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CÁLCULO AVANÇADO COM

NÚMEROS COMPLEXOS
UNIDADE 3 –CÁLCULO AVANÇADO COM
NÚMEROS COMPLEXOS
Autora: Érica Regina de Santana
Revisor: Heitor Oliveira

INICIAR

Introdução

Prezado(a) estudante,

Olhe agora ao seu redor e observe que estamos constantemente rodeados por fenômenos da natureza e, sendo um
pouco mais minuciosos, nos surpreenderemos com os padrões e regularidades que nos cercam. Essas
regularidades possuem padrões que poderão ser expressos por representações numéricas e algébricas.

Também podemos pensar na soma de dois números ou mais; porém, como proceder com a soma de infinitos
números?

Nesta unidade, responderemos a algumas questões que integram a teoria das sequências e séries infinitas. E não
podemos deixar de mencionar Isaac Newton, que com sua ideia de representação de funções como uma soma de
séries infinitas, demonstrou a importância das sequências e séries em Cálculo. Uma boa parte das funções que
trabalhamos em Física, Química e Matemática são definidas como soma de séries.

Então vamos começar?

Bons estudos!

3.1 Sequências e séries

O estudo das sequências é fundamental para o estudo das séries infinitas e suas aplicações, pois de maneira
simplificada podemos definir uma série infinita como a soma de uma sequência infinita de números. E em áreas de
estudo diversas, como óptica, relatividade especial e eletromagnetismo, há a análise de fenômenos que trocam uma
função pelos primeiros termos da série que a representa.

A teoria de sequências e séries infinitas, segundo Thomas (2012), tem uma importante aplicação no método para
representar uma função derivável conhecida f ( x ) como uma soma infinita de potências de x , de forma que se
pareça com um “polinômio com infinitos termos”. Além disso, o método estende nosso conhecimento de como
avaliar, derivar e integrar polinômios, de forma que possamos trabalhar com funções ainda mais gerais do que
aquelas encontradas até aqui. Essas novas funções são frequentes soluções para importantes problemas na ciência
e na engenharia. Conheça, a seguir, um pouco sobre dois grandes personagens que cooperaram nesses estudos:

O período moderno

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Fourier Bernard Placidus

Fonte: THIEL; MODESTI, 2016. p. 117.

Como podemos observar, o período moderno apresentou grandes momentos e movimentos para o desenvolvimento
das teorias de cálculo. Ao final do século XVI e a partir do século XVII deu-se início de forma mais intensa aos
estudos e pensamentos, o que contribuiu para a evolução da noção de função e, consequentemente, para o estudo
das sequências e séries.

3.2 Sequências

Uma sequência é representada como uma lista de números escritos em uma ordem determinada. Veja o exemplo a
seguir:

Sendo:

n (índice) um número inteiro que indica a posição a n ( #PraCegoVer : a n )de um número na sequência;

ɑ 1 ( #PraCegoVer : a um ) o primeiro termo;

ɑ 2 ( #PraCegoVer : a dois ) o segundo termo;

ɑ n ( #PraCegoVer : a n ) o enésimo-termo;

ɑ n-1 ( #PraCegoVer : a n menos um ) o sucessor de ɑ n ( #PraCegoVer : a n );

e como estamos abordando sequências infinitas, ɑ n+1 ( #PraCegoVer : a n maisum ) é o sucessor de ɑ n (


#PraCegoVer : a n ).

Assim, temos que para cada número inteiro positivo representado por n , teremos um número a n ( #PraCegoVer : a
n ) correspondente. Nesse sentido, podemos afirmar que uma sequência é uma função cujo domínio é o conjunto
dos números inteiros positivos, cuja representação usual é dada por a n ( #PraCegoVer : a n ), e não por f (n) (
#PraCegoVer : f de n ).

Exemplo 1)
n 0 1
‍A lista de números da sequência a n = 2 [ #PraCegoVer : a n igual a dois elevado à n ], será a 0 = 2 ,a1=2 ,
2
a 2 = 2 , … [ #PraCegoVer : a zero igual a dois elevado a zero, a um igual a dois elevado a um, a dois igual a
dois elevado a dois, reticências ]; então:
Exemplo 2)
‍Determine a sequência dada por

Resolução : podemos representar a n por

Então:

VOCÊ SABIA?
Leonardo Fibonacci (1170 – 1250) foi um matemático italiano de grande influência na Idade Média. O seu
problema mais famoso foi o problema dos coelhos: suponha que coelhos vivam para sempre e que a cada
mês cada par produza um novo par, que se torna reprodutivo com dois meses de idade. Se começarmos com
um par recém-nascido, quantos pares de coelhos teremos no n-ésimo mês? O problema assuma uma
sequência infinita dada por:

Que, representando numericamente, é:

Uma sequência muito conhecida é a sequência de Fibonacci. Podemos defini-la com alguns recursos, como o
apresentado a seguir:

De uma maneira mais simples, podemos definir cada termo da sequência de Fibonacci como a soma dos dois termos
precedentes, sendo assim, temos:

Também podemos representar uma sequência por meio de um gráfico. Como a sequência é uma função cujo
domínio é o conjunto dos números inteiros positivos, teremos a representação em pontos isolados com coordenadas.

Temos como exemplo

Considerando as coordenadas
Portanto, quanto maior for o valor de n , mais os termos da sequência

se aproximarão de 1. A análise facilita a visualização e a progressão desses valores, e a comparação dos valores de
n e a n verifica a sua tendência a um limite:

Que, nesse caso, podemos representar como:

Segundo Stewart (2013), podemos definir que uma sequência { a n } tem limite L . Assim, escrevemos:

Se pudermos tornar os termos a n tão próximos de L quanto quisermos ao fazer n suficientemente grande, e se lim

n→∞ a n ( #PraCegoVer : limite de a n com n tendendo ao infinito ) existir, dizemos que a sequência converge (ou
é convergente ); caso contrário, dizemos que a sequência diverge (ou é divergente ).

Também devemos citar que se

quando n é um inteiro, então

3.2.1 Convergência e divergência

Analisando algumas sequências, podemos verificar que às vezes seus números se aproximam de um valor comum,
à medida que o índice aumenta. Assim, como vimos nos exemplos anteriores, dizemos que a sequência está
convergindo a um valor limite. Dessa forma, se explorarmos melhor essa sequência, até que o índice n seja maior
que um número N , a diferença entre a n e o limite da sequência será menor que qualquer número pré-selecionado ϵ
> 0 ( #PraCegoVer : épsilon maior que zero ).

Segundo Thomas (2012), a sequência a n converge para um número L se, para todo número positivo ϵ, existir um
número inteiro N correspondente, de modo que para todo n :

Se nenhum número L existir, dizemos que { a n } diverge. Se { a n } converge para L , escrevemos a n = L (


#PraCegoVer : limite de a n com n tendendo ao infinito igual a l ), ou simplesmente a n →L ( #PraCegoVer : a n
tendendo a l ) . Chamamos L de limite da sequência.

A sequência a n diverge ao infinito se para cada número M houver um número inteiro N , tal que para todo n maior
do que N, a n > M ( #PraCegoVer : a n maior que M ). Se essa condição for verdadeira, escrevemos:
De maneira semelhante, se para cada número m existir um número inteiro N , de forma que, para todo n > N (
#PraCegoVer : n minúsculo maior que N maiúsculo ) tenhamos a n < m ( #PraCegoVer : a n menor que m ),
então dizemos que { a n } diverge ao menos infinito e escrevemos:

É também importante lembrarmos que essas são funções com domínio restrito aos números inteiros positivos, assim,
os teoremas sobre limites de funções são apresentados em versões para as sequências, como o que
apresentaremos a seguir (observe a interação). Sejam a n e b n sequências de números reais, e sejam A e B
números reais. As seguintes regras aplicam-se:

Calculando limites de sequências

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2. REGRA DA DIFERENÇA

3. REGRA DA MULTIPLICAÇÃO POR CONSTANTE

4. REGRA DO PRODUTO

5. REGRA DO QUOCIENTE

Exemplo 3)
‍Prove que

Resolução : sendo ϵ > 0 ( #PraCegoVer : épsilon maior que zero ), provaremos que há um número N inteiro de
modo que, para todo n :

Essa condição será válida somente se


Se N for um inteiro e maior que

a condição será válida para todo n maior que N , nos provando assim que

Exemplo 4)
‍Prove que a

é uma sequência divergente.

Resolução : supondo que

seja convergente para um número L , escolheremos

como definição do limite, assim todos os termos a n da sequência com índice n maior que um N devem se localizar a
menos de

de L . Uma vez que o número 1 aparece repetidamente como termo sim, termo não da sequência, devemos ter o
número 1 localizado a uma distância a menos que

de L.

Sendo que

Da mesma forma, o número -1 aparece repetidamente na sequência com índice arbitrariamente alto. Assim,
devemos ainda ter que
Entretanto, o número L não pode estar em ambos os intervalos

uma vez que ele não possui uma superposição. Dessa forma, não existe tal limite L e, portanto, a sequência diverge.

Observe que o mesmo argumento funciona para qualquer número positivo e menor que 1, não somente

VAMOS PRATICAR?
Mostre que k = k . ( #PraCegoVer: limite de k com n tendendo ao infinito igual a k ).

Identificar uma sequência convergente é importante e poderá auxiliar na resolução de problemas e aplicação de
propriedades. Considerando a n e b n sequências convergentes e c uma constante, podemos citar que:

Assim, se a n ≤ b n ≤ c n ( #PraCegoVer : a n menor ou igual a b n menor ou igual a c n ) para n ≥ n 0 (


#PraCegoVer : n maior ou igual a n de índice zero ), e

então:

que indica o teorema do confronto.

Exemplo 5)
‍Determine
Resolução : ‍

Exemplo 6)
Cerifique se

é convergente ou divergente.

Resolução : dividiremos o numerador e o denominador por n :

Como o numerador é constante e o denominador se aproxima de 0, podemos afirmar que a n é divergente.

3.3 Séries de números complexos

De um modo simples, podemos dizer que uma série infinita é a soma de uma sequência infinita de números:

Um exemplo simples que podemos pensar é em um número decimal infinito que possamos representar por um
número inteiro aproximado, por meio do arredondamento. Quanto mais casas decimais esse número tiver, mais
próximo estará do valor exato.

Duas séries importantes que devemos abordar são a série geométrica e a série de números complexos. A série
geométrica é dada pela soma dos termos de uma sequência ou progressão geométrica, em que cada termo é obtido
a partir do anterior, sendo multiplicado por uma razão r .

Já a série de números complexos é dada pela soma dos termos de uma sequência de números complexos. Uma
sequência de números complexos é uma função cujo domínio é o conjunto de números naturais N e o contradomínio
o conjunto dos números complexos C .

Podemos comparar uma série com uma dada série geométrica, a fim de verificar se há ou não a soma da série. As
séries numéricas que possuem termos positivos e negativos exigem certos cuidados e critérios em sua abordagem,
além disso, as séries de números complexos podem ser reduzidas a séries de números reais.

CASO
O que queremos dizer quando expressamos um número com um decimal infinito? Por exemplo, o que
significa escrever:

A convenção por trás de nossa notação decimal é que qualquer número pode ser escrito como uma
soma infinita. Aqui, isso significa que:
“Onde os três pontos (...) indicam que a soma continua para sempre, e quanto mais termos
adicionarmos, mais nos aproximaremos do valor real de π".

Fonte: STEWART, 2013. p. 636.

Como estamos falando da soma de infinitos termos, precisamos verificar um método para encontrar o que queremos.
Podemos resolver por meio da soma dos primeiros termos da sequência, que será uma soma finita ordinária que
poderá ser calculada pelos métodos usuais. A chamaremos de n -ésima soma parcial, já que estamos somando os n
primeiros termos da sequência. Espera-se que, à medida que n aumente, essa soma parcial chegue cada vez mais
próxima de um limite, assim como os termos de uma sequência infinita se aproximam de um limite, sempre buscando
um padrão dessas somas

Observe:

Ao somarmos os termos determinando a soma parcial, tentaremos achar um padrão que justifique o seu
crescimento. Vamos expressar essa análise na tabela abaixo.

Tabela 1 – Soma parcial de uma série infinita

EXPRESSÃO
SOMA PARCIAL
VALOR SUGERIDA PARA
SOMA PARCIAL

Primeira S1=1 1 2-1

n-1
Segunda S2=1+½ 3/2 2n – 1/2

Terceira S3=1+½+¼ 7/4 2–¼

⁞ ⁞ ⁞ ⁞

Sn=1+½+¼+… n-1 n-1


n -ésima n-1 2n – 1/2 2 – 1/2
+ 1/2

Fonte: THOMAS, 2012. (Adaptado).

#PraCegoVer: A tabela apresenta os termos de uma soma parcial de uma série infinita. Na
primeira coluna, aparece a classificação ordinal dos termos (primeira, segunda, terceira, três
pontinhos, n-ésima), na segunda coluna as somas parciais (s um igual a um, s dois igual a um
mais meio, s três igual a um mais meio mais um quarto e assim sucessivamente), na terceira
coluna é apresentado o valor encontrado da soma parcial (um, três meios, sete quartos, três
pontinhos e dois elevado a n-ésima potência menos um sobre dois elevado a n menos 1) e na
última coluna são apresentadas as expressões sugeridas para as somas parciais (sendo dada
a expressão geral dois menos um sobre dois elevado à n menos 1).

Assim, é perceptível que há um padrão, e com isso podemos estabelecer um termo geral dado por,

que converge para 2, sendo expresso por

Assim, a soma da série infinita é:

Combinando séries

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Regra da soma Regra da diferença Regra da multiplicação por constante

3.3.1 Convergência e divergência

Dada uma série

denota-se por s n sua n -ésima soma parcial como:

Se a sequência { s n } for convergente e

existir como um número real, então a série Σ a n ( #PraCegoVer : somatório de a n ) é chamada de convergente, e
escrevemos:

O número s é chamado a soma da série. Se a sequência { s n } é divergente, então a série é chamada divergente.

‍Podemos ainda afirmar que a soma de uma série é o limite da sequência de somas parciais. Assim, ao escrevermos
expressamos que, ao somarmos uma certa quantidade de termos de uma série, nos aproximamos de s . Então:

Exemplo 7)
Sendo a soma dos primeiros n termos de uma série

dada por:

determine o limite de s n .

Resolução:

Séries geométricas

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Em que a e r (razão) são números reais fixos e a≠0 ( #PraCegoVer : a diferente de zero ).

A série pode ainda ser escrita como

RAZÃO
a razão de uma série geométrica pode ser positiva ou negativa. Veja os exemplos a seguir:

CONVERGÊNCIA E DIVERGÊNCIA
Se |r|<1 ( #PraCegoVer : módulo de r for menor que um ), a série geométrica

converge para

dessa forma:

Se |r| ≥ 1 ( #PraCegoVer : módulo de r for maior ou igual a um ), a série diverge.

Exemplo 8)
‍Verifique se a série
é convergente ou divergente.

Resolução : reescrevendo o n -ésimo termo da série, teremos:

Analisando, percebemos que se trata de uma série geométrica, sendo a = 4 e razão

Sendo a razão maior que 1, podemos afirmar que a série diverge por 4.

Exemplo 9)
Prove a convergência da série

e determine a sua soma.

Resolução : como a série não é geométrica, calcularemos por meio da definição de série convergente por somas
parciais.

Simplificando (decomposição em frações parciais):

Assim:

Concluímos que a série é convergente e igual a 1.

Exemplo 10)
‍Prove que a série (harmônica)

é uma série divergente.

‍ Resolução : para resolvermos essa questão, consideraremos as somas parciais, a fim de provar que elas
aumentarão.
Observando os resultados das expressões acima, podemos verificar que há um padrão, que pode ser expresso por:

O que prova que s 2n ao considerarmos n→∞ ( #PraCegoVer : n tendendo ao infinito ), comprovando que a série

é divergente.

Segundo Stewart (2013), com qualquer série

associamos duas sequências. A sequência { s n } de suas somas parciais e a sequência { a n } de seus termos. Se Σa

n ( #PraCegoVer : somatório de a n ) for convergente, o limite da sequência Σa n ( #PraCegoVer : somatório de a


n ) é s (a soma da série) e o limite da sequência { a n } será 0. Mas se

não podemos concluir que Σa n ( #PraCegoVer : somatório de a n ) seja convergente.

Observe que, para a série harmônica

temos

quando n→∞ ( #PraCegoVer : n tende ao infinito ).

Agora, apresentaremos alguns dos teoremas importantes, observe a interação:

Transmissão de mensagens na rede

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Teste da integral Teste da comparação Teste de comparação no limite

Teste da razão Teste de raiz Teste da série alternada (teste de Leibniz)

Estimas de séries alternadas Teorema de convergência para séries de potências

Teste de divergência Critério de convergência para série alternada

3.3.2 Séries de funções


As definições de limite e convergência de sequências e séries de números complexos são as mesmas apresentadas
no campo dos números reais. Não podemos esquecer a relação entre as funções analíticas e os números
complexos, fato importante, pois podemos desenvolver as funções analíticas em séries de potências.

A série de uma função é dada por

sendo f n ( #PraCegoVer : f de n ) uma função. E essa série será convergente, em B , se a função s : B→R (
#PraCegoVer : s dois pontos B tendendo a R ), para cada x∈B ( #PraCegoVer : x pertencente a B ), sendo:

Chamaremos s ( n ) de soma da série de função de

sendo o domínio de s = s(x) ( #PraCegoVer : s igual a s de x ) o conjunto de todos os valores de x para os quais a
série convergirá.

Exemplo 11)
‍É do nosso conhecimento que para todo x , com |x| < 1 ( #PraCegoVer : módulo de x menor que um ),

Sendo assim, a série converge, em ]-1, 1[ ( #PraCegoVer : intervalo aberto de menos um a um ), à função

Exemplo 12)
‍A sequência


converge para zero, qualquer que seja z = re ( #PraCegoVer : z igual a r elevado a i theta ) no setor circular

mas não uniformemente. Para detalharmos, observe que:

Essa última expressão tende a zero em todo ponto z fixo, embora não uniformemente. Por exemplo, imagine θ (
#PraCegoVer : theta ) fixo e

ou ainda, r fixo e θ ( #PraCegoVer : theta ), aproximando-se de


de tal modo que

Critério de Cauchy para convergência uniforme de uma série de funções


‍Guidorizzi (2013) explica que a série de funções

converge uniformemente, em B , à função s→B : R ( #PraCegoVer : s tendendo a B dois pontos R ) se para todo
>0 ( #PraCegoVer : épsilon maior que zero ) dado existir um natural n0 tal que, para todo x ∈B ( #PraCegoVer : x
pertence a B ). Assim,

VOCÊ O CONHECE?
Augustin Louis Cauchy nasceu em Paris, em 21 de agosto de 1789, no ano em que teve início a Revolução
Francesa. Era o mais velho entre dois irmãos e quatro irmãs. O pai era um homem gentil e de grande cultura,
advogado de profissão. Com quatro anos mudou-se para Arcueil, pois devido à revolução francesa era
impossível viver em Paris. Como as escolas estavam fechadas na época da revolução, foi o seu pai que lhe
ensinou as primeiras letras. Após a Revolução Francesa, a família Cauchy passou por dificuldades e
enquanto criança, Cauchy foi mal alimentado. Laplace e Lagrange, amigos do pai, repararam no talento
matemático do pequeno Cauchy e ajudaram-no no ensino da matemática, principalmente na construção de
círculos que são tangentes a três círculos dados.

No critério de Cauchy para a convergência de uma série de funções, entende-se que série de funções

converge uniformemente, em B , a função

se, e somente se, para todo ϵ>0 ( #PraCegoVer : épsilon maior que zero ) dado, existir um natural n 0 tal que,
quaisquer que sejam os naturais m e n e para todo x ∈B ( #PraCegoVer : x pertencente a B ). Assim,

Critério M de Weierstrass
‍Suponhamos que

seja uma série de funções e suponhamos que exista uma série numérica
tal que, para todo x ∈B ( #PraCegoVer : x pertencente a B ) e para todo natural k :

Nessas condições, se a série

for convergente, então a série

convergirá uniformemente, em B, à função

Exemplo 13)
‍Mostre que a série

é uniformemente convergente em R .

Resolução: para todo k≥1 ( #PraCegoVer : k maior ou igual a um ),

Assim, a série

é convergente. Segundo o critério M de Weierstrass, a série dada converge uniformemente em r à função

Exemplo 14)
‍Seja s = s(x) ( #PraCegoVer : s igual a s de x ) uma função dada por

Resolução : para todo x e todo k ≥ 1 ( #PraCegoVer : k maior ou igual a um ),

A série converge absolutamente para todo x . O domínio de s = s(x) ( #PraCegoVer : s igual a s de x ) é R .

3.3.3 Séries de funções

Podemos expressar algumas funções como somas de séries de potências, manipulando séries geométricas ou
derivando/integrando essas séries. A expressão dessas funções por meio de somas infinitas é uma estratégia muito
útil para integrar funções que não têm antiderivadas elementares e aproximar funções por polinômios.
Observe a equação:
Ao considerarmos essa equação como uma série geométrica, teremos a = 1 e r = x ( #PraCegoVer : a igual a um e
r igual a x ) cujo limite é representado desta forma:

Mas aqui nos interessa expressar a equação como uma função:

e como uma soma de uma série de potências. Observe a representação gráfica de algumas somas parciais da
função, em que

é a n -ésima soma parcial. A medida que n aumenta, s n ( x ) ( #PraCegoVer : s com índice n de x ) se torna uma
aproximação cada vez melhor de f(x) ( #PraCegoVer : f de x ) para -1< x <1 ( #PraCegoVer : menos um menor
que x menor que um ).

Gráfico 1 – Somas parciais

Fonte: STEWART, 2013. p. 674. (Adaptado).

Exemplo 15)
‍Escreva

como a soma de uma série de potências e encontre o intervalo de convergência.


2 2
‍Resolução : substituindo x por –x em

teremos:
2
Sendo a série apresentada acima uma série geométrica, ela convergirá quando |-x |<1 ( #PraCegoVer : módulo do
2
oposto de x ao quadrado menor que um ), ou seja, x <1 ( #PraCegoVer : x ao quadrado menor que um ).
Assim, o intervalo de convergência será (-1, 1).

Exemplo 16)
‍Determine uma representação em série de potências para

Resolução :

A série converge quando

isto é, |x| < 2 ( #PraCegoVer : módulo de x menor que dois ). Então, o intervalo de convergência é (-2, 2).

Teste seus conhecimentos


Atividade não pontuada.

3.4 Singularidades e resíduos

A analiticidade de uma função de variáveis complexas é uma característica um pouco restritiva. Assim, podemos ter
uma função que seja analítica em uma determinada região e não seja em outra; ou , ainda, que deixe de ser analítica
em alguns pontos de seu domínio, tendo suas singularidades.

O estudo do teorema dos resíduos conduziu a métodos para que as singularidades fossem classificadas e o cálculo
do resíduo fosse determinado sem a necessidade de sempre se se recorrer às séries de Laurent. Ele é muito
importante por permitir cálculos integrais de funções analíticas ao longo de caminhos fechados simples que
generalizam a fórmula de Cauchy.

3.4.1 Singularidade

Segundo Ávila (2008), diz-se que um ponto z 0 é a singularidade isolada de uma função d se existe uma vizinhança
de z 0 na qual f é univalente e regular, exceto no próprio ponto z 0 . Por exemplo, a função

possui singularidades isoladas nos zeros do denominador, que são os pontos

Já a função
tem singularidades isoladas em cada um dos zeros do denominador, que são os pontos

Observe que esses pontos formam uma sequência convergente. O limite z = 0 é, então, um ponto de acumulação de
singularidades isoladas que também recebe o nome de singularidade.

Definição
‍Seja z 0 uma singularidade isolada de uma função f , uma função complexa representada em série de Laurent por

é válida em uma vizinhança perfurada 0 < |z-z 0 | < r de z 0 ( #PraCegoVer : zero menor que o módulo de z menos
z zero, menor que r de z zero ). Se:

b m = 0, ∀m = 1, 2 ,… ( #PraCegoVer : b m igual a zero, qualquer m igual a um, dois, reticências ) dizemos


que z 0 é uma singularidade removível;

b k ≠0 e b m = 0, ∀m = k+1,K+2,… ( #PraCegoVer : b k diferente de zero e b m igual a zero, qualquer m igual


a k mais um, k mais dois, reticências ) dizemos que z 0 é um polo de ordem k ;

∀m ∈N, ∃k>m|b k ≠0 ( #PraCegoVer : qualquer m pertence a N , existe um k maior que m com b k diferente
de zero ) dizemos que z 0 é uma singularidade essencial.

Agora vejamos alguns exemplos de funções complexas e singularidades:

Exemplo 17)
‍Sendo

todos os pontos do eixo real negativo, incluindo a origem, são pontos singulares, embora não existam pontos
singulares isolados.

Exemplo 18)
‍A função

tem pontos isolados em z = 0 , z = 2i e z = -2i ( #PraCegoVer : z igual a zero, z igual a a dois i , e z igual a menos
dois i ).

Exemplo 19)
‍Considere

dado por
Resolução : Como

Assim z = 0 é uma singularidade removível.

Exemplo 20)
Consideraremos a função

primeiro em uma vizinhança de z = 0 , digamos |z| < 1 ( #PraCegoVer : módulo de z menor que um ). Para vermos
3
que z = 0 e polo de ordem 3, basta notar que z f(z) ( #PraCegoVer : z ao cubo f de z ) tem limite finito e diferente
de zero com z→0 ( #PraCegoVer : z tendendo a zero ). Para achar a parte principal da série de Laurent na origem,
procedemos da seguinte maneira, usando multiplicação de séries:

Os primeiros três termos apresentados formam a parte principal da série. A mesma função tem polo simples em z = 2
, cuja série correspondente tem parte principal dada por

Neste caso, efetuamos um corte ao longo do semieixo real negativo (incluindo a origem), sendo que o domínio da
função seja dado por |arg z|< π ( #PraCegoVer : módulo do arg de z menor que pi ).

VAMOS PRATICAR?
Seja

determine as singularidades de f .

3.4.2 Resíduo
Vamos expressar a relação entre singularidades e resíduos de uma maneira simples. Considere z 0 como um ponto
isolado de uma dada função f . Assim, existirá uma série de Laurent que representará a função f , dada por

existindo para uma vizinhança limitada por 0 < |z-z 0 | < R ( #PraCegoVer : zero menor que módulo de z menos z
zero menor que R ). Os termos da série que envolvem potências z-z 0 ( #PraCegoVer : z menos z zero ) de
expoente negativo,

constituem a parte principal de f em z 0 . O coeficiente c -1 ( #PraCegoVer : c índice menos um ) da potência (z-z 0 )


-1
( #PraCegoVer : z menos z zero elevado a menos um ) denominado por resíduo de f em z 0 denota-se por
Res(f, z 0 ) ( #PraCegoVer : resíduo de f em z zero ).

Exemplo 21)
‍Sendo:

temos que

O teorema dos resíduos é de suma importância em análise complexa, por se tratar de um método de cálculo de
integrais de funções analíticas ao longo de caminhos fechados simples que generalizam a fórmula de Cauchy.

Teorema do resíduo
Considere f uma função regular e univalente em uma região simplesmente convexa R , exceto em um número finito
de singularidades isoladas z 1 , …, z k , ( #PraCegoVer : z um reticências z k ). Então:

em que C é um contorno fechado de R , envolvendo z 1 , …, z k ( #PraCegoVer : z um reticências z k ) uma vez no


sentido positivo.

Exemplo 22)
‍Considere a função

que tem polo no ponto z = 1 . Estamos considerando o ramo principal do logaritmo, determinado pela condição log1 =
0 . Seu resíduo nesse ponto é:

Calculando os limites pela regra de l´Hopital, encontramos


Exemplo 23)
‍Mostre que

Resolução : O integrado

possui polos simples nos pontos z=±i ( #PraCegoVer : z igual a mais ou menos i ). Seja C R o semicírculo do
semiplano Im z ≥ 0 ( #PraCegoVer : lm de z maior ou igual a zero ), de raio R e centro na origem. Supondo R > 1 (
#PraCegoVer : R maior que um ), o contorno formado pelo segmento [-R, R], seguindo de C R , contém o polo z = i ,
em que o resíduo de f é

Pelo teorema do resíduo,

Por outro lado,

sendo

Isto mostra que

Logo, passando ao limite com R→∞ ( #PraCegoVer : R tendendo ao infinito ), obtemos:

que é o resultado procurado.

Exemplo 24)
‍Calcule

Resolução: a integral é:
O integrando é:

em que

São polos simples, sendo C R o semicírculo do semiplano superior de um círculo |z| = R ( #PraCegoVer : módulo de
z igual a R ), em que

Assim, teremos:

Integrando f no sentido anti-horário, ao longo da fronteira da região semicircular temos

Quando z está sobre C R , ou seja, |z| = R ( #PraCegoVer : módulo de z igual a R ), temos:

sendo

Assim:

Logo, passando ao limite com R→∞ ( #PraCegoVer : R tendendo ao infinito ), obtemos:

Teste seus conhecimentos


Atividade não pontuada.

Síntese
Nesta unidade vimos que uma sequência é representada como uma lista de números escritos em uma ordem
determinada. Uma sequência { a n } tem limite L e escreveremos

se pudermos tornar os termos a n tão próximos de L quanto quisermos ao fazer n suficientemente grande. Se lim n→∞
a n existir, dizemos que a sequência converge (ou é convergente ). Caso contrário, dizemos que a sequência
diverge (ou é divergente ).

Ademais, discutimos que, de um modo simples, podemos dizer que uma série infinita é a soma de uma sequência
infinita de números, e que a soma de uma série é o limite da sequência de somas parciais. Estabelecemos, também
que as definições de limite e convergência de sequências e séries de números complexos são as mesmas
apresentadas no campo dos números reais.

Por fim, vimos o teorema do resíduo : seja f uma função regular e univalente em uma região simplesmente convexa
R , exceto em um número finito de singularidades isoladas z 1 , …, z k ( #PraCegoVer : z um, reticências, z k ),
então

em que C é um contorno fechado de R , envolvendo z 1 , …, z k ( #PraCegoVer : z um, reticências, z k ) uma vez no


sentido positivo.

SAIBA MAIS

Título : Um curso de cálculo – Volume 4 Autor : Hamilton Luiz Guidorizzi Editor : LTC Ano : 2018
Comentário : Seu diferencial são os recursos pedagógicos digitais inéditos e exclusivos, que servem
tanto para aprofundar quanto para fixar a aprendizagem dos estudantes de Cálculo. Onde encontrar :
Biblioteca Virtual da Ânima

Referências bibliográficas
STEWART, J. Cálculo II . Tradução da 7. ed. americana. São Paulo, 2013.

THIEL, A. A.; MODESTI, M. S. O cálculo e a matemática superior : algumas aplicações. Blumenau: Instituto
Federal Catarinense, 2016.

THOMAS, G. B. Cálculo . 11. ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2008. v. 1.

THOMAS, G. B. Cálculo . 12. ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2012. v. 2.

GUIDORIZZI, H. L. Um cálculo de cálculo, 5 ed. Rio de Janeiro: LTC, 2013. vol. 4.

ÁVILA, Geraldo. Variáveis complexas e aplicações. 3 ed. Rio de Janeiro: LTC, 2008.

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