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PÚBLICO, PRIVADO, NATURAL

E FICTÍCIO
JOSÉ ALEXANDRE DE SOUZA XAVIER
Psicólogo | CRP-11/10385
Especialista em Terapia Analítico-Comportamental (UNIFOR)
Formação em Terapia de Aceitação e Compromisso - ACT (FMUSP)
Psicoterapeuta e docente do curso de Psicologia do UNINTA e da F5
RECAPITULANDO...

üO Behaviorismo Radical não faz distinção entre fenômenos


subjetivos e objetivos no sentido tradicional;
üEvita toda forma de dualismo e seus mistérios insolúveis;
üO Behaviorismo Radical também estabelece outras
distinções...
üEventos Naturais VS Eventos Fictícios.
MENTALISMO

üTermo adotado por B. F. Skinner para UM TIPO


DE DUALISMO;
üA separação de eventos mentais de ventos
comportamentais;
üExplicações circulares → não levam a nada.
MENTALISMO

ü“Fiz por impulso”, “eu só os queria” (não sai


do lugar);
üBehaviorismo busca explicações válidas: em
termos compreensíveis. (influência do
Pragmatismo).
EVENTOS PÚBLICOS E PRIVADOS

üEVENTOS PÚBLICOS: podem ser relatados


por mais de uma pessoa.
üUma tempestade?
üUm pássaro cantando, mas só eu o ouço
cantar?
EVENTOS PÚBLICOS E PRIVADOS

üEVENTOS PRIVADOS: somente quem os


experencia pode acessar.
üLinguagem coloquial: pensamentos,
sentimentos, e sensações.
üSomente quem o faz pode relatar a ocorrência.
EVENTOS PÚBLICOS E PRIVADOS

“A distinção é de pouca importância. A única


diferença entre eventos públicos e privados é o
número de pessoas que podem falar sobre eles.
Fora isso, eles são o mesmo tipo de evento,
tendo todas as mesmas propriedades”
(SKINNER, 1969).
EVENTOS PÚBLICOS E PRIVADOS

Tratar de eventos privados em


ciência NÃO DEVE
REINTRODUZIR O DUALISMO.
EVENTOS PÚBLICOS E PRIVADOS

Exemplo:
Dor de dente (privado): Cárie – Dor de dente

Um dentista pode tornar público o estímulo


“cárie”.
EVENTOS PÚBLICOS E PRIVADOS

üInstrumentos certos poderão publicizar eventos


privados.
üA privacidade não é privilégio insuperável.
üEventos Públicos e Privados são eventos
naturais.
EVENTOS NATURAIS
Ciências lidam com eventos naturais:
üObjetos em movimento, reações químicas,
estrelas...

AC também lida com eventos naturais.


üObjeto de estudo: comportamentos em organismos
vivos.
EVENTOS NATURAIS

üA ciência exige apenas que eventos


sejam naturais;
üDevem ser localizados no TEMPO e no
ESPAÇO.
EVENTOS NATURAIS

Necessário cautela ao especular sobre eventos privados.


üInferências sobre privados são pouco confiáveis.

üExplicações confiáveis relacionam privados aos públicos.


üEx.: Jovem rouba um carro.
EVENTOS NATURAIS
üEventos privados: O que o jovem pensava na
hora explica?

üEventos públicos: Relacionar a interações com


pais, colegas, economia...
NATURAL, MENTAL E FICTÍCIO

üNa linguagem coloquial “não ter mente” é ruim


(rejeição);

üA mente não faz parte da natureza (local no


tempo e espaço).
NATURAL, MENTAL E FICTÍCIO

Pensamentos, sensações e sonhos podem


ser observados por quem os faz...

“A mente e todas as suas partes e seus


processos são fictícios”
OBJEÇÕES AO MENTALISMO

Explicações mentalistas falham


por autonomia e redundância.
OBJEÇÕES AO MENTALISMO

AUTONOMIA:
üAtribuição do comportamento a outra coisa...
üTeoria do homúnculo;
üDesvia investigação pra tarefa impossível:
estudar entidade oculta.
TEORIA DO HOMÚNCULO

A teoria do pré-formacionismo, surgida nos séculos


XVII e XVIII, veio para se opor à epigênese. O pré-
formacionismo dizia que o espermatozoide já
possuía uma miniatura do organismo pré-formada,
denominada homúnculo, o qual estudiosos
afirmaram ser possível de ser visualizado em
microscópio.
HOMÚNCULO DE PENFIELD

O Homúnculo Sensório-Motor ou “Homúnculo de Penfield” é


uma representação psiconeuroanatômica das funções do
organismo humano: uma imagem corporal que o homem tem
dele mesmo.
Esse mapeamento do córtex cerebral foi produzido pelo Dr.
Wilder Penfield (1891-1976), neurocirurgião canadense quando
cuidava de pacientes com epilepsia. Esse trabalho possibilitou
reconhecer a correspondência de regiões corticais cerebrais
com áreas do corpo humano.
OBJEÇÕES AO MENTALISMO
REDUNDÂNCIA: ficções explicativas são antieconômicas.

ü“Eu fiz por impulso” falha por ser redundante;


üConceitos sem relação clara com o evento:
üe.g.: “Adolescente roubou carro por ter falha de caráter”.
üComo a falha de caráter levou a roubar carros?
üComo algo não natural pôde afetar algo natural?
üConexão misteriosa: ninguém jamais encontrou.
ERROS DE CATEGORIA
üSkinner propôs excluir termos como mente,
inteligência, razão e crença da Análise do
Comportamento;
üRorty chamou-os de “não lucrativos” (inúteis);
üRyle (1900-1976) também atacou o mentalismo;
üMAS: considera usar os termos de forma lógica.
üInteligência é comportamento inteligente.
ERROS DE CATEGORIA

“Ryle não considerava o uso do termo personalidade


um problema, desde que o termo fosse tratado como
um conceito e não uma entidade. Ou seja,
personalidade seria um conceito teórico que nomearia
comportamentos, que na nossa comunidade verbal
seriam os supostos efeitos causados pela entidade
personalidade” (VALE, 2007).

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