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ANÁLISE FUNCIONAL

É a identificação de relações relevantes, controláveis, causais e funcionais aplicáveis a


um conjunto específico de comportamentos-alvo para um cliente individual. Assim,
embora um problema clínico possa ser relatado por um indivíduo, um grupo ou uma
organização, em qualquer destes casos, o procedimento é o mesmo: decidir a qual
informação coletar, delinear o problema, decidir que ações proceder e avaliar as
mudanças. O principal instrumento conceitual adotado para a realização de análises
funcionais é o conceito de contingência.

Interpretar um comportamento significa compreender sua função, que pode variar de


um indivíduo a outro, entre situações e no tempo. De forma geral, as funções dizem
respeito à obtenção de estímulos apetitivos (ou prazerosos) ou á evitação de estímulos
aversivos. Pesquisas são conduzidas de forma a especificar, de modo genérico, as
funções de condutas que tendem a ocorrer dados determinados contextos. O
método para se buscar compreender um comportamento (a chamada análise
funcional), passa pelo estabelecimento de relações entre variáveis funcionais.
Algumas variáveis funcionais são causais, outras correlacionais; algumas são
controláveis ou modificáveis, outras não; algumas são importantes em magnitude,
enquanto outras são triviais. O papel do analista do comportamento é, justamente,
indicar as relações existentes entre tais variáveis e o comportamento em questão. Em
relação às análises funcionais, as mesmas possuem as seguintes características:

 São mais probabilísticas que deterministas;

 São transitórias e podem variar com o tempo (por exemplo, as variáveis


relacionadas ao início de um problema podem não ser aquelas relacionadas a
seu desenvolvimento posterior ou manutenção atual);

 São não-excludentes, ou seja, a relação entre duas variáveis não impede a


relação entre essas e outras variáveis;

 Variáveis funcionais podem ser de nível macro (como etnia ou classe social) ou
variáveis de nível micro (como frequência de criticismo social);

 Relações funcionais causais requerem que as variáveis causais sempre


precedam o evento causado; esta é uma condição necessária, mas não
suficiente para causalidade;

 Eventos privados podem entrar na análise funcional em diferentes vias: podem


ser o comportamento-alvo, podem ser antecedentes ou podem ser
consequências;

 Identificar as variáveis que atualmente causam um problema clínico pode ser


muito difícil, já que no ambiente natural há muitas outras variáveis que estão
correlacionadas com a causa verdadeira;

 Podem ter limites; uma importante limitação é que relações funcionais são
difíceis de serem comprovadas.

Segundo Sturmey (1996), algumas análises funcionais são feitas mais minuciosamente
na perspectiva da análise comportamental aplicada, em que o comportamento do
indivíduo deve ser adequadamente descrito em termos seguramente
operacionalizados. Além de especificar o comportamento-alvo, uma análise funcional
adequada deve:

 Especificar os comportamentos substitutos tomados durante a intervenção, ou


seja, os comportamentos adaptativos que podem ser efetivos em servir àquela
mesma função;

 Especificar em termos funcionais as consequências que mantêm o


comportamento problema (podem incluir tanto reforço positivo como
negativo);

 Especificar as contingências que têm falhado em manter a resposta


adaptativa (pode ser que a pessoa nunca tenha aprendido comportamento
apropriado; que o comportamento apropriado tenha uma frágil história de
aprendizagem; ou que atualmente haja pouco reforço ou haja punição para a
resposta adaptativa).

Assim, a aplicação clínica da análise funcional não visa descrever todas as relações
entre variáveis relevantes. Aquelas que apresentam magnitude insignificante e
aquelas que não podem ser modificadas são excluídas para simplificar o quadro e
para identificar aquelas variáveis que poderiam ser modificadas durante o
tratamento.

Identificar no relato: Regras (Sd verbais), Antecedentes, comportamento/queixa,


consequência intermitente (reforçador negativo/positivo), consequência intermitente
(punição/reforçador).

3ª ONDA COMPORTAMENTAL

São chamadas de Ondas por serem praticamente revoluções dentro da área da


psicoterapia em geral e sobretudo da psicoterapia comportamental. A terceira onda
são as chamadas terapias contextualistas, pondendo destacar o fato de que os
pacientes terão um tratamento mais completo — mesmo aqueles tidos como mais
complexos, de severo sofrimento psíquico. Isso implica que a terapia depende de
contextos. Entre elas destacam-se a ACT, a FAP e a DBT:

1) ACT: Terapia de Aceitação e Compromisso (proposta por Hayes - Teoria dos


Quadros Relacionais). Ela tem como objetivo criar flexibilidade psicológica, ou seja,
aceitar eventos privados que são desagradáveis para manter ações que são
importantes e valorizadas pelo indivíduo para que ele tenha uma vida mais
significativa. Por outro lado, é a comunidade verbal em que esse indivíduo está
inserido que ensina que o certo é estar bem e que a tristeza é um problema que deve
ser resolvido a qualquer custo. O foco de intervenção da ACT é a Aceitação desses
eventos que são ruins para o sujeito de modo que ele não resista a eles e os sinta, para
evitar um futuro sofrimento adicional. Também se foca na Escolha, que deve ser
baseada na experiência/história do indivíduo sem repetir erros. E também se foca na
Ação, que deve ser direcionada para o futuro e comportamentos abertos, que
podem ser mudados. Para intervenção, é corriqueiro que o terapeuta use metáforas e
técnicas (que não serão explanadas nessa postagem).

2) FAP: Psicoterapia Analítica Funcional (proposta por Kohlenberg e Tsai) que tem
como "base" consciência, coragem, amor e Behaviorismo.
O foco principal da FAP é a relação terapêutica, onde são valorizadas as
contingências da sessão, onde ocorre a modelagem de comportamentos em sessão
e o reforçamento natural de comportamentos assertivos apresentados pelo cliente. É
muito importante dizer que, os comportamentos que podem ser apresentados pelo
cliente são "divididos" em 3 categorias, digamos assim. São os CRBs/CCRs
(comportamentos clinicamente relevantes) 1, 2 e 3, onde
CRBs1: é geralmente a queixa apresentada pelo cliente, os comportamentos
desadaptativos e disfuncionais que ele apresenta;
CRBs2: é basicamente a melhora dos CRBs1. Comportamentos que se tornam mais
assertivos e produtivos comparados aos comportamentos descritos na queixa; e os
CRBs3: aqui é o comportamento de auto-análise feito pelo cliente. Onde ele aprende
a discriminar as variáveis das quais seus comportamentos são função, podendo assim,
agir mais assertivamente no ambiente em que está inserido.
O processo terapêutico técnico da FAP é permeado por 5 regras: 1) prestar atenção
nos CRBs do cliente; 2) Evocar CRBs do cliente; 3) Reforçar CRBs2; 4) Observar os
efeitos da intervenção; 5) modelar CRBs3 no cliente.

3) DBT (Terapia Comportamental Dialética, proposta por Marsha Linehan). Essa é uma
terapia desenvolvida para o tratamento do transtorno Borderline, que é considerado
como uma vulnerabilidade em relação ao ambiente invalidante (punitivo/estressor)
que o sujeito está inserido. O tratamento se dá através da orientação e compromisso
por parte dos envolvidos e muitas estratégias de tratamento podem ser paradoxos,
metáforas, a confrontação para conseguir a extinção de padrões rígidos de
comportamento, buscando a validação, a análise comportamental, a solução de
problemas. Há também a comunicação recíproca e irreverente entre psicoterapeuta
e cliente.

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