
Punição e
Enfraquecimento Punitivas extinção
 Comportamento
normal e anormal
Definição de “normal”
A questão da normalidade para a
Psicologia é contemplada como
sendo um conceito bastante
complexo e relativo
Por dedução lógica, o
comportamento anormal, numa
visão do Direito, é toda ação ou
omissão, culposa ou dolosa, que
fere o que está estabelecido na
norma porque ameaça a harmonia
social
Não há normalidade absoluta em
Psicologia, existe, sim, um padrão
comportamental seguido pela
maioria, pois entende-se que este
padrão é o melhor para a vida em
sociedade, mas não
necessariamente implica numa
normalidade em termos
psicológicos
Na área do Direito, observamos que
existem dispositivos de contenção
do comportamento desviante para
a vida em sociedade, estabelecidos
em normas sociais, ou seja, as leis
Comportamento “normal” e “anormal”

Psicologia Direito

Mental e fisicamente saudável (diz-se

Que é segundo a norma ou padrão
de pessoa)

Comportamento anormal é toda ação

Padrão comportamental, sem implicar
ou omissão, culposa ou dolosa, que
em normalidade em termos
fere o que está estabelecido na norma
psicológicos.
porque ameaça a harmonia social
Funções mentais
superiores
Funções mentais superiores
Pensamento
Todas as atividades associadas a processamento, conhecimento, recordação e
comunicação. Inclui o julgamento e a tomada de decisão.

Linguagem
Codificação que o sujeito usa para emitir, receber e interpretar informações com
o meio. É a forma utilizada para exprimir seus pensamentos para o meio.

Percepção (Sensação)
Processo de organização e interpretação das informações sensoriais,
habilitando-nos a reconhecer objetos e eventos significativos.
 Atenção
É um processo mental no qual há foco num estímulo específico. Muito importante
para o processamento mental, pois é impossível ao indivíduo focar em todos os
estímulos ao qual está submetido ao mesmo tempo.

Memória
É a aprendizagem que persiste através do tempo. A memória é a capacidade de
codificar e armazenar informações mentais e posteriormente recuperá-las. 03
estágios: Passageira, curto prazo e longo prazo.

Emoção
Racionalidade e capacidade de pensamento – comandadas pelo neocórtex (estrutura
mais recente na evolução). Emoções: comandadas pelo sistema límbico (regidas pela
amígdala).
 A avaliação
neuropsicológica para
concurso público
SP
• Um rapaz de 22 anos procurou um psicólogo forense para
entrar com um recurso contra avaliação psicológica da seleção
de concurso público para polícia civil.
• Segundo documentação apresentada, a reprovação resultou de
dificuldade na atenção dividida.
• Para contestar o resultado, foi elaborado um parecer,
decorrente de uma avaliação neuropsicológica completa.
• No que tange às tarefas atencionais, tomou-se o cuidado de
não utilizar os mesmos instrumentos de que se valeu a
avaliação anterior, pois os resultados poderiam ser
contaminados.
SP
• Ainda assim, o exame chegou ao mesmo parecer da
avaliação do concurso, a saber: a amplitude atencional para
estímulos audioverbais ficou acima da média, mesmo
quando mais de uma variável estava envolvida na tarefa.
• Os erros que o periciando cometia eram de inversão e
exclusão de estímulos.
• Em tarefa de sustentação da atenção, que exige a
manutenção da atenção em uma mesma atividade por
quatro minutos e 40 segundos, seu desempenho final ficou
na faixa média, com porcentagem de erros também normal.
Resolução da SP
• É importante ressaltar que os erros do periciando nessa
atividade foram de omissão de estímulos, e não
impulsivos.
• Além disso, percebe-se que seu desempenho se manteve
estável ao longo de toda a tarefa: quando analisada sua
capacidade de realizar duas tarefas simultaneamente
(atenção dividida) e comparado seu desempenho ao da
população em geral, verificou-se que o sujeito se
encontrava na faixa inferior: apesar de realizar a tarefa
com mais rapidez que a população em geral, cometia
muitos erros, justamente por querer terminá-la em me-
nos tempo.
Resolução da SP
• Assim, percebemos que o individuo, ainda que capaz
de manter-se atento em tarefas longas, não conseguia
realizar as atividades sem cometer erros quando
estava sujeito a pressões e necessitava dividir a
atenção para executar tarefas simultâneas. Esse
modo de funcionar pode ser perigoso quando alguém
está de posse de uma arma em uma situação
estressante.
Transtorno de Conduta
Transtornos de Conduta

No plural: Abrangem os Seus quadros clínicos

conceituados como diagnósticos de abrangem
um agrupamento transtorno opositivo- comportamentos
diagnóstico desafiador (TOD) e que são naturais em
caracterizado pela de transtorno de determinadas faixas
manifestação conduta, etárias – como
recorrente de propriamente dito reações agressivas
comportamentos diante de frustrações
agressivos e – ou que, isolados,
antissociais por parte não indicam uma
de crianças e de patologia em si –
adolescentes como um ato isolado
de crueldade
Transtorno de Conduta

Caracterizado por comportamentos agressivos e desviantes em crianças

e adolescentes

Causa incômodo às pessoas em torno dos indivíduos acometidos,

bem como consequências jurídicas decorrentes das normas sociais e
legais que os indivíduos portadores deste transtorno cometem

O comportamento inconveniente e problemático sempre afeta as

pessoas a sua volta e o indivíduo portador deste transtorno parece não
se importar com isso, mostrando claramente a incapacidade de
reconhecer que o comportamento que apresenta é errado dentro do
contexto social em que se situa.
Características do Transtorno de Conduta

Crianças com transtorno de conduta não possuem empatia, remorso

ou preocupação pelos sentimentos e o bem-estar dos outros

São extremamente sedutores e habilidosos em apontar para terceiros

a responsabilidade de seus atos que podem gerar consequências
desagradáveis para este

Apresentam baixa tolerância à frustração, que resulta em rebeldia ante

normas sociais e regulamentos

A sexualização precoce, resultando em gravidez precoce, DST’s e

crimes sexuais

Algumas consequências dos atos de crianças com desvio de conduta

são observadas no ambiente familiar e escolar
Transtorno Opositivo-desafiador
• Intimamente associado ao transtorno da conduta aparece
o transtorno opositivo-desafiador (TOD), segundo
tradução brasileira do DSM-IV-TR;
• Trata-se de um quadro de início habitualmente mais
precoce, constituído por comportamentos menos graves
do ponto de vista social e que com frequência antecede o
TC;
• Nesse sentido, é comum a apresentação de TOD no
período pré-púbere com evolução para TC na
adolescência.
APA, 2014
Psicopatia
Conceito de Psicopatia
• O termo “psicopatia” vem do grego e significa “doença
da alma;
• Foi interesse de estudo de diversos psiquiatras e
cientistas forenses no início do século XIX;
• Apesar do caráter místico que a origem da palavra
sugere, tal condição individual é entendida em quase
todas as abordagens teóricas em criminologia.
A natureza da psicopatia
• Psicopatia refere-se a:
• um constructo clínico ou uma forma especifica de transtorno da
personalidade antissocial que é prevalente em indivíduos que
cometem uma variedade de atos criminais e geralmente se
comportam de forma irresponsável.
• A Psicopatia não vem descrita oficialmente nos Manuais
Diagnósticos, que a reconhecem como pertencente a alguns
outros transtornos, como:
• CID-10 (Associação Mundial de Saúde): Denomina-se Transtorno de
Personalidade Dissocial;
• DSM-5 (Associação Americana de Psiquiatria): Denomina-se
Transtorno de Personalidade Antissocial.
Psicopatia - conceito
O conceito de Phillipe Pinel O conceito de A partir da
Psicopatia surge (1801) é psicopatia e o segunda metade
na Medicina considerado próprio uso da do século XX
Legal para pioneiro por nomenclatura só Iniciaram-se
designar apresentar as se esforços para
criminosos primeiras estabeleceram construir
cruéis sem descrições de fato a partir instrumentos de
características científicas de do trabalho de mensuração da
de insanidade padrões 1941 de Hervey psicopatia,
comportamentai Cleckley, definindo
s e afetivos que chamado The melhor o
se aproximam Mask of Sanity construto e
do que hoje é (A Máscara da permitindo
denominado de Sanidade) pesquisas de
psicopatia caráter
correlacional e
experimental.
Características da
Psicopatia
Características

O típico psicopata é aquele indivíduo sem consciência do outro enquanto ser

humano

Ele parece cego diante dos sentimentos, necessidades, desejos e anseios das
pessoas a sua volta

O psicopata é incapaz de criar vínculos afetivos, é frio, incapaz de sentir

culpa pelos seus atos, não sentindo remorso

Tais características tornam essas pessoas calculistas, inescrupulosas e

manipuladoras, fazendo uso de sua agressividade e não raro de suas técnicas
de sedução para conseguir o que querem
Características

Os psicopatas são
São dissimulados e, apesar de
mentirosos, egocêntricos e
aparentemente não terem
manipuladores, tendem
qualquer sentimento de
sempre a se aproximar de
empatia e misericórdia, são
pessoas vulneráveis para
capazes de emular
explorá-las, quer seja sexual,
sentimentos para conseguir o
financeira ou
que querem
psicologicamente
Fatos importantes sobre os psicopatas

A psicopatia não tem

cura. Normalmente seus
sintomas já se fazem
São ardilosos e presentes desde tenra
conseguem passar idade, manifestando
incólumes e ocultos transtorno de conduta
Nenhum psicopata tem dentro da sociedade. até os dezoito anos
real interesse em se
curar e muitos utilizam
artifícios para enganar
potenciais terapeutas e
avaliadores de
comportamento
Questões importantes
• O psicopata não pode ser considerado um doente mental,
pois sua inteligência e sua capacidade de discernir o certo
do errado se mantêm preservadas – sendo plenamente
consciente do fato de que seus atos ferem princípios
morais, éticos e legais estabelecidos pela sociedade.
• Diferente dos psicóticos, o psicopata não age sob
influência de delírios ou devaneios – suas ações são
intencionais e meticulosamente planejadas, visando atingir
seus objetivos, mesmo que isso implique em trazer
sofrimento, prejuízo e morte às demais pessoas.
 Sueli e seu
relacionamento
conturbado
SP
• Sueli foi a uma delegacia da mulher denunciar seu companheiro,
Augusto, após anos de medo e de submissão à personalidade
manipuladora do marido.
• Por 15 anos, Sueli manteve um relacionamento no qual se via
como um objeto nas mãos de Augusto, que, nos primeiros
meses de relacionamento, mostrou-se disposto a manter um
relacionamento sério.
• Nos últimos anos, ela temia por sua vida devido aos diversos
atos de violência física e psicológica demonstrados pelo
companheiro, que a forçava ao ato sexual e a pagar as contas da
casa enquanto mantinha uma vida boêmia e de negócios
escusos.
SP
• Sueli era agredida quase que semanalmente e todas as
vezes Augusto pedia desculpas e dizia estar arrependido do
ato. A mulher se viu proibida de sair, estudar e visitar sua
família.
• Sendo assim, preso por força da Lei Maria da Penha,
Augusto passou por uma avaliação psicológica na qual a
psicóloga constatou em seu comportamento fortes
tendências à psicopatia.
• Com base no conteúdo passado nesta seção, quais
características do comportamento de Augusto
reforçam a conclusão diagnóstica da psicóloga?
Resolução da SP
• Augusto demonstrou em seu comportamento características
típicas da psicopatia, como a manipulação psicológica e a
personalidade carismática.
• A reação violenta quando contrariado também reforça essa
característica, assim como outras ocorrências típicas
psicopatas, como o envolvimento com o crime e as mentiras
contumazes.
• Augusto sempre dizia que iria melhorar após as agressões com
Sueli, mas nunca modificou seu comportamento.
• Todos estes sintomas convergem para um possível quadro de
psicopatia, confirmado no laudo psicológico.
Recapitulando...
Recapitulando
• Definição de Comportamento;
• Comportamento normal e anormal;
• Funções mentais superiores;
• Transtorno de Conduta;
• Transtorno Opositivo Desafiador;
• Psicopatia;
• Características da Psicopatia.