Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
ARGUMENTAÇÃO E COMUNICAÇÃO I
JUIZ DE FORA
2011.1
Não é esse aspecto persuasivo que nos interessa, mas o estudo da lógica,
importante instrumento para organizarmos nossas ideias de forma mais rigorosa, de
maneira a não tirarmos conclusões inadequadas a partir de enunciados dados.
2
1.1 A lógica aristotélica
3
(1)
Toda estrela brilha com luz própria.
Ora, nenhum planeta brilha com luz própria.
Logo, nenhum planeta é estrela.
(2)
Todos os cães são mamíferos.
Ora, todos os gatos são mamíferos.
Portanto, todos os gatos são cães.
• lógica formal (ou menor), que estabelece a forma correta das operações do
pensamento. Se as regras forem aplicadas adequadamente, o raciocínio é considerado
válido. Na lógica formal, a validade do argumento é definida pela sua forma (esquema) e
não pelo seu conteúdo.
• lógica material (ou maior), que trata da aplicação das operações do pensamento
segundo a matéria ou natureza dos objetos a conhecer. Enquanto a lógica formal se
ocupa com a estrutura do pensamento, a lógica material investiga a adequação do
raciocínio à realidade. E também chamada metodologia, e como tal procura o método
próprio de cada ciência.
Princípio de não-contradição
¬ (P Ù ¬ P) – Não é possível que algo seja e não seja o caso numa mesma
circunstância.
Princípio de identidade
A = A – Algo é sempre semelhante a si mesmo.
Na simbologia, temos:
¬ (negação).
Ù (conjunção = “e”).
Ú (disjunção = “ou”).
P (uma proposição qualquer)
4
É assim que Aristóteles formula, na sua obra Metafísica, o princípio de não-
contradição: “É impossível que o mesmo (o mesmo determinante) convenha e não
convenha ao mesmo ente ao mesmo tempo e sob o mesmo aspecto”. Isso significa que
duas proposições contraditórias não podem ser verdadeiras, que não é possível afirmar e
negar simultaneamente a mesma coisa, isto é, nenhum enunciado pode ser verdadeiro e
falso.
Por exemplo: se for verdade que “alguns seres humanos não são justos”, é falso
que “todos os seres humanos sejam justos”.
Em resumo, temos:
2 PROPOSIÇÃO E ARGUMENTO
Supõe que queres pedir aos teus pais um aumento da "mesada". Como justificas
este aumento? Recorrendo a razões, não é? Dirás qualquer coisa como:
Eu lancho no bar da escola, mas o João não. A Joana come pipocas no cinema. O
Rui foi ao museu.
5
Neste caso, não temos um argumento, porque não há nenhuma pretensão de
justificar uma proposição com base nas outras. Nem há nenhuma pretensão de
apresentar um conjunto de proposições com alguma relação entre si. Há apenas uma
sequência de afirmações. E um argumento é, como já vimos, um conjunto de proposições
em que se pretende que uma delas seja sustentada ou justificada pelas outras — o que
não acontece no exemplo anterior.
Um argumento pode ter uma ou mais premissas, mas só pode ter uma conclusão.
Exemplo 1
Exemplo 2
Exemplo 1
Exemplo 2
Premissa 1: Se não houvesse vida para além da morte, então a vida não faria sentido.
Exemplo 3:
6
Um indicador é um articulador do discurso, é uma palavra ou expressão que
utilizamos para introduzir uma razão (uma premissa) ou uma conclusão. O quadro
seguinte apresenta alguns indicadores de premissa e de conclusão:
Depois de se separar do dono, o cão nunca mais foi o mesmo. Então, um dia ele
partiu e nunca mais foi visto. Admitindo que não morreu, onde estará?
Não deves confundir proposições com frases. Uma frase é uma entidade
linguística, é a unidade gramatical mínima de sentido. Por exemplo, o conjunto de
7
palavras "Braga é uma" não é uma frase. Mas o conjunto de palavras "Braga é uma
cidade" é uma frase, pois já se apresenta com sentido gramatical.
Por exemplo, as seguintes frases não exprimem proposições, porque não têm valor
de verdade, isto é, não são verdadeiras nem falsas:
2. Traz o livro.
Mas as frases seguintes exprimem proposições, porque têm valor de verdade, isto
é, são verdadeiras ou falsas, ainda que, acerca de algumas, não saibamos, neste
momento, se são verdadeiras ou falsas:
3. A neve é branca.
8
Quando é que um argumento é válido? Por agora, referirei apenas a validade
dedutiva. Diz-se que um argumento dedutivo é válido quando é impossível que as suas
premissas sejam verdadeiras e a conclusão falsa. Repara que, para um argumento ser
válido, não basta que as premissas e a conclusão sejam verdadeiras. É preciso que seja
impossível que sendo as premissas verdadeiras, a conclusão seja falsa.
Premissa 1: Alguns treinadores de futebol ganham mais de 100000 euros por mês.
9
propriedade das proposições que constituem os argumentos (mas não dos argumentos) e
a validade é uma propriedade dos argumentos (mas não das proposições).
Mesmo que as premissas do argumento não sejam verdadeiras, imagina que são
verdadeiras. Consegues imaginar alguma circunstância em que, considerando as
premissas verdadeiras, a conclusão é falsa? Se sim, então o argumento não é válido. Se
não, então o argumento é válido.
Esta vacina funcionou bem com macacos. Por esse motivo, esta vacina vai
funcionar bem em seres humanos.
2.4 O SILOGISMO
10
Estrutura formal do silogismo:
___________________________________
REGRAS DO SILOGISMO
2) Os termos da conclusão não podem ter extensão maior que os termos das premissas;
e) 75% dos entrevistados declarou que vai votar no candidato X. Logo, o candidato X
vencerá as eleições.
h) Não existem registros de seres humanos com mais de cinco metros de altura. Logo,
seres humanos com essa altura não existem.
i) Frequentemente quando chove fica nublado. Está chovendo hoje, portanto está
nublado.
12
Adriana — Concordo que não é muito bonito, mas nem toda a arte tem de ser bela.
João — E depois? É claro que nem tudo o que os artistas fazem é belo, mas daí não se
segue nada.
Adriana — Claro que se segue! Dado que tudo o que os artistas fazem é arte segue-se
que nem toda a arte tem de ser bela.
CASO 1
Provérbios
CASO 2
Natal é época de estar em família. Não vá longe na hora de comprar seus presentes.
CASO 3
do mundo dos negócios você encontra aqui. Para conquistar grandes vitórias pessoais,
consulte e assine o Jornal do Commercio do Rio de Janeiro
CASO 4
13
CASO 5
CASO 6
CASO 7
CASO 8
CASO 9
14
3 LÓGICA E ARGUMENTAÇÃO
O texto argumentativo tem uma estrutura convencional, formada por três partes
essenciais.
1) Introdução
2) Desenvolvimento
15
suas peças tiveram um papel essencial pedagógico voltadas para a conscientização
de trabalhadores e para a resistência política na Alemanha nazista dos anos 30 do século
XX.
3) Conclusão
ANOTAÇÕES:
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
16
3.1 A DISSERTACÃO ARGUMENTATIVA E SEU ENSINO
Ainda nesse texto, uma palavrinha sobre argumentação indireta, aquela em que
não se confessa o desejo de convencer o outro, ou seja, aquela em que as razões ficam
implícitas, subentendidas, fato comum, por exemplo, numa descrição que vise a
convencer alguém de nosso ponto de vista. Vejamos, a título de exemplificação, o texto
seguinte:
Encontrei ontem na praia Fulana de Tal, aquela famosa artista de televisão que
você admira. Vou descrevê-Ia para você, em poucas palavras: em nada se aproxima da
beleza que vemos na telinha, possui pele sem vida e cheia de manchas, trajava roupas
de profundo mau gosto, mais isso,mais aquilo etc.
17
A Fulana de Tal, artista de televisão, não merece sua admiração porque não é
bonita de fato, por ter a pele cheia de manchas, não saber vestir-se etc ....
ou
A Fulana de Tal, artista de televisão que você admira, não é de fato bela:
pessoalmente é feia, com a pele cheia de manchas, além de não saber trajar-se com
gosto etc. etc.
EXERCÍCIOS
"Este carro não é nenhum automóvel Brastemp, mas me auxilia muito, nas minhas idas
e vindas diárias, aqui no Rio: além de ser econômico no que se refere a combustível,
pago por ele taxas mais baratas, por ser carro velho; e não desperta cobiça de ladrões de
carro".
O estudo da língua latina é de muita importância para nós, visto ser a "língua mãe" da
portuguesa. O latim é nosso berço cultural; nossa lei se fundamenta nas leis romanas e,
especialmente, a análise da sintaxe latina enseja o desenvolvimento mental, aptidão de
raciocínio e espírito de análise e de síntese. (Tradução adaptada de trecho do exemplo
colhido em Charoles, 1980)
18
5) Assinale a diferença entre argumentar e simplesmente proibir, nos textos que se
seguem:
a) Não
saia de casa resfriado!
b) Como
você está resfriado, não deve sair de casa, pois está chovendo e ventando muito. Este é
o segundo resfriado que o acomete em quinze dias, você parece estar com baixa
resistência imunológica e, ainda por cima, precisa estar com boa saúde na próxima
semana, para enfrentar os exames de vestibular.
No momento em que seu filho inicia o segundo segmento do primeiro grau (quinta
série), convém que V Sa. fique atento(a) à necessidade de ele conhecer uma segunda
língua. Acontece frequentemente nos colégios da zona sul do Rio de Janeiro o jovem
iniciar cursos de inglês, francês, alemão ou espanhol ainda criança. Nesse caso a
lembrança da necessidade de uma segunda língua não se faz necessária. Mas para
aqueles pais cujos filhos ainda desconhecem outra língua, comunicamos que nesta
escola todos devem cursar pelo menos uma das línguas estrangeiras citadas, a partir da
quinta série. É muito importante, especialmente nos dias de hoje, que conheçamos outro
(melhor seria que conhecêssemos outros) idioma, pois é comum na vida profissional a
necessidade de dominarmos pelo menos uma língua estrangeira. Às vezes um bom
profissional perde oportunidade de crescer na sua empresa por desconhecer o inglês, por
exemplo. Assim sendo, vimos comunicar-lhe que seu filho deverá inscrever-se num curso
de língua estrangeira (ou mais de um, se o desejar), optando entre as quatro línguas
citadas. Para um curso, não haverá acréscimo de mensalidade; se desejar cursar mais de
uma língua estrangeira, cobraremos uma adicional de R$50,OO (cinquenta reais) mensais
para cada idioma.
Atenciosamente,
a) Qual o
objetivo da carta?
b) Quais
os interlocutores?
c) Que
argumento(s) se emprega(m) para a proposta feita?
d) Que
teses podem ser propostas?
19
8) Explique a argumentação indireta no texto que se segue:
20
UNIDADE II – A ESTRUTURA DO PARÁGRAFO
A clareza deve ser a qualidade básica de todo texto oficial. Para ela concorrem:
d) a concisão, que faz desaparecer do texto os excessos linguísticos que nada lhe
acrescentam.
21
texto, conhecimento de mundo, o conhecimento que esses têm da língua que usam e
intertextualidade.
6) Unidade: Segundo Bastos (2007, p.340) é a qualidade de um texto que tem em vista
um objetivo único. Todas as partes interligadas entre si concorrem para o mesmo fim,
para esclarecer o sentido e completar a meta pré-estabelecida.
1. 2 TÓPICO FRASAL
Exemplos:
22
meios para se obter sucesso na lida com os cavalos, e que não se pode exigir mais do
que é esperado.
a) declaração inicial
A Zona Sul teve ontem um dia marcado pela violência. Em Copacabana, três assaltos
tumultuaram a Avenida Nossa Senhora de Copacabana. Em Botafogo, ladrões invadiram
uma farmácia e três assaltantes entraram num apartamento fazendo-se passar por
entregadores. Apesar da série de crimes para investigar, a Polícia Civil sofre com a falta
de pessoal: há 13.500 cargos vazios.
O GLOBO, 05/5/98, p. 02
b) definição
O trabalhador braçal do Rio, em sua maioria, levanta-se às quatro da manhã; toma café
requentado, come pão dormido. Pega um trem no subúrbio, viaja de pé, aos solavancos,
até a Central do Brasil. Salta, pega um ônibus lotado: mais solavancos, cansaço antes
mesmo de começar a trabalhar, às vezes altercações pela falta de espaço.
Frequentemente, baldeação extraordinária, por estrago do ônibus. Chega ao serviço, nem
sempre na hora, o que lhe valem repreensões, nem sempre de forma polida. Trabalha as
oito ou nove horas, almoça marmita em que geralmente falta carne, sai novamente
para casa, enfrentando de novo um ou dois ônibus, e o trem: novos solavancos, mais
altercações e chega a casa, pensando na madrugada do dia seguinte. Pois, gente, "Viver
é lutar" I ....
c) divisão
d) alusão histórica
Já dizia o poeta Gonçalves Dias que "Viver é lutar" . O trabalhador braçal do Rio, em sua
maioria, levanta-se às quatro da manhã; toma café requentado, come pão dormido. Pega
um trem no subúrbio, viaja de pé, aos solavancos, até a Central. Salta, pega um ônibus
lotado: mais solavancos, cansaço antes mesmo de começar a trabalhar, às vezes
altercações por falta de espaço. Frequentemente baldeações que não estavam no
programa, por estrago do ônibus. Chega ao serviço, nem sempre na hora, o que lhe
valem repreensões, nem sempre de forma polida. Trabalha as oito ou mais horas,
come mal. Sai novamente para casa: novos solavancos, outras altercações, baldeações
...E chega a casa, preparando-se para a madrugada do dia seguinte.
23
e) omissão de dados
Você desconhece as vantagens deste produto que vai ser lançado no próximo mês pela
Empresa X.Sabe-se que teve boa aceitação nos Estados Unidos, quem o experimenta
não quer saber de outro produto, é mais barato do que os demais à venda no Brasil, não
polui o meio ambiente e poderá ser adquirido em qualquer mercado e farmácia de bairro.
Procurado em todas as boas lojas do ramo. Não decepciona. Você devia conhecê-lo.
f) interrogação
O exercício da autoridade é uma constante nela. Assim, embora possa conceder férias a
um empregado no período conveniente a ele, como o período que concilia as férias
escolares de um filho, aquela Chefe prefere postergar por um mês a concessão, só para
não atender ao pedido que lhe foi feito. Evita fazer concessões, cita constantemente as
leis, nunca faz um elogio. Apenas 'ordena', esperando obediência.
b) por confronto
Pedro ou Paulo será o novo presidente? Pedro é inteligente, honesto e arrojado nos
negócios. Paulo é igualmente inteligente e honesto, mas não tão arrojado. Pedro é
conhecido no meio empresarial por seu dinamismo e também por algumas decisões
tempestivas que lhe foram adversas; Paulo também é conhecido nos meios empresariais,
respeitado por sua cautela, que já lhe rendeu êxito em negócios, mas também já o fez
perder boas oportunidades.
c) por analogia
24
raiva faz de nós indivíduos irascíveis, mal humorados, vingativos,destruidores como as
águas turbulentas do mar.
Crase é fusão de sons idênticos. Assim, em "Vou à Bahia", temos dois "aa": o primeiro é a
preposição ‘da", pedida pelo verbo "ir", porque "quem” vai, vai a algum lugar"; o segundo
"a" é o artigo definido feminino singular, pedido pelo consequente, no caso o substantivo
locativo "Bahia''. Essa fusão é marcada em língua portuguesa pelo acento grave. Outra
fusão de sons idênticos pode ser vista na expressão “livre e contente”, agora sem marca
de acento gráfico: a vogal final da primeira palavra pronuncia-se /i/, da mesma forma que
a conjunção, donde a pronúncia /livri contente/. Em ambos os casos temos a crase.
Você precisa alimentar-se bem. Está provado que a boa alimentação, sem exageros,
balanceada e adequada, previne doenças. Do alimento nosso organismo retira as
proteínas e as vitaminas necessárias ao bom funcionamento do nosso corpo etc. etc.
Além disso, nestas últimas décadas, temos assistido, com certa preocupação, aos
conflitos internacionais que se sucedem. Muitos trazem na memória a triste lembrança
das guerras do Vietnã e da Coreia, as quais provocaram grande extermínio. Em nossos
dias, testemunhamos conflitos na antiga Iugoslávia, em alguns membros da Comunidade
dos Estados Independentes, sem falar da Guerra do Golfo, que tanta apreensão nos
causou.
Em virtude dos fatos mencionados, somos levados a acreditar que o homem está
muito longe de solucionar os graves problemas que afligem diretamente uma grande
parcela da humanidade e indiretamente a qualquer pessoa consciente e solidária. É
desejo de todos nós que algo seja feito no sentido de conter essas forças ameaçadoras,
25
para podermos suportar as adversidades e construir um mundo que, por ser justo e
pacífico, será mais facilmente habitado pelas gerações vindouras.
Análise do texto:
TEMA:
1º parágrafo:
2° parágrafo :
3° parágrafo:
4° parágrafo:
5° parágrafo:
EXERCÍCIOS
a) A televisão, apesar das críticas que recebe, tem trazido muitos benefícios às pessoas,
tais como: informação, por meio de noticiários que mostram o que acontece de importante
em qualquer parte do mundo; diversão, através de programas de entretenimento (shows,
competições esportivas); cultura, por meio de filmes, debates, cursos.
c) Embora a vida real não seja um jogo, mas algo muito sério, o xadrez pode ilustrar o fato
de que, numa relação entre pais e filhos, não se pode planejar mais que uns poucos
lances adiante. No xadrez, cada jogada depende da resposta à anterior, pois o jogador
não pode seguir seus planos sem considerar os contra-ataques do adversário, senão será
prontamente abatido. O mesmo acontecerá com um pai que tentar seguir um plano
preconcebido, sem adaptar sua forma de agir às respostas do filho, sem reavaliar as
constantes mudanças da situação geral, na medida em que se apresentam. (Bruno
Betelheim, adaptado)
26
indecifráveis. A própria presença da criança no mundo é, para ela, uma adivinhação a ser
resolvida. Daí o prazer de experimentar de modo desinteressado, por brincadeira, a
emoção da procura da surpresa. (Gianni Rodari, adaptado)
e) Quatro funções básicas têm sido atribuídas aos meios de comunicação: informar,
divertir, persuadir e ensinar. A primeira diz respeito à difusão de notícias, relatos e
comentários sobre a realidade. A segunda atende à procura de distração, de evasão, de
divertimento por parte do público. A terceira procura persuadir o indivíduo, convencê-lo a
adquirir certo produto. A quarta é realizada de modo intencional ou não, por meio de
material que contribui para a formação do indivíduo ou para ampliar seu acervo de
conhecimentos. (Samuel P. Netto, adaptado)
ATENÇÂO: Você vai usar as ideias dos itens, podendo fazer ligeiras alterações na
morfossintaxe empregada no texto primitivo: tempos verbais, omissão de dados repetidos,
junção de itens etc.
b) Calcula-se que o Rio tenha atualmente, junho de 98, cinco mil mendigos nas ruas.
c) Muitas famílias que esmolam nas ruas, têm casa, mas a renda familiar é insuficiente.
a) A prefeitura do Rio decidiu cadastrar mendigos porque comprovou que nem todos os
pedintes de rua são pessoas abandonadas, sem família.
c) Calcula-se que o Rio possa ter hoje, junho/98, cinco mil mendigos nas ruas.
d) Muitas pessoas que mendigam, têm família, mas a renda familiar é insuficiente.
27
f) A prefeitura está programando meios de incentivar essas famílias a abandonarem as
ruas.
h) A prefeitura espera poder resolver de outra forma o problema dessas famílias que
incentivam seus velhos e suas crianças à mendicância, para aumentar sua renda familiar.
Pede-se que você cite as letras correspondentes aos períodos que você empregou.
4) Releia o texto que você estruturou e responda, a seguir, por que abandonou alguns dos
sete itens acima.
5) Veja se consegue formular um silogismo em que se apliquem as ideias das frases não
utilizadas no exercício 3.
b) Explique, com suas palavras, qual o posicionamento que os autores assumem diante
dos temas abordados.
c) Retire de cada um dos textos dois argumentos usados e explique por que o autor os
teria empregado para defender seu ponto de vista.
TEXTO 1
Castigos viscerais
Na noite da quarta-feira 7 de fevereiro de 2007, João Hélio estava no carro com sua mãe,
a irmã e uma amiga da família, quando foram abordados por três bandidos, que, armados,
1
Hélio Schwartsman, 44, é articulista da Folha. Bacharel em filosofia, publicou "Aquilae Titicans - O Segredo de
Avicena - Uma Aventura no Afeganistão" em 2001. Escreve para a Folha Online às quintas.
28
ordenaram ao grupo que abandonasse o veículo. Antes que a mãe pudesse desafivelar o
cinto de segurança do garoto para retirá-lo, os assaltantes aceleraram. João Hélio foi
arrastado por sete quilômetros. Durante a fuga, motoristas e passantes alertavam
desesperadamente os criminosos por meio de gestos e sinais para o fato de que o
menino estava sendo esfolado vivo. Os ladrões, entretanto, segundo relato que um deles
teria depois feito à polícia, debochavam, dizendo que o que estava sendo arrastado não
era uma criança, mas um mero "boneco de Judas". Após cruzar vários bairros do Rio, os
assassinos acabaram abandonando o carro. O corpo de João Hélio já era uma massa
amorfa, sem dedos, joelhos e cabeça.
Como não poderia deixar de ser, a libertação de um dos bandidos, após apenas três anos
de medida socioeducativa (o rapaz era menor de 18 anos na época do crime), causa
revolta. No que muitos consideram uma provocação, a ONG Projeto Legal, que trabalha
com menores infratores, ainda requereu e por alguns dias conseguiu que o jovem fosse
inscrito no Programa de Proteção a Crianças e Adolescentes Ameaçados de Morte
(Ppcaam), o que lhe daria direito a uma nova identidade e auxílio material do poder
público.
O tratamento que se deve dispensar a criminosos é uma daquelas questões viscerais que
separam a esquerda da direita, as pessoas com inclinações liberais de seus homólogos
mais conservadores. Como sempre, o que está atuando aqui são dois modos ligeiramente
diferentes de colocar-se no mundo. E a razão para as diversas "Weltanschauungen" tem
origem cerebral.
Não há indivíduo psiquicamente saudável que não se comova com a história de João
Hélio. A fim de promover e facilitar a vida em sociedade, a evolução nos dotou com uma
série de mecanismos como neurônios espelho e descargas de oxitocina que fazem com
que nos identifiquemos com outros seres humanos. Ao ler a descrição do crime,
automaticamente nos colocamos no lugar de seus pais. Experimentamos um lampejo de
sua dor e da raiva que sentem dos assassinos. O impulso de querer ver os criminosos
castigados é não apenas uma emoção genuína como também necessária para a
estabilidade social. Se não tivéssemos o desejo de punir os que tentam se aproveitar de
nossos esforços conjuntos, não conseguiríamos viver nem em clãs, quanto menos em
cidades de milhões de habitantes.
Evidentemente, os dois sistemas (e muitos outros que não cabe aqui enumerar) convivem
lado a lado em cada indivíduo. Se fôssemos apenas instinto, não nos diferenciaríamos de
outros mamíferos sociais como lêmures e babuínos. Se, alternativamente, não
contássemos com emoções gregárias como a empatia, não passaríamos de sociopatas
que, por não confiar no próximo, provavelmente nem teríamos descido das árvores.
Quanto cada pessoa se deixa guiar por cada qual desses circuitos independentes mas
interligados é que vai definir seu posicionamento político em relação a criminosos. Os
29
que, mesmo sem estar pessoal e diretamente envolvidos com um caso qualquer, dão
mais peso às emoções e se inclinam pela punição tão dura quanto possível dos bandidos
podem classificar-se como conservadores. Já os que adotam uma linha pragmática, que
vê a sanção mais como uma forma de manter a coesão social do que de "fazer justiça"
(na verdade, a própria noção de justiça é um conceito para lá de problemático), são o que
consideramos de esquerda.
Subjaz a cada uma dessas posições uma visão mais ou menos pessimista da natureza
humana. Para os direitistas, um sujeito com propensão a cometer crimes manterá essa
característica por toda a sua vida. A sociedade que decide eliminá-lo através de institutos
como a pena de morte está apenas exercendo seu direito de autodefesa. Já para os
liberais, a natureza humana é pelo menos um pouco maleável. Embora muitos bandidos
reincidam, alguns deles, ao final de suas sentenças, se tornaram bons cidadãos ou pelo
menos inofensivos. De mais a mais, existe sempre a possibilidade de erro judicial, o que
basta para nos acautelar contra respostas irreversíveis como a sanção capital.
Podemos mudar essa norma? Sim, poderíamos, no âmbito de uma nova Constituição ou
de uma ampla reforma da Carta, que não ocorreria sem contestações judiciais. Embora
eu não seja um desses militantes de direitos humanos que veem a preservação da
maioridade penal aos 18 anos como um fim em si mesmo, tenho um certo receio de dar a
primeira mexida nesse vespeiro.
Vamos supor que baixemos a idade mínima para o encarceramento para 16 anos, como
muitos defendem. Seria uma questão de tempo até que um jovem de 14 ou 15 cometesse
um crime sanguinário que geraria uma onda de protestos por nova redução. Logo
estaríamos, como nos EUA e no Reino Unido, condenando a longas penas de prisão
crianças de 10 ou 11 anos o que é sempre menos chocante no sistema de "common law"
anglo-saxão do que no Direito codificado que herdamos da Europa continental.
30
Um bom sistema penal é aquele que consegue, sempre seguindo as exigências da
manutenção do Estado de Direito, dar uma resposta que satisfaça parcialmente o desejo
de "fazer justiça" da sociedade. No Brasil, infelizmente, não estamos cumprindo
minimamente nenhum dos dois quesitos.
TEXTO 2
Sem limites
Critica-se por aí a falta de limite das crianças. Reclama-se dos adolescentes criados sem
limites. No quarto escuro do caos, esperamos que a luz do limite venha por a bagunça em
ordem. Nem adultos escapam da exigência geral. Impõem-se leis rígidas contra o
consumo do álcool, fecham-se as casas de jogo, grita-se contra as drogas. Um submundo
de tensões mais clandestinas aqui, menos ali, atrapalha a expectativa de um mundo
ordenado. Tudo o que se diz contra os excessos destrutivos é em nome de limites.
De tanto gritar limites ficamos surdos para nossos próprios gritos. Onde foi parar o bom-
senso é questão que é preciso retomar. Quem para pra pensar no porquê de tantas
imposições? A rigidez das atitudes é a resposta fácil no desespero. O desespero é o
descaminho que se explica pela falta de limites e pela tentativa de criá-los, a cada vez,
pela força. É o limite que ficou sem limite. A excessiva proibição nos torna incompetentes
para a vida.
Para muitos basta dar “limites” para realizar uma boa educação. Como se a experiência
do limite sozinha pudesse ser a salvação para alguém que se perdeu. Um não dito em
tom solene aqui, ou acolá, e estaria feita a mágica. Sabemos que não funciona assim.
Professores contam com soluções vindas de casa. Pais desatentos ou ocupados esperam
que os limites sejam produzidos na escola como se encontrar o “limite” fosse tarefa da
educação formal. Nem uma coisa nem outra. Parece que o limite tornou-se uma palavra
mágica a carregar a culpa para o lado oposto onde cada um está. A tarefa de dar limite é
uma das tantas que esperamos dos outros. Todos sabemos que ela dá muito trabalho.
Muitas vezes nem sabemos, os responsáveis, do que se trata. Mas no fundo, talvez a
preguiça de agir demonstre mais do que cansaço ou descaso. Talvez não confiemos na
possibilidade de que um limite seja a resposta para nossos problemas na educação, nos
relacionamentos, pois nós mesmos não nos damos limites. Somos autoindulgentes,
autopiedosos, sempre prontos a perdoar as nossas falhas. A revolta contra as leis é sinal
de que não vemos vantagem dos limites para nós mesmos. A culpa – e o problema – é
dos outros.
2
Márcia Tiburi é filósofa, graduada em filosofia e artes e mestre e doutora em filosofia pela UFRGS.
31
Os filósofos antigos usavam o termo “peras” para expressar os limites. Tanto nos pré-
socráticos, quanto em Platão e Aristóteles, este conceito tinha uma função metafísica, ou
seja, servia para explicar como as coisas existiam, porque elas eram o que eram e não
diferentes. Por exemplo, Aristóteles dizia que qualquer coisa não existe para além do
limite. Tudo o que existe precisava de um limite para existir. Para saber o que algo é e
onde está se usa a noção do limite. Limite é sinônimo de forma. Afinal não podemos
saber o que é uma casa se não reconhecemos seus limites concretos, arquiteturais, que
são, afinal, formais. Até a beleza era entendida como uma espécie de limite. Se
pensarmos bem, toda a nossa forma de ver o mundo, de pensar, de entender as coisas,
depende deste conceito.
Respeito ilimitado
Todo limite é uma experiência que se formula na relação com o outro. Entre eu e o outro
há sempre um espaço imponderável. Neste vazio entre “eu e tu” a melhor coisa a ser
colocada é o respeito. Se o limite é a experiência que permite saber até onde se pode
chegar e, com sorte, a protetora dor de saber aonde não se deve ir, o respeito é a única
de todas as experiências que não pode ter limite. Por que respeito é o modo de olhar
para o outro como algo positivo, ver nele sua potência de ser, como alguém que, mesmo
me sendo próximo, carrega em si algo que não pode dizer sobre si mesmo para mim, e,
por isso mesmo, sempre será intocável.
Nenhum respeito
TEXTO 3
32
Por Raphael Boldt de Carvalho3em 12/02/2011
Nesse sentido, torna-se possível falar nas cifras ocultas da criminalidade, fenômeno que
se refere à “lacuna existente entre a totalidade dos eventos criminalizados ocorridos em
determinado tempo e local (criminalidade real) e as condutas que efetivamente são
tratadas como delito pelos aparelhos de persecução penal (criminalidade registrada)”[2].
3
Raphael Boldt de Carvalho é advogado, professor de Direito Processual Penal da Faculdade de
Direito de Vitória, professor convidado da Escola Superior da Advocacia do Espírito Santo,
professor de Direito Penal no Centro de Evolução Profissional, mestre em Direitos e Garantias
Fundamentais pela FDV.
33
cometidos por sujeitos que possuem um baixo grau de vulnerabilidade e não compõem a
clientela do sistema penal.
Para ilustrar o que ora afirmamos, basta mencionar que o relatório do Departamento
Penitenciário Nacional (Depen)[3] indica a existência de aproximadamente 417.112
presos nas penitenciárias brasileiras, dos quais apenas 1.366 foram condenados por
crimes contra a administração pública, enquanto 217.777 praticaram delitos contra o
patrimônio. Algo surreal, se considerarmos que o nosso país foi classificado como o 17º
país mais corrupto do mundo em pesquisa realizada pela Transparência Internacional[4].
Outrossim, ainda que se sustente ser o Direito Penal uma “amarga necessidade de uma
sociedade de seres imperfeitos”[7], não podemos deixar de considerar suas funções reais
(e ocultas), bem como a violência que lhe é inerente, responsável pela violação
sistemática dos direitos humanos dos setores subalternos.
[1] CARVALHO, Salo de. Antimanual de criminologia. Rio de Janeiro: Lumen Juris,
2008.
[2] CARVALHO, Salo de. Antimanual de criminologia. Rio de Janeiro: Lumen Juris,
2008, p. 81.
[3] BATISTA, Eurico. Maior parte dos presos responde por tráfico e roubo. Conjur, 03 abr.
2010. Disponível em: <http://www.conjur.com.br/2010-abr-03/maior-parte-presos-
brasileiros-reponde-trafico-roubo-qualificado#autores#autores>. Acesso em: 03 jun. 2010.
[4] ALMEIDA, Gevan de. O crime nosso de cada dia. Rio de Janeiro: Impetus, 2004, p.
27.
34
[5] SANTOS, Juarez Cirino dos. Direito Penal: Parte Geral. Curitiba: Lumen Juris/ICPC,
2006, p. 06.
[6] BARATTA, Alessandro. Criminologia crítica e crítica do Direito Penal. Rio de
Janeiro: Revan, 2002.
[7] QUEIROZ, Paulo de Souza. Funções do direito penal: legitimação versus deslegitimação do
sistema penal. São Paulo: RT, 2005, p. 116.
Texto 4
A tragédia da irresponsabilidade
A entidade afirma que há pelo menos dois anos adverte as cidades da região serrana
sobre as ocupações irregulares, mas, na maioria das vezes, sem nenhum efeito. Nem
resposta tiveram.
Daí se vê, como sempre, como o descaso é uma tragédia permanente no Brasil.
TEXTO 5
4
Gilberto Dimenstein, 52, é membro do Conselho Editorial da Folha e criador da ONG Cidade Escola
Aprendiz. Coordena o site de jornalismo comunitário da Folha. Escreve para a Folha Online às segundas-
feiras.
35
Não é bairrismo, apenas uma simples constatação: São Paulo não é apenas uma das
cidades mais interessantes do Brasil, mas do mundo. Assim como também poderia ser
classificada como uma das cidades mais estressantes, talvez a mais estressantes do
Brasil.
Na minha visão, a melhor cidade não é aquela mais bonita ou mais agradável. É aquela
em que existe efervescência de seu capital humano, gente criando e renovando por todos
os lados, sempre como um projeto na cabeça.
Por isso, a cidade não é só dos que nasceram nela. É mais daquele que chegam para
fazer algo de novo.
São Paulo é tudo isso. E cada vez. O que não a faz mais civilizada. Vivemos uma
barbárie diária.
Mas para gostar de São Paulo (e eu gosto muito) só gostando muito de viver no meio de
gente com tantos projetos na cabeça.
Cuidado com as palavras! Cuidado com o que você ouve, lê ou escreve. Você não
deve acreditar em tudo o que ouve ou lê. Você deve ter habilidade para lidar com
discursos, com textos, com o que lhe dizem, com argumentos que lhe apresentam nos
5
Gilberto Dimenstein, 52, é membro do Conselho Editorial da Folha e criador da ONG Cidade Escola
Aprendiz. Coordena o site de jornalismo comunitário da Folha. Escreve para a Folha Online às segundas-
feiras.
36
debates do dia-a-dia. Deve distinguir o que o vulgo confunde. Deve ter critérios para
aceitar ou rejeitar enunciados, argumentos, declarações feitas. Muitas carecem de
fundamentação. São ardilosas. Enganadoras. Fraudulentas. Falsas. Falaciosas.
Como você reagiria, por exemplo, aos enunciados abaixo? Quais você aceitaria?
Como você argumentaria para rejeitar os que devem ser rejeitados? Tente.
1. Se eu abrir uma exceção para você, deveria abrir também para João. Se abrir para
João, devo abrir para André. E para Marcos também. Depois para Maria,
Madalena, etc.
Todos os enunciados acima devem ser rejeitados. São falácias. São enunciados ou
tentativas de persuadir o leitor mediante em raciocínio errôneo, mediante um argumento
fraudulento, enganoso.
2. TIPOS DE FALÁCIAS
2.1 ____________________________________
Definição:
Consiste em ameaçar com consequências desagradáveis se não for aceita ou acatada a
proposição apresentada.
37
Exemplo:
- Você deve se enquadrar nas novas normas do setor. Ou quer perder o emprego?
- É melhor exterminar os bandidos: você poderá ser a próxima vítima.
Contra-argumentação:
Argumente que apelar à força não é racional, não é argumento, que a emoção não tem
relação com a verdade ou a falsidade da proposição.
2.2 _____________________________________
Definição:
Consiste em apelar à piedade, à misericórdia, ao estado ou virtudes do autor.
Exemplo:
Ele não pode ser condenado: é bom pai de família, contribuiu com a escola, com a igreja,
etc.
Contra-argumentação:
Argumente que se trata de questões diferentes, que o que é invocado nada tem a ver com
a proposição. Quem argumenta assim ignora a questão, foge do assunto.
2.3 ____________________________________
Definição:
Consiste em sustentar uma proposição por ser defendida pela população ou parte dela.
Sugere que quanto mais pessoas defendem uma ideia mais verdadeira ou correta ela é.
Incluem-se aqui os boatos, o "ouvi falar", o "dizem", o "sabe-se que".
Exemplo:
Dizem que um disco voador caiu em Minas Gerais, e os corpos dos alienígenas estão
com as Forças Armadas.
Contra-argumentação:
Os educadores, os professores, as mães têm o argumento: se todos querem se atirar em
alto mar, você também quer? O fato de a maioria acreditar em algo não o torna
verdadeiro.
2.4 ___________________________________
Definição:
Consiste em citar uma autoridade (muitas vezes não - qualificada) para sustentar uma
opinião.
Exemplo:
Segundo Schopenhauer, filósofo alemão do séc. XIX, "toda verdade passa por três
38
estágios: primeiro, ela é ridicularizada; segundo, sofre violenta oposição; terceiro, ela é
aceita como auto-evidente". (De fato, riram-se de Copérnico, Galileu e outros. Mas nem
todas as verdades passam por esses três estágios: muitas são aceitas sem o ridículo e a
oposição. Por exemplo: Einstein).
Contra-argumentação:
Mostre que a pessoa citada não é autoridade qualificada. Ou que muitas vezes é perigoso
aceitar uma opinião porque simplesmente é defendida por uma autoridade. Isso pode nos
levar a erro.
2.5 ______________________________________
Definição:
Consiste no erro de afirmar que algo é melhor ou mais correto porque é novo, ou mais
novo.
Exemplo:
Saiu a nova geladeira Pólo Sul. Com design moderno, arrojado, ela é perfeita para sua
família, sintonizada com o futuro.
Contra-argumentação:
Mostre que o progresso ou a inovação tecnológica não implica necessariamente que algo
seja melhor.
2.6 ______________________________________
Definição:
É o erro de afirmar que algo é bom, correto apenas porque é antigo, mais tradicional.
Exemplo:
Essas práticas remontam aos princípios da Era Cristã. Como podem ser questionadas?
Contra-argumentação:
Argumenta que o fato de um grande número de pessoas durante muito tempo ter
acreditado que algo é verdadeiro não é motivo para se continuar acreditando.
2.7 ______________________________________
Definição:
Consiste em apresentar apenas duas opções, quando, na verdade, existem mais.
Exemplos:
- Brasil: ame-o ou deixe-o.
-Você prefere uma mulher cheirando a alho, cebola e frituras ou uma mulher sempre
arrumadinha?
39
Contra-argumentação:
Simples. Mostre que há outras opções.
2.8 ______________________________________
Definição:
Um axioma é uma verdade autoevidente sobre a qual outros conhecimentos devem se
apoiar. Por exemplo: duas quantidades iguais a uma terceira são iguais entre si. Outro
exemplo: a educação é a base do progresso. Muitas vezes atribuímos, no entanto,
"status" de axioma a muitas sentenças ou máximas que são, na realidade, verdades
relativas, verdades aparentes.
Exemplo:
Quem cedo madruga Deus ajuda.
Contra-argumentação:
Mostre que muitas frases de efeito, impactantes, bombásticas, retóricas, muito
respeitadas podem ser meras estratégias mediantes as quais alguém tenta convencer,
persuadir o ouvinte/leitor em direção a um argumento. No caso dos provérbios, mostre
que se contradizem:
- Ruim com ele, pior sem ele X Antes só do que mal acompanhado.
-Depois da tempestade vem a bonança X Uma desgraça nunca vem sozinha.
- Longe dos olhos, perto do coração X O que os olhos não veem o coração não sente.
2.9 _____________________________________
Definição:
É uma afirmação ou proposição de caráter geral, radical e que, por isso, encerra um juízo
falso em face da experiência.
Exemplo:
A prática de esportes é prejudicial à saúde.
Contra-argumentação:
Mostre que é necessário especificar os enunciados. Othon Garcia (Comunicação em
Prosa Moderna, FGV, 1986, p. 169) ilustra como se pode especificar a falácia acima,
dada como exemplo: A prática indiscriminada de certos esportes violentos é prejudicial à
saúde dos jovens subnutridos.
2.10 _____________________________________
Definição:
Trata-se de tirar uma conclusão com base em dados ou em evidências insuficientes. Dito
de outro modo, trata-se de julgar todo um universo com base numa amostragem reduzida.
Exemplos:
- Todo político é corrupto.
- Os padres são pedófilos.
40
Contra-argumentação:
Argumente que dois professores ruins não significam uma escola ruim; que em ciência é
preciso o maior número de dados antes de tirar uma conclusão; que não se pode usar
alguns membros do grupo para julgar todo o grupo. Faça ver que se trata, na maioria das
vezes, de estereótipo: imagem preconcebida de alguém ou de um grupo. Faça ver
também que são fonte de inspiração de muitas piadas racistas, como as piadas de judeus
(visto como avarento), de negro (vista como malandro ou pertencente a uma classe
inferior), de português (visto no Brasil como sem inteligência), etc. É por isso que essa
falácia está intimamente relacionada ao preconceito.
2.11 _____________________________________
Definição:
Consiste em atacar, em desmoralizar a pessoa e não seus argumentos. Pensa-se que, ao
se atacar a pessoa, pode-se enfraquecer ou anular sua argumentação.
Exemplo:
- Não deem ouvidos ao que ele diz: ele é um beberrão, bate na mulher e tem amantes.
Observação: Uma variação de "argumentum ad homimem" é o "tu quoque" (tu também):
Consiste em atribuir o fato a quem faz a acusação. Por exemplo: se alguém lhe acusa de
alguma coisa, diga-lhe "tu também"! Isso, evidentemente, não prova nada.
Contra-argumentação:
Mostre que o caráter da pessoa não tem relação com a proposição defendida por ela.
Chamar alguém de corrupto, nazista, comunista, ateu, pedófilo, etc. não prova que suas
ideias estejam erradas.
2.12 ______________________________________
Definição:
Consiste em tirar de uma proposição uma série de fatos ou consequências que podem ou
não ocorrer. É um raciocínio levado indevidamente ao extremo, às últimas consequências.
Exemplos:
- Mãe, cuidado com o Joãozinho. Hoje, na escolinha, ele deu um beijo na testa de
Mariazinha. Amanhã, estará beijando o rosto. Depois.... Quando crescer, vai estar
agarrando todas as meninas.
- O álcool e uma dieta pobre também são grandes assassinos. Deve o governo regular o
que vai à nossa mesa? A perseguição à indústria de fumo pode parecer justa, mas
também pode ser o começo do fim da liberdade. (Veja, agosto 2000, p.36)
Contra-argumentação:
Argumente dizendo que as consequências, os fatos, os eventos podem não ocorrer.
2.13 _________________________________________
41
Definição:
É o erro de acreditar que em dois eventos em sequência um seja a causa do outro. No
extremo, é uma forma de superstição: eu estava com gravata azul e meu time ganhou;
portanto, vou usá-la de novo.
Exemplo:
- O chá de quebra-pedra é bom para cálculos renais. Tomei e dois dias depois expeli a
pedra.
Observação: uma variação deste sofisma é o chamado "non sequitur" (não se segue,
"nada a ver") em que uma conclusão nada tem a ver com a premissa: Venceremos, pois
Deus é bom. (Deus é bom, mas não está necessariamente a seu lado; os inimigos podem
dizer a mesma coisa).
Contra-argumentação:
Mostre que correlação não é causação: o fato de que dois eventos aconteçam em
sequência não significa que um seja a causa do outro. Diga que pode ter sido apenas
uma coincidência.
2.14 ________________________________
Definição:
Consiste em comparar objetos ou situações que não são comparáveis entre si, ou
transferir um resultado de uma situação para outra.
Exemplos:
- Minhas provas são sempre com consulta a todo tipo de material. Os advogados não
consultam os códigos? Os médicos não consultam seus colegas e livros? Não levam as
radiografias para as cirurgias? Os engenheiros, os pedreiros não consultam as plantas?
Então?
- Os empregados são como pregos: temos que martelar a cabeça para que cumpram
suas funções.
Contra-argumentação:
Argumente que os dois objetos ou situações diferem de tal modo que a analogia se torna
insustentável. Mostre que o que vale para uma situação não vale para outra.
2.15 ______________________________________
Definição:
Consiste em transferir ao ouvinte o ônus de provar um enunciado, uma afirmação.
Exemplo:
Se você não acredita em Deus, como pode explicar a ordem que há no universo?
42
Contra-argumentação:
Mostre que o ônus da prova, isto é, a responsabilidade de provar um enunciado cabe a
quem faz a afirmação.
2.16 __________________________________
Definição:
Consiste em concluir que algo é verdadeiro por não ter sido provado que é falso, ou que
algo é falso por não ter sido provado que é verdadeiro.
Exemplos:
- Ninguém provou que Deus existe. Logo, Deus não existe.
- Não há evidências de que os discos voadores não estejam visitando a Terra; portanto,
eles existem.
Contra-argumentação:
Argumente que algo pode ser verdadeiro ou falso, mesmo que não haja provas.
2.17 _________________________________
Definição:
É o erro de reivindicar apenas a solução perfeita para qualquer plano.
Exemplo:
A automação cada vez maior dos elevadores desemprega muitas pessoas. Isso, portanto,
é ruim, economicamente desaconselhável.
Contra-argumentação:
Argumente que planos, medidas ou soluções não devem ser vistos como integralmente
perfeitos ou prejudiciais. Mostre que podem existir objeções para qualquer medida. Que
as desvantagens de um plano são suplantados pelas vantagens.
2.18 _________________________________________
Definição:
Consiste em apresentar duas proposições conectadas como se fossem uma única
proposição, pressupondo-se que já se tenha dado uma resposta a uma pergunta anterior.
Exemplos:
- Você já abandonou seus maus hábitos?
- Você já deixou de roubar no mercado onde trabalha?
43
Contra-argumentação:
Mostre que existem duas proposições e que uma pode ser aceita e outra não.
EXERCÍCIOS
b) Deve-se coibir usos como estes: "Me dá um cigarro", "eu vi ele", "tu foi", etc.,
porque, com essa permissividade, vamos reduzir a língua de Camões a uma
falação de brutos, a uma língua pobre, de poucas palavras e alguns grunhidos.
c) Sabia que o casal X está se separando? Mas cuidado: em briga de marido e
mulher ninguém põe a colher.
d) Aqui se faz, aqui se paga.
e) Você confia num dentista que foi aprovado com média cinco no vestibular?
f) Crentes, muçulmanos, são todos uns fanáticos.
g) Os padres são pedófilos, os padres são mulherengos, os padres só pensam em
dinheiro, os advogados são uns enroladores, os políticos são corruptos, os
médicos uns açougueiros, os alunos são uns deitados, etc.
h) O elo perdido entre o homem e o macaco não foi encontrado: por isso a teoria da
evolução está errada e a Bíblia está certa.
i) A ingestão de vinho faz bem.
j) O vinho é uma bebida saudável, que faz bem ao coração. É estimulante. Assim foi
reconhecido por todos os povos antigos. Inclusive o Apóstolo São Paulo
recomendava vinho em suas epístolas.
k) Tratava-se de discutir e eleger o perfil do professor ideal: ele seria autoritário ou
deveria dar plena liberdade aos alunos?
l) A egiptóloga Fulana de Tal é uma principiante, obteve o doutorado há pouco
tempo, tem limitada experiência: não pode julgar um descobrimento tão importante.
m) Não vou votar nele para presidente: ele bebe.
n) Todo nordestino é hábil, L. é nordestino, L. é hábil - Toda pessoa hábil é bom
político. Ele é hábil. Ele é bom político, - Todo bom político é bom administrador.
Ele é bom político. Ele é bom administrador. - Todo bom administrador merece ser
eleito. Ele é bom administrador. Ele merece ser eleito.
o) Dez milhões de pessoas não podem estar erradas. Junte-se a nossa igreja você
também.
p) Isso é uma verdade tão sublime que um milhão de pessoas já a aceitaram como
regra de fé.
q) A Astrologia é uma arte adivinhatória praticada há milhares de anos no Oriente.
Conta-se que os antigos reis da Babilônia teriam feito uso dela para saberem os
dias mais propícios para as batalhas. Até os antigos imperadores chineses
recorriam aos astros para guiarem seus passos no governo. É inadmissível que
ainda hoje não a considerem uma ciência.
r) Essas práticas remontam aos primeiros séculos de nossa igreja. Como você pode
questioná-las?
s) Milhares de pessoas acreditam no poder das pirâmides. Sem dúvida, elas devem
ter algo especial.
t) Os índices de analfabetismo têm aumentado muito depois do advento da televisão.
Obviamente ela compromete a aprendizagem.
44
u) A grande maioria das pessoas deste país são favoráveis à pena de morte como
meio de reduzir a violência. Ser contra a pena de morte é, pois, ridículo.
v) Não acredite nos linguistas: eles estão a serviço de uma ideologia de esquerda;
são liberais, revolucionários e populistas.
w) Não é preciso conhecer matemática para vencer na vida. Meus conhecimentos
dessa matéria não vão além das quatro operações e das frações ordinárias; no
entanto tenho um salário maior do que o de muitos engenheiros.
x) O senhor não tem autoridade para criticar nossa política educacional, pois nunca
concluiu uma faculdade.
y) Espero que o senhor aceite o portfólio e dê uma ótima nota, pois passei cinco
noites sem dormir e ainda por cima cuidando de minha avó, que está muito doente.
PRONOMES DE TRATAMENTO
1. AUTORIDADES DE ESTADO
Civis
Pronome de tratamento Abreviatura Usado para
Presidente da República, Senadores da
República, Ministro de Estado, Governadores,
Deputados Federais e Estaduais, Prefeitos,
Embaixadores, Vereadores, Cônsules, Chefes
das Casas Civis e Casas Militares
Reitores de Universidade
Diretores de Autarquias Federais, Estaduais e
Municipais
Judiciárias
Pronome de tratamento Abreviatura Usado para
Desembargador da Justiça, curador, promotor
Juízes de Direito
Militares
45
Pronome de tratamento Abreviatura Usado para
Oficiais generais (até coronéis)
Outras patentes militares
2. AUTORIDADES ECLESIÁSTICAS
3. AUTORIDADES MONÁRQUICAS
4. OUTROS TÍTULOS
Observações:
Também são pronomes de tratamento o senhor, a senhora e você, vocês. "O senhor"
e "a senhora" são empregados no tratamento cerimonioso; "você" e "vocês", no
46
tratamento familiar. Você e vocês são largamente empregados no português do Brasil;
em algumas regiões, a forma tu é de uso frequente, em outras, é muito pouco
empregada. Já a forma vós tem uso restrito à linguagem litúrgica, ultraformal ou literária.
Observações:
Por exemplo:
Por exemplo:
Basta que V. Ex.ª cumpra a terça parte das suas promessas, para que seus
eleitores lhe fiquem reconhecidos.
Por exemplo:
47
EXERCÍCIOS
48
b) Preciso falar consigo o mais rápido possível.
c) Vossa Excelência
c) Senhor Deputado, peço a Vossa Excelência que conclua a sua oração.
7) "Se é para ....... dizer o que penso, creio que a escolha se dará entre ....... ."
c) eu, mim e ti
49
8) Suponha que você deseje dirigir-se a personalidades eminentes, cujos títulos são:
papa, juiz, cardeal, reitor e coronel. Assinale a alternativa que contém a abreviatura
certa da "expressão de tratamento" correspondente ao título enumerado:
9) Assinale o item em que há erro quanto ao emprego dos pronomes se, si ou consigo:
c) é - vos - vossos
12) Quando V. Senhoria .......... que .......... auxilie, bastar chamar-me pelo interfone que
está sobre a .......... mesa.
50
b) desejar - o - vossa e) desejar - o - sua
1.1 CONCEITO:
1.2.1Ambiguidade
Ex:
51
"A mãe encontrou o filho em seu quarto." (No quarto da mãe ou do filho?)
"Onde está a cachorra da sua mãe?" (Que cachorra? A mãe ou a cadela criada
pela mãe?)
"Este líder dirigiu bem sua nação"("Sua"? Nação da 2ª ou 3ª pessoa (o líder)?).
Obs: O pronome possessivo "seu(ua)(s)" Gera muita confusão por ser geralmente
associado ao receptor da mensagem.
1.2.2 Barbarismo
Ex:
Mais penso, mais fico inteligente (galicismo; o mais adequado seria "quanto mais
penso, (tanto) mais fico inteligente");
Comeu um roast-beef (anglicismo; o mais adequado seria "comeu um rosbife");
Havia links para sua página (anglicismo; o mais adequado seria "Havia ligações
(ou vínculos) para sua página".
Eles têm serviço de delivery. (anglicismo; o mais adequado seria "Eles têm serviço
de entrega").
Premiê apresenta prioridades da Presidência lusa da UE (galicismo, o mais
adequado seria Primeiro-ministro)
1.2.3 Cacofonia
52
"Bata com um mamão para mim, por favor."
"Ela se disputa para ele."
"Deixe ir-me já, pois estou atrasado."
"Eu amo ela demais !!!"
"Não tem nada de errado a cerca dela"
"Vou-me já que está pingando."
"Instrumento para socar alho."
"Eu vi ela."
Como cacofonias são muitas vezes cômicas, elas são algumas vezes usadas de
propósito em certas piadas, trocadilhos e "pegadinhas".
1.2.4 Plebeísmo
1.2.5 Prolixidade
Ex:
53
"Ele vai ser o protagonista principal da peça".
"Meninos, entrem já para dentro!"
"Estou subindo para cima."
"Não deixe de comparecer pessoalmente."
"As palavras são de baixo calão".
1.2.7 Solecismo
a) De concordância:
"Fazem três anos que não vou ao médico." (Faz três anos que não vou ao médico.)
"Aluga-se salas nesse edifício." (Alugam-se salas nesse edifício.)
b) De regência:
c) De colocação:
1.2.8 Eco
54
"O aluno repetente mente alegremente."
O presidente tinha dor de dente constantemente.
1.2.9 Colisão
Uma colisão pode ser remediada com a reestruturação sintática da frase que a
contém ou com a substituição de alguns termos ou expressões por outras similares ou
sinônimas.
EXERCÍCIOS
i) As pessoas da terceira idade acreditam que podem ensinar muitas coisas aos jovens,
mas esses, por sua vez, não acreditam muito.
k) "O fulvo e voluptoso Rajá celeste derramará além os fugitivos esplendores da sua
magnificência astral e rendilhara d’alto e de leve as nuvens da delicadeza, arquitetural,
decorativa, dos estilos manuelinos."
55
2) Dentre as seguintes frases, assinale aquela que não contém ambiguidade:
a) A única medida para melhorar o desempenho linguístico do aluno é que deveria ser
exigido em todos os níveis aulas práticas de língua portuguesa.
b) Deveria ser exigido, em todos os níveis, aulas práticas de língua portuguesa. Esta seria
a única medida para melhorar o desempenho linguístico dos alunos.
c) Ministrar aulas práticas de língua portuguesa em todos os níveis é a única medida para
melhorar o desempenho linguístico dos alunos.
d) Aulas práticas de língua portuguesa deveriam ser ministradas como única medida em
todos os níveis para melhorar o desempenho linguístico dos alunos.
e) Para melhorar o desempenho linguístico dos alunos em todos os níveis deveriam ser
ministradas aulas práticas de língua portuguesa. Esta seria a única medida.
5) Esta questão apresenta cinco propostas diferentes de redação. Assinale a letra que
corresponde à melhor redação, considerando correção, clareza e concisão:
a) Mesmo que me peçam não vou, pois, tenho mais que fazer.
b) Mesmo que me peçam, não vou, pois tenho mais que fazer.
c) Mesmo que me peçam, não vou, pois tenho: mais que fazer.
56
d) Mesmo que me peçam: não vou pois tenho mais, que fazer.
e) Mesmo que me peçam não vou pois tenho mais que fazer.
7) Nas alternativas, procurou-se reestruturar o período inicial (I) em outro (II) que
conservasse a mesma ideia. Assinale a alternativa em que o período II não conservou a
idéia do período I:
b) I - Percebendo que os outros abusavam do Tino, não deixava mais que o irmão se
empregasse isolado.
II - Percebeu que os outros abusavam do Tino, por isso não deixava mais que o irmão
se empregasse isolado.
c) I - Alguém pede continuadamente uma flor, e essa flor não existisse mais para lhe ser
dada.
II - Alguém pede continuadamente uma flor que não existe mais para lhe ser dada.
II - Naquele dia escutei, certamente, então, era a amiga quem falava.
e) I - Toda hora está passando enterro, e a gente acaba por se interessar por ele.
II - Toda hora está passando enterro, pelo qual a gente se acaba por se interessar.
57
UNIDADE VI – REVISÃO GRAMATICAL
1) Na série dos exercícios que se seguem as lacunas devem ser preenchidas com
porque, porquê, por que, ou então com por quê.
a) ________ na vida não achei razão, resolvi sair por aí, procurando ________ viver.
58
h) ________ tanto atropelo, meu Deus?
i) A garota ________ se apaixonara não quis lhe dizer ________ tinha de deixar o país.
b) _____ dia aquele em que o conheci, pois o _____ que ele me fez foi muito grande.
c) Se _____ gosto de tangerinas por causa de seu _____ gosto, _____ suporto
mexericas, cujo _____ sabor é mais acentuado.
e) É um ______ sujeito, muito ______ visto, _____ disposto sempre, sempre com má
disposição.
g) Se _____ o conhecesse, diria que seu _____ está na sua educação pouco esmerada.
59
i) _____________________ o cabeça da gangue, a situação melhorou. (matar)
4) Reescreva as orações, usando um pronome relativo (que, o/a qual, cujo, onde):
60
e) Adoro bife _____ cavalo.
f) Sempre o desobedeceu.
7) Complete com um dos parônimos dos parênteses:
b) Com _______ (discrição, descrição) ela fez o pedido, mas não _______ (cerrou,
serrou) a boca até que _______ (imergisse, emergisse) de dentro de mim um sim.
c) Tenha bom _______ (censo, senso) ao criticar a _______ (cessão, sessão) deste
salão para os convidados; simplesmente _______ (retifique, ratifique) o ato generoso
porque aqui há muitas pessoas _______ (iminentes, eminentes).
61
10) Assinale a opção que completa corretamente as lacunas do texto abaixo.
11) Escolha a alternativa que preencha corretamente as lacunas das frases a seguir.
“Algumas pessoas não determinam ____ provém sua insatisfação, porque não sabem
_____ vão os sentimentos, nem _____ mora a consideração pelo próximo.”
62
UNIDADE VII – REDAÇÃO TÉCNICA: CONSIDERAÇÕES GERAIS
63
1 PRINCIPAIS PROBLEMAS DA REDAÇÃO EMPRESARIAL
a) Na empresa, a escrita é coletiva, isto é, você não escreve em seu próprio nome, mas
em nome da empresa para a qual trabalha. Por isso, deve pensar não em "eu", mas em
"nós", a empresa.
d) Isso exige de você um esforço duplo: ao mesmo tempo em que você precisa apropriar-
se da mensagem, colocando-se no lugar do locutor real, você não pode se esquecer do
interlocutor, da outra empresa, preocupando-se com o modo como ela pensa, a forma
como ela vai reagir ao conteúdo do texto produzido por você e enviado por sua empresa.
e) É preciso lembrar ainda que o texto empresarial não reflete apenas o trabalho de quem
o redigiu, mas sim toda a empresa.
f) É por isso que uma carta mal escrita, rasurada, mal formatada, sem clareza nem
correção, por exemplo, representa uma empresa pouco confiável.
Na empresa, sabemos quando o texto é bom quando ele é eficaz. Sabemos que
ele é eficaz quando a resposta a ele é rápida e correta. Para obter a melhor resposta, o
texto empresarial moderno deve ser persuasivo, convincente.
64
variantes, só ela evitará:
o uso de termos compreendidos por apenas uma das partes envolvidas na
comunicação;
DICAS:
Os textos que circulam no meio empresarial, normalmente, têm uma função prática; eles
não são construídos para comover o leitor, nem para distraí-Io, mas para informá-Io a
respeito de um tema específico. Por isso, use uma linguagem formal, correta do ponto de
vista gramatical, mas direta, recorrendo a palavras do dia-a-dia, que facilitam da
compreensão do leitor.
Um texto longo, cheio de detalhes, desvia a atenção do leitor dos pontos mais
importantes e não atinge seu real objetivo. Tenha em mente o que pretende com o
documento e atenha-se às informações pertinentes a seus objetivos.
65
A vida empresarial exige muito de todos os envolvidos nela. Em função disso, não sobra
muito tempo para leituras extensas. Além disso, o leitor de um documento que circula na
área empresarial nem sempre conhece o autor do texto e pouco interesse tem no texto; lê
porque precisa ler, não porque quer. A leitura de uma correspondência obriga o leitor a
interromper seu trabalho. Se ela não for direto ao assunto, o leitor a arquiva ou a
descarta. Por isso, não se estenda e seja direto.
- Apresente o ponto principal no início. Assim, o objetivo do documento fica claro desde o
princípio;
- Utilize subtítulos descritivos, uma vez que eles orientam a leitura do documento;
CARTA 1
Ilmo. Srs.
J.J. Martins
Caixa Postal 974
Curitiba – PR
Prezados Senhores:
66
Desejamos acusar o recebimento do seu prezado favor datado de 12 de outubro
próximo passado, junto ao qual V.Sas. tiveram a gentileza de nos encaminhar os
documentos relativos às mercadorias por nós encomendadas.
Cientes de que esta nossa justa pretensão será acolhida por V.Sas., firmamo-nos,
com estima e apreço.
atenciosamente,
CARTA 2
À
J.J. Martins
Prezados Senhores:
Atenciosamente,
José Lins
Diretor
67
6 PRINCIPAIS EMPECILHOS NA COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL: OS VÍCIOS DE
LINGUAGEM
Verbosidade: é dizer de forma complexa o que pode ser dito de forma simples. Rebusca-
Erros do texto:
EXEMPLOS DE VERBOSIDADE:
A) Vocabulário sofisticado
Exemplo de erro:
Exemplo de correção:
68
B) Frases e parágrafos longos:
A média de produção para o último ano fiscal é maior do que a do ano anterior, porque
aquele foi a ano em que se instalaram as novas prensas de estamparia, automáticas e
hidráulicas, portanto, aumentando o número de peças estampadas durante o período,
assim como também foi ano em que se produziram novos métodos de economia de
tempo e economia de mão-de-obra, e que também contribuíram para uma média maior de
produção.
Exemplo de correção:
A média de produção do último ano fiscal foi maior que a do ano anterior. Instalaram-se
novas máquinas hidráulicas, automáticas, de alta velocidade, para estamparia e
introduziram-se novos métodos de economia de tempo e trabalho.
Se você verifica em seu texto a tendência a períodos longos, siga a seguinte orientação:
A delimitação de cada parágrafo é fundamental para que haja clareza na informação a ser
transmitida.
Queremos, neste momento, observar que o aceite àquela condição não deve ser
entendido como uma aprovação à mesma, não no que diz respeito ao valor, que, apesar
de ter ultrapassado a importância de R$ 350,00, que achávamos justa, dela não se
afastou em demasia, mas, sim, quanto ao prazo de reajuste, qual seja, semestral,
contrariando o relacionamento comercial passado, calcado no prazo de um ano, não nos
dando sequer a chance de contra-argumentação.
Exemplo corrigido:
LISTA DE VERBOSIDADES:
Supracitado Citado...
69
Acima citado Citado...
Referenciado Referido
D) Chavões
Exemplos de chavões:
70
Essas palavras, embora expressivas, denotam o uso de um padrão de linguagem que, por
ser muito culto, extrapola a qualidade valorizada nos dias de hoje: a simplicidade.
Chavões em introdução
Ninguém consegue vir através de algo. A palavra através significa atravessar, fazer
travessia. Portanto, pode-se ver através da vidraça, pode-se enriquecer através dos
anos, mas não se pode, por exemplo, “aprovar o aumento através do decreto 33 ..” Pode,
sim, “aprovar o decreto por meio do decreto 33...”
Logo, não use através desta carta...
Chavões em fechos
E) Coloquialismo excessivo
71
Coloquialismo excessivo = falta de credibilidade
Exemplo corrigido:
A linguagem técnica e os jargões devem ser usados apenas em situações que os exijam.
É o termo usado para definir um dos vícios de linguagem. Consiste na repetição de uma
ideia, de maneira viciada, com palavras diferentes, mas com o mesmo sentido.
O exemplo clássico é o famoso 'subir para cima' ou o 'descer para baixo'. Mas há outros,
como você pode ver na lista a seguir:
72
- planejar antecipadamente - gritar bem alto
- abertura inaugural - propriedade característica
- continua a permanecer - demasiadamente excessivo
- a última versão definitiva - a seu critério pessoal
- possivelmente poderá ocorrer - exceder em muito .
- comparecer em pessoa
EXERCÍCIO
1 ATA
2 CIRCULAR
3 MEMORANDO
4 RELATÓRIO
73
Bibliografia utilizada nesta unidade:
74