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A PSICOBIOLOGIA DOS DISTÚRBIOS DA ANSIEDADE

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Sumário
NOSSA HISTÓRIA .......................................................................................... 2

INTRODUÇÃO................................................................................................. 3

ANSIEDADE .................................................................................................... 5

DISTÚRBIOS DA ANSIEDADE ..................................................................... 10

Transtorno de Ansiedade Generalizada..................................................... 12


Transtorno do Pânico ................................................................................. 13
Fobias ........................................................................................................ 14
Distúrbio de Estresse Pós-Traumático ....................................................... 16
Distúrbio Obsessivo-Compulsivo ............................................................... 18
SISTEMAS E ASPECTOS NEUROATÔMICOS ............................................ 20

Sistema Límbico......................................................................................... 21
Sistema de Inibição Comportamental ........................................................ 21
DISTÚRBIOS DE ANSIEDADE E O USO DE DROGAS ............................... 23

CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................... 25

REFERÊNCIAS ............................................................................................. 27

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NOSSA HISTÓRIA

A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários,


em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-
Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo
serviços educacionais em nível superior.

A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de


conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação
no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua.
Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que
constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de
publicação ou outras normas de comunicação.

A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma


confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica,
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido.

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INTRODUÇÃO

A psicobiologia é uma ciência que estuda a base biológica do comportamento


humano, ou seja, quais sistemas e processos biológicos nos permitem interagir
ativamente e de forma adaptativa com o ambiente ao nosso redor. O comportamento
e os processos mentais são fatos considerados objetivos, verificáveis e prováveis de
serem quantificáveis.

Essa visão do comportamento não leva em consideração a filosofia, religiões


ou a política. Em vez disso, concentra-se no método científico como uma maneira de
entender o comportamento humano. Está mais próximo da etologia e psicologia
humanas do que das disciplinas anteriores.

Em 1914, o psicólogo K. Dunlap cunhou o termo psicobiologia com seu


trabalho An outline of Psychobiology para ajudar seus alunos a entender o papel da
biologia na psicologia. A partir deste momento, várias linhas de pesquisa que
conectam as funções mentais com as fisiológicas começaram e nasceram revistas
científicas, com muito impacto ainda hoje, que combinam ambas as ciências, como o
Journal of comparative Psychology e o Behavioral neurocience.

O comportamento e os processos mentais são estudados na psicobiologia


como um processo adaptativo da espécie, que se baseia nesses fatores:

Fatores filogenéticos

Para entender a psicobiologia, é necessário conhecer a história evolutiva da


nossa espécie. As características gerais do nosso comportamento são influenciadas
pela nossa filogenética.

A filogenia estuda as relações de parentesco entre espécies ao longo da


história do planeta, e é baseada nas semelhanças do DNA, mas originalmente usada
como caracteres taxonômicos de referência para encontrar semelhanças ou
diferenças entre as espécies.

Com a filogenética, podemos descobrir ancestrais comuns entre várias


espécies e quando elas começaram a se diferenciar. O estudo de árvores

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filogenéticas foi uma ferramenta essencial para explicar a evolução. O
comportamento do ser humano é marcado pelas conquistas evolutivas dos seus
antepassados. Embora seja uma causa distante, o comportamento dos nossos
predecessores foi um fator que permitiu a sobrevivência da espécie. É a explicação
mais distante do nosso comportamento.

Fatores ontogênicos

A ontogenia se refere ao desenvolvimento de um organismo a partir do


processo embrionário, passando por todas as fases da sua vida até a velhice.

A capacidade de desenvolver certos comportamentos começa desde que


somos fetos e é enriquecida à medida que avançamos na vida com interações com o
meio ambiente. Essas são as causas mais próximas que explicam o nosso modo de
ser.

Fatores epigenéticos

A epigenética está ganhando terreno no campo científico e tenta explicar como


fatores externos ambientais modulam a nossa expressão genética. Aparentemente,
existem certos períodos na vida do ser humano em que há uma maior plasticidade
neuronal.

Isso significa que os neurônios podem experimentar mudanças em sua


morfologia e fisiologia, o que tem consequências em nosso comportamento ou
aprendizado.

Embora esses fatores sejam muito importantes para entender como o ser
humano se comporta, há outros que também o influenciam diretamente. Um exemplo
é a percepção de estímulos, graças ao nosso sistema nervoso, que nos prepara para
dar uma resposta imediata.

Além de ter uma grande influência da genética, a psicobiologia inclui outros


ramos científicos que tentam explicar a base biológica do comportamento humano a

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partir de muitas perspectivas diferentes, como a biologia molecular, endocrinologia,
farmacologia, embriologia ou psicologia comparada.

Os tópicos mais importantes da psicobiologia são a evolução do cérebro, o


funcionamento e o desenvolvimento do sistema nervoso, processos sensoriais, sono,
emoções e os comportamentos humanos mais básicos, como sexo, fome, sede,
agressão.

ANSIEDADE

A ansiedade pode ser vista como sintoma psiquiátrico e/ou como reação
emocional não patológica associada a diversos contextos de vida. Ela representa um
sinal de alarme a determinado estímulo percebido pelo indivíduo como perigoso. Em
geral, é composta por uma combinação variável de sintomas físicos, pensamentos
catastróficos e alterações de comportamento. A ansiedade pode ser compreendida
como mecanismo evolutivo, isto é, uma ferramenta que nos ajuda a detectar o perigo
e adotar as medidas necessárias para lidar com ele. No entanto, esse recurso
adaptativo muitas vezes encontra-se desregulado, causando sofrimento e prejuízo ao
desempenho social e/ou profissional.

A ansiedade se torna um transtorno psiquiátrico quando representa emoção


desconfortável e inconveniente, surgindo na ausência de um estímulo externo claro
ou com magnitude suficiente para justificá-la, e apresenta intensidade, persistência e
frequência desproporcionais. Estudos epidemiológicos indicam os transtornos de
ansiedade como os mais prevalentes dentre os transtornos psiquiátricos. Na grande
maioria dos casos, não há como estabelecer uma causa específica aos transtornos
aqui tratados. A interação entre fatores genéticos e ambientais resume a etiologia
atualmente proposta e aceita.

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A ansiedade, conforme May (1980) conceitua, é um termo que se refere a uma
relação de impotência, conflito existente entre a pessoa e o ambiente ameaçador, e
os processos neurofisiológicos decorrentes dessa relação. O mesmo autor diz ainda
que a ansiedade constitui a experiência subjetiva do organismo numa condição
catastrófica, que surge na medida em que o indivíduo, frente a uma situação, não
pode fazer face às exigências de seu meio e, sente uma ameaça à sua existência ou
aos valores que considera essenciais.

A ansiedade é um sentimento que acompanha um sentido geral de perigo,


advertindo as pessoas de que há algo a ser temido. Refere-se a uma inquietação que
pode traduzir-se em manifestações de ordem fisiológica e de ordem cognitiva. Como
manifestações fisiológicas pode-se citar agitação, hiperatividade e movimentos
precipitados; como manifestações cognitivas surgem atenção e vigilância redobrada
e determinados aspectos do meio, pensamentos e possíveis desgraças. Essas
manifestações podem ser passageiras ou podem constituir uma maneira estável e
permanente de reagir e sua intensidade pode variar de níveis imperceptíveis até
níveis extremamente elevados.

Pessotti (1978) explica que, até o advento de Freud e de outros psicólogos de


importância, o problema da ansiedade situava-se dentro das preocupações da
filosofia. May (1980) menciona que os filósofos, como Spinoza, Pascal, Kierkeegard
e Niztche, trataram mais explicitamente da ansiedade e do medo sendo que a
preocupação primordial não era com a formação de um sistema intelectual abstrato,
mas, antes, com os conflitos e crises existenciais dos seres humanos. O autor acima
referido ainda relata que é do pensamento deles e, mais ainda, das contradições entre
tais abordagens que resultam as tendências culturais do século XX.

Os três tipos principais de inquietude no homem, distinguidos por Pascal, que


hoje chamaríamos de conteúdos da ansiedade são: a fuga da reflexão a respeito de
si mesmo, a inquietude (ou insatisfação) constante da vida, e a precariedade e a
miséria do homem no universo. Em expressão contemporânea, esses três tipos de
inquietude poderiam ser formulados como o conflito gerado pela repressão da
autoconsciência, a impotência diante do imprevisto (do racional) e a incerteza sobre
a própria significação (Pessotti, 1978).

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Rosamilha (1971), ao fazer um breve histórico sobre o tema, aborda outros
autores que também se ocupam do problema da ansiedade. Assim, Cannon (1932),
ao desenvolver o conceito de homeostase, forneceu um significado biológico para o
fenômeno. Psicanalistas como Horney (1961) desenvolveram suas teorias, colocando
a ansiedade como o centro das neuroses. Outros como Kelman (1959), de certa forma
admitiram que a ansiedade é um tipo de atributo normal do ser humano que pode ser
observado quando certo nível de tensão ultrapassa um ponto médio. Já numa
abordagem orgânica, como a de Goldstein citado por Portnoy (1959), reconhece-se
que ansiedade pode ser produzida por vários eventos, porém, apresenta uma
característica comum: há sempre uma discrepância entre as capacidades individuais
e as exigências que o organismo tem que enfrentar, tornando impossível a auto-
realização e levando à ansiedade. Esses nomes não esgotam a lista de estudiosos
que trataram dessa questão, mas servem para ilustrar a quantidade de posições,
idéias e ângulos sob os quais o problema vem sendo discutido.

Para Rosamilha (1971) foi Freud quem deu à ansiedade uma posição científica
de destaque. Até então, a ansiedade era discutida dentro do campo da Filosofia, não
sendo alvo de atenção científica. Freud é o explorador proeminente da Psicologia da
Ansiedade, e, por isso, sua obra é de importância clássica, mesmo que atualmente
se saiba que muitas de suas conclusões devam ser interpretadas (May, 1980).

Esse mesmo autor aponta como contribuição de Freud o fato de ter sido ele o
primeiro a chamar atenção para a importância da ansiedade na compreensão dos
distúrbios emocionais e psicológicos. O problema da ansiedade (vivência de
sofrimento psíquico determinado pela presença de um conflito interno), ocupou a
mente de Freud (1976) durante muito tempo e, para ele, todos nós, algumas vezes,
experimentamos esta sensação ou este estado afetivo no qual convergem
importantes questões.

Ao distinguir três tipos de ansiedade: real ou objetiva, neurótica e moral, Freud


(1936), baseia nas fontes de onde provém a ansiedade e não em aspectos
qualitativos. Assim, a ansiedade como medo do mundo externo seria a ansiedade
objetiva, enquanto que a ansiedade neurótica teria como fonte o medo do id e a moral
o medo do superego. A ansiedade tem uma inegável relação com a expectativa,
sendo a ansiedade por algo. Se o verdadeiro perigo é um perigo conhecido, tem-se a
ansiedade realística, a ansiedade por esse perigo conhecido; e a ansiedade neurótica

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é a ansiedade por um perigo desconhecido, ainda a ser descoberto. Esclarece
também que em alguns casos as características da ansiedade realística e da
ansiedade neurótica se acham mescladas, pois o perigo pode ser conhecido, mas se
a ansiedade referente a ele for muito grande, maior do que parece apropriado, o
excedente caracterizaria a presença de um elemento neurótico.

Esclarecendo um pouco mais essa questão, Freud (1976) diz que a ansiedade
é o estado subjetivo de que somos tomados ao perceber o surgimento da ansiedade
e a isso se dá o nome de afeto. O afeto inclui, primeiramente, inervações ou
descargas motoras e, depois, certos sentimentos (o que seria a ansiedade realística,
considerada como a manifestação dos instintos de autopreservação do ego). As
pessoas com ansiedade neurótica exploram todas as incertezas num mal sentido,
prevendo as mais terríveis de todas as possibilidades. Diz que semelhante tendência
a uma expectativa do mal pode ser encontrada na forma de traço de caráter, o que
não quer dizer que são doentes, mas que é característica de pessoas superansiosas
ou pessimistas.

Kaplan e Sadock (1993) mencionam que se pode falar de ansiedade normal


quando se responde com ansiedade a certas situações ameaçadoras. A ansiedade
patológica, em comparação, é uma resposta inadequada a determinado estímulo, em
virtude de sua intensidade ou duração. De uma forma mais global a ansiedade normal
é aquela reação que não é desproporcional à ameaça objetiva, não envolve repressão
ou outros mecanismos de conflito intrapsíquico, não requer mecanismos de defesa
neurótica, e pode ser enfrentada construtivamente pela percepção consciente ou
pode ser aliviada se a situação objetiva for alterada. A ansiedade neurótica seria o
reverso da definição de normal.

No entanto, Spielberger (1981) esclarece que é difícil determinar se uma


reação de ansiedade é ou não neurótica ou mesmo proporcional ao perigo objetivo.
Para tal distinção deve ser feita uma cuidadosa avaliação quanto à proporção do
perigo real associado ao tensor específico, e uma precisa medição da intensidade de
reação da ansiedade resultante.

Golse (1998) explicita que qualquer que seja a sua origem e suas modalidades,
a ansiedade experimentada pelo Ego apresenta certas funções que englobam
consciência, conhecimento, memorização e autoconservação. E é contra a ansiedade

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que o Ego coloca em pauta toda uma série de mecanismos de defesa, os quais serão
eficazes se assegurarem um bom controle de ansiedade.

Em meio às teorias de ansiedade, as existenciais mencionam que não existe


um estímulo específico que identifique a sensação de ansiedade, sendo que o
conceito central da teoria existencial é o de que as pessoas tornam-se conscientes
de um profundo vazio em suas vidas, e a ansiedade é uma resposta ao imenso vazio
da existência (Kaplan & Sadock, 1993).

Para Skinner (1938) citado por Rosamilha (1971) não existe subjetivismo na
psicologia, concebendo a inexistência do comportamento voluntário, entendendo que
os conceitos são condicionados, as emoções são produto do controle externo e as
ideias são modeladas por controles exercidos pelo ambiente. Assim, a ansiedade é
definida a partir desses mesmos princípios, sendo, segundo o condicionamento
operante, uma correlação observada entre uma certa operação (experimental) e
determinados efeitos resultantes sobre alguma propriedade do comportamento.
Skinner também concebe como Freud, que o medo e a ansiedade constituem formas
de defesa do organismo contra a ameaça do perigo. Mas, a diferença é que o medo
se instala sempre que há uma ameaça concreta e a ansiedade é um estado emocional
motivado por um estímulo ameaçador que está antecipado no futuro (Rodrigues,
1976).

Quando o indivíduo adquire a capacidade de prever eventos provocadores de


ansiedade e os evita, tem-se a ansiedade sinal, que tem grande valor para a
sobrevivência individual, sendo uma característica importante e nova na concepção
de ansiedade. É a ideia de "antecipação", ou seja, de "respostas antecipadas" a
eventos aprendidos como "traumáticos", confirmando a significação etimológica de
"pré-ocupar-se" com alguma coisa (Rosamilha, 1971).

O que se observa nessas posições teóricas é o fato de a ansiedade ser um


termo adequado para caracterizar situações e reações desagradáveis para o sujeito,
é com esse sentido que o termo está usado nesse trabalho. Assim sendo, para
diagnosticar a ansiedade recomenda-se a observância de seis dos seguintes
sintomas, quando frequentemente presentes, quais sejam: tremores ou sensação de
fraqueza; tensão ou dor muscular; inquietação; fadiga fácil; falta de ar ou sensação
de fôlego curto; palpitações; sudorese, mãos frias e úmidas; boca seca; vertigens e

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tonturas; náuseas e diarreias; rubor ou calafrios; polaciúria (aumento do número de
urinadas); bolo na garganta; impaciência; resposta exagerada a surpresa; dificuldade
de concentração ou memória prejudicada; dificuldade de conciliar e manter o sono e
irritabilidade (Associação Psiquiátrica Americana 1995; Organização Mundial da
Saúde, 1993).

DISTÚRBIOS DA ANSIEDADE

Os transtornos ansiosos são quadros clínicos em que esses sintomas são


primários, ou seja, não são derivados de outras condições psiquiátricas (depressões,
psicoses, transtornos do desenvolvimento, transtorno hipercinético, etc.).

Sintomas ansiosos (e não os transtornos propriamente) são frequentes em


outros transtornos psiquiátricos. É uma ansiedade que se explica pelos sintomas do
transtorno primário (exemplos: a ansiedade do início do surto esquizofrênico; o medo
da separação dos pais numa criança com depressão maior) e não constitui um
conjunto de sintomas que determina um transtorno ansioso típico (descritos a seguir).

Mas podem ocorrer casos em que vários transtornos estão presentes ao


mesmo tempo e não se consegue identificar o que é primário e o que não é, sendo
mais correto referir que esse paciente apresenta mais de um diagnóstico coexistente
(comorbidade). Estima-se que cerca de metade das crianças com transtornos
ansiosos tenham também outro transtorno ansioso.

Pelos sistemas classificatórios vigentes, o transtorno de ansiedade de


separação foi o único transtorno mantido na seção específica da infância e
adolescência (CID-10, DSM-IV). O transtorno de ansiedade excessiva da infância e o
transtorno de evitação da infância (DSM-III-R), passaram a ser referidos nas
classificações atuais, respectivamente, como transtorno de ansiedade generalizada
(TAG) e fobia social.

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Os transtornos ansiosos são os quadros psiquiátricos mais comuns tanto em
crianças quanto em adultos, com uma prevalência estimada durante o período de vida
de 9% e 15% respectivamente.

Nas crianças e adolescentes, os transtornos ansiosos mais frequentes são o


transtorno de ansiedade de separação, com prevalência em torno de 4%, o transtorno
de ansiedade excessiva ou o atual TAG (2,7% a 4,6%) e as fobias específicas (2,4%
a 3,3%). A prevalência de fobia social fica em torno de 1% e a do transtorno de pânico
(TP) 0,6%.

A distribuição entre os sexos é de modo geral equivalente, exceto fobias


específicas, transtorno de estresse pós-traumático e transtorno de pânico com
predominância do sexo feminino.

A causa dos transtornos ansiosos infantis é muitas vezes desconhecida e


provavelmente multifatorial, incluindo fatores hereditários e ambientais diversos.
Entre os indivíduos com esses transtornos, o peso relativo dos fatores causais pode
variar. De uma maneira geral, os transtornos ansiosos na infância e na adolescência
apresentam um curso crônico, embora flutuante ou episódico, se não tratados.

Na avaliação e no planejamento terapêutico desses transtornos, é fundamental


obter uma história detalhada sobre o início dos sintomas, possíveis fatores
desencadeantes (ex. crise conjugal, perda por morte ou separação, doença na família
e nascimento de irmãos) e o desenvolvimento da criança. Sugere-se, também, levar
em conta o temperamento da criança (ex. presença de comportamento inibido), o tipo
de apego que ela tem com seus pais (ex. seguro ou não) e o estilo de cuidados
paternos destes (ex. presença de superproteção), além dos fatores implicados na
etiologia dessas patologias. Também deve ser avaliada a presença de comorbidade.

De modo geral, o tratamento é constituído por uma abordagem multimodal, que


inclui orientação aos pais e à criança, terapia cognitivo-comportamental, psicoterapia
dinâmica, uso de psicofármacos e intervenções familiares.

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Transtorno de Ansiedade Generalizada

A preocupação persistente e excessiva é a característica principal do


Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG), porém essas preocupações são
acompanhadas de sintomas físicos relacionados à hiperatividade autonômica e a
tensão muscular. Entre esses sintomas são comuns a taquicardia, sudorese, insônia,
fadiga, dificuldade de relaxar e dores musculares. As preocupações não se restringem
a uma determinada categoria, mas são generalizadas, excessivas, por vezes
envolvendo temas que não preocupam a maioria das pessoas e de difícil controle.
Para o diagnóstico, é importante, também, que esses sintomas causem uma
interferência no desempenho da pessoa ou um sofrimento significativo.

O TAG é um dos transtornos psiquiátricos mais subdiagnosticados. Raramente


os pacientes procuram diretamente um profissional de saúde mental, preferindo o
clínico geral ou médicos de outras especialidades. A queixa predominante é de
sintomas físicos vagos e que não caracterizam uma enfermidade bem definida.

O TAG é frequente, com uma prevalência ao longo da vida entre 4,5 a 12 %,


sendo um dos transtornos mentais mais comuns nos serviços de cuidados primários.
Apresenta uma alta porcentagem de comorbidade com depressão e outros
transtornos de ansiedade, como fobia social, fobias específicas e pânico. O
diagnóstico diferencial com depressão e distimia nem sempre é fácil, uma vez que
apresentam sintomas em comum. Os pacientes com depressão costumam ser mais
críticos com relação a sua própria atuação em eventos do passado, enquanto os

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pacientes com TAG tendem a se preocuparem com eventos futuros. O TAG e em
particular a preocupação têm sido associadas à hipertensão arterial e a problemas
cardíacos.

Transtorno do Pânico

O transtorno do pânico (TP) é caracterizado pela presença de ataques de


pânico recorrentes que consistem em uma sensação de medo ou mal-estar intenso
acompanhada de sintomas físicos e cognitivos e que se iniciam de forma brusca,
alcançando intensidade máxima em até 10 minutos. Estes ataques acarretam
preocupações persistentes ou modificações importantes de comportamento em
relação à possibilidade de ocorrência de novos ataques de ansiedade.

Os pacientes com TP seguem um padrão longo (que pode se estender a até


uma década) de visitas às emergências médicas antes do diagnóstico à procura de
uma causa orgânica para seus sintomas. Portanto, além de psiquiatras, também
médicos em geral e, em especial, aqueles que trabalham com atenção primária e
serviços de emergência médica devem estar familiarizados com os critérios do TP.

O conhecimento desses profissionais é de extrema importância ao


considerarmos a alta prevalência dos ataques de pânico na população em geral e a
necessidade de saber diferenciar os ataques de pânico isolados da síndrome
completa (o TP) e de outros problemas médicos que podem se apresentar como uma
crise de ansiedade.

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Além do sofrimento psíquico e do prejuízo funcional vivenciados pelos
pacientes com TP, ele está associado a uma série de outros desfechos que,
empiricamente, justificam seu tratamento como um problema de saúde pública.
Pacientes com TP têm maiores taxas de absenteísmo e menor produtividade no
trabalho ; maiores taxas de utilização dos serviços de saúde, procedimentos e testes
laboratoriais ; um risco aumentado, independente das comorbidades, de ideação de
suicídio e de tentativas de suicídio; e, em mulheres pósmenopáusicas, parece estar
relacionado à morbidade e mortalidade cardiovasculares . No entanto, cabe ressaltar
que a associação com mortalidade cardiovascular ainda é controversa e pode se
restringir a uma população específica.

Fobias

A fobia é definida como um medo persistente, desproporcional e irracional de


um estímulo que não oferece perigo real ao indivíduo (Organização Mundial da
Saúde, 1993). Ela envolve ansiedade antecipatória, medo dos sintomas físicos e
esquiva e fuga. Quando o medo excessivo apresenta estímulo definido, denomina-se
fobia específica (Lotufo Neto, 2011). Teóricos da abordagem cognitivo-
comportamental consideram esse medo aprendido e o explicam com base na teoria
do condicionamento clássico de Pavlov, do operante de Skinner e da modelação de
Bandura.

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O sujeito fóbico tem um pensar distorcido ao considerar algumas situações
mais ameaçadoras do que realmente são. Essa forma de pensar leva o fóbico a
frequentemente adotar os mecanismos de evitação e esquiva por acreditar ser
incapaz de enfrentar e superar a situação (Piccoloto et al., 2004). A constante
evitação impossibilita que ele cheque a validade de suas crenças e essas são cada
vez mais reforçadas. Além disso, por ter consciência de que seu medo é irreal, o
portador desse transtorno passa a escondê-lo, por vergonha e por temer a exposição
pública (Roso, 1998).

Com o objetivo de promover a reestruturação cognitiva, estudos indicam a


psicoeducação, a dessensibilização sistemática e a exposição ao vivo como as
melhores estratégias para o sucesso no tratamento da fobia (Lotufo Neto, 2011).

A psicoeducação inclui o ensino sobre a terapia, seus pressupostos e sobre o


transtorno (Knapp, 2004). A dessensibilização sistemática, baseada na extinção, no
contracondicionamento e na habituação visa eliminar os comportamentos de medo e
evitação com emissão de respostas assertivas (Turner, 2002). Nela, o cliente é levado
à exposição gradativa ao objeto fóbico, precedida pelo relaxamento (Vera & Vila,
2002). Wright, Basco e Thase (2008) destacam que, para promover respostas
contrárias à ansiedade, inicialmente é necessário aprender as técnicas de
relaxamento e a respiração diafragmática.

A exposição ao vivo, normalmente usada após a dessensibilização, objetiva


expor o cliente à situação temida direta e gradualmente, associada à respiração
diafragmática para reduzir a ansiedade. Turner (2002) salienta que essa redução é
favorecida quando o cliente sente segurança e confiança em relação ao terapeuta.

O tratamento visa a reestruturação cognitiva a partir da identificação por parte


do cliente de seus pensamentos e crenças distorcidas que provocam falha na
avaliação da situação, substituindo-os por cognições realistas e assertivas.

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Distúrbio de Estresse Pós-Traumático

Para ser diagnosticada como sofrendo de TEPT, a pessoa exposta a um


evento traumático deve, segundo o DSM-IV, satisfazer inicialmente as duas partes do
critério "A", destacadas abaixo:

1. A pessoa vivenciou, testemunhou ou foi confrontada com um ou mais


eventos que envolveram ameaça de morte ou de grave ferimento físico, ou ameaça
a sua integridade física ou à de outros;

2. A pessoa reagiu com intenso medo, impotência ou horror;

O critério A do DSM-IV, referente ao conceito de evento traumático, tem um


papel crucial no diagnóstico do TEPT. Ele representa a "porta-de-entrada" para esse
diagnóstico. Não ocorrendo um evento traumático, não existe a possibilidade de
diagnosticar o TEPT. Mas o entendimento do que é um evento traumático vem sendo
revisto constantemente, desde a oficialização do diagnóstico de TEPT com o DSM-
III. Essas modificações levaram a uma expansão da latitude do conceito de evento

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traumático e, em consequência, a um aumento na prevalência estimada do TEPT. A
seguir, descreveremos as etapas mais importantes da evolução do conceito de
"evento traumático".

No DSM-III, o "evento traumático" era visto como um acontecimento


catastrófico, raro e externo que diferia qualitativamente "das experiências comuns
como o luto, doença crônica, perdas comerciais ou conflitos matrimoniais". Os
eventos catastróficos definidos pelo DSM-III incluíam tortura, estupro, agressão física,
combate militar, aprisionamento em campo de extermínio, desastres naturais ou
industriais, acidentes de carro ou exposição à violência de guerra, violência civil e
violência doméstica.

Pesquisas subsequentes demonstraram que os "eventos traumáticos" não


eram raros, nem preponderantemente externos. O fato de os eventos traumáticos não
serem raros foi amplamente documentado por estudos epidemiológicos que
revelaram elevadas taxas de 40% a 90% na população americana. Pode-se supor
que países como Brasil, cuja taxa de mortalidade por arma de fogo é das maiores do
mundo e é líder em acidentes, provavelmente, têm uma prevalência bem mais
elevada de eventos traumáticos do que os EUA.

Verificou-se também que os eventos traumáticos não são apenas eventos


externos. Se assim fosse, esperaríamos que as taxas de TEPT fossem similares as
dos eventos traumáticos. Mas o que vem intrigando os pesquisadores é que a grande
maioria das pessoas expostas a eventos traumáticos catastróficos não desenvolve
TEPT, sugerindo que a resistência emocional média das pessoas é elevada. Assim,
por exemplo, 91% das mulheres americanas envolvidas em acidentes não
apresentam esta síndrome. Percebe-se que fatores individuais biopsicossociais
podem fazer com que uma pessoa desenvolva TEPT e outra não.

Frequentemente, os pacientes com TEPT são atendidos em unidades de


cuidados primários e ambulatórios de clínica médica, com queixas somáticas mais ou
menos vagas. Podem ainda ir a um neurologista, queixando-se de cefaleia, a um
gastroenterologista, por conta de uma epigastralgia, ou a um cardiologista, devido a
palpitações. Em contrapartida, pacientes com TEPT podem ativamente evitar certos
especialistas e modalidades de exames: por exemplo, pacientes vítimas de estupro

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podem se sentir muito mal apenas com a ideia de se submeterem a um exame
ginecológico.

Pacientes com neoplasias podem desenvolver TEPT ao serem informados a


respeito desse diagnóstico e, devido a isso, apresentarem sintomas de evitação, não
aderindo aos esquemas de tratamentos e evitando comparecer a suas consultas
hospitalares. Essa é uma área nova na pesquisa do TEPT. Só recentemente,
percebeu-se que condições clínicas potencialmente graves, como as neoplasias ou
as doenças coronarianas, poderiam constituir-se em um evento traumático e resultar
na síndrome do TEPT.

Distúrbio Obsessivo-Compulsivo

O transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) é caracterizado pela presença de


obsessões e/ou de compulsões. A relativa simplicidade do diagnóstico categorial
sugeriria tanto uma precisa delimitação nosográfica, quanto uma homogeneidade do
quadro. No entanto, resultados de pesquisas recentes têm enfatizado dois conceitos.

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O primeiro refere-se à heterogeneidade do quadro. O segundo refere-se à concepção
de que o TOC poderia ser estudado a partir de uma visão dimensional e contínua, ou
seja, dentro de um espectro obsessivo-compulsivo.

Sendo assim, para o aprofundamento do conhecimento do TOC é necessário


buscar-se subgrupos mais homogêneos de pacientes. As peculiaridades da
apresentação do TOC na infância e adolescência sugerem que o início precoce dos
sintomas delimitaria um subtipo de pacientes.

As prevalências de estudos epidemiológicos em adolescentes revelaram taxas


entre 1,9% e 3,0% nos Estados Unidos e entre 2,3% e 4,1% em outros países. A
distribuição entre os sexos parece variar de acordo com as diversas faixas etárias,
sendo que em crianças há uma preponderância de meninos.

Obsessões podem ser definidas como eventos mentais, tais como


pensamentos, idéias, impulsos e imagens, vivenciados como intrusivos e
incômodos. Como produtos mentais, as obsessões podem ser criadas a partir de
qualquer substrato da mente, tais como palavras, medos, preocupações, memórias,
imagens, músicas ou cenas.

Compulsões são definidas como comportamentos ou atos mentais repetitivos,


realizados para diminuir o incômodo ou a ansiedade causados pelas obsessões ou
para evitar que uma situação temida venha a ocorrer. Não existem limites para a
variedade possível das obsessões e das compulsões.

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SISTEMAS E ASPECTOS NEUROATÔMICOS

As respostas frente às situações aversivas, normalmente, envolvem três


aspectos: (I) um sentimento (geralmente negativo); (II) os ajustes fisiológicos
correspondentes e (III) o comportamento, que é um conjunto de reações motoras
características de cada emoção. Sempre que sentimos, mesmo que discretamente,
certas emoções e sensações, o nosso organismo promove alterações, induzindo
ajustes fisiológicos no âmbito do sistema nervoso central, autônomo, neuroendócrino
e neuroimune, preparando o indivíduo para enfrentar o desafio (DARWIN, ed.2000;
LENT, 2010).

Resumidamente, dentre outras respostas, o córtex e o tálamo recebem as


informações sensoriais, a amídala, por sua vez, avalia a natureza emocional, que
quando aversiva, recruta um conjunto de estruturas longitudinalmente organizadas e
reciprocamente interconectadas. Por exemplo, o córtex pré-frontal medial que, dentre
as funções, pode ser responsável pela resposta emocional, o hipotálamo pela
resposta fisiológica e a matéria cinzenta periaquedutal desencadeando respostas
comportamentais, as quais representam um dos principais substratos neurais para
expressão de respostas a estímulos aversivos (GRAEFF, 1981; LENT, 2010;
NISHIDA, 2007).

Como consequência, direta ou indireta, da ativação dessas áreas, o indivíduo


apresenta como resposta emocional, sentimentos como apreensão, aflição e angustia
e outros. Como resposta fisiológica, o hipotálamo aciona uma cadeia endócrina
característica conhecida como eixo HPA (hipotálamo-pituitária, antigo nome da
hipófise-adrenal), ocorrendo também taquicardia e vasoconstrição cutânea,
aumentando e redirecionando o fluxo sanguíneo para os músculos e sistema nervoso.
A respiração acelera e as vias aéreas se dilatam, resultando em aumento da
oxigenação do sangue e dos tecidos, bem como o aumento da produção e acumulo
de glicose disponibilizando, assim, mais fonte de energia (LENT, 2010). Além de
respostas comportamentais como avaliação de risco, congelamento, luta e fuga,
dependendo do estímulo aversivo e de cada indivíduo.

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Sistema Límbico

O sistema é de extrema importância pois controla comportamentos ligados a


nossa sobrevivência. O sistema límbico é a unidade responsável pelas emoções. A
sua descoberta começou através do anatomista James Papez, que tentava localizar
no sistema nervoso as bases ligadas a emoção.

Papez percebeu que as regiões eram conectadas, formando um circuito,


conhecido hoje, como “Circuito de Papez”. Através do sistema nervoso autônomo, ele
que comanda certos comportamentos necessários à sobrevivência de todos os
mamíferos, interferindo positiva ou negativamente em todo o organismo.

Estruturas do Sistema Límbico

 Giro do Cíngulo
 Giro para-hipocampal
 Hipocampo
 Amígdala
 Área septal
 Hipotálamo

Sistema de Inibição Comportamental

A teoria biopsicológica da personalidade, proposta pelo psicólogo Jeffrey Alan


Gray em 1970, é um modelo bem fundamentado dos processos biológicos gerais
relevantes para a psicologia, comportamento e personalidade humanos. Gray
hipotetizou a existência de dois sistemas baseados no cérebro para controlar as
interações de uma pessoa com seu ambiente: o sistema de inibição comportamental
(BIS) e o sistema de ativação comportamental (BAS).

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BIS está relacionado à sensibilidade à punição e à motivação para evitar. O
BAS está associado à sensibilidade para recompensar e abordar a motivação.
Escalas psicológicas foram projetadas para medir esses sistemas hipotéticos e
estudar diferenças individuais na personalidade. neuroticismo, uma dimensão de
personalidade amplamente estudada relacionada ao funcionamento emocional, está
positivamente correlacionada com as escalas do BIS e negativamente com as escalas
do BAS.

O sistema de inibição comportamental (BIS), como proposto por Gray, é um


sistema neuropsicológico que prediz a resposta de um indivíduo a pistas relevantes
para a ansiedade em um determinado ambiente. Este sistema é ativado em tempos
de punição, coisas chatas ou eventos negativos. Ao responder a sinais como
estímulos negativos ou eventos que envolvem punição ou frustração, esse sistema
acaba por evitar esses eventos negativos e desagradáveis.

Segundo a Teoria de Gray, o BIS está relacionado à sensibilidade à punição,


bem como à motivação para evitar. Também foi proposto que o BIS é a base causal
da ansiedade. Alta atividade do BIS significa uma maior sensibilidade a não
recompensa, punição e experiência nova. Esse nível mais alto de sensibilidade a
essas pistas resulta em uma evitação natural de tais ambientes, a fim de evitar
experiências negativas, como medo, ansiedade, frustração e tristeza. As pessoas que
são altamente sensíveis ao castigo percebem os castigos como mais aversivos e são
mais propensos a se distrair com os castigos.

Acredita-se que o mecanismo fisiológico por trás do BIS seja o sistema septo-
hipocampal e seus aferentes monoaminérgicos do tronco cerebral. Usando uma
análise morfométrica baseada em voxel, o volume das regiões mencionadas foi
avaliado para visualizar diferenças individuais. Os resultados podem sugerir uma
correlação entre o volume e os traços de personalidade relacionados à ansiedade.
Os resultados foram encontrados no córtex orbitofrontal, no precuneus, na amígdala
e no córtex pré-frontal.

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DISTÚRBIOS DE ANSIEDADE E O USO DE DROGAS

O uso de drogas ilícitas atinge seu auge entre as idades de 18 e 25 anos.


Quando os jovens adultos se estabelecem, casam e assumem a responsabilidade por
seu futuro, eles tendem a interromper o uso de drogas e as taxas de uso caem
drasticamente durante a segunda década. Então, continuam a diminuir, embora mais
lentamente, à medida que as pessoas entram na vida adulta tardia e velhice.

A saúde mental de adultos jovens é uma preocupação importante e, entre os


diversos transtornos mentais, a depressão é um dos mais comuns nessa etapa da
vida. De 15 a 25% das pessoas podem apresentar crise depressiva pelo menos uma
vez na vida, sendo que o primeiro episódio depressivo ocorre, mais frequentemente,
antes dos dezoito anos de idade. Já os transtornos de ansiedade representam uma
das mais comuns e debilitantes formas de psicopatologia na infância e adolescência.

O uso de substâncias psicoativas pode, inicialmente, minimizar ou moderar os


sintomas, mas a abstinência e o uso crônico tipicamente os exacerbam em médio
prazo. Entende-se por substâncias psicoativas as drogas que são capazes de alterar
o funcionamento cerebral, causando modificações no estado mental, no psiquismo e,
por isso mesmo, são denominadas drogas psicotrópicas ou substâncias psicoativas.
Alguns exemplos desse tipo de drogas são a maconha, cocaína, opioides, tabaco,
cafeína, benzodiazepínicos, LSD e anfetaminas, entre outras.

As pessoas normalmente iniciam o uso de drogas para fugir ou lidar com


situações e sentimentos. Assim, as pessoas consomem as drogas para não passar
por situações de estresse ou tristeza e isso acaba agravando ou trazendo alguns
problemas, como a ansiedade e a depressão. Vários estudos tratam da relação entre
drogas e doenças mentais.

As drogas psicotrópicas e substâncias psicoativas são drogas que se


conectam aos receptores do sistema nervoso central e alteram as funções
neurológicas, causando assim, mudanças nos aspectos cognitivos e
comportamentais; portanto, o dependente químico pode apresentar alterações de
humor, consciência, sistema sensitivo e sensorial, alterações no estado vigília entre
outros.

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Estes tipos de substâncias se dividem em três grupos; formados por drogas
depressoras do Sistema Nervoso Central, ou seja, agem na lentificação ou diminuem
as funções cerebrais, bem como acentuam o quadro de sonolência, desatenção e
desconcentração por parte dos indivíduos que estiverem sob os efeitos de
substâncias como o álcool, barbitúrico (soníferos), benzodiazepínico (tranquilizantes),
inalante e opiáceos (Costa & Valério, 2008). O segundo grupo é constituído por
drogas Estimulantes do SNC, descrito por Carlini-Cotrim e outros (2000) como
substâncias capazes de acelerar as atividades cerebrais em algumas áreas neurais;
cita-se o estado vigília em alerta; agitações motoras por parte do usuário e
nervosismo; nos casos de consumo exagerado é comum o surgimento de delírios e
alucinações como estado alterado da consciência.

Os estimulantes comuns são cocaína, anfetaminas, nicotina e a cafeína. O


último grupo concerne às drogas perturbadoras do SNC, aquelas relacionadas à
produção de quadros de alucinações ou ilusões, comumente relatadas como
alterações visuais. O indivíduo, ao consumir drogas desse grupo, tem suas funções
cerebrais alteradas, pois o cérebro passa a trabalhar em um nível incomum. Para
Guizzo (2010), isso pode ser um dos motivos de alucinações relatadas por indivíduos
sob o efeito da substância perturbadora.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os transtornos de ansiedade são fontes de grande sofrimento e limitações para


seus portadores. Seu tratamento envolve uma série de procedimentos que não se
restringe apenas ao consultório médico. Os estudos mostram que a associação do
tratamento medicamentoso com psicoterapia cognitivo-comportamental apresenta
melhores resultados do que cada um desses procedimentos isoladamente. Para além
do tratamento médico e psicoterapêutico, deve-se destacar a importância da
participação da família e dos amigos no tratamento dos transtornos de ansiedade.

Assim como os portadores, muitas vezes os familiares e os amigos ignoram a


natureza do transtorno e desconhecem que o apoio e o encorajamento deles são
fundamentais para ajudar o doente a aderir melhor ao tratamento, a diminuir seu
isolamento e, consequentemente, a melhorar a evolução da doença.

Em linhas gerais, a família pode ajudar com as seguintes atitudes: • informar-


se sobre o transtorno e seu tratamento;

• Mostrar interesse em aprender junto do doente, trocar ideias sobre esse


aprendizado;

• Ter paciência com as manifestações do quadro, não querer “apressar” a


melhora antes do tempo. É importante reconhecer os progressos parciais obtidos ao
longo do tratamento;

• Evitar comentários críticos e preconceituosos em relação ao comportamento


do portador;

• Ajudar a construir um ambiente familiar harmônico. Tolerância e acolhimento


ajudam o portador a aceitar sua doença e a fazer corretamente o tratamento.

Os portadores, familiares e amigos podem e devem participar de instituições


como a APORTA, a ASTOC e a ABRATA, que desenvolvem programas
psicoeducacionais e promovem a formação de grupos de autoajuda. Tais programas

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ajudam a proporcionar um melhor conhecimento da doença, a desenvolver
estratégias para lidar com ela, além de estimularem a troca de experiências e
melhorarem as chances de controlar esses transtornos e incrementar a qualidade de
vida de seus portadores.

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REFERÊNCIAS

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Artes Médicas.

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