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III - Silogismo Aristotélico


Aristóteles é com razão considerado o pai da lógica. Isso
não significa que antes dele os seres humanos não
conseguissem pensar logicamente, o caso é que Aristóteles
conseguiu expressar em regras bem precisas como devemos
fazer para articular raciocínios lógicos. Nesse sentido, ele faz
algo que nunca tinha ocorrido a ninguém fazer antes dele, e,
por isso, não é exagerado dizer que o trabalho de Aristóteles
sobre lógica é totalmente original. Embora tenha sido um
grande engano tanto histórico como sistemático de Kant
dizer que a lógica poderia ser considerada uma ciência
perfeita e acabada na forma que Aristóteles a formulou
(Kant parece desconhecer os grandes avanços experimen-
tados pela lógica na época dos estóicos, na escolástica e no
início da modernidade até os seus dias), não há dúvida de
que a obra de Aristóteles é uma enorme contribuição (com
certeza a maior na Antiguidade) para a história da lógica.
Ainda hoje seu estudo é justificado; não pelo fato do
silogismo ter alguma propriedade especial que o torna
indispensável às nossas deduções, mas pelo seu valor
didático, para o qual contribuem sua relativa simplicidade e
seus conceitos profundamente intuitivos.

1. Argumentos: validade e correção


A lógica de Aristóteles é a tentativa de normatizar o
processo argumentativo do discurso científico em geral,
formulando para isso regras de raciocínio e argumentação
objetivamente válidas. Com isso ele pretendia enfrentar o
discurso sofista, cujos argumentos eram retóricos, mas
muitas vezes logicamente falaciosos. A lógica de Aristóteles,
conhecida como “silogística”, foi o instrumento básico de
argumentação nas disputatio, as disputas ou competições
argumentativas, em geral sobre temas teológicos, durante a
escolástica. Neste período, o sistema de Aristóteles foi
estudado e incrementado, especialmente por Petrus
70

Hispanus. Embora Aristóteles mesmo não tenha usado estes


termos, a sua lógica é ideal para introduzir, agora, as noções
de validade e correção, conhecidas na escolástica. Vejamos os
seguintes exemplos:

(1) Todos os cegos são loucos


Todos os loucos são bons motoristas____
logo: Todos os cegos são bons motoristas

(2) Todo cearense é milionário


Todo milionário é brasileiro____
logo: Todo cearense é brasileiro

(3) Toda aranha é um inseto


Todo inseto é um artrópode
logo: Toda aranha é um artrópode

(4) Todo corintiano é paulista


Todo paulista é brasileiro___
logo: Todo brasileiro é corintiano

(5) Todo cearense é nordestino


Todo nordestino é brasileiro___
logo: Todo brasileiro é cearense.

(6) Todo ser humano é mortal


Todo brasileiro é humano___
logo: Todo brasileiro é mortal

Para que um argumento possa ser considerado válido,


deve-se examinar apenas sua forma lógica. Nos argumentos
1, 2 e 3, por exemplo, temos uma forma lógica comum que
podemos representar pelo esquema:

Todo A é B
Todo B é C
Logo: Todo A é C
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Argumentos que têm essa forma são considerados


legítimos ou válidos. A forma lógica de um argumento lhe
garante validade se tivermos uma situação em que, uma vez
que assumamos a verdade das premissas, ficamos obrigados
a inferir a verdade da conclusão. Esta inferência se torna
obrigatória porque os termos que compõem as premissas
constituem certas relações cujas ramificações ultrapassam o
que está dito nas premissas. As premissas trazem embutidas
nelas uma série de conseqüências e a conclusão de um
argumento válido é uma delas. Podemos ver isso claramente
se representarmos o esquema acima com o auxílio de
conjuntos:

Todo A é B Todo B é C juntando tudo Todo A é C


C C C
B B B

A A A

Vemos que não podemos admitir as duas primeiras


relações entre os conjuntos e rejeitarmos a última. É nesse
sentido que a conclusão de um argumento válido é
obrigatória (necessária).
Um argumento é dito correto quando as premissas são
verdadeiras e a inferência é válida. Nos exemplos anteriores,
apenas o último é correto. Os argumentos (1) – (3) falham
por terem uma ou mais premissas falsas, o quarto falha tanto
por possuir premissa falsa como por fazer uma inferência
não legítima, e o quinto falha por ter uma inferência não
legítima. Para visualizar melhor, substitua-se as proposições
verdadeiras pela letra “V” e as falsas pela letra “F”,
indicando a inferência realizada pelo símbolo “”:

(1) F+FF
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(2) F+FV
(3) F+VV
(4) F+VF
(5) V+VF
(6) V+VV

Esses exemplos foram escolhidos para exemplificar os


seguintes princípios lógicos:

1) A conclusão de um argumento com duas premissas


falsas pode ser falsa (1) ou verdadeira (2). A conclusão
de um argumento com uma premissa falsa pode ser falsa
(4) ou verdadeira (3). Esse princípio era conhecido na
escolástica como ex falso sequitur quodlibet – do falso se
segue qualquer coisa.

2) Um argumento com duas premissas verdadeiras e com


uma conclusão falsa não faz uso de uma regra de
inferência legítima (5).

3) Um argumento com todas as premissas verdadeiras e


com uma regra de inferência legítima tem sempre uma
conclusão verdadeira. Por contraposição: um argumento
com uma inferência legítima e com uma conclusão falsa
tem sempre uma premissa falsa.

Avaliar a verdade ou falsidade das premissas não é tarefa


da lógica, por isso, a conclusão de que os argumentos (1) –
(4) não são corretos não depende de nenhuma análise lógica
ou formal, mas sim puramente empírica. Uma das tarefas da
lógica é o estudo da legitimidade ou validade das regras de
inferência: ela aponta o argumento (5) como falacioso por
usar uma regra de inferência não legítima, não válida. O
argumento (6) é o caso ideal: de duas premissas verdadeiras,
através de uma inferência legítima, se chega a uma conclusão
verdadeira.
73

O caráter ilegítimo do argumento (5) é bastante evidente,


pois é claro que a forma lógica:

Todo A é B.
Todo B é C
logo: todo C é A

não é válida. Pode parecer assim que a tarefa da lógica é


óbvia demais, que qualquer ser minimamente racional pode
distinguir imediatamente inferências válidas de inferências
não válidas. Existem estudos (veja Johnson-Laird 1983
Mental Models) que demonstram, no entanto, que muitas
inferências feitas por sujeitos empíricos falham. Das
premissas:

Nenhum A é B
Algum B é C

muitas pessoas em testes concluíram “nenhum A é C”, o que


é incorreto. Na verdade, algum A poderia ser C e até mesmo
todo A poderia ser C. Ao receberem essas informações
adicionais, muitas pessoas concluíram que não existe
nenhuma conclusão válida a partir dessas duas premissas, o
que também é incorreto. Por exemplo, vale logicamente que
“alguns C não são A”. A lógica de Aristóteles é justamente a
primeira tentativa conhecida na história do pensamento
ocidental de tentar selecionar e representar todas as formas
válidas de inferência.

2. O Silogismo Aristotélico
A lógica de Aristóteles é chamada de lógica silogística ou
simplesmente silogismo, e foi estudada com muito afinco e
reformulada durante a idade média. A base da silogística é a
dedução de uma conclusão a partir de duas premissas. Tanto
as premissas como a conclusão são juízos ou proposições (a
distinção entre juízo, sentença, frase, proposição, enunciado
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e outros não será relevante aqui). Um exemplo de silogismo


é a dedução:

P1 Todos os homens são mortais.


P2 Todos os filósofos são homens.
C: Todos os filósofos são mortais.

A primeira proposição (P1) é chamada, desde a


escolástica, de premissa maior, a segunda (P2) de premissa menor
e a terceira (C) de conclusão. Cada uma das proposições tem a
forma:

T1 c T2

T1 e T2 são termos, em geral predicados, e “c” indica um


dos quatro termos conectivos possíveis:

Todos (todos os T1 são T2)


Alguns (alguns T1 são T2)
Nenhum (nenhum T1 é T2)
Alguns não (alguns T1 não são T2)

Esses quatro conectivos são o resultado da aplicação


simultânea de dois critérios que usamos para classificar as
proposições, quais sejam, quantidade e qualidade. A quantidade
diz respeito ao número de sujeitos que são predicados de
determinada maneira, se são todos ou apenas alguns, e a
qualidade diz respeito ao modo como eles são predicados, se
é positivamente, afirmando-se que eles têm o predicado, ou
negativamente, negando-se que eles têm o predicado. Como
resultado dessa classificação, teremos:

Com respeito à quantidade:

1) Proposições universais: Todos os S são P.


Ex: Todos os homens são mortais.
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2) Proposições particulares: Alguns S são P.


Ex: Alguns homens são brasileiros.

Além destes seria importante distinguir um terceiro tipo,


ausente no silogismo original de Aristóteles, mas introduzido
na escolástica:

3) Proposições singulares: Um S é P.
Ex: Sócrates é mortal.

Com respeito à qualidade:

1) Proposições afirmativas ou positivas: S é P


Ex: Sócrates é mortal.

2) Proposições negativas: S não é P.


Ex: Sócrates não é mortal.

E combinando os dois critérios, temos:

Universal positiva (A)


Particular positiva (I)
Universal negativa (E)
Particular negativa (O)

As letras A, E, I, O devem doravante indentificar cada


um destes quatro tipos de proposições. Estas letras foram
introduzidas na Idade Média para facilitar o estudo dos
silogismos. A escolha das letras foi derivada das palavras
latinas:

A F I R M O (universal e particular positivos)

N E G O (universal e particular negativos)


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A fim de que de duas premissas possa deduzir-se uma


conclusão, algumas condições precisam ser preenchidas.
Observe-se novamente o exemplo:

P1 Todos os homens são mortais.


P2 Todos os filósofos são homens.
C Todos os filósofos são mortais.

É importante observar que numa dedução silogística,


além das partículas lógicas (termos sintáticos) como “todos”,
“alguns”, “não”, ocorrem sempre três termos; no exemplo:
homens, mortais e filósofos. Um termo, chamado de terminus
medius (termo médio), tem de ser sempre comum às duas
premissas, neste caso: homem. Conhecendo a relação entre os
termos homem e mortal e entre homem e filósofo, pode-se
concluir a relação entre filósofo e mortal. Repare-se que a
conclusão contém justamente os dois termos que ocorrem
apenas uma vez nas premissas, o terminus medius desaparece
na conclusão. Estes dois outros termos aparecem na
conclusão como sujeito e predicado, respectivamente. O
termo sujeito é chamado de terminus minor (termo menor –
no exemplo, “filósofos”) e o termo predicado de terminus
maior (termo maior – no exemplo, “mortal”).
A tradição distinguiu quatro figuras de silogismo, baseando
esta distinção na posição do termo sujeito (S), do termo
predicado (P) e do termo médio (M) nas proposições
componentes do raciocínio. Assim, cada figura é um tipo de
modelo, um tipo de mapa que mostra como é a configuração
dos raciocínios que pertencem àquela figura. Veja como se
caracterizam as figuras do silogismo:

1ª FIGURA 2ª FIGURA 3ª FIGURA 4ª FIGURA

M c P P c M M c P P c M
S c M S c M M c S Mc S
S c P S c P S c P S c P
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Cada figura é composta de três proposições, e cada


proposição contém um conectivo. Não devemos esquecer,
porém, que as proposições podem ser de quatro tipos: A, E,
I e O. Se fizermos as contas, descobriremos que, variando-se
os tipos de proposições componentes do silogismo, cada
figura poderá se apresentar de 64 modos diferentes. Estes
diferentes modos (modi em latim) são de especial interesse
para o estudo dos silogismos. Cada modo de uma figura será
constituído por uma determinada seqüência de proposições.
Teremos, por exemplo, um modo que corresponderá à
seqüência A-E-E de proposições, um outro que
corresponderá à seqüência E-I-O etc. Este aspecto dos
modos do silogismo chamou a atenção de alguns lógicos da
Idade Média, e eles tiveram a brilhante idéia de associar cada
uma destas seqüências de vogais com um nome feminimo
medieval. Cada modo recebeu um nome que continha
exatamente a seqüência de vogais que lhe era peculiar. No
caso do silogismo que apresentamos acima, por exemplo,
temos uma A-A-A (todos são - todos são - todos são),
chamado, por isso, de Barbara (você verá, todavia, que os
nomes dos outros modi, apesar de serem nomes de
mulheres, não são tão comuns atualmente).
É importante observar que nem todos os 64 modi de uma
figura são deduções válidas. Uma tarefa central da lógica
consiste justamente na distinção das deduções válidas das
deduções não válidas, e, portanto, dos modi que constituem
raciocínios perfeitos daqueles que representam raciocínios
defeituosos. O silogismo clássico destacou, em cada figura,
os seguintes modos de dedução válidos:

PRIMEIRA FIGURA

1. Modus Barbara (AAA) 2. Modus Celarent (EAE)

Todo M é P Nenhum M é P
Todo S é M. Todo S é M
Todo S é P Nenhum S é P
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3. Modus Darii (AII) 4. Modus Ferio (EIO)

Todo M é P Nenhum M é P
Algum S é M Algum S é M
Algum S é P Algum S não é P

Além destes modos, já reconhecidos por Aristóteles,


pode-se obter, através da particularização de proposições
universais, modos mais fracos. Os dois abaixo são respec-
tivamente variações de Barbara e Celarent

5. Modus Barbari (AAI) 6. Modus Celaront (EAO)

Todo M é P Nenhum M é P
Todo S é M Todo S é M
Algum S é P Algum S não é P

SEGUNDA FIGURA

7. Modus Cesare (EAE) 8. Modus Camestres (AEE)

Nenhum P é M Todo P é M
Todo S é M Nenhum S é M
Nenhum S é P Nenhum S é P

9. Modus Festino (EIO) 10. Modus Baroco (AOO)

Nenhum P é M Todo P é M
Algum S é M Algum S não é M
Algum S não é P Algum S não é P

11. Modus Cesaro (EAO) 12. Modus Camestrop


(variação de Cesare) (AEO) (var. de Camestres)

Nenhum P é M Todo P é M
Todo S é M Nenhum S é M
Algum S não é P Algum S não é P
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TERCEIRA FIGURA

13. Modus Darapti (AAI) 14. Modus Disamis (IAI)

Todo M é P Algum M é P
Todo M é S Todo M é S
Algum S é P Algum S é P

15. Modus Datisi (AII) 16. Modus Felapton (EAO)

Todo M é P Nenhum M é P
Algum M é S Todo M é S
Algum S é P Algum S não é P

17. Modus Ferison (EIO) 18. Modus Bocardo (OAO)

Nenhum M é P Algum M não é P


Algum M é S Todo M é S
Algum S não é P Algum S não é P

QUARTA FIGURA

19. Modus Bamalip (AAI) 20. Modus Camenes (AEE)

Todo P é M Todo P é M
Todo M é S Nenhum M é S
Algum S é P Nenhum S é P

21. Modus Fesapo (EAO) 22. Modus Dimatis (IAI)

Nenhum P é M Algum P é M
Todo M é S Todo M é S
Algum S não é P Algum S é P
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23. Modus Fresion (EIO) 24. Modus Camenop (AEO)


(var. de Camenes)
Nenhum P é M
Algum M é S Todo P é M
Algum S não é P Nenhum M é S
Algum S não é P

Alguns princípios elementares do silogismo foram


inferidos pelos escolásticos e ganharam a sua formulação
clássica:

1. Ex meris particularibus nihil sequitur (de meros particulares


nada se segue): Em nenhum dos modos, as duas premissas
são proposições particulares. Pelo menos uma das premissas
é universal (positiva ou negativa).

2. Ex meris negativis nihil sequitur (de meros negativos nada se


segue): Em nenhum dos modos, as duas premissas são
negativas (E, O). Pelo menos uma das premissas é positiva.

3. Conclusio sequitur peiorem partem (a conclusão sempre segue a


parte mais fraca). Este princípio espelha os dois anteriores:.
Se uma das premissas é particular, então a conclusão será
necessariamente particular. Se uma das premissas é negativa,
então a conclusão será necessariamente negativa.

Podemos adicionar a esses princípios clássicos um quarto


princípio que também pode ser útil:

4. Se as duas premissas forem afirmativas, a conclusão será


necessariamente afirmativa (não é necessário, porém, que a
conclusão seja universal caso não haja premissas
particulares).
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3. O quadrado lógico
A partir do silogismo aristotélico podemos compreender
melhor algumas relações lógicas entre proposições, expostas
tradicionalmente no chamado “quadrado lógico”.

A – Universal afirmativo contrários E – Universal negativo


Todo pato é feio Nenhum pato é feio

subalternos subalternos
contraditórios contraditórios

I – Particular afirmativo O – Particular negativo


Alguns patos são feios Alguns patos não são feios
complementares
ou subcontrárias

Pode-se compreender assim a diferença entre contrário e


contraditório: Duas proposições são contrárias quando não
podem ser ambas verdadeiras ao mesmo tempo, mas podem
ser ambas falsas. Exemplos:

Todo homem é digno – Nenhum humano é digno


A bola é vermelha – A bola é verde

Duas proposições são contraditórias quando não podem ser


ambas verdadeiras ou ambas falsas ao mesmo tempo.
Exemplos:

Alguns homens são dignos – Nenhum homem é digno


A bola é vermelha – A bola não é vermelha.
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4. A disputatio medieval
Como já mencionamos, costumava-se praticar o
silogismo aristotélico na Idade Média em debates, em geral
sobre temas teológicos, chamados de disputationes. Em tais
disputas argumentativas, distinguiam-se duas funções
básicas: o proponente (aquele que defendia uma tese) e o
contraente (aquele que rejeitava a tese do proponente). O
proponente lançava a sua tese e argumentava usando os
silogismos válidos. O contraente tentava mostrar que o
argumento do proponente não era correto, pois fazia uso de
alguma premissa falsa. Vejamos um exemplo imaginável:

Tese do proponente:

“A igreja não deve se envolver com questões políticas.


Afinal, o justo não deve negociar com o injusto, a igreja é o
recanto dos justos e a política é o recanto dos injustos. Para
prová-lo, faço uso do silogismo Bárbara:

Todo corrupto é injusto


Todo político é corrupto.
Logo: Todo político é injusto”

Refutação do oponente:

“Apesar de ser logicamente válido, o argumento não é


correto, pois faz uso de uma premissa falsa. Concordo com a
premissa menor, de que todo corrupto é injusto, pois a
corrupção é uma forma grave de injustiça. Mas discordo da
premissa maior, de que todo político é corrupto. Segundo o
relato bíblico, em Israel por muitos anos reinou Salomão,
conhecido pela sua sabedoria e integridade moral. Assim,
nem todo político é corrupto, e o argumento, concluo,
falso”.
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Construir uma disputatio desta forma seria uma excelente


maneira do leitor exercitar o silogismo.

Exercícios (Ex2)
1. Indique quais dos itens abaixo apresentam exemplos de
silogismos, quais apresentam raciocínios válidos e quais
apresentam falácias:

a) Todo homem é mortal


Sócrates é homem___
Sócrates é mortal

b) Alguns ursos são carnívoros


Alguns ursos são vegetarianos__
Nenhum vegetariano é carnívoro

c) Nenhum ateu é religioso


Alguns filósofos não são ateus
Alguns filósofos são religiosos

d) Todo cearense é brasileiro


Todo nordestino é brasileiro________
Alguns nordestinos não são cearenses

e) Todo bebum é papudim


Todo bebum é biriteiro__
Todo biriteiro é papudim

f) Nenhum jegue é bípede


Todo jegue é um jumento_
Nenhum jumento é bípede

g) Algumas crianças são mentirosas


Toda criança é um anjo________
Alguns anjos são mentirosos
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h) Todo milionário é rico


Alguns ricos são banqueiros_____
Alguns banqueiros são milionários

i) Alguns atletas não são tenistas


Alguns tenistas são canhotos____
Alguns canhotos não são tenistas

j) Nenhuma viúva é casada


Algumas casadas são solteiras___
Algumas solteiras não são viúvas

l) Nenhum político é honesto


Alguns políticos são ladrões
Nenhum ladrão é honesto

m) Todo pássaro é uma ave


Alguns ovíparos não são aves____
Alguns ovíparos não são pássaros

2. Toda conclusão de um silogismo pode ser usada como


premissa para um novo silogismo. Com base nisso, dados os
seguintes conjuntos de premissas, conclua a sentença que
vem abaixo do traço horizontal:

a) Todo A é B b) Todo E é C
Todo E é C Todo A é E
Nenhum B é C Todo B é D
Algum D é E Algum A é B
Algum D não é A Algum C é D
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c) Todo A é B
Todo C é D
Todo E é A
Nenhum B é D
Nenhum C é E

3. Mostre que há silogismos supérfluos (um silogismo será


supérfluo se a conclusão que ele deriva das premissas pode
ser derivada das mesmas se usarmos uma combinação de
outros silogismos).

4. Observe as proposições:

a) Toda ave voa


b) Alguns pingüins não voam
c) Algumas aves são pingüins
d) Nenhum pingüim voa
e) Algumas aves não voam
f) Algum pingüim não é ave
g) Nenhuma ave voa
h) Todo pingüim é ave
i) Alguns pingüins voam
j) Algumas aves não são pingüins
k) Nenhum pingüim é ave
l) Algumas aves voam
m) Todo pingüim voa
n) Todas as aves são pingüins
o) Nenhuma ave é pingüim
p) Alguns pingüins são aves

Limitando-se a estas proposições, relacione os pares de:

Contraditórias:
Contrárias:
Complementares:
Subalternas:
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5. No apartamento 44 moram um brasileiro, um iraquiano e


um japonês. O brasileiro é gordo, o iraquiano é muçulmano
e o japonês é cantor de ópera. Certo dia, sumiu o pernil que
a vizinha tinha pedido para guardar no freezer dos três.
Sabe-se que um dos três comeu o pernil, mas quem? Após
uma pequena investigação, a vizinha apurou os seguintes
fatos:

I. Todos os gordinhos do ap. 44 fazem regime.


II. Nenhum muçulmano come pernil.
III. Todo cantor de ópera é gordinho.
IV. Alguns fazedores de regime quebram o regime.
V. Todos os que quebram o regime carecem de
determinação.
VI. Nenhum japonês carece de determinação.
VII. Todos os fazedores de regime se abstêm de comer
pernil.

Será que a vizinha poderá chegar a uma conclusão sobre


quem comeu seu pernil só usando silogismos? Você sabe
quem comeu o pernil? Se sabe, como você é capaz? E,
finalmente, quem comeu o pernil?

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