Você está na página 1de 11

O Teorema dos zeros de Hilbert

Aluno: Antônio Catão


Orientadora: Alessia Mandini
Co-orientadora: Pêdra Daricléa S. Andrade

Introdução
O Teorema Fundamental da Álgebra de Gauss estabelece uma conexão básica
entre Álgebra e Geometria: afirma que qualquer polinômio com coeficientes
complexos de uma variável e de grau n ≥ 1, um objeto algébrico, é determinado
por um escalar e pelo conjunto de suas raízes (com multiplicidades), um objeto
geométrico. O Teorema dos zeros de Hilbert estende esta conexão a certos ideais
de um anel de polinômios em várias variáveis. Essa é uma consequência formal
do Teorema Fundamental da Álgebra no sentido que vale para qualquer corpo
algebricamente fechado.
O principal objetivo deste projeto é estabelecer uma ligação entre Álgebra
e Geometria. Para tal propósito, vamos apresentar e demonstrar dois dos prin-
cipais resultados que caracterizam essa relação, a saber: o Teorema da base
Hilbert e o Teorema dos zeros de Hilbert. Ambos teoremas são resultados clás-
sicos da literatura que nos permitem encontrar condições suficientes para que
todo ideal de k[x1 , . . . , xn ] seja finitamente gerado e construir uma correspon-
dência bijetiva entre ideias radicais em um anel de polinômios, que são objetos
algébricos e variedades afins, que são objetos geométricos.
Além disso, se k é um corpo algebricamente fechado, o Teorema dos zeros
de Hilbert é equivalente a todo ideal maximal em k[x1 , . . . , xn ] é da forma

m = (x1 − a1 , . . . , xn − an )

. Por conseguinte, demonstraremos que todo conjunto algébrico admite uma


decomposição “única” por subconjuntos algébricos irredutíveis.
Este Projeto de Iniciação Científica utilizará desses grandes resultados da li-
teratura para alcançar os objetivos desejados. Em seguida, enunciaremos ambos
os resultados.

1
Um dos mais importantes objetos de estudo da Álgebra Abstracta são os
anéis de polinômios. Seja R um anel, para cada n ∈ N, o anel de polinômios em
n- variáveis com coeficientes em R, denotado por R[x1 , . . . , xn ]. Dizemos que
um anel R é Noetheriano, se todo ideal de R é finitamente gerado. O Teorema
da base de Hilbert afirma que se R é um anel Noetheriano, então o anel de
polinômios R[x1 , . . . , xn ] é também um anel Noetheriano.
A teoria de anéis de polinômios é a base da Geometria Algébrica. Em par-
ticular, seja k um corpo, denotamos como k n o produto cartesiano de n cópias
de k. Um conjunto algébrico é um conjunto em k n de zeros de polinômios com
coeficientes em k. O Teorema dos zeros de Hilbert , também conhecido como o
Teorema de Nullstellensatz de Hilbert, relaciona os ideais de um anel de polinô-
mios com coeficientes em k a conjuntos algébricos. Mais precisamente, seja k é
um corpo algebricamente fechado, isto é, todo polinômio de uma variável e de
grau maior ou igual a 1, tem pelo menos uma raiz em k. Então o Teorema de
dos zeros de Hilbert diz que se I ⊂ k[x1, . . . , xn ] é um ideal, então

I(Z(I)) = rad I.

Assim, as correspondências I 7→ Z(I) e X 7→ I(X) induzem uma bijeção entre a


coleção de subconjuntos algébricos de Ank = k n e ideais radicais de k[x1 , . . . , xn ].
Tal teorema, tem consequências imediatas e muito importantes, como por
exemplo: se I é um ideal primo, então V (I) é irredutível. Existe uma corres-
pondência bijetiva entre ideais primos e conjuntos algébricos irredutíveis, assim
como os ideais maximais corrrespondem a pontos.
Através deste trabalho, buscamos ainda homenagear David Hilbert, um bri-
lhante matemático alemão, um dos melhores do século XX. Hilbert fez diversas
contribuições à matemática, e envolvem, entre outras a consolidação da teoria
dos invariantes, que foi o objeto de sua tese, a transformação da geometria eucli-
diana em axiomas, publicada no seu Grundlagen der Geometrie (Fundamentos
da geometria), trabalhos sobre a teoria dos números algébricos, a criação dos
espaços de Hilbert, no decorrer do seus trabalhos em análise sobre equações in-
tegrais e contribuição para as formas quadráticas, que auxiliariam como bases
matemáticas da teoria da relatividade de Albert Einstein.
Além disso, foi devido a Hilbert que Emmy Noether trabalhou na Univer-
sidade de Gottingen, mas 1915 os esforços para garantir um cargo foram em
vão, por causa do seu sexo. Porém, tal acontecimento não a impediu de traba-
lhar com Hilbert. Depois das mudanças que acompanharam o fim da Primeira
Guerra Mundial alcançou Gottingen, ela foi determinada em 1923 a um cargo

2
nesta universidade. Na década seguinte, ela foi muito influente no desenvol-
vimento dos conceitos básicos da Álgebra Moderna. Tal universidade é uma
instituição muito famosa por conceber outros matemáticos excepcionais como
Riemann e Gauss.
Este trabalho foi construído em duas etapas: a primeira construimos alguns
conceitos algébricos, já a segunda definimos e construimos conceitos geométricos,
por fim buscamos relacionar esses conceitos e estabelecer os objetivos desejados.

Álgebra e Geometria
Nosso próposito neste projeto é obter uma relação entre Álgebra e Geometria.
Faremos isso, usando resultados clássicos da álgebra Comutativa e Geometria
Álgébrica.

Ánéis Noetherianos e o Teorema da base de Hilbert


Nesta seção apresentaremos o famoso Teorema da Base de Hilbert e algumas
noções básicas dos anéis Noetheriano.

Definition 1. Seja R um anel comutativo qualquer. Dizemos que R é um anel


Noetheriano se qualquer ideal I de R for finitamente gerado, isto é, existem
r1 , . . . , rk ∈ R tais que
I = (r1 , . . . , rk ).

Segue direto da definição que os Domínios de Ideais Principais, mais conhe-


cidos como DIPs, são anéis Noetherianos. Um outro exemplo simples:

Example 1. Se K é um corpo, então K é um anel Noetheriano, já que os únicos


ideais em um corpo são (0K ) e K = (1K ).

Antes de descrevermos outras formas de verificar se um anel é Noetheriano,


precisaremos descrever duas condições:

• A Condição de Cadeia Ascendente (CCA) ocorre se toda cadeia crescente


de ideais
I 1 ⊆ I 2 ⊆ I3 ⊆ · · ·

estabiliza, isto é, existe k ∈ N tal que Ik = Ij para todo j ≥ k.

• A Condição Maximal (CM) acontece se toda família não-vazia de ideais


admite elemento maximal na família.

3
Theorem 1. Seja R um anel comutativo. Temos que as seguintes afirmações
são equivalentes:

(i) R é Noetheriano;

(ii) R satisfaz a CCA;

(iii) R satisfaz a CM.

Demonstração. Seja R um anel Noetheriano, mostraremos que R satisfaz a


CCA. Considere a seguinte cadeia:

I1 ⊆ I 2 ⊆ I 3 ⊆ . . . ⊆ I n ⊆ . . .

Tomemos

I= Ii .
i∈N

Como a união acima é de ideais encaixados, temos que I é um ideal de R. Por


hipótese, R é um anel Noetheriano, assim

I = (s1 , . . . , st ) .

Para todo i ∈ {1, . . . , t}, existe ji ∈ N tal que si ∈ Iji . Seja j = max{j1 , . . . , jt }.
Assim, Ij ⊇ {s1 , . . . , st }. Logo, I ⊆ Ij . Notemos que,

Ij ⊆ Ij+1 ⊆ . . . ⊆ . . . ⊆ Isi = I ⊆ Ij .

Logo, obtemos Ij = Ij+1 = Ij+2 = . . .. Portanto, R satisfaz a CCA.


Seja R um anel que satisfaz a CCA, verificaremos que R é Noetheriano.
Seja I um ideal de R tal que não é finitamente gerado. Considere i1 ∈ I e
defina I1 = (i1 ). Do mesmo modo, seja i2 ∈ I\ I1 e represente (i1 , i2 ) por I2 .
Analogamente, podemos tomar in ∈ I\ In−1 e definir (i1 , i2 , . . . , in ) por In .
Sempre é poss?vel encontrar o ij devido a I não ser finitamente gerado. Por
construção
I1 ⊊ I2 ⊊ I3 ⊊ . . . ⊊ In ⊊ . . . .

Por hipotése, R satisfaz a CCA, logo existe k ∈ N tal que Ik = Ij para todo
j ≥ k, absurdo. Logo, I é finitamente gerado.
Seja R um anel que satisfaz a CCA, mostraremos que R satisfaz a CM. Seja
F uma família de ideais de R não-vazia tal que F não tem elemento maximal.

4
Assim, seja I1 ∈ F, então existe I2 ∈ F tal que I1 ⊊ I2 . Segue que, existe I3
∈ F tal que I2 ⊊ I3 . Assim, obtemos a seguinte cadeia de ideais

I1 ⊊ I2 ⊊ I3 ⊊ . . . ⊊ In

que não estabiliza, absurdo. Logo F tem elemento maximal.


Por fim, seja R um anel que satisfaz a CM, suponhamos por contradição
que R não satisfaz a CCA, então existe pelo menos uma cadeia de ideais em R
que não estabiliza, que denotaremos por

I 1 ⊆ I2 ⊆ I 3 ⊆ . . . I n ⊆ . . .

Considere F = {Ii / i ∈ N}, temos que F não tem elemento maximal, o que
contraria a hip?tese. Portanto, R satisfaz a CCA.
Assim como os DIPs e os corpos são exemplos de anéis Noetherianos, o
Teorema 1 nos permiti apresentar o seguinte exemplo de um anel que não é
Noetheriano.

Example 2. Seja K um corpo. Temos que, o anel dos polinômios em infinitas


variáveis R = K[x1 , . . . , xn , . . .] não é Noetheriano. De fato, basta tomar a
seguinte cadeia
(x1 ) ⊆ (x1 , x2 ) ⊆ (x1 , x2 , x3 ) ⊆ . . .

Logo R não satisfaz a CCA.

O teorema a seguir foi enunciado e demonstrado por David Hilbert, sendo a


base da Geometria Algébrica. Tal importância é devido a uma correspondência
bijetiva entre as variedades afins, que são objetos geométricos, e radicais de
ideais em um anel de polinômios que é um objeto algébrico. Contudo, não é a
relação entre objetos geométricos e algébricos que objetivamos construir neste
trabalho.

Theorem 2 (Teorema da base de Hilbert (1890)). Seja R um anel Noetheriano.


Então o anel de polinômios R [x] também é Noetheriano.

Demonstração. Suponha que R [x] não é Noetheriano, então existe um ideal


J ⊆ R [x] tal que J não é finitamente gerado. Seja f1 (x) ∈ J de menor grau
possível. Seja f2 (x) de menor grau possível em J \ (f1 ). Do mesmo modo, seja

fn (x) ∈ J \ (f1 , . . . , fn−1 )

5
de menor grau possível. Notemos que, as escolhas dos fi sempre é possível
devido ao Princípio da Boa Ordem e o fato de J não ser finitamente gerado.
Para cada i definimos gr(fi ) = mi ̸= 0 e fi = ai xmi + . . .
Tomemos

(a1 ) ⊆ (a1 , a2 ) ⊆ (a1 , a2 , a3 ) ⊆ . . . ⊆ (a1 , a2 , a3 , . . . , an ) ⊆ . . .

Como R é Noetheriano, existe n ∈ N tal que

(a1 , . . . , an ) = (a1 , . . . , an , an+1 ) = . . . = . . .


n
Assim an+1 ∈ (a1 , . . . , an ), ou seja, an+1 = αi ai onde αi ∈ R. Tomemos
i=1


n
g(x) = fn+1 − αi xmn+1 −mi fi (x),
i=1

temos que

(i) g(x) ̸= 0;

(ii) g(x) ̸∈ ( f1 , . . . , fn );

(iii) gr( g(x) ) < gr( fn+1 (x) ).

Com efeito,

(i) Se g(x) = 0, então fn+1 (x) ∈ (f1 , . . . , fn ). Logo, g(x) ̸= 0.


∑n
(ii) Suponha que g(x) ∈ (f1 , . . . , fn ). Como g(x) = fn+1 − αi xmn+1 −mi fi (x),
i=1
segue que

n
fn+1 = g(x) − αi xmn+1 −mi fi (x) ⇒ fn+1 ∈ (f1 , . . . , fn ),
i=1

contradição. Logo, g(x) ̸∈ (f1 , . . . , fn ).

(iii) Bastar analizarmos os graus dos fi′ s, o desenvolvimento do somatório e


usando a hipotése de que fn+1 (x) ∈ J \ (f1 , . . . , fn−1 , fn ) é de menor
grau possível.

Logo, fn+1 não é o do menor grau possível em J \ (f1 , . . . , fn ). Portanto,


R[x] é Noetheriano.

6
Example 3. Por aplicação do Teorema da base de Hilbert, o anel Z[x] é um
anel Noetheriano. Do mesmo modo, o anel de polinômios com coeficientes em
um corpo.

O Teorema ?? admite uma generalização natural através da indução.

Corollary 1. Sejam R um anel Noetheriano e x1 , . . . , xn indeterminadas. En-


tão o anel de polinômios R [x1 , . . . , xn ] é Noetheriano. Em particular, se K é
um corpo qualquer, então K [x1 , . . . , xn ] é um anel Noetheriano.

Demonstração. Para demonstrarmos este corolário, usaremos indução sobre n.


(i) O caso n = 1 segue pelo Teorema ??;
(ii) Suponhamos que R[x1 , . . . , xn ] é Noetheriano. Verificaremos que R[x1 , . . . , xn+1 ]
é Noetheriano. De fato, considere R′ = R[x1 , . . . , xn ], aplicado o Teorema ??,
temos R′ [xn+1 ] é Noetheriano. Como

R′ [xn+1 ] = R[x1 , . . . , xn ][xn+1 ] = R[x1 , . . . , xn+1 ],

temos que R[x1 , . . . , xn+1 ] é Noetheriano.


O Teorema 2, mas especificamente o Corolário 1, é muito importante ao de-
senvolvimento da Geometria Algébrica. Pois, a Geometria Algébrica estuda sis-
temas de equações polinomiais em n variáveis, cujo o conjunto solução é o objeto
geométrico chamado de variedade. Mas especificamente, sejam K[x1 , . . . , xn ] o
anel de polinômios com n variáveis sobre um corpo K e S um subconjunto de
K[x1 , . . . , xn ]. Os zeros de S, isto é, o conjunto

V = V(S) = {p ∈ Kn /f (p) = 0, para todo f ∈ S}

é chamado de Variedade Afim. O caso mais comum é S ser um ideal. Assim,


aplicando o Corolário 1, temos que S = (f1 (x), . . . , ft (x)), onde x representa as
variáveis. Daí,

V = {p ∈ Kn /fi (p) = 0, para todo i ∈ {1, . . . , t}}.

Portanto, achar o conjunto solução de um sistema com infinitas equações se


resume a um conjunto finito.
Com isso, conseguimos solucionar a nossa situação problema, isto é, encon-
tramos a condição para que todo ideal de K[x1 , . . . , xn ] fosse finitamente gerado.

7
Conjuntos Álgebricos e o Teorema dos zeros de Hilbert
Seja k um corpo algebricamente fechado. Definimos n-ésimo espaço afim sobre
k, denotado Ank ou simplesmente An , como sendo o conjunto de todas n-uplas
de elementos de k. Um elemento P ∈ An é chamado ponto, e se P = (a1 , . . . , an )
com ai ∈ k, então os ai são chamados de coordenadas de P .
Se A = k[x1 , . . . , xn ] é o anel de polinômios em n variáveis sobre k. In-
terpretaremos os elementos de A como funções do n-ésimo espaço afim para k,
definindo f (P ) = f (a1 , . . . , an ), em que f ∈ A e P ∈ An . Assim, se f ∈ A é um
polinômio, podemos definir o conjunto de zeros de f , a saber

Z(f ) = {P ∈ An | f (P ) = 0}

Mais geralmente, se T é um subconjunto qualquer de A, definimos o conjunto


de zeros de T , como sendo os zeros comuns de todos os elementos de T , denotado
por
Z(T ) = {P ∈ An | f (P ) = 0, para todo f ∈ S}

. Claramente, se I é um ideal de A gerado por T , então Z(T ) = Z(I). Além


disso, como A é um anel Noetheriano, temos que todo ideal I de A tem um
número finito de geradores, f1 , . . . , ft . Portanto, como já foi visto acima, Z(T )
pode ser expressado como zeros comuns dos polinômios f1 , . . . , ft .

Definition 2. Um subconjunto Y de An é um conjunto algébrico, se existe um


subconjunto T ⊆ A tal que Y = Z(T ).

Proposition 1. A união de dois conjuntos algébricos é um conjunto algébrico.


A interseção de qualquer família de conjuntos algébricos é um conjunto algé-
brico. O conjunto vazio e o espaço todo são conjuntos algébricos.

Definition 3. Definimos os subconjuntos abertos na topologia de Zariski em


An como sendo o complementar de conjuntos algébricos.

Definition 4. Um subconjunto não-vazio Y de um espaço topológico X é dito


irredutível, se não pode ser escrito como a união Y = Y1 ∩ Y2 , em que Y1 e Y2
são subconjuntos próprios de Y e cada um é fechado em E.

Definition 5. Uma variedade algébrica afim é um conjunto algébrico irredutí-


vel.

Proposition 2. Sejam I e J ideias de k[x1 , . . . , xn ], temos:


(√ )
i) V I = V (I);

8
ii) V (I ∩ J) = V (I) ∪ V (J);

iii) V (I ∪ J) = V (I) ∩ V (J).

Logo, a união e interseção finita de variedades é uma variedade.


É importante destacar a correspondência bijetiva que existe entre as varieda-
des afins, que são objetos geométricos, e ideais radicais em um anel de polinômios
que é um objeto algébrico. Para isso, precisamos explorar as relações entre os
subconjuntos de An e os ideais de k[x1 , . . . , xn ] mais profundamente. Assim,
consideremos um subconjunto qualquer Y ⊆ An e definamos o ideal de Y em
k[x1 , . . . , xn ] por

I(Y ) = {f ∈ k[x1 , . . . , xn ] |f (P ) = 0 para todo P ∈ Y }.

Temos uma função Z que mapeia subconjuntos de k[x1 , . . . , xn ] para conjuntos


algébricos e a função I mapeia subconjuntos de An para ideais. Suas proprie-
dades podem ser resumidas na seguinte proposição.

Proposition 3. Se Z(T1 ) e Z(T2 ) são conjuntos algébricos em An e I(Y1 ) e


I(Y2 ) ideais em k[x1 , . . . , xn ], segue as seguintes propriedades:

(i) Se T1 ⊆ T2 são subconjuntos de k[x1 , . . . , xn ], então Z(T1 ) ⊇ Z(T2 );

(ii) Se Y1 ⊆ Y2 são subconjuntos de An , então I(Y1 ) ⊇ I(Y2 );

(iii) Para quaisquer subconjuntos Y1 , Y2 de An , temos I(Y1 ∪ Y2 ) = I(Y1 ) ∩


I(Y2 );

(iv) Se r ⊆ k[x1 , . . . , xn ] é um ideal homogêneo com Z(r) ̸= ∅, I(Z(r)) = r,
o ideal radical de r;

(v) Para quaisquer subconjunto Y ⊆ An , Z(I(Y )) = Y , o fecho de Y .

Theorem 3 (Teorema dos zeros de Hilbert). Seja k um corpo algebricamente


fechado, se r um ideal em k[x1 , . . . , xn ] e se f ∈ k[x1 , . . . , xn ] é um polinômio
com deg f > 0 tal que f anula todos os pontos de Z(r) em An . Então f q ∈ r
para algum q > 0.

Corollary 2. Existe uma correspondência bijetiva entre os conjuntos algébricos


em An e os ideais homogêneos radicais em k[x1 , . . . , xn ], dada por Y 7→ I(Y ) e
r 7→ Z(r).

9
Essa correspondência pode ser vista como mais clareza no diagrama abaixo.
{ } I(−)
{ }
Conjuntos −→ Ideais
algébricos de An Z(−)
←− radicais de k[x1 , . . . , xn ]

Remark 1. Seja V ⊆ An uma variedade tal que V = Z(I) com I um ideal


homogêneo radical em k[x1 , . . . , xn ]. Temos que,
∩ ∩
I = P = P = P1 ∩ . . . ∩ Pn .
P é primo e P é mínimo de I
I⊆P I⊆P

Assim,
Z(I) = Z(P1 ∩ . . . ∩ Pn ) = Z(P1 ) ∪ . . . ∪ Z(Pn ).

Com isso, podemos concluir que toda variedade é escrita como a união finita de
variedades afins, onde os seus respectivos de ideais são primo.

Definition 6. Seja V ⊂ An uma variedade afim. Diremos que V é irredutível


quando I(V) for um ideal primo.

Remark 2. Nesta parte, optamos por dá uma visão geral dos termos e definir
os objetos de estudos. Sendo assim, optamos por omitir as demonstrações.

Conclusões
Os objetivos traçados estão sendo alcançados na medida que progredimos com
a pesquisa, apresentações de seminários e encontros. É perceptível o amadure-
cimento matemático que orientando obteve ao longo das nossas discursões.
Além disso, demonstramos o Teorema da base de Hilbert e o Teorema dos
zeros de Hilbert. Como também estabelecemos as possíveis relações entre os
objetos algébricos e geométricos, um dos nossos grandes objetivos neste projeto
e com isso conseguimos estabelecer a tão almejada conexão entre Álgebra e
Geometria.

Referências
[1] ATIYAH, M. F., Introduction to Commutative Algebra. University of Oxford.
Addison-Wesley, 1997.

[2] EISENBUD, D., Commutative Algebra (with a view toward Algebraic Geo-
metry). Graduate Texts in Mathematics, vol. 150, Springer-Verlag, 1995.

10
[3] FULTON, W., Algebraic Curves: An Introduction to Algebraic Geometry,
3nd edition. Advanced Book Classics, 2008.

[4] HARTSHORNE, R., Algebraic Geometry, (Graduate texts in mathematics:


52. Springer-Verlag Berlin Heidelberg New York, 1997.

[5] HUNGHERFORD, Thomas., An Introduction: Abstract Algebra, 2nd edi-


tion. Saunders College Publishing, 1997.

11

Você também pode gostar