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BEHAVIORISMO RADICAL

E A
PRÁTICA CLÍNICA
Profa. Ms. Déborah Lôbo
OBJETIVO DA AULA
Marçal, J.V. Behaviorismo Radical e Prática Clínica. Em: Análise
Comportamental Clínica. Capitulo 2.
Sampaio, A. & Andery, M. A. Seleção pelas consequências como
modelo de causalidade e a clínica analítico-comportamental. Em:
Clínica analítico-comportamental. Capítulo 7.

Revisar alguns fundamentos básicos do


Behaviorismo Radical e relacioná-los com a
prática clínica
MODIFICAÇÃO DO
COMPORTAMENTO
 Terapia comportamental – 1950
 Objetivo: modificação dos comportamentos
inadequados
 Técnicas eram empregadas em ambientes
artificialmente construídos (instituições psiquiátricas)
 Público: esquizofrênicos, pessoas com retardo mental,
autismo e psicoses em geral
MODIFICAÇÃO DO
COMPORTAMENTO

Alteração ambiental através de manipulação das


variáveis independentes com o objetivo de alterar a
variável dependente (resposta)

Não consideravam os eventos privados

As técnicas comportamentais eram aplicadas somente


em quem possuía comprometimento verbal
TERAPIA COGNITIVO-
COMPORTAMENTAL
Expansão das técnicas para o ambiente verbal – surgimento
da terapia cognitiva (1960 e 1970)

Inclui os eventos privados na compreensão e tratamento dos


comportamentos humanos

Não que os behavioristas não considerassem os eventos


privados importantes para o estudo do comportamento
humano, mas as técnicas usadas pelos modificadores do
comportamento não lidavam diretamente com eles
TERAPIA
COMPORTAMENTAL
Termo introduzido por Skinner e Lindsley (1954), mas
nas décadas de 60 e 70 haviam poucas propostas
clínicas embasadas no Behaviorismo Radical

Após o desenvolvimento de pesquisas sobre o


comportamento verbal e melhor compreensão da FAP, o
modelo behaviorista passou a ser mais utilizado como
base teórica nas estratégias clínicas
CONCEPÇÕES ERRÔNEAS DA
TERAPIA ANALÍTICO-
COMPORTAMENTAL
BEHAVIORISMO RADICAL
E A PRÁTICA CLÍNICA
B. F. Skinner

 Behaviorismo não é a Ciência do Comportamento, em si

 Estudo das questões filosóficas que sustentam essa


mesma ciência (o que e como estudar)
 Bases conceituais apresentadas em 1945 – congresso
sobre o operacionismo
BEHAVIORISMO RADICAL
E A PRÁTICA CLÍNICA
 Objeto de estudo: comportamento humano
 Usa o método científico para produzir
conhecimento
 Psicologia clínica – baseada nos princípios da
AEC e na filosofia do BR
VISÃO MONISTA E
MATERIALISTA
O homem possui apenas uma única natureza e é
material
 Não há distinção mente-corpo. Há um organismo que
se comporta e participa do mundo natural
Não nega a existência de sentimentos, sensações,
pensamentos, emoções (eventos privados)
Comportamento público x comportamento privado
- mesma natureza = seguem as mesmas leis de explicação do cpto
- o que muda é a forma do acesso
Como a visão monista e
materialista de homem se
relaciona com a prática
clínica?
MPLICAÇÕES CLÍNICAS
Visão monista e materialista
oComportamento é relação entre organismo e ambiente
oA explicação do comportamento está no mundo físico, seja ele
público ou privado
oO organismo é modificado pelas experiências e não as armazena
oTerapeuta – considera seu cliente como um organismo que interage
no seu ambiente em toda a sua existência
o Não explica o comportamento por meio de construtos hipotéticos
mediacionais e metafísicos
DETERMINAÇÃO DO
COMPORTAMENTO
 Determinismo – um evento ocorre em decorrência de
fenômenos anteriores e não ao acaso
 Explica o presente a partir do passado
 Mecanicista? Passividade?

Determinado x Pré-determinado
Independente do que
Relaciona um evento
ocorra, o evento acontecerá
presente ao passado
como programado
DETERMINAÇÃO DO
COMPORTAMENTO
 Behaviorismo Radical – Comportamento
multideterminado pelo ambiente em três níveis:
I. Filogenético
II. Ontogenético
III.Cultural

 Ser determinista não quer dizer que o homem não escolhe, mas
sim que suas escolhas, intenções e expectativas são explicadas a
partir das suas experiências passadas e não ao acaso
Como o pressuposto
determinista se relaciona
com a prática clínica?
IMPLICAÇÕES CLÍNICAS
Determinação do comportamento
• Etapas a partir da queixa do cliente:
I. Compreender os fenômenos comportamentais
relacionados à queixa (quais cptos, quando, onde...)
II.Todas as ações e ideias são pertinentes com a história
do cliente. Não há comportamento feio ou bonito.
III.Essa postura terapêutica contribui para o vínculo e
aumenta as possibilidades do cliente se autodescrever
de modo mais confiável.
IMPLICAÇÕES CLÍNICAS
Mesmo que o indivíduo não saiba porque se comporta
de tal maneira, seu comportamento é determinado

Tarefa fundamental da clínica: investigar os porquês do


comportamento do indivíduo (suas funções)

A partir dessa compreensão, traça-se direcionamentos


terapêuticos
INTERAÇÃO ORGANISMO-
AMBIENTE
“Os homens agem sobre o mundo, modificam-no e, por sua
vez, são modificados pelas consequências de sua ação”
(Skinner, 1978)

Comportamento = interação organismo e ambiente


Relações de contingências: dependência entre evento
cptamental e eventos ambientais
Comportamento – histórico, não pode ser isolado
As consequências produzidas pela resposta tornam-na
mais ou menos provável no futuro
Como a noção de
comportamento enquanto
interação se relaciona com a
prática clínica?
IMPLICAÇÕES CLÍNICAS
Interação organismo-ambiente
• Raciocínio interacionista
• Comportamento como histórico
- buscar em quais condições ocorreu e não onde ou
como estaria armazenado
• Identificar quais variáveis são responsáveis e o que
seria necessário fazer para modificá-los
IMPLICAÇÕES CLÍNICAS
•São as ações que modificam o mundo. Nossos
sentimentos não afetam o ambiente diretamente

•Modificação de contingências

•A investigação clínica é baseada na história do indivíduo


não sendo necessário buscar alguma entidade ou essência
dentro do organismo como geradora da ação
VISÃO
CONTEXTUALISTA
Comportamento só tem sentido em um contexto

Contexto: conjunto de condições onde o


comportamento ocorre, tanto historicamente quanto
situacionalmente

Análise molar x análise molecular


VISÃO
CONTEXTUALISTA
Descrição de relações funcionais, não lineares, entre
organismo e ambiente

Operante: SD – R  SC

 Função de estímulo: efeitos sobre a resposta, seja


posterior ou anterior a ela.

 Relações funcionais busca incluir todas as variáveis que


afetam o comportamento.
Como a visão contextualista
se relaciona com a prática
clínica?
IMPLICAÇÕES CLÍNICAS
 Visão contextualista
• O terapeuta não está interessado na resposta em si,
mas nas condições em que ela ocorre e nos efeitos
sobre a ação
• Autoconhecimento: saber como me comporto de tal
maneira
• Queixas iguais, mas com funções diferentes –
explicações distintas
• Transtorno mental: não basta identificar o cpto-alvo, é
preciso identificar as contingências que o mantém
VISÃO EXTERNALISTA
É o ambiente que determina o comportamento, seja ele
privado ou público
Ambiente = tudo aquilo que afeta o comportamento
analisado
“O mundo por debaixo da pele” não tem status causal e
nem dimensão metafísica
Skinner vai de encontro às posições tradicionais que
entendem o comportamento como originário dentro do
organismo, seja por algo físico ou não físico
IMPLICAÇÕES CLÍNICAS
 Visão externalista
•Para entender a queixa do cliente, a TAC não busca os
eventos internos e sim as contingências ambientais
determinantes de um processo histórico
•O TAC deve desenvolver a capacidade de identificar VI
dos comportamentos clinicamente relevantes e ajudar o
cliente a fazer o mesmo
•Antes de estabelecer qualquer técnica ou estratégia, o
TAC deve entender o que determina tal comportamento.
VISÃO SELECIONISTA
Consequências Seletivas - ocorrem após um
comportamento e modificam a probabilidade futura de
ocorrerem comportamentos equivalentes, isto é, da mesma
classe
Ontogênese – Os cptos são selecionados ou não pela suas
consequências
Cpto é produto dos efeitos de sua própria ação
Importante: A ação do ambiente depende da emissão de
respostas pelo organismo - variação e seleção
Como a visão selecionista
se relaciona com a
prática clínica?
IMPLICAÇÕES CLÍNICAS
 Selecionismo
• O porquê da ocorrência de um comportamento é o que
interessa
• Identificação de variáveis históricas (aquisição) e atuais
(mantenedoras)
• Atenção voltada para o processo de seleção
comportamental (contingências de reforçamento,
controle aversivo e etc)
• Interesse na função e não na topografia
IMPLICAÇÕES CLINICAS
• A variação é um elemento básico para haver seleção
o Variar pode ser muito difícil
• Um dos objetivos da pratica clínica é produzir
variabilidade comportamental, a fim de possibilitar
mudanças
IMPLICAÇÕES CLÍNICAS
Por que mudar é difícil?
Para mudar, é necessário querer mudar?
• Para o TAC, mais importante é avaliar as contingências que
levam a alguém querer ou não mudar
• Uma mesma resposta pode trazer consequências aversivas e
reforçadoras
Ex. Postura agressiva
• Custo da resposta ( tempo e esforço)
• Importância da avaliação motivacional
ALCANCE DA AC NA
CLÍNICA
Não há necessidade de interpretação baseada em
modelos não derivados de um estudo controlado
advindos da AEC
Auxílios as explicações e intervenções do TAC:
interferências em aspectos orgânicos (ex. medicamentos)
e técnicas clínicas de outras abordagens
 Boa formação clínica  embasamento filosófico e
teórico-conceitual e prática superviosionada

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