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PSICOLOGIA

FENOMENOLÓGICA
Profa. Dra. Débora Lázaro
AULA 2: INTENCIONALIDADE E
SUSPENSÃO FENOMENOLÓGICA
ANTES DE TUDO (O MAIS IMPORTANTE)
Não queiram ENTENDER rapidamente todas as noções introdutórias que compõem o universo
da Fenomenologia. Leiam, releiam, deixem os conceitos ecoarem em vocês. Demorem para
perguntar! A palavra mais importante na fenomenologia é COMPREENSÃO. E compreender é
um modo de acessar o que nos rodeia de MODO AMPLO. Compreender não é sinônimo de
entender. Quanto mais buscamos, meramente, entender o que estudamos, mais nos afastamos da
Fenomenologia.
ATITUDE NATURAL

SUJEITO OBJETO

• Modo de conhecer das Ciências Naturais – Primazia do Sujeito Racional


• Modo dicotômico, à medida que aposta na separação entre quem conhece (sujeito) e o conhecido (objeto)
• Visa EXPLICAR aquilo que intenta conhecer
• Atribui CAUSALIDADE aos fenômenos que investiga
• Anseia PREVISÃO e CONTROLE dos fenômenos que aborda.
ATITUDE FENOMENOLÓGICA
HUSSERLIANA

ATOS DE CAMPOS
CONSCIÊNCIA INTENCIONALIDADE(S) CORRELATOS
ATITUDE FENOMENOLÓGICA
HUSSERLIANA
• Não OBJETIVANTE
• Não DICOTÔMICA
• Não NATURALIZAM O SUJEITO
• Visa COMUNICAR, DESCREVER, NÃO EXPLICAR.
• O sujeito não é exterior ao que observa, mas é parte inseparável do ato de observar
• Todo ATO de conhecer é sempre INTENCIONAL
• TODA CONSCIÊNCIA É CONSCIÊNCIA DE...
• Para Husserl, separar suj/obj implica na perda parcial ou total do que se ambiciona conhecer.
• Nesse sentido propõe a chamada SUSPENSÃO FENOMENOLÓGICA (EPOCHÉ)
SUSPENSÃO FENOMENOLÓGICA
(• EPOCHÉ ) o curso “natural” de nossos pensamentos, de nossas ações mais cotidianas, daquilo que
SIGNIFICA: Interromper
frequentemente para nós é evidente na tentativa de alcançar a coisa nela mesma, através de nós. Buscar o
OLHAR INAUGURAL! Para um fenomenólogo, nada é NATURAL!
• IMPLICA: Suspender todo prévio conhecimento (teorias), toda prévia definição, todo julgamento, todo juízo a
respeito daquilo que, intencionalmente, observamos.
• CORRESPONDE: Ao famoso, Retorno às Coisas Mesmas. Expressão que melhor explicita a Fenomenologia.
• NECESSITA: Um olhar anterior à Psicologia, aos Psicologismos. O que Husserl tentou compreender tem a ver
com o modo como CONHECEMOS/PERCEBEMOS. E isso é muito anterior à Psicologia como ciência.
EGO COGITO (DESCARTES)
X
EGO TRANSCENDENTAL (HUSSERL)

• EGO COGITO
• É o que existe porque pensa!
• É o que domina as ciências naturais
• É o que duvida de tudo, menos de si mesmo.
• É o que não se percebe como parte inseparável da realidade que observa
• É o que acredita poder observar de forma NEUTRA...
• Acredita que acessa as coisas porque PENSA não porque a tem presente para ele.
EGO COGITO (DESCARTES)
X
EGO TRANSCENDENTAL (HUSSERL)

• EGO TRANSCENDENTAL
• Duvida de si mesmo ao observar. (Ex. do vidro e do gelo no livro do Sokolowski)
• Nesse sentido, submete-se à Epoché (visa suspender suas supostas verdades pré-concebidas)
• Devolve à realidade sua parte na constituição do conhecimento.
• “o que eu penso/imagino/intuo/sinto/percebo à respeito da árvore, não queima. Mas a árvore, ela mesma, queima.”
• É constitutivo, ou seja, inseparável da relação de conhecimento, nunca apriorístico.
CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES SOBRE INTENÇÃO E
CONSCIÊNCIA
• A consciência na Ciência Tradicional (Descartés, Hobbes, Locke) tem a ver com o acesso ao que está “dentro” de
nós e não para o “fora”.
• A noção de “inconsciente” freudiana é o exemplo máximo do que Husserl tentou demonstrar.
• “A negação da intencionalidade tem como sua correlata a negação da orientação para a verdade” Sokolowski pg.
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• A “mente” é uma coisa pública, não privada, dentro dos seus próprios limites
• Nesse sentido, a Fenomenologia é libertadora!
• Separar e diferenciar (DESCREVENDO) as várias intencionalidades é o que faz um fenomenólogo!
CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES SOBRE INTENÇÃO E
CONSCIÊNCIA
• Filósofos não usam as palavras de modo tradicional. Vão à GÊNESE das palavras!
• Intenção, filosoficamente falando, nada tem a ver com pretensão, com motivo, com desejo, com propósito como
costumamos considerar cotidianamente.
• A intenção em Husserl aplica-se à Teoria do Conhecimento, não ao “psiquismo” humano.
• Intenção, para Husserl, tem a ver com ATO, AÇÃO, DIREÇÃO, MOVIMENTO!
• Consciência é um estado que nos distingue dos objetos que nos rodeiam. Objetos não tem ato de consciência!
• Consciência é um estado, não um lugar que acessamos!
• A Fenomenologia destaca o caráter não-estático da consciência
• Consciência e sua intencionalidade é o modo como nos relacionamos com o mundo. Nesse sentido, somos pura
consciência intencional!
A IMPORTÂNCIA DE HUSSERL PARA A PSICOLOGIA
• Para Husserl, a “verdade” de um fenômeno se dá como VIVÊNCIA, se dá na RELAÇÃO e não apenas
racionalmente, como tentam postular as Ciências Naturais.
• Aponta para o fato de que, apesar da relevância do modo NATURAL de CONHECER que fundamenta o
POSITIVISMO, ele não abarca todas as dimensões de um fenômeno, principalmente, os fenômenos psíquicos.
• A Verdade não significa CORREÇÃO CIENTÍFICA, VERIFICÁVEL. Ou seja, algo pode ser CORRETO e não
necessariamente VERDADEIRO.
• A verdade de um fenômeno é VIVENCIAL. E isso é muito significativo para a psicologia como uma ciência que
investiga as vivências.
- Texto referência: O que é intencionalidade e por que é importante? In: Introdução à
Fenomenologia. Robert Sokolowski. São Paulo: Edições Loyola, 2014. Pgs. 17-24.

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