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Interpretações, cap.

8 de
Introdução à Lógica (Mortari 2001)

Luiz Arthur Pagani

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1 Signicado e verdade
• condições para verdadeiro ou falso:

Como um argumento é (intuitivamente) válido se não é

possível que suas premissas sejam verdadeiras e que, ao

mesmo tempo, sua conclusão seja falsa, para poder

investigar a validade desse argumento precisamos dizer

em que condições certas fórmulas são verdadeiras ou

falsas (ps. 120121)

• interpretação (signicado):

isso só é possível se interpretarmos uma fórmula dada,

isto é, se dermos a ela (e a suas componentes) algum tipo

de signicado. (p. 121)

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• Tübingen ist eine schöne Stadt: não dá para dizer se é

verdadeira ou falsa sem saber alemão (p. 121)

• (composicionalidade):

Essa interpretação de que precisamos, contudo, não é

feita para uma fórmula isoladamente, mas para todos os

símbolos da linguagem de primeira ordem que estivermos

utilizando. No caso da sentença acima, precisamos dizer

também como é que o signicado da sentença é obtido a

partir do signicado das palavras que a compõem.

(p. 121)

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• signicado xo para os símbolos lógicos:
poderíamos interpretar os símbolos lógicos de qualquer
maneira: por exemplo, poderíamos dizer que ∀ é um outro
nome para Sócrates. Mas aí não teríamos mais um sistema de
lógica. Resumindo, o que faz com que uma linguagem
articial qualquer seja uma linguagem lógica é o signicado
xo que atribuímos a certos símbolos: os símbolos lógicos.
(p. 121)
• validade de argumento?:
suponhamos que você queira determinar a validade do
argumento:
P
1 Todo planeta joviano tem anéis.
P
2 Netuno é um planeta joviano.
I Netuno tem anéis.
(p. 122)
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• tradução para língua de primeira ordem:

você pode traduzir o argumento para uma linguagem de

primeira ordem, usando J para representar a

propriedade `x é um planeta joviano', A para `x tem

anéis', e n para `Netuno'. O resultado é o seguinte:

P1 ∀x(Jx → Ax)
P2 Jn
I An
• interpretação informal:

Os símbolos que ocorrem no conjunto de fórmulas acima,

de certa forma, já têm um signicado  que vou chamar

de interpretação informal  e que corresponde

exatamente ao que foi feito: J signica `x é um planeta

joviano' etc. (p. 122)

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• insuciente:

essa maneira informal de dar signicado às fórmulas e

determinar sua verdade não é suciente para os nossos

interesses ao fazer lógica  tais como tentar determinar

a validade do argumento acima.

• raciocínio por hipótese:

é muito comum que raciocinemos a partir de hipóteses:

proposições de cuja verdade não temos certeza e, muitas

vezes, até sabemos serem falsas (em situações do tipo

suponhamos que eu zesse isto ou aquilo: quais seriam

as consequências?). (p. 122)

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• verdade  signicado & realidade:

a verdade de uma sentença parece depender de duas

coisas: do signicado das palavras e da realidade.

(p. 122)

• interpretação formal:

precisamos de alguma coisa que nos permita interpretar

fórmulas e determinar sua verdade em todos os casos


possíveis, e não apenas com relação aos fatos, ao mundo
real. Essa coisa de que necessitamos é uma interpretação

formal, ao invés daquela maneira informal de atribuir


signicados que vimos acima. (p. 123)

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• dois valores de verdade  V × F:
Uma suposição inicial que fazemos na semântica para o

CQC , sendo ele parte da lógica clássica, é de que existem

dois objetos chamados valores de verdade : verdadeiro e

falso. Esses valores de verdade são simplesmente dois

objetos quaisquer, desde que sejam distintos: poderíamos

usar 1 e 0, ou o Sol e a Lua, ou Cameron Díaz e Salma

Hayek. O importante é que possamos distinguir um do

outro. Usaremos o símbolo ` V' para indicar verdadeiro, e


F
` ' para indicar falso '. (p. 124)

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• princípio da bivalência:
toda proposição (ou sentença) é verdadeira, ou falsa. Isso
signica que a toda proposição deverá ser associado um, e
apenas um, dos valores de verdade. (Uma proposição,
portanto, não pode deixar de ter um valor, nem ter mais de
um valor associado a ela.) Assim, dada uma interpretação,
uma proposição terá o valor V segundo essa interpretação, ou
terá o valor F. (p. 124)
• (princípio do terceiro excluído)

• semântica de condições de verdade:


uma das características básicas da semântica para o CQC é
que ela é uma semântica de condições de verdade. Isso quer
dizer, resumidamente, que especicar o signicado de uma
sentença declarativa consiste em dizer como o mundo deve ser
para que ela seja verdadeira, ou seja, especicar suas
condições de verdade. (p. 125)
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• especicação das condições:

`Tübingen ist eine schöne Stadt' é verdadeira sse

Tübingen é uma linda cidade. (p. 125)

• sse: abreviatura de `se e somente se' (p. 125)

• princípio de composicionalidade (ou princípio de Frege):

o signicado de uma expressão complexa é uma função

do signicado de suas partes e do modo como elas se

combinam. (p. 125)

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• ligação entre sintaxe e semântica:
A idéia por trás desse princípio é fazer uma ligação bastante
estreira entre a sintaxe e a semântica de uma linguagem
articial. Como você recorda, as fórmulas são construídas,
basicamente, a partir de fórmulas atômicas, utilizando-se os
operadores e quanticadores. As fórmulas atômicas, por sua
vez, são construídas a partir de constantes de predicado e
termos (constantes ou variáveis individuais). Assim, o que
precisamos fazer é, primeiro, especicar quais são as
condições de verdade para as fórmulas atômicas  que
devem ser obtidas, claro, levando-se em conta o signicado
que será atribuído a seus componentes: às constantes de
predicado e aos termos individuais. A partir daí, deveremos
especicar como obter o signicado de uma fórmula
molecular  por exemplo, ¬α  a partir do signicado
(condições de verdade) de α. (p. 126)
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• calculabilidade da verdade das fórmulas moleculares:

O valor de verdade de uma fórmula molecular pode ser

calculado a partir dos valores de seus componentes mais

simples. (p. 127)

• negação:

No caso de uma negação, a regra de cálculo diz

simplesmente que o valor de uma fórmula negativa deve

ser o oposto da fórmula que está sendo negada: se α tem

V, ¬α tem F; se α tem F, ¬α tem V. (p. 127)


• conjunção:
Considere a conjunção M c ∧ Rc, que, de acordo com nossa
interpretação informal dos símbolos envolvidos, diz que
Claudia Schier é uma mulher ruiva. Ora, essa fórmula é
verdadeira se for verdade que Claudia Schier é uma mulher
e que Claudia Schier é ruiva. (p. 127)

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