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Psicologia aplicada ao Direito

Comportamento

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Definição de comportamento
Aspectos fundamentais para o estudo do comportamento
Olá estudante !

Essa é a disciplina de psicologia aplicada ao direito.

Nesta unidade será apresentado o conceito de comportamento e suas definições. Veremos também o que são as
funções mentais superiores, transtornos de conduta e psicopatia.

Nessa sessão começaremos com a definição do que é comportamento.

Mas afinal, o que é comportamento? Pode parecer uma pergunta simples, mas ela pode ter diversas respostas
possíveis.

A palavra comportamento tem sido usada de diferentes maneiras na ciência e também na linguagem cotidiana. Na


ciência, identificamos tipos de comportamento; logo, uma definição deverá englobar todos os tipos conhecidos.

De forma geral e reducionista podemos dizer que o comportamento é a interação entre um organismo e o
ambiente.

Em geral, usamos a palavra comportamento como um termo genérico aplicado a verbos de ação. A complexidade


das possíveis interações entre comportamento e ambiente é grande. Não há como diminuir essa complexidade
redefinindo comportamento como a interação entre organismo e ambiente.

Organismos não vivem no vácuo. Não é possível ocorrer qualquer ação do organismo sem alguma relação
com o ambiente, externo ou interno ao organismo. Isso é elementar. Por isso, dizemos que comportamento
não é coisa; é processo.
Qualquer instância de comportamento tem início, meio e fim. Para a psicologia
(dentro do que se entende por behaviorismo), essa é sempre a nossa variável dependente.

Para a análise do comportamento, o que interessa é a interação. Isso não quer dizer que comportamento é a
interação.

Qualquer instância de comportamento é um processo, ocorre no tempo, tem duração, começo, meio e fim.

Então, nesse sentido sempre devemos considerar o organismo, o ambiente, as contingências, operantes, etc.

Comportamento normal e anormal


Para iniciarmos este tema, devemos tomar de pronto o caráter relativo do conceito de normalidade relacionado
ao comportamento humano. Consideremos também que o comportamento humano é complexo e multiplamente
determinado, por fatores
fisiológicos, genéticos, sociais e psicológicos. Embora todos esses fatores estejam
relacionados entre si, aqui nos focaremos apenas na questão psicológica.

É muito difícil, do ponto de vista científico, situar a normalidade em um ponto fixo, em um nível constante, em
uma medida matemática, mas que, ao contrário, temos que aceitar uma ampla zona com várias faixas de
diferentes tonalidades.
Dois indivíduos podem apresentar estruturas psicológicas bem diferentes e nem por isso
deixarão de merecer o diagnóstico de normalidade.
Considerando essas dificuldades e problemas passemos para as possíveis abordagens da questão. Dentro de um
contexto ideal (e impossível) poderíamos considerar um homem “normal”, perfeito, dentro do ponto de vista
clínico, um sujeito
sem sintomas (dentro de um ponto de vista psicanalítico; através da análise do comportamento
poderíamos dizer que seria um indivíduo capaz de atualizar seu repertório e se adaptar ao ambiente). A partir de
outros pontos de
vista, como o sociológico, poderíamos considerar aspectos como adaptação ao contexto social
ou histórico em que vive.

A partir do ponto de vista criminológico, seria aquele que não transgrede a lei.

Dessa forma, podemos ver ó aspecto relativo e complexo da definição de normalidade.

A organização Mundial de Saúde afirma que não existe definição “oficial” de saúde mental, no entanto, entende-se
como indivíduo “mentalmente saudável” aquele que:

compreende que não é perfeito;

entende que não pode ser tudo para todos;

vivencia uma vasta gama de emoções;

enfrenta desafios e mudanças da vida cotidiana;

procura ajuda para lidar com traumas e transições importantes (não se considera onipotente).

A pessoa sadia “muda construtos pessoais que se originam de predições refutadas pela experiência. A pessoa
não sadia […] tem uma teoria sobre consequências […] que não funciona, mas não consegue mudá-la” .

Importância da mudança de utilização do termo doença por transtorno mental (critério CID 10). O desvio ou
conflito social sozinho, sem comprometimento do funcionamento do indivíduo, não deve ser incluído em
transtorno
mental.

Outro aspecto que devemos levar em consideração na de definição do que é normal ou anormal é o aspecto
socio-cultural-histórico.

As expectativas sociais e culturais sobre o comportamento irão definir o que é considerado normal ou não. O
mesmo comportamento pode ser considerado normal em uma cultura ou subcultura e desviante em outra. Além
disso,
comportamentos considerados desviantes também existem no desenvolvimento dito normal ou natural de
um sujeito. Dessa forma, torna-se mais complicado definir o que é um comportamento normal ou anormal,
considerando que
em alguns momentos um comportamento desviante é considerado esperado.

De forma bem generalista, considerando os principais manuais, a maioria dos autores parece concordar que
problemas de comportamento envolvem desvios do comportamento social, isto é, comportamentos agressivos e
hiperatividade.

Comportamentos desviantes esperados

Comportamentos considerados normais em diferentes culturas e subculturas

Redução do alcance de definições estritamente técnicas

Dentro das possíveis definições de comportamentos ditos anormais (segundo os manuais) podemos apontar para:

1 - um padrão persistente de comportamentos negativistas, hostis e desafiadores na ausência de sérias violações


de normas sociais ou direitos alheios, sendo recorrente dentro do período de seis meses (transtorno desafiador
opositivo).

Destas definições, é possível concluir que, para diagnosticar algum problema de comportamento, é preciso haver
um padrão repetitivo e persistente de comportamento, o qual prejudica outras pessoas e viola seriamente regras
sociais.

Apontar aqui também para diversos outros aspectos referentes a comportamentos antissociais como exemplos
de comportamento “anormal”, segundo definição dos manuais.
Apesar da aparente ênfase dada aos comportamentos externalizantes, é preciso lembrar que comportamentos
internalizantes ou neuróticos, tais como timidez, medo e outros déficits em interação social, também devem
ser
considerados como problemas de comportamento. Como exemplos desses casos podemos citar: asma ou crises
respiratórias; enurese noturna/diurna; encoprese; mau humor e nervosismo; tem dado trabalho ao chegar na
escola ou se
recusado a entrar; dispersão do olhar, timidez, ansiedade, preocupação exagerada; movimentos
lentos; erupções cutâneas; excesso de apego aos adultos; tristeza.

Aprendizagem e condicionamento
O processo de aprendizagem, segundo a concepção do teórico Skinner, diz que um sujeito aprende quando
produz modificações no ambiente. Isto significa que algo de novo lhe foi ensinado de forma a se tornar mais
adaptativo,
passando então a ser emitido um novo comportamento pelo indivíduo. Uma outra concepção deste
processo vem de Vygotsky, que concebe a aprendizagem como sendo o processo de aquisição de conhecimentos
ou ações a partir da interação
com o meio ambiente e com o social.

O processo de aprendizagem acontece a partir da aquisição de conhecimentos, habilidades, valores e atitudes


através do estudo, do ensino ou da experiência.

Diferentes teorias de desenvolvimento, o que inclui a aprendizagem, a depender do núcleo teórico de sua
abordagem, se dividem em algumas correntes:

1. A psicanalítica, em que que o comportamento é governado por processos inconscientes e conscientes.


Consideram o desenvolvimento como fundamentalmente constituído por estágios, com cada estágio
centrado em uma forma particular
de tensão ou em uma determinada tarefa.

2. As teorias cognitivo-desenvolvimentais enfatizam primariamente mais o desenvolvimento cognitivo do que a


personalidade, e invertem essa ordem de importância, enfatizando a centralidade das ações da criança no
ambiente e seu
processamento cognitivo das experiências. Essa abordagem engloba tanto Piaget quanto
Vygotsky, ainda que esses autores apresentem grandes diferenças entre si.

3. Por fim temos as teorias da aprendizagem: o modelo do condicionamento clássico de Pavlov, o modelo de
condicionamento operante de Skinner e a teoria sociocognitica de Bandura.

Nessa sessão iremos nos ater ao modelo de condicionamento proposto por skinner.

A fim de melhor explicarmos a relação entre aprendizagem e o condicionamento, proposto por Skinner, autor que
se aprofundou com mais qualidade nessa questão, iremos primeiramente diferenciar os dois tipos de
condicionamento.

O condicionamento clássico, explicado por Pavlov, no clássico experimento com cães, a aprendizagem ocorre
quando estímulos neutros se tornam tão fortemente associados a estímulos naturais que eliciam as mesmas
respostas, ou
seja, uma resposta automática ou não condicionada - como uma emoção ou um reflexo - que vem a
ser ativada por um novo indício, chamado de estímulo condicionado, após ter sido combinada diversas vezes com
esse estímulo.

Já o condicionamento operante, proposto por Skinner, explica que o desenvolvimento envolve mudanças de
comportamento moldadas por reforço e punição. Representa o tipo de aprendizagem no qual a probabilidade de
uma pessoa realizar
algum comportamento é aumentada ou diminuída devido às consequências que produz.

O condicionamento operante ocupa-se, pois, das relações entre o comportamento a ser aprendido e as suas
consequências. Os adeptos da teoria do reforço consideraram-no capaz de explicar a aquisição dos
comportamentos voluntários
de todos os tipos. O esquema continua muito simples: o organismo emite uma
resposta a um estímulo cujo conhecimento não é necessário, e essa resposta, dependendo das consequências
geradas por ela, será ou não mantida. Logo,
são os estímulos que se seguem à resposta (reforços) que
representam o núcleo da teoria, e não os que a antecedem.

Um dos principais diferenciais da teoria de Skinner com relação ao behaviorismo mais clássico diz respeito a sua
concepção de que os processos psicológicos internos também são comportamentos, o que não era considerado
pelo behaviorismo
clássico por acreditarem que esse tipo de fenômeno não é passível de observação objetiva.
Skinner admitiu o estudo de pensamentos e sentimentos desde que abordados por intermédio de suas
manifestações externas.

Funções mentais superiores


Percepção
Olá estudante !

Nessa segunda sessão da unidade 2 da disciplina de Psicologia aplicada ao direito, apresentaremos as funções
psicológicas superiores.

As funções mentais superiores são partes, funções, de um sistema amplo e geral por meio da qual os indivíduos
desenvolvem imagens mentais de si mesmos e do mundo que os rodeia, interpretam os estímulos que recebem,
elaboram a realidade
psíquica e emitem comportamentos.

A percepção, primeira das funções que apresentaremos, está diretamente ligada a sensação, um processo mais
básico e de cunho fisiológico. A sensação e a percepção fazem parte um “continuum” que começa com a recepção
do estímulo
(interno ou externo ao corpo – sensação) até a interpretação da informação pelo cérebro (percepção),
valendo-se de conteúdos nele armazenados.

Kaplan e Sadock (1993, p. 237) definem percepção como um “processo de transferência de estimulação física em
informação psicológica; processo mental pelo qual os estímulos sensoriais são trazidos à consciência”.

O mesmo conjunto de estímulos gera diferentes percepções em diferentes pessoas. Cada pessoa reage à sua
maneira aos vários tipos de estímulos: uma percebe melhor palavras; outra, gestos; uma terceira, cores, e assim
por diante.
Inúmeros fatores, como os descritos a seguir, afetam a percepção.

Exemplo relacionado ao direito:

Nos conflitos, existem diferenças fundamentais de percepção entre os litigantes. A figura de um pode ocultar-se
no fundo (dualidade exposta pela psicologia da Gestalt) percebido pelo outro ou, pelo menos, existem
diferenças
marcantes de percepção a respeito do que seja a figura principal em uma demanda. Esse fenômeno aplica-se aos
que conflitam e às eventuais testemunhas. Nem sempre (geralmente não), a compreensão das
percepções do
oponente solucione um conflito. Pode acontecer o oposto: quanto mais as pessoas se compreendem, mais
irreconciliáveis se tornam, porque melhor compreendem a extensão das diferenças entre seus princípios e
valores.

Por outro lado, conhecer as percepções de cada parte a respeito de um conflito tem valor para a condução do
processo, para desenhar possíveis acordos e estabelecer, se for o caso, reparações percebíveis como significativas
pelas
vítimas.

Atenção
A todo instante o nosso cérebro é bombardeado por inúmeros estímulos. A atenção é a função psicológica que
possibilita selecionar alguns e descartar os restantes, por meio de células cerebrais especializadas, denominadas
detectores
de padrão. Diversos fatores influenciam a atenção seletiva, como a emoção, a experiência, os
interesses do indivíduo, as necessidades do momento etc.

Tudo o que modifica a situação chama a atenção: um som mais alto, um movimento diferente, um brilho invulgar
etc. A atenção filtra os estímulos; os estímulos ignorados não participam do processo de sensação e são
descartados.
Os estímulos selecionados vão compor a figura na percepção.

Nesse sentido, a emoção tem uma influência grande: A emoção ativa a atenção para inúmeros detalhes que
desencadeiam os mais variados sentimentos, do amor ao ódio, da repulsa à adoração. O fenômeno funciona nos
dois sentidos;
o objeto que desperta a atenção provoca a emoção correspondente.

Memória
A memória é desencadeada por sinais, informações recebidas pelos sentidos, que despertam a atenção. Se esta
não acontecer, a informação não ativa a memória. Uma vez que se preste atenção e registre o
estímulo, ocorre a
possibilidade de recuperar informações. A memória possibilita reconhecer o estímulo.

Nesse processo, a emoção intervém de maneira determinante e contribui decisivamente para que aconteçam
composições, lacunas, distorções, ampliações, reduções dos conteúdos e, sem dúvida, afeta o próprio
reconhecimento.
Por exemplo, reconhece-se de imediato (na rua, no shopping) uma música que foi marcante em
algum momento da vida; outras, que nada significaram, nem mesmo são ouvidas (o estímulo é descartado).
Questões dolorosas tendem
a ser “esquecidas”. Essa tendência contribui para que muitas pessoas não se
recordem de detalhes importantes de eventos ocorridos com elas ou com outras pessoas, quando chamadas a
testemunhar. Os mecanismos psíquicos protegem
a mente, embora possam ser um obstáculo para identificar a
verdade dos acontecimentos.

Linguagem e pensamento
Linguagem e pensamento são funções mentais superiores diretamente associadas. Por meio da linguagem, “o
homem transforma o outro e, por sua vez, é transformado pelas consequências de sua fala”. Palavras ajudam a
pensar sobre pessoas
e objetos não presentes e, assim, expandem, restringem ou limitam o pensamento. A
pessoa é inserida na sociedade pela aprendizagem de uma linguagem, por meio da qual passa a integrar e
representar o seu grupo social. A
linguagem condiciona o registro dos acontecimentos na memória, porque “as
práticas, as percepções, os conhecimentos transformam-se quando são falados”.

Ela influencia e é influenciada pelo pensamento, estabelecendo-se um círculo de desenvolvimento. Quanto mais
rica a linguagem, mais evoluído é o pensamento, e assim sucessivamente. O pensamento é “a atividade mental
associada
com o processamento, a compreensão e a comunicação de informação” e compreende atividades
mentais como raciocinar, resolver problemas e formar conceitos. Pouco se entende, ainda, de seus mecanismos.
Diferenças de pensamento
e linguagem encontram-se, costumeiramente, na gênese de inúmeros conflitos.

A limitação do pensamento provém do fato de ele obedecer a esquemas mentais já estabelecidos, que conduzem
à tendência de aplicar, a novas situações, soluções já praticadas em casos semelhantes. O tratamento habitual
que
o cérebro dá às informações que recebe pode dificultar ou, até mesmo, impossibilitar a resolução de
determinados problemas. A linguagem, por outro lado, influencia no que e como se pensa – o que passaria
despercebido
em condições habituais pode ser o estopim de ou acentuar um conflito. A palavra bonito
transforma-se, de elogio, em deboche. Uma única palavra, dependendo de como é inserida na frase ou
pronunciada, desencadeia os
mais inesperados pensamentos e emoções.

Quando as partes envolvidas pensam e empregam linguagens muito diferentes, a incompatibilidade aumenta;
situações banais, que nada teriam para gerar conflitos, provocam reações e comportamentos surpreendentes.
Diferenças
e incompatibilidades entre pensamento e linguagem, que contribuíram para estabelecer e manter
conflitos, mais tarde, tornar-se-ão empecilhos para soluções satisfatórias. Em vez de linguagem e pensamento se
tornarem
instrumentos da geração de opções, evocam as emoções negativas que acentuam ainda mais as
diferenças.

Emoção
A emoção pode ser definida como “um complexo estado de sentimentos, com componentes somáticos, psíquicos
e comportamentais, relacionados ao afeto e ao humor” . As inúmeras emoções que o ser humano vivencia podem
ser classificadas
de diferentes maneiras. As emoções básicas, identificadas em todas as culturas, são seis:
felicidade, surpresa, raiva, tristeza, medo e repugnância. Podemos citar também as emoções ditas “sociais”:
simpatia, compaixão,
embaraço, vergonha, culpa, orgulho, ciúme, inveja, gratidão, admiração, espanto, indignação
e desprezo. Todas podem estar presentes na gênese, na manutenção e no agravamento de conflitos. Podemos
dividir as emoções também
em dois grandes grupos:

emoções positivas ou relacionadas com o prazer; e emoções negativas, relacionadas com a dor ou o
desagrado. Os efeitos desses dois grupos sobre as funções mentais superiores
são nitidamente opostos e
conduzem a comportamentos e visões de mundo totalmente diferentes. As primeiras promovem a abertura, a
flexibilidade, a disposição para inovar e ousar e a cooperação; as segundas convidam ao recolhimento,
à
contenção, ao conservadorismo e podem ser embriões de conflitos.
Efeitos notáveis da emoção sobre as funções mentais superiores, além dos já comentados, encontram-se
descritos a seguir:

a emoção modifica a sensação e a percepção. Alguns estímulos são acentuados, outros atenuados; o que
seria a figura na organização perceptiva pode alterar-se.

a emoção provoca o fenômeno da predisposição perceptiva. Uma testemunha pode ter convicção de que
“viu” determinada ação porque acredita que o indivíduo estivesse propenso a praticá-la. Não se trata de
alucinação ou
ilusão, mas de um fenômeno de natureza puramente emocional.

a emoção ocasiona a atenção seletiva que atua para confirmar as percepções que se ajustam aos
sentimentos da pessoa.

o efeito da emoção sobre a memória, inibindo-a ou estimulando-a, é amplamente reconhecido. Testemunhas,


confiantes e seguras na presença exclusiva da parte e/ou do advogado, no tribunal, embaralham ou se
esquecem de
informações, sob o impacto do ritual, da gravidade da situação e da presença de autoridades.

testemunhas proporcionam exemplos pungentes do efeito da emoção sobre o pensamento e a linguagem.


Palavras “desaparecem”, o pensamento torna-se confuso, mal articulado. Pessoas confiantes, bem
preparadas, de repente,
deixam-se manipular por não conseguir reagir às insinuações, provocações e
desafios impostos, por exemplo, durante um interrogatório ou questionamento;

Transtorno de conduta
As principais características do transtorno de conduta
Olá estudante !

Nessa segunda sessão da unidade 3 da disciplina de Psicologia aplicada ao direito iremos apresentar as principais
características, determinantes e variáveis relacionadas ao transtorno de conduta.

O transtorno da conduta é um dos transtornos psiquiátricos mais frequentes na infância e um dos maiores
motivos de encaminhamento ao psiquiatra infantil. Lembramos que o transtorno da conduta não deve ser
confundido com o
termo "distúrbio da conduta", utilizado no Brasil de forma muito abrangente e inespecífica para
nomear problemas de saúde mental que causam incômodo no ambiente familiar e/ou escolar. Por exemplo,
crianças e adolescentes desobedientes,
com dificuldade para aceitar regras e limites e que desafiam a autoridade
de pais ou professores costumam ser encaminhados aos serviços de saúde mental devido a "distúrbios da
conduta". No entanto, os jovens que apresentam
tais distúrbios nem sempre preenchem critérios para a categoria
diagnóstica "transtorno da conduta". Portanto, o termo "distúrbio da conduta" não é apropriado para representar
diagnósticos psiquiátricos.

Na base do transtorno da conduta está a tendência permanente para apresentar comportamentos que
incomodam e perturbam, além do envolvimento em atividades perigosas e até mesmo ilegais. Esses jovens não
aparentam sofrimento psíquico
ou constrangimento com as próprias atitudes e não se importam em ferir os
sentimentos das pessoas ou desrespeitar seus direitos. Portanto, seu comportamento apresenta maior impacto
nos outros do que em si mesmo. Os comportamentos
antissociais tendem a persistir, parecendo faltar a
capacidade de aprender com as consequências negativas dos próprios atos.

Diagnósticos diferenciais incluem os transtornos reativos a situações de estresse e comportamento antissocial


decorrente de quadros psicóticos (por exemplo, episódio maníaco). Crianças vítimas de violência doméstica
podem
apresentar comportamentos antissociais como reação a situações de estresse e adolescentes em episódio
maníaco podem furtar, falsificar assinaturas em cheques ou provocar brigas com luta corporal em decorrência da
exaltação
do humor e não devido a transtorno da conduta.

O transtorno da conduta é um dos transtornos psiquiátricos mais frequentes na infância e um dos maiores
motivos de encaminhamento ao psiquiatra infantil. Lembramos que o transtorno da conduta não deve ser
confundido com o
termo "distúrbio da conduta", utilizado no Brasil de forma muito abrangente e inespecífica para
nomear problemas de saúde mental que causam incômodo no ambiente familiar e/ou escolar. Por exemplo,
crianças e adolescentes desobedientes,
com dificuldade para aceitar regras e limites e que desafiam a autoridade
de pais ou professores costumam ser encaminhados aos serviços de saúde mental devido a "distúrbios da
conduta". No entanto, os jovens que apresentam
tais distúrbios nem sempre preenchem critérios para a categoria
diagnóstica "transtorno da conduta". Portanto, o termo "distúrbio da conduta" não é apropriado para representar
diagnósticos psiquiátricos.
Na base do transtorno da conduta está a tendência permanente para apresentar comportamentos que
incomodam e perturbam, além do envolvimento em atividades perigosas e até mesmo ilegais. Esses jovens não
aparentam sofrimento psíquico
ou constrangimento com as próprias atitudes e não se importam em ferir os
sentimentos das pessoas ou desrespeitar seus direitos. Portanto, seu comportamento apresenta maior impacto
nos outros do que em si mesmo. Os comportamentos
antissociais tendem a persistir, parecendo faltar a
capacidade de aprender com as consequências negativas dos próprios atos.

Diagnósticos diferenciais incluem os transtornos reativos a situações de estresse e comportamento antissocial


decorrente de quadros psicóticos (por exemplo, episódio maníaco). Crianças vítimas de violência doméstica
podem
apresentar comportamentos antissociais como reação a situações de estresse e adolescentes em episódio
maníaco podem furtar, falsificar assinaturas em cheques ou provocar brigas com luta corporal em decorrência da
exaltação
do humor e não devido a transtorno da conduta.

O quadro clínico do transtorno da conduta é caracterizado por comportamento antissocial persistente com
violação de normas sociais ou direitos individuais. Os critérios diagnósticos do DSM-IV para transtorno da conduta
incluem
15 possibilidades de comportamento antissocial:

1. frequentemente persegue, atormenta, ameaça ou intimida os outros;

2. frequentemente inicia lutas corporais;

3. já usou armas que podem causar ferimentos graves (pau, pedra, caco de vidro, faca, revólver);

4. foi cruel com as pessoas, ferindo-as fisicamente;

5. foi cruel com os animais, ferindo-os fisicamente;

6. roubou ou assaltou, confrontando a vítima;

7. submeteu alguém a atividade sexual forçada;

8. iniciou incêndio deliberadamente com a intenção de provocar sérios danos;

9. destruiu propriedade alheia deliberadamente (não pelo fogo);

10. arrombou e invadiu casa, prédio ou carro;

11. mente e engana para obter ganhos materiais ou favores ou para fugir de obrigações;

12. furtou objetos de valor;

13. frequentemente passa a noite fora, apesar da proibição dos pais (início antes dos 13 anos);

14. fugiu de casa pelo menos duas vezes, passando a noite fora, enquanto morava com os pais ou pais
substitutos (ou fugiu de casa uma vez, ausentando-se por um longo período); e

15. falta na escola sem motivo, matando aulas frequentemente (início antes dos 15 anos). Os critérios
diagnósticos do DSM-IV para transtorno da conduta aplicam-se a indivíduos com idade inferior a 18 anos e
requerem a presença de pelo menos três desses comportamentos nos últimos 12 meses e de pelo menos um
comportamento antissocial nos últimos seis meses, trazendo limitações importantes do ponto de vista
acadêmico, social ou ocupacional.

Emoções, gênero e cultura


Quando iniciam-se antes dos 10 anos, observa-se com maior frequência a presença de transtorno com déficit de
atenção e hiperatividade (TDAH), comportamento agressivo, déficit intelectual, convulsões e comprometimento do
sistema
nervoso central devido a exposição a álcool/drogas no período pré-natal, infecções, uso de
medicamentos, traumas cranianos, etc., além de antecedentes familiares positivos para hiperatividade e
comportamento antissocial. O
início precoce indica maior gravidade do quadro com maior tendência a persistir ao
longo da vida.

O transtorno da conduta está frequentemente associado a TDAH (43% dos casos) e a transtornos das emoções
(ansiedade, depressão, obsessão-compulsão; 33% dos casos). A comorbidade com o TDAH é mais comum na
infância, envolvendo
principalmente os meninos, enquanto a comorbidade com ansiedade e depressão é mais
comum na adolescência, envolvendo principalmente as meninas após a puberdade.
Comportamentos antissociais mais graves (por exemplo, brigas com uso de armas, arrombamentos, assaltos)
costumam ser antecedidos por comportamentos mais leves (por exemplo, mentir, enganar, matar aulas, furtar
objetos de pouco
valor) e, ao longo do tempo, observa-se o abuso de álcool/drogas, principalmente no sexo
masculino e os quadros de ansiedade e depressão, principalmente no sexo feminino.

O transtorno da conduta está frequentemente associado a baixo rendimento escolar e a problemas de


relacionamento com colegas, trazendo limitações acadêmicas e sociais ao indivíduo. São frequentes os
comportamentos de risco
envolvendo atividades sexuais, uso de drogas e até mesmo tentativas de suicídio. O
envolvimento com drogas e gangues pode iniciar o jovem na criminalidade. Na fase adulta, notam-se sérias
consequências do comportamento antissocial,
como discórdia conjugal, perda de empregos, criminalidade, prisão
e morte prematura violenta.

Segundo Winnicott, quando crianças sofrem privação afetiva, manifestam-se os comportamentos antissociais no


lar ou numa esfera mais ampla. Do ponto de vista psicodinâmico, estes comportamentos demonstram esperança
em obter
algo bom que foi perdido, sendo a ausência de esperança a característica básica da criança que sofreu
privação. O jovem experimenta um impulso de busca do objeto, de alguém que possa encarregar-se de cuidar
dele, esperando
poder confiar num ambiente estável, capaz de suportar a tensão resultante do comportamento
impulsivo. O ambiente é repetidamente testado em sua capacidade para suportar a agressão, tolerar o incômodo,
impedir a destruição,
preservando o objeto que é procurado e encontrado.

São fatores associados a comportamento antissocial na infância: ser do sexo masculino, receber cuidados
maternos e paternos inadequados, viver em meio à discórdia conjugal, ser criado por pais agressivos e violentos,
ter mãe com
problemas de saúde mental, residir em áreas urbanas e ter nível socioeconômico baixo.

Alguns autores referem que a baixa renda associada ao comportamento antissocial da criança está relacionada à
personalidade antissocial materna e à negligência por parte dos pais. De fato, pode-se supor que mães
antissociais
teriam maior dificuldade para atingir níveis de renda mais elevados, pois não manter-se-iam no
emprego e teriam menor condição de manter um relacionamento estável com um marido ou companheiro que
contribuísse com a renda familiar.
Pais antissociais também são frequentemente irresponsáveis e negligentes com
seus filhos, deixando de alimentá-los adequadamente ou levá-los ao médico quando doentes. Além disso,
adolescentes vivendo na pobreza e pouco valorizados
pelos pais podem buscar reconhecimento pessoal e
ascensão econômica através de atividades de delinquência em grupo.

Quanto à discórdia conjugal e a problemas mentais maternos, o conflito entre os pais e a depressão materna
estavam associados a comportamentos agressivos e antissociais em escolares. No entanto, é preciso considerar a
contribuição
da criança para a qualidade do relacionamento entre pais e filhos, pois crianças difíceis de lidar,
desobedientes e agressivas favorecem a desorganização do ambiente familiar e o desequilíbrio de um
relacionamento conjugal
mais frágil.

Quanto ao ambiente familiar agressivo e violento, não se pode deixar de mencionar a influência da violência
doméstica e do abuso físico sobre o comportamento antissocial na infância. Taxa elevada de comportamento
antissocial (21%)
foi observada em filhos (idade escolar) de mulheres espancadas.

Fatores genéticos e neurofisiológicos também podem estar envolvidos no desenvolvimento do comportamento


antissocial. Mednik et al relataram maior taxa de criminalidade nos pais biológicos que nos pais adotivos de
indivíduos
com antecedentes criminais, formulando a hipótese de uma predisposição biológica para o
comportamento antissocial. A influência genética é mais evidente nos casos acompanhados de hiperatividade e
pode ser responsável pela maior
vulnerabilidade do indivíduo aos eventos de vida e ao estresse. No entanto, o
papel dos fatores genéticos no transtorno da conduta ainda precisa ser melhor esclarecido.

Psicopatia
Conceito
A psicopatia é um termo que atualmente, a depender da referência, pode ser tido como alternativo ao de
transtorno de personalidade antissocial. Em alguns casos, eles são tidos como semelhantes tendo muitas
superposições, mas diferenciando-se
ao colocar a psicopatia como mais agudo, como por exemplo em casos em
que o sujeito não apresenta nenhuma culpa, ansiedade ou remorso (em oposição ao transtorno antissocial em
que ele ainda poderia apresentar traços dessas
características).

“Psicopatia” seria um termo mais genérico, caracterizado por ausência de empatia, frieza emocional, ausência de
culpa e, eventualmente, atos violentos e antissociais. Por ser vislumbrado já na infância e na adolescência, admite-
se
que tenha uma base biológica importante.
É muito difícil, do ponto de vista científico, situar a normalidade em um ponto fixo, em um nível constante, em
uma medida matemática, mas que, ao contrário, temos que aceitar uma ampla zona com várias faixas de
diferentes tonalidades.
Dois indivíduos podem apresentar estruturas psicológicas bem diferentes e nem por isso
deixarão de merecer o diagnóstico de normalidade.

Considerando essas dificuldades e problemas passemos para as possíveis abordagens da questão. Dentro de um
contexto ideal (e impossível) poderíamos considerar um homem “normal”, perfeito, dentro do ponto de vista
clínico, um sujeito
sem sintomas (dentro de um ponto de vista psicanalítico; através da análise do comportamento
poderíamos dizer que seria um indivíduo capaz de atualizar seu repertório e se adaptar ao ambiente). A partir de
outros pontos de
vista, como o sociológico, poderíamos considerar aspectos como adaptação ao contexto social
ou histórico em que vive.

A partir do ponto de vista criminológico, seria aquele que não transgrede a lei.

Dessa forma, podemos ver ó aspecto relativo e complexo da definição de normalidade.

Enquanto características de um sujeito psicopata podemos descrever:

Problemas de conduta na infância; inexistência de alucinações e delírios; ausência de manifestações neuróticas;


impulsividade e ausência de autocontrole; irresponsabilidade; encanto superficial, notável inteligência e
loquacidade;
egocentrismo patológico, autovalorização e arrogância; incapacidade de amar; vida sexual impessoal,
trivial e pouco integrada; falta de sentimentos de culpa e de vergonha; indigno de confiança e falta de empatia nas
relações
pessoais; manipulação do outro com recursos enganosos; perda específica da intuição; incapacidade para
seguir qualquer plano de vida; conduta antissocial sem aparente arrependimento; ameaças de suicídio raramente
cumpridas;
incapacidade em aprender com a experiência, bem como exibe uma elevada pobreza de reações
afetivas básicas.

Psicopatia e crimes
Há uma elevada associação entre psicopatia e problemas forenses. Estima-se que a prevalência desse transtorno
seja de cerca de 1% da população mundial, constituindo, no entanto, cerca de 20% das populações prisionais.
Comparados
a outros criminosos, são responsáveis por um elevado número de homicídios, homicídios em série,
tráfico de drogas, estupros, sequestros, crimes do “colarinho branco” e ações terroristas.

Nos processos de investigação da conduta criminosa, pode-se observar que, em relação a outros criminosos, os
indivíduos com psicopatia iniciam sua carreira mais cedo, cometem mais crimes e são mais versáteis no atuar
criminosamente,
bem como se apresentam mais engajados na violência, tanto na comunidade quanto na prisão.
O índice de reencarceramento entre os criminosos psicopatas é significativamente mais alto que em criminosos
não psicopatas.

No escopo da legislação penal brasileira, o indivíduo portador da personalidade dissocial (conceito utilizado pelo
CID 10) que comete algum crime se enquadra a priori na condição de semi-imputabilidade. Esse tipo de
personalidade
enquadra-se, dentro do critério médico-legal, em uma situação de perturbação da saúde mental,
colocando seu portador nas condições previstas no parágrafo único do Artigo 26 do Código Penal, isto é, sendo
um indivíduo que tem
a capacidade de entendimento preservada, mas com prejuízos da
autodeterminação. Existem uma grande tendência de que os tratamentos, seja de TP antissocial ou de psicopatia,
se revelaram pouco eficazes; no momento atual
do desenvolvimento terapêutico, não se dispõe de meios para
modificar favoravelmente a conduta dessas personalidades, visto que estes indivíduos tendem, pelos métodos
atuais, a não aprender ou modificar seus comportamentos
com a experiência. Em grande parte dos casos o
encarceramento acaba sendo a única medida a efetiva que o estado consegue tomar (o que pode ser diferente
nos casos de TP antissocial, dado ao seu possível quadro menos agudo em
comparação com a psicopatia).

Psicopata primário e secundário


Para além dessas questões, podemos dividir a psicopatia em dois casos: a psicopatia primaria (ou idiopático) e
secundária (ou somático).

De forma geral, podemos apontar que o psicopata primário não tem consciência, é calculista, egoísta e
indiferente.
Já o psicopata secundário consegue, por vezes, demonstrar traços sociais positivos, tais como o sentimento de
culpa, a empatia e o desejo de ser aceite na sociedade. Estes tendem a ser impulsivos, destemidos e
despreocupados com
as consequências negativas tanto para si como para com as vítimas.

A Psicopatia Primária (egoísmo, insensibilidade, indiferença e manipulação) é influenciada pela idade, sexo e
estado civil. Os homens tiveram uma pontuação mais alta do que as mulheres de forma estatisticamente
significativa (segundo
pesquisa).

A Psicopatia Secundária (impulsividade e estilo de vida autodestrutivo) é influenciada pela idade e pelo estado civil.
Os sujeitos entre os 18 e os 40 anos de idade e os sujeitos solteiros têm mais atributos de psicopatia secundária.

Situação Problema
Contextualização
Olá estudante, essa é a situação problema relacionada unidade 3 da disciplina de Psicologia aplicada ao direito.

Para iniciarmos essa contextualização, iremos relembrar primeiramente a discussão sobra a contraposição entre o
que é normal e o que é anormal, considerando o comportamento das pessoas.

A organização Mundial de Saúde afirma que não existe definição “oficial” de saúde mental, no entanto, entende-se
como indivíduo “mentalmente saudável” aquele que:

compreende que não é perfeito;

entende que não pode ser tudo para todos;

vivencia uma vasta gama de emoções;

enfrenta desafios e mudanças da vida cotidiana;

procura ajuda para lidar com traumas e transições importantes (não se considera onipotente).

Sobre o comportamento dito anormal, de forma bem generalista, considerando os principais manuais, a maioria
dos autores parece concordar que problemas de comportamento envolvem desvios do comportamento social,
isto é, comportamentos
agressivos e hiperatividade. Devemos também considerar que esses comportamentos se
dão causando algum prejuízo a capacidade do indivíduo de manter sua vida social, afetiva e de produtiva (laboral).

É muito difícil, do ponto de vista científico, situar a normalidade em um ponto fixo, em um nível constante, em
uma medida matemática, mas que, ao contrário, temos que aceitar uma ampla zona com várias faixas de
diferentes tonalidades.
Dois indivíduos podem apresentar estruturas psicológicas bem diferentes e nem por isso
deixarão de merecer o diagnóstico de normalidade.

Considerando essas dificuldades e problemas passemos para as possíveis abordagens da questão. Dentro de um
contexto ideal (e impossível) poderíamos considerar um homem “normal”, perfeito, dentro do ponto de vista
clínico, um sujeito
sem sintomas (dentro de um ponto de vista psicanalítico; através da análise do comportamento
poderíamos dizer que seria um indivíduo capaz de atualizar seu repertório e se adaptar ao ambiente). A partir de
outros pontos de
vista, como o sociológico, poderíamos considerar aspectos como adaptação ao contexto social
ou histórico em que vive.

A partir do ponto de vista criminológico, seria aquele que não transgrede a lei.

Dessa forma, podemos ver ó aspecto relativo e complexo da definição de normalidade.

Outro aspecto que devemos levar em consideração na de definição do que é normal ou anormal é o aspecto
socio-cultural-histórico.

As expectativas sociais e culturais sobre o comportamento irão definir o que é considerado normal ou não. O
mesmo comportamento pode ser considerado normal em uma cultura ou subcultura e desviante em outra. Além
disso, comportamentos
considerados desviantes também existem no desenvolvimento dito normal ou natural de
um sujeito. Dessa forma, torna-se mais complicado definir o que é um comportamento normal ou anormal,
considerando que em alguns momentos um
comportamento desviante é considerado esperado.

De forma bem generalista, considerando os principais manuais, a maioria dos autores parece concordar que
problemas de comportamento envolvem desvios do comportamento social, isto é, comportamentos agressivos e
hiperatividade.

Situação problema
Considere agora a seguinte situação:

Um jovem, foi detido após cometer uma série de delitos, como furtos, roubos e agressões.

Suas ações se caracterizavam por sua capacidade de iludir e ludibriar as pessoas, conquistando a confiança delas
para depois tomar vantagem sobre elas. 

O jovem, do gênero masculino, já apresentou esse mesmo tipo de conduta historicamente em diversas outras
ocasiões, nos últimos dois anos, não aparentando apresentar algum remorso ou culpa pelo seus atos.

O contexto de vida dessa pessoa é de grande suporte da família, que mesmo estruturada e buscando auxílio
profissional não conseguiu modificar essa trajetória de atos. O jovem possuía um rendimento escolar razoável.
Apesar de demonstrar
grande facilidade com as tarefas e inteligência, demonstrava ter pouco interesse pelos
assuntos escolares.

Considerando todas essas características, com que tipo de quadro de transtorno ou patologia podemos, a
princípio, relacionar o caso?

Lembrando que o processo de diagnóstico se dá a partir de um processo profissional complexo e que isso se trata
apenas de um exercício.

Resolução
A psicopatia é um termo que atualmente, a depender da referência, pode ser tido como alternativo ao de
transtorno de personalidade antissocial. Em alguns casos, eles são tidos como semelhantes tendo muitas
superposições, mas diferenciando-se
ao colocar a psicopatia como mais agudo, como por exemplo em casos em
que o sujeito não apresenta nenhuma culpa, ansiedade ou remorso (em oposição ao transtorno antissocial em
que ele ainda poderia apresentar traços dessas
características).

“Psicopatia” seria um termo mais genérico, caracterizado por ausência de empatia, frieza emocional, ausência de
culpa e, eventualmente, atos violentos e antissociais. Por ser vislumbrado já na infância e na adolescência, admite-
se
que tenha uma base biológica importante.

Enquanto características de um sujeito psicopata podemos descrever:

Problemas de conduta na infância; inexistência de alucinações e delírios; ausência de manifestações neuróticas;


impulsividade e ausência de autocontrole; irresponsabilidade; encanto superficial, notável inteligência e
loquacidade;
egocentrismo patológico, autovalorização e arrogância; incapacidade de amar; vida sexual impessoal,
trivial e pouco integrada; falta de sentimentos de culpa e de vergonha; indigno de confiança e falta de empatia nas
relações
pessoais; manipulação do outro com recursos enganosos; perda específica da intuição; incapacidade para
seguir qualquer plano de vida; conduta antissocial sem aparente arrependimento; ameaças de suicídio raramente
cumpridas;
incapacidade em aprender com a experiência, bem como exibe uma elevada pobreza de reações
afetivas básicas.

Considerando o quadro, os seus possíveis determinantes e sintomas apresentados, podemos verificar que alguns
determinantes, ainda que não necessários, não se apresentaram neste caso, como por exemplo a negligência de
cuidados parentais
e uma vida familiar conturbada, como por exemplo, com a vivência de episódios de violência.

Devemos considerar também que esse tipo de transtorno pode ter também alguns determinantes biológicos e
genéticos, o que pode trespassar, em alguns casos, os determinantes sociais, a depender de sua gravidade.

Um dado importante sobre esse tipo de quadro, é que na legislação penal brasileira, o indivíduo portador da
personalidade dissocial (conceito utilizado pelo CID 10) que comete algum crime se enquadra, a princípio, na
condição de
semi-imputabilidade.

Como pudemos ver, o caso aparenta ter diversos indícios de enquadre com relação a um quadro de psicopatia. No
entanto, devemos sempre nos lembrar que os diagnósticos, para além da exclusividade de exercício profissional
de determinadas
categorias e de sua complexidade, é um peso e um grande estigma, e que por isso deve ser
utilizado com cuidado, não se realizando relações fora do contexto científico profissional e sem necessidade.

Referências bibliográficas
AMBIEL, Rodolfo Augusto Matteo. Diagnóstico de psicopatia: a avaliação psicológica no âmbito
judicial. PsicoUSF, Itatiba , v. 11, n. 2, p. 265-266, dez. 2006 .  Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?
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DOYLE, Iracy. Estudo da normalidade psicológica. Arq. Neuro-Psiquiatr., São Paulo , v. 8, n. 2, p. 155-170, June 1950
.  Available from . access on 24 July 2020. https://doi.org/10.1590/S0004-282X1950000200004.

SILVA, Thiago Loreto Garcia da et al . O normal e o patológico: contribuições para a discussão sobre o estudo da
psicopatologia. Aletheia, Canoas , n. 32, p. 195-197, ago. 2010 .  Disponível em: 
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-03942010000200016&lng=pt&nrm=iso. acessos
em 24 jul. 2020.

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