Você está na página 1de 9

A interpretação conjuntista da lógica

OS CONCEITOS FUNDAMENTAIS
A noção conjuntista de interpretação
DEFINIÇÃO 1.1.1 Uma interpretação I para L é constituída de um conjunto
não vazio, dito o universo da interpretação (indicado por
|I|), e de uma função que associa:
1 a cada constante individual de L, um elemento do universo da
interpretação;
2 a cada símbolo para predicado de grau n (com n ≥ 1) de L, uma
relação de grau n definida no universo da interpretação (isto é, um
conjunto de n-úplas de objetos do universo)

Notação
No que se segue, o universo de uma interpretação será indicado pondo entre barras
a expressão (ou o sinal) empregada para indicar a interpretação como um todo – assim,
se I indica uma interpretação, |I| indica o universo dessa interpretação. Ademais, diremos
que a denotação de um símbolo não lógico numa interpretação é aquilo que a
interpretação associa ao símbolo (um elemento do universo da interpretação, se o símbolo
for uma constante individual, ou um conjunto de sequências finitas todas da mesma, se
for uma letra predicativa) e isso será indicado da maneira usual de indicar o valor de uma
função para um dado argumento; ou seja, se I for uma determinada interpretação e S for
símbolo não lógico de L (isto é, uma constante individual ou uma letra predicativa), I(S)
indica o valor de S em I (ou seja, a denotação de S em I).
Exemplo de uma interpretação
Como exemplo de uma interpretação, tomemos a seguinte (que vamos indicar pela
1
expressão Uagahr )

|Uagahr| = ℤ+ (={1,2,3,4,…})
Uagahr(k) = 1
Uagahr(l) = 2
Uagahr(m) = 21
Uagahr(n) = 23.
678.876
Uagahr(t) = 1, para qualquer outra constante individual de L
Uagahr(P1) = {n  ℤ+ : n é par}
Uagahr(I1) = {n  ℤ+ : n é impar}
Uagahr(Q1) = {n  ℤ+ : n é primo}
Uagahr(M2) = {<n, m>  ℤ+ X ℤ+ : n é menor ou igual a m}
Uagahr(S3) = {<n, m, p>  ℤ+ X ℤ+ X ℤ+ : a soma de n com m é p}

1
Eu ia escrever outra expressão, mas os dedos escolheram essa e, portanto, fica essa.

1
Uagahr(R) = Ø, para qualquer outra letra predicativa R de L
Observemos que Uagahr está bem caracterizada como uma interpretação de L,
consoante a definição dada de interpretação. Pois, nas teorias usuais de conjuntos mostra-
se que os números inteiros positivos formam um conjunto e, dados os cânones da teoria
de conjuntos, os símbolos descritivos de L são interpretados adequadamente, em
particular, no tocante às letras predicativas, uma vez que o vazio é subconjunto de
qualquer conjunto (portanto, é tanto uma propriedade, quanto uma relação binária, como
uma relação ternária, etc.)
A noção intuitiva de verdade e de satisfação em uma interpretação
Não é difícil aprender, de um ponto de vista intuitivo, o que deve significar afirmar
que uma sentença de L é verdadeira em uma interpretação. Mais ainda, facilmente se
percebe que, dado os significados pretendidos do vocabulário lógico (dos conectivos e
dos quantificadores), o predicado “ser uma sentença de L verdadeira em uma
interpretação” resta bem determinado, ao ser especificado a interpretação a que se está
2
fazendo alusão . Dizendo de outro modo, damo-nos facilmente conta que, levando-se em
conta os significados pretendidos do vocabulário lógico, cada interpretação divide o
conjunto das sentenças de L em dois subconjuntos: o das sentenças verdadeiras na
interpretação e o das sentenças falsas nela. Consideremos, por exemplo, a interpretação
Uagahr apresentada antes.
Nessa interpretação, como facilmente percebemos, são verdadeiras, entre
infindáveis outras, as sentenças:
I1 k P1 l Q1 l S3kkl.
E que são falsas, entre infindáveis outras, as sentenças:
I1 l P1 k Q1m S3lkm.
Visto que, por um lado, um e dois são ambos números pares, e dois é também um número
primo e, ademais, a soma de um consigo mesmo é dois. Por outro lado, nem dois é ímpar,
nem o número um é par, tampouco o número vinte e um é primo; e, por fim, a soma de
dois e um resulta em três, mas não em vinte e um.
Facilmente nos damos conta, portanto, que a verdade ou falsidade das sentenças
atômicas restam determinadas, ao considerarmos uma interpretação, por exemplo,
Uagahr. O mesmo pode ser dito com respeito às sentenças complexas (moleculares e
gerais), ainda que talvez seja um pouco mais custoso perceber que, dado os significados
pretendidos do vocabulário lógico de L, interpretações determinam o valor de verdade de
sentenças complexas. Mas qualquer um percebe que uma sentença de L que seja a
conjunção de quaisquer duas sentenças do primeiro grupo de sentenças, no exemplo
acima, é uma sentença verdadeira de L em Uagahr; o mesmo se tomarmos a disjunção
formada por uma sentença do primeiro grupo e por qualquer outra sentença de L. Ou, que
são verdadeiras em Uagahr quaisquer sentenças condicionais que tenham como
antecedente uma sentença falsa em Uagahr ou cujo consequente seja verdadeiro em
Uagahr, e assim por diante.

2
Evidentemente, em toda essa discussão, assumimos o ponto de vista da matemática clássica, segundo o
qual as entidades de que a matemática cuida estão completamente determinadas em si mesmas, de sorte
que posições acerca delas são determinadamente e em si mesmas ou verdadeiras ou falsas, independente
das arrogâncias cognitivas.

2
Também facilmente percebemos, se atualizarmos nossos conhecimentos de
aritmética elementar, que são verdadeiras as sentenças
xP1x x(P1x  I2x) x(P1x  Q1x) x(Q1x  M2nx)
E são falsas as sentenças:
xP1x x((P1x  Q1x)  y(S3lky  M2yl))
Aqui é importante distinguir entre estar em si mesmo determinado e algum ser
cognoscitivo finito (em particular, algum ser humano) saber (ter determinado para ele).
Pois, mesmo naqueles casos nos quais não somos cientes do valor de verdade efetivo da
sentença, somos capazes de perceber o que deveria ser o caso para que esse valor seja o
verdadeiro ou, alternativamente, para que seja o falso. Por exemplo, para que a sentença:
xy((Q1x  Q1y)  S3xly)  zw(((Q1z  Q1w)  S3zlw)  M2wy))
3
seja verdadeira, basta que não existam infinitos primos gêmeos , embora não saibamos
ainda se isso é ou não o caso. Ou, para que a sentença
x (Px w( S3wlk  M2wx)  yz (Q1y  Q1z  S3xyz))
seja verdadeira é suficiente que todo número par maior que dois seja igual a soma de dois
4
números primos (a famosa conjectura de Goldbach) .
Observemos que, na avaliação de sentenças gerais em uma interpretação, devemos
recorrer, mesmo que de maneira apenas implícita, a uma noção auxiliar que,
diferentemente da noção de verdade, diga respeito a quaisquer formulas (sejam elas
abertas ou fechadas) e não apenas a sentenças (fórmulas fechadas), como é o caso da
verdade, em seu uso próprio. Se nos fosse pedido para justificar porque a sentença
“xP1x” é verdadeira em Uagahr, talvez sejamos tentados a dizer que é porque “P1l” é
verdadeira em Uagahr. Mas essa maneira de justificar, a partir de instâncias particulares
da sentença geral, não se aplica à verdade em Uagahr da sentença “x(Q1x  M2nx)”.
Com efeito, visto da perspectiva oferecida pela compreensão pretendida dos
quantificadores, não é porque uma de suas instâncias é verdadeira, que uma sentença
particular é verdadeira, tampouco é porque são verdadeiras todas as instâncias de uma
sentença universal que essa sentença universal é verdadeira. Dessa perspectiva, a verdade
ou falsidade de sentenças gerais depende do comportamento dos objetos em relação aos
predicamentos (propriedades e relações) distinguidos na interpretação; ou seja, em
particular, uma sentença como “x(Q1x  M2xm)” é verdadeira em Uagahr porque há no
universo de Uagahr um objeto que satisfaz tanto o predicado ser primo como ser maior
ou igual a 21.
A compreensão da satisfação como uma relação entre objetos de uma dada
interpretação e fórmulas não é inteiramente precisa. Em sentido estrito, é apenas no caso
de formulas contendo ocorrências de uma única variável livre (parâmetro) que podemos
afirmar que objetos a satisfazem ou não. Por exemplo, podemos afirmar com pleno
sentido, ainda que com carência de verdade, que em Uagahr o número dois mil quinhentos
e trinta e quatro satisfaz a fórmula, I1a ou, agora com não apenas sentido, mas também

3
Lembremos que dois números primos são ditos primos gêmeos se o maior dentre eles for o menor mais
dois.
4
Novamente, o leitor sagaz deve ter percebido o circunlóquio a que fomos obrigados para expressar a noção
de maior que dois: existe um número que é a soma de dois e um e esse número é menor ou igual a ao
número em pauta.

3
verdade, que o número dois satisfaz a fórmula I1a  Q1 a. Todavia, se estivermos
considerando fórmulas contendo ocorrências de mais de um parâmetro (variável livre),
não é suficiente considerar, de cada vez um número adequado de objetos (conforme o
número de distintos parâmetros que tomam parte na fórmula), é necessário associar
univocamente os objetos às variáveis livres da fórmula. Consideremos a fórmula M2ab e
a interpretação Uagahr novamente. Nesse caso, dizer simplesmente que três e quatro
satisfazem a fórmula não é ainda dizer algo bem determinado, é necessário supor uma
associação entre os objetos considerados e os parâmetros da fórmula e, conforme
associação considerada, a afirmação pode ser verdadeira (se associarmos três ao primeiro
parâmetro e quatro ao segundo) ou pode ser falsa (caso consideremos a associação inversa
da anterior). Uma maneira natural de determinar essa associação é considerar os objetos
como dados numa determinada ordem (ou seja, como pares ordenados, ternos ordenados,
etc. – e de maneira geral, sequências finitas) e associá-los nessa ordem aos parâmetros da
fórmula na ordem em que esses ocorrem pela primeira vez. Desse modo, atribuímos como
valor da variável que ocorrer primeiramente na fórmula o primeiro objeto, a que ocorrer
segundamente, o segundo objeto e assim por diante. Por exemplo, considerando
novamente Uagahr, o par ordenado de números <3,5> satisfaz a fórmula M2ab; ao passo
que o par ordenado <5,3) não satisfaz essa fórmula. Ou, noutro exemplo, o par <2,3>
satisfaz a fórmula
P1a  M2ab,
já o par <3,2> não a satisfaz.
A noção de satisfação é emblemática da compreensão clássica contemporânea da
predicação e da quantificação. Graças a ela, toda fórmula pode ser compreendida como a
expressão de um conceito (em sentido amplo, que compreende não apenas conceitos de
propriedades, mas também de relações). De maneira geral, toda fórmula expressa uma
5
relação : aquela em que objetos estão na relação se e apenas se satisfizerem a formula em
questão. Isso permite com que um capítulo tradicional da Lógica (pelo menos desde os
medievais) pareça (mas na verdade apenas pareça) ter desaparecido: a teoria do conceito;
porque agora incorporado na teoria dos modelos (que analisa as fórmulas abertas). Assim,
por exemplo, pode-se introduzir a noção de expressável, dizendo que uma relação é
expressável em L com respeito a uma interpretação se a relação for expressa por uma
fórmula gramaticalmente adequada da linguagem L.
Tal como a noção de verdade, a noção de satisfação é de fácil assimilação
intuitiva, dada a significação pretendida do vocabulário lógico. Mas para aqueles que
sentem a necessidade da expressão manifestamente precisa e se encantam com a
linguagem matemática (às vezes esquecendo até mesmo o significado e o propósito em
empregá-la), vamos nos apressar em fornecer as caracterizações tidas como precisas
desses conceitos.
O conceito de satisfação

5
Por abuso de linguagem, porém não apenas cômodo, mas apoiado em hábitos e costumes já arraigados
nas comunidades matemáticas, podemos pensar os dois valores de verdade, o verdadeiro e o falso, também
como duas relações de grau zero. Assim, sentenças verdadeiras expressam a relação o verdadeiro e as falsas,
a relação o falso. Essa maneira de falar se torna inteiramente congenial à matemática, se substituirmos as
relações por objetos matematicamente equivalentes a eles (a saber, suas funções características) de sorte a
ter duas funções características de grau zero, a função constante um e a constante zero.

4
Antes de apresentar uma definição matemática precisa para a noção de satisfação,
convêm alguns esclarecimentos prévios. É fácil perceber que a satisfação, tal como
aludida antes, é uma relação sistematicamente ambígua no tocante a seus eventuais
primeiros termos, visto esses serem ora objetos considerados isoladamente, ora pares
ordenados, ora triplas, etc. A natureza do primeiro termo (se um objeto isolado, um par
de objetos, um terno, etc.) é determinada pelo segundo termo da relação (mais
precisamente, pelo número de distintas variáveis livres – parâmetros – que ocorrerem
nessa fórmula). Assim, se a fórmula contiver ocorrências de apenas uma variável livre,
diremos que um objeto satisfaz (ou não satisfaz) a fórmula em pauta; se contiver
ocorrências de duas variáveis livres diferentes, diremos que um par de objetos a satisfaz
(ou não a satisfaz) e assim por diante. Essa ambiguidade sistemática acarreta certa
embaraço para uma definição uniforme e precisa da relação de satisfação. Dificuldade
que é agravada pelo fato de que a satisfação (ou não) de uma fórmula pode depender da
satisfação (eventualmente, não satisfação) de uma fórmula contendo um número maior
de varáveis livres que a original. Para perceber esse agravante, basta considerar uma
fórmula na qual ocorram tanto variáveis livres, como variáveis ligadas; por exemplo, se
considerarmos a interpretação Uagahr, a satisfação da fórmula xM2xa, com ocorrências
de uma única variável livre, por um objeto do universo de Uagahr (ou seja, um inteiro
positivo) dependerá da possibilidade de encontrar um segundo objeto (eventualmente
idêntico ao primeiro), de sorte que o par cuja primeira ordenada é esse segundo objeto e
a segundo ordenada é o objeto original satisfaça, por exemplo, a fórmula (agora com duas
variáveis livres) M2ba. Assim, para lograrmos uma definição uniforme, convém
considerar sequencias infinitas de objetos como possíveis primeiros termos da relação (e
assim, ficam cobertos todos os casos possíveis). Por outro lado, a associação entre os
objetos e as variáveis sugeridas antes (dependente da ordem de ocorrências dessas últimas
na fórmula) também causaria certos embaraços (porquanto dependeria da fórmula
considerada). Assim, vamos considerar um meio de associar objetos a parâmetros
(qualquer que seja o número deles), dada uma sequência infinita de objetos, que
independe das fórmulas, a saber, segundo os índices dos parâmetros (ao primeiro
parâmetro da linguagem, a1, associa-se o primeiro objeto da sequência, ao segundo
parâmetro, o segundo objeto e assim por diante).
Afastemo-nos, portanto, da noção original de satisfação, considerando esta como
uma relação entre sequências infinitas de objetos (assim cobrindo todos os casos possíveis
e imagináveis) e fórmulas abertas.
DEFINIÇÃO Seja I uma interpretação para L. A noção de satisfação
(mais especificamente, uma sequência infinita s de objetos
do universo de I satisfaz uma fórmula A em I) é definida,
de maneira recursiva, através das cláusulas seguintes:
1 A é atômica
i) A é da forma Pnt1....tn
s satisfaz A em I se < (t1)s.... (tn)s> I(Pn), onde,
para j=1,…,n, (tj)s é I(tj), se tj for uma constante
individual e (tj)s é k-ésimo elemento de s, se tj for o
k-ésimo parâmetro de L
2 A é molecular:
ii) A é da forma B

5
s satisfaz A em I se s não satisfaz B em I
iii) A é da forma B  C
s satisfaz A em I se s satisfaz B em I e s satisfaz
C em I
iv) A é da forma B  C
s satisfaz A em I se s satisfaz B em I e/ou s
satisfaz C em I;
v) A é da forma B  C
s satisfaz A em I se s não satisfaz B em I e/ou s
satisfaz C em I
vi) A é da forma B  C
s satisfaz A em I se ou bem s satisfaz B em I e s
satisfaz C em I, ou bem s não satisfaz em I
nenhuma delas
3 A é geral:
vii) A é da forma xB. Seja a o primeiro parâmetro a
de L a não ocorrer em A e seja k a ordem desse
parâmetro em L
s satisfaz A em I se s’ satisfaz B, para qualquer
sequência s’ em |I |que difere de s no máximo por
conter outro elemento do universo de I no k-ésimo
lugar.
viii) A é da forma xB
s satisfaz A em I se s’ satisfaz B em I, para
alguma sequência s’ em |I | que difere de s no
máximo por conter outro elemento do universo de
I no k-ésimo lugar.

A proposição a seguir permite recuperar a noção original de satisfação como uma


relação entre, por um lado, séries finitas de objetos (objetos tomados isoladamente, pares,
ternos, quádruplas, quíntuplas, etc.) e, por outro, fórmulas, mostrando, assim, que o apelo
ao infinito é apenas um dispositivo de simplificação (no sentido matemático, obviamente,
de simplificação) da definição.
PROPOSIÇÃO. Seja A uma fórmula qualquer de L e sejam s e s’ duas sequências
quaisquer em I concordes entre si nos lugares correspondentes aos
índices dos parâmetros que ocorrem em A (ou seja, para qualquer
inteiro positivo, k, se ak ocorre em A, então s e s’ possuem o
mesmo elemento de |I| no k-ésimo lugar). Assim, s satisfaz A em I
se e apenas s’ satisfaz A.

DEFINIÇÃO. Seja A uma fórmula de L na qual ocorrem exatamente n


parâmetros distintos (n 0) e sejam a1, ..., an objetos do universo

6
de I (não necessariamente distintos entre si). Dizemos que a1,..., an
satisfazem A (em I) se existir uma sequência infinita s em |I| que
satisfaz A em I e que contém os objetos a1,..., an nos lugares
correspondentes aos parâmetros em A na ordem de suas primeiras
ocorrências nessas fórmulas.

DEFINIÇÕES: Sejam A uma fórmula de L e Γ um conjunto de fórmulas de L.


1 Dizemos que A é verdadeira em I se for satisfeita por todas as
sequências infinitas de objetos de |I|. E, por outro lado, A é falsa em
I se nenhuma sequência a satisfaz.
2 Uma sentença A de L diz-se válida se for verdadeira em todas as
interpretações para L.
3 Uma interpretação I para L diz-se um modelo do conjunto Γ se todas
as fórmulas em Γ forem verdadeiras em I;
4 A sentença A é consequência do conjunto Γ se A for verdadeira em
todos os modelos de Γ.

O leitor deve atentar para o fato dos adjetivos “verdadeiro” e “falso”, quando
aplicados a fórmulas abertas, não serem contraditórios entre si, ou seja, dizer que uma
fórmula é falsa não é equivalente a dizer que ela não é verdadeira. Para não ser verdadeira
é suficiente que alguma sequência não a satisfaça, ao passo que, para ser falsa é
necessário que todas as sequências não a satisfaçam. Assim, percebemos que uma
fórmula aberta pode não ser nem verdadeira, nem falsa em uma interpretação.
EXERCÍCIOS
I. Sejam I e I’ interpretações tais que:
UI {1, 2, 3, 4, 5} UI’ {1, 2, 3, 4, 5, ...}
I(F1) {1, 2, 3} I’(F1) conjunto dos ímpares
I(G 1) {1, 3, 4} I’(G1) {3, 7, 18}
I(P1) {2} I’(P1) conjunto dos primos
I(R2) relação maior que I’(R2) relação menor que
I(M2) {1,2, 2,1, 3,2} I’(M2) relação múltiplo de
I(k) é 1 I’(k) é 3
I(m) é 5 I’(m) é 11
1. Determine, em I e em I’, o valor de verdade de:
a)  R2km g)  (R2km  R2mk)
b) (M2km  P1m) h) (M2km M2mk)
c) (R2km  M2km) i)  (P1k  P1m)
d) ( P1k  P1m) j) xyM2xy
e) (P1m  R2mk) l) (R2km  M2mk)
f) (R2km  (P1m  P1m))
2. Determine, em I e em I’, o conjunto dos elementos que satisfazem:

7
a)  F1a f) (G1a   G1a)
b) F1a g) (F1a  G1a)
c)  R2ak h) (G1a  F1a)
d) (R2ak) i)  (F1a  G1a)
e)  G1a j)  (F1a  G1a)
3. Sendo Acada uma das fórmulas do exercício anterior, determine, em I e em
I', o valor de verdade de xA[a/x] e xA[a/x].
4. Determine, em I e em I’, o valor de verdade de:
a) x F1x j) x (F1x  G1x)
b) x  F1x l) x (R2xk  G1x)
c) x G1x m) x (R2xm  R2kx)
d) x  G1x n) x (F1x  R2kx)
e)  x G1x o) x (F1x  G1x)
F)  x  G1x p) x (F1x  G1x)
g)  x F1x q) (x F1x  x  F1x)
h)  x  F1x r) x (F1x   F1x)
i) x (F1x  G1x)

5. Em I’, dê exemplo de uma fórmula que expresse o conjunto:


a) {2} d) {4, 6, 8, 10, 12, ...}
b) {1, 3} e) UI’
c) {3, 7}
6. Em I, dê exemplo de uma fórmula que seja satisfeita exatamente pelos
elementos do conjunto:
a) {4, 5} d) {4}
b) {3} e) { }
c) {5}

II. Nos exercícios seguintes, considere I uma interpretação cujo universo de discurso
é constituído pelos números naturais, na qual todas as constantes individuais
recebem como interpretação o número zero e que, ademais, satisfaz as seguintes
condições:
I(A1) é o conjunto dos números pares
I(B1) é o conjunto dos números primos
I(E2) é a relação menor que (i.e. o conjunto dos pares de números naturais tais
que o primeiro é menor que o segundo)
I(M2) é a relação maior que (i.e. o conjunto dos pares de números naturais tais
que o primeiro é maior que o segundo)
I(S3) é a relação ser a soma de dois outros números (i.e. o conjunto dos ternos de
números naturais tais que o primeiro é a soma do segundo com o terceiro)
I(P3) é a relação ser o produto de dois outros números (i.e. o conjunto dos ternos
de números naturais tais que o primeiro é o produto do segundo com o terceiro)

8
1. Para cada uma das fórmulas abaixo, a) encontre uma sequência no universo de
I que a satisfaça em I, se for possível e b) determine as sequências que a
satisfazem.
Aa; Ba; Eak; Eka; Sabc; Pabc; Skab; xExk; Pkab; Eka Mka; Aa Ba; Aa 
Ba;
x(Exa  yz(Eky Ekz  Payz));
Eka  xy (Ekx Eky Saxy);
xyPyxa
2. Quais dentre as fórmulas do exercício anterior são verdadeiras? Quais são
falsas?
3. Para cada uma das propriedades e ou relações seguintes, encontre uma fórmula
que a expresse:
a relação de identidade
ser o número 1
não ser par
ser múltiplo de
ser o número dois
ser o dobro de

Você também pode gostar