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Unidade III
Estudaremos os argumentos lógicos proposicionais. Entenderemos a definição de argumento,
conheceremos as regras de inferência e discutiremos técnicas de validação de argumentos.
5 ARGUMENTOS LÓGICOS
Antes de definir um argumento, vamos entender o conceito de premissa. Uma premissa é uma sentença
declarativa, hipoteticamente verdadeira, que serve de base para um raciocínio lógico. Esse raciocínio é
capaz de levar a uma nova verdade, a conclusão. Podemos pensar que as premissas são sentenças que
servem de base para um raciocínio, ou um argumento.
Com base nisso, um argumento lógico nada mais é do que uma coleção de sentenças ou proposições
que se relacionam mutuamente, de forma que pelo menos uma tem a função de premissa e a outra tem
a função de conclusão. Observe o exemplo seguinte.
Temos, nesse argumento lógico, duas premissas, ou seja, duas sentenças conhecidas que consideramos
verdadeiras e que, por meio do nosso raciocínio, levam a uma terceira sentença, também verdadeira,
que é a conclusão. As premissas, portanto, são capazes de construir a sentença de conclusão, por meio
do raciocínio lógico. Aposto que você, ao ler as duas premissas, já foi capaz de deduzir a conclusão do
argumento, por conta própria. Isso acontece porque as informações apresentadas pelas premissas servem
de evidência para a conclusão, ou seja, elas devem ser capazes de sustentar a conclusão.
O argumento apresentado como exemplo tem um formato conhecido na lógica como silogismo.
Um silogismo é um argumento constituído por duas premissas, sendo uma delas de conteúdo mais
abrangente (premissa maior) e a outra de conteúdo mais específico (premissa menor), além, é claro, de
uma conclusão. No caso, a premissa 1 é a premissa maior, a premissa 2 é a premissa menor.
A lógica tem como um de seus principais objetivos, justamente, a análise das nossas formas de
raciocínio. Por isso, as estruturas argumentativas são de grande interesse para a área.
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LÓGICA
Observação
Saiba mais
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Unidade III
seguinte, a conclusão. O símbolo ∴ é lido como “portanto”, e reforça que se trata de uma sentença de
conclusão. Ele não é obrigatório, mas costuma preceder o formato da sentença conclusiva.
No formato 2, que costuma ser menos utilizado, simplesmente separamos a simbologia de cada uma
das premissas e a da conclusão por vírgulas. Nesse caso, a conclusão é a última simbologia apresentada.
Note que, nesse formato, todo o argumento é apresentado em apenas uma linha, de forma horizontal.
No formato 3, que costuma ser bastante utilizado em questões de raciocínio lógico, separamos
cada uma das premissas entre si por vírgulas. Já a conclusão aparece após o símbolo ⊢, conhecido
como “catraca”. No contexto, esse símbolo também pode ser lido como “portanto”. Nesse formato,
todo o argumento é apresentado em apenas uma linha, de forma horizontal.
Observação
Utilizamos a cor azul para indicar as premissas e a cor verde para indicar
a conclusão, apenas para destacá‑las visualmente. Na prática, a literatura de
lógica não utiliza qualquer distinção de cores entre as sentenças que atuam
como premissas e como conclusão. O formato adotado já é suficiente para
que essa distinção seja feita.
Para que uma estrutura argumentativa seja considerada válida, é preciso que a conclusão seja
necessariamente verdadeira sempre que todas as premissas também o forem. Portanto, em um
argumento válido, a veracidade das premissas é incompatível com a falsidade da conclusão. Nesse caso,
podemos definir argumento válido da seguinte forma: a conjunção das premissas do argumento implica
a conclusão. Simbolicamente, temos a relação a seguir.
P1 ∧ P2 ∧ ... ∧ Pn ⇒ Q
Lembrete
Como a relação de implicação entre conjunção de premissas e conclusão pode ser testada para
confirmar se um argumento é válido ou não, podemos utilizar tabelas‑verdade para tal finalidade.
Nos exemplos a seguir, é justamente isso o que faremos. Se você não se lembra de como funciona a
relação de implicação, consulte esse conteúdo novamente na unidade II deste livro‑texto.
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LÓGICA
Exemplo de aplicação
Resolução
No argumento apresentado no enunciado, temos duas premissas que se encontram separadas entre
si por vírgula, e uma conclusão, posicionada após o símbolo ⊢. Se expressarmos o argumento no formato
vertical, conseguimos enxergar isso mais claramente. Observe a seguir.
𝑎 → 𝑏 (P1)
𝑎 (P2)
--------------
∴ 𝑏 (Q)
𝑎 𝑏 𝑎 → 𝑏 (𝑎 → 𝑏) ∧ 𝑎 𝑏
1 V V V V V
2 V F F F F
⇒
3 F V V F V
4 F F V F F
Na prática, esse formato ser válido representa que, se 𝑎 → 𝑏 e 𝑎 forem premissas verdadeiras
dentro do contexto no qual se encontram, necessariamente, 𝑏 será uma conclusão verdadeira.
Isso ocorre devido à própria estrutura formal do argumento. Discutiremos essa estrutura
novamente, ainda nesta unidade, apresentando um contexto para tornar isso mais claro. Por
enquanto, vamos apenas focar em verificar se um argumento é válido ou não avaliando a relação
de implicação.
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Unidade III
Resolução
𝑎 → 𝑏 (P1)
𝑏 (P2)
--------------
∴ 𝑎 (Q)
𝑎 𝑏 𝑎 → 𝑏 (𝑎 → 𝑏) ∧ 𝑏 𝑎
1 V V V V V
2 V F F F V
⇒
3 F V V V F
4 F F V F F
Na prática, esse formato ser inválido representa que, mesmo que 𝑎 → 𝑏 e 𝑏 sejam premissas
verdadeiras dentro do contexto no qual se encontram, não podemos garantir que 𝑎 será também uma
proposição verdadeira. Logo, não podemos dizer que 𝑎 é uma conclusão que deriva dessas premissas.
Isso é devido à própria estrutura formal do argumento. Discutiremos essa estrutura novamente, ainda
nesta unidade.
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LÓGICA
Observação
Saiba mais
Para saber mais sobre esse assunto, leia o artigo intitulado “Lógica
jurídica, argumentação e racionalidade”, da autoria de Marcio Luiz
Coelho de Freitas.
O termo inferir significa deduzir ou concluir algo a partir da análise de fatos e do uso do raciocínio
lógico. Nesse contexto, inferência é o processo pelo qual afirmamos a verdade de uma proposição (Q)
em decorrência de sua ligação com outras, já assumidas como verdadeiras (P).
As regras de inferência nada mais são do que argumentos válidos notáveis, utilizados
frequentemente na dedução de proposições de conclusão. Assim como, na unidade II, estudamos as
equivalências notáveis, agora, estudaremos algumas estruturas argumentativas, reconhecidamente
válidas, que podem ser utilizadas em conjunto na análise de argumentos mais complexos.
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Unidade III
você procure deduzir a conclusão do argumento por conta própria. Esse exercício cria familiaridade
com cada estrutura argumentativa abordada. Todas as premissas serão consideradas como fatos
conhecidos, ou seja, proposições verdadeiras, o que nos leva a conclusões também verdadeiras.
Apresentaremos, também, entre parênteses, uma forma abreviada de nos referirmos a cada uma
das regras. Por exemplo, a regra da União pode ser identificada apenas como U quando a utilizarmos
posteriormente em nossas deduções. Vamos, então, à apresentação de dez regras de inferência
amplamente conhecidas na literatura de lógica.
União (U)
𝑎 (P1)
𝑏 (P2)
--------------
∴ 𝑎 ∧ 𝑏 (Q)
A regra da União diz que, se 𝑎 é verdade e 𝑏 também é verdade, 𝑎 ∧ 𝑏 tem de ser verdade. Desse
modo, podemos corretamente concluir 𝑎 ∧ 𝑏 se partirmos da premissa 𝑎 e da premissa 𝑏. Acompanhe
o exemplo a seguir.
𝑎 → 𝑏 (P1)
𝑎 (P2)
--------------
∴ 𝑏 (Q)
Modus Ponens é um termo em latim que pode ser traduzido como “modo de afirmação”. Como premissa,
temos uma condicional entre duas proposições, 𝑎 → 𝑏, considerada verdadeira. A outra premissa afirma
que o antecedente dessa condicional, 𝑎, é verdadeiro. Com isso, podemos inferir corretamente que o
consequente, 𝑏, também será verdadeiro, afinal, se a condicional era verdadeira e a causa aconteceu, a
consequência também deve acontecer. Acompanhe o exemplo.
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LÓGICA
O formato argumentativo MP ocorre com frequência no nosso cotidiano, mesmo que não enunciemos
as premissas formalmente, como estamos fazendo aqui. Por exemplo: suponha que José está competindo
com Pedro em um jogo de baralho. Em dado momento, José faz uma trapaça. Pedro, percebendo a atitude
desonesta, diz que, se José trapaceasse novamente, ele iria parar de jogar. José, em seguida, faz uma nova
trapaça, e Pedro novamente percebe. O que você espera que Pedro faça?
Se você assumiu que as informações são verdadeiras, provavelmente, concluiu que Pedro parou
de jogar. Para chegar a essa conclusão, você raciocinou de acordo com a regra MP, mesmo que
inconscientemente. Note que, na história, não nos preocupamos muito com a formalidade do argumento,
apenas descrevemos a situação sem um grande compromisso com a estrutura. De qualquer modo, o MP
está lá, e pode ser formalmente anunciado.
𝑎 → 𝑏 (P1)
~𝑏 (P2)
--------------
∴ ~𝑎 (Q)
Modus Tollens é um termo em latim que pode ser traduzido como “modo de negação”. Como premissa,
temos uma condicional entre duas proposições, 𝑎 → 𝑏, considerada verdadeira. A outra premissa afirma
que o consequente dessa condicional, 𝑏, é falso (na verdade, isso é feito afirmando que a negação do
consequente, ~𝑏, é verdadeira). Com isso, podemos inferir corretamente que a negação do antecedente,
~𝑎, também será verdadeira. Se a condicional era verdadeira e o consequente não aconteceu, significa
que o antecedente também não aconteceu. Acompanhe o exemplo.
Adição (A)
𝑎 (P1)
-------------
∴ 𝑎 ∨ 𝑏 (Q)
A regra da Adição parte de apenas uma premissa. A conclusão pode causar certa estranheza num
primeiro momento, afinal, ela inclui uma proposição que não fazia parte da premissa. Para entendê‑la,
precisamos nos atentar à definição da própria operação de disjunção inclusiva: seu resultado é verdadeiro
quando pelo menos um de seus componentes for verdadeiro.
A premissa nos diz que a afirmação 𝑎 é verdadeira. Com isso, 𝑎 ∨ 𝑏 tem de ser verdade. De fato,
𝑎 ou qualquer outra proposição será verdade, pois já sabemos da premissa que a primeira parte da
conjunção é verdadeira, o que já é suficiente para que a conclusão também o seja. Acompanhe o exemplo.
Simplificação (S)
A premissa da regra da Simplificação nos leva a duas conclusões distintas. Desse modo, apresentaremos
duas regras distintas, que seguem o mesmo raciocínio para atingir a conclusão. Vamos à primeira.
𝑎 ∧ 𝑏 (P1)
-------
∴ 𝑎 (Q)
Essa regra parte de apenas uma premissa, que é uma conjunção entre proposições, 𝑎 ∧ 𝑏. Para entender
a conclusão, precisamos nos atentar à definição da própria operação de conjunção: seu resultado é
verdadeiro apenas quando todos os seus componentes forem verdadeiros. Desse modo, é correto inferirmos
que o primeiro componente da conjunção, 𝑎, é verdadeiro. Veja o exemplo seguinte.
Talvez você já tenha se atentado à segunda possível conclusão que podemos tirar da mesma premissa,
seguindo o mesmo raciocínio. Ora, se podemos concluir o primeiro componente da conjunção, 𝑎, é
verdadeiro, também podemos concluir que o segundo componente da conjunção, 𝑏, é verdadeiro. Isso
nos leva ao segundo formato, demonstrado a seguir.
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LÓGICA
𝑎 ∧ 𝑏 (P1)
----------
∴ 𝑏 (Q)
𝑎 → 𝑏 (P1)
𝑏 → 𝑐 (P2)
------------
∴ 𝑎 → 𝑐 (Q)
Na regra de inferência intitulada Silogismo Hipotético, temos duas premissas do tipo condicional,
e chegamos a uma conclusão, também, condicional. A primeira premissa, 𝑎 → 𝑏, tem uma proposição
como consequente, 𝑏, que se repete como antecedente da segunda premissa, 𝑏 → 𝑐. Com isso, podemos
pular essa proposição que se repete e, na conclusão, fazemos a “setinha” apontar diretamente de 𝑎
para 𝑐. Com um exemplo em linguagem corrente, fica mais claro o motivo pelo qual esse raciocínio é
válido. Acompanhe.
A regra Silogismo Disjuntivo tem dois formatos distintos, que seguem o mesmo raciocínio para
atingir a conclusão. Vamos ao primeiro formato.
𝑎 ∨ 𝑏 (P1)
~𝑎 (P2)
-------------
∴ 𝑏 (Q)
Novamente, para entender a regra de inferência, precisamos nos ater à definição da operação
de disjunção inclusiva: seu resultado é verdadeiro quando pelo menos um de seus componentes for
verdadeiro. Temos, como primeira premissa, uma disjunção entre duas proposições, 𝑎 ∨ 𝑏. Como
segunda premissa, sabemos que ~𝑎 é verdade, ou seja, temos que 𝑎 é falso. Como um dos componentes
da disjunção é necessariamente falso, precisamos que o outro componente seja verdadeiro para que
a premissa continue sendo uma verdade. Desse modo, podemos concluir que 𝑏 é uma proposição
verdadeira. Veja o exemplo em linguagem corrente, a seguir.
O mesmo raciocínio pode ser aplicado quando a segunda premissa nega a segunda componente da
disjunção. Veja o próximo formato.
𝑎 ∨ 𝑏 (P1)
~𝑏 (P2)
-------
∴ 𝑎 (Q)
Novamente, temos como primeira premissa uma disjunção entre duas proposições, 𝑎 ∨ 𝑏. Como
segunda premissa, sabemos que ~𝑏 é verdade, ou seja, temos que 𝑏 é falso. Como o segundo componente
da disjunção, é necessariamente falso, precisamos que o primeiro componente seja verdadeiro para
que a premissa continue sendo uma verdade. Desse modo, podemos concluir que 𝑎 é uma proposição
verdadeira. Veja o exemplo a seguir.
𝑎 → 𝑏 (P1)
𝑐 → 𝑑 (P2)
𝑎 ∨ 𝑐 (P3)
--------------
∴ 𝑏 ∨ 𝑑 (Q)
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LÓGICA
A regra Dilema Construtivo parte de três premissas. A primeira delas, 𝑎 → 𝑏, é uma condicional
entre duas proposições. A segunda, 𝑐 → 𝑑, também é uma condicional, com proposições diferentes das
presentes na premissa 1. Já a terceira, 𝑎 ∨ 𝑐, é uma disjunção entre os antecedentes das premissas 1 e 2.
Com isso, podemos concluir corretamente que é verdadeira a disjunção entre os consequentes, 𝑏 ∨ 𝑑.
𝑎 → 𝑏 (P1)
𝑐 → 𝑑 (P2)
~𝑏 ∨ ~𝑑 (P3)
-----------------
∴ ~𝑎 ∨ ~𝑐 (Q)
A regra Dilema Destrutivo parte de três premissas. A primeira delas, 𝑎 → 𝑏, é uma condicional
entre duas proposições. A segunda, 𝑐 → 𝑑, também é uma condicional, com proposições diferentes
das presentes na premissa 1. Já a terceira, ~𝑏 ∨ ~𝑑, é uma disjunção entre as negações dos
consequentes das premissas 1 e 2. Com isso, podemos concluir corretamente que é verdadeira a
disjunção entre as negações dos antecedentes, ~𝑎 ∨ ~𝑐.
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Unidade III
𝑎 → 𝑏 (P1)
-----------------------
∴ 𝑎 → (𝑎 ∧ 𝑏) (Q)
A Regra da Absorção parte de apenas uma premissa. Apesar de seu formato peculiar e pouco
aplicado a discursos rotineiros, ela permite que seja introduzida uma conjunção em provas de
argumentos válidos, que veremos adiante. Sua premissa condicional, 𝑎 → 𝑏, é levada à conclusão
com uma modificação no consequente: ele será composto de uma conjunção entre o antecedente
e o consequente original. Com isso, concluímos que 𝑎 → (𝑎 ∧ 𝑏) é verdade. Em linguagem corrente,
podemos apresentar seu formato pelo exemplo a seguir.
Observação
Os formatos das regras de inferência foram apresentados com as letras que representam as proposições
em formato minúsculo, compondo proposições simples. No entanto, cada uma dessas letras, na verdade,
pode constituir uma fórmula proposicional. É isso o que veremos no exemplo a seguir.
Exemplo de aplicação
Exemplo 1. Cada item a seguir é um argumento válido. Indique a regra de inferência que justifica a
validade de cada um deles.
A) 𝑤 → 𝑥 ⊢ (𝑤 → 𝑥) ∨ ~𝑦
B) ~𝑤 ∧ (𝑤 → 𝑥) ⊢ ~𝑤
C) 𝑤 → 𝑥, 𝑥 → ~𝑦 ⊢ 𝑤 → ~𝑦
D) 𝑤 → (𝑥 → 𝑦), 𝑤 ⊢ 𝑥 → 𝑦
F) 𝑤 → 𝑥, 𝑦 → ~𝑧 ⊢ (𝑤 → 𝑥) ∧ (𝑦 → ~𝑧)
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LÓGICA
H) 𝑤 → (𝑥 ⊻ 𝑧) ⊢ 𝑤 → (𝑤 ∧ (𝑥 ⊻ 𝑧))
J) 𝑤 → ~𝑧, ~𝑥 → 𝑦, 𝑤 ∨ ~𝑥 ⊢ ~𝑧 ∨ 𝑦
Resolução
A) No argumento 𝑤 → 𝑥 ⊢ (𝑤 → 𝑥) ∨ ~𝑦, temos apenas uma premissa e uma conclusão, separadas entre
si pelo símbolo ⊢. A premissa tem o formato 𝑤 → 𝑥 e a conclusão tem o formato (𝑤 → 𝑥) ∨ ~𝑦. Repare
que a premissa se repete na conclusão, posta em disjunção com outra proposição. Se chamarmos
𝑤 → 𝑥 de 𝑎 e ~𝑦 de 𝑏, chegamos ao formato da Adição (A). Observe, na disposição vertical, a
proposição apresentada no enunciado e o formato da regra de inferência (conforme estudamos).
𝑤 → 𝑥 𝑎
‑‑‑‑‑----------------------‑‑‑ ‑‑-------------‑
∴ (𝑤 → 𝑥) ∨ ~𝑦 ∴ 𝑎 ∨ 𝑏
~𝑤 ∧ (𝑤 → 𝑥) 𝑎 ∧ 𝑏
‑‑------------------------‑ ‑‑-------------‑
∴ ~𝑤 ∴𝑎
𝑤 → 𝑥 𝑎 → 𝑏
𝑥 → ~𝑦 𝑏 → 𝑐
‑‑------------------------‑ ‑‑------------------------‑
∴ 𝑤 → ~𝑦 ∴ 𝑎 → 𝑐
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Unidade III
Com isso, concluímos que o consequente é verdadeiro. Temos, nesse caso, o formato Modus
Ponens (MP). Se chamarmos 𝑤 de 𝑎 e 𝑥 → 𝑦 de 𝑏, chegamos ao formato estudado.
𝑤 → (𝑥 → 𝑦) 𝑎 → 𝑏
𝑤 𝑎
‑‑----------------------------‑ ‑‑-----------------‑
∴ 𝑥 → 𝑦 ∴𝑏
E) Em (𝑤 ∨ 𝑦) → ~𝑥, ~(~𝑥) ⊢ ~(𝑤 ∨ 𝑦), temos duas premissas e uma conclusão. A 1ª premissa tem
o formato (𝑤 ∨ 𝑦) → ~𝑥, a 2ª tem o formato ~(~𝑥) e a conclusão é a proposição ~(𝑤 ∨ 𝑦). Uma
das premissas é condicional, e a outra afirma que o consequente da condicional é falso (temos a
negação do consequente como 2ª premissa). Com isso, concluímos que antecedente é falso, já que
a conclusão é a negação do antecedente. Temos, nesse caso, o formato Modus Tollens (MT). Se
chamarmos 𝑤 ∨ 𝑦 de 𝑎 e ~𝑥 de 𝑏, chegamos ao formato estudado.
(𝑤 ∨ 𝑦) → ~𝑥 𝑎 → 𝑏
~(~𝑥) ~𝑏
‑‑------------------------------‑ ‑‑-----------------‑
∴ ~(𝑤 ∨ 𝑦) ∴ ~𝑎
𝑤 → 𝑥 𝑎
𝑦 → ~𝑧 𝑏
‑‑----------------------------------------------‑ ‑‑------------------‑
∴ (𝑤 → 𝑥) ∧ (𝑦 → ~𝑧) ∴ 𝑎 ∧ 𝑏
(𝑤 ∧ 𝑥) ∨ (~𝑤 ∧ 𝑦) 𝑎 ∨ 𝑏
~(~𝑤 ∧ 𝑦) ~𝑏
‑‑----------------------------------------‑ ‑‑----------------‑
∴ 𝑤 ∧ 𝑥 ∴𝑎
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LÓGICA
conclusão são proposições condicionais. Na conclusão, temos um formato parecido com o da própria
premissa, com a repetição do antecedente no consequente, em conjunção com o consequente
original. Se chamarmos 𝑤 de 𝑎 e 𝑥 ⊻ 𝑧 de 𝑏, chegamos ao formato da Regra da Absorção (RA).
𝑤 → (𝑥 ⊻ 𝑧) 𝑎 → 𝑏
‑‑--------------------------------------‑ ‑‑---------------------------‑
∴ 𝑤 → (𝑤 ∧ (𝑥 ⊻ 𝑧)) ∴ 𝑎 → (𝑎 ∧ 𝑏)
𝑤 → ~𝑧 𝑎 → 𝑏
~𝑥 → 𝑦 𝑐 → 𝑑
~(~𝑧) ∨ ~𝑦 ~𝑏 ∨ ~𝑑
‑‑---------------------------------‑ ‑‑------------------------‑
∴ ~𝑤 ∨ ~(~𝑥) ∴ ~𝑎 ∨ ~𝑐
𝑤 → ~𝑧 𝑎 → 𝑏
~𝑥 → 𝑦 𝑐 → 𝑑
𝑤 ∨ ~𝑥 𝑎 ∨ 𝑐
‑‑------------------‑ ‑‑------------------‑
∴ ~𝑧 ∨ 𝑦 ∴ 𝑏 ∨ 𝑑
Exemplo 2. Com base na regra de inferência indicada entre parênteses, construa uma proposição de
conclusão para cada item a seguir, de forma a constituir argumentos válidos.
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Unidade III
Resolução
A) O enunciado nos entrega premissas em linguagem corrente. Devemos construir uma conclusão de
acordo com a regra Modus Ponens. Nossa tarefa é apenas criar a sentença conclusiva, porém, vamos
trazer o argumento completo, inclusive com sua representação simbólica. Acompanhe a seguir.
𝑎: Penso.
𝑏: Logo, existo.
C) De acordo com a regra da Simplificação, podemos criar duas conclusões distintas. O primeiro
argumento é apresentado a seguir.
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LÓGICA
𝑎: Vou à praça.
𝑏: Vou ao baile.
Observação
No Apêndice B, ao final deste livro‑texto, você encontrará um resumo das regras de inferência
estudadas, apenas com a nomenclatura e o formato simbólico associado a cada uma delas. Utilize esse
resumo para consultas rápidas aos formatos estudados.
Alguns argumentos lógicos têm aparência de válidos, mas não são. A esses argumentos, damos o
nome de falácias. Portanto, falácias são argumentos inválidos, comumente proferidos por falta de
atenção. Quando falamos de falácias formais, procuramos erros na estrutura formal do argumento.
Vamos, a seguir, avaliar a estrutura das duas principais falácias formais.
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Unidade III
A princípio, podemos pensar que essa conclusão é perfeitamente razoável, dadas as premissas.
Ao analisarmos sua estrutura, percebemos que esse argumento apresenta uma estrutura muito
parecida com a do argumento Modus Ponens. Porém, ao invés de afirmarmos o antecedente,
afirmamos o consequente.
Nesse cenário, não podemos afirmar que Mizu é um cachorro, pois a única informação que temos
sobre Mizu é que se trata de um ser de quatro patas. Com isso, podemos estar falando de um coelho, de
um gato, de um cavalo, de um cachorro, ou qualquer outro ser de quatro patas. A conclusão, portanto,
não é necessariamente verdadeira.
O diagrama a seguir ilustra essa situação. Consideramos que o conjunto dos cachorros é um
subconjunto do conjunto dos seres de quatro patas. A partir das informações das premissas, há dois
posicionamentos possíveis para o elemento Mizu. Isso acontece porque Mizu pertence ao conjunto dos
seres de quatro patas, mas não necessariamente ao conjunto dos cachorros.
Seres de 4 patas
Cachorros
Mizu?
Ao analisarmos sua estrutura, percebemos que esse argumento apresenta uma estrutura muito
parecida com a do argumento Modus Tollens. Porém, ao invés de negarmos o consequente, negamos
o antecedente.
Nesse cenário, não podemos afirmar que Mizu não tem quatro patas, pois a única informação que
temos sobre Mizu é que ele não é um cachorro. Com isso, podemos estar falando de um coelho, de
100
LÓGICA
um gato, de um cavalo, de uma aranha, de um robô, ou qualquer outro ser que não seja um cachorro.
A conclusão, portanto, não é necessariamente verdadeira.
O diagrama a seguir ilustra essa situação. Consideramos que o conjunto dos cachorros é um
subconjunto do conjunto dos seres de quatro patas. A partir das informações das premissas, há dois
posicionamentos possíveis para o elemento Mizu. Isso acontece porque Mizu pode pertencer ao conjunto
dos seres de quatro patas (fora do conjunto dos cachorros), ou a qualquer outro lugar do universo (fora
do conjunto dos cachorros).
Universo
Seres de 4 patas
Cachorros
Mizu?
Originalmente, o termo falácia era restrito a argumentos inválidos cometidos involuntariamente por
alguém. Hoje, o termo pode ser expandido a qualquer argumento inválido, mesmo aqueles cometidos
com a intenção de enganar um interlocutor.
O estudo das falácias no campo filosófico não se restringe a analisar estruturas formais, como fizemos
aqui. Argumentos também podem ser analisados partindo da ótica informal, ou seja, considerando o
contexto e o conteúdo das premissas e da conclusão. Esse estudo tem um impacto potencial muito
grande no nosso dia a dia, pois passamos a conseguir analisar com maior profundidade discursos de
autoridades, influenciadores e interlocutores em geral, além de aprendermos a construir melhor a nossa
própria argumentação.
Saiba mais
Voltando ao campo da lógica formal, como fazemos para validar ou testar estruturas argumentativas?
Além da abordagem gráfica que usamos aqui, utilizando teoria de conjuntos, existem técnicas mais
sofisticadas e reconhecidas na literatura. Vamos conhecer esse conjunto de técnicas adiante.
101
Unidade III
A partir de agora, lidaremos com argumentos cuja estrutura é mais complexa, e utilizaremos técnicas
distintas para realizar suas validações: tabelas‑verdade, regras de inferência e fluxogramas.
Lembrete
Vamos, como exemplo, validar um argumento com uma complexidade um pouco maior por meio de
tabelas‑verdade. Acompanhe a seguir.
Exemplo de aplicação
Se Alexandre não vai à praia, então Célia faz o almoço. Se Célia faz o almoço, então Vanda não almoça
no restaurante. Vanda almoça no restaurante ou Guilherme lava as verduras. Portanto, se Guilherme não
lava as verduras, Alexandre vai à praia.
Resolução
102
LÓGICA
Agora, vamos transformar cada uma das premissas e a conclusão em símbolos, levando como base
as letras de identificação de proposições simples. No argumento em linguagem corrente, cada premissa
é separada da outra por pontos finais. Temos, portanto, três premissas. A conclusão é a última sentença
apresentada, iniciada pelo termo “portanto”.
𝑏 → ~𝑐: se Célia faz o almoço, então Vanda não almoça no restaurante. (P2)
~𝑎 → 𝑏, 𝑏 → ~𝑐, 𝑐 ∨ 𝑑 ⊢ ~𝑑 → 𝑎
P1 P2 P3 Q
𝑎 𝑏 𝑐 𝑑 ~𝑎 ~𝑐 ~𝑑 P1∧P2
P1 P2∧P3
P3
~𝑎→𝑏 𝑏→~𝑐 𝑐∨𝑑 ~𝑑→𝑎
V V V V F F F V F V F V
V V V F F F V V F V F V
V V F V F V F V V V V V
V V F F F V V V V F F V
V F V V F F F V V V V V
V F V F F F V V V V V V
V F F V F V F V V V V V
V F F F F V V V V F F V
⇒
F V V V V F F V F V F V
F V V F V F V V F V F F
F V F V V V F V V V V V
F V F F V V V V V F F F
F F V V V F F F V V F V
F F V F V F V F V V F F
F F F V V V F F V V F V
F F F F V V V F V F F F
103
Unidade III
Pelos resultados da tabela, vemos que a conjunção de premissas implica a conclusão. Com isso,
sabemos que o argumento apresentado no enunciado é um argumento válido.
Lembrete
É interessante, nesse ponto, que você consulte os resumos das equivalências notáveis (Apêndice A)
e das regras de inferência (Apêndice B) estudadas, para ter um guia rápido de consulta aos formatos
simbólicos estudados.
Na prova direta, conseguimos provar diretamente, por meio das regras conhecidas, a validade dos
argumentos propostos. Não é necessária a inclusão de um artifício de dedução.
Exemplo de aplicação
Exemplo 1. Por meio da prova direta, demonstre que ~𝑠 é verdade, quando consideramos as premissas
𝑡, 𝑡 → ~𝑞 e ~𝑞 → ~𝑠.
Resolução
O enunciado nos entrega três premissas simbólicas, que devem nos levar até a conclusão ~𝑠. Para
isso, na demonstração da validade por prova direta, vamos listar as premissas e fazer inferências, até
104
LÓGICA
concluirmos ~𝑠. Começaremos apenas listando cada uma das premissas, pois cada uma delas nos
entrega diretamente uma verdade. Elas serão identificadas à direita.
Demonstração:
1. 𝑡 (P1)
2. 𝑡 → ~𝑞 (P2)
3. ~𝑞 → ~𝑠 (P3)
A partir de agora, devemos continuar a demonstração fazendo inferências. Para isso, precisamos
combinar as premissas entre si de forma a conseguirmos inferir novas verdades. Uma das estratégias
que podemos tomar é nos atentarmos, quando possível, a proposições simples listadas na demonstração.
Em seguida, podemos procurar a letra que identifica essa proposição simples em outra linha e, com
sorte, conseguiremos extrair alguma inferência. Se considerarmos a premissa simples da linha 1, 𝑡, e
combiná‑la com a premissa da linha 2, 𝑡 → ~𝑞, temos o formato Modus Ponens, já que 𝑡 é a afirmação
do antecedente de 𝑡 → ~𝑞. Com isso, podemos fazer a inferência a seguir.
𝑡 → ~𝑞
𝑡
‑----------‑‑
∴ ~𝑞
Podemos, agora, inserir ~𝑞 como uma nova verdade na nossa demonstração, justificando que a
sua origem foi uma inferência do tipo Modus Ponens entre as proposições das linhas 1 e 2. Essas
informações darão origem à linha 4, exposta a seguir.
Demonstração:
1. 𝑡 (P1)
2. 𝑡 → ~𝑞 (P2)
3. ~𝑞 → ~𝑠 (P3)
4. ~𝑞 (MP, 1 e 2)
Continuando, podemos agora utilizar a informação da linha 4 para nossa próxima inferência.
Perceba que ~𝑞 é, justamente, a afirmação do antecedente da proposição da linha 3, ~𝑞 → ~𝑠. Com
isso, podemos fazer outra inferência do tipo Modus Ponens, exposta a seguir.
105
Unidade III
~𝑞 → ~𝑠
~𝑞
‑-----------‑‑‑
∴ ~𝑠
Perceba que a nossa inferência nos levou à conclusão do argumento, ~𝑠. Isso nos levará a última
linha da nossa demonstração, exposta a seguir.
Demonstração:
1. 𝑡 (P1)
2. 𝑡 → ~𝑞 (P2)
3. ~𝑞 → ~𝑠 (P3)
4. ~𝑞 (MP, 1 e 2)
5. ~𝑠 (MP, 3 e 4)
Agora que conseguimos provar que a proposição ~𝑠 é verdadeira, está provado que o argumento é
válido, já que conclusão derivou logicamente das premissas.
Resolução
Demonstração:
1. 𝑠 ∧ 𝑞 (P1)
2. 𝑡 → ~𝑞 (P2)
3. ~𝑡 → 𝑟 (P3)
Não temos, agora, uma premissa simples da qual partir. No entanto, temos uma conjunção na linha 1,
𝑠 ∧ 𝑞, a partir da qual podemos inferir as duas componentes como verdadeiras, por meio da regra Simplificação.
Repare que a componente 𝑠 não aparece em nenhuma das outras premissas, mas a componente 𝑞 aparece,
em sua forma negada, na premissa da linha 2, o que nos permite trabalhar com ela posteriormente. É essa a
inferência que faremos.
𝑠∧𝑞
‑-------‑‑
∴𝑞
106
LÓGICA
Demonstração:
1. 𝑠 ∧ 𝑞 (P1)
2. 𝑡 → ~𝑞 (P2)
3. ~𝑡 → 𝑟 (P3)
4. 𝑞 (S, 1)
Repare que 𝑞 aparece, em sua forma negada, no consequente da proposição da linha 2, 𝑡 → ~𝑞.
Isso nos traz um indício de que é possível fazer uma inferência do tipo Modus Tollens. Porém, de forma
estrita, negar um consequente que já estava negado resulta em negá‑lo duplamente. Isso remete à
equivalência notável Dupla Negação.
𝑞 ⇔ ~(~𝑞)
Demonstração:
1. 𝑠 ∧ 𝑞 (P1)
2. 𝑡 → ~𝑞 (P2)
3. ~𝑡 → 𝑟 (P3)
4. 𝑞 (S, 1)
𝑡 → ~𝑞
~(~𝑞)
‑‑‑--------‑
∴ ~𝑡
Demonstração:
1. 𝑠 ∧ 𝑞 (P1)
2. 𝑡 → ~𝑞 (P2)
107
Unidade III
3. ~𝑡 → 𝑟 (P3)
4. 𝑞 (S, 1)
6. ~𝑡 (MT, 2 e 5)
Agora, a linha 6 nos traz o fato ~𝑡, que corresponde ao antecedente do fato da linha 3, ~𝑡 → 𝑟.
Podemos, portanto, fazer uma inferência no formato Modus Ponens.
~𝑡 → 𝑟
~𝑡
‑‑‑--------‑
∴𝑟
Demonstração:
1. 𝑠 ∧ 𝑞 (P1)
2. 𝑡 → ~𝑞 (P2)
3. ~𝑡 → 𝑟 (P3)
4. 𝑞 (S, 1)
6. ~𝑡 (MT, 2 e 5)
7. 𝑟 (MP, 3 e 6)
Repare que, agora, não há como combinar a linha 7 com qualquer outra linha da demonstração.
No entanto, a partir dela, já conseguimos afirmar como verdadeira a conclusão do argumento.
Ora, se 𝑟 é verdade, 𝑟 em disjunção com qualquer outra coisa será verdade também. Portanto, por
Adição, conseguimos inferir a conclusão do argumento, 𝑟 ∨ ~𝑠.
𝑟
‑‑‑-----------‑
∴ 𝑟 ∨ ~𝑠
Na linha 8, portanto, chegamos ao fim da demonstração da nossa prova direta. Consta, a seguir, a
demonstração completa.
108
LÓGICA
Demonstração:
1. 𝑠 ∧ 𝑞 (P1)
2. 𝑡 → ~𝑞 (P2)
3. ~𝑡 → 𝑟 (P3)
4. 𝑞 (S, 1)
6. ~𝑡 (MT, 2 e 5)
7. 𝑟 (MP, 3 e 6)
8. 𝑟 ∨ ~𝑠 (A, 7)
Faremos alguns exemplos adicionais, mas, dessa vez, não vamos mais resolvê‑los passo a passo, como
acabamos de fazer. Simplesmente, faremos a demonstração. É interessante que você tente resolvê‑los
por conta própria para só em seguida consultar a resolução.
É importante notar que em uma demonstração sequências diferentes de regras podem nos levar à
mesma conclusão. Apresentaremos apenas uma solução para cada exemplo.
Exemplo de aplicação
Resolução
Demonstração:
1. ~𝑎 ∧ 𝑏 (P1)
2. 𝑐 → 𝑎 (P2)
3. ~𝑐 → 𝑑 (P3)
4. 𝑑 → 𝑒 (P4)
5. ~𝑎 (S, 1)
6. ~𝑐 (MT, 2 e 5)
7. ~𝑐 → 𝑒 (SH, 3 e 4)
8. 𝑒 (MP, 6 e 7)
109
Unidade III
Resolução
Demonstração:
1. 𝑝 ∧ (𝑝 → 𝑞) (P1)
2. 𝑝 (S, 1)
3. 𝑝 → 𝑞 (S, 1)
4. 𝑞 (MP, 2 e 3)
A prova condicional é mais um tipo de prova demonstrativa, que utiliza regras de inferência e
equivalências lógicas em suas inferências. Sua aplicação é útil quando a conclusão do argumento tem
o formato condicional.
Considere uma conclusão condicional do tipo 𝑎 → 𝑏, que precisa ser provada. A prova condicional
parte do princípio de que, se a relação P1 ∧ P2 ∧ ... ∧ Pn ∧ 𝑎 ⇒ 𝑏 for válida, P1 ∧ P2 ∧ ... ∧ Pn ⇒ 𝑎 → 𝑏
também será.
Portanto, para conseguirmos provar uma conclusão de formato 𝑎 → 𝑏, basta incluirmos o antecedente 𝑎
como uma premissa provisória (PP) e provar 𝑏. Se for possível chegar em 𝑏, provamos 𝑎 → 𝑏, de acordo com
o princípio das relações de implicação expostos anteriormente.
Após a inclusão da premissa provisória, a demonstração ocorre de acordo com as mesmas regras já
vistas na prova direta. Acompanhe os exemplos a seguir.
Exemplo de aplicação
Resolução
110
LÓGICA
Demonstração:
1. 𝑎 → 𝑏 (P1)
2. 𝑐 → ~𝑏 (P2)
3. 𝑐 (PP)
4. ~𝑏 (MP, 2 e 3)
5. ~𝑎 (MT, 1 e 4)
6. 𝑐 → ~𝑎 (Prova Condicional, 3 a 5)
Resolução
Demonstração:
1. (𝑝 → ~𝑞) ∧ (𝑞 ∨ 𝑟) (P1)
2. 𝑝 (PP)
3. 𝑝 → ~𝑞 (S, 1)
4. ~𝑞 (MP, 2 e 3)
5. 𝑞 ∨ 𝑟 (S, 1)
6. 𝑟 (SD, 4 e 5)
7. 𝑝 → 𝑟 (Prova Condicional, 2 a 6)
111
Unidade III
Resolução
Demonstração:
1. 𝑏 → ~𝑐 (P1)
3. 𝑐 (PP)
5. ~𝑏 (MT, 1 e 4)
7. ~𝑑 ∨ 𝑏 (Dupla Negação, 6)
8. ~𝑑 (SD, 5 e 7)
9. 𝑐 → ~𝑑 (Prova Condicional, 3 a 8)
Se Alexandre não vai à praia, então Célia faz o almoço. Se Célia faz o almoço, então Vanda não almoça
no restaurante. Vanda almoça no restaurante ou Guilherme lava as verduras. Portanto, se Guilherme não
lava as verduras, Alexandre vai à praia.
Resolução
Já provamos a validade desse argumento anteriormente, no tópico 6.1 deste livro‑texto, utilizando
tabelas‑verdade. Antes de montar a tabela, descrevemos o argumento simbolicamente. Vamos fazer o mesmo
aqui. O argumento, em sua forma simbólica, pode ser escrito como ~𝑎 → 𝑏, 𝑏 → ~𝑐, 𝑐 ∨ 𝑑 ⊢ ~𝑑 → 𝑎.
A partir dele, faremos a demonstração, utilizando o método de prova condicional.
112
LÓGICA
Demonstração:
1. ~𝑎 → 𝑏 (P1)
2. 𝑏 → ~𝑐 (P2)
3. 𝑐 ∨ 𝑑 (P3)
4. ~𝑑 (PP)
5. 𝑐 (SD, 3 e 4)
7. ~𝑏 (MT, 2 e 6)
8. ~(~𝑎) (MT, 1 e 7)
9. 𝑎 (Dupla Negação, 8)
A prova por redução ao absurdo (ou prova por contradição) é mais um tipo de prova demonstrativa
que utiliza regras de inferência e equivalências lógicas em suas inferências. Sua aplicação é geralmente
restrita a casos em que a conclusão do argumento não tem o formato condicional e não se consegue
obter a prova direta de forma tão simples. Desse modo, a prova por redução ao absurdo oferece uma
maneira alternativa de certificar uma conclusão.
Para aplicar essa técnica, devemos introduzir a negação da conclusão do argumento como premissa
e fazer inferências até atingir uma contradição.
Lembrete
Uma contradição é uma proposição que é falsa em todas as linhas de
sua tabela‑verdade.
Basta, então, introduzir a negação da conclusão do argumento como premissa provisória (PP). As
inferências devem levar até uma contradição do tipo 𝑎 ∧ ~𝑎. No momento em que isso acontece,
conseguimos provar que a conclusão original do argumento é verdadeira, o que faz com que o argumento
seja considerado válido. Acompanhe os exemplos a seguir.
113
Unidade III
Exemplo de aplicação
Resolução
Para usarmos o método da prova por redução ao absurdo na demonstração, devemos inserir as
premissas normalmente e, em sequência, inserir a premissa provisória (PP), que corresponde à negação
da conclusão do argumento. No caso, o formato da nossa PP será ~(~(𝑎 ∧ 𝑐)). Com isso, nossa
inferência termina quando conseguirmos provar uma contradição do tipo 𝑎 ∧ ~𝑎. A resolução será
apresentada a seguir.
Demonstração:
1. 𝑎 → ~𝑏 (P1)
2. 𝑐 → 𝑏 (P2)
4. 𝑎 ∧ 𝑐 (Dupla Negação, 3)
5. 𝑎 (S, 4)
6. 𝑐 (S, 4)
7. ~𝑏 (MP, 1 e 5)
8. 𝑏 (MP, 2 e 6)
9. 𝑏 ∧ ~𝑏 (U, 7 e 8)
Perceba que nas linhas 7 e 8, chegamos às conclusões que ~𝑏 é verdade e que 𝑏 é verdade. Podemos
colocar esses dois resultados em apenas uma linha por meio da regra da União. Na linha 9, afirmamos
𝑏 ∧ ~𝑏, que é uma contradição que corresponde ao formato 𝑎 ∧ ~𝑎. Inserimos uma linha 10, com a
conclusão original do argumento, e indicamos, entre parênteses, que fizemos a prova por absurdo,
indicando a linha a partir da qual inserimos a premissa provisória, 3, até a linha da nossa última
inferência, 9.
114
LÓGICA
Exemplo 2. Por meio da prova por redução ao absurdo, demonstre a validade do argumento a seguir.
~𝑝 → ~𝑞, 𝑞 ∨ 𝑟, ~𝑟 ⊢ 𝑝 ∨ 𝑠
Resolução
Demonstração:
1. ~𝑝 → ~𝑞 (P1)
2. 𝑞 ∨ 𝑟 (P2)
3. ~𝑟 (P3)
4. ~(𝑝 ∨ 𝑠) (PP)
5. ~𝑝 ∧ ~𝑠 (De Morgan, 4)
6. ~𝑝 (S, 5)
7. ~𝑞 (MP, 1 e 6)
8. 𝑞 (SD, 2 e 3)
9. 𝑞 ∧ ~𝑞 (U, 7 e 8)
Saiba mais
115
Unidade III
O método por fluxogramas é o último método de validação de argumentos que veremos. Ele serve tanto
para provar que um argumento é válido quanto para testar sua validade, em casos de dúvida. Para que
seja aplicado corretamente, é importante estar ciente das definições das operações lógicas, assim como das
técnicas de dedução por demonstração, pois os mesmos artifícios podem ser aplicados aqui.
Para aplicar esse método, devemos, primeiro, considerar as premissas verdadeiras. Depois, aplicamos,
etapa a etapa, as definições das operações lógicas em questão, até atingir a conclusão. O fluxo de trabalho
é indicado por setas, e cada proposição trabalhada é exposta dentro de uma estrutura retangular, de
forma a compor a representação visual do raciocínio.
Seguimos o fluxo até atingir a proposição de conclusão. Caso ela seja verdadeira, o argumento é
válido, do ponto de vista formal. Caso ocorram situações em que não podemos provar o valor lógico
da conclusão, ou ocorra uma contradição, o argumento é inválido. Vamos acompanhar a seguir dois
exemplos em que fluxogramas relativamente simples são construídos, passo a passo.
Exemplo de aplicação
Resolução
Se você prestou atenção ao formato do argumento, já percebeu que ele se trata de um raciocínio
Modus Tollens. Vamos ver como um fluxograma pode nos mostrar que esse é um argumento válido.
Passo 1. Primeiro, vamos dispor as premissas do argumento em retângulos e indicar que consideramos
cada uma delas verdadeiras.
1: 𝑎 → 𝑏 = V ~𝑏 = V
Passo 2. Agora, vamos analisar as premissas e começar a fazer inferências com base nas definições
dos operadores lógicos presentes. Se há uma proposição isolada, como é o caso de ~𝑏, procure começar
por ela. Se sabemos que ~𝑏 é verdade, pela definição do operador de negação, sabemos que 𝑏 é falso,
certo? Vamos, então, puxar uma seta do retângulo original para baixo, para dispor essa inferência que
acabamos de fazer.
116
LÓGICA
1: 𝑎 → 𝑏 = V ~𝑏 = V
2: 𝑏 = F
Passo 3. Perceba, agora, que a proposição 𝑏 aparece na premissa posicionada à esquerda. Já sabemos
o seu valor lógico. Podemos, então, substituir a nome da proposição pelo seu próprio valor lógico.
Faremos isso puxando uma seta para a esquerda, de forma a indicar que 𝑏 será inserido na proposição à
esquerda. Puxaremos, também, uma seta para baixo, de forma a puxar a proposição original para baixo,
assim conseguimos expor graficamente a substituição.
1: 𝑎 → 𝑏 = V ~𝑏 = V
2: 𝑏 = F
3: 𝑎→F=V
Passo 4. Temos uma nova inferência para fazer, nesse momento, a partir de 𝑎 → F = V. Para isso,
devemos nos lembrar como a operação condicional funciona: seu resultado é falso apenas quando o
antecedente é verdadeiro e o consequente é falso. Já sabemos que o consequente é falso. Por estarmos
lidando com uma premissa, sabemos que o resultado precisa ser considerado verdadeiro. Logo, a única
possibilidade que permite ter uma proposição composta verdadeira com um consequente falso é
considerando o antecedente falso. Assim, sabemos que, necessariamente, 𝑎 = F. Indicaremos isso em um
novo retângulo abaixo da inscrição original, puxando uma seta para baixo.
1: 𝑎 → 𝑏 = V ~𝑏 = V
2: 𝑏 = F
3: 𝑎→F=V
4: 𝑎=F
1: 𝑎 → 𝑏 = V ~𝑏 = V
2: 𝑏 = F
3: 𝑎→F=V
4: 𝑎=F
5: ~𝑎 = V
Perceba que cada premissa cria uma espécie de coluna no fluxograma, e suas inferências e
substituições são feitas respeitando a disposição dessas colunas. Repare, também, que as setas indicam
o “caminho” que seguimos. Elas partem das premissas e vão em direção à conclusão.
Resolução
Se você prestou atenção ao formato do argumento, já percebeu que ele se trata da falácia da
negação do antecedente. Esperamos, portanto, não conseguir provar a conclusão verdadeira. Vamos ver
como se dá esse processo.
Passo 1. Primeiro, vamos dispor as premissas do argumento em retângulos e indicar que consideramos
cada uma delas verdadeiras.
1: 𝑎 → 𝑏 = V ~𝑎 = V
Passo 2. Temos uma proposição isolada, ~𝑎. Começaremos por ela. Se sabemos que ~𝑎 é verdade,
pela definição do operador de negação, sabemos que 𝑎 é falso. Vamos, então, puxar uma seta do
retângulo original para baixo para dispor essa inferência que acabamos de fazer.
1: 𝑎 → 𝑏 = V ~𝑎 = V
2: 𝑎 = F
118
LÓGICA
1: 𝑎 → 𝑏 = V ~𝑎 = V
2: 𝑎 = F
3: F → 𝑏 = V
Passo 4. Temos uma nova inferência para fazer, nesse momento, a partir de F → 𝑏 = V. Para isso,
devemos nos lembrar como a operação condicional funciona: seu resultado é falso apenas quando
o antecedente é verdadeiro e o consequente é falso. Já sabemos que o antecedente é falso. Com
antecedente falso, qualquer valor de consequente faz com que a proposição composta seja verdadeira,
já que F → V = V e que F → F = V. Logo, não somos capazes de inferir o valor lógico do consequente, 𝑏.
Isso será disposto em um retângulo abaixo do retângulo da linha 3, com a inscrição 𝑏 = ?.
1: 𝑎 → 𝑏 = V ~𝑎 = V
2: 𝑎 = F
3: F → 𝑏 = V
4: 𝑏=?
Passo 5. A linha 4 do fluxograma já indica que o argumento é falho. Se não somos capazes de
inferir o valor lógico de 𝑏, não podemos inferir o valor lógico de ~𝑏. Vamos apenas indicar isso,
explicitamente, na linha 5.
119
Unidade III
1: 𝑎 → 𝑏 = V ~𝑎 = V
2: 𝑎 = F
3: F → 𝑏 = V
4: 𝑏=?
5: ~𝑏 = ?
O método de testes por fluxogramas não segue, necessariamente, uma estrutura tão rigorosa.
Mais de um caminho pode nos levar à mesma conclusão. Além disso, diversas disposições de
proposições e suas substituições podem ser adotadas. O mais importante é que a estrutura fique
organizada de forma a transmitir a informação eficientemente.
Faremos, a seguir, mais alguns exemplos. Não faremos o passo a passo adotado nos dois primeiros
exemplos, mas colocaremos uma justificativa de cada um dos passos, abaixo do fluxograma.
É interessante que você tente fazê‑los por conta própria.
Exemplo de aplicação
Se Márcia lê o jornal, então Rogério não assiste ao noticiário. Carla não faz compras ou Rogério
assiste ao noticiário. Ora, Carla faz compras. Portanto, Márcia não lê o jornal.
Resolução
Vamos separar as proposições simples que compõem o argumento, de modo a atribuir uma
simbologia a cada uma delas.
𝑎: Márcia lê o jornal.
Transformando cada uma das premissas em formato simbólico, respeitando a simbologia atribuída
anteriormente às proposições simples, temos o argumento a seguir.
120
LÓGICA
𝑎 → ~𝑏, ~𝑐 ∨ 𝑏, 𝑐 ⊢ ~𝑎.
1: 𝑎 → ~𝑏 = V ~c v 𝑏 = V c=V
2: ~c = F
3: F v 𝑏 = V
4: 𝑏=V
5: ~𝑏 = F
6: 𝑎→F=V
7: 𝑎=F
8: ~𝑎 = V
5. Se 𝑏 = V, então ~𝑏 = F.
8. Se 𝑎 = F, então ~𝑎 = V.
121
Unidade III
Como conseguimos provar que a conclusão é verdadeira a partir das premissas, temos um
argumento válido.
Resolução
Para obtermos uma conclusão condicional, podemos usar o artifício já estudado na prova condicional:
inserir o antecedente da conclusão, ~𝑝, como premissa provisória. A partir daí, seguimos o fluxograma
normalmente, até provar o consequente, 𝑟, verdadeiro. Acompanhe a resolução, a seguir.
1: pvq=V q→r=V
2:
~p=V
3:
p=F
4: Fvq=V
5: q=V
6: V→r=V
7: r=F
8: ~p → r = V
3. Se ~𝑝 = V, então 𝑝 = F.
Como conseguimos provar que a conclusão é verdadeira a partir das premissas, temos um
argumento válido.
Resolução
1: 𝑎 → 𝑏 = V 𝑏→c=V
2: c=V
3: 𝑏→V=V
4: 𝑏=?
5: 𝑎→?=V
6: 𝑎=?
7: c → 𝑎 = ?
123
Unidade III
Com consequente verdadeiro, qualquer valor lógico de antecedente pode integrar a proposição, pois
V → V = V e F → V = V. Portanto, não conseguimos inferir o valor lógico do antecedente, 𝑏. Isso já nos
traz uma indicação de que o argumento é inválido, mas vamos continuar as substituições até atingirmos
a proposição de conclusão.
6. Não conseguimos inferir o valor lógico do antecedente, 𝑎, pois valores lógicos distintos de
consequente nos levariam a valores distintos de antecedente. Não conseguimos, portanto, provar
que o consequente da conclusão do argumento é verdadeiro.
7. Com isso, não conseguimos provar que a conclusão condicional do argumento é verdadeira.
Como não provamos que a conclusão é verdadeira a partir das premissas, temos um argumento
inválido.
Resolução
1: 𝑎 v ~ 𝑏 = V 𝑏∧c=V
2: 𝑏 = V c=V
3: ~𝑏=F
4: 𝑎vF=V
5: 𝑎=V
124
LÓGICA
3. Se 𝑏 = V, então ~𝑏 = F.
5. Por Silogismo Disjuntivo, sabemos que 𝑎 = V. Com isso, provamos que a conclusão é verdadeira.
Como conseguimos provar que a conclusão é verdadeira a partir das premissas, temos um argumento
válido.
Resolução
Temos, como argumento, um raciocínio do tipo Dilema Construtivo. Para esse tipo de estrutura, não
encontraremos uma proposição isolada da qual partir, nem uma proposição a partir da qual podemos
fazer uma Simplificação. Nesse caso, podemos focar na disjunção inclusiva, 𝑎 ∨ 𝑐. A estratégia parte do
princípio de que 𝑎 pode ser verdade, 𝑐 pode ser verdade ou ambos podem ser verdadeiros.
1: 𝑎 → 𝑏 = V c→d=V 𝑎vc=V
2: 𝑎 = V c=V
3: V → 𝑏 = V V→d=V
4: 𝑏 = V d=V
5: 𝑏 v d = V 𝑏 v d = V
125
Unidade III
Caminho vermelho:
5. Por Adição, sabemos que, se 𝑏 = V, 𝑏 em disjunção com qualquer outra proposição também será
verdade. Logo, podemos inferir que 𝑏 ∨ 𝑑 = V. Com isso, provamos, pelo caminho vermelho, que a
conclusão é verdadeira.
Caminho verde:
5. Por Adição, sabemos que, se 𝑑 = V, 𝑑 em disjunção com qualquer outra proposição também será
verdade. Logo, podemos inferir que 𝑏 ∨ 𝑑 = V. Com isso, provamos, pelo caminho verde, que a conclusão
é verdadeira.
Como conseguimos provar que a conclusão é verdadeira a partir das premissas e por ambos os
caminhos criados a partir da disjunção, temos um argumento válido.
Exemplo 6. Por meio de um fluxograma que aplica o método de redução ao absurdo, teste a validade
do seguinte argumento: 𝑎 ∨ 𝑏, 𝑏 → 𝑎 ⊢ 𝑎.
Resolução
Para aplicar o método da redução ao absurdo, vamos inserir, como premissa provisória, a afirmação
de que a conclusão é falsa. Nesse caso, esperamos chegar a uma contradição, caso o argumento seja
válido. Montando o fluxograma, temos a estrutura a seguir.
126
LÓGICA
1: 𝑎 v 𝑏 = V 𝑏→𝑎=V
2: a=F
3: 𝑏→F=V
4: 𝑏=F
5: FvF=V
6: F=V
7: 𝑎 = V
4. Se o consequente é falso, o antecedente, 𝑏, também deve ser falso para manter a premissa verdadeira.
7. Com isso, conseguimos provar que a premissa provisória é falsa. Apenas trocamos o valor lógico
da premissa provisória, e concluímos que 𝑎 = V.
Como provamos que a conclusão é verdadeira a partir das premissas, temos um argumento válido.
127
Unidade III
Saiba mais
Além da área da lógica formal, fluxogramas podem ser utilizados em diversos contextos para
ilustrar qualquer fluxo de trabalho. Na área da programação, fluxogramas são amplamente utilizados
para ilustrar a estrutura de algoritmos. Nesse caso, ao invés de se ater a formas retangulares, como
fizemos aqui, cada uma das formas geométricas utilizadas tem um significado específico.
Primeiro, temos a indicação de que o algoritmo teve início. Em seguida, os dois valores que serão
comparados são recebidos e armazenados nas variáveis X e Y. Depois, existe a comparação entre os
dois valores das variáveis X e Y. Se X for maior que Y, o programa segue o caminho “sim” e exibe o
valor de X. Se X não for maior do que Y, o programa segue o caminho “não” e exibe o valor de Y. Por
último, temos a indicação de que o algoritmo terminou.
Início
X, Y
Sim Não
X > Y?
X Y
Fim
128
LÓGICA
Saiba mais
129
Unidade III
Resumo
Alguns argumentos lógicos têm aparência de válidos, mas não são. A esses
argumentos, damos o nome de falácias. Portanto, falácias são argumentos
inválidos, comumente proferidos por falta de atenção. Quando falamos
de falácias formais, procuramos erros na estrutura formal do argumento.
130
LÓGICA
131
Unidade III
Exercícios
Questão 1. Sabendo que P e Q são dois argumentos, avalie as asserções a seguir e a relação
proposta entre elas.
Porque
I – Asserção falsa.
Justificativa: no Modus Ponens (do latim “ponere”, que significa “afirmar”), temos a seguinte relação
de implicação: (P → Q) ∧ P ⇒ Q. Nessa relação, dada a condicional P → Q, a veracidade do antecedente
implica a veracidade do consequente.
II – Asserção falsa.
Justificativa: no Modus Tollens (do latim “tollere”, que significa “negar”), temos a seguinte relação de
implicação: (P → Q) ∧ ~Q ⇒ ~P. Nessa relação, dada a condicional P → Q, a negação do consequente
implica a negação do antecedente.
132
LÓGICA
• Não está quente esta manhã e está mais frio do que ontem.
Assinale a alternativa que mostra corretamente a conclusão obtida das hipóteses apresentadas.
Análise da questão
Quadro 1
133
Unidade III
Vejamos a demonstração a seguir, que retoma algumas das regras de inferência exibidas no quadro.
Quadro 2
134