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com relação aos quais as sentenças formalizadas da lógica


podem ser ditas verdadeiras ou falsas.
Lembre-se que uma estrutura é um conjunto especial que
contém um domínio e inclui outros conjuntos construídos
com elementos desse domínio. As estruturas que usaremos
para prover referências às sentenças de  serão chamadas de
estruturas semânticas. Chamaremos de universo do discurso o
domínio de uma estrutura semântica. Dada uma estrutura
semântica A, seu universo do discurso será simbolizado por
|A|; um predicado de A será um subconjunto de |A|n (para
qualquer n) e uma função de A será uma função de |A|n em |A|
(para qualquer n>0). Chamamos atenção para duas
características das estruturas semânticas. Em primeiro lugar,
todas as funções de A são funções totais definidas em |A|.
Em segundo lugar, o universo de A poderá ser finito ou
infinito, mas não poderá ser vazio. Estas duas características
garantem que não haverá termos sem referência. De fato, se
o termo for uma constante, ele será associado a um elemento
de |A|, se o termo for funcional, ele designará uma imagem
de uma função de |A|.
Uma vez que tenhamos uma estrutura A qualquer,
poderemos tomar cada parâmetro de  e atribuir-lhe como
referência um elemento de A. Isso será feito através de uma
função I chamada interpretação. Se chamarmos de Π o
conjunto dos π, onde π é um símbolo paramétrico,
poderemos definir:

I: Π→A, tal que:

∈ |A|, se π é uma constante


é um predicado n-ário de A, se π é um predicado
I(π) n-ário
é uma função n-ária de A, se π é uma função
n-ária
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Definimos a interpretação de termos constantes indutiva-


mente:

I. Se o termo constante é uma constante, a interpretação


é a que foi definida acima;
II. Se o termo contante é um termo funcional, digamos
fnt1t2...tn, temos que I(fnt1t2...tn) é o elemento de |A|
que resulta da aplicação de I(fn) sobre (I(t1), I(t2), ...,
I(tn)).

Com isso, temos tudo o que precisamos para determinar


se uma sentença de  é verdadeira ou falsa. Fazemos isso
sem precisar definir uma função de interpretação de  em
A. Isso é possível porque, quando interpretamos uma
sentença em A, determinamos de quais elementos de A a
sentença está falando e, quando examinamos esses
elementos, podemos descobrir rapidamente as relações
existentes entre os mesmos. Por exemplo, se constatamos
que A inclui o elemento b e o elemento {a, b, c}, podemos
rapidamente inferir que o primeiro elemento se relaciona
com o segundo por meio de uma relação de pertinência.
Este tipo de relação é o que podemos chamar de um fato de
A. Note que um fato de A, não é um elemento de A, fatos
de A são relações entre elementos de A. Toda sentença
afirmativa interpretada em A afirma a existência de um fato
de A; quando esse fato é verificado, a sentença é verdadeira,
caso contrário, ela é falsa. Toda sentença negativa
interpretada em A nega a existência de um fato de A;
quando esse fato é verificado, a sentença é falsa, caso
contrário, ela é verdadeira.

Para tornar mais claro o modo como funcionam as


interpretações, tomemos, a fim de exemplo, a estrutura
abaixo, cujo universo é o conjunto dos meus filósofos
preferidos (não leve a palavra “preferido” muito a sério
aqui). Os pontos assinalam os elementos de A:
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|A| •europeu
•Sócrates Sócrates Sócrates
•Platão • grego Platão Platão
•Aristóteles Aristóteles Aristóteles
Hume
Locke
•Hume Hume Russell
•Locke •britânico Locke Leibniz
•Russell Russell Kant

•x refutou y
•Leibniz Leibniz (Kant, Leibniz)
•Kant •alemão Kant (Russell, Frege)
•Frege Frege (Quine, Frege)

• x preferia y a z
•Dewey Dewey (Quine, Russell, Frege)
•Quine •americano Quine
•Davidson Davidson •chinês

Uma vez apresentada a estrutura A, podemos definir a


interpretação I, tal que I: Π→A. Abaixo vêem-se algumas
atribuições feitas por I:

I(a1) = • Sócrates I(d2) = • Quine


I(a2) = • Platão I(d3) = • Davidson
I(a3) = • Aristóteles I(A) = • grego
I(b1) = • Hume I(B) = • britânico
I(b2) = • Locke I(C) = • alemão
I(b3) = • Russell I(D) = • americano
I(c1) = • Leibniz I(E) = • europeu
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I(c2) = • Kant I(F) = • chinês


I(c3) = • Frege I(R) = • x refutou y
I(d1) = • Dewey I(P) = • x preferia y a z

Como alguns elementos de A também são conjuntos,


poderíamos representá-los igualmente de forma extensional,
p.ex.: I(A) = {• Sócrates, • Platão, • Aristóteles}.
Com respeito a I, algumas sentenças de  são verdadeiras
e algumas são falsas. São exemplos de sentenças verdadeiras:

Cc3∧Bb3, ¬∃xFx, ∀x(Cx→Ex), ∃x¬Ax∧∃xDx e ∃x∀y¬Ryx

e de sentenças falsas:

Ca1,∀x∃y∃zPxyz, ∀xAx, ∃x(Dx∧Ex) e ∀x(Bx∨Dx→Ex)

Alguns aspectos de nosso exemplo merecem destaque,


pois se trata de espectos gerais que podem ser verificados
em qualquer caso em que se estabeleça uma interpretação:

i) De acordo com I, “∀x” passa a significar algo


equivalente a “para todo x pertencente a |A|” e “∃x”
passa a expressar algo como “para algum x pertencente a
|A|”.

ii) I foi usada para atribuir referências a vinte símbolos


paramétricos, mas, na realidade, ela associa elementos de
A a todo o conjunto dos símbolos paramétricos.

iii) Pelo fato de I ser uma função, um nome não pode ser
associado a dois indivíduos, por exemplo, “a” não pode
referir ao mesmo tempo •Aristóteles e •Platão, em
outras palavras, a interpretação dos nomes não permite a
existência de homônimos. Por outro lado, dois nomes
diferentes poderiam designar o mesmo indivíduo, p. ex.,
“a” e “b” poderiam ambos designar •Aristóteles (assim
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como “Pelé” e “Edson Arantes do Nascimento” desig-


nam a mesma pessoa).

iv) Na nossa estrutura, todos os indivíduos foram


“batizados”, mas isso não é necessário: pode haver
domínios onde alguns indivíduos ficam sem nome.
Quando dizemos que todos foram “batizados”,
queremos dizer que I associa uma constante a cada
elemento do universo; se não houver interpretações que
façam tais associações, os elementos do universo ficam
sem nome algum. Não se deve pensar, por exemplo, que
•Hume é um nome, o ponto indica que se trata de um
objeto lógico e não de uma representação simbólica.

v) A interpretação de um predicado é um conjunto que


também é elemento da estrutura. Vale lembrar que o
conjunto vazio também pode ser associado a um
predicado, como foi feito com o predicado “chinês” em
nosso exemplo.

vi) O que não é um fato de A não deve ser presumido e o


que é um fato de A não deve ser contestado. O leitor
conhecedor da história da filosofia poderia querer alegar
que, segundo I, também é verdade que Rb1b2. Acontece
que o que essa sentença expressa segundo I, apesar de
ser um fato histórico, não é um fato de A; portanto, a
sentença será falsa segundo I. Se •Sócrates aparecesse na
estrutura como um elemento do conjunto dos
americanos e não no conjunto dos gregos, seria verdade
segundo I que Da1 e seria falso que Aa1. Lembre-se que,
para fins da interpretação, a estrutura será o nosso único
mundo, por isso, contra os fatos da estrutura não se
pode opor nenhum outro fato; o que não é um fato da
estrutura não é fato nenhum.

vii) A interpretação que oferecemos é contingente: não é


uma verdade lógica que Cc3, Frege poderia ter nascido
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em outro lugar. Impomos à estrutura contingente da


realidade na nossa interpretação por motivos de clareza,
mas não há nada de “lógico” ou necessário nisso – esta é
apenas uma interpretação particular dentre outras
igualmente possíveis e boas.

Esclarecidos os principais pontos relacionados às estrutu-


ras semânticas e às interpretações, precisamos agora elaborar
de uma forma mais rigorosa o conceito de verdade e outros
afins.

2.2 Verdade, fórmula válida e conseqüência lógica

Talvez já tenha ficado patente o ponto aonde queremos


chegar. Estamos criando um conjunto de conceitos com o
auxílio dos quais podemos definir um sentido bem
específico de “verdade” – o que poderíamos chamar de
“verdade segundo uma interpretação”. De fato, de um modo
informal, até já vimos como é possível determinar o valor de
verdade de uma sentença com base em uma interpretação.
Mas esse entendimento informal não é suficiente para
enfrentarmos os problemas semânticos subseqüentes. Quan-
do, por exemplo, quisermos (e creia que vamos querer isso
muitas vezes) determinar se todas as interpretações que
tornam verdadeira uma sentença α, tornam igualmente
verdadeira uma sentença β, conseguiremos eficiência e
precisão muito maiores se usarmos uma definição formal de
verdade. Vamos pois a ela.

Dadas as sentenças α, β e ϕ, e uma interpretação


I:Π→A, diremos que ϕ é verdadeira segundo I, em símbolos
Iϕ, nos seguintes casos:

(i) Se ϕ=(t1≈t2):
Iϕ sss I(t1)=I(t2)
237

(ii) Se ϕ=Ρkt1t2t3...tn, onde Ρk é predicado n-ário:


Iϕ sss (I(t1), I(t2), I(t3), … I(tn)) ∈ I(Ρk)

(iii) Se ϕ=¬α:
Iϕ sss Iα

(iv) Se ϕ=α∨β:
Iϕ sss Iα ou Iβ

(v) Se ϕ=α∧β:
Iϕ sss Iα e Iβ

(vi) Se ϕ=α→β:
Iϕ sss Iα ou Iβ

(vii) Se ϕ=α↔β:
Iϕ sss (Iα e Iβ) ou (Iα e Iβ)

Para estabelecer os critérios de verdade das


generalizações, vamos introduzir o conjunto das interpreta-
ções divergentes de I em t, em símbolos DI[t], definido como
o conjunto das interpretações D, tal que D(π)≠I(π) sss π=t.

(viii) Se ϕ=∀xα
Iϕ sss Iα[µ/t] e Dα[µ/t], para qualquer D
pertencente a DI[t]

(ix) Se ϕ=∃xα
Iϕ sss Iα[µ/t] ou Dα[µ/t], para algum D
pertencente a DI[t]

Na LP, definimos o conceito de tautologia. Uma


tautologia é uma fórmula verdadeira para qualquer atribuição
de verdade. Existe um conceito análogo para a LPPO – o
conceito de fórmula válida. Uma fórmula válida é uma sentença
verdadeira segundo qualquer interpretação. Dito formal-
mente:
238

Uma sentença ϕ de  é uma fórmula válida (em


símbolos, ϕ) se e somente se Iϕ, para qualquer
interpretação I.

Os teoremas lógicos da LPPO serão fórmulas válidas,


pelas mesmas razões que os teoremas lógicos da LP são
tautologias (cf. p.122). Também nos interessa definir satisfa-
zibilidade para a LPPO. Dado um conjunto de sentenças Γ,
se todas as sentenças de Γ são verdadeiras segundo I, diz-se
que I satisfaz Γ ou que I é modelo de Γ, em símbolos IΓ.
Um conjunto de sentenças que tem pelo menos uma
interpretação que o satisfaça, ou seja, que tem pelo menos
um modelo, é dito satisfazível, caso contrário ele é insatisfazível.
Se todo subconjunto finito de um conjunto de sentenças é
satisfazível, esse conjunto é finitamente satisfazível. Assim
ficamos em condições de introduzir o último conceito desta
seção, o de conseqüência lógica, análogo ao conceito de
conseqüência tautológica da LP.
Dado um conjuto de sentenças Γ e uma sentença
qualquer ϕ, diz-se que ϕ é conseqüência lógica de Γ, em
símbolos Γ  ϕ, se e somente se todo modelo de Γ é
também modelo de ϕ. Assim, de modo equivalente, teremos:
Γ  ϕ sss não existe I, tal que I Γ e I ϕ. Se Γ  ϕ,
também podemos dizer que Γ implica semanticamente ϕ ou que
Γ implica logicamente ϕ.
Dados dois conjuntos de sentenças Γ e Σ, dizemos que Γ
e Σ são logicamente equivalentes (ou simplesmente equivalentes) se
e somente se Γ  Σ e Σ  Γ. No caso de Γ e Σ serem
unitários, por exemplo, Γ={α} e Σ={β}, dizemos simples-
mente que as sentenças α e β são equivalentes, ou seja,
αβ. Duas fórmulas abertas α e β também serão ditas
equivalentes se e somente se o fecho normal de α é
equivalente ao fecho normal de β (em símbolos, Fα  Fβ).
239

O fecho normal de uma fórmula ϕ (em símbolos, Fϕ) é uma


sentença que resulta da colocação de um prefixo de
quantificadores universais ∀µ1∀µ2...∀µn à frente de ϕ, sendo
µ1, µ2, ..., µn a seqüência das variáveis livres de ϕ na ordem
em que ocorrem e n≥0. Por exemplo, se ϕ=Pxy→∃xQxz,
então Fϕ =∀x∀y∀z(Pxy→∃xQxz) (Note que se ϕ é
sentença, ϕ = Fϕ).

2.3 Tablôs semânticos para a LPPO


No cálculo proposicional usamos, entre outros métodos,
tabelas de verdade para decidir se uma fórmula é uma
tautologia ou não. Algumas fórmulas da LPPO podem ser
consideradas tautologias também, por exemplo:

∃xFx∨¬∃xFx

Esta fórmula tem a forma ϕ∨¬ϕ, uma forma de


tautologia muito conhecida. Mesmo se não a
reconhecêssemos, seria muito fácil atestar seu caráter
tautológico através de uma tabela de verdade. Não obstante,
há casos em que, para mostrar que certas fórmulas são
válidas, tabelas de verdade são inúteis. Esse é o caso da
fórmula:

∀xFx→∃xFx

É claro que se todos os x são F, existe um x tal que ele é


F. Mas como constuir uma tabela de verdade para tal
fórmula? Considere a tabela seguinte:

∀xFx ∃xFx ∀xFx→∃xFx


V V V
240

V F F
F V V
F F V

Segundo essa tabela de verdade, ∀xFx→∃xFx não é uma


tautologia, afinal na segunda linha obtivemos F. Conclusão:
tabelas de verdade só servem para a LP, mas não para a
LPPO. De fato, não existe um método mecânico para
decidir a validade de qualquer fórmula da LPPO – no jargão
dos lógicos: a LPPO não é decidível.
Mas existe um bom meio para constatar a validade de
muitas fórmulas: o já conhecido método dos tablôs
semânticos. O procedimento de tablôs semânticos para a
LPPO requer apenas, além das regras já conhecidas, o
acréscimo de quatro regras que nos orientam no
desmembramento de quantificações universais verdadeiras e
falsas e de quantificações particulares verdadeiras e falsas. As
regras são:

V ∀µϕ F ∀µϕ_ V ∃µϕ F ∃µϕ


V ϕ[µ/t] F ϕ[µ/t] V ϕ[µ/t] F ϕ[µ/t]
qualquer t qualquer t

t sem ocorrência
anterior no ramo

Tomemos como exemplo ∀xFx→Fa. Como sempre,


iniciamos afirmando a falsidade da fórmula. Depois
desmembramos o condicional na linha 2 e 3, e marcamos •
na linha 1. A fórmula de 2 pode ser desmembrada usando a
primeira regra acima: substituindo o quantificador universal
por uma instância particular (substituindo o x por uma
constante individual) em 4. Encontramos assim uma
contradição nas linhas 3 e 4 do único ramo deste tablô.
241

Logo, esta fórmula é logicamente válida, embora não seja


uma tautologia.

1. F ∀xFx→Fa •
2. V ∀xFx •
3. F Fa
4. V Fa
 (3,4)

Este tablô exemplifica somente a primeira regra.


Tomemos um exemplo um pouco mais complexo para
exemplificar a segunda e a quarta regra: ¬∀xFx→∃x¬Fx.
Primeiro o tablô, depois as explicações:

1. F ¬∀xFx→∃x¬Fx • (2,3)
2. V ¬∀xFx • (4)
3. F ∃x¬Fx • (6)
4. F ∀xFx • (5)
5. F Fa
6. F ¬Fa • (7)
7. V Fa
 (5,7)

Na linha 1, afirmamos a falsidade da fórmula como de


hábito. O condicional é desmembrado nas linhas 2 e 3
seguindo as regras conhecidas (repare que para facilitar a
compreensão incluímos depois do sinal • um parênteses
indicando em quais linhas o desmembramento foi efetuado).
A linha 2 é uma negação, e pode ser desmembrada na linha
4, segundo a regra da negação já conhecida. Até aqui nada de
novo. Mas, nessa linha 4, temos a falsidade de uma
quantificação universal: para desmembrá-la precisamos usar
a segunda regra dos quantificadores. Isso é feito na linha 5:
substituímos na fórmula Fx a variável pela constante
242

individual a. Isso só é possível porque essa constante a não


havia ocorrido ainda em nenhuma fórmula anterior. Se
alguma fórmula já tivesse essa constante, teríamos de usar
uma outra constante (b ou c ou qualquer outra.). Note: Essa
restrição só vale para a quantificação universal considerada
falsa, não para a verdadeira. O motivo é fácil de explicar: se
∀xFx é verdadeiro, então posso dizer que qualquer
constante individual é F. Mas se não é verdade que ∀xFx,
não é garantido que o indivíduo a seja F. Nesse caso, só é
certo que pelo menos um indivíduo não é F, ou seja, é falso
que esse indivíduo é F – não há nada de mal em dar um
nome para o indivíduo desde que esse nome já não tenha
dono. Voltando ao tablô. A fórmula da linha 3 ainda não foi
desmembrada – usando a regra para o quantificador
existencial falso (quarta regra), desmembramos essa fórmula
na linha 6. Para isso, introduzimos uma constante qualquer –
repare que não há restrição nenhuma. É conveniente,
portanto, usar a constante já usada a. Também poderíamos
usar b ou c, mas isso não serviria para nada, e a nossa
intenção primeira é justamente procurar uma contradição. A
passagem de 6 para 7 segue a regra já conhecida para a
negação e obtemos, assim, a contradição entre as linhas 5 e
7.
Essa nossa última fórmula é um condicional: é
logicamente válido que ¬∀xFx implica ∃x¬Fx. Isso significa
que se a primeira fórmula é verdadeira segundo uma
interpretação, a segunda necessariamente também o será. No
tablô, isso fica evidente no desmembramento do
condicional: assume-se que a primeira fórmula é verdadeira e
a segunda falsa, daí então se deriva uma contradição. Usando
esse raciocínio podemos generalizar o método de tablô para
definir a noção de conseqüência lógica. Note que Γψ sss 
(ϕ1∧ϕ2,∧ ...∧ ϕn)→ψ. Logo, fazendo um tablô que
demonstre a validade desta última fórmula, estará
demonstado que Γψ.
243

Exercícios (Ex8):
1) Mostre que:

a) Se Γα, então não é verdade que α


b) Se Γα, então Γ é satisfazível
c) Se Γα e Γ;αβ, então Γβ
d) Γ é insatisfazível se e somente se Γα e Γ¬α
e) Se Γ;α é insatisfazível, então Γ¬α
f) Se Γ,αβ, então Γα→β
g) Γ,αβ se e somente se Γ,¬β¬α
h) α↔β se e somente se αβ
i) αβ se e somente se ¬α¬β
j) Se αβ e γθ, então α∧γβ∧θ
k) Se αβ e γθ, então α∨γβ∨θ
l) Se αβ e γθ então α→γβ→θ e γ→αθ→β
m) Se αβ e γθ, então α↔γβ↔θ
n) Dado que Γ0⊂Γ, se Γ0α, então Γα
o) Dado que Γ∪Γ’=0, se Γα, então Γ’α
p) Dado que Γα, então Γ;α é satisfazível se e somente se
Γ é satisfazível
q) se  α e  β, então α e β são logicamente equivalentes
r) se  α, então para todo Γ, Γ  α
s) se α é contradição, então para todo β, α  β
t) ∃µα  ¬∀µ¬α

2) Dado que θ’ é um termo igual a θ, a não ser por


apresentar t2 em um ou mais lugares em que ϕ apresenta t1,
mostre que, para qualquer interpretação I, se I t1≈t2, então
I θ1≈θ2.

3. Usando tablôs semânticos, prove os teoremas do Ex7, 4.

3. Metateoremas
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Nesta seção, apresentaremos alguns metateoremas da


LPPO. Para alguns deles daremos demonstrações, para
outros, os que já possuem uma versão para a LP, daremos
explicações de como adaptar e/ou complementar suas
demonstrações para a LP, tornando-as assim demonstrações
para a LPPO.

3.1. A indutividade de :

A demonstração de que  é indutivo segue o modelo da


demonstração 3.1., com as seguintes diferenças:

a) A será o conjunto das fórmulas atômicas de ;


b) Acrescenta-se dois grupos de funções ao nosso con-
junto de funções construtoras do conjunto indutivo C:
i) o grupo de funções Uµ, tal que Uµ(α)=∀µα, onde µ
é uma variável qualquer, e
ii) o grupo de funções Eµ, tal que Eµ(α)=∃µα, onde µ
é uma variável qualquer;
c) Utilizamos a gramática de  para mostrar que C ⊂ ;
d) Nosso algoritmo que mostrará que  ⊂ C escreverá
Uµ e Eµ respectivamente ao lado de cada generalização
universal e de cada generalização existencial que aparece
em um nó de uma árvore genealógica de uma fórmula de
.

3.2. Propriedades da dedutibilidade:

Todas as propriedades da dedutibilidade (monotonicida-


de, reflexividade e transitividade), bem como o corolário
destas, valem para a LPPO A demonstração disso segue a
demonstração 3.3 do capítulo anterior, com a diferença de
que agora utilizaremos provas da LPPO em vez de provas da
LP.
245

3.3. Teorema da substituição (TS): se γ é uma subfórmula


de α, β é igual a α a não ser por apresentar δ em um ou mais
lugares onde α apresenta γ e  Fγ↔ Fδ, então  Fα↔ Fβ.

Provaremos TS para s (conjunto das sentenças) por


indução sobre α e β. Os casos para sentenças atômicas,
negações, conjunções, disjunções, condicionais e bicondicio-
nais são idênticos àqueles apresentados na demonstração da
versão do TS para a LP. Demonstraremos agora o teorema
para as generalizações. Consideraremos que o grau da
geração de uma sentença ϕ[µ/t] é menor que o da geração
das sentenças ∀µϕ e ∃µϕ. Vem:

i) α=∀µψ1 e β=∀µψ2
F
ψ1↔ Fψ2 (hip. indutiva)
∀µψ1↔∀µψ2
∴α↔β

ii) α=∃µψ1 e β=∃µψ2


F
¬ψ1↔ F¬ψ2 (hip. indutiva)
∀µ¬ψ1↔∀µ¬ψ2
¬∀µ¬ψ1↔¬∀µ¬ψ2 Teo51
∃µψ1↔∃µψ2 Teo66 e DN
∴α↔β

3.4. Permuta de variáveis (PV): dadas duas fórmulas


quantificadas α e β e uma fórmula ψ onde ocorre a
constante t, se α = ∀µψ[t/µ]* e β = ∀νψ[t/ν]*, ou se α =
∃µψ[t/µ]* e β = ∃νψ[t/ν]*, então  Fα↔ Fβ. Vem:

Caso 1:
(⇒):
246

F
∀µψ[t/µ]*
∀µψ[t/µ]*[µ1/t1]...[µn/tn] (por n aplicações de E-∀)
ψ[µ1/t1]...[µn/tn] E-∀
∀νψ[t/ν]*[µ1/t1]...[µn/tn] I-∀
F
∀νψ[t/ν]* (por n aplicações de I-∀)
(⇐):
F
∀νψ[t/ν]*
∀νψ[t/ν]*[ν1/t1]...[νn/tn] (por n aplicações de E-∀)
ψ[ν1/t1]...[νn/tn] E-∀
∀µψ[t/µ]*[ν1/t1]...[νn/tn] I-∀
F
∀µψ[t/µ]* (por n aplicações de I-∀)
∴ Fα↔ Fβ

Caso 2:
(⇒):
F
∃µψ[t/µ]*
∃µψ[t/µ]*[µ1/t1]...[µn/tn] (por n aplicações de E-∀)
ψ[µ1/t1]...[µn/tn] P
∃νψ[t/ν]*[µ1/t1]...[µn/tn] I-∃
∃νψ[t/ν]*[µ1/t1]...[µn/tn] E-∃
F
∃νψ[t/ν]* (por n aplicações de I-∀)
(⇐):
F
∃νψ[t/ν]*
∃νψ[t/ν]*[ν1/t1]...[νn/tn] (por n aplicações de E-∀)
ψ[ν1/t1]...[νn/tn] P
∃µψ[t/µ]*[ν1/t1]...[νn/tn] I-∃
∃µψ[t/µ]*[ν1/t1]...[νn/tn] E-∃
F
∃µψ[t/µ]* (por n aplicações de I-∀)
∴ Fα↔ Fβ

Assim, p.ex. a fórmula ∀x(Fx∨Gx∨∃y(Gy→Hy)) é equi-


valente à fórmula ∀y(Fy∨Gy∨∃x(Gx → Hx)).
247

3.5. Forma normal prenex: dada uma sentença ϕ qualquer,


podemos encontrar uma fórmula prenex ϕ’ tal que  ϕ↔ϕ’.

Def.: Uma sentença ϕ é uma fórmula prenex se e somente se ϕ


= Θ1µ1Θ2µ2...Θnµnψ, onde ψ não apresenta ocorrência de
quantificador, Θi=∀ ou Θi=∃, µi é uma variável e n≥0 (se
n=0, ϕ=ψ).

Acharemos a fórmula prenex ϕ’ em três passos:

Passo 1: Tomamos cada generalização γ=Θµψ[t/µ]* que


ocorre em ϕ e achamos uma generalização γ’=Θνψ[t/ν]*, na
qual ν é uma variável que não ocorre em ϕ e não tornará a
ocorrer em nenhum outro γ’.
Passo 2: Obtemos ϕ0, substituindo em ϕ cada fórmula γ pela
correspondente γ’. Como γ↔γ’, por PV, temos que
ϕ↔ϕ0, por TS.
Passo 3: Dada a seguinte lista:

a) Para σ=¬∀µα, τ=∃µ¬α


b) Para σ=¬∃µα, τ=∀µ¬α
c) Para σ=(∀µα∧β), τ=∀µ(α∧β)
d) Para σ=(∃µα∧β), τ=∃µ(α∧β)
e) Para σ=(∀µα∨β), τ=∀µ(α∨β)
f) Para σ=(∃µα∨β), τ=∃µ(α∨β)
g) Para σ=(∀µα→β), τ=∃µ(α→β)
h) Para σ=(α→∀µβ), τ=∀µ(α→β)
i) Para σ=(∃µα→β), τ=∀µ(α→β)
j) Para σ=(α→∃µβ), τ=∃µ(α→β)
k) Para σ=(∀µα↔β), τ=∀µ∃ν((β→α)∧(α’→β))
(onde α’ difere de α apenas por apresentar ν nos
248

lugares em que α apresenta µ, e ν é uma variável que


não aparece em nenhuma fórmula αi já obtida)
l) Para σ=(∃µα↔β), τ=∀µ∃ν((α→β)∧(β→α’)) (onde
α’ difere de α apenas por apresentar ν nos lugares
em que α apresenta µ, e ν é uma variável que não
aparece em nenhuma fórmula αi já obtida)

Geramos a série {ϕ1, ϕ2 ..., ϕn} obtendo cada ϕi mediante a


substituição em ϕi-1 de uma fórmula σ pela correspondente
τ, sendo ϕn uma fórmula onde não aparece mais nenhum σ.

Teremos assim que ϕ’= ϕn

Justificamos o passo 3 da seguinte forma:

Se σ é uma sentença, temos que σ↔τ (teoremas 66 a 77).


Se σ é uma fórmula aberta, podemos demonstrar que 
F
σ↔ Fτ (cf. argumento abaixo). De um modo ou de outro,
temos por TS que ϕi↔ϕi-1 e, pela transitividade da dupla
implicação, que ϕ0↔ϕ’. Pelo resultado do passo 2,
concluímos que ϕ↔ϕ’.

Argumento: As variáveis livres de σ são as mesmas de τ,


pois o conjunto delas é formado pelas variáveis livres que
ocorrem em α e em β (note que as variáveis livres de α’, são
as mesmas de α). Quando, de modo uniforme, substituímos
as variáveis livres em σ e τ por constantes, obtemos σs (de
σ), τs (de τ), αs (de α), βs (de β) e α’s (de α’). Se tomarmos
os teoremas do 66 ao 77, e substituirmos neles α por αs, β
por βs e α’ por α’s, teremos ainda teoremas lógicos, pois
nossos teoremas são apenas fórmulas esquemáticas. Cada
teorema lógico assim instanciado estabelecerá que σs↔τs.
249

Vem:

(⇒):
F
σ premissa
σs (por aplicação sucessiva de E-∀)
τs (pelo argumento acima)
F
τ (por aplicação sucessiva de I-∀)
(⇐):
F
τ premissa
τs (por aplicação sucessiva de E-∀)
σs (pelo argumento acima)
F
σ (por aplicação sucessiva de I-∀)

Assim, achamos uma fórmula prenex ϕ’ que é um


substitutivo para ϕ onde quer que ϕ ocorra. Dizemos que ϕ’
é a forma normal prenex de ϕ.

3.6. Teorema da compacidade: Dado um conjunto de


sentenças Γ qualquer, Γ é satisfazível se e somente se Γ é
finitamente satisfazível.

(⇒):

Se uma interpretação I satisfaz Γ, então I torna verdadeiros


todos os elementos de Γ, vale dizer, I torna verdadeiros
todos os elementos de qualquer subconjunto de Γ. Assim,
temos que se Γ é satisfazível, então Γ é finitamente
satisfazível.

(⇐):
250

Aqui, como na prova da compacidade para a LP,


mostraremos que existe um conjunto satisfazível ∆ tal que Γ
⊂ ∆. Usaremos novamente três lemas. Daremos do primeiro
uma demonstração análoga a que já foi dada no capítulo IV,
a demonstração do segundo continua a mesma, pelo que não
a repetiremos, e a demonstração do último será em grande
parte nova: Antes, porém, damos uma importante definição,
que será usada na prova de outros metateoremas:

Def0.: um conjunto de sentenças Γ é ω-completo se e


somente se ele tem a seguinte propriedade:

∃µα ∈ Γ se e somente se para algum termo constante t,


α[µ/t] ∈ Γ

Lema 1: Para qualquer conjunto de fórmulas Σ, Σα se e


somente se Σ;¬α é insatisfazível.

(⇒):
Σα (hip.)
Toda interpretação que satisfaz Σ, torna α verdadeira
Toda interpretação que satisfaz Σ, torna ¬α falsa
Σ;¬α é insatisfazível

(⇐):
Σ;¬α é insatisfazível (hip.)
ou (i) Σ é insatisfazível
ou (ii) dada qualquer interpretação I que satisfaz Σ, I
¬α
Se (i), Σα por vacuidade
Se (ii), Σα, pois toda interpretação que satisfaz Σ torna
¬α falsa e α verdadeira
Σα (por exaustão das possibilidades)
251

(qed)

Lema 2: Dado um conjunto de fórmulas Σ qualquer,


finitamente satisfazível, temos que se Σ;α não é finitamente
satisfazível, então Σ;¬α é finitamente satisfazível.

Lema 3: Dado um conjunto de fórmulas finitamente


satisfazível Σ, podemos gerar um conjunto satisfazível e ω-
completo ∆ tal que Σ ⊂ ∆ da seguinte maneira: tomamos o
conjunto {k1, k2, k3, ...} de constantes inexistentes no
alfabeto de  e a lista LF de todas as fórmulas de  (cf. Ex6,
1), e a partir deles construímos duas novas listas, LS* e LC.

LS* será construída em dois passos. Primeiramente,


tomamos cada elemento de LF e o colocamos em uma
lista LS se ele é uma sentença. Depois, tomamos cada
elemento de LS e verificamos se ele é do tipo ∃µα e
acrescentamos logo em seguida a ele a sentença α[µ/kj],
tal que kj não ocorre em elementos anteriores da lista.
Com isso geramos LS*.

LC= ∆0, ∆1, ∆2, ..., ∆i, ..., onde

∆0 = Σ

∆i-1∪{ϕi}, se esta união é finitamente satisfazível


∆i =
∆i-1∪{¬ϕi}, caso contrário

Tal que ϕi é elemento de LS*.

Fazemos então ∆ = ∆0∪∆1∪∆2...


Pela própria construção de ∆, fica evidente que este
conjunto é maximal em relação à LS*, ou seja, dada qualquer
fórmula α de LS*, se α ∉ ∆, então ¬α ∈ ∆ (embora não o
252

seja em relação à linguagem formada a partir do alfabeto


A∪{k1, k2, k3, ...}, que chamaremos ext). Note que para cada
sentença ∃µα de  há uma sentença α[µ/kj] de LS*, mas não
existem duas sentenças de LS* que apresentem ocorrência do
mesmo kj. Outrossim, é fácil ver que ∆ é finitamente
satisfazível, pois, dado qualquer subconjunto finito ∆’ de ∆,
existe ∆i tal que ∆’ ⊂ ∆i, e todo ∆i é finitamente satisfazível
(pelo lema 2).

Demonstramos que ∆ é ω-completo da seguinte forma:


Cada ∆i é construído pelo acréscimo de um ϕi ou de sua
negação a um ∆i-1 e é dado que se ϕi= ∃µα, então ϕi+1=
α[µ/kj]. Vem:

(⇒):
Vejamos o que acontece se ∃µα ∈ ∆:

∃µα ∈ ∆ (hip.)
∆i= ∆i-1∪{∃µα}
Suponhamos que α[µ/kj] ∉ ∆i+1, daí
∆i;α[µ/kj] não é finitamente satisfazível
∆i;α[µ/kj] é insatisfazível (parte trivial da compac.)
∆i  ¬α[µ/kj] (lema 1)
Como não ocorre kj em nenhuma sentença de ∆i, temos:
∆i  ∀µ¬α (cf. seção 2.2, item viii)
∆i  ¬∃µα (Ex8, 1t)
∆i  ∃µα (reflexividade)
∆i é insatisfazível
∆ não é finitamente satisfazível (o que contradiz resul-
tado anterior)
Logo, α[µ/kj] ∈ ∆

(⇐):
Vejamos o que acontece se α[µ/kj] ∈ ∆:
253

α[µ/kj] ∈ ∆ (hip.)
Suponhamos que ∃µα ∉ Σ, daí
¬∃µα ∈ ∆ (maxim., pois ∃µα ∈ LS*)
Mas se {α[µ/kj], ¬∃µα}⊂ ∆, então ∆ não seria
finitamente satisfazível
Logo, ∃µα ∈ ∆

Concluímos assim que ∆ é ω-completo (qed)

Para fechar a demonstração do lema 3, especificaremos uma


interpretação que satisfaz ∆, mostrando assim que ∆ é
satisfazível:

Def1.: Dada uma lista das n-uplas de termos de ext, S nk é a


n-upla que aparece na posição k desta lista e Iτ( S nk ) é a n-
upla dos valores atribuídos aos termos de S nk por Iτ.

Def2.: Iτ: Termos de ext → |A|, tal que: τ1 τ2 τ3 ... é uma


lista dos termos de ext 1 e |A| = {•a1, •a2, •a3, …}

(1τ) Iτ(τ1)= •a1


(2τ) Iτ(τi)= Iτ(τj), se τi≈τj ∈ ∆, para algum j < i
(3τ) Iτ(τi)= •ak, se τiτj ∈ ∆, para qualquer j < i, onde,
•ak é uma imagem ainda não atribuída e, dado
qualquer •ax tal que x < k, existe um τj tal que
Iτ(τj)= •ax.

Note que Iτ é de fato uma função, pois não acontece dela


atribuir dois valores diferentes ao mesmo termo. Há três
possibilidades para cada termo τi: 1. τi=τ1; 2. τi≈τj ∉ ∆, para
qualquer j < i e 3. τi≈τj ∈ ∆, para algum j < i. Nos dois

1 Fica como exercício para o aluno produzir uma tal lista, o que pode ser
feito tomando-se como modelo partes do exercício 3 de Ex6.
254

primeiros casos, fica claro através de (1τ) e (3τ) que é


atribuído apenas um valor para τi. No último caso, se for
encontrado apenas um τj tal que τi≈τj ∈ ∆, sendo j < i,
também fica claro que τi será associado a um único valor.
Pode acontecer, porém, de encontrarmos mais de um τj.
Digamos, por exemplo, que τi≈τm ∈ ∆ e τi≈τn ∈ ∆, sendo
m<n<i. Nesse caso, teremos que Iτ(τi)= Iτ(τm) e que Iτ(τi)=
Iτ(τn), mas a unicidade do valor atribuído a τi é garantida
porque então também será o caso que τm≈τn ∈ ∆, e,
portanto, Iτ(τm)= Iτ(τn), o que é assim demonstrado:

τi≈τm ∈ ∆ (hip)
τi≈τn ∈ ∆ (hip.)
Se τm≈τn ∉ ∆, então τmτn ∈ ∆ (maximalidade de ∆
com respeito à LS*)
Mas {τi≈τj, τi≈τk, τjτk} ⊂ ∆, então ∆ não seria
finitamente satisfazível
Logo, τm≈τn ∈ ∆

Fica assim demonstrado que Iτ é de fato uma função.

Definimos a interpretação I da seguinte forma:

I: Π’→A, tal que Π’=Π∪{k1, k2, k3, ...}

Sendo ci uma constante, fn uma função e Pk um predicado

(1) I(ci) = Iτ(ci)


(2) I(fn) = {(x, y) | x= Iτ( S nz ) e y= Iτ(fn S nz ), para cada z >
0}
(3) I(Pk) = {(Iτ(t1), Iτ(t2), …, Iτ(tn))|Pkt1t2...tn ∈ ∆}
255

Reclamamos que I satisfaz ∆. Provamos isso demonstrando


que I γ sss γ ∈ ∆, o que faremos usando indução sobre γ.
O passo indutivo será: se o lema vale para sentenças de
geração inferior a de γ, vale também para γ (consideraremos
que uma sentença do tipo α[µ/t] é de geração inferior a de
∀µα e ∃µα). Antes, porém, demonstramos dois sub-lemas
que facilitarão nossa demonstração do lema principal.

Sub-Lema 1 (SL1): Dado algum j < i, τi≈τj ∈ ∆ sss τj≈τi ∈ ∆.


Vem:

(⇒):
τi≈τj ∈ ∆, para algum j < i (hip.)
Suponhamos que τj≈τi ∉ ∆
τjτi ∈ ∆ (maxim. de ∆ com respeito à LS’)
{τi≈τj, τjτi} ⊂ ∆
Mas {τi≈τj, τjτi} é insatisfazível, o que contradiz o fato
de ∆ ser finitamente satisfazível,
Logo, τj≈τi ∈ ∆ (qed)

(⇒):
Esta parte segue a demonstração anterior, assumindo-se
a hipótese de que τj≈τi ∈ ∆, para algum j < i.

Sub-Lema 2 (SL2): Dado qualquer termo τ, I(τ)=Iτ(τ)

Se τ é constante, então I(τ)=Iτ(τ) (por 1)


Se τ= fn S nk , então
I(fn)= {(x, y) | x= Iτ( S nz ) e y= Iτ(fn S nz ), para cada z>0}
(por 2)
(Iτ( S nk ), Iτ(fn S nk )) ∈ I(fn)
I(fn) aplicado a Iτ( S nk ) = Iτ(fn S nk )
256

I(τ)= Iτ(fn S nk )
I(τ)= Iτ(τ)

Demonstração do lema principal:

i) γ é fórmula atômica

a) γ = τi≈τj

(⇒):
γ∉∆ (hip.)
(a1) j < i
τiτj ∈ ∆ (maximalidade)
Iτ(τi) ≠ Iτ(τj) (3τ)
I(τi) ≠ I(τj) (SL2)
I τi≈τj
I γ
(a2) i < j
τiτj ∈ ∆ (maximalidade)
τjτi ∈ ∆ (SL1)
Iτ(τj) ≠ Iτ(τi) (3τ)
I(τj) ≠ I(τi) (SL2)
I(τi) ≠ I(τj)
I τi≈τj
I γ
(⇐):
γ∈∆ (hip.)
(a1) j < i
τi≈τj ∈ ∆
Iτ(τi)= Iτ(τj) (2τ)
I(τi)= I(τj) (SL2)
257

I τi≈τj
I γ
(a2) j > i
τi≈τj ∈ ∆
τj≈τi ∈ ∆ (SL1)
Iτ(τj)= Iτ(τi) (2τ)
I(τj)= I(τi) (SL2)
I(τi)= I(τj)
I τi≈τj
I γ

b) γ= Pkt1t2...tn

(⇒):
γ∉∆ (hip.)
Pkt1t2...tn ∉ ∆
(Iτ(t1), Iτ(t2), …, Iτ(tn)) ∉ I(Pk) (3)
I Pkt1t2...tn
I γ
(⇐):
γ∈∆
Pkt1t2...tn ∈ ∆
(Iτ(t1), Iτ(t2), …, Iτ(tn)) ∈ I(Pk) (3)
I Pkt1t2...tn
I γ

ii) γ= ¬α

(⇒):
I γ (hip.)
I ¬α
I α
258

α∉∆ (hip. indutiva)


¬α ∈ ∆ (maximalidade)
γ∈∆
(⇐):
γ∈∆
¬α ∈ ∆ (hip.)
α∉∆ (∆ é finit. satisfazível)
I α (hip. indutiva)
I ¬α
I γ

iii) γ=α∧β

(⇒):
I γ (hip.)
I α∧β
I α e I β
α∈∆eβ∈∆ (hip. indutiva)
Se ¬(α∧β) ∈ ∆, então {α, β, ¬(α∧β)} ⊂ ∆
Mas, {α, β, ¬(α∧β)} ⊄ ∆ (∆ é finit. satisfazível)
Logo, ¬(α∧β) ∉ ∆
α∧β ∈ ∆ (maximalidade)
γ∈∆
(⇐):
γ∈∆
Se ¬α ∈ ∆, então {¬α, α∧β} ⊂ ∆
E se ¬β ∈ ∆, então {¬β, α∧β} ⊂ ∆
Mas {¬α, α∧β} ⊄ ∆ e {¬β, α∧β} ⊄ ∆ (pois ∆ é finit.
satisfazível)
Logo, ¬α ∉ ∆ e ¬β ∉ ∆
Assim, α ∈ ∆ e β ∈ ∆ (maximalidade)
I α e I β (hip. indutiva)
259

I α∧β
I γ

iv) γ=α∨β

(⇒):
γ∉∆
¬(α∨β) ∈ ∆ (maximalidade)
Se α ∈ ∆, então {α, ¬(α∨β)} ⊂ ∆
E se β ∈ ∆, então {β, ¬(α∨β)} ⊂ ∆
Mas {α, ¬(α∨β)} ⊄ ∆ e {β, ¬(α∨β)} ⊄ ∆ (pois ∆ é
finit. satisfaz.)
Logo, α ∉ ∆ e β ∉ ∆
I α e I β (hip. indutiva)
I α∨β
I γ
(⇐):
I γ
I α∨β
I α e I γ
α∉∆eβ∉∆ (hip. indutiva)
¬α ∈ ∆ e ¬β ∈ ∆ (maximalidade)
Se α∨β ∈ ∆, então {¬α, ¬β, α∨β} ⊂ ∆
Mas, {¬α, ¬β, α∨β} ⊄ ∆ (∆ é finit. satisfazível)
Logo, α∨β ∉ ∆
γ∉∆

v) γ=α→β

(⇒):
γ∉∆
¬(α→β) ∈ ∆ (maximalidade)
260

Se ¬α ∈ ∆, então {¬α, ¬(α→β)} ⊂ ∆


E se β ∈ ∆, então {β, ¬(α→β)} ⊂ ∆
Mas {¬α, ¬(α→β)} ⊄ ∆ e {β, ¬(α→β)} ⊄ ∆ (∆ é finit.
satisfaz.)
Logo, ¬α ∉ ∆ e β ∉ ∆
α∈∆ (maximalidade)
I α e  I β (hip. indutiva)
I α→β
I γ
(⇐):
I γ
I α e  I β
α∈∆eβ∉∆ (hip. indutiva)
¬β ∈ ∆ (maximalidade)
Se α→β ∈ ∆, então {α, ¬β, α→β} ⊂ ∆
Mas {α, ¬β, α→β} ⊄ ∆ (∆ é finit. satisfazível)
Logo, α→β ∉ ∆
γ∉∆

vi) γ=α↔β

(⇒):
I γ
ou (i) I α e I β ou (ii) I α e I β
Se (i) α ∈ ∆ e β ∈ ∆ e se (ii) α ∉ ∆ e β ∉ ∆ ∴¬α ∈ ∆ e
¬β ∈ ∆ (hip. ind. e max. de ∆)
Se ¬(α↔β) ∈ ∆, então ou {α, β, ¬(α↔β)} ⊂ ∆ (de i)
Ou {¬α, ¬β, ¬(α↔β)} ⊂ ∆ (de ii)
{α, β, ¬(α↔β)}⊄ ∆ e {¬α, ¬β, ¬(α↔β)}⊄ ∆ (∆ é fi-
nit.satisf.)
Logo, ¬(α↔β) ∉ ∆ (de i e ii)
γ∈∆ (maximalidade)
261

(⇐):
I γ
ou (i) I α e I β ou (ii) I α e I β
Se (i) α ∈ ∆ e β ∉ ∆ ∴¬β ∈ ∆ (hip. indutiva e maxim.)
Se (ii) α ∉ ∆ e β ∈ ∆ ∴¬α ∈ ∆ (hip. indutiva e maxim.)
Se α↔β ∈ ∆, então ou {α, ¬β, α↔β} ⊂ ∆ (de i) ou
{¬α, β, α↔β} ⊂ ∆ (de ii)
{α, ¬β, α↔β}⊄ ∆ e {¬α, β, α↔β} ⊄ ∆ (∆ é finit.
satisfaz.)
Logo, α↔β ∉ ∆ (de i e ii)
γ∉∆

vii) γ= ∀µα

(⇒):
I γ
I ∀µα
I α[µ/kj] (cf. seção 2.2, item viii)
α[µ/kj] ∈ ∆ (hip. indutiva)
Suponhamos que γ ∉ ∆
¬∀µα ∈ ∆ (maximalidade)
∃µ¬α ∈ ∆ (do contrário {¬∀µα, ¬∃µ¬α}⊂ ∆ e
∆ não seria finitamente satisfazível)
¬α[µ/kj] ∈ ∆ (pois ∆ é ω-completo)
Mas assim {α[µ/kj], ¬α[µ/kj]}⊂ ∆ e ∆ não seria
satisfazível
Logo, γ ∈ ∆
(⇐):
I γ
I ¬∀µα
I ∃µ¬α (Ex8, 1t)
Suponhamos que ∀µα ∈ ∆
262

∆  ∀µα
∆  α[µ/ti] (onde ti pode ser qualquer termo
constante, inclusive algum kj)
Assim, para qualquer termo constante ti, temos:
α[µ/ti] ∈ ∆
I α[µ/ti] (hip. indutiva)
I ∀µα (pois, por definição de I, cada
elemento do domínio é atribuído a
um termo constante)
I ¬∃µ¬α (o que contraria resultado anterior)
Logo, γ ∉ ∆

viii) γ= ∃µα

(⇐):
I γ
I ∃µα
Suponhamos que ∃µα ∉ ∆
¬∃µα ∈ ∆ (maximalidade)
∆ ¬∃µα
∆ ∀µ¬α (Ex8, 1t)
∆ ¬α[µ/ti] (onde ti pode ser qualquer termo
constante, inclusive algum kj)
Assim, para qualquer termo constante ti, temos:
¬α[µ/ti] ∈ ∆
I ¬α[µ/ti] (hip. indutiva)
I ∀µ¬α (pois, por definição de I, cada
elemento do domínio é atribuído a
um termo constante)
I ¬∃µα (o que contraria resultado anterior)
263

Logo, γ ∈ ∆
(⇐):
I γ
I ¬∃µα
I ∀µ¬α (Ex8, 1t)
I ¬α[µ/ti] (cf. seção 2.2, item viii)
¬α[µ/kj] ∈ ∆ (hip. indutiva)
Suponhamos que γ ∈ ∆
∃µα ∈ ∆
α[µ/kj] ∈ ∆ (pois ∆ é ω-completo)
Mas assim ∆ não seria satisfazível
Logo, γ ∉ ∆

Dessa forma, provamos o lema 3. Passamos então à


demonstração final, que estabelece o teorema da compaci-
dade concluindo a demonstração de sua parte não trivial.
Vem:

Γ é finitamente satisfazível (hip.)


Γ⊂∆ (por construção)
∆ é satisfazível (lema 3)
Γ é satisfazível (qed)

3.7. Teorema da correção: Se Γ  α, então Γ  α

Se α ∈ T(∅), então  α, e logo Γ  α (cf. p. 238).


Senão, demonstraremos o teorema usando indução sobre a
prova S de α a partir de Γ, ou seja, assumiremos como
hipótese indutiva que o teorema vale para subprovas de S
(uma subprova de S é uma parte de S que também é uma
prova da LPPO). Assumindo a hipótese Γ  α , temos:

caso 1: α ∈ Γ
264

Γ  α (pois toda interpretação que satisfaz Γ torna


verdadeiro cada membro de Γ, inclusive α)

caso 2: fazendo α=αk e tomando as sentenças αi e αj (ou


apenas αi) que aparecem na prova de α a partir de Γ,
mostraremos que o teorema vale quando α é deduzida por:

a) MP:

Para αj= αi→αk

Γ  αi (hip.)
Γ  αj (hip.)
Γ  αi (hip. indutiva)
Γ  αj (hip. indutiva)
Para toda interpretação I, se I satisfaz Γ, I αi e I
αi→αk
Se I αi→αk, então ou I αi ou I αk,
Mas I αi
Logo, I αk
∴Γ  α. (qed)

b) C:

Para αk= αm→αi

Γ  αi (hip.)
Γ  αi (hip. indutiva)
Para toda interpretação I, se I satisfaz Γ, I αi
Se I αi, então I αm→αi
∴Γ  α (qed)

c) E C :
265

Para αi=αm∧αk

Γ  αi (hip.)
Γ  αi (hip. indutiva)
Para toda interpretação I, se I satisfaz Γ, I αm∧αk
Se I αm∧αk, então I αm e I αk
∴Γ  α (qed)

d) IC

Para αk=αi∧αj

Γ  αi (hip.)
Γ  αj (hip.)
Γ  αi (hip. indutiva)
Γ  αj (hip. indutiva)
Para toda interpretação I, se I satisfaz Γ, Iαi e Iαj
Se I αi e I αj, então I αi∧αj
∴Γ  α (qed)

e) MTP:

Para αi= ¬αm e αj= αm∨αk

Γ  αi (hip.)
Γ  αj (hip.)
Γ  αi (hip. indutiva)
Γ  αj (hip. indutiva)
Para toda interpretação I, se I satisfaz Γ, I ¬αm e I
αm∨αk
Se I ¬αm, então I αm
Como, I αm∨αk, então I αk
∴Γ  α (qed)
266

f) ID:

Para αk=αi∨αm

Γ  αi (hip.)
Γ  αi (hip. indutivo)
Para toda interpretação I, se I satisfaz Γ, I αi
Se I αi, então I αi∨αm
∴Γ  α (qed)

g) DN:

Para αi=¬¬αk

Γ  αi (hip.)
Γ  αi (hip. indutiva)
Para toda interpretação I, se I satisfaz Γ, I ¬¬αk
Se I ¬¬αk, então I αk
∴Γ  α (qed)

h) RA

Para αk=¬αm, αi=αm→αn e αj=αm→¬αn

Γ  αi (hip.)
Γ  αj (hip.)
Γ  αi (hip. indutiva)
Γ  αj (hip. indutiva)
Para toda interpretação I, se I satisfaz Γ, então
I αm→αn (i) e I αm→¬αn (ii)
Se I αm, então, por (i), I αn e, por (ii), I αn
Logo, I αm e, portanto, I ¬αm
∴Γ  α (qed)
267

i) DD:

Para αk=αm↔αn e αi=(αm→αn)∧(αn→αm)

Γ  αi (hip.)
Γ  αi (hip. indutiva)
Para toda interpretação I, se I satisfaz Γ,
I (αm→αn)∧(αn→αm)
Se I (αm→αn)∧(αn→αm), então I αm→αn e
I αn→αm,
E por conseguinte, (I αm e I αn) ou (I αm e I αn)
Logo, I αm↔αn
∴Γ  α (qed)

Para αk=(αm→αn)∧(αn→αm) e αi=αm↔αn

Γ  αi (hip.)
Γ  αi (hip. indutiva)
Para toda interpretação I, se I satisfaz Γ, I αm↔αn
Se I αm↔αn, então (I αm e I αn) ou (I αm e
I αn),
Se (I αm e I αn) ou (I αm e I αn), então
I αm→αn e I αn→αm
∴I (αm→αn)∧(αn→αm)
∴Γ  α (qed)

j) I-∀:

Para αk=∀µαm e αi=αm[µ/t]. Sendo Γ’⊂Γ o conjunto


das premissas de αi, temos que nenhum elemento de
Γ’ apresenta ocorrência de t.

Γ’  αi (hip.)
268

Γ’  αi (hip. indutiva)
Para toda interpretação I, se I satisfaz Γ’, I αm[µ/t]
Se I satisfaz Γ’, qualquer elemento D de DI[t] satisfaz Γ
(pois t não ocorre em Γ’)
E, conseqüentemente, I αm[µ/t] e Dαm[µ/t], para
qualquer D
∴Γ’  ∀µαm
∴Γ  ∀µαm (Ex8, 1n)
∴Γ  α (qed)

k) E-∀:

Para αk=αm[µ/t] e αi=∀µαm

Γ  αi (hip.)
Γ  αi (hip. indutiva)
Para toda interpretação I, se I satisfaz Γ, I ∀µαm
Se I∀µαm, então I αm[µ/t] (cf. seção 2.2, item viii)
∴Γ  α (qed)

l) I-∃:

Para αk=∃µαm e αi=αm[µ/t]

Γ  αi (hip.)
Γ  αi (hip. indutiva)
Para toda interpretação I, se I satisfaz Γ, I αm[µ/t]
Se I αm[µ/t], então I∃µαm (cf. seção 2.2, item ix)
∴Γ  α (qed)

m) E-∃:

Quando αk é inferido por E-∃, há uma subprova de αk


a partir de Γ que também é uma prova αk a partir de
269

Γ’∪{αm[µ/t]}, onde Γ’ é um subconjunto de Γ que


não inclui sentenças com ocorrências de t. Para
αi=∃µαm, temos:

Γ  αi (hip.)
Γ’∪{αm[µ/t]}αk (hip.)
Γ’∪{αm[µ/t]}αk (hip. indutiva)
Γ’∪{¬αk}¬αm[µ/t] (Ex8, 1g)
Como não ocorre t em nenhuma sentença de
Γ’∪{¬αk}, temos:
Γ’∪{¬αk}∀µ¬αm (cf. seção 2.2, item viii)
Γ’¬αk→∀µ¬αm (Ex8, 1f)
(1) Γ¬αk→∀µ¬αm (Ex8, 1n)
Γ  αi (hip. indutiva)
∃µαm¬∀µ¬αm (Ex8, 1t)
(2) Γ  ¬∀µ¬αm (Ex8, 1c)
Se I satisfaz Γ, I αk ou I ∀µ¬αm (por 1)
Mas, I ∀µ¬αm (por 2)
Logo, Γαk
∴Γ  α (qed)
n) Introdução da identidade (II)

Para αk= t≈t

Para toda interpretação I, I(t)=I(t) e, portanto, I t≈t


Para toda interpretação I, se I satisfaz Γ, I t≈t
Logo, Γαk
∴Γ  α (qed)

o) Eliminação da identidade (EI)

Para αi = t1≈t2 e αk=αj[t1/t2], onde αj é uma sentença


atômica que apresenta ocorrência de t1. Temos dois
casos a analisar:
270

1) αj=θ1≈θ2

Γ  αi (hip.)
Γ  θ1≈θ2 (hip.)
Γ  αi (hip. indutiva)
Γ  θ1≈θ2 (hip. indutiva)

Para toda interpretação I, se I satisfaz Γ, I(t1) = I(t2) e


I(θ1) = I(θ2)

Se t1 ocorre em θ1, então:

I θ1≈θ1[t1/t2] (Ex8, 2)
I(θ1) = I(θ1[t1/t2])
I(θ1[t1/t2]) = I(θ2)
I θ1[t1/t2]≈θ2
I (θ1≈θ2)[t1/t2]
∴Γ  α (qed)

Se t1 ocorre em θ2, repetimos o raciocínio para θ2,


obtendo igualmente que Γ  α.

2) αj=Pkθ1θ2...θm...θn, onde θm apresenta ocorrência


de t1

Γ  αi (hip.)
Γ  Pkθ1θ2...θm...θn (hip.)
Γ  αi (hip. indutiva)
Γ  Pkθ1θ2...θm...θn (hip. indutiva)

Para toda interpretação I, se I satisfaz Γ, I(t1) = I(t2) e


(I(θ1), I(θ2), ..., I(θm), ..., I(θn)) ∈ I(Pk)
271

I θm≈θm[t1/t2] (Ex8, 2)
I(θm) = I(θm[t1/t2])
(I(θ1), I(θ2), ..., I(θm[t1/t2]), ..., I(θn)) ∈ I(Pk)
I Pkθ1θ2...θm...θn[t1/t2]
∴Γ  α (qed)

Tendo demonstrado que cada regra de RI é correta,


temos provado de forma geral a correção da LPPO, isto é, se
Γ  α, então Γ  α. (qed)

3.8. Teorema da dedução (TD): Se Γ, β  α, então Γ 


β→α

A demonstração do teorema da dedução para a LPPO


utiliza os mesmos lemas que foram demonstrados para a LP,
deve-se observar porém que onde nas demonstrações desses
lemas alude-se a certos metateoremas (como correção e
compacidade), estas alusões passam a referir as versões
destes metateoremas para a LPPO. Segue:

Γ, β  α
Γ∪T, β  α (lema 2)
Para toda interpretação I, se I satisfaz Γ∪T, então
Ou I β (i) ou I β (ii)
Se (i), então I β→α (pois Γ∪T, β  α ∴ I α)
Se (ii), então I β→α (pela falsidade de β)
Logo, I β→α (por exaustão)
Vem:

Γ∪T  β→α
Γ  β→α (lema 2) (qed)

3.9. Teorema da completude: Se Γ  α, então Γ  α


272

Pretendemos demonstrar agora que RI é completo, ou


seja, que para qualquer sentença α e qualquer conjunto de
sentenças Γ, se α é conseqüência lógica de Γ, então α é
dedutível de Γ. Assim ficará estabelecido que as regras de RI
são conjuntamente suficientes para provar toda conseqüên-
cia lógica (não obstante, RI não é um conjunto necessário de
regras).

Vamos agora proceder à demonstração da completude. Em


primeiro lugar, vamos provar o lema 1:

Lema 1: Dado um conjunto Γ de sentenças qualquer, se Γ é


consistente, então Γ é satisfazível.

Para essa demonstração precisamos de três sub-lemas – SL3,


SL4 e SL5:

SL3: Se Σ é consistente, então se Σ;α não é consistente,


então Σ;¬α é consistente.

Σ;α não é consistente


Σ;α  β
Σ;α  ¬β
Σ  α→β (TD)
Σ  α→¬β (TD)
Σ  ¬α (RA)
Se Σ;¬α não fosse consistente pelo mesmo raciocínio
de cima teríamos que:
Σ  ¬¬α
Σα (DN)
E assim Σ não seria consistente, o que contraria nossa
hipótese
Logo, Σ;¬α é consistente (qed)
273

SL4: Para qualquer conjunto de sentenças Γ consistente, há


um conjunto Σ que é consistente, maximal relativamente a
um dado conjunto e ω-completo que contém Γ e pode ser
construído da seguinte forma:

Σ0 = Γ,

Σi-1∪{ϕi}, se ϕi é consistente com Σi-1


Σi =
Σi-1∪{¬ϕi}, caso contrário.

Tal que ϕi ∈ LS* (a mesma lista LS* que construímos na


demonstração da compacidade)

Σ será o conjunto união desses infinitos conjuntos Σi (dito


metaforicamente: o que fizemos foi preencher o conjunto Σ
com um conta-gotas, apenas cuidando para o recipiente não
transbordar). Reclamamos que:

i) Σ é consistente

Suponhamos que houvesse uma prova de α∧¬α a


partir de Σ, então haveria uma prova de α∧¬α a partir
de um subconjunto finito Σ’ de Σ (pois toda prova da
LPPO é finita). Porém, como qualquer subconjunto
finito de uma união de conjuntos finitos aninhados é
um subconjunto de pelo menos um dos subconjuntos
aninhados, Σ’ ⊂ Σi para algum i, donde segue que Σi 
α∧¬α. Acontece que, por SL3, vemos que cada Σi é
consistente, o que nos leva a um absurdo e estabelece
que Σ é consistente.

ii) Σ é maximal em relação à LS*


274

A maximalidade de Σ com relação à LS* é trivial dada a


sua construção, uma vez que para qualquer sentença ϕi
de LS*, ϕi ∈ Σ ou ¬ϕi ∈ Σ.

iii) Σ é ω-completo.

Cada Σi é construído pelo acréscimo de um ϕi ou de


sua negação a um Σi-1 e é dado que se ϕi= ∃µα, então
ϕi+1= α[µ/kj]. Vem:

(⇒):
Vejamos o que acontece se ∃µα ∈ Σ:

∃µα ∈ Σ (hip.)
Σi-1∪{∃µα} é consistente
Σi= Σi-1∪{∃µα}
Suponhamos que α[µ/kj] ∉ Σ, daí
Σi∪α[µ/kj] é inconsistente
Σi  α[µ/ kj]→β
Σi  α[µ/ kj]→¬β
Σi  ¬α[µ/ kj]
Σi  ∀µ¬α (I-∀, pois kj não ocorre em Σi)
Σi  ¬∃µα
Σi  ∃µα (reflexividade)
Σi é inconsistente (o que contradiz a hipótese)
Logo, α[µ/ kj] ∈ Σ

(⇐):
Vejamos o que acontece se α[µ/kj] ∈ Σ:

α[µ/kj] ∈ Σ (hip.)
Suponhamos que ∃µα ∉ Σ, daí
¬∃µα ∈ Σ (maximalidade)
275

Σ  ¬∃µα (reflexividade)
Σ  α[µ/kj] (reflexividade e hip.)
Σ  ∃µα (I-∃)
Σ é inconsistente (o que contradiz result anterior)
Logo, ∃µα ∈ Σ

Concluímos assim que Σ é ω-completo (qed)

Precisamos agora de SL5.

SL5: O conjunto Σ construído em SL4 é satisfazível.

Primeiro definimos a função Iτ e a interpretação I de forma


análoga a que foi feita na demonstração da compacidade.
Vem:

Definimos Iτ da seguinte forma:

Iτ: Termos de ext→|A|, tal que: τ1 τ2 τ3 ... é uma lista dos


termos de ext e |A| = {•a1, •a2, •a3, …}

(1τ) Iτ(τ1)= •a1


(2τ) Iτ(τi)= Iτ(τj), se τi≈τj ∈ Σ, para algum j < i
(3τ) Iτ(τi)=•ak, se τiτj ∈ Σ, para qualquer j<i, onde •ak
é uma imagem ainda não atribuída e, dado qualquer
•ax tal que x<k, existe um τj tal que Iτ(τj)= •ax.

Aqui também, Iτ constitui-se numa função por razões


semelhantes aquelas aludidas em 3.6. Há três possibilidades
para cada termo τi: 1. τi=τ1; 2. τi≈τj ∉ Σ, para qualquer j < i e
3. τi≈τj ∈ Σ, para algum j < i. Nos dois primeiros casos, fica
claro através de (1τ) e (3τ) que é atribuído apenas um valor
para τi. No último caso, pode acontecer, por exemplo, que
τi≈τm ∈ Σ e τi≈τn ∈ Σ, sendo m<n<i. Nesse caso teremos
276

que Iτ(τi)= Iτ(τm) e que Iτ(τi)= Iτ(τn), mas a unicidade do


valor atribuído a τi é garantida porque então também será o
caso que τm≈τn ∈ Σ, e, portanto, Iτ(τm)= Iτ(τn), o que é assim
demonstrado:

τi≈τm ∈ Σ (hip)
τi≈τn ∈ Σ (hip.)
Σ  τi≈τm (reflex.)
Σ  τi≈τn (reflex.)
Σ  τm≈τn EI
τmτn ∉ Σ (do contrário Σ  τmτn e Σ seria
inconsistente)
τm≈τn ∈ Σ (maximalidade de Σ com respeito à LS*)

Definimos a interpretação I da seguinte forma:

I: Π’→A, tal que

Sendo ci uma constante, fn uma função e Pk um predicado

(1) I(ci) = Iτ(ci)


(2) I(fn)= {(x, y)|x=Iτ( S nz ) e y=Iτ(fn S nz ), para cada z>0}
(3) I(Pk) = {(Iτ(t1), Iτ(t2), …, Iτ(tn))|Pkt1t2...tn ∈ Σ}

Reclamamos que I satisfaz Σ. Provamos isso demonstrando


que I γ sss γ ∈ Σ, o que faremos usando indução sobre γ.
Antes, porém, demonstramos um sub-lema análogo a SL1.
SL2 também será usado e sua demonstração continua a
mesma, apenas com uma diferença de leitura, pois onde lá se
menciona I e Iτ, estes símbolos devem agora representar a
função e a interpretação definidas nesta seção.

Sub-Lema Análogo 1 (SLA1): Dado algum j < i, τi≈τj ∈ Σ


sss τj≈τi ∈ Σ. Vem:
277

(⇒):
τi≈τj ∈ Σ, para algum j < i (hip.)
Σ  τi≈τj (reflex.)
Σ  τi≈τi (II)
Σ  τj≈τi (EI)
τjτi ∉ Σ (do contrário Σ  τjτi e Σ seria
inconsistente)
τj≈τi ∈ Σ (maximalidade de Σ)

(⇒):

Esta parte segue a demonstração anterior, assumindo-se


a hipótese de que τj≈τi ∈ Σ, para algum j < i.

Demonstração de SL5:

i) γ é fórmula atômica

a) γ = τi≈τj
(⇒):
γ∉Σ (hip.)
(a1) j < i
τiτj ∈ Σ (maximalidade)
Iτ(τi) ≠ Iτ(τj) (3τ)
I(τi) ≠ I(τj) (SL2)
I τi≈τj
I γ
(a2) i < j
τiτj ∈ Σ (maximalidade)
τjτi ∈ Σ (SLA1)
Iτ(τj) ≠ Iτ(τi) (3τ)
I(τj) ≠ I(τi) (SL2)
I(τi) ≠ I(τj)
278

I τi≈τj
I γ
(⇐):
γ∈Σ (hip.)
(a1) j < i
τi≈τj ∈ Σ
Iτ(τi)= Iτ(τj) (2τ)
I(τi)= I(τj) (SL2)
I τi≈τj
I γ
(a2) j > i
τi≈τj ∈ Σ
τj≈τi ∈ Σ (SLA1)
Iτ(τj)= Iτ(τi) (2τ)
I(τj)= I(τi) (SL2)
I(τi)= I(τj)
I τi≈τj
I γ

b) γ= Pkt1t2...tn
(⇒):
γ∉Σ (hip.)
Pkt1t2...tn ∉ Σ
(Iτ(t1), Iτ(t2), …, Iτ(tn)) ∉ I(Pk) (3)
I Pkt1t2...tn
I γ
(⇐):
γ∈Σ
Pkt1t2...tn ∈ Σ
(Iτ(t1), Iτ(t2), …, Iτ(tn)) ∈ I(Pk) (3)
I Pkt1t2...tn
I γ

ii) γ= ¬α
279

(⇒):
I γ (hip.)
I ¬α
I α
α∉Σ (hip. indutiva)
¬α ∈ Σ (maximalidade)
γ∈Σ
(⇐):
γ∈Σ
¬α ∈ Σ (hip.)
Σ  ¬α (reflex.)
α∉Σ (do contrário Σ  α e Σ seria
inconsistente)
I α (hip. indutiva)
I ¬α
I γ

iii) γ=α∧β

(⇒):
I γ (hip.)
I α∧β
I α e I β
α∈Σeβ∈Σ (hip. indutiva)
ΣαeΣβ (reflex.)
Σ  α∧β (IC)
¬(α∧β) ∉ Σ (do contrário Σ  ¬(α∧β) e
Σ seria inconsistente)
α∧β ∈ Σ (maximalidade)
γ∈Σ
(⇐):
γ∈Σ
Σ  α∧β
280

ΣαeΣβ (EC)
¬α ∉ Σ e ¬β ∉ Σ (do contrário Σ seria inconsist.)
α∈Σeβ∈Σ (maximalidade)
I α e I β (hip. indutiva)
I α∧β
I γ

iv) γ=α∨β

(⇒):
γ∉Σ
¬(α∨β) ∈ Σ (maximalidade)
Σ  ¬(α∨β) (reflex.)
α∉Σeβ∉Σ (do contrário Σ  α∨β, por
ID, e Σ seria inconsistente)
I α e I β (hip. indutiva)
I α∨β
I γ
(⇐):
I γ
I α∨β
I α e I β
α∉Σeβ∉Σ (hip. indutiva)
¬α ∈ Σ e ¬β ∈ Σ (maximalidade)
Σ ¬α e Σ ¬β (reflex.)
α∨β ∉ Σ (do contrário Σα∨β e Σβ
por MTP ∴ Σ seria inconsist.)
γ∉Σ

v) γ=α→β

(⇒):
γ∉Σ
¬(α→β) ∈ Σ (maximalidade)
281

Σ  ¬(α→β) (reflex.)
¬α ∉ Σ (do contrário Σ¬β→¬α por C
e Σ α→β ∴ Σ seria inconsist.)
α∈Σ (maximalidade)
β∉Σ (do contrário Σ α→β por C
e Σ seria inconsistente)
I α e  I β (hip. indutiva)
I α→β
I γ
(⇐):
I γ
I α e  I β
α∈Σeβ∉Σ (hip. indutiva)
¬β ∈ Σ (maximalidade)
Σ  α e Σ  ¬β (reflex.)
α→β ∉ Σ (do contrário Σ β por MP e
Σ seria inconsistente)
γ∉Σ

vi) γ=α↔β

(⇒):
I γ
ou (i) I α e I β, ou (ii) I α e I β
Se (i) α ∈ Σ e β ∈ Σ (hip. indutiva)
¬(α↔β) ∉ Σ (do contrário Σ seria inconsist.,
pois {α, ¬(α↔β)} ¬β)
Se (ii) α ∉ Σ e β ∉ Σ (hip. indutiva)
¬α ∈ Σ e ¬β ∈ Σ (maximalidade de Σ)
¬(α↔β) ∉ Σ (do contrário Σ seria inconsist.,
pois {¬α, ¬(α↔β)} β)
¬(α↔β) ∉ Σ (por exaustão das possibilidades)
α↔β ∈ Σ (maximalidade)
γ∈Σ
282

(⇐):
I γ
ou (i) I α e I β ou (ii) I α e I β
Se (i) α ∈ Σ e β ∉ Σ ∴ ¬β ∈ Σ (hip. indutiva e maxim.)
(α↔β) ∉ Σ (do contrário Σ seria inconsist.,
pois {α, α↔β} β)
Se (ii) α ∉ Σ e β ∈ Σ ∴ ¬α ∈ Σ (hip. indutiva e
maximalidade)
(α↔β) ∉ Σ (do contrário Σ seria inconsist.,
pois {β, α↔β} α)
(α↔β) ∉ Σ (por exaustão das possibilidades)
γ∉Σ

vii) γ= ∀µα

(⇒):
I γ
I ∀µα
I α[µ/ti]
α[µ/kj] ∈ Σ (hip. indutiva)
α[µ/kj] ∈ Σi (tal que Σi= Σi-1∪{α[µ/kj]})
Σi  α[µ/kj] (reflex.)
Σi  ∀µα (I-∀, pois kj não ocorre em Σi)
Σ  ∀µα (monot.)
∀µα ∈ Σ (do contrário Σ seria inconsist.)
γ∈Σ
(⇐):
γ∈Σ
∀µα ∈ Σ
Σ  ∀µα
Σ  α[µ/ti] (para qualquer termo const. ti)

Assim, para qualquer termo constante ti, temos:


283

α[µ/ti] ∈ Σ (do contrário Σ seria inconsist.)


I α[µ/ti] (hip. indutiva)
I ∀µα (pois, por definição de I, cada
elemento do domínio é atribuído
a um termo constante)
I γ

viii) γ= ∃µα

(⇒):
I γ
I ∃µα
Suponhamos que ∃µα ∉ Σ
¬∃µα ∈ Σ (maximalidade)
Σ  ¬∃µα
Σ  ∀µ¬α
Σ  ¬α[µ/ti] (p/ qualquer termo constante ti)
Assim, para qualquer termo constante ti, temos:
¬α[µ/ti] ∈ Σ (do contrário Σ seria inconsist.)
I ¬α[µ/ti] (hip. indutiva)
I ∀µ¬α (pois, por definição de I, cada
elemento do domínio é atribuído
a um termo constante)
I ¬∃µα (o que contraria result. anterior)
Logo, ∃µα ∈ Σ
γ∈Σ
(⇐):
γ∈Σ
∃µα ∈ Σ
α[µ/kj] ∈ Σ (pois Σ é ω-completo)
I α [µ/kj] (hip. indutiva)
I ∃µα (cf. seção 2.2, item ix)
I γ
284

O que conclui a demonstração de SL5. Daí, segue


também o lema 1, pois mostramos que qualquer conjunto
consistente Γ de sentenças está contido em um conjunto Σ
satisfazível, o que implica que Γ também é satisfazível. Em
suma, temos estabelecido que, para qualquer conjunto de
sentenças Γ, se Γ é consistente, Γ também é satisfazível.
Procedemos então à parte final da demonstração da
completude. Vem:

Γα
Γ;¬α é insatisfazível (3.6, lema 1)
Γ;¬α é inconsistente (lema 1)
Γ;¬α  β
Γ;¬α  ¬β
Γ  ¬α→β (TD)
Γ  ¬α→¬β (TD)
Γ  ¬¬α (RA)
Γα (DN)

Podemos concluir assim duas coisas maravilhosas: (1) que


se α é conseqüência de Γ, então α é dedutível de Γ, o que
equivale a dizer que nosso conjunto de regras é completo, e
(2) que você, leitor, é muito paciente.

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